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Língua Portuguesa

Guimarães Rosa: entre veredas


linguísticas IV

1o bimestre – Aula 12
Ensino Médio
● Texto jornalístico (artigo de ● Consolidar o conceito de
opinião); regionalismo;
● O uso da norma-padrão e as ● Reconhecer o uso da norma-
marcas de oralidade.
padrão em textos
jornalísticos;
● Identificar as marcas de
variação linguística conforme
a situação comunicativa e as
características do gênero
textual em uso.
UNB – 2012 (adaptado) Faça agora

Na história da literatura brasileira, diversos autores aderiram ao estilo


regionalista. Lígia Chiappini, uma estudiosa do fenômeno, o caracteriza
de maneira marcante:
“Na verdade, a história do regionalismo mostra que ele sempre surgiu e se
desenvolveu em conflito com a modernização, a industrialização e a
urbanização. Ele é, portanto, um fenômeno moderno e, paradoxalmente,
urbano.”
Do beco ao belo. In: Revista de Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 8, n.º 15, 1995, p. 155.

A partir da leitura do texto acima, redija uma definição de regionalismo


literário e indique obras da literatura brasileira que o exemplifiquem.

3 MINUTOS
Leitura em fase

Leia, a seguir, excertos do artigo de opinião de autoria de Alexandre Figueiredo,


mestre e doutor pelo Prolam/USP e pós-doutorando na FEA-RP/USP.

UM DESENCONTRO DE DOIS GIGANTES DA


LITERATURA BRASILEIRA (excertos)
Ano que vem completam-se 75 anos da publicação de Sagarana, o
primeiro livro de João Guimarães Rosa [...].

[...] Não tive maturidade para lê-lo de verdade quando estudava para os
vestibulares. [...]
Continua...
[...]
Mas uma das histórias mais interessantes de Sagarana não está no livro.
Em seu enredo, há um escritor que nunca havia publicado e o juízo duro
de um consagrado mestre. Rosa concluiu uma primeira versão da obra
em 1938. Com o pseudônimo “Viator”, a inscreveu em um concurso
literário com um título simples: Contos. Tratava-se de uma versão bem
diferente da que foi publicada oito anos mais tarde, em 1946, mas já
trazia aspectos que o tornariam inconfundível. Na composição do júri do
concurso estava ninguém menos que Graciliano Ramos, já o autor
consagrado de São Bernardo, Angústia e Vidas secas, que viria a público
naquele mesmo ano.
[...] Continua...
[...]
Quando, enfim, em 1944, dois dos maiores escritores da literatura
brasileira do século XX encontraram-se pessoalmente, o tema foi aquele
concurso. Naquele momento, Graciliano já era Graciliano, mas Rosa
ainda não era Rosa. O diálogo, somado a alguns comentários elogiosos
ao que seria o primeiro livro de Rosa, nos foi transmitido numa crônica
de Graciliano publicada posteriormente em Linhas tortas:
— O senhor figurou num júri que julgou um livro meu em 1938.
— Como era o seu pseudônimo?
— Viator.
— Ah! O senhor é o médico mineiro que andei procurando.
[…] Continua...
— Sabe que votei contra o seu livro?
— Sei, respondeu-me sem nenhum ressentimento.
Achando-me diante de uma inteligência livre de mesquinhez, estendi-me sobre
os defeitos que guardara na memória. Rosa concordou comigo. Havia suprimido
os contos mais fracos. E emendara os restantes, vagaroso,
alheio aos futuros leitores e à crítica.
[…]
A arte de Rosa é terrivelmente difícil. Esse antimodernista repele o
improviso. Com imenso esforço escolhe palavras simples e nos dá impressão
de vida numa nesga de caatinga, num gesto de caboclo, uma conversa cheia
de provérbios matutos. O seu diálogo é rebuscadamente natural: desdenha o
recurso ingênuo de cortar ss, ll e rr finais, deturpar
Continua...
flexões, e aproximar-se, tanto quanto possível, da língua do interior.
Graciliano finalizou seu texto com uma afirmação que se revelou
profética: “Certamente ele fará um romance, romance que não lerei,
pois, se for começado agora, estará pronto em 1956, quando os meus
ossos começarem a esfarelar-se”.
Falecido em 1953, Graciliano não conheceu Rosa na plenitude do Corpo
de baile e do Grande sertão: veredas, publicados exatamente em 1956.
“Graças a Deus, tudo é mistério.”
FIGUEIREDO, A. Um desencontro de dois gigantes da literatura brasileira. Jornal da USP,
2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/um-desencontro-de-dois-gigantes-da-
literatura-brasileira/. Acesso em: 13 dez. 2023.

Aprender Sempre, 2024. Caderno do Aluno, Língua Portuguesa, 3a série EM, vol. 1.
Leitura independente e responsável

Realize a leitura individual do artigo


completo no material Aprender Sempre – 3a
Série E.M. – SA4:

É preciso ler o texto completo para


responder às questões a seguir. Caso não
tenha o material impresso, você pode
acessar diretamente no site da USP.

https://encurtador.com.br/auAJ6

5 MINUTOS Aprender Sempre, 2024. Caderno do Aluno,


Língua Portuguesa, 3a série EM, vol. 1.
1 - Explorando o gênero
a) Entre os diversos gêneros argumentativos, destaca-se o artigo de
opinião, amplamente presente na esfera jornalística atual para
expressar pontos de vista sobre diferentes temas. Levando em conta
as particularidades desse gênero, complete a tabela.
Tema do texto:
Contexto de produção
Produtor Papel social Interlocutor Papel social Finalidade Meio de
do produtor do veiculação
interlocutor

b) Qual é a tese defendida? Com quais argumentos?

c) Observando a linguagem utilizada pelo autor, como podemos


caracterizá-la?
Correção a)

Tema do texto: A produção literária de Guimarães Rosa, autor consagrado


na literatura brasileira do século XX,
que faz referência aos 75 anos de publicação da obra do
autor, Sagarana.

Contexto de produção
Produtor Papel social do Interlocutor Papel social do Finalidade Meio de
produtor interlocutor veiculação
O autor do Mestre e doutor Leitores do Estudantes e Convencer os Jornal da
texto é pelo Prolam/USP jornal que professores e leitores sobre a USP.
Alexandre e pós- gostam de pesquisadores grandiosidade
Figueiredo. doutorando literatura. de todo o país. da obra de
na FEA-RP/USP. Guimarães Rosa.
Correção
b) O autor defende a ideia de que Guimarães Rosa é um dos maiores
escritores da literatura brasileira. Um argumento usado pelo autor
na defesa de sua tese é o de que um dos contos de autoria do
escritor “é um dos textos mais belos, inspiradores e
desconcertantes” que já leu. Outro argumento usado pelo
articulista é o de que nunca se cansa de ler outra obra do autor,
considerada um clássico. Além disso, o autor argumenta sobre a
capacidade poética de Guimarães Rosa ao perceber o que passa
despercebido por muitos; entre outros argumentos.
c) A linguagem segue a norma-padrão, escrita em primeira pessoa,
dialoga com trechos da obra do autor citado e apresenta certa
informalidade ao parecer que está dialogando com o leitor.
Marcas de oralidade
Um texto escrito pode apresentar variações próprias da fala, o que pode
ser intencional em alguns casos e em outros, não. Essa ocorrência na
escrita é denominada marcas da oralidade, que tanto podem aparecer
como um recurso linguístico quanto se configurar como uma
inadequação, a depender do gênero e do grau de formalidade do texto.

Aprender Sempre, 2024. Caderno do Aluno, Língua Portuguesa, 3a série EM, vol. 1. Adaptado.
2. Adequação à situação comunicativa.
a) Há nesse excerto do artigo alguma marca da oralidade? Justifique.

“[...] No embalo, li o livro todo e, depois, fui para o Grande sertão: veredas,
que reli anos depois, quando um colega do curso de Direito, também da
USP, me soprou: [...].”

b) Podemos dizer que as marcas de oralidade, presentes no texto,


configuram-se como inadequação da linguagem? Justifique.
Correção
a) O uso de coloquialismos, como "No embalo" e "me soprou", que são
expressões mais comuns na linguagem falada do que na escrita
formal. Além disso, a repetição de palavras como "li o livro todo" e
"reli anos depois" também sugere uma estrutura mais típica da fala.

b) Não, pois o autor do texto tenta manter um diálogo e até certa


informalidade com o leitor, o que configura as marcas da oralidade
como recurso linguístico para a intencionalidade comunicativa, e
não como desvio da norma.
Enem 2014 Segunda Aplicação
Evocação do Recife

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros


Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada…
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas
originárias das classes populares devem ser:
a) satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil
ferem a língua portuguesa autêntica.
b) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua
portuguesa.
c) subestimadas, pois o português “gostoso” de Portugal deve ser a
referência de correção linguística.
d) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por
meio da fala do povo.
e) reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa original.
Correção
Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas
originárias das classes populares devem ser:
a) satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil
ferem a língua portuguesa autêntica.
b) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua
portuguesa.
c) subestimadas, pois o português “gostoso” de Portugal deve ser a
referência de correção linguística.
d) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por
meio da fala do povo.
e) reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa original.
● Consolidamos o conceito de regionalismo;
● Reconhecemos o uso da norma-padrão em
textos jornalísticos;
● Identificamos as marcas de variação
linguística conforme a situação comunicativa
e as características do gênero textual em uso.
Aprender Sempre, 2024. Caderno do Aluno, Língua Portuguesa, 3a série EM, vol. 1.
CMSP, 3a série EM. 15/04/21 – Língua Portuguesa. As várias vozes brasileiras. YouTube.
Disponível em: https://encurtador.com.br/cvF26 . Acesso em: 12 dez. 2023.
Questão de Vestibular. UNB. 2012. Estratégia Vestibulares. Disponível em:
https://vestibulares.estrategia.com/public/questoes/longo-historia105e814b19d/.
Acesso em: 13 dez. 2023.
Secretaria da Educação. Currículo Paulista do Ensino Médio. São Paulo, 2019.

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