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OAB

EXAME DE ORDEM

Capítulo 01
Olá, aluno!

Bem-vindo ao estudo para o Exame de Ordem. Preparamos todo esse material para você não
só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que você
terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.

Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,

queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo

sempre!

Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo completo

que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a estrutura do PDF
Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar especificamente os assuntos
que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada capítulo você tem a oportunidade

de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto com a leitura de jurisprudência


selecionada.

E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou

comentários, entre em contato através do e-mail pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para
a gente!

O que você vai encontrar aqui?

 Recorrência da disciplina e de cada assunto dentro dela


 Questões comentadas
 Questão desafio para aprendizagem proativa
 Jurisprudência comentada
 Indicação da legislação compilada para leitura
 Quadro sinótico para revisão
 Mapa mental para fixação

1
Acreditamos que com esses recursos você estará munido com tudo que precisa para alcançar

a sua aprovação de maneira eficaz. Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que
um objetivo para o CERS, trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para

o estudo da disciplina.

Faça bom uso do seu PDF!

Bons estudos 

2
SOBRE ESTA DISCIPLINA

Daremos início ao estudo da disciplina do Estatuto da Criança e do Adolescente. Como bem

sabido, a FGV separa duas questões para essa matéria na primeira fase da OAB. Em que pese
ser considerada uma disciplina de baixa recorrência, o seu estudo é primordial.

Dessa forma, este material busca fornecer ao aluno um conhecimento amplo e suficiente,

conforme os temas costumam ser cobrados, então, ao final dos capítulos, serão colacionadas
questões para treinamento, sempre priorizando aos concursos da área.

Vale acrescentar, por fim, que, como se constatará ao longo dos capítulos, os Examinadores do

Exame de Ordem, vem cobrando a disciplina de modo abrangente. Deste modo, em que pese
alguns temas sejam mais recorrentes, nenhum capítulo deste material deve ser negligenciado.

Veja abaixo como se dá a distribuição macro da recorrência dessa disciplina:

3
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA

Como dito, sabemos que estudar de forma direcionada, com base nos assuntos objetivamente
mais recorrentes, é essencial. Afinal, uma separação planejada pode fazer toda diferença.
Pensando nisso, através de estudo realizado pelo nosso setor de inteligência com base nas

últimas provas, trouxemos os temas mais abordados nessa disciplina!

Da Prevenção
Especial
17%

Do Acesso à Justiça
Do Direito à 33%
Convivência Familiar
e Comunitária
17%

Da Família Substituta Dos Crimes


17% 17%

Do Acesso à Justiça
Dos Crimes
Da Família Substituta
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Da Prevenção Especial

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TEMAS RECORRÊNCIA

Do acesso à Justiça

Dos Crimes 

Da Família Substituta 

Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária 

Da prevenção Especial 

5
Assim, os assuntos de Estatuto da Criança e do Adolescente estão distribuídos da seguinte
forma:

CAPÍTULOS

Capítulo 1 (você está aqui!) – Direito das Criança e dos



Adolescentes. Princípios. Direitos e Garantias Fundamentais.
Capítulo 2 – Colocação em Família Substituta 
Capítulo 3 – Prevenção e Políticas de Atendimento 
Capítulo 4 – Medidas de Proteção. 
Capítulo 5 – Atos Infracionais. 
Capítulo 6 – Medidas Socioeducativas. 
Capítulo 7 – Conselho Tutelar. 
Capítulo 8 – Da Perda e Suspensão do Poder Familiar. Recursos.

Crimes e Infrações Administrativas.

6
SOBRE ESTE CAPÍTULO

E aí, OABeiro! “Direitos da Criança e do Adolescente” é um assunto com média relevância no

Exame de ordem, tendo sido cobrado 3 vezes nos últimos 3 anos!

Através do perfil da banca examinadora, percebe-se que esta costuma trazer um caso hipotético
com uma problemática, baseada na legislação vigente. Vejamos:

(XXX EOU – FGV - 2019) Pedro, 16 anos, foi apreendido em flagrante quando subtraía um

aparelho de som de uma loja. Questionado sobre sua família, disse não ter absolutamente
nenhum familiar conhecido. Encaminhado à autoridade competente, foi-lhe designado defensor

dativo, diante da completa carência de pessoas que por ele pudessem responder.

Após a prática dos atos iniciais, Pedro requereu ao juiz a substituição do seu defensor por um
advogado conhecido, por não ter se sentido bem assistido tecnicamente, não confiando no

representante originariamente designado.

Com base nessa narrativa, assinale a afirmativa correta.

a) É direito do adolescente ter seu defensor substituído por outro de sua preferência, uma vez
que não deposita confiança no que lhe foi designado.

b) A defesa técnica deve permanecer incumbida ao defensor atualmente designado, pois não é
facultado ao adolescente optar por sua substituição.

c) O processo deve ser suspenso, adiando-se os atos até que seja solucionada a questão da
representação do adolescente.

d) A substituição somente deverá ser realizada se evidenciada imperícia técnica, não podendo
a mera preferência do adolescente ser motivo para a substituição.

7
Portanto, é extremamente necessário a leitura da letra seca da lei, acompanhada da doutrina

para melhor assimilação do conteúdo! Vamos juntos!

Ademais, por ser um assunto que é bastante cobrado em diversas carreiras jurídicas, achamos
conveniente acrescentar também questões de outros concursos para que você consiga assimilar

o conteúdo de forma ampla e praticar! 😉

Observação: Os comentários da questão acima transcrita estão na página 40 e 41! 😉

8
SUMÁRIO

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ............................................................................... 11

Capítulo 1 ................................................................................................................................................ 11

1. Direitos das Crianças e Adolescentes......................................................................................... 11

1.1 Constituição Federal de 1988 ....................................................................................................................... 11

1.2 Consolidação da Leis do Trabalho (CLT) ................................................................................................. 12

1.3 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ......................................................................................... 13

1.3.1 Garantias Processuais ....................................................................................................................................... 15

1.4 Documentos Internacionais ........................................................................................................................... 16

1.5 Acepção de Criança e Adolescente............................................................................................................ 20

2. Princípios .......................................................................................................................................... 22

2.1 Princípio da Integralidade .............................................................................................................................. 22

2.2 Princípio da Responsabilização Tripartida ............................................................................................... 23

2.3 Princípio da Prioridade Absoluta................................................................................................................. 23

2.4 Princípio do Melhor Interesse ou Princípio da Condição Peculiar da Pessoa em


desenvolvimento ............................................................................................................................................................. 24

2.5 Princípio da Municipalização ........................................................................................................................ 25

2.6 Princípio da Convivência Familiar ............................................................................................................... 25

2.7 Princípio da Brevidade e Excepcionalidade ............................................................................................ 26

2.8 Princípio da Sigilosidade ................................................................................................................................. 26

2.9 Princípio da Gratuidade................................................................................................................................... 27

3. Direitos e Garantias Fundamentais ............................................................................................. 28

3.1 Direito à Vida e à Saúde................................................................................................................................. 28

3.2 Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade .................................................................................. 31

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3.3 Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer........................................................................ 33

3.4 Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho...................................................................... 37

3.5 Direito à Convivência Familiar e Comunitária ....................................................................................... 40

QUADRO SINÓTICO .............................................................................................................................. 44

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 47

GABARITO ............................................................................................................................................... 63

QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 64

GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 65

LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 66

MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 68

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Capítulo 1

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é um conjunto de normas do ordenamento


jurídico brasileiro que tem como objetivo a proteção integral da criança e do adolescente. De

acordo com a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, considera-se criança a pessoa de até doze
anos de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida entre doze e dezoito anos .

Os direitos e garantias das crianças e adolescentes tem raízes remotas e vem acompanhando a
humanidade em seu desenvolvimento. Devido a sua importância no ordenamento jurídico
brasileiro, o ECA é uma disciplina que vem sendo cobrada em diversos concursos públicos. Por
este motivo, é de suma importância uma análise do seu esboço histórico, dos direitos e garantias

inerentes ao menor de 18 (dezoito) anos de idade, das medidas de proteção, atos infracionais,
medidas socioeducativas, entre outros paradigmas legislativos presentes no estatuto.

1. Direitos das Crianças e Adolescentes

1.1 Constituição Federal de 1988

A Constituição Federal de 1988, acompanhando a tendência das constituições democráticas


modernas de proteção dos direitos do homem e do Estatuto da Criança e do Adolescente de

1990, é considerada um marco fundamental no tocante a evolução legislativa. Nela, houve um


reconhecimento dos menores de 18 (dezoito) anos como cidadãos, tornando-os, assim, titulares
de garantias mínimas civilizatórias.

A atual Carta Magna rompeu o paradigma da doutrina da situação irregular e firmou a


doutrina da proteção integral. Surgiu, neste meio, um projeto político social para o Brasil, pois
passou a estabelecer, para a criança e adolescente, características próprias ante a situação de

11
desenvolvimento em que se encontram, compelindo para que as políticas públicas sejam

realizadas em ação conjunta com a família, a sociedade e o Estado.

Com o avanço dos preceitos, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, estabeleceu
que crianças e adolescentes formam um grupo de pessoas que têm direitos específicos e

demandam proteção especial tanto do Estado quanto da sociedade e família.

Neste viés, a Carta Magna apresentou um grande avanço constitucional, vez que elucida os
princípios protetores dos jovens, como o da proteção integral e da prioridade absoluta 1.

Categoricamente, por se encontram no processo de desenvolvimento humano, tais indivíduos


possuem uma fragilidade perante os outros grupos da sociedade, tornando-os, assim,

vulneráveis. Portanto, merecem uma posição singular no ordenamento jurídico.


Assim, as crianças e os adolescentes passaram a ser considerados pela sociedade e pelo

legislador como seres possuidores de direitos e garantias fundamentais. Deixaram, portanto, de


ser tratados como um “objeto” e passaram a ser detentores de direitos basilares.

1.2 Consolidação da Leis do Trabalho (CLT)

Através do Decreto n. 5.452 de 1943, foi sancionada a Consolidação das Leis do Trabalho,
cuja legislação reuniu todas os preceitos normativos trabalhistas vigentes na época. No capítulo

IV, Título III, artigos 402 ao 441, foi reunida as normas referentes ao trabalho do menor de 18
(dezoito) anos. Após a alteração da Lei 10.097/2000, o artigo 402 define que o menor, para a

Justiça do Trabalho, é aquele que tem entre 14 (quatorze) e 18 (dezoito) anos.

De acordo com a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente:

É proibido qualquer trabalho a menores de 14 anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

1
Vide questão 07
12
Os demais dispositivos elencados no capítulo da proteção do trabalho dos menores de 18

(dezoito) anos dispõe, em termos gerais, a idade mínima, a aprendizagem, a jornada de trabalho,
assinatura na carteira de trabalho, deveres dos empregadores e dos responsáveis dos

adolescentes que trabalham, rescisão contratual, trabalhos proibidos e penalidades.

1.3 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Antes da implantação da doutrina da proteção integral no Brasil, as crianças e os

adolescentes eram regulados por dois outros sistemas jurídicos. O primeiro, foi o Direito Penal
do Menor, que não fazia diferenciação na aplicação dos atos infracionais e medidas educativas

em adultos e crianças. Posteriormente, surgiu em 1979, o Código de Menores, o qual defendia,


ao longo de seu texto, a doutrina da situação irregular, constituindo um sistema em que as

crianças e adolescente eram objeto tutelado do Estado, sobrevalendo a responsabilidade da


família.

Conforme o art. 2° do Código de Menores de 1979, considerava-se menor em situação

irregular aquele que poderia ser encontrado em seis situações distintas, quais eram: o menor
abandonado em saúde, educação e instrução; a vítima de maus tratos ou castigos imoderados;

os que se encontravam em perigo moral; os privados de assistência judicial; os desviados de


conduta e o autor de infração penal.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi criado em um contexto histórico pela Lei

8.069/90 e aludiu exatamente o constituído pela Carta Magna, ou seja, assegurou a criança e
ao adolescente direitos fundamentais e teve como objetivo fazer com que os infantes sejam
vistos como sujeitos de direitos.

O Estatuto passou também a prever medidas para os pais, os integrantes da família ampliada,
os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa
encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educa-los ou protegê-los.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), reconhece como base doutrinária, em seu


artigo 1º, a proteção da criança e do adolescente, asseverando, igualmente, com o

13
estabelecido na Constituição Federal de 1988 e estabelecendo os instrumentos adequados à

concretização desses direitos dentro de uma realidade brasileira.

Importante salientar que com o advento da Carta Magna de 1988 e, logo após, com o
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), o Brasil passou a aplicar o princípio da

proteção integral e buscou eliminar, por completo, o termo “menor”, pois entendeu que tal
alusão remete às classes excluídas da sociedade.

Na interpretação do ECA (art. 6º), devem ser considerados os fins sociais a que o estatuto se

dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, bem como a

condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

Desta forma, a Estatuto da Criança e do Adolescente foi uma verdadeira revolução sobre a
posição dos menores de 18 anos no ordenamento jurídico brasileiro; antes dele, não eram vistas

como pessoas, nem culturalmente nem pelos conjuntos de normas. Essa foi a primeira mudança
drástica trazida pelo estatuto: as crianças e adolescentes passariam a ser sujeitos de direitos –

ou seja, resguardados pelas leis brasileiras – e na condição de pessoas em desenvolvimento.

14
Conforme o artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se criança a pessoa

até 12 (doze) anos de idade incompleto e adolescente aquela que possui entre 12 (doze) e

18 (dezoito) anos de idade.2

1.3.1 Garantias Processuais

O adolescente, verdadeiro sujeito de direitos, pode opor-se a essa pretensão da coletividade.


Em razão do devido processo legal, uma série de garantias processuais previstas em favor do

adolescente devem ser observadas na aplicação da medida socioeducativa. As garantias são


previstas expressamente nos artigos 110 e 111 do ECA:

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.

Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:


I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou
meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e
produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do
procedimento

2
Vide questão 04
15
1.4 Documentos Internacionais

Os documentos internacionais são acordos firmados entre os sujeitos de Direito Internacional


Público – Estados, organismos internacionais e outras coletividades – constituídos a produzir

efeitos jurídicos internacionalmente. Nas últimas décadas, a quantidade de Tratados


Internacionais aumentou consideravelmente, principalmente no que diz respeito a proteção das

crianças e adolescentes.

Os órgãos internacionais, reconhecendo a vulnerabilidade dos jovens, percebem a


importância de resguardar e garantir tais direitos no âmbito internacional, como também

influenciar ao nações para que incorporem as regras, recomendações e garantias ali presentes.

Assim, reconhecendo a grande necessidade de proteção a nível internacional, tendo como


conjectura o caráter fragilizado e por não estar concluído o desenvolvimento físico e mental dos

infantes, inúmeros tratados e convenções internacionais foram ratificados visando à proteção


das crianças e dos adolescentes.

 Convenções da OIT, 1919: Em suas reuniões, designada Conferência

Internacional do Trabalho (CLT) há a elaboração e execução das normas


internacionais do trabalho sob a forma de convenções e recomendações no

que tange a exploração da mão-de-obra de adolescentes;

 Declaração de Genebra de 1924: Uma das principais conquistas concernente


à proteção da criança e do adolescente diz respeito à Declaração de Genebra,
pois tal documento visou a proteção das crianças órfãs da guerra e, de caráter

amplo e genérico, reconheceu internacionalmente inúmeras garantias. Inseriu,


em seu texto que: (a) Toda criança deve receber os meios necessários para seu

desenvolvimento normal; (b) Devem ser as primeiras a receber socorro em


tempo de dificuldade; (c) Ter a possibilidade de ganhar o seu sustento e ser

protegida de toda forma de exploração; (d) Deve ser educada de modo a ver
que seu talento também pode ajudar outras pessoas;

16
 Declaração Internacional dos Direitos das Crianças de 1959: A Declaração

sobre os Direitos da Criança de 1959 foi o marco inicial para a construção de


um paradigma novo da doutrina jurídica relativa à proteção integral da criança,

pois passou a entender a sua imaturidade mental e física. Desta forma, viu-se
a necessidade de implementar proteção e cuidados especiais, até mesmo, antes

e depois do nascimento. Reconheceu que a criança era detentora proteção


integral e passou a garantir o desenvolvimento mental, moral, físico, social e

espiritual, de modo sadio e normal, em circunstância de liberdade e dignidade.

Tal a Declaração deixa claro que a criança deve ser detentora de direitos e
garantias referentes à previdência social, educação, trabalho, segurança moral

e material, convívio, proteção e socorro, a fim de garantir-lhe que o seu


desenvolvimento se dê de forma saudável.

 Convenção sobre os aspectos civis do sequestro internacional de crianças,


de 1980: Visa proteger a criança, no plano internacional, dos efeitos prejudiciais
resultantes de mudança de domicílio ou de retenção ilícitas e estabelecer

procedimentos que garantam o retorno imediato da criança ao Estado de sua


residência habitual, bem como assegurar a proteção do direito de visita;

 Regras de Beijing: Regras Mínimas da ONU para proteção dos jovens privados

de liberdade e para administração da justiça da infância e juventude.


Determinou os requerimentos básicos de tratamento para os todos os

prisioneiros. Entre os requisitos das Regras Mínimas das Nações Unidas para o
Tratamento de Reclusos, estão presentes, os locais de detenção, vestuário,
alimentação, arquitetura, serviços médicos, serviços religiosos, separação dos

jovens conforme faixa etária, roupa de cama, queixas e pedidos dos detidos,
contato com o mundo exterior.

17
 Normas de Riad: Concentram-se na prevenção da delinquência juvenil

mediante a participação de a sociedade e a adoção de medidas que evitem


criminalizar e penalizar um jovem por um comportamento que não cause danos

sérios ao seu desenvolvimento;

 Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças de 1989: Tal


Convenção possui características próprias e se fundamenta em três princípios

basilares, são eles: proteção especial como ser em desenvolvimento; o lugar


ideal para o seu desenvolvimento é a família e as nações devem obrigar-se a
constitui-las como prioridade. Visando garantir internacionalmente a proteção

à criança, a Convenção busca influenciar governantes de diversos países para


a observância dos direitos desses indivíduos vulneráveis. Os Estados-parte, ao

ratificarem a Convenção, devem levar em consideração que, pelo fato de serem


pessoas em desenvolvimento, precisam se comprometer a proteger os infantes

de todas as formas de discriminação e os assegurar a assistência apropriada.

Estabelece, também, formas de violência sexual que devem ser impedidas: o


incentivo ou a coação para que uma criança se dedique a qualquer atividade

sexual ilegal; a exploração da criança na prostituição ou outras práticas sexuais


ilegais; exploração da criança em espetáculos ou matérias pornográficas. O

Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança em 24 de setembro


de 1990;

 Protocolo facultativo sobre os direitos da criança referente à venda de


criança, à prostituição infantil e à propaganda infantil (2000): A Convenção
sobre os Direitos da Criança constitui o principal instrumento internacional para

a proteção dos direitos da criança. Aqui se inclui o incitamento ou a coação de


uma criança para que se envolva em qualquer atividade sexual ilícita, a
exploração de crianças para fins de prostituição ou outras práticas sexuais
ilícitas e a exploração de crianças em espetáculos e materiais pornográficos.

18
 Protocolo facultativo à convenção sobre os direitos da criança relativos ao
envolvimento de crianças em conflitos armados (2004); Os Estados Partes

adotarão todas as medidas possíveis para assegurar que membros de suas


forças armadas menores de 18 anos não participem diretamente de

hostilidades e condenarão, com a mais séria preocupação o recrutamento, o


responsável pelo treinamento e utilização, dentro ou fora de fronteiras

nacionais, de crianças em hostilidades por parte de grupos armados distintos


das forças armadas de um Estado, e reconhecendo a responsabilidade daqueles
que recrutam, treinam e utilizam crianças para tal fim.

 Convenção relativa à proteção das crianças e cooperação em matéria de

adoção internacional: Reconhece que a adoção internacional pode apresentar


a vantagem de dar uma família permanente à criança para quem não se possa

encontrar uma família adequada em seu país de origem; Neste viés, prevê
medidas para garantir que as adoções internacionais sejam feitas no interesse

superior da criança e com respeito a seus direitos fundamentais, assim como


para prevenir o sequestro, a venda ou o tráfico de crianças.

 Resolução 113, do CONANDA: surgiu em 2006, para assegurar e fortalecer a


implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O sistema é
formado pela integração e a articulação entre o Estado, as famílias e a
sociedade civil, para ratificar e operacionalizar os direitos das crianças e

adolescentes no Estado brasileiro. Neste eixo, situa-se a atuação dos seguintes


órgãos públicos: conselheiros tutelares, promotores e juízes das Varas da

Infância e Juventude, defensores públicos, advocacia geral da união e as


procuradorias gerais dos estados, polícia civil judiciária, ouvidorias, entre outros.

19
1.5 Acepção de Criança e Adolescente

Praticamente em toda da humanidade, não havia uma definição exata do que era a infância,
muito menos quando ela se findava, já a adolescência era algo que não existia. Na idade média,

as crianças, desde muito cedo, eram confundidas com as pessoas adultas. Por inexistir o
sentimento de infância, os infantes eram inseridas no mundo dos mais velhos e acabavam tendo

as mesmas responsabilidades e penalidades em caso de práticas atos ilícitos.

A infância, segundo Philippe Ariés, “é um período caracterizado pela inexperiência,


dependência e incapacidade de corresponder a demandas sociais mais complexas. A criança era

vista como um adulto em miniatura e, por isso trabalhava nos mesmos locais, usava as mesmas
roupas, era tratada da mesma forma que o adulto.”

Com a evolução histórica, muitos direitos e garantias foram asseverados a criança e ao

adolescente, um exemplo é a criação da Lei no 8.069/90, conhecida como ECA (Estatuto da


Criança e do adolescente), a qual possui uma importante função na proteção ao menor de

18 (dezoito) anos. Diante das inúmeras orientações jurídico-constitucionais, tal Estatuto alude
que as crianças e os adolescentes, por estarem em período de desenvolvimento psicológico,

físico, moral e social, devem receber aparato constitucional.

Neste viés, concretizou-se a ideia de que as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos
e detentores de garantias mínimas, conferindo-lhes, indistintamente, proteção prioritária, sendo

vedada qualquer forma de discriminação.

Atualmente, são claras as duas principais fases do desenvolvimento do ser humano (o ser
enquanto criança e quanto adolescente). A própria legislação conceitua, no artigo 2°, do ECA, a

criança – pessoa com até 12 (doze) anos de idade - e adolescente, sendo aquele com idade
entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos incompletos.

20
Nos casos expressos em lei, o Estatuto da Criança e do Adolescente é aplicado,
excepcionalmente, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Conforme a Súmula

605 do ST, “A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional
nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida,

enquanto não atingida a idade de 21 anos”. Ou seja, adolescente que praticou infração enquanto

menor de idade pode cumprir, até 21 anos, medida socioeducativa.

Indubitavelmente, por estarem em fase de desenvolvimento, os infantes necessitam de um


maior zelo. Desta maneira, para colocar em exercício a rede de proteção, é de grande

importância a fusão do Estado com família e a sociedade pelo ensejo da transformação da


realidade e impugnar toda forma de negligência, violência, crueldade e exploração da mão-de-

obra daqueles que, pela legislação, ainda não se encontram aptos para trabalhar.

21
2. Princípios

O que é princípio? Segundo o entendimento do Jurista Celso Bandeira de Mello, “princípio


é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição

fundamental que se irradia sobre diferentes normas.”

Assim, os princípios são diretrizes ao interpretar a lei. Ou seja, ao interpretar um dispositivo


legal e punir um infrator, deve-se levar em consideração os princípios pré-estabelecidos na

legislação vigente. Logo, por estarem integrados nos artigos de forma indireta, são fontes
fundamentais do direito.

Segundo Siqueira Junior, “os princípios exercem uma importante função dentro ordenamento

jurídico-positivo, já que orientam condicionam e iluminam a interpretação das normas jurídicas


em geral, aí incluídas os próprios mandamentos constitucionais.”

Os princípios presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não são encontrados

de forma explícita, isto é, “positivados” no ordenamento jurídico, mas sim de forma indireta, isso
significa que, ao ler um dispositivo legal, encontramos um “entendimento”, o qual é denominado
de interpretação.

Dessa maneira, a Lei nº 8.069/90 tem seus pilares em uma série de princípios, que
representam postulados fundamentais da nova política estatutária do direito da criança e do
adolescente e, portanto, devem ser respeitados, pois orientam as interpretações e aplicações

da Lei.

2.1 Princípio da Integralidade

O que diz a Lei: “Art. 1º do ECA - Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao
adolescente”

Conceito: Os direitos das crianças e adolescentes são aplicadas de forma integral, ou seja,

os aplicados aos adultos, são aplicados também aos adolescentes, exceto alguns específicos,
como o direito ao matrimônio e voto. A Doutrina da Proteção Integral tem por escopo

22
proclamar direitos de natureza individual, difusa, coletiva, econômica, social e cultural,

reconhecendo que os menores de 18 (dezoito) anos são sujeitos de direitos e carecem de


proteção especial. Exige a Convenção, com força de lei internacional, que os países signatários

adaptem as legislações às suas disposições e os compromete a não violarem seus preceitos,


instituindo, para isto, mecanismos de controle e fiscalização. (VERONESE; OLIVEIRA, 2008).

Sobre o princípio da proteção integral, Cury afirma que: “A proteção integral tem como

fundamento a concepção de que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, frente à


família, à sociedade e ao Estado. Rompe com a idéia de que sejam simples objetos de

intervenção no mundo adulto, colocando-os como titulares de direitos comuns a toda e


qualquer pessoa, bem como de direitos especiais decorrentes da condição peculiar de pessoas

em processo de desenvolvimento (2002, p. 21)”

2.2 Princípio da Responsabilização Tripartida

O que diz a Lei: “Art. 4º do ECA - É dever da família, da comunidade, da sociedade em

geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos [...]”

“Artigo 227 da CF - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar

à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade [...]”

Conceito: Determina que a família, comunidade, sociedade geral e poder público assegurem
os direitos sociais e individuais das crianças e adolescentes.3

2.3 Princípio da Prioridade Absoluta

O que diz a Lei: “Art. 4º do ECA - É dever da família, da comunidade, da sociedade em

geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização,

à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

3
Vide questão 12.
23
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à


infância e à juventude.

“Art. 227 da CF - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à


criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à


liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Conceito: Determina que crianças e adolescentes sejam tratados pela sociedade e em


especial, pelo Poder Público, com total prioridade pelas políticas públicas e ações do governo,
como em caso de acidentes catastróficos, serviços públicos e orçamento público. Tal princípio

estabelece primazia em favor das crianças e dos adolescentes em todas as esferas de interesse.
Seja no campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar, o interesse infantojuvenil

deve preponderar. Não comporta indagações ou ponderações sobre o interesse a tutelar em


primeiro lugar, já que a escolha foi realizada pela nação por meio do legislador constituinte4.

2.4 Princípio do Melhor Interesse ou Princípio da Condição


Peculiar da Pessoa em desenvolvimento

O que diz a Lei: “Art. 6º do ECA - Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais
e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em

desenvolvimento.”

4
Vide questão 08
24
Conceito: Estabelece que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja interpretado

conforme o seu escopo basilar, ou seja, garantir a proteção e a integração das crianças e
adolescentes na comunidade. A norma não poderá ser interpretada, tampouco aplicada, de

maneira prejudicial. Por este motivo, o legislador, ao criar, e o juiz, ao aplicar, devem ter em
vista que a criança e o adolescente estão em fase desenvolvimento, devendo receber, portanto,

uma maior proteção jurídica.

2.5 Princípio da Municipalização

O que diz a Lei: “Art. 88 do ECA - São diretrizes da política de atendimento:

I - municipalização do atendimento.”

Conceito: Visa o melhor atendimento às necessidades da criança e adolescente. Nesse

sentido, todos os membros da sociedade devem disponibilizar os meios necessários para a


priorização dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes. Logo, para que os direitos

fundamentais dos infantes sejam tutelados e resguardados, os Estados e a União sejam


solidários ao Município,

2.6 Princípio da Convivência Familiar

O que diz a Lei: “Art. 19 do ECA - É direito da criança e do adolescente ser criado e

educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a


convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.”

Conceito: Tem como objetivo valorizar as relações afetivas da família, pois é no seio

familiar que os infantes encontram apoio. Ademais, é de suma importância salientar que o
papel dos genitores não se limita à questão pecuniária. Garantir a convivência familiar significa
que os responsáveis pelas crianças e adolescentes asseverem um desenvolvimento saudável e

assegurem os direitos a educação, saúde, alimentação, lazer, segurança, entre outros.

Reconhece-se, portanto, que a família é a base fundamental para formação de


indivíduos. Logo, a convivência familiar garante a criança e ao adolescente um

desenvolvimento saudável. Importante salientar que, no primeiro plano, deve tentar ser
25
mantido o menor de 18 anos em sua família natural, mas caso não seja possível, será colocada

em família substituta ou extensa.

a. família natural: pais e filhos e irmãos;

b. família extensa: parentes próximos afinidade e afetividade;

c. família substituta: guarda, tutela e adoção (apadrinhamento não);5

2.7 Princípio da Brevidade e Excepcionalidade

O que diz a Lei: “Art. 121 do ECA - A internação constitui medida privativa da liberdade,
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de

pessoa em desenvolvimento.”

Conceito: O Princípio da Excepcionalidade assevera que a medida de internação só será


aplicada subsidiariamente, ou seja, quando não houver cabimento para nenhuma outra medida

socioeducativa. Assim, existindo a probabilidade de ser fixada medida menos onerosa ao direito
de liberdade do adolescente, esta será fixada em detrimento da internação. Para tanto, dever-

se-á levar em apreço as condições particulares do adolescente e a natureza do ato infracional


quando for estabelecida medida privativa da liberdade.

Já o Princípio da Brevidade afirma que não será admitida medida perpétua, pois encontrar-

se-ia óbice não só no Estatuto que fixa prazo máximo de cumprimento, mas também em
mandamento constitucional (art. 5º, XLVII, b CF). Conforme o art. 121, §3º do ECA, a medida

extrema de internação não deverá exceder a três anos.

2.8 Princípio da Sigilosidade

O que diz a Lei: “Art. 143 do ECA – É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e

administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de


ato infracional.”

5
Vide questão 09.
26
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou

adolescente, vedando-se fotografia, referência ao nome, apelido, filiação, parentesco e


residência.”

Conceito: Assegura a privacidade das informações (fotos, nome, residência, andamento do

processo, atos administrativos, entre outros) presentes nos registros dos atos infracionais
praticados pelos infantes, isto é, estas informações não são públicas e somente as pessoas

devidamente autorizadas terão acesso aos documentos. Tal medida tem como escopo evitar
que o menor infrator sofra preconceito e/ou segregação.

2.9 Princípio da Gratuidade

O que diz a Lei: “Art. 141 do ECA - É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.

§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de

defensor público ou advogado nomeado.

§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de


custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.”

Conceito: Garante a criança e adolescente o acesso à assistência judiciária gratuita. Não se


estenderá aos demais sujeitos processuais envolvidos, posto que, tal princípio visa beneficiar
apenas crianças e adolescentes na qualidade de autor ou requerido.

27
3. Direitos e Garantias Fundamentais

Após um extenso processo de consolidação, reconhecimento e universalização dos direitos


da criança e do adolescente, é possível afirmar que houve um reconhecimento infantes no

arcabouço doutrinário jurídico.

Neste viés, a criança e o adolescente passaram a ser sujeitos de direitos e o Estado tem
como objetivo assistir-lhes e proporcionar-lhes um desenvolvimento completo, intervindo

quando faltar proteção no seio familiar e também elaborando condições para que seu progresso
físico, mental e social sejam plenos.

Os direitos e garantias fundamentais sugerem da ideia de limitação e controle dos abusos

do próprio Estado, da sociedade do seio familiar. Tem como objetivo a prestações positivas para
efetivar o princípio dignidade da pessoa humana dos infantes6.

Neste sentido, é de suma importância desenvolver um estudo sobre os direitos e garantias

fundamentais de crianças e adolescentes, procurando elucidar as condutas e iniciativas de


proteção que emana dos direitos fundamentais destas pessoas que se encontram em fase de
desenvolvimento.

O Poder Estatal atribui aos pais ou guardiões a proteção integral. Conforme dispõe o art.
227 da CF, é dever do Estado, da família e da sociedade assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao

lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar


e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e opressão.

3.1 Direito à Vida e à Saúde

Lei: Artigos 7º ao 14ª do ECA.

6
Vide questão 02
28
Conceito: O Capítulo referente aos direitos à vida e à saúde, presentes no Estatuto da Criança

e do Adolescente, garante a efetivação de políticas sociais públicas que permitem o nascimento


e o desenvolvimento sadio e harmonioso das crianças e adolescentes. Tais dispositivos

asseguram os atendimentos pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema


Único de Saúde (SUS).

O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição da República Federativa do Brasil

de 1988 iniciam a exposição dos direitos fundamentais pelo direito à vida e à saúde. No artigo
7º do ECA, lê-se:
“A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação
de políticas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência”.

Ao longo dos 08 dispositivos legais presentes no capítulo I dos Direitos Fundamentais, o ECA
estabelece inúmeras medidas de caráter preventivo e de políticas públicas que asseveram o

nascimento e desenvolvimento sadio dos infantes.

Assegura-se, a todas as mulheres, o acesso, pelo Sistema Único de Saúde, aos programas e
às políticas de saúde da mulher no pré, perinatal, pós-natal (art. 8). Assegura condições

adequadas ao aleitamento materno, mesmo nos casos de filhos de mães submetidas a medida
privativa de liberdade (art.9). Aos hospitais e demais estabelecimentos são impostas obrigações,

tais como a manutenção de registros (prontuários) pelo período de 18 anos, identificar o recém-
nascido, proceder a exames acerca de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, prestar

orientação aos pais, fornecer declaração de nascimento onde constem as intercorrências do


parto e do desenvolvimento do neonato, manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato
a permanência junto à mãe e acompanhar a prática do processo de amamentação (art. 10).

Assim, a criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou


segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação e
o poder público deve fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses,

próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para

29
crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades

específicas (art. 11).7

Neste sentido, Lenza (2007) afirma que o direito à vida abrange tanto o direito de não ser
morto, privado da vida, portanto o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma

vida digna, garantindo-se as necessidades vitais básicas do ser humano, e proibindo qualquer
tratamento indigno, como a tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, entre

outros.

Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia


intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em

tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou


adolescente (Art. 12)

Obriga-se, ainda, que nos casos de suspeitas ou de maus tratos, o Conselho Tutelar deverá,

imediatamente, tomar ciência (art. 13), vez que é um órgão constituído por cidadãos eleitos, em
cada município, e possui um importante papel na proteção ao menor.8

Nos casos de maus tratos, a comunicação deverá ser feita para o Conselho Tutelar, já nos
casos de gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção

o órgão competente é Justiça da Infância e da Juventude (art. 13, §1º ECA).

Observa-se, desta forma, que o direito à vida, incutido no direito à saúde, é considerado o

mais elementar e absoluto dos direitos fundamentais, pois é indispensável ao exercício de


todos os outros direitos. Não pode ser confundido com sobrevivência, pois o direito à vida

7
Vide questão 13.
8
Vide questão 13.
30
implica o reconhecimento do direito de viver com dignidade, direito de viver bem, desde o

momento da formação do ser humano. (AMIN, 2007).

3.2 Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Lei: Artigos 15 a 18-B, do ECA.

Conceito: A criança e o adolescente, por serem pessoas em desenvolvimento e sujeitos de


direitos civis, humanos e sociais, são detentores dos direitos à liberdade, respeito e dignidade.

O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição da República Federativa do Brasil

de 1988 iniciam a exposição dos direitos fundamentais da liberdade, respeito e dignidade, a


partir do artigo 15º do ECA, lê-se:

“A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas


humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e
sociais garantidos na Constituição e nas leis.”

Ao longo dos 04 dispositivos legais presentes no capítulo II dos Direitos Fundamentais, o

ECA estabelece inúmeras medidas que visam garantir o direito de ir e vir, a integridade física,
psíquica e moral e a dignidade das crianças e adolescentes.

O conceito de liberdade, estabelecido pelo artigo 16 do ECA, compreende nos aspectos de


opinião, expressão, crença e culto religioso, brincar, praticar esportes e divertir-se, participar da
vida em família, na sociedade e vida política, assim como buscar refúgio, auxílio e proteção.

Contudo, conforme estabelece o artigo 16, I, ECA são estabelecidas restrições legais ao direito

à liberdade. Para Elias (2005), as limitações à liberdade são impostas devido a própria condição
de pessoas em desenvolvimento, para o seu bem estar. Neste sentido, Machado (2003) justifica
que as restrições à liberdade da pessoa física em fase de desenvolvimento têm suas

especificidades ligadas à questão da imaturidade de crianças e adolescentes, o que auxilia que


estas se protejam contra agressões aos seus direitos.

O conceito de respeito, estabelecido pelo artigo 17 do ECA, consiste na “inviolabilidade da


integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da

31
imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos

pessoais9.”

Portanto, o direito ao respeito assevera a preservação da integridade física, moral psíquica


das crianças e adolescentes, pois são pessoas que se encontram em fase de desenvolvimento.

Já o conceito de dignidade, estabelecido pelo artigo 18 do ECA, compreende que “é dever


de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.”

O Estatuto da Criança e do Adolescente, ainda em seu artigo 18-A, assegura que a criança e
o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
tratamento cruel ou degradante.

Atenção aos conceitos de castigos físicos e de tratamento cruel e degradante:

Castigo físico: Aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente e
resulta em sofrimento físico ou lesão.

Tratamento cruel e degradante: Violência psicológica. Conduta ou forma cruel de

tratamento em relação e resulta em humilhação, ameaça ou ridicularização;

9
Vide questão 15.
32
O artigo 18-A foi inserido, no Estatuto da Criança e Adolescente, pela Lei 13.010, conhecida, de

maneira informal, como Lei da Palmada.

Já o artigo 18-B do ECA, dispõe sobre as medidas que devem ser aplicadas aos pais,
integrantes da família ampliada, responsáveis, agentes públicos executores de medidas

socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescente, que


utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante, como encaminhamento a programa
oficial ou comunitário de proteção à família; encaminhamento a tratamento psicológico ou

psiquiátrico; encaminhamento a cursos ou programas de orientação; obrigação de encaminhar


a criança a tratamento especializado; advertência. Nos casos de advertência, as medidas serão

aplicadas pelo Conselho Tutelar.

3.3 Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

Lei: Artigos 53 a 69 do ECA

Conceito: O direito a educação é fundamental para o desenvolvimento do ser humano, além


do que busca conferir suporte ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. Este direito está
expresso nos art. 205 a 214 da Constituição Federal de 1988, na Lei 9.394/90 (Lei de Diretrizes

da Educação) e na Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988 iniciam a exposição dos direitos fundamentais a Educação, a partir do artigo 53º do

ECA, lê-se:

“A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de


sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares
superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;

33
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas
no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino
da educação básica.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico,
bem como participar da definição das propostas educacionais.”10

Ao longo dos 17 dispositivos legais presentes no capítulo IV dos Direitos Fundamentais, o


ECA estabelece inúmeras medidas que visam assegurar que crianças e adolescentes tenham

acesso e permanência no meio escolar.

Conforme estabelecido no artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estado

buscará a efetivação do Direito à educação, assegurando o ensino fundamental gratuito e


universal a todos (inciso I), com acesso a “programas suplementares de material didático-

escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde” (inciso VII). Ainda, será oferecido
atendimento especializado aos portadores de deficiências (inciso III), e educação infantil, em

creche e pré-escola, às crianças de zero a seis anos de idade (inciso IV). A não oferta do ensino
obrigatório importa em responsabilização da autoridade competente (§ 2º).

Fazendo referência ao artigo 54, § 3º do ECA, Machado (2003) ressalta a importância do

Estado ao assegurar o direito à educação e alerta que não basta a oferta de vagas, mas também
de suma importância que, junto com os pais ou responsáveis, zele pela frequência das crianças
e adolescentes à escola.

Os casos maus-tratos envolvendo seus alunos o Conselho Tutelar deverá ser comunicado

imediatamente. Já nos casos de reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar e

10
Vide questão 14.
34
elevados níveis de repetência, o Conselho Tutelar deverá ser comunicado apenas após

esgotados os recursos escolares.

O Direito à educação, por sua vez, é essencial ao desenvolvimento integral da criança e do


adolescente. Afinal, a soma de todos os fatores elencados ao direito à educação institui uma

base para o desenvolvimento social, cultural, intelectual e ético das crianças e dos adolescentes.
Por este motivo os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na
rede regular de ensino.

Ensino Obrigatório e gratuito Estabelecido pelo ECA

Progressiva Extensão Obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio

Creche e Pré-Escola Crianças de zero a cinco anos de idade

Escola Pública Próxima da residência

Matricula Obrigatória

Aluno – Pessoa com Deficiência Preferencialmente na rede regular de ensino11

No que diz respeito ao direito a Cultura, ao Esporte e ao Lazer, a Constituição Federal e o

ECA, entendem que as crianças e adolescente necessitam de vários estímulos para que o seu
desenvolvimento se dê de forma completa, como emocionais, sociais, culturais, educativos,
motores, entre outros. Assim, a cultura estimula o pensamento de maneira diversa da educação

formal. O esporte desenvolve habilidades motoras, socializa o indivíduo. O lazer envolve


entretenimento, a diversão que são importantes para o desenvolvimento integral do indivíduo.

(AMIN, 2007).

11
Vide questão 14.
35
Conforme estabelecido no artigo 58 do Estatuto da Criança e do Adolescente, “Os municípios,

com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.”

Percebe-se, pois, que a cultura, o esporte e o lazer são de suma importância para o processo

de formação das crianças e adolescentes, seja pelo ponto de vista físico, seja pelo mental. Assim,
a municipalização, além de promover benefício nas áreas nestas áreas, visa afastar os infantes

dos perigos das drogas e de outros vícios que prejudicam um desenvolvimento saudável.

Para Amin (2007) estes direitos devem ser assegurados pelo Estado através da construção
de praças, instalação de teatros populares, promoção de shows abertos ao público, construção

de complexos ou simples ginásios poliesportivos. A família deve buscar proporcionar o acesso


a estes direitos, e a escola tem papel importante na promoção destes, quando realiza passeios

ou forma grupos de teatro com os próprios alunos.

Indubitavelmente, assegurar os direitos a educação, a cultura, ao esporte e ao lazer, auxiliam


no desenvolvimento cognitivo, psicológico e social da criança e do adolescente, pois é uma

maneira de integrar a base de princípios e conhecimentos alcançados pelo ser humano ao longo
da vida.

Alterações legislativas:

Foram incluídos os seguintes dispositivos no Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento

de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,


assegurando-se-lhes:

36
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas no mesmo

estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica
(LEI Nº 13.845, DE 18 DE JUNHO DE 2019)

Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações recreativas e de

estabelecimentos congêneres assegurar medidas de conscientização, prevenção e


enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas. LEI Nº 13.840, DE 5 DE JUNHO DE

2019

3.4 Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

Lei: Artigos 60 a 69 do ECA.

Conceito: O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição da República Federativa

do Brasil de 1988 iniciam a exposição dos direitos fundamentais à Profissionalização e à Proteção


no Trabalho.

Ao longo dos 10 dispositivos legais presentes no capítulo V dos Direitos Fundamentais, o

ECA estabelece inúmeras medidas que visam assegurar uma profissionalização de qualidade ao
adolescente e proteção ao trabalho.

Atualmente, são claras as duas principais fases do desenvolvimento do ser humano (o ser

enquanto criança e quanto adolescente). A própria legislação conceitua, no artigo 2°, do ECA, a
criança – pessoa com até 12 (doze) anos de idade - e adolescente, sendo aquele com idade
entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos incompletos.

Em regra, é vedado explorar a mão-de-obra do menor de 16 (dezesseis) anos. Tal vedação


se dá pelo fato de que a criança e o adolescente se encontram em fase de desenvolvimento e
o trabalho ocasiona prejuízos bio-psiquico-social. Contudo, há algumas exceções.

37
O artigo 60 do Estatuto da Criança e do Adolescente, afirma que poderá ser firmado o

contrato de aprendizagem quando o adolescente completar os 14 (quatorze) anos de


idade12.

Conforme o ECA, a aprendizagem é uma formação técnico-profissional ministrada segundo

as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor e obedecerá alguns princípios, são


eles: da garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; - atividade compatível

com o desenvolvimento do adolescente e horário especial para o exercício das atividades.13

Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e

previdenciários.

Relativa à permissão dos adolescentes laborarem, o Estatuto da Criança e do Adolescente,


em seu artigo 67, restringe alguns tipos de atividade, como noturnas (compreende entre as

22h e 05h), insalubres (atividades prejudiciais à saúde), perigosas (atividades prejudiciais à vida)
e penosas14, nelas incluídas as 93 atividades pertinentes no Decreto n° 6.481/2008 (lista das
piores formas de trabalho infantil), realizadas em locais prejudiciais à sua formação e ao seu

desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não permitam a
frequência à escola.15

De acordo com a legislação brasileira, o termo “trabalho infantil” diz respeito aos trabalhos

de sobrevivência e/ou econômicas, com ou sem escopo de lucro, remuneradas ou não,


efetivadas por crianças ou adolescentes que estão abaixo da idade mínima permitida para

ingressar no mercado de trabalho.

12
Vide questão 06
13
Vide questão 11.
14
Vide questão 11.
15
Vide questão 06.
38
Segundo Machado (2003), “quando a criança ou o adolescente exercitam o trabalho não

mais como impulso de experimentação das suas potencialidades, mas, sim, como necessidade
de prover seu próprio sustento, o trabalho conflitua com outros interesses necessários ao seu

pleno desenvolvimento. O trabalho poderá retirar as forças imprescindíveis para o


acompanhamento das aulas regulares, limitando a capacidade de aprendizado e prejudicando

sua qualificação teórico-profissional. Ainda, o trabalho poderá representar um esforço superior


ao seu estágio de crescimento, comprometendo a saúde e o seu desenvolvimento cognitivo.”

No que diz respeito à profissionalização, o artigo 69 do ECA arrazoa o entendimento de que

o adolescente tem direito de auferir capacitação profissional adequada para mercado de


trabalho. Tal profissionalização tem por objetivo fornecer, ao adolescente, um desenvolvimento

pessoal e social, sendo portanto, educativo, pois não visa o lucro e prepara o adolescente para
o mercado de trabalho.

Caso a profissionalização seja remunerada, não descaracteriza o trabalho educativo.

Assim, não se pode duvidar que, por estarem em fase de desenvolvimento, as crianças e os

adolescentes necessitam de um maior zelo. Desta maneira, para colocar em exercício a rede de
proteção, é de grande importância a fusão do Estado com família e a sociedade pelo ensejo da

transformação da realidade e impugnação toda forma exploração de mão-de-obra infantil que


se dê de forma ilícita, pois a incorporação de crianças e adolescentes no mercado de trabalho

acaba resultando inúmeros fatores negativos. Os principais motivos para que haja prevenção e
erradicação são pelas consequências que o trabalho precoce acarreta, como biológica, social e
psicológica.

Indubitavelmente, é de suma importância que haja a conscientização de todos pela garantia


dos direitos das crianças e dos adolescentes no que diz respeito à profissionalização e a proteção

39
ao trabalho, bem como a realização de programas públicos que assegurem o pleno

desenvolvimento das crianças e adolescentes, uma vez que o desrespeito aos direitos basilares
destes indivíduos gera inúmeras consequências negativas as quais, por inúmeras vezes, são

irretratáveis.

3.5 Direito à Convivência Familiar e Comunitária

Lei: Artigos 19 a 24 do ECA.

Conceito: O Capítulo referente ao direito à Convivência Familiar e Comunitária, presente no


Estatuto da Criança e do Adolescente, garante que a criança e ao adolescente, sempre que
possível, seja criado e educado no seio de sua família.

O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988 iniciam a exposição dos direitos à Convivência Familiar e Comunitária no artigo 19º do
ECA, lê-se:

“É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e,


excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária,
em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”

Concernente ao convívio familiar, Winnicott destaca que um ambiente familiar afetivo e


continente às necessidades da criança e, mais tarde do adolescente, constitui a base para o

desenvolvimento saudável ao longo de todo o ciclo vital. Tanto a imposição do limite, da


autoridade e da realidade, quanto o cuidado e a afetividade são fundamentais para a

constituição da subjetividade e desenvolvimento das habilidades necessárias à vida em


comunidade. Assim, as experiências vividas na família tornarão gradativamente a criança e o

adolescente capazes de se sentirem amados, de cuidar, se preocupar e amar o outro, de se


responsabilizar por suas próprias ações e sentimentos. Estas vivências são importantes para que
se sintam aceitos também nos círculos cada vez mais amplos que passarão a integrar ao longo

do desenvolvimento da socialização e da autonomia.

Ao longo dos 06 dispositivos legais presentes no capítulo III dos Direitos Fundamentais, o
ECA garante a capacidade protetora da criança e do adolescente na relação parental.

40
Em regra, a criança ou adolescente deve ser mantido em sua família de origem e,

excepcionalmente, em família substituta, assegurando a convivência familiar e comunitária. Nos


casos condenação criminal do pai ou da mãe não implicará na destituição do poder familiar,

exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra outrem
igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.

 Pai ou mãe privado de liberdade: garantido a convivência da criança por meio de visitas
periódicas.
 Mae adolescente que está em acolhimento institucional: é garantido a convivência
INTEGRAL da criança.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 19, reconhece duas formas de

acolhimento da criança e do adolescente, quando eles não podem permanecer com à família
natural ou extensa/ampliada: o acolhimento institucional e o acolhimento familiar.

Acolhimento Institucional: É uma forma de proteção à criança e adolescente utilizado pelo

Estado como forma de abrigá-los em uma instituição (casa-lar, casa passagens, casa abrigo). A
permanência da criança e do adolescente não se prolongará por mais de 18 (dezoito) meses,

salvo se for comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devendo ser
fundamentada pela autoridade judiciária (art. 19, § 2o, do ECA). Ainda, sendo acolhida a mãe

adolescente, lhe será assegurada a convivência integral com seu(sua) filho(a) (art. 19, § 5o, do
ECA), bem como assistência por equipe especializada multidisciplinar (art. 19, § 6o, do ECA).

Acolhimento Familiar: Refere-se a um programa em que temos famílias dispostas a receber

e proteger crianças e adolescentes que não possam permanecer junto a sua família.

Assim, pela regra geral, acredita-se que a família, de direito ou de fato, é o lugar ideal para
a criação e educação do menor. E isto porque os pais são os maiores responsáveis pela formação

41
dos filhos, possuindo o dever de lhes garantir os direitos fundamentais. Os casos da perda e a

suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório,


nos casos previstos na legislação civil (art. 24 do ECA), bem como na hipótese de

descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22 do ECA e, por
último, o art. 23 do ECA, alude que a falta ou a carência de recursos materiais não constitui

motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. 16

Os filhos havidos fora do casamento podem ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou
separadamente; no próprio termo de nascimento; por testamento; mediante escritura; mediante

outro documento público (artigo 26 do ECA). Vale lembrar que qualquer que seja a origem da
filiação, os filhos podem ser reconhecidos, ou seja, pouco importa o estado civil dos pais. O

direito ao estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível.

O termo “pátrio poder” foi substituído pelo termo “poder familiar”, pois aquele termo remete

apenas ao “pai”. Utilizar o termo “poder familiar” faz com que fique mais notório a competência
do pai e da mãe na criação e educação dos filhos. Desta forma, representa o conjunto de

direitos e obrigações dos pais em relação aos filhos menores de idade. Qualquer divergência

entre eles poderá ser resolvida em juízo.

O artigo 19-B do ECA, garante a criança e ao adolescente, em programa de acolhimento


institucional ou familiar, a participação de programa de apadrinhamento e o perfil da criança

ou do adolescente a ser apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de


apadrinhamento, com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade de

reinserção familiar ou colocação em família adotiva (artigo 19-B, § 4 o,


ECA).

16
Vide questão 10.
42
O apadrinhamento consiste no fato da criança ou adolescente participar de um acolhimento,

seja ele afetivo ou financeiro. Este último é caracterizado por uma contribuição financeira à
criança ou adolescente institucionalizados, conforme as suas necessidades. Já o apadrinhamento

afetivo possui o escopo de estabelecer vínculos afetivos entre eles e pessoas da comunidade
que se dispõem a ser padrinhos e madrinhas.

Para realizar o apadrinhamento, o padrinho e madrinha deverão ser pessoas maiores de 18

(dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos
pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte (artigo 19-B, § 2º,ECA).

Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente a fim de colaborar para o seu

desenvolvimento (artigo 19-B, § 3 o,


ECA).

No caso que ocorram violações às regras de apadrinhamento de criança e adolescente, os

responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão imediatamente notificar


o fato à autoridade judiciária competente, conforme previsão do § 6.º, do art. 19-B, do ECA.17

A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, nos casos previstos

na lei e na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações (art. 24 do ECA).

17
Vide questão 05.
43
QUADRO SINÓTICO

Criança Até 12 anos incompletos

Adolescente Entre 12 e 18 anos

Estatuto da
Criança e do Pode ser aplicado,
excepcionalmente, Entre 18 e 21 anos
Adolescente
em alguns casos

Gozam de todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana, sem prejuízo
da proteção integral
A criança e o Físico

adolescente Moral
Asseguram todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o Mental
desenvolvimento
Espiritual

Social

44
Proteção Integral

(Art. 1º do ECA - Esta Lei dispõe


Gratuidade
sobre a proteção integral à criança e
Responsabilização Tripartida
(Art. 141 do ECA - É garantido o ao adolescente)
acesso de toda criança ou (Art. 4º do ECA - É dever da família,
adolescente à Defensoria Pública, da comunidade, da sociedade em
ao Ministério Público e ao Poder geral e do poder público assegurar,
Judiciário, por qualquer de seus com absoluta prioridade, a efetivação
órgãos. ) dos direitos)

Sigilosidade

(Art. 143 do ECA – É vedada a Prioridade Absoluta


divulgação de atos judiciais,
(Art. 4º do ECA - É dever da família,
policiais e administrativos que digam
da comunidade, da sociedade em
respeito a crianças e adolescentes a
geral e do poder público assegurar,
que se atribua autoria de ato
com absoluta prioridade, a
infracional.)
efetivação dos direitos )
Princípios

Brevidade e Excepcionalidade

(Art. 121 do ECA - A internação Melhor Interesse


constitui medida privativa da (Art. 6º do ECA - Na interpretação
liberdade, sujeita aos princípios de desta Lei levar-se-ão em conta [...] a
brevidade, excepcionalidade e condição peculiar da criança e do
respeito à condição peculiar de adolescente como pessoas em
pessoa em desenvolvimento.) desenvolvimento)

Municipalização
Convivência Familiar
(Art. 88 do ECA - São diretrizes da
(Art. 19 do ECA - É direito da política de atendimento:
criança e do adolescente ser criado
I - municipalização do
e educado no seio de sua família
atendimento.”)
[...])

45
O Capítulo referente à vida e à saúde
prevê atendimento pré, peri e pós-natal,
Direito à Vida e à Saúde preferencialmente pelo mesmo médico,
através do Sistema Único de Saúde
(SUS).

A criança e o adolescente, por serem


Direito à Liberdade, ao Respeito e pessoas em desenvolvimento e sujeitos
de direitos civis, humanos e sociais, são
à Dignidade detentores dos direitos à liberdade,
respeito e dignidade

- Direito à educação,: Ensino


fundamental gratuito e universal a
todos ;

Direitos e Garantias Direito à Educação, à Cultura, ao


Esporte e ao Lazer
Fundamentais -Cultura, ao Esporte e ao Lazer,: As
crianças e adolescente necessitam de
vários estímulos para que o seu
desenvolvimento se dê de forma
completa, como emocionais, sociais,
culturais, educativos, motores, entre
outros.

Em regra, é vedado explorar a mão-de-


Direito à Profissionalização e à obra do menor de 16 (dezesseis) anos.
Exceto, contrato de aprendizagem
Proteção no Trabalho quando o adolescente completar os 14
(quatorze) anos de idade.

Em regra, a criança e o adolescente


Direito à Convivência Familiar e deve ser criado e educado no seio de
Comunitária sua família e, excepcionalmente, em
família substituta.

46
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(XXX EOU – FGV - 2019) Pedro, 16 anos, foi apreendido em flagrante quando subtraía um

aparelho de som de uma loja. Questionado sobre sua família, disse não ter absolutamente
nenhum familiar conhecido. Encaminhado à autoridade competente, foi-lhe designado defensor

dativo, diante da completa carência de pessoas que por ele pudessem responder.

Após a prática dos atos iniciais, Pedro requereu ao juiz a substituição do seu defensor por um
advogado conhecido, por não ter se sentido bem assistido tecnicamente, não confiando no

representante originariamente designado.

Com base nessa narrativa, assinale a afirmativa correta.

a) É direito do adolescente ter seu defensor substituído por outro de sua preferência, uma vez
que não deposita confiança no que lhe foi designado.

b) A defesa técnica deve permanecer incumbida ao defensor atualmente designado, pois não é

facultado ao adolescente optar por sua substituição.

c) O processo deve ser suspenso, adiando-se os atos até que seja solucionada a questão da
representação do adolescente.

d) A substituição somente deverá ser realizada se evidenciada imperícia técnica, não podendo
a mera preferência do adolescente ser motivo para a substituição.

Comentário:

É direito do adolescente ter seu defensor substituído por outro de sua preferência, uma vez que

não deposita confiança no que lhe foi designado.

47
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que ausente
ou foragido, será processado sem defensor. § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á

nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência.13

de jul. de 1990

Questão 2

(XXIV EOU – FGV - 2017) - Maria, aluna do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola
que não adota a obrigatoriedade do uso de uniforme, frequenta regularmente culto religioso

afro-brasileiro com seus pais.

Após retornar das férias escolares, a aluna passou a ir às aulas com um lenço branco enrolado
na cabeça, afirmando que necessitava permanecer coberta por 30 dias. As alunas Fernanda e

Patrícia, incomodadas com a situação, procuraram a direção da escola para reclamar da


vestimenta da aluna. O diretor da escola entrou em contato com o advogado do

estabelecimento de ensino, a fim de obter subsídios para a sua decisão.

A partir do caso narrado, assinale a opção que apresenta a orientação que você, como
advogado da escola, daria ao diretor.

A) Proibir o acesso da aluna à escola.

B) Marcar uma reunião com os pais da aluna Maria, a fim de compeli-los a descobrir a cabeça

da filha.

C) Permitir o acesso regular da aluna.

D) Proibir o acesso das três alunas.

Comentário:

48
Em sintese, trata-se de questao cujo objeto sao os direitos fundamentais do adolescente,

notadamente o art 53, inciso I, do ECA, transcrito abaixo para facilitar o estudo.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento

de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,


assegurando-se-lhes:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Questão 3

(XXII EOU – FGV - 2017) João, criança de 07 anos de idade, perambulava pela rua sozinho,

sujo e com fome, quando, por volta das 23 horas, foi encontrado por um guarda municipal, que
resolve encaminhá-lo diretamente para uma entidade de acolhimento institucional, que fica a
100 metros do local onde ele foi achado. João é imediatamente acolhido pela entidade em
questão. Sobre o procedimento adotado pela entidade de acolhimento institucional, de acordo
com o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.

A) A entidade pode regularmente acolher crianças e adolescentes, independentemente de


determinação da autoridade competente e da expedição de guia de acolhimento.

B) A entidade somente pode acolher crianças e adolescentes encaminhados pela autoridade


competente por meio de guia de acolhimento.

C) A entidade pode acolher regularmente crianças e adolescentes sem a expedição da guia de


acolhimento apenas quando o encaminhamento for feito pelo Conselho Tutelar.

D) A entidade pode, em caráter excepcional e de urgência, acolher uma criança sem

determinação da autoridade competente e guia de acolhimento, desde que faça a comunicação


do fato à autoridade judicial em até 24 horas.

Comentário:

49
Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em

caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação


da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas

ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.

Questão 4

(FCC -2018 - IAPEN-AP - Agente Penitenciário) Para os efeitos da Lei n° 8069/90, Estatuto
da Criança e do Adolescente, considera-se
A) menor toda a pessoa abaixo de 18 anos completos.
B) menor absolutamente incapaz todo aquele com menos de 14 anos.
C) jovem-adulto a pessoa entre 16 e 21 anos.

D) criança a pessoa de até 12 anos de idade incompletos.

E) adolescente a pessoa entre 10 de 18 anos.

Comentário:

Conforme o ECA (8069/90): Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito
anos de idade.

Questão 5

(CESPE- 2018 – JOÃO PESSOA/PB – PGM) Caso ocorram violações às regras de

apadrinhamento de criança e adolescente, os responsáveis pelo programa e pelos serviços de


acolhimento deverão imediatamente

A) suspender o ato de apadrinhamento.


B) instaurar processo administrativo para apuração da falta.
C) comunicar o fato ao Ministério Público.
50
D) notificar o fato à autoridade judiciária competente.

E) proibir o contato da criança com o representante do apadrinhador.

Comentário:

No caso que ocorram violações às regras de apadrinhamento de criança e adolescente, os

responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão imediatamente


notificar o fato à autoridade judiciária competente, conforme previsão do § 6.º, do art. 19-

B, do ECA:

§ 6.º. Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e


pelos serviços de acolhimento deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária

competente.

Questão 6

(FGV – 2018 - OAB – XXVII EOU) Os irmãos João, 12 anos, Jair, 14 anos, e José, 16 anos,

chegam do interior com os pais, em busca de melhores condições de vida para a família. Os
três estão matriculados regularmente em estabelecimento de ensino e gostariam de trabalhar

para ajudar na renda da casa. Sobre as condições em que os três irmãos conseguirão trabalhar
formalmente, considerando os Direitos da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.

A) João: não; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de trabalho especial, salvo

atividades noturnas, perigosas ou insalubres.


B) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de trabalho especial, salvo atividades

noturnas, perigosas ou insalubres; José: contrato de trabalho.


C) João: não; Jair e José: contrato especial de trabalho, salvo atividades noturnas, perigosas
ou insalubres

D) João: contrato de aprendizagem; Jair: contrato de aprendizagem; José: contrato de


aprendizagem.

51
Comentário:

Em regra, é vedado explorar a mão-de-obra do menor de 16 (dezesseis) anos. Tal vedação


se dá pelo fato de que a criança e o adolescente se encontram em fase de desenvolvimento
e o trabalho ocasiona prejuízos bio-psiquico-social. Contudo, há algumas exceções.

O artigo 60 do Estatuto da Criança e do Adolescente, afirma que poderá ser firmado o


contrato de aprendizagem quando o adolescente completar os 14 (quatorze) anos de
idade. Em seu artigo 67, restringe alguns tipos de atividade, como noturnas (compreende

entre as 22h e 05h), insalubres (atividades prejudiciais à saúde), perigosas (atividades


prejudiciais à vida) e penosas, nelas incluídas as 93 atividades pertinentes no Decreto n°

6.481/2008 (lista das piores formas de trabalho infantil), realizadas em locais prejudiciais à
sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e

locais que não permitam a frequência à escola.

Como João tem apenas 12 (doze) anos de idade, lhe é vedado qualquer trabalho; a Jair,
por ter 14 (catorze) anos, é vedado qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz; já a

José, com 16 (dezesseis) anos, é permitido o trabalho, desde que não seja noturno,
perigoso ou insalubre.

Questão 7

(2017 – CESPE – MPE/RR – PROMOTOR DE JUSTIÇA) De acordo com os princípios orientadores


do direito da criança e do adolescente, em favor deles deve ser dada primazia em todas as

esferas de interesse, seja no campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar. Tal
tratamento não comporta questionamentos ou ponderações, pois foi essa a escolha nacional

por meio do legislador constituinte. De acordo com a doutrina, tal primazia corresponde ao
princípio

A) da municipalização.
B) da prevenção especial.

52
C) da prioridade absoluta.

D) do interesse superior da criança e do adolescente.

Comentário:

Trata-se de princípio constitucional estabelecido pelo art. 227 da Lei Maior, com previsão

no art. 4º e no art. 100, parágrafo único, II, da Lei n. 8.069/90 que é o da prioridade
absoluta. Tal princípio estabelece primazia em favor das crianças e dos adolescentes em

todas as esferas de interesse. Seja no campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou


familiar, o interesse infanto-juvenil deve preponderar. Não comporta indagações ou

ponderações sobre o interesse a tutelar em primeiro lugar, já que a escolha foi realizada
pela nação por meio do legislador constituinte.

Questão 8

(FGV – 2018 – TJ/SC – OFICIAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE) O Estatuto da Criança e do


Adolescente estabelece ser assegurada, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos da

criança e do adolescente. Assim, Oficial da Infância e Juventude orientou os profissionais da


saúde de um hospital particular sobre o dever que possuem de respeitar tal princípio, quando
do atendimento de crianças e adolescentes na emergência.

A orientação do Oficial da Infância e Juventude, nessa hipótese, está:

A) correta, porque a prioridade compreende a primazia de receber proteção e socorro;


B) incorreta, pois a prioridade compreende a primazia de receber proteção e socorro apenas

na rede pública;
C) incorreta, já que a prioridade abrange a precedência de atendimento nos serviços de
relevância pública;

D) incorreta, pois inexiste prioridade, quando não há destinação privilegiada de recursos


públicos;

53
E) correta, uma vez que a garantia da prioridade abrange a necessidade de uma intervenção

mínima.

Comentário:

A orientação do Oficial está correta, pois a criança e o adolescente possuem prioridade absoluta
na efetivação de vários direitos, inclusive do direito à saúde. Vejamos o art. 4º, parágrafo único,
do ECA:

"Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar,


com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

Questão 9

(FCC – 2008 – DPE/AM – DEFENSOR PÚBLICO) A comunidade formada pelos pais ou qualquer

deles e seus descendentes corresponde, no Estatuto da Criança e do Adolescente, ao conceito


de família:

A) biológica.

B) consanguínea.
C) natural.

D) vertical.

E) parental.

Comentário:

54
Art. 25 ECA (Lei 8069/90). Entende-se por família natural a comunidade formada pelos

pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para
além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com

os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.


(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009);

Ademais, segundo a forma trinária de família (em ordem de preferência) é:

a. família natural: pais e filhos e irmãos;

b. família extensa: parentes próximos afinidade e afetividade;

c. família substituta: guarda, tutela e adoção (apadrinhamento não);

Questão 10

(CESPE – 2018 – DPE/PR – DEFENSOR PÚBLICO) A respeito do poder familiar dos pais,

assinale a opção correta.

A) A condenação criminal do pai ou da mãe implica a destituição automática do poder


familiar, especialmente no caso de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão

praticado contra o próprio filho ou filha.


B) O poder familiar será exercido apenas pelo pai, a quem compete prover o sustento e o

bem-estar da família.
C) O fato de a mãe e o pai terem direitos iguais e deveres e responsabilidades

compartilhados no cuidado e na educação da criança implica que apenas as crenças e culturas


que lhes sejam comuns deverão ser transmitidas às crianças.

D) A perda do poder familiar poderá ser decretada pelo conselho tutelar do município no
caso de descumprimento injustificado dos deveres de sustento, guarda e educação dos filhos.

55
E) A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda

ou a suspensão do poder familiar; nesse caso, a família deverá ser incluída em serviços e
programas oficiais de proteção, apoio e promoção.

Comentário:

A família é a base fundamental para formação de indivíduos e, estar em uma


a convivência familiar garante a criança e ao adolescente um desenvolvimento saudável,

por este motivo o Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleceu alguns direitos e


garantias no que se refere à convivência familiar. Conforme o art. 23, § 2º, condenação

criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese
de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou
filha.

O art. 21 alude que o poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e
pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito
de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução

da divergência.

Referente ao art. 22, parágrafo único, a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais
e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança,

devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e


culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.

O art. 24, afirma que a perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas

judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem


como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude

o art. 22 e, por último, o art. 23, alude que a falta ou a carência de recursos materiais não
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.

Questão 11

56
(FCC – 2018 – SÃO PAULO – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Estatuto da Criança

e do Adolescente (Lei n° 8.069/1990) prevê normas relativas ao direito à profissionalização e à


proteção no trabalho, entre as quais,

A) ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola

técnica, assistido em entidade governamental ou não governamental, é vedado trabalho


noturno, realizado entre as vinte horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte.

B) ao adolescente até dezesseis anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem, após


o que, na condição de aprendiz, passa a receber salário.

C) a formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios: garantia de acesso e


frequência obrigatória ao ensino regular; atividade compatível com o desenvolvimento do

adolescente; horário especial para o exercício das atividades.


D) o programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de
entidade governamental ou não governamental com fins lucrativos, deverá assegurar ao

adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular
remunerada.

E) no trabalho educativo o adolescente não pode receber qualquer valor a título de


remuneração pelo trabalho efetuado ou pela participação na venda dos produtos de seu

trabalho, sob pena de desvirtuamento da finalidade e descaracterização do trabalho educativo.

Comentário:

Ao longo dos 10 dispositivos legais presentes no capítulo V dos Direitos Fundamentais, o


ECA estabelece inúmeras medidas que visam assegurar uma profissionalização de
qualidade ao adolescente e proteção ao trabalho, como: vedado trabalho

noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia
seguinte (Art. 67, I); Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa
de aprendizagem, após o que, na condição de aprendiz, passa a receber salário
(Art. 64);: garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; atividade
compatível com o desenvolvimento do adolescente; horário especial para o exercício

das atividades. (Art. 63); O programa social que tenha por base o trabalho educativo,
57
sob responsabilidade de entidade governamental ou não governamental sem fins
lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de
capacitação para o exercício de atividade regular remunerada (Art. 68); No trabalho
educativo o adolescente pode receber qualquer valor a título de remuneração pelo

trabalho efetuado ou pela participação na venda dos produtos de seu trabalho. “A


remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação
na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo” (Art. 68
§ 2º).

Questão 12

(CESPE - 2016 - TCE/PA – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA)


Julgue o item subsecutivo, acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O poder público, a família, a sociedade e a comunidade devem garantir a efetivação dos direitos

da criança e do adolescente.

 Certo

 Errado

Comentário:

Após um extenso processo de consolidação, reconhecimento e universalização dos direitos


da criança e do adolescente, é possível afirmar que houve um reconhecimento e proteção
dos infantes no arcabouço doutrinário jurídico. A proteção integral tem como fundamento a
concepção de que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, frente à família, à sociedade
e ao Estado.

Conforme estabelece o art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, a família, comunidade,

sociedade geral e poder público assegurem os direitos sociais e individuais das crianças e

adolescentes, vejamos:
58
Artigo 4º do ECA: “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder

público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”

Questão 13

(FUNDATEC – 2016 - PREFEITURA DE PORTO ALEGRE - RS - PROCURADOR MUNICIPAL -

BLOCO II E III ) Nos termos da Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do adolescente, em


relação ao Direito à Vida e à Saúde, analise as assertivas abaixo:

I. A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos sem discriminação ou

segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e


reabilitação e ainda incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que

necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas


ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com

as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas.


II. II. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de

terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para


a permanência em tempo integral dos pais ou responsáveis, nos casos de internação
de criança ou adolescente.

III. III. Os casos de suspeita de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de


maus-tratos contra criança ou adolescente poderão ser comunicados ao Conselho

Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

Quais estão corretas?

A) Apenas I.
B) Apenas I e II.

C) Apenas I e III.
59
D) Apenas II e III.

E) I, II e III.

Comentário:

O direito à vida abrange tanto o direito de não ser morto, como também o direito de ter

uma vida digna, garantindo-se as necessidades vitais básicas do ser humano, e proibindo
qualquer tratamento indigno, como a tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos

forçados, cruéis, entre outros.

É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do


adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da

equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.


Assim, a criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou

segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e


reabilitação e o poder público deve fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem,

medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento,


habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de
cuidado voltadas às suas necessidades específicas (art. 11).

Ademais, os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais,


de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a
permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação

de criança ou adolescente (Art. 12) e, nos casos de suspeita ou confirmação de castigo


físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou

adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva


localidade, sem prejuízo de outras providências legais (art. 13).

Questão 14

60
(FGV - 2015 - DPE-MT - ADVOGADO)- Com relação ao direito à educação das crianças e dos

adolescentes, analise as afirmativas a seguir.

I. A criança e o adolescente têm o direito de contestar critérios avaliativos, podendo


recorrer às instâncias escolares superiores.
II. II. O atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência será
prestado exclusivamente na rede regular de ensino.
III. III. A criança e o adolescente têm direito de acesso aos níveis mais elevados de ensino,
da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.

Assinale:

A) se somente a afirmativa I estiver correta.


B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas

D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Comentário:

O direito a educação é fundamental para o desenvolvimento do ser humano e busca

conferir suporte ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. O Estatuto da Criança e


do Adolescente estabelece, no seu artigo 53, que os infantes têm direito à educação,

visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e


qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: o direito de contestar critérios
avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; a ter um atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência, o qual será


prestado exclusivamente na rede regular de ensino. Ademais, no art. 54, estabelece que é

dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: atendimento educacional


especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino
e fornecer acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um.

61
Questão 15

(FCC – 2019 – MPE/MT – PROMOTOR DE JUSTIÇA) O Estatuto da Criança e do Adolescente


assegura o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade,

A) inclusive o da preservação da imagem.


B) inclusive o de trabalhar em qualquer idade.
C) exceto o de participar da vida política, na forma da lei.

D) exceto o de brincar, praticar esportes e divertir-se.

E) exceto o de buscar refúgio, auxílio e orientação.

Comentário:

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi criado em um contexto histórico pela

Lei 8.069/90 e aludiu exatamente o constituído pela Carta Magna, ou seja, assegurou a
criança e ao adolescente direitos fundamentais e teve como objetivo fazer com que os

infantes sejam vistos como sujeitos de direitos. Tal Estatuto estabeleceu inúmeros direitos
e garantias, dentre eles, a preservação da imagem, (artigo 17), proibiu qualquer trabalho a
menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz (artigo 60) e garantiu

direito à liberdade nos seguintes aspectos: VI - participar da vida política, na forma da lei,
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se e VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

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GABARITO

Questão 1 - A

Questão 2 - C

Questão 3 - D

Questão 4 - D

Questão 5 - D

Questão 6 - A

Questão 7 - C

Questão 8 - A

Questão 9 - C

Questão 10 - E

Questão 11 - C

Questão 12 - Certo

Questão 13 - A

Questão 14 - C

Questão 15 - A

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QUESTÃO DESAFIO

O que se entende por "doutrina da proteção integral"? aponte suas


bases legais.

Responda em até 5 linhas

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GABARITO QUESTÃO DESAFIO

A Lei objetiva tutelar a criança e o adolescente de forma ampla, não se limita só a tratar de

forma repressiva os atos infracionais. É compreendida como um conjunto amplo de


mecanismos jurídicos voltados à tutela da criança e do adolescente desde a primeira
infância, atrelado ao melhor interesse.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Amplo conjunto de mecanismos jurídicos

Segundo Guilherme Freire de Melo (página 21), o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe
sobre direitos infanto-juvenis, formas ide auxiliar sua família, tipifica crimes praticados contra
crianças e adolescentes, infrações administrativas, tutela coletiva, etc. Enfim, por proteção

integral deve-se entender um conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à tutela da


criança e do adolescente.

 Princípio do melhor interesse

Ainda segundo o mesmo autor, a proteção integral guarda ligação com o princípio do melhor

interesse da criança ou do aposente. Esse postulado traduz a ideia de que, na análise do caso
concreto, o aplicador do direito - leia-se advogado, defensor público, promotor de justiça e juiz

- deve buscar a solução que proporcione o maior benefício possível para a criança ou
adolescente, que dê maior concretude aos seus direitos fundamentais.”

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LEGISLAÇÃO COMPILADA

Princípios:

 CF: Arts. 227 e 5, XLVII, b.


 ECA: Arts. 1, 4, 6, 19, 88, 121, 141 e 143.

Direitos e Garantias Fundamentais:

 CF: Art. 227.


 ECA: Arts. 1, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 22, 23, 24, 26, 53, 54, 55, 56, 57,
58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68 e 69.

66
MAPA MENTAL

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 55 ed. São

______. Estatuto da Criança e do Adolescente, Câmera dos Deputados, Lei no 8.069, de 13 de julho
de 1990. DOU de 16/07/1990 – ECA. Brasília, DF.

______. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal sobre os Direitos da Criança de 1959.

Disponível em <http://www.onu-brasil.org.br>

______. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal sobre o Direito das Crianças de 1989.
<Disponível em: www2.camara.leg.b>

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Presidência da República. 5 de

AMIN, Andréa Rodrigues. Dos Direitos Fundamentais. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo
Andrade (coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente. Aspectos Teóricos e Práticos. 3ª ed.,
rev. e atual. Rio de Janeiro: Editora: Lumen Juris, 2007. p. 31 – 60.

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2.ed. Trad. Dora Flaksman. Rio de Janeiro:
LTC, 1981.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho e Constituição Federal. 22 ed. São Paulo:

BRASIL. Lei no 8.069/90. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras

providências. Senado Federal, Brasília, 2017.

CURY, Munir (coord.). Estatuto da criança e do adolescente comentado: comentários jurídicos e


sociais. 9ª ed., atual. São Paulo: Malheiros, 2008.

ELIAS, Roberto João. Direitos fundamentais da criança e do adolescente. São Paulo: Saraiva, 2005

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 11. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Método,

2007

68
MACHADO, Martha de Toledo. A proteção constitucional de crianças e adolescentes e os direitos

humanos. São Paulo: Manole, 2003.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17 ed. São Paulo: Malheiros,
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SIQUEIRA JUNIOR, Paulo Hamilton. Função dos princípios constitucionais. Revista do Instituto dos
Advogados de São Paulo, São Paulo, v.7, n.13, p.157-166, jan./jun. 2004

VERONESE, Josiane Rose Petry; Oliveira, Luciane de Cássia Policarpo. Educação versus Punição: a

educação e o direito no universo da criança e do adolescente. Blumenau: Nova Letra, 2008.

WINNICOTT D. W. A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes, 2005a (p.
129-138). WINNICOTT D. W. Tudo Começa em Casa. São Paulo: Martins Fontes, 2005b

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