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TUTORIAL PARA MODELAGEM DE COMPÓSITOS LAMINADOS EM ANSYS


COMPOSITE PREPOST

Article · November 2023

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5 authors, including:

Jonas Reis Rafael Lucas


São Paulo State University Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá
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Luis Felipe Barbosa Marques Tuane Santos


São Paulo State University São Paulo State University
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TUTORIAL PARA MODELAGEM
DE COMPÓSITOS LAMINADOS EM
ANSYS COMPOSITE PREPOST

Santos a*, T. S. R.; Mota, R. P.; Marques, L. F. B.; Lucas, R. R.; Reis, J. F.
a UNESP FEG. Av. Ariberto Pereira da Cunha, 333 - Portal das Colinas - Guaratinguetá/SP
* tuane.stefania@unesp.br

Resumo. Quando é preciso combinar baixa densidade com elevada resistência estrutural em um
determinado projeto, é comum recorrer aos materiais compostos. As combinações de diferentes materiais
com propriedades variadas tornam-nos um recurso valioso para a eficiência em projetos. Para facilitar o
estudo desta classe de materiais, pode-se usar a análise computacional, fornecendo dados por simulação
do comportamento do material em condições de trabalho. Assim, o presente trabalho apresenta uma tutoria
introdutória para a modelagem de compósitos laminados utilizando o ANSYS Composite PrePost (ACP), para
auxiliar estudos neste campo.

Palavras-chave: Simulação; Validação; Estrutura; Elementos Finitos.

1. INTRODUÇÃO
Um material compósito é definido por conter em sua estrutura macroscópica a combinação de dois ou mais
materiais, fornecendo assim propriedades de interesse da engenharia, que isolados não atingiriam. Um
exemplo que é utilizado em larga escala são os compósitos fibrosos, que consistem em incorporar a uma
matriz fibras de reforço, confeccionados em forma de laminados (Gibson, 2016).
A modelagem de dados utilizando o Método dos Elementos Finitos (MEF) é uma técnica de ampla utilização
no ramo da engenharia, embora comumente seja aplicada a análises estruturais, também pode ser
empregada em outros tipos de avaliações, de outros fenômenos físicos, como o estudo de transferência de
calor entre outros.
Considerando a ampla aplicação deste método, este estudo apresenta um sucinto tutorial para a modelagem
de dados de compósitos laminados utilizando o programa ANSYS. Empregando o compósito poli(éter-imida)
reforçado com fibras de vidro (PEI/FV), que apresenta estrutura em camadas, permitindo grande exploração
da ferramenta de modelagem.

1.1 COMPÓSITOS ESTRUTURAIS LAMINADOS


Um compósito estrutural tem por característica a união de dois ou mais materiais com a finalidade de combinar
a necessidade de materiais de baixa densidade com elevada resistência estrutural (Marques, 2015).
Generalizando, pode-se considerar que compósitos são todos os materiais com mais de uma fase que
preservam características de ambas, buscando a melhor combinação entre as diferentes propriedades de
cada fase (Callister & Rethwisch, 2010).
Compósitos multidirecionais podem ser laminados, que possuem camadas que são dispostas em uma
sequência adequada com uma espessura definida em cada lâmina. As camadas são dispostas uma sob a
outra em uma direção tal que o ângulo da orientação da fibra varia em cada camada. (Abdulla; Aseenezdeen
& Ams, 2020)

1.2 MODELAGEM DE COMPÓSITOS


Para um projeto ser utilizado em sua aplicação final, sabe-se que é necessário conhecer o comportamento
dos materiais envolvidos em sua estrutura mediante aos esforços e condições às quais serão submetidos,
para isso existem duas soluções, a realização de ensaios em corpos de prova com tamanhos reduzidos e por
método analítico. (Abdulla; Aseenezdeen & Ams, 2020)

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O Método dos Elementos Finitos (MEF) consiste em um procedimento numérico com foco na solução
aproximada de problemas sobre contorno de equações diferenciais, dividindo um problema numérico em
partes menores denominadas de elementos finitos (Reddy, 2005).
Um dos softwares existentes no mercado para realizar este tipo de análise por MEF é o ANSYS, que embora
seja muito empregado para procedimentos que envolvem estruturas metálicas, também possui os recursos
necessários para se trabalhar com materiais compósitos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS

Para este estudo foi adotado como base o compósito PEI/FV laminado, o polímero poli(éter-imida) atuando
como matriz e as fibras de vidro como reforços. Considerando as especificações de fabricação da empresa
antiga TENCATE e hoje TORAY, que produzem estes tipos de laminados com tecidos na configuração 8 HS
com espessuras nominais entre 2,5 mm a 3 mm, e com configuração (0/90)5s contendo, aproximadamente,
50% em volume de matriz. Adotando a geometria padrão conforme a norma ASTM D 790-17 para ensaios de
flexão em compósitos de 12,7 mm de largura por 125 mm de comprimento.
O ANSYS 2022 R2 ESTUDENT foi o programa utilizado para criação deste tutorial sucinto, juntamente com
o ACP (ANSYS Composite Pre and Post), visto que o ACP é uma ferramenta de análise para materiais
compósitos, e possui uma vasta biblioteca de materiais com suas propriedades (como módulo de elasticidade,
coeficiente de Poisson, entre outros), além de permitir que novos materiais sejam adicionados.

2.2 MÉTODOS
2.2.1 Começando no ambiente Workbench
Este método de passo a passo é descrito para a construção de um modelo de compósito tipo casca. Ao entrar
no ambiente do ANSYS Workbench, é adicionado o componente ACP(Pré), onde é configurado todo o pré-
processamento do material, que será utilizado nas análises posteriores.
Adicionando o ACP(Pré) um novo catálogo de materiais compósitos é disponibilizado no banco de dados,
contudo o a matriz de PEI não está incluída, desta maneira é feita a adição deste novo material, cadastrando
suas especificações conforme informa o fabricante a partir do Contents of Engineering Data, utilizando as
opções contidas na ToolBox se escolhe qual propriedade do material será declarada e sua unidade de
grandeza. Já a fibra de vidro é disponibilizada no banco de dados, portanto foi utilizada com as características
que são pré-estabelecidas pelo programa. Sendo o PEI/FV um compósito formado por apenas estes dois
materiais, segue-se para o próximo passo, que é a definição da geometria do laminado.

2.2.2 Construção da Geometria do Laminado


No módulo do ACP(Pré) com o botão direito do mouse em Geometry selecionamos a opção para especificar
as dimensões e a forma do laminado. Neste estudo, esta etapa foi realizada com a opção do Design Modeler,
criando uma superfície com Surface from Sketches com largura de 12,7 mm e comprimento de 125mm, visto
que a espessura será dada depois pela adição das camadas de resina e fibras.

2.2.3 Gerar Malha


Com a geometria pronta, em Model define-se as condições de formação da malha de análise. Nesta parte é
necessária a definição do material utilizado nas propriedades da geometria da superfície criada e sua
espessura, de forma preliminar foi designado em Assignment o poli(éter-imida) como material de fabricação
e uma espessura fictícia de 0,003 mm, apenas com fim de compreensão do programa para a geração da
malha. Com isso, foi especificado que cada elemento de malha terá no máximo 2 mm em Element Size da
propriedade de Mesh, em seguida foi gerada a malha em Generate Mesh. De volta ao Workbench é
necessário atualizar o projeto em Update Project.

2.2.4 Configurando as condições de formação do laminado


Nesta parte são estabelecidas as formas de confecção do laminado. Inicialmente é informado ao programa
os materiais das camadas que o constituem em Fabrics e a espessura de cada uma delas, a espessura média
da camada de fibra de vidro do laminado é de 0,012 mm que é constituída de dois tecidos de fibra um sobre

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o outro cada um com 0,006 mm de espessura, orientados entre si em 90°, já a camada de resina possui
0,23 mm de espessura. Dados estes, obtidos através de medidas do laminado feitas em microscópio.
Em Stackups é formatada a camada de fibra de vidro do laminado, esta opção faz a combinação de tecidos
desconsiderando a ondulação, formando um tecido único, já que foi averiguado na microscopia que o
laminado possui duas camadas de fibra orientadas em 90° entre si. Já em Sub Laminate foi estabelecida a
estrutura de repetição do laminado, sendo de uma camada de resina, uma de fibra de vidro e mais uma de
resina, é importante nesta parte ativar a opção de Odd Symmetry em Symmetry, isso garante que o eixo de
simetria da estrutura repetição passe pelo meio da primeira camada que é de polieterimida, assim dando a
formatação perfeita para o empilhamento futuro.
Para garantir a orientação correta de empilhamento das camadas é necessário que as coordenadas de
referência no projeto do modelo estejam adequadas, para isso é definido na propriedade Rosette, um sistema
de coordenadas partindo da extremidade da superfície do modelo criado, mantendo as coordenadas de
origem padrão do Mechanical. Em seguida é possível configurar a direção de empilhamento das camadas do
compósito, com a propriedade Oriented Selection Sets, sendo feito partindo da superfície criada na direção
do eixo Y em sentido positivo, tendo a Rosette criada anteriormente como referência de coordenada e
garantindo o empilhamento de todos os elementos do projeto.

2.2.5 Construção do Laminado


Para construção do laminado deve-se determinar o layout das camadas, para isso, em Modeling Groups
designa-se um conjunto de planos, formados pelos elementos criados na seção anterior, como a orientação
de empilhamento, o material do plano que será a estrutura de repetição e o número de vezes que esse plano
se repete, que será de cinco vezes conforme o fabricante informa.
Finalmente, formando o laminado sólido a partir do modelo em casca desenvolvido, em Solid Models se define
as condições para formação desse sólido em que todos os elementos serão extrudados, o método de extrusão
é o Sandwich Wise, opção que considera que o núcleo e as fibras são agrupados em uma camada de um
elemento único, e a direção de extrusão seja a da força normal à da casca. A Fig. 1 mostra como ficará o
sólido, contendo 2,985 mm de espessura, as setas amarelas indicam direção de referência, as verdes a
orientação do plano em destaque (no caso uma das fibras de vidro) e as rosas a força normal na superfície
da casca.

Figura 1. Laminado sólido extrudado.

Fonte: Autoria própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com a modelagem do laminado finalizada, foi feita uma análise estrutural simples utilizando o Static Structural
para avaliar como o compósito se comporta e se o modelo pode ser validado. Para tanto, foi considerado que
o modelo está apoiado nas duas extremidades menores, sofrendo uma força de flexão de 500 N em sua face
no centro, com objetivo de simular um ensaio de flexão que foi realizado conforme a norma ASTM D790-17
com a carga de 500 N e avanço de 1,5 mm/min.
Adicionando o ACP(Pós) ao Workbench, pode-se chegar aos resultados de interesse conforme desejar, para
este estudo considerou-se os valores de simulação e ensaio apresentados na Tab. 1 para comparação.

Tabela 1. Valores alcançados na simulação do compósito, valores do laminado real e dados pelo fabricante.
Propriedades Mecânicas Simulação (MPa) Fabricante (MPa) Ensaio (MPa) DP (Mpa)
Módulo de Flexão 24476 24500 27679 1842
Módulo de Elásticidade 5470 5500 7989 1445
Fonte: Autoria própria.

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Enquanto a Fig. 2 apresenta a intensidade de deformação máxima em milímetros de 13,606 mm, ocorrida
no material durante a simulação.

Figura 2. Modelo elaborado no Ansys.

Fonte: Autoria própria.

4. CONCLUSÕES
O modelo de simulação pode ser validado a partir da comparação dos módulos de flexão e elasticidade,
compatíveis com os dados fornecidos pelo fabricante. O modelo é de fácil reprodução através dos métodos
descritos no presente trabalho, permitindo que estudos futuros sobre a união de materiais compósitos possam
ser investigados por MEF via simulação, já que o método pode ser aplicado a outros tipos de compósitos,
desde que sejam inseridas as informações necessárias de seus materiais constituintes, quando estes não
estiverem presentes na base de dados do Data Source do ACP.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a agência CAPES e ao Laboratório de Plasma e Aplicações LPA da instituição de
ensino superior UNESP-FEG.

6. REFERÊNCIAS
ABDULLA, K. A.; EZDEEN, S. Y.; AMS, L. ExperimentaL and harmonic modal analysis of composite spur
gear using ANSYS ACP. Transstellar IJMPERD, India, Vol. 10, p. 15401–15416, Jun 2020. Disponível em:<
https://www.researchgate.net/publication/370490897_EXPERIMENTAL_AND_HARMONIC_MODAL_ANALY
SIS_OF_COMPOSITE_SPUR_GEAR_USING_ANSYS_ACP#fullTextFileContent>

ANSYS. ANSYS Composite PrepPost User's Guide. Canosburg: ANSYS INC, 2013.

ANSYS. ANSYS Meshing User’s Guide. Canosburg: ANSYS INC, 2010.

CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Materials Science and Engineering - An introduction, 8ª Ed.,


John Wiley & Sons, 2010.

EDER, S. J.; MAGNAGO, R. O.; SILVA, F. A.; COCHIERI, E. B. Implementação passo a passo dos critérios
de falhas em flexão em compósitos PPS/Fibras de Carbono através do Programa ANSYS. Edição
Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais. UNIFOA, 2013.

GIBSON, R. F. Principles of composite material. 4. Ed. Boca Raton: CRC Press, 2016.

MARQUES, L. F. B. Influência do intemperismo no mecanismo da fratura de compósitos soldados


PEI/fibra de vidro. Guaratinguetá, 2020. Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista.

REDDY, J. N. An Introduction to The Finite Element Method. 3o ed. New York: McGraw-Hill, 2005.

REIS, J. F.; MARQUES, L. F. B.; ABRAHAO, A. B. M.; NAKAZATO, R. Z.; BOTELHO, E. C. Feasibility Study
of the Oxy Fuel Gas Welding ( OFW ) process in AA2024-T3 and GF / PEI composite joint. Welding in
the World, p. 1–10, 2021. Welding in the World.

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