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TRIBUNAIS
CAPÍTULO 4
Olá, aluno!
garantindo que você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins
de entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo
sempre!
estrutura do CERS Book foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar
especificamente os assuntos que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada
capítulo você tem a oportunidade de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto
com a leitura de jurisprudência selecionada.
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou
comentários, entre em contato através do e-mail pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para
a gente!
Acreditamos que com esses recursos você estará munido com tudo que precisa para alcançar
a sua aprovação de maneira eficaz. Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que
um objetivo para o CERS, trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para
o estudo da disciplina.
2
Recado para você que está assistindo às videoaulas
Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:
O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte
nas revisões!
Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;
A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o
capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada
no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso,
nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa;
3
CAPÍTULOS
Capítulo 5 – Domicílio
Capítulo 6 – Bens Jurídicos
Capítulo 7 – Teoria do ato, fato e negócio jurídico
4
SOBRE ESTE CAPÍTULO
Prezados Alunos,
No campo dos direitos da personalidade em espécie, será bem estudada a teoria dos
círculos concêntricos, que organiza a proteção aos direitos à intimidade e a privacidade.
Também importante destacar o direito ao esquecimento, tema muito em voga, devido à
evolução da tecnologia, que facilitou o acesso às informações.
Ademais, estudaremos com detalhes quem são os legitimados ativos em eventual ação
de indenização por danos morais devido à violação de direitos da personalidade de alguém que
já faleceu.
A proteção ao nome, às obras autorais e ao próprio corpo, bem como suas decorrências
serão esmiuçadas.
5
dos direitos da personalidade vem sendo muito cobrado tanto em provas objetivas quanto
subjetivas, conforme verificaremos pelas questões trazidas.
6
SUMÁRIO
Capítulo 4 .................................................................................................................................................. 9
GABARITO ............................................................................................................................................... 50
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 56
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 66
8
DIREITO CIVIL
Capítulo 4
A grande inovação do CC de 2002 foi proteger muito além do patrimônio – o qual já era
protegido no Código Civil de 1916 -, foi proteger a essência do homem, qual seja, os direitos
4. Direitos da Personalidade
de direitos subjetivos reconhecida ao titular da personalidade para que ele possa desenvolvê-la
plenamente, estando voltados à sua esfera privada. São do mesmo modo que a própria
personalidade, inerentes à condição humana.
exatidão tudo aquilo que a pessoa precisa ter para ter uma vida digna.
9
4.1 Características dos Direitos da Personalidade
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária1. É o que preceitua o artigo 11 do CC.
A partir desse artigo, podemos dizer que as características dos direitos da personalidade
são: INSTRAMISSIBILIDADE e IRRENUNCIABILIDADE. Atenção aqui, aluno, pois ao contrário
do que uma interpretação rápida do que foi lido poderia dar a entender, os direitos da
personalidade podem sofrer limitação voluntária nas exceções previstas em lei. Sendo deste
1
Vide questão 10 do material
2 Sobre o assunto, vide questão 9
10
Quanto a característica da imprescritividade é importante que o aluno entenda que essa
característica não implica na imprescritibilidade da reparação do dano, isto é, o direito não se
extingue pelo não uso, mas o direito de exigir a reparação pelo dano ao direito se extingue.
O STJ, ademais, criou uma exceção, na qual a reparação por dano também é
imprescritível: dano moral pela tortura no regime militar.
Veja como esse assunto foi cobrado na prova para o cargo de Procurador do Distrito
11
4.2 Direitos da Personalidade da Pessoa Jurídica
Como já vimos no Capítulo anterior, o Código Civil em seu artigo 52, abraçou o
posicionamento da jurisprudência (súmula 227 do STJ3), e estendeu, no que couber, às pessoas
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, desde que demonstrada ofensa à sua honra
objetiva.
A pessoa jurídica de direito público não é titular de direito à indenização
por dano moral relacionado à ofensa de sua honra ou imagem, porquanto, tratando-se
de direito fundamental, seu titular imediato é o particular e o reconhecimento desse
direito ao Estado acarreta a subversão da ordem natural dos direitos fundamentais.
da expressão “no que couber”, que a PJ tem direito à imagem (imagem atributo), ao nome e à
honra objetiva. O que veremos em tópico posterior.
Nos últimos anos, parcela significativa da doutrina – liderada pelo professor Gustavo Tepedino
(RJ) – se insurgiu contra a proteção dos direitos da personalidade das pessoas jurídicas.
Quais os fundamentos dessa insurgência?
Se tais direitos são sustentados pela cláusula geral da dignidade humana, a PJ não pode
ser beneficiada, uma vez que não existe dignidade humana na PJ.
12
Esses autores defendem a tese de que todos os danos impostos sobre uma PJ vão incidir
sobre seus lucros, ou seja, sobre o seu patrimônio.
Contra crítica: e as pessoas jurídicas sem fins lucrativos? Nesse caso, existiria um
dano institucional, jamais dano moral.
o Cristiano Chaves: o “dano institucional” na prática não passa de um dano
moral
Observe o que afirma o artigo 12 do CC: “Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça,
ou a lesão, a direito de personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para
requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha
A partir de tal artigo podemos ver que a tutela jurídica dos direitos no atual ordenamento
jurídico se bifurca em dois diferentes ângulos: tutela PREVENTIVA e REPARATÓRIA. A primeira
busca obstar a ocorrência do dano, já a segunda busca sancionar e reparar o dano já ocorrido.
Cabe dizer, que nada obsta a ocorrência delas simultaneamente.
4
Vide questões 1 e 3 do material
13
“sem prejuízo de outras sanções”: outros mecanismos de proteção previstos em lei, tal
como o direito penal ou até mesmo as possibilidades de autotutela.
Mas você deve está se perguntando: como são concretizadas essas tutelas?
A tutela preventiva se concretiza através da tutela específica, isto é, uma medida especial
concedida para que se resolva um caso concreto. Em outras palavras, é um provimento judicial
adequado para resolver um caso concreto. Não há um rol taxativo, em cada caso a tutela
específica terá uma forma adequada.
Podemos ver, assim, que a proteção destes direitos não é apenas patrimonial
A tutela específica pode ser: inibitória, com a aplicação de uma pena de multa no caso
de descumprimento da tutela específica; sub-rogatória, quando o juiz manda fazer uma coisa
Por sua vez, a tutela reparatória se materializa, via de regra, através da indenização por
danos morais.
CUIDADO, ALUNO: a indenização por dano moral não tem caráter reparatório, uma vez
que não consegue restituir o dano causado. Na realidade, a indenização tem caráter
COMPENSATÓRIO.
14
Aqui, resta compreender de uma vez por todas o que é o dano moral para o nosso
Este sentimento negativo serve para fins de arbitramento do dano moral, já a sua
Para o STJ, basta a violação a um direito da personalidade, para que se configure o dano
moral, ou seja, tem caracterização objetiva, prova in re ipsa56.
Seguindo os entendimentos do STJ, tem-se que o mero aborrecimento não gera dano
moral. Este, por sua vez, serve somente para quantificar a indenização por dano moral.
Súmula 37, do STJ: São cumuláveis as indenizações por dano moral e dano material oriundos
do mesmo fato.
Súmula 387, do STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Conforme vimos acima, o dano moral tem natureza compensatória e, sendo assim, o
direito brasileiro não admite o sistema de “punitive damage” (danos punitivos). Entretanto, o
STJ diz que a fixação do valor indenizatório deve levar em conta o desestimulo, o caráter
pedagógico, que acaba configurando reflexamente um dano punitivo.
15
A fixação desse valor é baseada em matéria de fato e não em matéria de direito. Assim,
moral, mas tão somente quando se tratar de valores ínfimos ou exagerados, buscando assim
evitar decisões discrepantes entre os tribunais inferiores.
Primeiro, cabe entendermos o que é o dano moral coletivo: este seria a violação de
direitos da personalidade de uma coletividade. Esta espécie de dano moral é aceita no Brasil?
Conforme o CDC, em seu artigo 6º, IV8 e Lei de Ação Civil Pública, art. 1º9, o dano moral coletivo
existe no ordenamento jurídico brasileiro.
Admite-se, deste modo, o dano moral coletivo quando houver uma violação coletiva
da personalidade, sendo nesse caso que a tutela processual deve se dar obrigatoriamente
através da ação civil pública. São exemplos desse dano coletivo: dano ambiental, dano moral
ao meio ambiente do trabalho, dano ao consumidor, entre outros.
Quem recebe esse valor? Nos termos do artigo 13 da Lei de Ação Civil Pública o dano
moral coletivo reverte-se em favor do fundo criado para esse fim (“fluid recovery”), que tem
Vale ressaltar aqui, para fins de provas dissertativas, qual o argumento defendido por
aqueles que dizem não existir o dano moral coletivo: como a coletividade não tem
7 Sumula 7 STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.
8 Art. 6º, IV: “São direitos básicos do consumidor ... IV - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos
e difusos.
9 Atr. 1º LACP: “Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo de ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados...”
16
personalidade, ela, consequentemente, não pode ter sua honra ou dignidade violada. Cada
pessoa deveria individualmente ir buscar sua indexação por dano moral individual.
Por outro lado, um importante argumento que defende a existência do dano coletivo é a
dano moral. Exemplo: Estado do Amapá sem energia elétrica e sem água em
novembro/dezembro de 2020, em plena pandemia.
podendo, assim ser acumulado numa mesma ação com o dano material e o dano
moral.
17
● Dano Ricochete, Oblíquo ou Indireto 10: A tutela dos direitos da personalidade
envolvendo pessoa morta cabe aos familiares do morto (cônjuge, parentes em linha
reta ou colateral até o quarto grau). Portanto, o parágrafo único do art. 12 permite
que essas pessoas possam ingressar com medida judicial representando o morto.
O direito a vida não está dentro dessas três espécies, uma vez que este se apresenta
Aqui estudaremos:
O art. 13 do CC estabelece que salvo por exigência médica, é defeso (proibido) o ato
de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física,
para fins de transplante de órgãos, desde que ocorra na forma estabelecida em lei especial.
Quanto ao dano estético, cabe se perguntar se o dano precisa ser permanente para a
sua configuração. O STJ já decidiu que o dano estético não precisa ter sequelas permanentes
para ser configurado, esta, na verdade, somente importa para a definição do quantum a ser
indenizado.
Cabe aqui lembrar a já citada Súmula 387 do STJ, a qual afirma que é lícita a cumulação
das indenizações de dano estético e dano moral. Tem-se, portanto, que essa súmula reconhece
a autonomia da proteção da integridade física em relação à proteção da psíquica.
Ressalta-se certas situações que ocorrem na sociedade e merecem uma explicação a parte:
“Wannabes”: são pessoas que sofrem repulsa por determinada parte do corpo e querem
amputá-la. Tal conduta não é aceita pelo ordenamento brasileiro, pois implicaria na
redução permanente da integridade física.
Mudança de sexo em Transexuais: a transgenitalização (nome dado à cirurgia de
mudança de sexo) é permitida pelo ordenamento, uma vez que a medicina recomenda
essa cirurgia, entrando assim tal procedimento na exceção do artigo 13 do CC. Em outras
palavras, havendo exigência médica para a conformação fisiopsíquica de uma pessoa
transexual, justifica-se a diminuição da integridade física para adequar o fenótipo ao
biótipo.
Transplantes entre pessoas vivas: os requisitos previstos na Lei 9.434/97 para que uma
pessoa possa dispor de seu corpo para fins de transplante são:
Órgãos dúplices ou regeneráveis, cuja perda não implique risco de vida ou
deformidade ao doador;
Gratuidade do ato;
Beneficiário e doador devem integrar o mesmo grupo familiar.
19
Caso, não seja do mesmo grupo familiar, é necessária a autorização judicial
Conforme, o art. 1º, §único da Lei 9434/97 a doação de sangue, esperma e óvulo não
sofrem as limitações da lei. Isso porque não são considerados tecidos, órgãos, nem partes do
corpo humano. Vale ressaltar, que o leite materno também não tem sobre ele às citadas
Novamente aqui, caso as pessoas não sejam do mesmo núcleo familiar, é necessária
a autorização judicial.
20
4.5.1.2 Tutela Jurídica do Corpo Morto
Já o artigo 14 do CC trata da tutela post mortem do corpo: “Art. 14. É válida, com
objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte,
Hipóteses permissivas:
Sobre os transplantes, a Lei 9434/97 afirma, em consonância com o CC, que a disposição
do cadáver é possível, desde que observado os seguintes requisitos:
Gratuidade;
Possibilidade de disposição integral do corpo;
Impossibilidade da escolha do beneficiário.
Vale ressaltar que não se admite no direito brasileiro o chamado testamento vital ou
“living will”. O órgão vai ser encaminhado para uma pessoa, respeitando a fila estadual de
receptadores de órgãos por critério de urgência. É o chamado princípio da universalização da
saúde. Caso, alguém faça um testamento deixando um órgão seu para uma pessoa específica
e, caso, ela não receba, não quer doar para outra pessoa, o órgão não vai para ninguém.
seja, que cada pessoa deve manifestar sua vontade de ser um doador, com objetivos
científicos ou terapêuticos, tendo o direito de a qualquer momento, cancelar sua doação
Sobre esta disposição de vontade, havia anteriormente uma discussão sobre o que
deveria prevalecer, se era a vontade do de cujus ou da família, caso essa última fosse contra a
doação dos órgãos, mesmo com manifestação do primeiro a favor. Contudo, em 2017, houve
uma alteração legislativa no decreto 9175/2017, a qual definiu, de uma vez por todas, que se
12
Vide questão 9 do material
21
houver divergência entre a vontade expressa do falecido e da família, deve prevalecer a da
família.
Esse tema encontra-se previsto no artigo 15 do CC: “Art. 15. Ninguém pode ser
Caberá a responsabilização civil do médico caso ele descumpra esse dever, pois o dever
As pessoas que professam a fé dos Testemunhas de Jeová, por conta de suas crenças
religiosas, não aceitam receber sangue alheio, através de procedimento transfusional. A questão
levanta debates: teria o Testemunha de Jeová direito de recusar a transfusão de sangue? Analise
abaixo o que se entende sobre o tema:
22
Maiores e capazes: a possibilidade de recusa de tratamento motivado por questões
religiosas ou filosóficas divide a doutrina:
1ª Corrente: a testemunha de Jeová maior e capaz que não se encontra em
situação de emergência, tem o direito de não receber transfusão de sangue. Deve
prevalecer a autonomia da vontade e a liberdade de crença e, ainda, o direito a
vida implica o direito a vida digna, ou seja, se a transfusão violar a dignidade do
paciente, a fé deve ser respeitada.
2ª Corrente: prevalece que a testemunha de Jeová deve ser compelida ao
procedimento de transfusão, mesmo sendo maior e capaz.
Previsto no artigo 5º, X da CF, o qual dispõe: “são invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou
O que é a honra? A honra é o a boa fama, a honorabilidade. É um direito que diz respeito
à reputação construída por uma pessoa. Esta pode ser manifestada de duas formas:
23
Apesar da honra se manifestar de duas formas, o direito à honra é um só. Assim, mesmo
se o dano for contra as duas espécies de honra, a indenização é uma só.
direito à imagem é disposto no artigo 5º, incisos V e X da CF, sendo nestes reconhecido como
direito autônomo, podendo, portanto, ser violado sem que a honra seja violada
simultaneamente. Caso, a imagem de alguém seja violada junto com a sua honra, ter-se-á duas
indenizações.
Vale ressaltar, que o artigo 20 do CC não separa o direito à imagem do direito à honra,
contudo, do ponto de vista prático não há diferença, uma vez que aplica-se a CF e há a
constitucionalização do direito civil a ser considerada.
A imagem nada mais é do que a identificação de alguém. Tem-se que essa identificação
24
Jornada de Direito Civil, Enunciado 278: “art. 18: A publicidade que divulgar,
sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem
mencionar seu nome, mas sendo capaz de identifica-la, constitui violação a
direito de personalidade.” - “Qualidades inerentes” imagem atributo.
A imagem atributo também é aplicável à pessoa jurídica.
Imagem VOZ: timbre sonoro identificador. Exemplo: vozes do Sílvio Santos ou do
jornalista William Bonner
Do mesmo modo que o direito à honra, por mais que o direito à imagem seja
tridimensional, ele é uno, não cabendo, assim, cumulação de indenizações por diferentes
danos à imagem.
O enunciado 279 da IV Jornada de Direito Civil traz o uso da função social da imagem:
“art. 20. A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses
constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à
informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a
notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e,
ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica),
privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações”.
Ademais, cabe dizer que o direito à imagem admite cessão, que pode ser expressa
A imagem cedida pode ser explorada por 5 (cinco) anos, admitida a renovação por igual
período (art. 49, III da Lei de Direitos Autorais).
25
Sobre a cessão tácita, um exemplo seria a permanência em locais públicos. Contudo,
somente é permitida a cessão em um contexto genérico, se houver um close de uma
pessoa específica, já há um contexto específico, o que não é permitido.
Lembre-se que relativizações são possíveis, desde que não haja desvio da
finalidade, qual seja, por exemplo, a individualização de um indivíduo dentro do
contexto genérico.
portanto, de forma reflexa, os danos causados. Assim, difere-se dos demais direitos da
personalidade que podem ser exigidos pelos colaterais até o quarto grau do morto, conforme
dispõe o artigo 12, § único do CC.
Sendo assim, observe quem pode requerer o dano contra morto, de forma concorrente
ou autônoma:13
Citado na tabela acima, veja exatamente o que diz o Enunciado nº 275 da IV Jornada de
Direito Civil,: “Arts. 12 e 20: O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e
26
Abaixo, veja alguns entendimentos do STJ sobre o tema:
Em regra, não se pode usar a imagem de outra pessoa, uma vez que o direito à imagem é
de uso restrito, somente sendo possível sua utilização por terceiro quando:
Caso a utilização da imagem de uma pessoa seja com fins econômicos ou comerciais, o
prejuízo será presumido, ou seja, in re ipsa. Esse entendimento já está consolidado no STJ,
Súmula 403:
Por fim, o STJ entende que existe ofensa mesmo que a veiculação da imagem não tenha
caráter vexatório. Assim, se a utilização da imagem foi feita sem a autorização do titular e o
conteúdo exibido for capaz de individualizar o ofendido, haverá violação do direito da
personalidade.
traz a ideia do que pertence à pessoa e, por isso, fora do alcance do interesse da coletividade.
27
legislador pátrio a Lei Geral sobre a Proteção de Dados Pessoais (Lei n.º 13.709/2018),
disciplinando a proteção de dados pessoais (cuida do tratamento dos dados pessoais, da forma
como os dados pessoais dos indivíduos podem ser armazenados por pessoas físicas ou jurídicas,
empresárias ou não).
Vale dizer que o direito à privacidade não admite exceção da verdade, uma vez que ao
investigar a verdade, haveria novamente violação à privacidade. Também, do mesmo modo que
personalidade fosse violado, o titular do direito deveria, posteriormente, entrar com uma ação
visando a reparação dos danos materiais e/ou morais14.
DIREITO AO ESQUECIMENTO15
28
tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento”.
criminais. Surge como parcela importante do direito do ex-detento à ressocialização. Não atribui
a ninguém o direito de apagar fatos ou reescrever a própria história, mas apenas assegura a
possibilidade de discutir o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o modo
e a finalidade com que são lembrados.
Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil do CJF. Traduz-se no direito de a pessoa não ser
lembrada eternamente pelo equívoco pretérito ou por situações constrangedoras ou vexatórias.
É uma forma de proteção à dignidade humana. Trata-se de uma orientação doutrinária que
inclui entre os direitos da personalidade previstos no CC, o direito de ser esquecido.
com maior razão, o mesmo deve ocorrer com os atos da vida privada. Para sua aplicação é
necessário que haja uma grave ofensa à dignidade da pessoa humana, que a pessoa seja
exposta de maneira ofensiva.
29
a vida, a honra, a imagem, o nome e a intimidade. Os parâmetros de aplicação serão fixados e
Conforme preceitua o art. 16 do CC: “Toda pessoa tem direito ao nome, nele
compreendidos o prenome e o sobrenome.”
Aspectos do nome:
30
Pseudônimo (heterônimo): é o nome utilizado em atividades profissionais lícitas, ou seja,
é o nome que identifica alguém tão somente em sua esfera profissional. Exemplo: Silvo
Santos; José Sarney.
Conforme dito, o pseudônimo é a designação escolhida pelo titular para ser usada
somente profissionalmente. Por sua vez, o hipocorístico é uma alcunha (apelido) que serve
para identificar alguém pessoal e profissionalmente. Exemplo: Xuxa, Pelé, Lula. Este por
identificar alguém pessoalmente pode ser acrescentado ou até mesmo substituído no nome.
Assim, o hipocorístico irá fazer parte do nome e gozar da proteção que lhe é garantida.
Mas, atenção, pois o pseudônimo também é protegido pelo CC, desde que usado para
atividades lícitas (art. 19).
autorizada, sob pena de responsabilidade, sendo vedada a utilização deste em publicação que
exponha o indivíduo ao desprezo público, ainda que não haja intenção difamadora.
“Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações
ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória17.”
“Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial.”
Imutabilidade relativa do nome). Contudo, nos termos da LRP, em seu art. 56, o titular do
17
Vide questão 2 do material
31
nome tem o direito de mudar imotivadamente o nome, no primeiro ano após a aquisição da
ser obrigado a retirar no divórcio. Importante dizer que tal mudança deve ser feita no
momento do casamento, caso queira ser feita posteriormente, necessitará de uma
transgenitalização ou de autorização judicial para tanto (STJ REsp 1.626.739-RS Info 608), em
atenção ao princípio da dignidade da pessoa humana.
O direito autoral é híbrido, uma vez que é ao mesmo tempo direito da personalidade
e direito real:
Nessa dualidade, o direito autoral é classificado como bem móvel e incorpóreo, não
18http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/Transexuais-t%C3%AAm-direito-
%C3%A0-altera%C3%A7%C3%A3o-do-registro-civil-sem-realiza%C3%A7%C3%A3o-de-cirurgia
19 STJ. 3ª Turma. REsp 1.304.718 SP, Rel. Min. Paulo Tarso Severino, julgado em 18/12/2014.
33
Como pode se proteger, então, o direito autoral? Este pode ser protegido por tutela
Vale dizer que o titular do direito autoral é o criador da obra, que pode ser pessoa
Em razão do caráter patrimonial dos direitos autorais, é admitida sua transmissão por
A Lei dos Direitos Autorais, dispõe em seu artigo 33, sobre a proteção contra a execução
pública, ou seja, quem executa em público o direito autoral deve pagar por ele.
Sobre o tema, o STJ tem a Súmula 63: “São devidos direitos autorais pela retransmissão
radiofônica de músicas em estabelecimentos comerciais.” Deste modo, o STJ possui
obra, sendo irrelevante o aferimento de lucro como critério indicador do dever de pagar
retribuição autoral.
do direito autoral tampouco, podendo somente atualizar a obra, quando houver autorização.
35
QUADRO SINÓPTICO
DIREITOS DA PERSONALIDADE
Intransmissíveis
Irrenunciáveis
Absolutos
Extrapatrimoniais
Impenhoráveis
Inatos
Características dos Imprescritíveis.
Direitos da Obs. 1: Na verdade, são direitos relativamente indisponíveis. O titular
Tutela Jurídica dos Art. 12, CC: Pode-se exigir que cesse a ameaça (tutela preventiva), ou
a lesão, a direito de personalidade, e reclamar perdas e danos (tutela
Direitos da
reparatória), sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.”
Personalidade
Não tem um rol taxativo.
Pode ocorrer por meio da tutela inibitória, com a aplicação de uma
Tutela Preventiva
pena de multa no caso de descumprimento; ou sub-rogatória, quando
o juiz manda fazer uma coisa específica, por exemplo.
Em regra, ocorre pela indenização por danos morais, que tem, na
Tutela Reparatória
verdade, caráter compensatório (e não reparatório).
36
Para o STJ, basta a violação a um direito da personalidade, para que
se configure o dano moral, ou seja, tem caracterização objetiva, sendo
in re ipsa.
Para o STJ, a fixação do valor indenizatório deve considerar o
desestimulo, o caráter pedagógico para que aquela conduta não
ocorra novamente
Dano moral coletivo: quando houver uma violação coletiva da
personalidade.
Tutela Coletiva dos
Tutela processual: por meio de ação civil pública.
Direitos da
Exemplos: danos difusos ao consumidor, dano ambiental.
Personalidade O valor da indenização reverte-se em favor do fundo criado
para esse fim (art. 13, Lei 7.347/1985).
Art. 13, caput, CC: Salvo por exigência médica, é PROIBIDO o ato de
disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente
da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Art. 13, §ú, CC É PERMITIDA disposição do próprio corpo para fins de
transplante de órgãos, desde que ocorra na forma estabelecida em lei
especial.
“Wannabes”: não é aceita pelo ordenamento brasileiro.
Mudança de sexo em Transexuais: a transgenitalização é permitida
pelo ordenamento.
Transplantes entre pessoas vivas: permitidos desde que:
Órgãos dúplices ou regeneráveis, cuja perda não implique risco
de vida ou deformidade ao doador;
Tutela Jurídica do Gratuidade do ato;
Corpo Vivo Beneficiário e doador devem integrar o mesmo grupo familiar
(caso não integrem, deve haver autorização judicial).
Barriga de aluguel: permitida desde que:
As partes sejam capazes;
Gratuidade do procedimento;
Impossibilidade gestacional da mãe biológica;
Mãe biológica e mãe hospedeira devem integrar o mesmo
núcleo familiar (caso não integrem, deve haver autorização
judicial).
Esterilização humana artificial: permitida desde que:
Lapso temporal mínimo de 60 dias entre a manifestação de
vontade e o procedimento cirúrgico.
Ter mais de 25 anos OU ter mais de 18 anos e mais de 2 filhos.
Autonomia do Art. 15, CC: Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco
de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica.
Paciente ou Livre
37
Consentimento Cabe responsabilização civil do médico caso ele descumpra, pois o
dever de informação é um dever anexo ao da boa-fé objetiva.
Informado
Art. 14, CC: É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição
gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte
Tutela Jurídica do (consagra o princípio do consenso afirmativo: o indivíduo deve
Corpo Morto manifestar sua vontade de ser um doador).
Se houver divergência entre a vontade expressa do falecido e da
família, deve prevalecer a da família.
Art. 5º, X, CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano
Direito à Honra material ou moral decorrente de sua violação.
Honra subjetiva: o que próprio titular pensa de si mesmo.
Honra objetiva: o que as pessoas pensam do titular do direito.
Art. 5º, V e X, CF.
Art. 20, CC: tutela o direito de palavra, à imagem e aos escritos.
Imagem RETRATO: caraterísticas fisionômicas da pessoa.
Imagem ATRIBUTO: exteriorização da personalidade do individuo.
A imagem atributo também é aplicável à pessoa jurídica.
Imagem VOZ: timbre sonoro identificador.
Súmula 403 STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela
publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos
ou comerciais.
Direito à Imagem Existe ofensa mesmo que a veiculação da imagem não tenha caráter
vexatório.
Art. 20: a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem.
Art. 20, §ú, CC: Se morto ou ausente o titular são legitimados
apenas: cônjuge, descendentes e ascendentes.
Não confunda com o art. 12, caput e §ú, que abrange todos os
diretos da personalidade e, caso morto o titular, são legitimados
além do cônjuge, descendentes e ascendentes, os colaterais até
o 4º grau.
Art. 21, CC: protege a intimidade do indivíduo (incluídos o direito ao
sigilo de correspondência, telefônico, e via internet).
Direito à Privacidade O direito à privacidade não admite exceção da verdade.
O STF entende inexigível a autorização prévia para a publicação de
biografias.
Direito ao Decorre do art. 5, X, CF; art. 21, CC; e da dignidade da pessoa humana
(art. 1º, III, CF).
Esquecimento
38
É o direito que um indivíduo tem de não aquiescer que um fato a ele
ocorrido, mesmo que verdadeiro, seja exposto ao público após um
grande período de tempo de seu acontecimento.
Uso excepcional, para que não viole o direito à informação e não
ocorra qualquer tipo de cencura. Em sua aplicação deve haver uma
ponderação entre a proteção à intimidade ou à imagem e a vedação
à censura e a garantia à livre manifestação do pensamento.
art. 16, CC: Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o
prenome e o sobrenome.
Aspectos do nome:
Prenome: identifica a pessoa, podendo ser simples ou composto;
Sobrenome (patronímico): identifica a origem ancestral. Não é
obrigatório constar primeiro o do pai ou da mãe.
Agnome: partícula diferenciadora que distingue pessoas que
pertencem à mesma família e possuem o mesmo nome (exemplo:
júnior, neto, filho, terceiro, etc).
Não são componentes do nome: títulos de nobreza (conde); títulos
pessoais (doutor); pseudônimo (nome que identifica alguém tão
Direito ao Nome somente em sua esfera profissional lícita).
Uso do nome alheio - dano in re ipsa (arts. 17 e 18, CC).
Em regra, é inalterável. Mas, há exceções, como a possuibilidade de
mudar imotivadamente o nome, no primeiro ano após a aquisição
da capacidade; a introdução do nome do cônjuge; a introdução de
alcunhas; a mudança do nome que expõe a pessoa ao ridículo, dentre
outras.
Os transexuais podem alterar o prenome e o sexo/gênero no
registro civil, independentemente de realização de cirurgia de
transgenitalização ou de autorização judicial.
É possível a exclusão dos sobrenomes paternos em razão de
abandono pelo genitor.
É bem móvel e incorpóreo, insuscetível de posse ou de usucapião.
O titular do direito autoral é o criador da obra, que pode ser pessoa
natural ou jurídica, podendo ser até mesmo o Estado.
Transmissão em vida: presumidamente onerosa e reconhece ao autor
Direito Autoral o direito irrenunciável à percepção de, no mínimo, 5% sobre o preço
de comercialização da obra.
Transmissão por morte: o direito autoral é transmitido pelo prazo de
70 anos, contados de 1º de janeiro do ano seguinte à morte do autor
Findo esse período, a obra cai em domínio público.
39
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(Banca: FCC - 2019 - TJ-MA - Analista Judiciário - Direito) Quando se tratar de morto, lesões
a direito da personalidade podem ser reclamadas, pleiteando-se perdas e danos, pelo cônjuge
sobrevivente ou por qualquer parente até o segundo grau.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista
neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o
quarto grau.
Temos, portanto, que quando se tratar de morto, lesões a direito da personalidade podem
40
Questão 2
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - Conciliador) A respeito de nome civil, assinale a
A) O nome da pessoa pode ser utilizado em propaganda comercial, mesmo sem a sua
autorização.
B) A utilização do nome de uma pessoa por outrem em publicação cujo conteúdo a expõe a
assegurada ao nome.
E) O nome da pessoa não pode ser utilizado em propaganda comercial, mesmo com a sua
autorização.
Comentário:
A) Errada. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial"
(art. 18 do CC). Em consonância com o art. 18 do CC, temos, ainda, o Enunciado 278 do
CJF: “A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada
pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui
violação a direito da personalidade".
B) Errada. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória" (art. 17 do CC). E mais: alguns doutrinadores, entre eles o Flavio Tartuce e a
Silmara Chinellato, consideram este dispositivo um retrocesso, pois, ainda que não haja
exposição da pessoa ao desprezo público, caberá a tutela do nome quando este for
41
utilizado indevidamente (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 15.
Este dispositivo protege tanto o nome das pessoas físicas, quanto das pessoas jurídicas.
No mais, os elementos que compõe o nome encontram-se arrolados no art. 16 do CC.
(REsp 1481124 / SC, Relator RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, DJe 13/04/2015).
qual se esconde um autor de obra artística, literária ou cientifica" (TARTUCE, Flavio. Direito
Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. v. 1. p. 194). A
Questão 3
qualquer parente em linha reta em caso de pessoa falecida, caso a ameaça ou lesão tenha o
condão de atingir o de cujus.
42
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
CERTO. Conforme o Art. 12, Parágrafo único, do CC, em se tratando de morto, terá
legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou
Questão 4
b) São renunciáveis.
d) São transmissíveis.
Comentário:
O gabarito da questão é a letra C, de acordo, novamente, com o art. 11, CC: “Com exceção
Questão 5
43
(CS-UFG – Câmara de Anápolis - Analista Administrativo - 2017) No tocante aos direitos da
personalidade, o artigo 12 do Código Civil de 2002 dispõe que “pode-se exigir que cesse a
ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de
outras sanções previstas em lei”. Em se tratando de pessoa morta, terá legitimação para requerer
a medida prevista neste artigo
Comentário:
Atenção! Tomem muito cuidado para não confundirem o parágrafo único do art. 12 com
o do art. 20.
Percebam que há mais partes legítimas no art. 12, parágrafo único, CC em que há uma
lesão geral aos direitos da personalidade.
44
Questão 6
(Banca: AOCP - 2021 - MPE-RS - Analista do Ministério Público) É vedado o ato de disposição
do próprio corpo que venha a contrariar os bons costumes, excepcionando-se a essa regra a
exigência médica ou posteriormente à morte, sendo possível, nesse último caso, que assim seja
feito com objetivo altruístico, caso realizado de forma gratuita.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
CERTO: Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial. Art. 14. É válida, com objetivo científico,
ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois
da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer
tempo.
Questão 7
( ) CERTO
45
( ) ERRADO
Comentário:
consta em qualquer norma jurídica, embora seja muito debatido, atualmente, pela doutrina e
jurisprudência. No que toca ao tema, também temos o Enunciado nº 531, do CJF: “A tutela da
detento à ressocialização.
de envolvimento na chacina da Candelária e que foi retratado pelo extinto programa “Linha
Direta", da TV Globo, mesmo após a absolvição criminal. A emissora foi condenada a indenizar
o autor da demanda, por danos morais, em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) (TARTUCE, Flavio.
Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 15. ed. Rio de janeiro: Forense, 2019. v. 1, p. 231).
Questão 8
46
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
De acordo com o STJ, o uso, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física
fotografada isoladamente em local público, em meio a cenário destacado, configura dano moral
mesmo que não tenha havido nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa na
divulgação. O dano moral decorre tão somente do fato de ter sido usada a imagem da
pessoa sem a sua autorização.
47
especial improvido”. (REsp 1307366/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
julgado em 03/06/2014, DJe 07/08/2014).
Questão 9
(Banca: FCC - 2019 - TJ-MA - Analista Judiciário - Direito) É válida, com objetivo científico,
apenas, a disposição gratuita do próprio corpo, desde que no todo, para depois da morte.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
Questão 10
(Banca: FCC - 2019 - TJ-MA - Analista Judiciário - Direito) Como regra, os direitos da
personalidade são irrenunciáveis mas transmissíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária.
( ) CERTO
( ) ERRADO
48
Comentário:
ERRADO. Prescreve o artigo art. 11 que, com exceção dos casos previstos em lei, os
direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu
exercício sofrer limitação voluntária.
Importante registrar aqui que, apesar de o Código Civil de 2002 fazer menção apenas à
três características, sendo elas, intransmissibilidade, irrenunciabilidade e indisponibilidade,
os direitos da personalidade, que são aqueles direitos subjetivos da pessoa de defender
o que lhe é próprio, ou seja, a vida, a integridade, a liberdade, a sociabilidade, a reputação
ou honra, a imagem, a privacidade, a autoria etc, são também inatos, absolutos,
intransmissíveis, imprescritíveis, impenhoráveis, inexpropriáveis e ilimitados.
49
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - D
Questão 3 - CERTO
Questão 4 - C
Questão 5 - D
Questão 6 - D
Questão 7 - CERTO
Questão 8 - ERRADO
Questão 9 - ERRADO
Questão 10 - ERRADO
50
QUESTÃO DESAFIO
51
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
De acordo com o STJ, a exposição pornográfica não consentida, mesmo que não seja
de nudez, configura uma grave lesão aos direitos da personalidade. Ademais, o fato de não
ser possível identificar o rosto de Jéssica nas fotos é irrelevante para a configuração dos
danos morais.
Federal. Ademais, no seu art. 5º, X, a Constituição Federal prevê que: “são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” Nestes termos, para garantir a
proteção aos direitos da personalidade, o respeitável doutrinador Carlos Roberto Gonçalves aduz
violação ao direito da personalidade de Jéssica, devendo tal atitude ser indenizada, inclusive
pela rede social que manteve a publicação após a solicitação de retirada.
52
PERSONALIDADE. INTIMIDADE. PRIVACIDADE. GRAVE LESÃO. (...) 4. A "exposição
pornográfica não consentida", da qual a "pornografia de vingança" é uma espécie,
constituiu uma grave lesão aos direitos de personalidade da pessoa exposta
indevidamente, além de configurar uma grave forma de violência de gênero que deve ser
combatida de forma contundente pelos meios jurídicos disponíveis. 5. Não há como
descaracterizar um material pornográfica apenas pela ausência de nudez total. Na
hipótese, a recorrente encontra-se sumariamente vestida, em posições com forte apelo
sexual. 6. O fato de o rosto da vítima não estar evidenciado nas fotos de maneira flagrante
é irrelevante para a configuração dos danos morais na hipótese, uma vez que a mulher
vítima da pornografia de vingança sabe que sua intimidade foi indevidamente
desrespeitada e, igualmente, sua exposição não autorizada lhe é humilhante e viola
flagrantemente seus direitos de personalidade. 7. O art. 21 do Marco Civil da Internet não
abarca somente a nudez total e completa da vítima, tampouco os "atos sexuais" devem
ser interpretados como somente aqueles que envolvam conjunção carnal. Isso porque o
combate à exposição pornográfica não consentida - que é a finalidade deste dispositivo
legal - pode envolver situações distintas e não tão óbvias, mas que geral igualmente dano
à personalidade da vítima. 8. Recurso conhecido e provido. (REsp 1735712/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/05/2020, DJe 27/05/2020).”
Desse modo, é possível verificar que a decisão da Corte Superior foi bastante acertada,
tendo em vista que a violação intimidade não ocorre apenas quando terceiros identificam tal
violação. O direito da personalidade é acima de tudo um direito inerente à pessoa e à sua
dignidade. Ademais, o art 7º da Lei nº 12.965/14 (Lei do Marco Civil da Internet) assegura a
“inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;” Com isso, Jéssica poderia muito bem solicitar uma
53
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Direitos da personalidade
“São cumuláveis as indenizações por dano moral e dano material oriundos do mesmo fato”
“São devidos direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas em estabelecimentos comerciais.”
“São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor
do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação”.
“A cobrança de direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas, em estabelecimentos hoteleiros, deve
ser feita conforme a taxa média de utilização do equipamento, apurada em liquidação”.
“A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa”.
“A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”.
54
Súmula 387, STJ
“Independe da comprovação do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com
fins econômicos ou empresariais”
55
JURISPRUDÊNCIA
STJ. 3ª Turma. REsp 1905614-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
No caso concreto, havia um consenso prévio entre os genitores sobre o nome a ser dado à filha. Esse acordo foi
unilateralmente rompido pelo pai no momento do registro da criança. Em palavras mais simples, os pais da criança
haviam ajustado um nome, mas o pai, no momento do registro, decidiu alterar o combinado. Trata-se de ato que
violou o dever de lealdade familiar e o dever de boa-fé objetiva e que, por isso mesmo, não deve merecer guarida
pelo ordenamento jurídico, na medida em que a conduta do pai configurou exercício abusivo do direito de nomear
a criança. Vale ressaltar que é irrelevante apurar se houve, ou não, má-fé ou intuito de vingança do genitor. A
conduta do pai de descumprir o que foi combinado é considerada um ato ilícito independentemente da sua
intenção. Houve, neste caso, exercício abusivo do direito de nomear o filho, o que autoriza a modificação posterior
do nome da criança, na forma do art. 57, caput, da Lei nº 6.015/73. Nomear o filho é típico ato de exercício do
poder familiar, que pressupõe bilateralidade e consensualidade, ressalvada a possibilidade de o juiz solucionar
eventual desacordo entre eles, inadmitindo-se, na hipótese, a autotutela.
Comentário: A escolha do nome da criança, formalizada em ato solene perante o registro civil consiste,
portanto, na concretização de muitos atos anteriormente praticados. Esses atos não ficam limitados à
esfera íntima dos pais, envolvendo também outras pessoas e atos concretos, como, por exemplo, a
confecção de enxovais, lembranças, decorações, além do recebimento de presentes com o nome da
criança.
STJ. 3ª Turma. REsp 1927423/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/04/2021 (Info
694).
56
Depois do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que alterou os arts. 3º e 4º do Código Civil,
não é mais possível declarar como absolutamente incapaz o maior de 16 anos que, em razão de enfermidade
permanente, encontra-se inapto para gerir sua pessoa e administrar seus bens de modo voluntário e consciente. A
Lei nº 13.146/2015 teve por objetivo assegurar e promover a inclusão social das pessoas com deficiência física ou
psíquica e garantir o exercício de sua capacidade em igualdade de condições com as demais pessoas. A partir da
entrada em vigor da referida lei, só podem ser considerados absolutamente incapazes os menores de 16 anos, ou
seja, o critério passou a ser apenas etário, tendo sido eliminadas as hipóteses de deficiência mental ou intelectual
anteriormente previstas no Código Civil. O instituto da curatela pode ser excepcionalmente aplicado às pessoas
com deficiência, ainda que agora sejam consideradas relativamente capazes, devendo, contudo, ser proporcional
às necessidades e às circunstâncias de cada caso concreto (art. 84, § 3º, da Lei nº 13.146/2015).
Comentário: Não confundir o curador do interditando, que é nomeado ao final, caso a ação seja julgada
procedente (art. 755, I, do CPC/2015), com o curador especial, que é designado logo no início da ação
e unicamente para resguardar os interesses processuais do interditando. Apesar de o nome ser parecido,
são figuras completamente diferentes. O curador à lide é um instituto processual, que só existe enquanto
perdurar o processo. O curador do interditando é uma figura de direito material, que vai surgir caso a
ação de interdição seja julgada procedente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1873918-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/03/2021 (Info 687).
É admissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge ainda na constância do vínculo conjugal. Exemplo hipotético:
Regina Andrade Medina casou-se com João da Costa Teixeira. Com o casamento, ela passou a ser chamada de
Regina Medina Teixeira. Ocorre que, após anos de casada, Regina arrependeu-se da troca e deseja retornar ao
nome de solteira. Ela apresentou justas razões de ordem sentimental e existencial. O pedido deve ser acolhido a
fim de ser preservada a intimidade, a autonomia da vontade, a vida privada, os valores e as crenças das pessoas,
bem como a manutenção e perpetuação da herança familiar.
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral
– Tema 786) (Info 1005).
57
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da
liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais
– especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as
expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.
Comentário: “(...) o direito ao esquecimento é, portanto, um direito (a) exercido necessariamente por
uma pessoa humana; (b) em face de agentes públicos ou privados que tenham a aptidão fática de
promover representações daquela pessoa sobre a esfera pública (opinião social); incluindo veículos de
imprensa, emissoras de TV, fornecedores de serviços de busca na internet etc.; (c) em oposição a uma
recordação opressiva dos fatos, assim entendida a recordação que se caracteriza, a um só tempo, por
ser desatual e recair sobre aspecto sensível da personalidade, comprometendo a plena realização da
identidade daquela pessoa humana, ao apresenta-la sob falsas luzes à sociedade.” (Anderson SCHREIBER.
Direito ao esquecimento e proteção de dados pessoais na Lei 13.709/2018. In: TEPEDINO, G; FRAZÃO, A;
OLIVA, M.D. Lei geral de proteção de dados pessoais e suas repercussões no direito brasileiro. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 376).
STJ. 3ª Turma. REsp 1772593-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/06/2020 (Info 674).
Em regra, a autorização para uso da imagem deve ser expressa; no entanto, a depender das circunstâncias,
especialmente quando se trata de imagem de multidão, de pessoa famosa ou ocupante de cargo público, há
julgados do STJ em que se admite o consentimento presumível, o qual deve ser analisado com extrema cautela e
interpretado de forma restrita e excepcional.
De um lado, o uso da imagem da torcida - em que aparecem vários dos seus integrantes - associada à partida de
futebol, é ato plenamente esperado pelos torcedores, porque costumeiro nesse tipo de evento; de outro lado,
quem comparece a um jogo esportivo não tem a expectativa de que sua imagem seja explorada comercialmente,
associada à propaganda de um produto ou serviço, porque, nesse caso, o uso não decorre diretamente da existência
do espetáculo.
A imagem é a emanação de uma pessoa, a forma com a qual ela se projeta, se identifica e se individualiza no meio
social. Não há violação ao direito à imagem se a divulgação ocorrida não configura projeção, identificação e
individualização da pessoa nela representada.
58
No caso concreto, o autor não autorizou ainda que tacitamente a divulgação de sua imagem em campanha
publicitária de automóvel. Ocorre que, pelas circunstâncias, não há que se falar em utilização abusiva da imagem,
tampouco em dano moral porque o vídeo divulgado não destaca a sua imagem, mostrando o autor durante poucos
segundos inserido na torcida, juntamente com vários outros torcedores.
STJ. 3ª Turma. REsp 1735712-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/05/2020 (Info 672).
Caso concreto: Paulo e Letícia eram namorados. Paulo tirou fotografias de Letícia em que ela aparece de biquini,
em poses sensuais, mas sem aparecer seu rosto. Após o fim do relacionamento, Paulo, como forma de vingança,
publicou tais imagens em um perfil criado no Facebook. Letícia denunciou as publicações por meio dos canais
disponibilizados pelo Facebook, no entanto, a plataforma não aceitou retirar as fotografias alegando que não são
fotografias pornográficas (considerando que não há nudez), além do fato de não estar sendo exposto de forma
evidente. O STJ não concordou com os argumentos do Facebook e o condenou a pagar indenização por danos
morais em favor da autora. A “exposição pornográfica não consentida”, da qual a “pornografia de vingança” é uma
espécie, constituiu uma grave lesão aos direitos de personalidade da pessoa exposta indevidamente, além de
configurar uma grave forma de violência de gênero que deve ser combatida de forma contundente pelos meios
jurídicos disponíveis. Não há como descaracterizar um material pornográfico apenas pela ausência de nudez total.
Neste caso concreto, a autora encontra-se sumariamente vestida, em posições com forte apelo sexual. O fato de o
rosto da vítima não estar evidenciado nas fotos de maneira flagrante é irrelevante para a configuração dos danos
morais na hipótese, uma vez que a mulher vítima da pornografia de vingança sabe que sua intimidade foi
indevidamente desrespeitada e, igualmente, sua exposição não autorizada lhe é humilhante e viola flagrantemente
seus direitos de personalidade.
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral
– Tema 786) (Info 1005).
Existindo evidente interesse social no cultivo à memória histórica e coletiva de delito notório, incabível o
acolhimento da tese do direito ao esquecimento para proibir qualquer veiculação futura de matérias jornalísticas
relacionadas ao fato criminoso cuja pena já se encontra cumprida. O chamado direito ao esquecimento, apesar de
ser reconhecido pela jurisprudência, não possui caráter absoluto. Em caso de evidente interesse social no cultivo à
memória histórica e coletiva de delito notório, não se pode proibir a veiculação de matérias jornalísticas
relacionados com o fato criminoso, sob pena de configuração de censura prévia, vedada pelo ordenamento jurídico
pátrio. Em tal situação, não se aplica o direito ao esquecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1736803-RJ, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 28/04/2020 (Info 670). STF Posteriormente a esse julgado, o STF decidiu que
ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado direito ao esquecimento: É incompatível com a
Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão da
passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de
comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e
de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os
relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas
previsões legais nos âmbitos penal e cível.
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral
– Tema 786) (Info 1005).
Matéria jornalística que, sob o pretexto de noticiar crime histórico, expõe a intimidade do atual marido e dos filhos
da condenada, pessoas que não têm relação direta com o fato, ofende o princípio da intranscendência ou da
60
pessoalidade da pena, descrito no art. 5º, XLV, da CF/88 e no art. 13 do Código Penal. Isso porque, ao expor
publicamente a intimidade dos referidos familiares em razão do crime ocorrido, a reportagem compartilhou
dimensões evitáveis e indesejáveis dos efeitos da condenação então estendidas à atual família da ex-condenada.
Especificamente quanto aos filhos, menores de idade, ressalta-se a Opinião Consultiva n. 17, de 28 de agosto de
2002 da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que entende que o melhor interesse das crianças e dos
adolescentes é reconhecido como critério regente na aplicação de normas em todos os aspectos da vida dos
denominados “sujeitos em desenvolvimento”. Ademais, a exposição jornalística da vida cotidiana dos infantes,
relacionando-os, assim, ao ato criminoso, representa ofensa ao direito ao pleno desenvolvimento de forma sadia e
integral, nos termos do art. 3º do ECA e do art. 16 da Convenção sobre os Direitos da Criança, promulgada pelo
Decreto nº 99.710/90. STJ. 3ª Turma. REsp 1736803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/04/2020
(Info 670). STF Posteriormente a esse julgado, o STF decidiu que ordenamento jurídico brasileiro não consagra o
denominado direito ao esquecimento: É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento,
assim entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados
verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais
excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a
partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade
e da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.
Comentário: O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir que
um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao
público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1648858-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/08/2019
(Info 655).
O cônjuge pode acrescentar sobrenome do outro (§ 1º do art. 1.565, do Código Civil). Em regra, o sobrenome do
marido/esposa é acrescido no momento do matrimônio, sendo essa providência requerida no processo de
habilitação do casamento. A despeito disso, não existe uma vedação legal expressa para que, posteriormente, no
curso do relacionamento, um dos cônjuges requeira o acréscimo do outro patronímico do seu cônjuge por meio
de ação de retificação de registro civil, especialmente se o cônjuge apresenta uma justificativa. Vale ressaltar que
o art. 1.565, §1º do CC não estabelece prazo para que o cônjuge adote o apelido de família do outro, em se
tratando, no caso, de mera complementação, e não alteração do nome. Assim, é possível a retificação do registro
civil para acréscimo do segundo patronímico do marido ao nome da mulher durante a convivência matrimonial.
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Comentário: É possível a alteração de assento registral de nascimento para a inclusão do patronímico
do companheiro na constância de uma união estável, em aplicação analógica do art. 1.565, § 1º, do CC,
desde que:
STJ. 3ª Turma. REsp 1.206.656-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/10/2012.
STJ. 3ª Turma. REsp 1693718-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/03/2019 (Info
645).
Não há exigência de formalidade específica acerca da manifestação de última vontade do indivíduo sobre a
destinação de seu corpo após a morte, sendo possível a submissão do cadáver ao procedimento de criogenia em
atenção à vontade manifestada em vida. A criogenia (ou criopreservação) é a técnica de congelamento do corpo
humano após a morte, em baixíssima temperatura, a fim de conservá-lo, com o intuito de reanimação futura da
pessoa caso sobrevenha alguma importante descoberta científica que possibilite o seu retorno à vida. Em outras
palavras, a criogenia consiste no congelamento de cadáveres a baixas temperaturas, com a finalidade de que, com
os possíveis avanços da ciência, sejam, um dia, ressuscitados.
Comentário: Outra forma de destinação do corpo humano para depois da morte não prevista em nossa
legislação que vem ganhando muitos adeptos no mundo todo é a criogenia.
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INEXISTÊNCIA DO DIREITO À INDENIZAÇÃO EM RAZÃO DA
DIVULGAÇÃO, NO JORNAL, DE IMAGEM DO CADÁVER MORTO EM
VIA PÚBLICA
STF. 2ª Turma. ARE 892127 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/10/2018 (Info 921).
Jornal divulgou a foto do cadáver de um indivíduo morto em tiroteio ocorrido em via pública.
Os familiares do morto ajuizaram ação de indenização por danos morais contra o jornal alegando que houve
violação aos direitos de imagem.
O STF julgou a ação improcedente argumentando que condenar o jornal seria uma forma de censura, o que afronta
a liberdade de informação jornalística.
NÃO.
O STF entendeu que o juiz assumiu o papel do jornalista e do jornal de escolher o conteúdo da
reportagem e ele próprio decidiu o que seria necessário ou não mostrar na matéria jornalística,
realizando, assim, restrição censória (censura) ao agir da imprensa.
O fato noticiado existiu (é verídico) e o juiz condenou o jornal unicamente por não ter feito o
“sombreamento” da imagem divulgada e que, na sua visão, seria necessária para não expor o cadáver.
Assim, para a Min. Cármen Lúcia, não houve exercício irregular ou abusivo da liberdade de imprensa,
que é assegurada pela Constituição Federal.
A decisão das instâncias inferiores condenando o jornal vai contra a jurisprudência do STF que garante
a liberdade de informação jornalística e proíbe a censura. Isso foi assentado pelo STF no julgamento que
declarou a não-recepção da Lei de Imprensa (ADPF 130).
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MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FARIAS, Cristiano Chaves de. Manual de Direito Civil - Volume Único - 2. ed. atual. e ampl. - Salvador: JusPodivm,
2018.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único - Volume Único - 8. ed. rev, atual. e ampl. - Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral v. 1. 10. ed. - São Paulo: Atlas, 2010.
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