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COMPLETAÇÃO DE

POÇOS DE PETRÓLEO
CENTRO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA PARA
A INDÚSTRIA NAVAL E DE PETRÓLEO OFFSHORE
CURSO EAD
DIMENSIONAMENTO
DE COLUNA DE
PRODUÇÃO
EMENTA
MÓDULO 5 – DIMENSIONAMENTO DE COLUNA DE PRODUÇÃO

Motivação

Manutenção de Tubulares

Carregamentos e Análise de Tensões

Aplicação em cenários reais

Esforços Triaxiais

Fatores de Segurança
Propósito da análise de esforços

o Projetos de construção de poços simples → cálculos


manuais.

o Cálculos podem ser automatizados → planilhas

o Algumas situações levam a necessidade de cálculos


iterativos → flambagem, perfil de temperatura, etc...

o Atualmente → uso disseminado de softwares


comerciais.

o Softwares comerciais → aumenta confiabilidade dos


resultados vs. reduz familiaridade dos projetistas com
os fenômenos por trás dos eventos analisados.

o Softwares comerciais → necessidade de se conhecer


premissas e limitações de cada modelo.
Manutenção dos tubos e especificações

o Componentes da COP / COI → seguem especificações internacionais ou proprietárias (em


geral quanto a inspeções e processos de qualificação pelas operadoras).

o API Spec 5CT → aços de baixa liga e 13Cr L80

o ISO 13680 → corrosion resistant alloys (CRA)

o API Bulletin 5C3 → cálculo de tensões

o Padrões → tratam de:


o Limites de resistência necessários nas análise de esforços e tensões
o Limites de tensões para trabalhos com sulfetos e com metais que apresentam
alguma restrição quanto à corrosão induzida por tensão
o Variações admissíveis para: peso, espessura, outras dimensões
Grau API dos materiais tubulares

Principais propriedades mecânicas dos elementos tubulares:


o Resistência à tração
o Elasticidade
o Ductilidade
o Fluência (Temp. ↑)
o Fadiga
o Dureza
o Tenacidade
Grau API dos materiais tubulares
Principais propriedades mecânicas dos elementos tubulares:

Tensão de Escoamento:
• y = tensão de escoamento;

• O escoamento do material está


relacionado a imperfeições no arranjo dos
cristais nas regiões intercristalinas
(contornos de grãos);

• Curva “a” → sem escoamento evidente


(adota-se deformação referencial de
0,2%);

• Curva “b” → com escoamento evidente.

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Grau API dos materiais tubulares
Tensões

• Tensão
F
=
Ax
Onde: s é a tensão (em psi); F é a força axial (em lbf); Ax a área transversal (em in2)

Exemplo) Calcule a tensão axial num tubo com 5,5 pol. de diâmetro nominal (externo), 17
lbf/ft de peso linear, que sofre uma força axial de 300.000 lbf. O diâmetro interno nominal
vale 4,892 pol. (dado da API 5C2).

A área transversal (Ax) vale:

E a tensão axial (s) será:  (OD 2 − ID 2 )  (5,52 − 4,8922 )


Ax = = = 4,96 pol2
4 4

F 300.000
= = = 60.455 psi
Ax 4,96
Lei de Hooke

Enquanto houver proporcionalidade, a


relação entre tensão e deformação se
escreve da forma:
x
x =
E

Onde o parâmetro E é conhecido como


módulo de elasticidade do material (ou
módulo de Young).

Juntamente com o alongamento do


corpo na direção x, ocorrerá a contração x x
lateral do corpo (ey e ez):  y = − e  z = −
E E
Tensões atuantes na coluna

o Há 4 diferentes modos de falha para a coluna:

o Quebra da COP/COI sob carga axial.

o Explosão (burst) da COP/COI devido ao excesso de


pressão interna.

o Colapso da COP/COI devido ao excesso de pressão


externa.

o Quando as tensões 3D combinadas, ou tensões tri-


axiais, excedem o limite de escoamento da coluna.
Tensões atuantes na coluna

Flambagem
Instabilidade pode ocorrer muito abaixo do limite de
resistência à compressão. Dificuldades na passagem
de ferramentas de arame ou até mesmo
comprometimento da integridade das conexões.
Cálculo dos Esforços Axiais Atuantes

Nossa
Convenção
de Sinais:

Sem liberdade de Com liberdade de


movimento movimento TSR ou PBR)
Peso da Coluna

Inicialmente, ignorando os efeitos da pressão hidrostática e o atrito com as


paredes do poço, num poço vertical, as cargas axiais ao longo da coluna serão
resultantes do peso próprio dos tubos. Assim, no fundo do poço (desde que a
coluna não esteja apoiada no fundo), a força axial é ZERO e no TH valerá o peso
próprio total da coluna:

O peso é calculado pela multiplicação de w


(lbf/ft) por TVD (profundidade vertical total
em ft). Os valores de w são fornecidos na
API Bulletin 5C2 (1999).
Fw = w  TVD
Peso da Coluna

Exemplo

Calcular carga axial ao longo de todo o comprimento do poço, em um poço vertical


de 10.000ft sem fluido, 5,5 pol, 17 lb/ft.

Carga na superfície:

17 lb/ft x 10.000 ft = 170.000 lb

Carga na base: zero


Peso da Coluna

Fwr = W cos A

N = W sen A

W = peso do tubo em lbf.


Fwt = componente longitudinal
N = componente transversal

O componente N é restrito pela parede do revestimento, e se o atrito é desprezado, N não


afeta o perfil da força axial ao longo do poço, e já que cos(A) é igual à variação da
profundidade vertical (TVD) pela variação na profundidade medida (MD) do poço, para um
trecho com inclinação constante (slant):

Fwr = W  TVD W’ = peso do tubo por unidade de


comprimento em lbf./ft
Peso da Coluna

Num poço inclinado, novamente ignorando os efeitos da pressão hidrostática e o


atrito com as paredes do poço, as cargas axiais (Fw) são resultantes das
componentes na direção do poço, enquanto as forças normais (Fn) são
responsáveis pelo “drag” (força de atrito):

Fw = w  TVD
Forças de Pistão: causadas diretamente pela aplicação de pressão em áreas
transversais do tubo expostas ao longo da coluna. Podem ser:

1. Empuxo → atua na seção transversal da


coluna na base da mesma de baixo para
cima

2. Plugs para teste de pressão → atua na seção


transversal da coluna exposta à pressão
aplicada por dentro da coluna (pressão
hidrostática + pressão na cabeça) de cima
para baixo

3. Crossovers (subs de transição) → atua em


qualquer transição de diâmetro da coluna

4. Dispositivos de expansão → atua nas seções


transversais destes dispositivos expostas às
pressões no interior da coluna e anular
Forças de Pistão
Empuxo: o caso mais simples é representado abaixo com a atuação do
empuxo num tubo vertical atuando base do tubo - na seção transversal no
fundo:

Exemplo: Calcular o empuxo em um tubo de 5,5” 17 lbf/ft (ID = 4,892 in) com
10.000 ft mergulhado em água doce:

Obs: Água potável tem gradiente de 0,433 psi/ft ou


8,337 ppg ou 62.36 lbf/ft3.
Forças de Pistão
Empuxo: o caso mais simples é representado abaixo com a atuação do
empuxo num tubo vertical atuando base do tubo - na seção transversal no
fundo:

Exemplo: Calcular o empuxo em um tubo de 5,5” 17 lbf/ft (ID = 4,892 in) com
10.000 ft mergulhado em água doce:


A=
4
(OD 2
)
− ID 2 = 4,96 in 2

p = (0,433 psi/ft )(10000 ft ) = 4330 psi


( )
Fw = p A = (4330 psi ) 4,96 in 2 = 21500 lbf
Plug para teste de pressão:

Exemplo → a força axial num poço


vertical cheio de água do mar
(densidade 1,02) com 5000 psi
aplicada na coluna na cabeça contra
plug instalado a 10,000 ft. Coluna de
5.5 in., 17 lb/ft:

 
Ae = OD = 23,76 in
2 2
; Ai = ID 2 = 18,8 in 2
4 4
p = (1,02)(0,433 psi/ft )(10000 ft ) = 4416 psi
( )
Fw = p ( Ae − Ai ) = (4416 psi ) 4,96 in 2 = 21979 lbf ; Fplug = (5000 psi )Ai = 93979
Crossovers (subs de transição)

A resultante de forças atua nas áreas transversais expostas à pressão.

Exemplo: Uma coluna de 10000 ft de comprimento é composta de 3000 ft tubing


4,5” 12,6 lbf/ft e 7000 ft tubing 4” 9,5 lbf/ft (parte inferior). O poço está preenchido
com AGMAR e aplica-se 3000 psi na cabeça contra um plugue instalado a 2000 ft do
fundo. Calcule o peso na superfície. (ID4,5”=3,958”;ID4”=3,548”)

 
Ai 4"
= ID42" = (3,548)2 = 9,89 in 2
4 4
 
Ae 4"
= OD42" = (4)2 = 12,57 in 2 Ai = 2,41 in 2
4 4
  Ae = 3,33 in 2
Ai 4 , 5"
= ID 2
4 , 5" = (3,958)2
= 12,3 in 2

4 4
 
Ae 4 , 5"
= OD42,5" = (4,5)2 = 15,9 in 2
4 4
Equipamentos de Expansão (TSR ou PBR)

FP = pe ( Ab − Ae ) − pi ( Ab − Ai )
Todos os cenários considerados até aqui ignoraram os efeitos de ballooning
e flambagem (buckling).

Ballooning → quando um tubo é solicitado com cargas axiais, estas


não geram somente deformações axiais, mas radiais e circunferenciais
também. Estas deformações em direções ortogonais são
proporcionais quando na região elástica:

deformação radial ou circunferencial


=−
deformação axial

m = coeficiente de Poisson = 0,3 para a maioria dos


aços utilizados na indústria de petróleo.
Efeito de Ballooning → observado quando pressão é aplicada a um tubo
(ou coluna de tubos) com restrição de movimento em suas extremidades.
Neste caso a aplicação da pressão gerará uma tensão axial (pressão
interna: expansão da parede do tubo; pressão externa: redução de
diâmetro do tubo)

Subscrito " i" = pressão interna


Fb = 2 ( Ai pi − Ae pe ) Subscrito " e" = pressão externa
pi = aumento de pressão dentro da coluna
p e = aumento de pressão no anular
Aplicando a Lei de Hooke:

2L
Lb = − ( Ai pi − Ae pe )
E ( Ae − Ai )

L = comprimento do tubo (mesma unidade de L b )


L b = variação do comprimento do tubo devido ao efeito Ballooning
(se o tubo fosse livre para se mover)
Efeito Ballooning
Exemplo: Carga axial num teste de pressão. Coluna de
10.000 ft de comprimento, 5,5 pol., 17 lbf/ft, 5000 psi
aplicada na coluna na cabeça. Se a coluna é fixada nas
extremidades, a força será:

packers

A força é positiva → tração

Se o tubo fosse livre para se mover, o


deslocamento axial seria:

plug de
teste
A deformação é negativa →
encurtamento
Efeito da Temperatura → metais expandem-se quando
expostos ao calor:

C T = coeficiente de expansão térmica ( o F-1 )


T = mudança de temperatura ( o F)
LT = CT T L L = comprimento do tubo
13Cr → C T = (5,5 a 6 )x10-6 o F-1
aços duplex → C T = (7,5 a 8,5)x10-6 o F-1

Se o tubo é fixo nas duas extremidades, aplicando a Lei de Hooke:

FT = −CT E T ( Ae − Ai )

Geralmente, o aquecimento dos tubos da coluna é causado pela:


• produção de fluidos quentes
• injeção de fluidos frios pela coluna
• Injeção de fluidos muito quentes (exemplo: injeção de vapor)
Obs.: T é relativa ao caso base, aqui considerado o estado de tensões deixado
após completar o poço.
Atrito Fluido → o fluxo dentro da coluna causa uma força axial de atrito:

p
FF = − Ai L
L
p
= queda de pressão (psi/ft). Para um poço em fluxo, assumido sempre positivo.
L

Exemplo: Carga axial num poço de injeção. Coluna de 10.000 ft de


comprimento, 5,5 pol., 17 lbf/ft, com perda de carga de 90 psi/1000 ft.
Calcular a força devido ao atrito fluido:
Resistência à Pressão Interna → a API Bulletin 5C3, baseada na equação de
Barlow para tubo de parede fina, estabelece a resistência à pressão interna
(pb) como:

 2YPt 
pb = Tol  
 D 

Tol = correção para tolerância da espessura de parede do tubo (-)


YP = tensão de escoamento mínima (psi)
t = espessura nominal do tubo (in)
D = diâmetro externo (in)

Para tubos API, a correção para tolerância da espessura do tubo vale 0,875 (redução de
12,5%). Para tubos CRA (resistentes à corrosão) este valor é de 0,9 (ISO 13680). Algumas
operadoras no entanto compram tubos com tolerância mais restritivas, beneficiando-se de
resistências maiores às pressões internas.
Resistência ao Colapso → colapso é um problema de instabilidade que
demanda o escoamento de todo o corpo do tubo no seu perímetro. A
resistência ao colapso é difícil de se definir pois depende do diâmetro do
tubo, espessura e propriedades geométricas do tubo (como ovalização por
exemplo). A API Bulletin 5C3 define 4 modos de colapso:

• Elástico
• Transicional
• Plástico
• De Escoamento
O modo apropriado é selecionado pelo grau de robustez do tubo (D/t). Para cada
modo há uma expressão que define a resistência ao colapso.
Colapso Elástico:

Colapso Transicional:
Colapso Plástico:
Colapso de Escoamento:
Fatores de segurança e de projeto → representam um método conveniente para se
comparar os limites aceitáveis dos componentes da coluna com os esforços
efetivamente aplicados. Na indústria de perfuração e completação (diferente de
algumas disciplinas de engenharia), a convenção é utilizar-se um fator de
segurança (SF, do inglês safety factor) maior que 1 para representar um limite
maior que o esforço aplicado. Dado que mais de um modo de falha pode estar
presente no estado de tensões de um componente (pressão interna, colapso, etc.),
fatores de segurança podem ser calculados para cada mecanismo.

Limite de Resistência
SF =
Esforço Aplicado

Limite de Resistência Axial Limite de Escoamento


SFaxial = =
Esforço Axial Aplicado Tensão Axial Aplicada
(fonte: Bellarby)
Quando se resolve a equação de von Mises (estabelecendo
pi ou pe = ZERO), obtém-se o Diagrama de Capacidade de
Carregamento (para determinado elemento tubular de
determinado grau):

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