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objecto muito brilhante, com forma de um X, que trazia na algibeira, acrescentou:
- Toma isto que te dou. É um talismã com o qual conseguirás seduzir quem tu quiseres. Trá-lo
sempre contigo durante três meses, ao fim dos quais devo ter chegado à Moirama, para onde vou
partir. Nessa altura, volta aqui e coloca o talismã sobre este penedo, que é o cofre dos meus tesouros.
O talismã há-de transformar-se numa chave debaixo da qual encontrarás uma fechadura. Abre, e tudo
o que encontrares é teu. Mas atenta bem que até lá tens de guardar segredo absoluto de tudo isto que
connosco se passou, senão perderei de novo a liberdade e voltarei à condição de réptil, como me
encontraste.
A raparíguinha ainda não conseguira sair do seu espanto quando o mouro desapareceu e a
deixou ali de boca aberta e talismã na mão.
Daí por diante, a pastorinha da Citânia tornou-se o enlevo e a sedução de quantos a
conheciam. Prin-cipalmente, diz a lenda, não havia rapaz que a olhasse e não ficasse perdido de
amores por ela. Isto tornou-se tão escanda¬loso que o pai da rapariga, vendo-a dar tanto nas vistas, a
chamou para que lhe explicasse as razões do seu condão. Como resposta, a pastora perguntou: só
- Meu pai, há quantos meses secou o leite da nossa cabra?
- Já lá vão uns quatro meses. Porquê?
- Venha então comigo!
De caminho até ao redil, ela foi-lhe contando tudo o que se passara e que levara ao seu poder encan-
tatório junto das pessoas. Por fim, já junto ao penedo onde aparecera o sardão, pousou o talismã e
tudo se passou como o mouro lhe predissera.
Abriram a rocha e, maravilhados, encontraram lá dentro uma tão imensa fortuna que passado pouco
tempo se tornaram fidalgos e grandes senhores da corte do nosso Rei. Eram grades, arados,
cadeados, cordões, grilhões e mea¬das, tudo do mais puro ouro, tudo cravejado de pérolas e
diamantes de todas as cores, tudo nunca visto!
O penedo, assim que se viu vazio daquela riqueza, fechou-se para não tor¬nar a abrir-se.
Com o tempo, as casas colmaças que existiam sobre ele caíram e desapareceram com o vento,
restando apenas, e esperemos que para sem¬pre, o penedo tocando a vazio, oco como um sino e
tangendo como ele.
Lendas Portuguesas,
recolha de Fernanda Frazão, Multilar
2
1.10. O leite da cabrinha tinha secado, mas o...
1.11. Como recompensa, deixou à pastorinha...
1.12. Com ele, a pastorinha poderia...
1.13. A pastorinha deveria trazê-lo consigo...
1.14. Quando a pastorinha o colocasse sobre o penedo, ...
1.15. Para que o encanto não voltasse a repetir-se, a pastorinha deveria...
1.16. O pai da pastorinha, ao ver que todos os rapazes se apaixonavam por ela, ...
1.17. A pastorinha levou o pai junto do penedo e...
1.18. Pai e filha tornaram-se...
1.19. O penedo ali ficou, oco...
II
Relembra o final da lenda: "Com o tempo, as casas colmaças que existiam sobre ele caíram e
desapareceram com o vento, restando apenas, e esperemos que para sempre, o penedo tocando a
vazio, oco como um sino e tangendo como ele".
Imagina que o penedo não tinha ficado vazio, porque dentro dele ainda tinha ficado,
escondido, um tio solteirão do jovem mouro. Esse tio, de maus instintos, já preparava uma vingança
que teria como vítima a pastorinha, que era, agora, uma dama da corte.
Continua esta ideia, recorrendo à tua criatividade.