detecção de fitoplâncton no Oceano Pacífico na costa do Chile
Júlia Publio Rabello, nUSP: 12527149
Milena Miyu Teruya, nUSP: 12527132
Marcia Anita Ventura Luppi, nUSP: 12527344
Rodrigo Santos Martines, nUSP: 12565201
Silvio Martins Junior, nUSP: 5364221
São Paulo
2023 INTRODUÇÃO
O fenômeno El Niño se caracteriza pelo aquecimento anormal das águas do
oceano Pacífico, em especial na sua porção equatorial. Acontece em média a cada cinco a sete anos, dura cerca de um ano, com início entre Outubro e Dezembro. A modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico altera a distribuição de umidade e as temperaturas em várias áreas do planeta. Apesar da aparente distância, apresenta reflexos no clima do Brasil, com a consequente ocorrência de secas prolongadas nas regiões Norte e Nordeste e chuvas intensas na região Sul. Os efeitos do El Niño são mais imediatos no Pacífico Equatorial, especialmente na região leste. As alterações de temperatura refletem em outras características do oceano. A onda de água morna aprofunda a termoclina, camada que separa as águas superficiais das águas oceânicas profundas, reduzindo a ressurgência habitual de água mais fria e rica em nutrientes. O decréscimo de nutrientes leva ao declínio das concentrações de clorofila da superfície do mar mostrando uma diminuição do fitoplâncton. As mudanças sutis na cor do oceano indicam alterações na abundância e localização do fitoplâncton, que podem ser observadas por meio do pigmento clorofila-a. Essas mudanças de cor foram inicialmente observadas a partir do espaço pelo Coastal Zone Color Scanner (CZCS) nas décadas de 1970 e 1980. Imagens coletadas pelo CZCS durante o forte El Niño de 1982-83 mostraram a diminuição regional da vida marinha ao redor das Ilhas Galápagos. Quinze anos depois, o SeaWiFS compilou a primeira visão de alta qualidade da clorofila-a em toda a região do Pacífico durante o intenso El Niño de 1997-98. Nosso trabalho buscou assim, comparar imagens e dados obtidos em um determinado período em diferentes anos, com e sem ocorrência de El Niño, correlacionando as variações de temperatura com as alterações na detecção de clorofila total, indicando as alterações no fitoplâncton causadas pelo fenômeno na costa do Chile. Para isso, seguiu-se apostila disponibilizada pelo docente para atividade 4, de forma a utilizar mapas de comparação de variações médias durante o período de dezembro a fevereiro, tanto de quantidade de clorofila total como de temperatura média da superfície do oceano, adquiridas da plataforma Giovanni da NASA. Sendo que apenas para a última comparação realizada, o período com a ocorrência de El Niño foi de setembro a novembro de 2015 devido ao limite de dados mais recentes disponibilizados pela plataforma sobre a quantidade de clorofila total, as últimas leituras são do ano de 2015. Dessa forma, os períodos estudados correspondem a: - dezembro de 2003 a fevereiro de 2004 (sem ocorrência de El Niño) comparado com dezembro de 2004 a fevereiro de 2005 (com ocorrência de El Niño); - dezembro de 2008 a fevereiro de 2009 (sem ocorrência de El Niño) comparado com dezembro de 2009 a fevereiro de 2010 (com ocorrência de El Niño); - dezembro de 2014 a fevereiro de 2015 (sem ocorrência de El Niño) comparado com setembro de 2015 a novembro de 2015 (com ocorrência de El Niño). Foi realizado treinamento e criação de nova camada raster indicando alterações de quantidade de clorofila ou temperatura média durante dois períodos, um intervalo sem ocorrência de El Niño e outro com o fenômeno influenciando. Tanto os arquivos baixados da NASA como os gerados durante o processo de treinamento e aferimento das diferenças estão disponibilizados na pasta do drive, cujo link está disponível em ANEXO A. Seguindo ainda a apostila 4 da disciplina, também foram produzidas tabelas e gráficos, ANEXO B a ANEXO G, de cada período estudado de forma a auxiliar na análise, contendo assim medidas das áreas demarcadas para cada faixa de valor. Então, com arquivos gerados, foram criados mapas para análise de alteração de quantidade de clorofila e temperatura média, vistos nas Figuras 1 a Figura 6.
CONCLUSÃO
Os mapas comparativos confirmam o previsto, mostrando que o aumento de
clorofila ocorre em locais distintos ao aumento de temperatura. Na faixa equatorial, em geral mais afetada durante os períodos do "El Niño", nota-se ainda (Figura 5) que no mesmo local onde se apresenta forte aumento de temperatura (em vermelho) observa-se também redução nos níveis de clorofila (azul claro). Assim, corrobora-se o deslocamento de fitoplâncton nos oceanos conforme a temperatura é alterada pelos fenômenos climáticos. Figura 1 - Mapa de comparação de variação de quantidade de clorofila total e da temperatura média da superfície do oceano entre dez/2003-fev/2004 a dez/2004-fev/2005
Fonte: autoria própria (2023).
Figura 2 - Legenda do mapa de comparação de variação de quantidade de clorofila total e da temperatura média da superfície do oceano entre dez/2003-fev/2004 a dez/2004-fev/2005
Fonte: autoria própria (2023).
Figura 3 - Mapa de comparação de variação de quantidade de clorofila total e da temperatura média da superfície do oceano entre dez/2008-fev/2009 a dez/2009-fev/2010
Fonte: autoria própria (2023).
Figura 4 - Legenda do mapa de comparação de variação de quantidade de clorofila total e da temperatura média da superfície do oceano entre dez/2008-fev/2009 a dez/2009-fev/2010
Fonte: autoria própria (2023).
Figura 5 - Mapa de comparação de variação de quantidade de clorofila total e da temperatura média da superfície do oceano entre dez/2014-fev/2015 a dez/2015-fev/2015
Fonte: autoria própria (2023).
Figura 6 - Legenda do mapa de comparação de variação de quantidade de clorofila total e da temperatura média da superfície do oceano entre dez/2014-fev/2015 a dez/2015-fev/2015
Fonte: autoria própria (2023).
ANEXO A - Pasta de arquivos baixados e gerados para comparação https://drive.google.com/drive/folders/1tTuRmWjsDzfsRtsvofqXqnUweuqM4iL1?usp= drive_link
ANEXO B - Tabela de correlação dos valores usados para classificação em
mapas, gráficos e tabelas com quantidade média de clorofila total mensurada Valor Quantidade média do período de clorofila total 0 continente 1 0 - 0,188 mg m3 2 0,188 - 0,375 mg m3 3 0,375 - 0,563 mg m3 4 0,563 - 0,75 mg m3 5 0,75 - 0,938 mg m3 6 0,938 - 1,125 mg m3 7 > 1,125 mg m3 Valor de continente (0) demarcado apenas para análise com ferramentas do QGIS. Sem a demarcação de terra, a análise igualava essas regiões a quantidade mínima de clorofila afetando o estudo. Dessa forma, valor 0 foi utilizado apenas para correção da diferenciação de áreas com e sem clorofila, não utilizado para montagem de mapas ou gráfico de comparações finais. Fonte: autoria própria (2023).
ANEXO C - Tabela de área (ha) em relação a diferença de média de clorofila
total (valor) em cada período Área (ha) Valor 2003-2004 2004-2005 2008-2009 2009-2010 2014-2015 2015-2015 0 245,61 245,61 245,61 245,61 245,61 245,61 1 402,93 399,15 525,33 436,05 426,15 416,25 2 147,69 135 61,2 103,68 131,85 156,96 3 58,23 71,28 26,73 50,31 51,48 44,19 4 14,22 19,53 14,13 26,01 13,5 9,18 5 4,32 2,43 não detectado 11,34 4,41 0,81 Fonte: autoria própria (2023). ANEXO D - Gráfico da variação da área (ha) ocupada por taxa de média de clorofila total (valor)
Fonte: autoria própria (2023).
ANEXO E - Tabela de correlação dos valores usados para classificação em
mapas, gráficos e tabelas com temperatura média mensurada Valor Temperatura média da superfície do oceano durante período 0 continente 1 > 27ºC 2 24 - 27ºC 3 21 - 24ºC 4 18 - 21ºC 5 15 - 18ºC 6 < 15ºC Valor de continente (0) demarcado apenas para análise com ferramentas do QGIS. Sem a demarcação de terra, a análise igualava essas regiões a superfície de oceano e inferindo para estas temperatura mínima afetando estudo. Dessa forma, valor 0 foi utilizado apenas para correção da diferenciação de áreas de superfície de oceano da região continental, não utilizado para montagem de mapas ou gráfico de comparações finais. Fonte: autoria própria (2023). ANEXO F - Tabela de área (ha) em relação a diferença de temperatura média (valor) em cada período Área (ha) Valor 2003-2004 2004-2005 2008-2009 2009-2010 2014-2015 2015-2015 0 20436,48 20429,64 20450,79 20434,77 20459,34 20418,84 1 13843,08 12330 12529,98 14233,95 12218,85 12978,54 2 16164,99 16226,28 17759,43 14636,88 17423,37 17763,48 3 8663,4 10075,68 10329,84 8930,7 9911,52 7972,92 4 5047,29 4803,93 3634,11 5163,66 4189,5 5279,67 5 3608,55 3841,29 3574,71 3636,63 4642,02 3446,28 6 19626,21 19683,18 19111,14 20353,41 18545,4 19530,27 Fonte: autoria própria (2023).
ANEXO G - Gráfico de variação da área (ha) ocupada por taxa de temperatura
média da superfície do oceano (valor)
Fonte: autoria própria (2023).
Referências
ARAÚJO NETO, J. R.; SANTOS, J. C. N.; PALÁCIO, H. A. Q.; SOUZA, L. M.;
SALES, M. M. Dinâmica espacial da clorofila “A” e da temperatura das águas superficiais do reservatório Orós no semiárido do Ceará. In: I Workshop Internacional Sobre Água no Semiárido Brasileiro, Campina Grande - PB, 2013.
CARLOWICZ, M.; SCHOLLAERT, S. (2017) El Niño. Feb. 2017. Disponível em:
https://earthobservatory.nasa.gov/features/ElNino. Acesso em: 28 jun 2023.
CONTI, L. A. Módulo 4: Classificação de imagens de satélites e modelagem
espacial. São Paulo, 2023. 19 p.
GUITARRARA, P. "El Niño"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/el-nino.htm. Acesso em 20 de junho de 2023.
NASA EARTH DATA. Giovanni. Versão 4.38. Disponível em: