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Universidade Federal de Itajubá – Campus Itabira

EXPERIMENTO 2 - Noções básicas de tratamento de dados experimentais


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O Erro de uma medida é a diferença entre o valor verdadeiro (correto ou tido como correto) X e
o valor obtido experimentalmente Xi. A determinação do valor “verdadeiro” utilizando-se de apenas
UMA medida é praticamente impossível. Desta forma, em qualquer determinação experimental tem-
se um erro embutido. A notação correta dos dados obtidos e a respectiva indicação dos erros são de
grande importância para a expressão adequada dos dados experimentais.

1. Alguns conceitos importantes


A natureza intrínseca da observação traz consigo o fato de que em toda medida que realizamos,
tem-se uma incerteza associada a tal medida. Portanto, ao efetuarmos uma medida, devemos fazê-la
com o maior grau de precisão possível e anotá-la de maneira que reflita as limitações do instrumento.
Uma maneira de preencher estas exigências envolve a expressão das medidas em termos de algarismos
significativos.

1.1. Algarismos significativos e notação científica

Classificam-se como algarismos significativos todos os algarismos de que temos certeza mais o
seguinte que é o duvidoso. Em geral, em um número que representa uma medida científica, o último
algarismo à direita é para ser considerado como inexato, mas todos os outros algarismos à esquerda
devem ser assumidos como exatos.
Os algarismos significativos são números que exprimem a grandeza de uma quantidade e
apresentam o erro inerente a essa medida. Por exemplo, se dissermos que uma mesa mede 102 cm, isto
indica que a medimos até próximo ao centímetro, enquanto 102,4 cm indica uma medida até o décimo
de centímetro. No primeiro caso temos três algarismos significativos e no segundo temos quatro.
Em números menores que 1, zeros a esquerda do primeiro algarismo diferente de zero não são
significativos, mas zeros finais, posteriores à vírgula, o são. Ou seja, o número zero é um algarismo
significativo exceto quando está situado à esquerda do primeiro algarismo diferente de zero. Assim,
em 7,0026 (5 algarismos significativos) os zeros são algarismos significativos, e em 0,0094 (2
algarismos significativos) os zeros não são algarismos significativos eles são somente determinantes
de ordem de grandeza do número.

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Em números grandes, zeros finais, posteriores a um algarismo diferente de zero, podem ou não
ser significativos, dependendo da exatidão do instrumento utilizado para se fazer a medida. Este
problema pode ser evitado expressando a medida em notação científica, ou seja, utilizando expoentes.

Exemplos:

Medida Notação científica Nº de algarismos significativos

0,0062 g 6,2 x 10-3 g 2

0,62000 g 6,2000 x 10-1 g 5

20,010 g 2,0010 x 101 g 5

125000 1,2500 x 105 5

125000 1,250 x 105 4

125000 1,25 x 105 3

1.2. Regras para determinar o número de algarismos significativos

Regra 1: Para determinar o número de algarismos significativos de uma medida, leia o número da
esquerda para a direita e conte todos os algarismos a partir do primeiro que não for zero. Ex. 1,23 (3
algarismos significativos) e 0,00123 (3 algarismos significativos).

Regra 2: Na soma ou na subtração, o número de casas decimais no resultado deve ser igual ao número
de casas decimais do número que tiver o menor número de casas. Assim na soma:

0,12 2 casas decimais 2 algarismos significativos

1,9 1 casa decimal 2 algarismos significativos

10,925 3 casas decimais 5 algarismos significativos

12,945 3 casas decimais 5 algarismos significativos

A soma deve ser escrita como 25,9 (número com apenas uma casa decimal) pois 1,9 tem somente
uma casa decimal.

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Regra 3: Na multiplicação ou divisão, o número de algarismos significativos na resposta deve ser igual
ao número de algarismos significativos da grandeza que tiver o menor número de algarismos
significativos.

0,01208 = 0,512 ou em notação científica: 5,12 x 10 -1.


0,0236

Uma vez que 0,0236 só tem três algarismos significativos, e 0,01208 tem quatro, a resposta fica
limitada a apenas três algarismos significativos.

Regra 4: Quando se arredonda um número (isto é, se reduz o número de algarismos significativos) o


último algarismo retido é aumentado de 1 unidade se o primeiro algarismo abandonado for 5 ou maior
do que 5.

1.3. Erro absoluto e Erro relativo

Erro absoluto (ou desvio absoluto): é a diferença entre o valor verdadeiro e o valor obtido
experimentalmente. Toda medida deve apresentar uma faixa de erro absoluto. Por exemplo, suponha
que a massa de um material seja:

M = (5,33  0,02)g

O valor 0,02 é o erro absoluto Ea.

Erro relativo (ou desvio relativo): é definido em termos do erro absoluto de acordo com a seguinte
equação:

Ea
ER  Onde: ER = erro relativo
M

Ea = erro absoluto

M = medida

No caso da massa do exemplo anterior, o erro relativo é dado por:

0,02
𝐸𝑅 = = 0,04
5,33

O erro relativo também pode ser expresso em termos percentuais: E% = ER x 100%

No caso anterior, E% = 0,4%.

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1.4. Erros sistemáticos e erros acidentais:

Erros sistemáticos são caracterizados pela sua tendência em se apresentarem sempre no mesmo
sentido, ou seja: sempre positivo ou negativo. Esses erros são produzidos por problemas nos
instrumentos ou pelo operador que age sempre no mesmo sentido. Esses erros dificilmente podem ser
eliminados e a utilização de aparelhos devidamente aferidos e um máximo de cuidado no seu manuseio
pelo menos os tornam desprezíveis em relação aos demais erros cometidos.

Erros acidentais são caracterizados pela sua tendência em se apresentarem ora em um sentido, ora em
outro, podendo ser causados pelo operador ou por causas externas que agem ao acaso.

1.5. Exatidão e Precisão

O primeiro termo denota a proximidade de uma medida do seu valor verdadeiro ou do valor
aceito como verdadeiro. O segundo denota a reprodutibilidade de uma medida. Pode ser definido como
concordância entre os valores de uma série de resultados que tenham sido obtidos da mesma maneira.

1.6. Propagação de erros

Na adição ou subtração o erro do resultado é a soma dos erros absolutos de cada medida. Para
uma aplicação mais imediata e menos rigorosa pode-se considerar que numa adição ou subtração o
termo com menor número de casas decimais determina o número de casas decimais do resultado.
Assim, na soma das massas abaixo:

(43,7  0,1)g
(3,85  0,01)g
(0,923  0,001)g
(48,5  0,1)g
O resultado deve ter apenas uma casa decimal.

Numa multiplicação ou divisão, o erro do resultado será a soma dos erros relativos de cada
uma das medidas envolvidas. Analisemos, por exemplo, o cálculo de densidade, onde a massa e o
volume de uma substância são dados abaixo:
m = (43,297  0,001)g

v = (25,00  0,05)mL

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O erro relativo da massa é 0,002% e do volume é 0,2%. O erro da densidade deverá ser, então,
0,2%. Assim,
(43,297  0,002%)
 
25,00  0,2%)

 = (1,731  0,003)g/cm3

De forma mais simplificada pode-se considerar que numa multiplicação ou divisão o termo com
maior erro relativo determina a ordem de grandeza do erro relativo. Ou ainda aceita-se que numa
multiplicação ou divisão o termo com menor número de algarismos significativos determina o número
de algarismos significativos do resultado.

2. Noções básicas de tratamento de dados experimentais

2.1. Valor mais provável de uma série de medidas (média aritmética)

Quando se quer determinar o valor de uma grandeza (ou variável) contínua, x, uma série de N
medidas desta grandeza é realizada, obtendo-se uma série de valores de x: x1, x2, x3 ...xN, a qual
chamamos amostra.
Baseando-se em um certo número de hipóteses que governam a aleatoriedade dos resultados das
medidas é possível mostrar que o valor mais provável dessa série de medidas é a média aritmética das
medidas feitas, se todas as medidas têm o mesmo peso, a qual chamamos de média amostral:
N
1
x
N
x
i 1
i

onde x é uma estimativa da média da população da variável x (amostra), representada por , que é o
verdadeiro valor para a grandeza em estudo e N é o número total de amostras. Se x , tende para infinito,
x tende para o valor de , ou seja:

lim x  
N 

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2.2. Variância de uma medida

Tendo sido determinado o valor mais provável para a grandeza em estudo, é interessante conhecer
como os valores individuais da medida x estão distribuídos ou dispersos ao redor da média. Um índice
de dispersão conhecido é a variância amostral, S2x , definida como:

S 2

 ( xi  x ) 2


N  xi 2  ( xi) 2
N 1 N ( N  1)
x

2.3. Desvio Padrão Amostral, Desvio Padrão da Média e Desvio Padrão Relativo (DPR)

Uma vez que S2x (variância) tem como unidades o quadrado das unidades da grandeza medida,
geralmente usamos como índice de precisão do método de medida o “desvio padrão amostral” Sx,
definido como a raiz quadrada da variância:

S x  S x2 ou S x   ( xi  x ) 2

N 1

Na realidade Sx representa o grau de reprodutibilidade das medidas do método (ou do aparelho)


utilizado, i.e., sua precisão. Uma vez que x é adotado para representar o valor mais provável de , é
importante saber qual a precisão ou o erro de x. Pode ser mostrado que o valor que melhor representa
o “erro da média amostral” em uma amostra de N observações é o valor do “desvio padrão da média
amostral”, cujo valor é dado por:

Sx Sx
Sx  
N N1 2

Dessa forma, é comum que o resultado de um experimento seja representado pela notação:

( x  S x ) unidades da grandeza medida

O desvio padrão relativo (DPR) ou coeficiente de variação (C.V.) é dado pelo desvio padrão
(Sx) dividido pela média aritmética ( x ) multiplicado por 100%, ou seja:

DPR = Sx x 100%
x

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2.4. Estimativas do desvio padrão quando o número de medidas é muito pequeno


Em alguns casos uma medida experimental é feita apenas uma vez ou no máximo duas vezes.
Nesses casos, o desvio padrão não pode ser determinado conforme descrito anteriormente. Uma
alternativa comumente utilizada é de se estimar o desvio padrão como sendo metade da menor divisão
da escala do aparelho de medida. Esse desvio é chamado de desvio avaliado e a menor divisão da
escala é chamada de sensibilidade. Por exemplo, para uma proveta graduada de dois em dois mL
(sensibilidade = 2), é assumido um erro, ou seja, uma precisão de 1 mL (desvio avaliado = 1). Assim,
um volume de 10 mL medidos nessa proveta seria convenientemente anotado como (10  1) mL.
Eventualmente, quando a medida envolve a observação visual de marcas de escalas muito próximas
entre si, é mais prudente estimar a precisão como sendo igual á menor divisão da escala.

2.5. Apresentação dos resultados


O resultado anotado no caderno de laboratório ou no relatório deve ser condizente com o
equipamento utilizado para a sua obtenção. Deve-se indicar então o erro correspondente, que depende
das características do instrumento e do número de medidas realizadas.

A vidraria utilizada em um laboratório de Química para medidas de volume divide-se em


graduadas e volumétricas. O erro absoluto dos equipamentos graduados é dado como a metade da
menor divisão. Já os instrumentos volumétricos têm seus erros fornecidos pelo fabricante como mostra
a seguinte tabela:
TABELA 1 – Desvio padrão para vidraria volumétrica.
Volume (mL) Bureta Pipeta Balão Volumétrico
0,5  0,006
1  0,006  0,02
2  0,006  0,02
3  0,01
4  0,01
5  0,01  0,01  0,02
10  0,02  0,02  0,02
15  0,03
20  0,03
25  0,03  0,03  0,03
50  0,05  0,05  0,05
100  0,10  0,05  0,08
200  0,10
250  0,12
500  0,20
1000  0,30
2000  0,50

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Objetivos: Aprender a medir grandezas corretamente, escolher a vidraria apropriada


para medidas de volume e dar tratamento adequado para os erros cometidos.

Questão 01) Especificações dos materiais

Anote no Quadro I as especificações, caso tenham, dos instrumentos citados:

Quadro I
Instrumento Precisão Desvio
Provetas de 50 mL

Provetas de 10 mL;
Béquer de 100 mL;
Béquer de 10 ou 25 mL
Balão volumétrico de 50 mL;

Questão 02) Dependendo se o líquido é incolor ou colorido, a leitura do volume segue uma
regra em que se avalia a posição do menisco em relação a marca da graduação do volume
desejado.

Diante disso, faça:

a) Utilizando uma proveta de 10 mL, faça a medida de 5 mL de água destilada com o auxílio de
uma garrafa lavadeira. Em seguida, faça um desenho esquemático demonstrando como você
realizou a leitura do volume.

Desenho esquemático:

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b) Utilizando um béquer de 10 mL (ou 25 mL), faça a medida de 5 mL de uma solução de


permanganato de potássio (0,01 mol L-1). Anote o volume observado e faça um desenho
esquemático demonstrando como você realizou a leitura do volume. Em seguida verta o líquido
do béquer em uma proveta de 10 mL. Anote volume e faça um desenho esquemático
demonstrando como você realizou a leitura do volume. Explique a diferença para as leituras de
volume usando o béquer e a proveta.

Desenho esquemático:

Questão 03) Comparação de volumes medidos com a proveta e com o balão


volumétrico

a) Meça cinquenta mililitros de água destilada em uma proveta adequada.


Anote o valor do volume medido no quadro II;
b) Transfira o volume de água adicionado na proveta para um balão
volumétrico de cinquenta mililitros. Anote o valor do volume medido no quadro
II;

Quadro
II
Instrumento Volume medido (mL)
Proveta
Balão volumétrico
c) Justificar se houve ou não coincidência nas
medidas:

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Questão 04) Treino de pesagem

a) Pese um béquer (vazio e seco) de 100 mL de capacidade e determine a sua


massa em gramas. Anote a sua massa no quadro VI;
b) Adicione a este béquer 50 mL de água, medidos em uma proveta, e determine a
massa deste conjunto. Anote a massa observada no quadro VI;
c) A partir dos dados obtidos em a e b, determine o peso da água e anote no quadro
VI

Quadro VI
Massa do béquer
Massa do béquer com água
Massa da água

d) Estime o volume de água correspondente à massa determinada por pesagem.


(Densidade da água: 1,000 g/cm3) Anote o valor obtido no quadro VII.
e) Comparar o valor do volume de água medido com o valor calculado. Justificar
se houve ou não coincidência destes valores e as possíveis causas de erro;

Quadro VII
Volume de água calculado: ____________ cm3
Volume de água medido: 50,0 ± _______ cm3

Justificativa

f) Calcule o erro relativo entre o valor de volume de calculado e o

volume de medido. Cálculo

Questão 5) Considerando os instrumentos usados nesta prática, quais poderiam servir


para medir cada volume abaixo com melhor exatidão:

a) 25,0 mL: ____________________________


b) 50,0 mL: ____________________________
c) 10,00 mL: ___________________________
d) 8 mL: ____________________________
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