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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOTUPORANGA

TEORIA GERAL DO PROCESSO: DA INSTRUMENTALIDADE


PURA E SIMPLES PARA A INSTRUMENTALIDADE
CONSTITUCIONAL

ANA MARIA LOURENÇO GARCIA


RA:110857 – 3° período, A

VOTUPORANGA- SP
2024
1. Introdução

O presente ensaio acadêmico tem por objetivo analisar a instrumentalidade simples


e pura do processo e a instrumentalidade constitucional, ambas como conceitos
fundamentais no campo do Direito. A instrumentalidade do processo referindo-se à sua
natureza como meio de resolver litígios e garantir a eficácia do sistema jurídico, enquanto
a instrumentalidade constitucional retratando a capacidade da Constituição de garantir e
proteger os direitos fundamentais dos cidadãos. Ambos os conceitos como ferramentas
essenciais para a promoção da justiça e da ordem social.

2. O que é a instrumentalidade simples e pura do processo

Conforme a Teoria Geral do Processo, todo cidadão tem o direito de instigar o


Judiciário a agir de maneira que a equidade e a justiça sejam mantidas, em seu próprio
benefício. Partindo da lide, que ocorre quando há um conflito entre os interesses
qualificados por uma pretensão, há a jurisdição, que é o poder que o Estado tem de decidir
sobre esse desentendimento. Desse modo, entende-se que a ação é o direito do indivíduo
de requisitar essa decisão, a partir de um processo, o qual é o instrumento utilizado para a
resolução do litígio.

Em um cenário hipotético, caso todas as pessoas cumprissem espontaneamente


suas obrigações e respeitassem os direitos alheios e se vivêssemos em um mundo ideal
sem violações de direitos, simplesmente não precisaria existir o processo; não haveria
litígios. Porém, não vivemos nesse mundo. Assim, o processo se apresenta como um
instrumento, um mecanismo para fazer com que os direitos violados sejam reparados e
voltem a ser respeitados. Em outras palavras, ele é instrumental porque não possui um fim
em si mesmo.

Rafael Tomaz de Oliveira, Advogado e Mestre em Direito Público pela Unisinos,


alega: “Sendo o processo um instrumento, ele deve ser encarado como meio e não como
fim em si mesmo, devendo ser estudado a partir de um método nitidamente teleológico.
Disso, decorre que a visão do processo não pode ser restrita a ele mesmo. É preciso definir
escopos (fins) a partir dos quais o processo se movimenta”. Partindo desse pressuposto,
podemos concluir que o processo é um meio para assegurar uma possível garantia,
portanto, todo meio serve para alcançar o resultado.

Além disso, a instrumentalidade do processo está relacionada à busca pela


eficiência e celeridade na resolução de conflitos. É fundamental para garantir a eficácia do
sistema jurídico como um todo, evitando a morosidade e a burocracia excessiva que
muitas vezes impedem a realização da justiça. Portanto, a instrumentalidade do processo é
um elemento essencial para o exercício da justiça e para a garantia dos direitos
fundamentais dos cidadãos. É através dela que se torna possível alcançar uma justiça
rápida, eficaz e equitativa, promovendo assim a ordem social e o respeito ao Estado de
Direito.

3. Instrumentalidade constitucional

Segundo o jurista e filósofo austríaco Hans Kelsen, em sua obra “A Teoria Pura do
Direito”, a Constituição é um código de normas jurídicas fundamentais à estruturação do
Estado, dotada de plena força normativa capaz de conduzir o processo político, servindo
de fundamento de validade para a produção normativa. Ele diz também que a Constituição
de um país deve ser a lei de maior hierarquia, devendo as demais normas seguir e não
contradizer o que está sendo expresso na Carta Magna do Estado.

Em consonância com o anterior, o autor Milton Tiago Elias Santos Sartório, em


seu estudo sobre a Constituição, diz: “Vê-se, portanto, que a Constituição é um
instrumento, uma garantia à Supremacia do Direito, que irá prever um mecanismo com o
escopo de tolher eventual violação, estabelecendo um rol de garantias fundamentais”.

Com base nesses pensamentos, depreendemos que a instrumentalidade


constitucional é um conceito jurídico que se refere à capacidade da Constituição de servir
como meio de efetivação dos direitos e garantias fundamentais nela previstos. Isso
significa que a Constituição não é apenas um mero documento formal, mas sim um
instrumento prático que deve ser utilizado para assegurar a realização dos valores e
princípios constitucionais.

Essa instrumentalidade está relacionada ao princípio da efetividade das normas


constitucionais, que exige que estas sejam aplicadas de forma concreta e eficaz,
garantindo a proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos. Para tanto, é fundamental
que os órgãos do poder público e a sociedade em geral reconheçam a importância e a
autoridade da Constituição como norma suprema do ordenamento jurídico.

Nesse sentido, a instrumentalidade constitucional implica a necessidade de uma


atuação proativa por parte dos agentes estatais, promovendo a concretização dos direitos e
garantias constitucionais por meio da interpretação e aplicação das normas constitucionais
de forma coerente e efetiva. Além disso, exige-se o engajamento dos cidadãos na defesa e
na promoção dos valores constitucionais, por meio da participação ativa na vida política e
na defesa de seus direitos perante as instâncias competentes.

Dessa forma, a instrumentalidade constitucional representa um importante


mecanismo para a efetivação da democracia e do Estado de Direito, contribuindo para a
proteção dos direitos fundamentais e para a garantia da justiça social e da igualdade
perante a lei.
4. Conclusão

Em suma, a instrumentalidade simples e pura do processo e a instrumentalidade


constitucional estão intrinsecamente conectadas na busca por garantir os direitos e
liberdades fundamentais dos cidadãos. O processo é um instrumento para resolver disputas
e promover a justiça, enquanto a Constituição orienta a aplicação prática dos princípios e
valores constitucionais.

Ambos os conceitos ressaltam a importância da atuação proativa dos agentes estatais


e da sociedade na defesa e na promoção dos direitos fundamentais, visando à promoção de
uma justiça que mantenha a eficácia por meio da rápida resolução de conflitos, em
conformidade com os preceitos constitucionais.
5. Referências Bibliograficas

OLIVEIRA, Rafael Tomaz.O dito e o não-dito sobre a instrumentalidade do processo: críticas e projeções
a partir de uma exploração hermenêutica da teoria processual.Revista dos tribunais online,2008.

KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

SARTÓRIO, Milton Tiago Elias Santos.Instrumentalidade constitucional.Presidente Prudente,2006.

DINAMARCO, Cândido Rangel.16°ed.Brasil: EditorajusPODVM,2003.

“O que é Instrumentalidade do processo?”.YouTube.Duração:3min.25seg.Disponível:[https://youtu.be/B-


D0iN-EDC0?feature=shared].

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