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TRIBUNAIS
CAPÍTULO 3
Olá, aluno!
Afinal, queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior
aproveitamento, pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou
comentários, entre em contato através do e-mail pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para
a gente!
Acreditamos que com esses recursos você estará munido com tudo que precisa para
alcançar a sua aprovação de maneira eficaz. Racionalizar a preparação dos nossos alunos é
mais que um objetivo para o CERS, trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos
agora para o estudo da disciplina.
2
Recado para você que está assistindo às videoaulas
Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:
Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;
A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se
o capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é
baseada no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público,
por isso, nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou
legislativa;
3
CAPÍTULOS
4
SOBRE ESTE CAPÍTULO
Prezados Alunos,
Neste capítulo trataremos sobre o Título I e II do Código Civil, chamados Das Pessoas
Naturais e Das Pessoas Jurídicas, com a exceção do capítulo sobre os direitos da
personalidade, o qual será estudado no Capítulo 4.
Os temas aqui explicados são de fundamental conhecimento pelo aluno, pois, quando
cobrados em provas objetivas de Tribuanis, as questões são consideradas de nível fácil em
sua grande maioria. Nesses assuntos, por não serem de grande complexidade, não pode haver
perda de pontuação na prova.
Preste atenção nas diferenciações entre as espécies de pessoas jurídicas, porque além
de serem base para a Parte Geral do Direito Civil, têm implicação em outras matérias,
principalmente no direito empresarial e no direito tributário.
5
SUMÁRIO
Capítulo 3 .................................................................................................................................................. 8
3.1 Personalidade.......................................................................................................................................................... 8
3.2.1 O nascituro........................................................................................................................................................... 12
Casamento ............................................................................................................................................................ 28
3.2.4 Comoriência......................................................................................................................................................... 32
6
Incidente de desconsideração de personalidade jurídica ................................................................ 45
GABARITO ............................................................................................................................................... 76
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 81
7
DIREITO CIVIL
Capítulo 3
Alunos, vamos aprender no presente capítulo a base do Direito Civil, isto é, o que são
as pessoas, físicas e jurídicas. Vamos começar com uma diferença essencial: o que é a
personalidade? E a capacidade?
3.1 Personalidade
Segundo Clóvis Beviláqua, em sua Teoria do Direito Civil, mais do que um processo
psíquico é um conceito jurídico fundamental. Tanto a pessoa física quanto a jurídica é
dotada de personalidade.
Então, não esqueça! Os direitos da personalidade são aplicados às pessoas jurídicas no que
couber (art. 52, CC). Além disso, a pessoa jurídica pode sofrer dano moral (Súmula 227 do
STJ). No entanto, conforme o STJ, entende que apenas pessoas jurídicas de direto privado
8
podem sofrer dano moral (empresas), as pessoa jurídica de direito público não podem
CAPÍTULO II
9
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em
propaganda comercial.
1
Vide questões 2 e 8 do material
2
Vide questão 9 do material
10
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama
caracterizar as situações jurídicas dos indivíduos nos mais diversos contextos sociais. Há três
modalidades básicas de estados civis, são elas:
(iii) estado familiar: analisa a posição ocupada pelo indivíduo em uma família, não
somente sob a perspectiva do matrimônio, mas também em relação ao parentesco. Cumpre
destacar que essa modalidade de estado civil deve ser definida sob a perspectiva de um
conceito de família aberto e eudemonista.
3 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil - 6. ed - Rio de Janeiro: Forense, 1979, pp. 161,162.
11
Essa resposta, aparentemente, encontra-se na primeira parte do artigo 2º do Código
Civil, que diz: “a personalidade civil da pessoa começa no nascimento com vida”. Nascendo,
portanto, com vida, considerar-se-ia adquirida a personalidade.
os pulmões não flutuarem (afundarem) é porque o feto não respirou e, portanto, não houve
nascimento com vida.
3.2.1 O nascituro
O nascituro é aquele que está por nascer, mas já concebido no ventre materno (é o
ente com vida intrauterina).
4
Vide questão 3 do material
12
Cabe observar que o embrião congelado não é nascituro. Ele apenas se torna nascituro
Ademais, o nascituro não pode ser confundido com o natimorto, ou seja, o nascido
morto (que não respirou ao sair do útero), assim como não pode ser confundido com o
concepturo, ou seja, aquele que ainda não foi concebido (prole eventual).
Como o natimorto também goza de proteção jurídica, entende a jurisprudência que ele
Existem teorias que versam sobre o início da personalidade e que tentam explicar a
natureza jurídica do nascituro, as principais são a natalista, a concepcionista e a condicional.
5 Curiosidade: O art. 30 do Código Civil da Espanha experimentou uma recente reforma para afastar o que violava a dignidade humana). O
antigo artigo dizia que só teria vida se houvesse forma humana e 24 horas de vida.
13
Teoria concepcionista: considera o nascituro pessoa desde a concepção, inclusive
para adquirir direitos patrimoniais. O nascimento apenas serve par consolidar direitos
que já existem.
Por exemplo, pode-se fazer uma doação ao nascituro, e quando ele nascer essa doação
é será consolidada.
Essa teoria ganhou grande força a partir da aprovação da Lei n.º 11.804/08 - Lei dos
alimentos gravídicos – na medida em que o nascituro é, expressa e imediatamente,
contemplado por um importante direito material, mesmo não tendo ainda nascido com
vida.
Exemplos de autores adeptos à teoria condicional: Clóvis Beviláqua, Silmara
Chinelato e a grande maioria da doutrina.
14
Da mesma forma que a teoria natalista, se o nascituro morre dentro do útero, ele não
adquire direitos sucessórios.
A diferença quanto à teoria natalista, é que esta nega qualquer direito ao nascituro,
caso não haja nascimento com vida, sendo que a condicional garante os direitos, mas
desde que haja o nascimento com vida.
Principal crítica: essa teoria é confusa, pois considera o nascituro pessoa para certos
direitos e para outros não.
Prevalece que o CC adota a teoria natalista, o que fica evidente pela leitura da primeira
parte do art. 2º. No entanto, sofre inequívoca influência concepcionista 6.
Não há consenso, alguns autores, como Flávio Tartuce, afirmam que o STJ adota a
teoria concepcionista.
É mais seguro afirmar que nos últimos anos a teoria concepcionista (que considera o
nascituro pessoa) vem ganhando força no direito brasileiro, o que não significa que ela é
adotada amplamente.
pré-natal, etc.);
O nascituro tem direito à imagem;
A morte culposa do nascituro (por exemplo, o atropelamento da mãe) gera o direito à
6 A regra do Código Civil que trata do nascituro (art. 2º) é extremamente semelhante à regra do código anterior (art. 4º). Clóvis Beviláqua, em
seus comentários ao Código Civil dos Estados Unidos do Brasil (Ed. Rio, 1975, pág. 178), afirmava que a Teoria Concepcionista teria os
melhores argumentos, mas o CC teria adotado a Natalista “por parecer mais prática”.
15
No que tange a direitos existenciais, o nascituro já os goza, mas as relações
herança.
O nascituro tem direito aos alimentos gravídicos;
paternidade;
Pode ser nomeado curador para a defesa dos interesses do nascituro.
É o que prevê o art. 1.779 do CC: “dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer
O exemplo abaixo mostra que a teoria concepcionista está crescendo, mas ainda não é
adotada amplamente, veja o exemplo abaixo:
7 Veja na coletânea de jurisprudência desse capítulo o julgado acerca de o nascituro ter direito ao seguro obrigatório DPVAT.
8 Em termos de nomenclatura, tenha atenção! Na verdade, não existe um motivo claro para a nomeação de curador visto que o nascituro é
menor incapaz e seria mais adequado nomear um tutor.
16
João vai para o carnaval de rua no Rio de Janeiro, se encanta por Maria e tem relações
sexuais com ela. Volta para o Paraná, seu domicílio, e, 5 meses depois, descobre a
gravidez de Maria. João, então, decide ir visitá-la e no caminho para o aeroporto,
morre. João era muito rico. Quem herdará a sua herança dele? O nascituro já existe
quando da morte do pai. Portanto, pode ser beneficiado por herança, caso nasça
com vida.
Para facilitar a fixação das três teorias mencionadas, veja o quadro abaixo:
Sílvio Rodrigues, Caio Mário, Sílvio Washington de Barros Monteiro, Silmara Chinellato e a grande
Venosa. Arnaldo Rizzardo. maioria da doutrina
17
Em resumo, perceba que o ordenamento jurídico resguarda diversos direitos próprios
do nascituro. Pode-se dizer então, que, conforme o estágio atual do direito civil, há o
reconhecimento da existência do nascituro, mas não ainda como pessoa.
A capacidade é um conceito amplo, que nos conduz a uma aptidão geral reconhecida
18
A incapacidade só pode ser de fato, pois toda pessoa, ente personalizado, tem capacidade
de direito.
para a prática de certos e determinados atos. Uma pessoa pode ser CAPAZ, mas não ter
LEGITIMAÇÃO para a prática de certo ato. Seria o caso de dois irmãos que, a despeito de
Por último, cabe destacar a peculiar situação dos entes despersonalizados, como os
condomínios ou órgãos da Administração Pública. Tais entes, por não terem personalidade,
não possuem capacidade de direito e a eles não são atribuídos direitos da personalidade. No
entanto, gozam de capacidade jurídica, que é a possibilidade de defender seus direitos em
juízo.
19
O EPD quebrou o paradigma de que a pessoa com deficiência tinha a presunção de
incapacidade. A partir de sua entrada em vigor, as pessoas que eram rotuladas de incapazes,
passam a ser consideradas legalmente capazes, independente do seu grau de deficiência e
ainda que necessite de um representante ou curador para praticar os atos da vida social.
9 “Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual o u
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igu aldade de
condições com as demais pessoas.
§ 1o A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará:
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência”.
10 “Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas”.
“Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais
pessoas.
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei.
§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada.
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidade s e às
circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano”.
20
Cabe, no momento fazer um parênteses para analisar os institutos supramencionados, da
curatela e da tomada de decisão apoiada. Tenha muita atenção, pois eles estão caindo nas
provas.
O artigo 84, §1º, do EPD prevê que quando necessário, a pessoa com deficiência será
(artigo 84, §3º, EPD), e os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua
administração ao Juiz (artigo 84, §4º, EPD).
“Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza
patrimonial e negocial.
21
Por outro lado, o artigo 84, §2º, do EPD dispõe ser facultado à pessoa com deficiência
relativamente novo, o disposto sobre a tomada de decisão apoiada na letra da lei vem caindo
muito nas provas objetivas:
Art. 1.783-A. “A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com
deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha
vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão
sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para
que possa exercer sua capacidade.
22
§ 11 Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições
referentes ã prestação de contas na curatela.” (negritamos)
A incapacidade consiste na restrição legal para determinados atos da vida civil. Todas as
incapacidades estão previstas em lei, sendo assim a capacidade da pessoa natural é a regra,
enquanto que a incapacidade é a exceção.
Com relação aos relativamente incapazes, existem alguns atos que podem praticar
sozinhos, por isso se entende que possuem discernimento reduzido. O artigo 4º, CC manteve
as seguintes hipóteses:
Para esse tópico, a lei seca costuma ser bastante cobrado, então é importante
23
exclusivamente, dos atos que possam comprometer seu patrimônio. Portanto, não poderá,
sem a assistência de seu curador (artigo 1.767, V do CC), alienar, emprestar, dar quitação,
transigir, hipotecar, agir em juízo e praticar, em geral, atos que não sejam de mera
O artigo 4º, parágrafo único, do Código Civil trata dos índios. A capacidade dos
indígenas será regulada por legislação especial. Por exemplo, o art. 8o da Lei 6.001/1973
(Estatuto do Índio) reza que são nulos os atos praticados entre o índio não integrado e
qualquer pessoa estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do
órgão tutelar competente.
Outro ponto digno de nota é no sentido de que a idade avançada, por si só, não é
24
Assim, por exemplo, se o pai de João, o Sr. Joaquim, tem 93 anos e é portador de uma
deficiência mental, ainda assim é considerado legalmente capaz. No entanto, pode ser
nomeado um curador para auxiliá-lo nos atos negociais ou patrimoniais.
O surdo-mudo também não é incapaz. Ele pode praticar atos da vida civil, com
exceção dos que exijam a fala, que devem ser adaptados à forma escrita conforme prevê a lei
e de acordo com as especificidades do caso concreto.
Maioridade e emancipação
incapacidade absoluta.
O art. 5º, caput, do Código Civil estabelece que a maioridade é atingida aos 18
(dezoito) anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da
Já a emancipação não é definida apenas pelo critério biológico, conforme o art. 5º,
Emancipação voluntária (art. 5º, parágrafo único, inciso I, primeira parte, CC): é
aquela concedida pelo ato de ambos os pais ou de um deles, na falta do outro, de
forma irrevogável, mediante instrumento público, independentemente de
homologação judicial, desde que o menor tenha, pelo menos, 16 anos completos.
Essa emancipação também poderá ser concedida pelo juiz, quando houver
discordância dos pais acerca da autorização do ato. Assim, o magistrado
analisará, no caso concreto, qual é o maior benefício ao infante.
Importante! A emancipação pelos pais não os isenta da responsabilidade no
caso de eventual responsabilidade civil por ilícito do filho emancipado11.
11 Embora o CC seja silente, o STJ entende que na emancipação voluntária, diversamente da legal, os pais permanecem solidariamente responsáveis pelos
ilícitos cometidos pelo filho emancipado até que complete 18 anos de idade (REsp 122573/PR, AgRg AG 123957/RJ).
25
Emancipação judicial (art. 5º, parágrafo único, inciso I, segunda parte, CC): trata-se da
emancipação concedida pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver, pelo menos, 16
anos completos.
Quando o adolescente maior de 16 anos estiver sob tutela, a emancipação apenas
poderá ser concedida por autorização judicial.
De acordo com o art. 91 da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973), o juiz deve
comunicar a emancipação concedida ao oficial de registro no prazo de oito dias; a partir
desse registro cartorário o ato produzirá efeitos.
Conforme com o Enunciado 397 - Jornada de Direito Civil, a emancipação por concessão dos pais
ou por sentença do juiz está sujeita à desconstituição por vício de vontade. Veremos em capítulo
Pelo casamento;
Pelo exercício de emprego público efetivo;
Pela colação de grau em curso de ensino superior;
Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha
economia própria12.
12
Vide questão 5 do material
26
O menor de 18 anos, ainda que emancipado, não pode ser responsabilizado
penalmente. A emancipação não antecipa a sua imputabilidade penal. No entanto, o menor
emancipado pode ser preso por dívida de alimentos. Isso porque não se trata de uma prisão
criminal, mas de um meio coercitivo de cumprimento da obrigação.
Habilitação.
Depois que uma pessoa é emancipada ela não poderá voltar ao seu estado anterior de
incapacidade. A emancipação uma vez concedida é irrevogável. É, também, definitiva, a
pessoa não pode desistir dela. Sendo assim, mesmo que haja viuvez, separação ou divórcio,
o emancipado não retorna à incapacidade.
Entretanto, se houver alguma falha na condição exigida por lei nos casos de
cerimônia, que a autorização dos pais era falsa, haverá nulidade do ato. A sentença que
13 Sobre o assunto, vale mencionar o importante Enunciado 530 da VI Jornada de Direito Civil: "A emancipação, por si só, não elide a
incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente". Isso porque, como dito, a emancipação não antecipa a maioridade.
27
invalida o casamento o atinge ab initio, de maneira que, por consequência, a emancipação perderá
a eficácia. Ressalva-se a hipótese de casamento putativo, em que o menor estava de boa-fé, sendo,
nesse caso, mantidos os efeitos, e, portanto, a emancipação.
Casamento
Conforme vimos, o casamento pode ser uma das causas de emancipação legal (art. 5º,
II, CC).
A idade núbil (idade mínima para casar) é de 16 anos, conforme artigo 1.517, do
Código Civil. Antes da mudança realizada pela Lei 13.811/2018, essa regra suportava algumas
exceções, que não são mais possíveis.
Vamos analisar com calma. A redação anterior do art. 1.520 do CC era a seguinte:
“Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil
(art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez”.
Veja que, pela literalidade da lei, havia duas hipóteses excepcionais em que seria
permitido o casamento de pessoa menor de 16 anos.
28
Prevalece, contudo, o entendimento de que, desde a Lei nº 11.106/2005, a despeito da
literalidade do art. 1.520 do CC, havia somente uma hipótese na qual era permitido o
casamento de pessoa menor de 16 anos (abaixo da idade núbil): em caso de gravidez.
O mais importante é lembrar que, com a alteração de 2018, não há mais nenhuma
hipótese que permite o casamento de menor de 16 anos.
Art. 1.520. “Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu
a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código”.
A extinção da pessoa natural se opera com a morte, nos termos do art. 6º do CC.
Vale lembrar, nos termos do art. 77 da Lei de Registros Públicos, que a morte deve ser
declarada por um médico e, onde não houver, por duas testemunhas. Essa declaração é
registrada no Livro de Óbitos do Cartório de Registro Civil.
29
Porém, em alguns casos, é difícil precisar se a morte de fato ocorreu, por exemplo, no
Observe o que dispõe o artigo 6º do CC: “A existência da pessoa natural termina com a
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva”.
de perigo;
A morte ficta, pode ocorrer, portanto, sem processo de ausência (art. 7º do CC) ou
provas é a letra da lei, então, fique atento aos artigos 22 a 39, CC.
30
A ausência ocorre quando uma pessoa desaparece sem, provavelmente, estar em risco de
vida.
Ela será declarada quando alguém desaparecer sem deixar notícias, se não deixar
representante ou procurador para administrar seus bens. Deixando mandatário, também será
decretada a ausência se este não quiser ou não puder continuar exercendo as funções.
A declaração será feita judicialmente, ouvido o Ministério Público, ato em que o juiz
nomeará curador.
A curadoria dos bens do ausente inicia-se a partir de uma petição inicial de qualquer
interessado ou do MP, na situação acima explicada. Serão publicados, durante 1 ano, editais
a cada 2 meses.
31
inventário, como se o ausente fosse falecido. Se, após 30 dias do trânsito em
julgado, não aparecerem interessados ou herdeiro, para requer a abertura do
inventário, os bens do ausente serão considerados herança jacente.
Os herdeiros que não foram cônjuge, ascendente ou descente do ausente, para
se imitirem na posse dos bens deverão prestar garantia pignoratícia ou
hipotecária.
O cônjuge, ascendente ou descente sucessor provisório do ausente fará seus os
frutos e rendimentos dos bens que lhe cabe.
Os demais sucessores deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos,
de acordo com o MP e prestando contas anuais ao juiz.
3ª FASE: ABERTURA DA SUCESSÃO DEFINITIVA (art. 6º do CC, última parte): a partir
desse momento decreta-se a morte do ausente.
Será declarada a morte após o lapso de 10 anos da abertura da sucessão
provisória ou se comprovado que o ausente tem oitenta anos e que suas últimas
notícias datam mais de cinco anos.
Com o trânsito em julgado da sentença da abertura da sucessão definitiva,
declara-se a morte presumida.
3.2.4 Comoriência
mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos
outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
das outras.
32
A morte tem que ocorrer no mesmo lugar? Não. Apenas na mesma ocasião, e
também não precisa que seja do mesmo modo. A comoriência é compatível com a morte
presumida, sem a decretação de ausência.
numa questão sucessória. Exemplo: se um morreu primeiro, ele passa todo o patrimônio para
o que morreu depois. Havendo morte simultânea, no entanto, abrem-se cadeias sucessórias
Esse é tema costuma ser cobrado para concursos de Tribunais, então fique atento!
Pode ser entendida, ainda, como uma reunião de bens (patrimônio) afetados
(fundações), ou como uma reunião de pessoas sem fins econômicos (associações) ou com fins
econômicos (sociedades). Por sua vez, a reunião de pessoas com fins econômicos pode ter
fins lucrativos (sociedade empresária) ou fins não lucrativos (sociedade simples).
33
Vale acrescer, que as necessidades da sociedade contemporânea também exigiram a
Questões acerca da EIRELI têm despencado em provas objetivas. O tema será melhor
estudado em direito empresarial, mas já é importante ter em mente o que ensina o Enunciado
469 da V Jornada de Direito Civil: “a empresa individual de responsabilidade limitada
Teoria da ficção: a pessoa jurídica teria uma existência meramente abstrata ou ideal
fruto da técnica do direito. Pecava por não reconhecer a existência objetiva e social da
pessoa jurídica.
Principais autores: Windscheid, Savigny.
34
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o
prazo da publicação de sua inscrição no registro”.
sua personalidade, adquirida pelo nascimento com vida (art. 2º, do CC). Diferentemente, nos
termos do art. 45, do CC, o registro de uma pessoa jurídica é constitutivo de sua
personalidade. A pessoa jurídica, portanto, adquire personalidade com o registro de seu ato
constitutivo (contrato social ou estatuto).
judicial e extrajudicialmente;
obrigações sociais;
14
Vide questão 4 do material
35
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu
legal demandam uma autorização específica do Poder Executivo, a exemplo dos bancos e
das seguradoras.
A regra geral é que toda pessoa jurídica tenha CNPJ, mas fique atento(a), pois o fato
de uma pessoa ou ente ter CNPJ não significa, necessariamente, que estaremos diante de
uma pessoa jurídica.
Por último, cabe um último questionamento: existem entes que não realizam o
registro nem na Junta Comercial, nem no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas acima
mencionados? Sim, são os chamados entes despersonalizados.
Os entes despersonalizados existem no mundo dos fatos, porém não são pessoas
físicas nem jurídicas. Exemplos: as sociedades de fato, espólio, massa falida, condomínio,
herança jacente ou vacante, família.
36
Os entes despersonalizados não possuem capacidade de direito, mas podem atuar em
Nesse âmbito, destacamos a Súmula 525, STJ: “A Câmara de vereadores não possui
personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em
Conforme prevê o art. 41 do CC, são pessoas jurídicas de direito público interno:
A União;
Os Municípios;
externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público.
37
Ou seja, são regulamentadas pelo Direito Internacional.
I. As associações15;
II. As sociedades;
III. As fundações;
IV. As organizações religiosas;
V. Os partidos políticos.
VI. As empresas individuais de responsabilidade limitada.
natureza de associação civil, portanto são consideradas pessoas jurídicas de direito privado.
15
Vide questões 6 e 10 do material
38
As organizações religiosas (igrejas, por exemplo), que são pessoas jurídicas de direito
Todas as decisões tomadas pelo administrador dentro dos poderes estatutários serão
decisões serão tomadas por maioria simples (maioria dos votos dos presentes).
A pessoa jurídica traduz uma realidade técnica (ou orgânica). Isso quer dizer que a
pessoa jurídica tem autonomia, ou seja, não se confunde com seus membros.
Essa autonomia é mostrada pelo art. 49-A do CC, veja sua transcrição abaixo:
“Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores.
39
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um
instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei
com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos,
tributo, renda e inovação em benefício de todos”.
Assim, todas as vezes que a pessoa jurídica for utilizada para encobrir atividades
ilícitas, sua personalidade deve ser afastada (desconsiderada), com o objetivo de atacar os
bens dos sócios ou administradores. Eles respondem com seus bens particulares pelas
dívidas assumidas pela pessoa jurídica.
40
desconsiderada a personalidade jurídica no caso de abuso da personalidade, sempre que
Desvio de finalidade (por exemplo, uma sociedade que serve como “fachada” para
lavagem de dinheiro);
Confusão Patrimonial (exemplo: sócio que utiliza o dinheiro da PJ para pagar a conta
do almoço dele e da família; sócio que utiliza o carro da empresa para viajar no final de
semana com a família; sócio que guarda em apenas uma conta bancária o dinheiro dele
e o dinheiro da empresa). São casos em há uma mistura irregular do patrimônio da
pessoa física com o patrimônio da pessoa jurídica.
Destacamos que, em abril de 2019, foi editada a medida provisória 881/19, que teve
16
Vide questão 1 do material
42
Para Flávio Tartuce17, a lei passaria a possibilitar a desconsideração da personalidade
jurídica tão somente quanto ao sócio ou administrador que, direta ou indiretamente, for
beneficiado pelo abuso. O autor há tempos defende tal posição, para que o instituto não
seja utilizado de forma desproporcional e desmedida, atingindo pessoa natural que não
tenha praticado o ato tido como abusivo.
Vale lembrar, que tais requisitos não são cumulativos, mas alternativos para que a
categoria seja aplicada, quebrando-se a autonomia da pessoa jurídica.
É muito importante destacar que, quanto ao desvio de finalidade, a nova norma passa
Sobre a primeira previsão, Flávio Tartuce sugere que seja retirada a palavra “repetitivo”,
pois a confusão patrimonial pode estar configurada por um único ato lesivo.
A ideia do art. 50, §4º já estava presente no Enunciado 406 da V Jornada de Direito Civil
do Conselho da Justiça Federal: “a desconsideração da personalidade jurídica alcança os
17https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI301612,41046-A+MP+88119+liberdade+economica+e+as+alteracoes+do+Codigo+Civil
43
grupos de sociedade quando estiverem presentes os pressupostos do art. 50 do Código
Civil e houver prejuízo para os credores até o limite transferido entre as sociedades”.
Por último, quanto ao § 5º do art. 50, nota-se, mais uma vez, uma valorização do
elemento subjetivo para a desconsideração, ao prever que não constitui desvio de finalidade
a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da
pessoa jurídica.
Alguns diplomas normativos adotam a chamada teoria menor, que não exige prova de
Para referida teoria, basta que o credor demonstre seu prejuízo, traduzido na
inexistência de bens da pessoa jurídica para saldar a dívida.
“Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente”.
44
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade
for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores.”
Em resumo,
TEORIA MAIOR (art. 50, CC) TEORIA MENOR (art. 4º, L. 9.605/98 e 28, CDC)
Requisitos: Requisito:
1. abuso da personalidade jurídica: Basta o prejuízo ao credor
desvio de finalidade ou
confusão patrimonial; e
2. prejuízo ao credor.
Tal tema será estudado com mais detalhe em Processo Civil, mais especificamente na
parte que trata sobre a intervenção de terceiros. No entanto, é essencial que o aluno saiba
como a desconsideração da personalidade na prática. Assim, leia os dispositivos do CPC
ligados:
45
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade
jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a
pessoa jurídica.
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-
se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão
interlocutória.
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.
Cabe dizer, baseado no CPC, que a desconsideração pela teoria maior não é pode ser
realizada de ofício: pressupõe requerimento da parte interessada ou do Ministério Público
46
próprio com a finalidade de enganar seus credores. Exemplo: sócios ou o administrador
colocam bens em nome da empresa, visando frustrar a partilha dos bens em eventual
divórcio.
econômico.
personalidade jurídica:
Desconsideração Desconsideração
Desconsideração INDIRETA
INVERSA/INVERTIDA EXPANSIVA
47
comete fraudes por meio esconde patrimônio na sócio oculto da sociedade
patrimônio da controlada.
Judicial: por decisão do juiz. Decorre dos casos de dissolução previstos em lei ou no
estatuto, principalmente quando a sociedade se desviar dos fins para os quais foi
Alguns trâmites precisam ser seguidos para a extinção da pessoa jurídica (nesta ordem):
Liquidação (art. 51, CC): conforme vimos, é a solução das questões patrimoniais
pendentes, como pagar impostos, recolher dívidas trabalhistas, compensar cheques. A
Cancelamento da Inscrição da PJ
48
3.3.6 Associações
A associação consiste na reunião de pessoas, sem fins econômicos. Isso significa que
não se pode distribuir dividendos entre os associados, caso contrário existiria um desvio de
finalidade, deixando de ser uma associação para se tornar uma sociedade.
A relação que se deve ter em uma associação não é entre os associados e sim entre o
associado e a associação.
Veja abaixo as principais características das associações, o que não dispensa a leitura
Não há entre os associados direitos e obrigações recíprocos (art. 53, §único, CC) -
atenção! Isso despenca nas provas objetivas de Tribunais!
Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto pode estabelecer categorias
com vantagens especiais (art. 55, CC).
A qualidade de associado é intransmissível, salvo disposição contrária do estatuto (art.
56, caput, CC).
Compete privativamente à Assembleia Geral a destituição dos administradores e
alteração do estatuto (art. 59, CC).
A exclusão de associado só é havendo justa causa (art. 57, CC). Aqui se evidencia a
eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantindo a
um quinto dos associados o direito de promovê-la (art. 60, CC).
Dissolvida a associação, em regra, seu patrimônio residual será destinado a entidade
de fins não econômicos designada no estatuto, ou à instituição municipal, estadual ou
federal de fins idênticos ou semelhantes, por deliberação dos associados, no caso de
omissão do estatuto (art. 61, CC).
49
A associação até pode obter lucro, no entanto, este lucro deverá ser reinvestido na própria
entidade. A associação não pode ter o lucro como finalidade essencial e nem o distribuís
entre seus associados.
Constituição da associação
O artigo 55 do CC reza que os associados devem ter iguais direitos, ou seja, eles
estão, a priori, em pé de igualdade para com a associação. Dessa forma, em regra, toda
associação deve garantir os direitos mínimos aos associados, sendo as vantagens medida
excepcional a algumas categorias.
Em regra, a qualidade de associado não se transmite nem entre vivos (cessão), nem
por causa morte (herança), salvo se o estatuto não dispuser o contrário. É o que nos informa o
artigo 56 do CC.
Uma vez admitido o associado, a sua exclusão somente será possível, conforme vimos,
por justa causa, obedecido o estatuto.
50
precedida, necessariamente, sob pena de nulidade, ilegalidade, reintegração do associado,
3.3.7 Fundações
Conceito e Finalidades
“Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Assistência social;
Cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
Educação;
Saúde;
Segurança alimentar e nutricional;
Defesa preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
Pesquisa cientifica, desenvolvimento tecnológico, modernização de sistemas de
gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos;
51
Promoção da ética,
Da cidadania, da democracia, e dos direitos humanos;
Atividades religiosas.
Aluno, essas possíveis finalidades das fundações despencam que prova de Tribunais.
Gravem bem!
credenciar para tanto. Toda vez que o fundador delegar a incumbência para outra
pessoa, o estatuto deve ser concluído no prazo assinado pelo fundador. O prazo será
de 180 dias se o instituidor não determinar outro diverso. Se o prazo transcorrer sem o
aperfeiçoamento do estatuto, a incumbência passa para o Ministério Público.
52
Se o Ministério Público não aprovar o estatuto, será cabível o suprimento judicial, ou
seja, o interessado vai à justiça e pede para o magistrado suprir a denegação do Ministério
Público.
O que acontece quando os bens são insuficientes para constituir a fundação? Deve ser
realizado o disposto no artigo 63, CC18: os bens existentes são incorporados em outra
fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.19
Para a alteração do estatuto da fundação, é necessário, de acordo com o art. 67, CC:
Que seja deliberado por dois terços dos competentes para gerir e representar a
entidade.
Que não contrarie a sua finalidade.
Que haja aprovação do Ministério Público, no prazo máximo de 45 dias.
Cumpre esclarecer, por último, que se a alteração não for aprovada por unanimidade,
Ocorre quando seu fim se torna ilícito, impossível ou inútil, ou ainda, quando acaba o
prazo de sua duração.
18 “Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor,
incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.“
19
Vide questão 7 do material;
53
Quem poderá extingui-la é qualquer interessado ou o Ministério Público.
54
QUADRO SINÓPTICO
PESSOA FÍSICA
É a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações
PERSONALIDADE
na órbita jurídica. Merece uma proteção diferenciada.
Teoria natalista: personalidade se inicia no momento do nascimento
com vida, portanto o nascituro possui mera expectativa de direito.
O nascimento com vida pode ser verificado por meio da docimasia
hidrostática de Galeno.
Por enquanto, prevalece que é a teoria adotada pelo CC/2002, mas
há o crescimento da adoção da teoria concepcionista no STJ.
INÍCIO DA
Teoria concepcionista: a personalidade se inicia desde a concepção,
PERSONALIDADE
ou seja, o nascituro já seria sujeito de direitos.
Teoria condicional: defende que o nascituro tem determinados direitos,
sujeitos a uma condição suspensiva: o nascimento com vida. O
nascituro teria apenas uma personalidade formal, o que lhe permitiria
gozar de direitos personalíssimos, enquanto os direitos patrimoniais só
seriam adquiridos com o nascimento com vida.
Nascituro é o já concebido e dentro do útero materno.
Embrião congelado não é nascituro.
NASCITURO O nascituro tem direito aos alimentos gravídicos;
Pode ser nomeado curador para a defesa dos interesses do
nascituro, etc.
Capacidade de direito (capacidade de gozo): capacidade jurídica que
qualquer pessoa tem, de forma genérica.
CAPACIDADE
CAPACIDADE DE Capacidade de fato (capacidade de exercício), que é a capacidade de
DIREITO + CAPACIDADE exercer, pessoalmente, os atos da vida civil. Nem toda pessoa a
DE FATO = CAPACIDADE possui.
PLENA
A incapacidade só pode ser de fato, pois toda pessoa, ente
personalizado, tem capacidade de direito.
Capacidade é um conceito amplo, que nos conduz a uma aptidão
geral reconhecida em lei para atuar na vida jurídica. Dividida em
capacidade de direito e de fato.
Capacidade VS.
Legitimação é um conceito específico. É a pertinência subjetiva
Legitimação
para a prática de certos e determinados atos. Uma pessoa pode ser
CAPAZ, mas não ter LEGITIMAÇÃO para a prática de certo ato. Ex.:
casamento entre dois irmãos.
55
Difere-se de legitimidade: esta é a capacidade processual, um
dos pressupostos processuais (art. 17, CPC).
Incapacidade Absoluta (artigo 3º do CC): menores de 16 (dezesseis)
anos. É suprida pela representação.
Incapacidade Relativa (artigo 4º do CC): os maiores de 16 e menores
INCAPACIDADES
de 18 anos; os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; aqueles que,
por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade; os pródigos. É suprida pela assistência.
Maioridade: a menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a
pessoa fica habilitada a prática de todos os atos da vida civil.
Emancipação:
• Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos
CESSAÇÃO DA completos;
INCAPACIDADE • Pelo casamento (menor de 16 anos nunca pode casar: art. 1.520,
CC);
• Pelo exercício de emprego público efetivo;
• Pela colação de grau em curso de ensino superior;
• Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16
anos completos tenha economia própria.
Real: com a morte, quando existe um corpo. A definição do óbito é a
morte encefálica é declarada por médico ou duas testemunhas;
Presumida ou ficta: quando não existe corpo.
Com a decretação da ausência: a pessoa desaparece sem estar em
risco de vida. Ocorre quando cumpridos os trâmites legais e a lei
EXTINÇÃO DA
autorizar a abertura da sucessão definitiva (arts. 22 a 39, CC).
PERSONALIDADE
Sem a decretação da ausência (há indícios de morte): art. 7º, CC
Quando for extremamente provável a morte, quando a pessoa
estava em situação de perigo;
No caso de desaparecido ou prisioneiro, se a pessoa não for
encontrada até dois anos, após o término da guerra.
Quando dois ou mais indivíduos falecem na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros,
COMORIÊNCIA
presumir-se-ão simultaneamente mortos. Trata-se de presunção
relativa, podendo ser ilidida com provas em contrário.
56
PESSOA JURÍDICA
Agrupamento de pessoas (universitas personarum) ou de um
patrimônio com destinação específica (universitas bonorum).
CONCEITO Teoria adotada pelo art. 45, CC: Teoria da realidade técnica (autor:
Saleilles). A pessoa jurídica tem uma existência objetiva e dimensão
social, e a sua personificação seria fruto da técnica do direito.
Pessoas jurídicas de direito público:
Interno: União, Estados, o Distrito Federal e os Territórios, Municípios,
autarquias, inclusive as associações públicas, as demais entidades de
caráter público criadas por lei.
CLASSIFICAÇÃO Externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas
pelo direito internacional público.
Pessoas jurídica de direito privado: associações; sociedades;
fundações, organizações religiosas; partidos políticos; empresas
individuais de responsabilidade limitada (EIRELI).
Começa com a inscrição (registro) do ato constitutivo na Junta
Comercial ou no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art.
INÍCIO DA PESSOA 45 do CC) - o registro é um ato constitutivo.
JURÍDICA Excepcionalmente, algumas pessoas jurídicas, para se constituírem e
demandam uma autorização específica do Poder Executivo, a exemplo
dos bancos e das seguradoras.
A pessoa jurídica traduz uma realidade técnica (ou orgânica). Isso quer
dizer que a pessoa jurídica tem autonomia, ou seja, não se confunde
com seus membros (art. 49-A, CC). A desconsideração ocorre quando o
véu da personalidade é levantado, ou seja, há a perda da autonomia
patrimonial, sem que a pessoa jurídica se extingua.
Desconsideração Direta: se abusos são praticados por sócios e
administradores da pessoa jurídica, é possível que seja realizada a
desconsideração havendo a quebra da autonomia da pessoa jurídica
DESCONSIDERAÇÃO DA em relação aos seus membros, os quais, como resultado, têm seu
PERSONALIDADE patrimônio atingido
JURÍDICA No caso do art. 50, CC - teoria maior: há abuso da personalidade,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial.
No caso do art. 4º, Lei nº 9605/1998 e do art. 28 caput e §5º,
CDC - teoria menor: não exige prova de fraude ou abuso de
direito para que desconsidere a personalidade jurídica. Basta que o
credor demonstre seu prejuízo, traduzido na inexistência de bens
da pessoa jurídica para saldar a dívida.
Desconsideração Inversa: devedor principal é o sócio e será
57
desconsiderada a personalidade jurídica para atingir o patrimônio da
pessoa jurídica em que o sócio transferiu patrimônio próprio com a
finalidade de enganar seus credores.
Desconsideração Indireta: ocorre quando há fraude e abuso de uma
empresa que é controladora, por meio da controlada ou coligada.
Desconsideração Expansiva: para responsabilizar aquele indivíduo que
coloca sua empresa em nome de um terceiro (laranja) ou para alcançar
empresas de um mesmo grupo econômico.
Convencional: deliberada por vontade dos sócios.
Judicial: por decisão do juiz, decorre dos casos de dissolução
previstos em lei ou no estatuto, principalmente quando a sociedade
se desviar dos fins para os quais foi constituída. Ex: em caso de
falência.
Administrativa: por decisão do poder público que caça a
autorização de funcionamento, quando a PJ pratica atos nocivos ou
DISSOLUÇÃO DA contrários aos seus fins. Ex.: o MEC em relação a algumas
PESSOA JURÍDICA
faculdades.
Natural: quando os sócios morrem e não são substituídos.
Legal: em razão da lei (art. 1.034 do CC)
Averbação da dissolução: os sócios se dirigem ao cartório e lá
averbam (publicam) a dissolução de sua PJ. O fato se torna público
e notório.
Liquidação (art. 51, CC): é a solução das questões patrimoniais
pendentes
Cancelamento da Inscrição da PJ
É a reunião de pessoas, sem fins econômicos. Não se pode
distribuir dividendos entre os associados, caso contrário existiria
um desvio de finalidade, deixando de ser uma associação para se
tornar uma sociedade.
ASSOCIAÇÕES Não há entre os associados direitos e obrigações recíprocos (art.
53, §único, CC) .
Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto pode
estabelecer categorias com vantagens especiais (art. 55, CC).
58
Finalidades - rol taxativo do art. 62, §único, CC:
I. Assistência social; II. Cultura, defesa e conservação do patrimônio
histórico e artístico; III. Educação; IV. Saúde; V. Segurança alimentar e
nutricional; VI. Defesa preservação e conservação do meio ambiente e
promoção do desenvolvimento sustentável; VII. Pesquisa científica,
desenvolvimento tecnológico, modernização de sistemas de gestão,
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos; VIII. Promoção da ética, Da cidadania, da democracia, e dos
direitos humanos; IX. Atividades religiosas.
59
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Direito) Conforme as disposições legais sobre vigência e aplicação das leis, prescrição, pessoas
naturais e jurídicas, julgue o item a seguir.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
ERRADA. Conforme o art. 50, § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou
a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.
60
Questão 2
(Banca: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto) Luiz Antônio, sentindo-se perto da morte, por
meio de testamento, dispõe gratuitamente do próprio corpo em prol da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, para estudos em curso médico. Excepciona porém o coração, em
relação ao qual pleiteia seja enterrado no túmulo de sua família. Esse ato
A) não é válido, porque a disposição do próprio corpo após a morte não se encontra na
discricionariedade do indivíduo, tratando-se de direito indisponível.
B) não é válido, porque a disposição gratuita do próprio corpo só pode ter objetivo altruístico
e não científico.
C) não é válido, pois a disposição gratuita do próprio corpo, embora seja possível para fins
Comentário:
61
Questão 3
(Banca: FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça) Maria, grávida de 5 meses, preocupa-se com
a proteção dos direitos do seu futuro bebê. O marido de Maria, pai da criança, está
hospitalizado em quadro de saúde gravíssimo e a relação de Maria com a família do seu
Comentário:
proteção jurídica fundamental, que “só será afastada diante da comprovação, por
exames específicos, da inexistência ou inviabilidade de atividade cerebral naquele ser"
(NEVES, Thiago Ferreira Cardoso. O nascituro e os direitos da personalidade. Rio de
Janeiro: GZ editora, 2012, p. 156). O legislador, na segunda parte do art. 2º do CC,
confirma, ao dispor que “a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro".
B) ERRADA. Interessante são as lições da Professora Maria Helena Diniz, que classifica a
personalidade jurídica em formal e material. A personalidade jurídica formal estaria
Maria Helena. Código Civil anotado. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 10). Dentro
desde contexto, de fato, é possível concluir que o nascituro não tem personalidade civil
começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro".
O art. 542 do CC dispõe que “a doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu
representante legal".
O caput do art. 1.779 do CC prevê que “dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer
estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar".
O art. 1.799, por sua vez, diz que “na sucessão testamentária podem ainda ser
Estes dispositivos retratam, claramente, que o nascituro não tem mera expectativa, mas
D) ERRADA. De acordo com Maria Helena Diniz, o nascituro é aquele que foi concebido,
mas ainda não nasceu e o embrião diferencia-se dele por ter vida extra uterina. “O
período embrionário termina na 8ª semana depois da fecundação, quando o concepto
passa a ser denominado de feto" (SNUSTAD, Peter; SIMMONS, Michael J. Fundamentos
de Genética. Rio de Janeiro: Uanabara Koogan, 2ª ed, 2001, p. 102).
63
(TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Direito das Sucessões. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019. v. 6. p. 122-123).
E) ERRADA. Sêmens e óvulo são exemplos de material genético humano e que podem
ser congelados e eles não se confundem com o nascituro (pessoa humana concebida,
Questão 4
A) A pessoa jurídica de direito privado passa a existir a partir da data da inscrição do seu ato
constitutivo no respectivo registro, desde que previamente autorizado pelo Poder Judiciário.
C) O ato constitutivo da pessoa jurídica de direito privado não é reformável no tocante a sua
administração.
D) O registro da pessoa jurídica de direito privado deve conter o nome de seus fundadores, e,
E) Dispensa-se, em qualquer caso, prévia aprovação do Poder Executivo para que pessoa
jurídica de direito privado passe a existir legalmente.
Comentário:
64
A) ERRADA. A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado ocorre diante do
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (art. 1.150 do CC e art. 114 e seguintes
da Lei 6.015). Ressalte-se que, em algumas situações, a lei exige a previa autorização ou
valer a constituição.
instituidores, e dos diretores" (art. 46, II do CC). Assim, o registro da pessoa jurídica de
direito privado deve conter o nome de seus fundadores, instituidores e diretores.
Questão 5
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2020 - TJ-PA - Auxiliar Judiciário) Segundo regra geral do
Código Civil, a menoridade cessa a partir do momento em que o sujeito completa dezoito
anos de idade, podendo a incapacidade cessar antes disso. A incapacidade do(a) menor com
dezesseis anos de idade completos cessará se houver
65
A) autorização dos pais mediante instrumento público, desde que homologado pelo Poder
Judiciário.
Comentário:
A) ERRADA. Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
simples nomeação.
ressalva. Lembre-se que 16 anos é a idade núbil para casamento (art. 1.517 do CC).
66
E) ERRADA. A incapacidade do(a) menor com dezesseis anos de idade completos
Questão 6
A) A União;
B) Os estados-membros;
C) As autarquias;
D) As associações.
Comentário:
A) ERRADA. A União é pessoa jurídica de direito público interno (art. 41, I do CC).
41, II do CC).
C) ERRADA. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno (art. 41, IV do
CC).
D) CORRETA. As associações são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, I do CC).
67
Questão 7
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - Juiz Leigo) Com a finalidade de realizar atos de
assistência social, João resolveu instituir pessoa jurídica e, para tanto, reuniu patrimônio.
Entretanto, o seu acervo de bens foi considerado insuficiente para a constituição da referida
pessoa jurídica. De acordo com o Código Civil, a pessoa jurídica pretendida por João
caracteriza-se como
A) associação, podendo João instituí-la ainda que os seus bens sejam insuficientes.
B) fundação, podendo João instituí-la ainda que os seus bens sejam insuficientes.
C) associação, cabendo a João incorporar seus bens a outra associação que tenha finalidade
igual ou semelhante.
D) sociedade, cabendo a João incorporar seus bens a outra sociedade que tenha finalidade
igual ou semelhante.
E) fundação, cabendo a João incorporar seus bens a outra fundação que tenha finalidade igual
ou semelhante.
Comentário:
A) ERRADA. Pois nas associações (CF/88, art. 5º, XVII a XXI), embora não haja fim
lucrativo, o patrimônio é formado com a contribuição de seus membros para a
manutenção.
68
testamentária, ordenando, então, que sejam incorporados em outra fundação que vise
igual ou semelhante objetivo, exceto se outra coisa não houver disposto o instituidor.
C) ERRADA. Pois a associação deverá conter no seu estatuto as fontes de recursos para
a sua manutenção, sob pena de nulidade, nos termos do artigo 54, inciso IV, do Código
Civil.
D) ERRADA. Pois segundo determina o artigo 981 do Código Civil, celebram contrato de
sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou
serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Logo, não há que se falar em referido instituto.
igual ou semelhante objetivo, exceto se outra coisa não houver disposto o instituidor.
Questão 8
(Banca: CESPE / 2019 - TJ-BA - Juiz Leigo) De acordo com o Código Civil, o ato de dispor
do próprio corpo é
integridade física.
69
Comentário:
A) ERRADA. Somente por exigência médica será possível suprimir partes do corpo
humano para preservação da vida ou da saúde do paciente.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na
E) ERRADA. Pois quem vier a dispor para depois de sua morte do próprio corpo, no
todo ou em parte, tem o direito de, a qualquer tempo, revogar livremente essa doação
post mortem.
Questão 9
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - Conciliador) A respeito de nome civil, assinale a
70
A) O nome da pessoa pode ser utilizado em propaganda comercial, mesmo sem a sua
autorização.
B) A utilização do nome de uma pessoa por outrem em publicação cujo conteúdo a expõe a
desprezo público não é ilegal.
E) O nome da pessoa não pode ser utilizado em propaganda comercial, mesmo com a sua
autorização.
Comentário:
inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz
de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade".
B) ERRADA. “O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações
Introdução e Parte Geral. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. v. 1. p. 288).
Este dispositivo protege tanto o nome das pessoas físicas, quanto das pessoas jurídicas.
No mais, os elementos que compõe o nome encontram-se arrolados no art. 16 do CC.
71
Vejamos um acórdão do STJ: “O direito ao nome é parte integrante dos direitos de
personalidade tanto das pessoas físicas quanto das pessoas jurídicas, constituindo o
motivo pelo qual o nome (empresarial ou fantasia) de pessoa jurídica não pode ser
propaganda comercial" (REsp 1481124 / SC, Relator RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, DJe
13/04/2015).
Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2017. v. 1. p. 194). A proteção restringe-se a atividades lícitas.
ao nome.
Questão 10
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - Conciliador) Com base nas disposições do
A) As sociedades são pessoas jurídicas de direito privado criadas por meio de lei.
B) As fundações são pessoas jurídicas de direito privado cuja criação é livre e independe de
registro.
C) Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público criadas por meio de lei.
72
D) As associações são pessoas jurídicas de direito privado cuja existência legal depende de
Comentário:
do art. 44, II do CC; contudo, não são criadas por meio de lei, como acontece com as
autarquias (art. 37, XIX da CRFB), mas a partir da união de pessoas, que celebram
contrato de sociedade e, reciprocamente, obrigam-se a contribuir com bens ou serviços
B) ERRADA. As fundações são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, III do CC) e,
para a sua criação, “o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
resultam da união de pessoas, mas da união de bens, em que o seu instituidor, seja por
escritura pública ou testamento, especifica o seu fim. São constituídas para fins nobres,
C) ERRADA. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, V do
CC), sendo que o § 3º do referido dispositivo legal dispõe que serão regidos por lei
73
Posteriormente, a Lei 10.825/2003 acrescentou ao art. 44 os incisos IV e V, organizações
religiosas e partidos políticos respectivamente. Com isso, podemos concluir que, após a
edição da lei, os partidos políticos e organizações religiosas deixaram de ser
cultural, moral e nem religioso (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro.
Parte Geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1. p. 247/249).
É importante ressaltar que esse não é o entendimento pacífico na doutrina, pois temos
D) CORRETA. As associações são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, I do CC).
“Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do
ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado ocorre diante do registro do
seu ato constitutivo no órgão competente, de acordo com o art. 45 do CC. Para as
do CC e art. 114 e seguintes da Lei 6.015). Ressalte-se que, em algumas situações, a lei
exige a previa autorização ou aprovação do Executivo, como acontece, por exemplo,
com as sociedades seguradoras.
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E) ERRADA. São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o
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GABARITO
Questão 1 – ERRADA
Questão 2 – E
Questão 3 – A
Questão 4 – B
Questão 5 – C
Questão 6 – D
Questão 7 – A
Questão 8 – D
Questão 9 – D
Questão 10 - D
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QUESTÃO DESAFIO
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GABARITO QUESTÃO DESAFIO
Na despersonificação, a PJ é dissolvida.
Rodolfo Pamplona Filho classificam a dissolução da pessoa jurídica por três meios: “a)
convencional – é aquela deliberada entre os próprios integrantes da pessoa jurídica,
lei ou no estatuto, o juiz, por iniciativa de qualquer dos sócios, poderá, por sentença,
determinar a sua extinção.” (Gagliano, Pablo Stolze; Pamplona Filho, Rodolfo. Novo curso de
direito civil, volume 1: parte geral – 21. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 362-363).
De acordo com o art. 50, do CC: “Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a
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beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.” Ademais, o art. 28, do CDC, também prevê
da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
pessoa jurídica, por vezes, desviou-se de seus princípios e fins, cometendo fraudes e lesando à
sociedade ou a terceiros, provocando reações na doutrina e na jurisprudência. Visando a coibir
tais abusos, surgiu a figura da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, teoria do
levantamento do véu ou teoria da penetração na pessoa física (disregard of the legal entity).
Com isso, alcançam-se pessoas e bens que se escondem dentro de uma pessoa jurídica para
fins ilícitos ou abusivos.” (Tartuce, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral – v. 1 –
15. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 403).
Desse modo, tal instituto permite ao juiz não mais considerar os efeitos da
personificação da sociedade (que assegura a distinção entre a pessoa jurídica e seus sócios)
para atingir e vincular responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir a consumação de
fraudes e abusos cometidos pelos mesmos, desde que causem prejuízos e danos a terceiros,
principalmente aos credores da empresa. Dessa forma, há uma ampliação das
responsabilidades dos sócios, onde seus bens particulares podem responder pelos danos
causados a terceiros.
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LEGISLAÇÃO COMPILADA
É imprescindível a leitura dos dispositivos do Código Civil indicados abaixo. Eles são
PESSOA FÍSICA
PESSOA JURÍDICA
Súmula 525, STJ: “A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais”.
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JURISPRUDÊNCIA
A exigência de integralização do capital social por empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI), no
montante previsto no art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 12.441/2011, não viola
a regra constitucional que veda a vinculação do salário-mínimo para qualquer fim e também não configura
impedimento ao livre exercício da atividade empresarial. O art. 980-A do Código Civil exige que o capital social
da empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não seja inferior a 100 vezes o maior salário-mínimo
vigente no País. Essa previsão é constitucional. Não há violação ao art. 7º, IV, da CF/88 porque não existe, no art.
980-A, qualquer forma de vinculação que possa interferir ou prejudicar os reajustes periódicos do salário mínimo.
Não há afronta ao art. 170 da CF/88 (livre iniciativa) porque essa exigência de capital social mínimo tem por
objetivo proteger os interesses de eventuais credores, além do que não impede que a pessoa exerça a livre
iniciativa, sendo apenas um requisito para a constituição de EIRELI.
Comentário: Os requisitos para a constituição da EIRELI são os seguintes: a) Uma única pessoa, que é
o titular da totalidade do capital social; b) O capital social deve estar devidamente integralizado; c) O
capital social não pode ser inferior a 100 (cem) vezes o salário-mínimo; d) A pessoa natural que
constituir EIRELI somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. Assim, para evitar
fraudes, ninguém pode ser titular de duas empresas individuais de responsabilidade limitada.
Quando a assembleia-geral aprova a liquidação extrajudicial da cooperativa, isso acarreta a sustação de qualquer
ação judicial contra a entidade, pelo prazo de 1 ano (art. 76 da Lei nº 5.764/71). Esse prazo pode ser prorrogado
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por mais 1 ano. Não é possível ampliar essa suspensão para além do limite legal de 2 anos, não sendo possível
aplicar, por analogia, a regra de prorrogação do stay period da recuperação judicial (art. 6º, § 4º, da Lei nº
11.101/2005). O art. 76 da Lei nº 5.764/71 possui caráter excepcional porque atribui atribuir a uma deliberação
privada o condão de suspender a prestação da atividade jurisdicional. Em suma: não é cabível a suspensão do
cumprimento de sentença contra cooperativa em regime de liquidação extrajudicial para além do prazo de 1 ano,
prorrogável por mais 1 ano.
Exemplo: João fazia parte de uma cooperativa e saiu formalmente em 2010. Em 2014, a cooperativa ajuizou ação
contra João cobrando o pagamento de parte proporcional de prejuízo que a entidade sofreu em 2009.
O STJ afirmou o ex-cooperado pode responder porque não se aplica o limite de prazo de 2 anos, previsto no art.
1.003, parágrafo único e no art. 1.032, do Código Civil:
Art. 1.003 (...) Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente
solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas
obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros
casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.
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Esses dispositivos mencionados pertencem ao regime das sociedades simples e somente se aplicariam às
cooperativas caso a lei fosse omissa (art. 1.096 do CC). Ocorre que o art. 89 da Lei nº 5.764/71 trata sobre o
tema e não estipula prazo.
Por fim, vale mencionar que o prazo prescricional para cobrança de ato cooperativo é de 10 anos, nos temos do
art. 205 do CC.
Comentário: O art. 89 da Lei nº 5.764/71 (Lei das Cooperativas) trata sobre o tema e não estipula
prazo a partir do qual o cooperado que deixou a entidade fica liberado do pagamento.
Em regra, não é cabível a condenação em honorários advocatícios em qualquer incidente processual, ressalvados
os casos excepcionais. Tratando-se de incidente de desconsideração da personalidade jurídica, não cabe a
condenação nos ônus sucumbenciais em razão da ausência de previsão legal. Logo, é irrelevante apurar quem
deu causa ou foi sucumbente no julgamento final do incidente.
Comentário: A desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito das relações civis gerais, está
disciplinada no art. 50 do CC.
A desconsideração da personalidade jurídica, ainda que com fundamento na Teoria Menor, não pode atingir o
patrimônio pessoal de membros do Conselho Fiscal sem que haja a mínima presença de indícios de que estes
contribuíram, ao menos culposamente e com desvio de função, para a prática de atos de administração. Caso
concreto: consumidor comprou um imóvel de um cooperativa habitacional, mas este nunca foi entregue; o
consumidor ajuizou ação de cobrança contra a cooperativa, tendo o pedido sido julgado procedente para
devolver os valores pagos; durante o cumprimento de sentença, o juiz, com base na teoria menor, fez a
desconsideração da personalidade jurídica para atingir o patrimônio pessoal dos membros do Conselho Fiscal da
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cooperativa; o STJ afirmou que eles não poderiam ter sido atingidos. A despeito de não se exigir prova de abuso
ou fraude para fins de aplicação da Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica, tampouco de
confusão patrimonial, o § 5º do art. 28 do CDC não dá margem para admitir a responsabilização pessoal de
quem jamais atuou como gestor da empresa.
Comentário: A desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito das relações civis gerais, está
disciplinada no art. 50 do CC.
Não se partilha a verba do Fundo de Reserva e Assistência Técnica Educacional e Social - FATES - com o
associado excluído ou que se retira do quadro social da cooperativa. O percentual obrigatoriamente pago ao
FATES, no percentual mínimo de 5% das sobras líquidas apuradas ao final do exercício social não é disponível e
seu destino independe da vontade dos cooperados.
Comentário: A Lei prevê que as cooperativas são obrigadas a formar um fundo para a assistência dos
associados, familiares e dos empregados. Isso é o FATES: Fundo de Assistência Técnica, Educacional e
Social. Veja a redação do art. 28, II, da Lei nº 5.764/71: Art. 28. As cooperativas são obrigadas a
constituir:
(...)
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MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FARIAS, Cristiano Chaves de. Manual de Direito Civil - Volume Único - 2. ed. atual. e ampl. - Salvador:
JusPodivm, 2018.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único - Volume Único - 8. ed. rev, atual. e ampl. - Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral v. 1. 10. ed. - São Paulo: Atlas, 2010.
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