Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1o bimestre – Aula 12
Ensino Médio
● Texto jornalístico (artigo de ● Consolidar o conceito de
opinião); regionalismo;
● O uso da norma-padrão e as ● Reconhecer o uso da norma-
marcas de oralidade.
padrão em textos
jornalísticos;
● Identificar as marcas de
variação linguística conforme
a situação comunicativa e as
características do gênero
textual em uso.
UNB – 2012 (adaptado) Faça agora
3 MINUTOS
Leitura em fase
[...] Não tive maturidade para lê-lo de verdade quando estudava para os
vestibulares. [...]
Continua...
[...]
Mas uma das histórias mais interessantes de Sagarana não está no livro.
Em seu enredo, há um escritor que nunca havia publicado e o juízo duro
de um consagrado mestre. Rosa concluiu uma primeira versão da obra
em 1938. Com o pseudônimo “Viator”, a inscreveu em um concurso
literário com um título simples: Contos. Tratava-se de uma versão bem
diferente da que foi publicada oito anos mais tarde, em 1946, mas já
trazia aspectos que o tornariam inconfundível. Na composição do júri do
concurso estava ninguém menos que Graciliano Ramos, já o autor
consagrado de São Bernardo, Angústia e Vidas secas, que viria a público
naquele mesmo ano.
[...] Continua...
[...]
Quando, enfim, em 1944, dois dos maiores escritores da literatura
brasileira do século XX encontraram-se pessoalmente, o tema foi aquele
concurso. Naquele momento, Graciliano já era Graciliano, mas Rosa
ainda não era Rosa. O diálogo, somado a alguns comentários elogiosos
ao que seria o primeiro livro de Rosa, nos foi transmitido numa crônica
de Graciliano publicada posteriormente em Linhas tortas:
— O senhor figurou num júri que julgou um livro meu em 1938.
— Como era o seu pseudônimo?
— Viator.
— Ah! O senhor é o médico mineiro que andei procurando.
[…] Continua...
— Sabe que votei contra o seu livro?
— Sei, respondeu-me sem nenhum ressentimento.
Achando-me diante de uma inteligência livre de mesquinhez, estendi-me sobre
os defeitos que guardara na memória. Rosa concordou comigo. Havia suprimido
os contos mais fracos. E emendara os restantes, vagaroso,
alheio aos futuros leitores e à crítica.
[…]
A arte de Rosa é terrivelmente difícil. Esse antimodernista repele o
improviso. Com imenso esforço escolhe palavras simples e nos dá impressão
de vida numa nesga de caatinga, num gesto de caboclo, uma conversa cheia
de provérbios matutos. O seu diálogo é rebuscadamente natural: desdenha o
recurso ingênuo de cortar ss, ll e rr finais, deturpar
Continua...
flexões, e aproximar-se, tanto quanto possível, da língua do interior.
Graciliano finalizou seu texto com uma afirmação que se revelou
profética: “Certamente ele fará um romance, romance que não lerei,
pois, se for começado agora, estará pronto em 1956, quando os meus
ossos começarem a esfarelar-se”.
Falecido em 1953, Graciliano não conheceu Rosa na plenitude do Corpo
de baile e do Grande sertão: veredas, publicados exatamente em 1956.
“Graças a Deus, tudo é mistério.”
FIGUEIREDO, A. Um desencontro de dois gigantes da literatura brasileira. Jornal da USP,
2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/um-desencontro-de-dois-gigantes-da-
literatura-brasileira/. Acesso em: 13 dez. 2023.
Aprender Sempre, 2024. Caderno do Aluno, Língua Portuguesa, 3a série EM, vol. 1.
Leitura independente e responsável
https://encurtador.com.br/auAJ6
Contexto de produção
Produtor Papel social do Interlocutor Papel social do Finalidade Meio de
produtor interlocutor veiculação
O autor do Mestre e doutor Leitores do Estudantes e Convencer os Jornal da
texto é pelo Prolam/USP jornal que professores e leitores sobre a USP.
Alexandre e pós- gostam de pesquisadores grandiosidade
Figueiredo. doutorando literatura. de todo o país. da obra de
na FEA-RP/USP. Guimarães Rosa.
Correção
b) O autor defende a ideia de que Guimarães Rosa é um dos maiores
escritores da literatura brasileira. Um argumento usado pelo autor
na defesa de sua tese é o de que um dos contos de autoria do
escritor “é um dos textos mais belos, inspiradores e
desconcertantes” que já leu. Outro argumento usado pelo
articulista é o de que nunca se cansa de ler outra obra do autor,
considerada um clássico. Além disso, o autor argumenta sobre a
capacidade poética de Guimarães Rosa ao perceber o que passa
despercebido por muitos; entre outros argumentos.
c) A linguagem segue a norma-padrão, escrita em primeira pessoa,
dialoga com trechos da obra do autor citado e apresenta certa
informalidade ao parecer que está dialogando com o leitor.
Marcas de oralidade
Um texto escrito pode apresentar variações próprias da fala, o que pode
ser intencional em alguns casos e em outros, não. Essa ocorrência na
escrita é denominada marcas da oralidade, que tanto podem aparecer
como um recurso linguístico quanto se configurar como uma
inadequação, a depender do gênero e do grau de formalidade do texto.
Aprender Sempre, 2024. Caderno do Aluno, Língua Portuguesa, 3a série EM, vol. 1. Adaptado.
2. Adequação à situação comunicativa.
a) Há nesse excerto do artigo alguma marca da oralidade? Justifique.
“[...] No embalo, li o livro todo e, depois, fui para o Grande sertão: veredas,
que reli anos depois, quando um colega do curso de Direito, também da
USP, me soprou: [...].”