Você está na página 1de 17

Gunter Kohlsdorf – Maria Elaine Kohlsdorf

DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS


LUGARES

Brasília, setembro 2004 / maio 2006 1


MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

TESE INICIAL
Dificuldades em discussões no ensino e prática do projeto de lugares, assim
como na participação popular no processo de planejamento, decorrem
geralmente de problemas de formalização de um conceito do objeto de
projetação e de um conceito de projeto. Neste sentido, propõe-se:

- entender nosso OBJETO como qualquer espaço socialmente utilizado e,


portanto, situação relacional e dimensional;
- entender PROJETO como proposta, desenvolvida em processo seqüencial e
iterativo de momentos de criação e de avaliação. 2
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

LUGAR COMO SITUAÇÃO RELACIONAL


espaço socialmente utilizado = lugar
A abordagem de espaços socialmente utilizados pela Arquitetura, Urbanismo e Design de
Interiores deve justificar-se, necessariamente, pela realidade de populações presentes e
futuras. Para estas o ensino, a pesquisa e as ações de planejamento e projeto precisam
oferecer respostas por meio de características espaciais pertinentes a expectativas
socialmente definidas.

Conceituar lugar como situação relacional significa definir:


▪em quais tipos de expectativas sociais incidem características espaciais;
▪como se projetam lugares com melhor desempenho para expectativas socialmente definidas.
Características espaciais incidentes em expectativas sociais são atributos da forma
dos lugares. Forma são os limites exteriores da matéria de que é constituído um corpo,
3 e
que conferem a este um feitio, uma configuração, um aspecto particular
(Aurélio Buarque de Holanda, 1986).
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

DESEMPENHO MORFOLÓGICO DOS LUGARES


Abordagem dos lugares como situação relacional implica observar diversas aspirações sociais
quanto ao desempenho dos mesmos. Expectativas sociais variam individual e culturalmente –
logo, são historicamente definidas; mas podem ser classificadas quanto a suas características
genéricas – e assim também as dimensões morfológicas dos lugares:

A classificação de expectativas sociais quanto ao desempenho configurativo dos lugares


corresponde a uma taxonomia dos mesmos como área de conhecimento e prática profissional.
4
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

LUGAR = SITUAÇÃO DIMENSIONAL


Conceito de dimensão: Entende-se por esse termo todo plano, grau ou direção no qual se
possa efetuar uma investigação ou realizar uma ação. Abbagnano, N, 1962.

Dimensões no universo do PROJETO de LUGARES balizam o âmbito de


investigação e ação propositiva que correlaciona características das configurações
dos lugares com expectativas socialmente definidas.
Abordagem dimensional em PROJETAÇÃO implica classificação das características de
lugares a partir de atributos de sua forma incidentes em expectativas sociais.

expectativas sociais dimensões morfológicas


conforto higrotérmico, acústico, luminoso e de qualidade do ar.............Dimensão Bioclimática
interação social.............................................................................Dimensão Copresencial
econômicas e financeiras...................................................Dimensão Econômico-Financeira
expressivas, artísticas e simbólicas......................................Dimensão Expressivo-Simbólica
funcionais e operativas.......................................................................Dimensão Funcional
orientação e identificação................................................................Dimensão Topoceptiva

expectativas sociais superestruturais macro-dimensões morfológicas


ecológicas...............................................................................Macro-dimensão Ecológica
éticas............................................................................................Macro-dimensão Ética
estéticas....................................................................................Macro-dimensão Estética

5
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

DIMENSÕES MORFOLÓGICAS

6
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

DIMENSÃO BIOCLIMÁTICA
Observa os fatores configurativos do espaço
incidentes no conforto físico dos indivíduos, em
termos de temperatura e umidade
(higrotérmico), som (acústico), luz (luminoso)
e qualidade do ar.
Sub-dimensão do Conforto Higrotérmico
Sub-dimensão do Conforto Acústico
Sub-dimensão do Conforto Luminoso
Sub-dimensão da Qualidade do Ar

Brasília: SCSul (G.Kohlsdorf)

Mykonos (Fortytwo) Le Corbusier (Ville Savoye – Mytane)


7
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

DIMENSÃO COPRESENCIAL

Observa os fatores configurativos dos lugares


propícios ou restritivos aos encontros sociais
ocasionais nos espaços.
presença x ausência
permeabilidades e barreiras
urbanidade x formalidade
padrões espaciais, vida espacial e vida social

Brasília:SCSul (G.Kohlsdorf)
São paulo: Pinacoteca (P.M.Rocha)
8
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

DIMENSÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
Observa características configurativas dos
espaços quanto a seus custos de produção
(gênese, implantação) e utilização
(manutenção, substituição).
consumo de recursos
custo X benefício
produção e consumo

Ladrilho hidráulico (M.E.Kohlsdorf)

Porto Alegre (s/ref.) Troo / Val de la Loire (l.Andrade) Res.Tarumã – S.Porto (L.Andrade)

9
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

DIMENSÃO EXPRESSIVO-SIMBÓLICA
Observa características da forma
dos espaços incidentes na criação de
vínculos emocionais, por meio da
fruição visual ou da evocação de
conteúdos significativos.
composição e representação
conhecimento sensível
agradabilidade visual
simbolização
legibilidade e imagibilidade

O.Niemeyer (vivercidades) Campana (A.F.Costa) simbolização x universalidade

Brasília (Alfainter)
Emp.Armani – HongKong (A.F.Costa)
Rio de Janeiro (Tropicalisland)
10
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

DIMENSÃO TOPOCEPTIVA
Observa as características configurativas dos
espaços incidentes na noção de localização dos
indivíduos, em termos de orientação e
identificação.
orientação e identidade
noções topológicas e perspectivas
apreensão sensível e conhecimento projetual
unidade X diversidade
níveis cognitivos: percepção, imagem mental,
representação projetual
Tadao Ando (escritainvisivel)
Rietvelt: ZigZag (A.C.Costa)

Veneza (Terracans)
L.Barragán (bookofjoe)
Rio de Janeiro (s/ref.)
11
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

DIMENSÃO FUNCIONAL

Observa as características configurativas


dos lugares incidentes em sua eficiência
para realização de atividades pragmáticas.
operacionalidade
função
classificações de atividades

Alessi (A.C.Costa)

San Francisco (Arrakeen)

Amsterdã (s/ref.)
M.Azeredo (A.F.Costa) A.F.Costa
12
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

PROJETO DE LUGARES

Entende-se por projeto de lugares o resultado da atividade de conceber espaços


socialmente utilizados e a codificação dessa prefiguração.
A ação projetual compõe-se de procedimentos de análise, avaliação e proposição,
em processos onde as referidas atividades são recorrentes.

Logo, o processo de projetação é uma seqüência iterativa de momentos de criação


e momentos de avaliação – e dos respectivos momentos de codificação.

13
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

PROJETO DE LUGARES: MOMENTOS DE


CRIAÇÃO
São momentos de invenção de espaços que ainda não existem.

Tais invenções não são gratuitas, pois perseguem finalidades de atendimento a


expectativas socialmente definidas, sejam estas bioclimáticas, copresenciais, econômico-
financeiras, expressivo-simbólicas, funcionais ou topoceptivas – com variável ou idêntico
valor.

Tais invenções comprometem-se sempre com expectativas de ordem ecológica, ética e


estética. São viáveis apenas se passíveis de realização a partir de tecnologia disponível.
14
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

PROJETO DE LUGARES: MOMENTOS DE


AVALIAÇÃO
São momentos em que invenções de espaços inexistentes e,
particularmente, seus desempenhos, são confrontados com finalidades
correspondentes a expectativas sociais historicamente definidas.

Avaliações verificam distâncias entre criações de espaços futuros e satisfações de


expectativas sociais quanto ao desempenho dos lugares.
15
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

PROJETO COMO SEQÜÊNCIA DE MOMENTOS


DE CRIAÇÃO E AVALIAÇÃO

16
MARIA ELAINE KOHLSDORF – SÉRIE A CIDADE COMO ARQUITETURA 3: DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES

REFERÊNCIAS
1.Figuras:
Desenhos: colagens elaboradas por M.E.KOHLSDORF, a partir de:
- CONRADS, U: Architektur – Spielraum für Leben. München: Bertelsmann Ver., 1972.
- CULLEN, G.: Townscape. London: The Architectural Press, 1961.
- HALPRIN, L.: Cities. Cambridge: MIT Press, 1975.
- JACOBY, H.: Dibujos de Arquitectura. Barcelona: Ed. G.Gilli, 1973.
- KOHLSDORF,G.: Avaliação de Desempenho
- MÜLLER, W. & VOGEL, G.: Atlas de la Arquitectura (2 vol.). Madrid: Ed. Alianza, 1984.
- SCHMIDT, A: Diversos trabalhos (mímeo).
- STÄDTEBAU ATELIER: Diversos trabalhos (mímeo).
- TRIEB, M.: Diversos trabalhos (mímeo).

2. Textos
- GUNTER KOHLSDORF & MARIA ELAINE
KOHLSDORF: Brasília, 2000, 2003 e
2004 (mímeo).

17

Você também pode gostar