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DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E C LIN IC A M ÉDICAS <2.

3 C A D EIRA )

D ire to r: Prof. Dr. R om eu D in iz L am ounier

DEPARTAMENTO DK TERAPÊUTICA, FARM ACOLOG IA E ARTK DE FORM ULAR

D ir e to r : Prof. D r. F ernando V arela de Carvalho

DEPARTAMENTO DE H IG IE N E , SAÚDE PÚBLICA E BIO-ESTATÍSTICA

D ir e to r : Prof. Dr. Adolpho R ibeiro N etto

DEPARTAMENTO DE FA RM ACOLOG IA (Faculdade de Medicina)

D ire to r: Prof. D r. Charles E dw ard Corbett

TRATAMENTO DA FORMA EPITELIOMATOSA DA BOUBA


AVIÁRIA EM PERUS (Meleagris gaUopavo) PELO DIACETURA-
TO DO DI-(4-AMIDIN0FENIL)-(N-l,3)-TRIAZENO
(NOTA PRÉVIA)

(T R E A T M E N T O F T H E E P IT H E L IO M A T O U S F O R M O F TURKEY
(Meleagris gallopavo) F O W L P O X W IT H D I- (4 - A M ID IN O P H E N Y L ) -
(N- 1,3)- T R IA Z E N E D IA C E T U R A T E
( P R E L IM IN A R R E P O R T )

P au lo d e C a r v a l h o P e r e ir a R o m e u D i n i z L a m o u n ie r
Prof. Assistente Docente Prof. Catedrático

L eo n a rd o M ir a n d a de A ra u .jo F e r n a n d o V a r ela d e C a r v a l h o
Instrutor Prof. Catedrático

E du ardo H a r r y B ir g e l M e s s ia s C a r lo s G alvão G o m e s
Instrutor Instrutor

J osé P apaterra L im o n g i
P rof. Associado

Em recente trabalho três dos autores tiveram a oportunidade


de observar a ação eficiente do Diaceturato do di-(4-amidinofenil)-
(N-l,3)-triazeno no tratamento da papilomatose bovina (1).
Baseando-nos na semelhança das lesões desta virose com as da
forma epiteliomatosa da bouba aviária e comparando a posição dos
dois vírus na classificação dos mesmos, de acôrdo com L w o f f e
746 Rev. Fac. Med. Vet. S. P aulo — Vol. 7. fase. 3. 1966-1967

T o u r n i e r (2), notamos que ambos se encontram no mesmo Phv-


lum a Subphyla, o que nos levou a procurar observar a ação dessa
droga no tratamento da forma epiteliomatosa da bouba aviária.
Em 29-12-1966 fomos procurados por um criador que nos re­
velou que quinze dias antes observou o aparecimento de “pipoqui-
nhas” nas cabeças e patas de seus perus (Meleagris gallopavo),
que tinham três meses de idade.
Revelou ainda que já perdera vários perusinhos com êsses
mesmos sintomas.
Vinha fazendo tratamento por aplicação de mercúrio-crômo
sôbre as lesões, mas os animais vinham piorando gradativamente.
Examinando os mesmos, que eram em número de dez, diag­
nosticamos Bouba aviária em sua forma epiteliomatosa e obtive­
mos dêsse criador a permissão para empregar o Diaceturato do
di-(4-amidinofenil)-(N-l,3)-triazeno como tratamento.
Iniciamos o tratamento no dia 2-01-1967 somente com nove
animais, pois já havia morrido um, e dêsses separamos um ao aca­
so para servir de testemunho, não tendo, portanto, sido tratado.
Dos oito tratados um dêles se apresentava em péssimas con­
dições.
Aplicamos o medicamento por via intramuscular, em solução
a 7% e, inicialmente na dose aproximada de 3,5 mg por quilo de
pêso a cada animal, semanalmente. A partir da terceira semana
de tratamento, inclusive, a dose por quilo de pêso passou a ser
exatamente de 3,5 mg.
Essa variação da dose ocorreu em virtude de se nos apresen­
tarem dificuldades relacionadas com a balança e, como os perusi­
nhos aparentemente apresentavam o mesmo desenvolvimento, obti­
vemos o pêso global de todo o lote, instituindo daí um pêso médio
para cada animal. A partir da terceira semana, havendo sanado
as dificuldades existentes, passamos a ter possibilidade de obter o
pêso individual exato de cada peru.
Na primeira semana todos os animais tratados se apresenta­
vam com as lesões em evidente involução, mostrando-se com as-
pécto de crostas que, ao serem destacadas, deixavam à mostra su­
perfície com todos os aspéctos de tecido epitelial normal.
Na segunda semana, à exceção de dois dos perus tratados, os
outros se apresentavam quase completamente curados, mostrando
somente um ou outro resquício de lesão.
O testemunho continuava não apresentando melhora.
Na terceira semana fomos informados pelo criador que ratos
atacaram e mataram dois dos perus tratados. Os restantes nada
mais apresentavam, mas mesmo assim aplicamos o medicamento.
O testemunho, nêsse dia, apresentava uma pequena melhora,
mas as lesões ainda eram abundantes e úmidas.
Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo — Vol. 7. fase. 3, 1966-1967 747

Na semana compreendida entre os dias 23 e 30-01-1967 o pe-


rusinho tratado que inicialmente se apresentava em péssimas con­
dições, morreu embora já não mostrasse lesão alguma. Não
nos foi possível necroscopsiá-lo por ter sido destruido seu cadáver.
No dia 24-01-1967 também o testemunho morreu e seu cadaver
foi destriudo.
No dia 30-01-1967 demos por terminadas nossas observações.
Quanto ao peso dos animais, que começou a ser anotado indi­
vidualmente a partir do dia 16-01-1967, observamos que nos trata­
dos aumentou em todos êles e em tôdas as pesadas, enquanto di­
minuiu a cada pesada o do testemunho.
À vista do exposto, ressalvando o pequeno número de animais
usados nestas observações e o fato de termos um só testemunho,
julgamos poder concluir que o Diaceturato do di-(4-amidinofenil)-
(N-l,3)-triazeno é eficaz no tratamento da forma epiteliomatosa
da Bouba aviária em perus.
Considerando os resultados obtidos nesta observação, condi­
zentes com a propositura apresentada, segundo pode ser observado
pelas fotografias anexas, em diversas fases da evolução, já inicia­
mos estudos para, com maiores detalhes, podermos indicar o me­
lhor esquema terapêutico dessa droga na Bouba aviária e, possivel­
mente, outros aspéctos atinentes à doença.

R E F E R Ê N C IA S B IB L IO G R Á F IC A S

1 — C A R V A L H O , F E R N A N D O V A R E L A ; P E R E IR A , P A U L O D E C A R ­
V A L H O & B IR G E L , E D U A R D O H A R R Y 1967 — T ratam en to da
papilom atose bovina pelo D iace tu rato do di-(4-amidinofenil)-(N-1.3)-
triazeno. R e v. Fac. Med. Vet., S. Paulo, 7 ( 3) : 655-668.

2 — L W O F F , A N D R É & T O U R N IE R , P A U L — 1966 — The classification


of viruses. Ann. M icrobiol., 20: 45-74.

A G R A D E C IM E N T O S

Externamos nossos agradecimentos a Squibb Indústria Quí­


mica S.A. pelo fornecimento do Ganaseg (Diaceturado do di-(4-ami-
dinofenil) -(N-1,3) -triazeno.
748 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo — Vol. 7, íasc. 3, 19G6-1967

Foto 1 — Detalhes de um dos perus, mostrando lesões da

forma epiteliomatosa da bouba aviária.

Foto 2 — Vista, cm conjunto, dos perus ao serem trazidos

para exame clinico. <29-12-196fi).


Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo — Vol. 7, fasc. 3, 1966-1967 749

Foto 3 — O testemunho, fotografado após 3 semanas do in i­

cio da observação (16-1-1967).

Foto 4 — O testemunho, fotografado ao final da observação

(23-1-1967), notando-se ainda evidentes lesões.


750 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo — Vol. 7. fase. 3, 1966-1967

Foto 5 — O peru que, ao exame inicial, se mostrava em

péssimas condições, fotografado apõs 3 semanas do inicio da

observação, tendo recebido 2 doses da droga. (1S-1-19R7).

Foto 6 — O mesmo peru mostrado na foto 5, ao final da

observação, percebendo-se o desaparecimento das lesões.

(23-1-1967)
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Koto 7

Foto s
752 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo — Vol. 7. fase. 3, 1966-1967

Foto 9

Fotos 7 8 e 9 — Três dos perus tratados, fotografados após


3 semanas do iníeio da observação, tendo recebido 2 doses
da droga (16-1-1967). Nota-se a melhora evidente, apresen­
tando uma ou outra lesão.

Foto 10
Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo — Vol. 7, fase. 3. 1966-1967 753

Koto 11

Foto 12

Fotos 10, 11 e 12 — Os mesmos anim ais das fotografias 7,


8 e 9, fotografados ao final da observação (23-1-1967). Ob­
serva-se a ausência de lesões e o desenvolvimento dos mesmos.

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