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UNIDADE 3 – DIREITO, NORMAS E HERMENÊUTICA JURÍDICA.

FONTES E
PRINCÍPIOS
ENCONTRO 7
NORMA JURÍDICA E ORDENAMENTO JURÍDICO
Livro didático: Fundamentos Históricos e Introdução ao Estudo do Direito
Danilo Rafael da Silva Mergulhão e Danilo Valdir Vieira Rossi
Disponível no AVA

CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, bem-vindo à Unidade 3 da disciplina Fundamentos Históricos e Introdução
ao Estudo do Direito! Agora que você já passou pelo estudo introdutório dos
fundamentos históricos do direito nas unidades anteriores, nas próximas duas
unidades vamos nos direcionar de forma mais específica à introdução ao estudo do
direito.
Na unidade número três temos muitos pontos interessantes e práticos a estudar!
Dividida em três seções, na primeira delas estudaremos, entre outros conteúdos, a
relação entre norma e ordenamento jurídico na Seção 3.1, abordando conteúdos
interessantíssimos como o conceito de norma jurídica, sua validade e vigência. Temos
certeza que você já ouviu falar sobre a vigência de uma lei. São temas atuais,
cotidianos, que ouvimos falar o tempo todo, seja na televisão ou em um bate-papo
com amigos ou familiares. Mas, após a imersão nesta seção, você será capaz de
discutir esses temas com propriedade, com a confiança e a certeza de quem estudou.
Afinal, é para isso que você está aqui, não é mesmo?
Na Seção 3.2, estudaremos muitos assuntos interessantes e complexos, como a
diferença entre os sistemas da common law, e da civil law. Acreditamos que estes
ainda são temas inéditos, mas ao final da seção serão conceitos que você conhecerá
amplamente. O que dizer então sobre uma das perguntas mais difíceis de se
responder: O que é justiça? Você acredita que exista uma resposta única e direta?
Vamos construir, descontruir e reconstruir conceitos, afinal o direito é uma ciência
social viva!
Na última seção desta unidade, arremataremos com conceitos importantíssimos para
a aplicação das normas jurídicas. Estudaremos, pois, a hermenêutica jurídica, que,
nada mais é, a técnica que trata da interpretação das normas jurídicas. Sim, as
normas precisam ser interpretadas, e existem diversos métodos para que isso seja
feito, você consegue pensar em algum? Em breve você conhecerá vários! Vamos lá?

PRATICAR PARA APRENDER


Você está pronto para conhecer mais profundamente os “mistérios” da ciência
jurídica? Mas você não andará sozinho nessa aventura do conhecimento.
Agora que você já sabe tudo sobre os fundamentos históricos do direito, já podemos
começar a introduzir conceitos mais práticos como o conceito de norma jurídica, sua
validade e vigência! Esses são conceitos que você provavelmente já ouviu falar, e que
pode até saber o seu significado cotidiano. Mas agora você saberá de forma científica.
Mas o que falar sobre a repristinação de normas? Talvez você não conheça o tema e
pode até parecer difícil, mas não é, vamos desvendar juntos em breve! Também
estudaremos a sanção e revogação de normas, os conceitos mais facilmente
encontrados no dia a dia.
Falaremos também sobre a distinção entre direito público, privado e direitos
transindividuais. Afinal, será que existe mesmo diferença entre direito público e
privado?
Por fim, você vai aprender tudo sobre ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa
julgada. Sabe aquela conversa informal em que todo mundo fala sobre tudo, como se
entendesse do assunto? Não vai mais acontecer com você, pois ao final dessa seção
você saberá de verdade o significado de cada um desses conceitos. Preparado?
Larissa é uma jovem advogada, recém-formada, que fora contratada para atuar em
uma sociedade de advogados na cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo. Com
pouca experiência, mas muito conhecimento técnico, é requisitada para prestar
atendimento a uma cliente vinda da Inglaterra, Carolina, que anos atrás teve
problemas com um vizinho de sítio, que supostamente teria apanhado frutas de seu
pomar, sem o devido consentimento.
À época, sem provas, a cliente foi processada pelo vizinho Paulo, e teve de indenizá-lo
por danos morais. Entretanto, agora Carolina tem provas irrefutáveis do crime
cometido vinte anos atrás.
Agora, Larissa é chamada para sanar as dúvidas jurídicas da cliente Carolina. A
cliente, que reside no exterior há mais de duas décadas, teve que pagar uma
indenização por danos morais a Paulo, a quem acusou de ter cometido um furto.
Como não conseguiu provar o fato, Carolina foi condenada, na esfera cível, a
indenizar Paulo pelo dano moral sofrido. Contudo, vinte anos depois, a cliente afirma
que encontrou uma prova irrefutável de que Paulo teria cometido o delito. Desta forma,
ela afirma seu desejo de recorrer civilmente de sua condenação por danos morais,
reavendo os valores que foram pagos a Paulo.
Como Larissa deve orientar sua cliente neste caso?
Aqui você criará os alicerces que serão a base de todo o seu curso!

CONCEITO-CHAVE
Vamos então iniciar os nossos estudos falando sobre norma! Você sabe o que é uma
norma? Todos nós temos alguma ideia sobre o que é uma, afinal, vivemos em
sociedade e o nosso meio é permeado por normas. Desde a tenra infância
aprendemos a conviver com limites às nossas ações, podemos assim dizer, que as
normas são limitadoras dos comportamentos humanos.
Primeiramente, podemos buscar uma definição de norma no dicionário, que vai nos
dizer que além de ser um substantivo feminino, está relacionado àquilo que regula
procedimentos ou atos, regra, princípio, padrão, lei. Também é sinônimo de norma a
palavra costume, e padrão estabelecido. (FERREIRA, 2010)
Então, parece claro que normas são padrões, definições, regras, que condicionam as
nossas atitudes. E por que a existência de normas seria boa para um indivíduo? Por
que alguém gostaria de trocar a sua inteira liberdade para viver em uma sociedade
onde normas são impostas? A resposta é complexa e o debate extenso para o tempo
exíguo que temos, mas uma possível explicação é: precisamos nos limitar para que
todos tenham seus direitos respeitados.
Você provavelmente já ouviu alguém dizer: “o seu direito acaba onde começa o meu”.
Sim, as normas são necessárias para que as pessoas possam viver em sociedade,
harmonicamente, abandonando os tempos primitivos, nos quais o ser humano vivia
amedrontado, com medo constante de ser devorado ou pilhado.
Precisamos de normas, e elas existem há muito tempo. Antes do surgimento do
direito, antes do surgimento do Estado. Sim, as normas precedem o próprio direito tal
qual conhecemos ou minimamente sistematizado, pensado enquanto ciência. As
normas surgem milhares de anos atrás, socialmente, enquanto um pacto social para
que haja um mínimo de paz. (HOBBES, 2003)
Os seres humanos passam a viver em grupos e criam regras para que essa existência
seja o mais pacífica possível. E ao longo do tempo essas normas que são criadas de
forma espontânea passam a ser criadas de forma consciente, evoluindo à concepção
atual, das normas estatais, criadas por meio de um processo legislativo complexo que
também é regido por normas. (AZAMBUJA, 2000)
Mas então as normas sociais deixaram de existir quando as normas jurídicas, aquelas
que se transformam em leis, passaram a ser predominantes? Certamente não. Por
maior que seja o apetite legiferante, por mais que se tente legislar sobre a vida como
um todo, existem diversos atos que são irrelevantes para o mundo jurídico, ou que
invadem a esfera privada, ou que ainda não tenham sido previstos pelo legislador!
Pensem, por exemplo, no direito a pensar! Poder-se-ia criar uma norma jurídica
restringindo o direito ao pensar? Ora, além de flagrantemente inconstitucional, por
atentar contra direitos fundamentais, tal proibição seria, ao menos nos dias de hoje,
ineficaz, pois como controlar o pensamento de alguém? Não devemos, pois, nos
esquecer do exemplo e taxá-lo absurdo, pois a evolução tecnológica pode e nos levará
a situações jamais imaginadas.
Vamos então falar sobre o que as pessoas fazem em seus ambientes privados, sobre
como dormem, o que e como comem, com qual sotaque pronunciam as palavras!
Temos aí exemplos de fatos que as normas jurídicas não exercem regulação. Não
deveriam, nem poderiam, posto que da esfera pessoal de cada um. Entretanto, é
verdade que as pessoas podem dormir, comer e falar como quiserem ou será que
existe uma norma social que as julgam, ao menos moralmente?
As normas sociais podem conviver e coincidir com as normais jurídicas, podem existir
sem que existam normais jurídicas, e muitas vezes podem ser contrárias a estas.
Exemplo clássico no Brasil é o uso do cinto de segurança, ou a sua falta de uso. Para
mudar essa realidade, o legislador criou uma norma jurídica obrigando a utilização do
referido equipamento de segurança nos automóveis, criando uma penalidade para os
que infringissem a norma.
Tentou-se, com sucesso, modificar um padrão, um costume social, por meio de uma
norma jurídica. Aqui chegamos a um ponto importante do debate. Toda norma jurídica
é acompanhada de uma sanção? Não, nem toda norma jurídica prevê a aplicação de
uma penalidade para o seu descumprimento. Quando falamos em norma jurídica não
estamos falando em sanção, mas em normas que foram criadas pelo poder público,
com caráter geral e abstrato.
Ou seja, as normas jurídicas têm como característica fundamental a submissão geral,
ou seja, são feitas para todos! Também não são feitas para um caso concreto,
existente, e sim para fatos abstratos, hipotéticos, que ainda não ocorreram. Ou seja,
não tem como objetivo regulamentar um comportamento pretérito, e sim os
comportamentos futuros.
E essas normas podem não prever nenhuma sanção em caso de descumprimento, o
que certamente enfraquece o seu poder de dissuasão, mas nem por isso deixam de
ser normas jurídicas. Além disso, existem aquelas normas jurídicas que, muito embora
prevejam penalidades para o seu descumprimento, acabam entrando em desuso pelo
seu constante descumprimento social. São normas jurídicas muitas vezes antigas, que
ficaram suplantadas pelo desenvolvimento histórico-social, ou mesmo normas que,
embora atuais, não foram socialmente aceitas.

ASSIMILE
É importante lembrar que as normas, jurídicas ou sociais, representam um povo, que é
a base de sua existência. E que, em se tratando de um organismo vivo, quando um
povo repudia determinada norma, ela, invariavelmente, acaba deixando de existir, seja
pela falta de uso, seja pela sua revogação.

Antes de adentrar em novos conceitos, apenas para arrematar o debate, devemos nos
referir também a outros tipos de normas sociais, como as religiosas. Dissemos que
não existe sanção formal para o cumprimento de normas sociais, muito embora
aqueles que as descumpram possam sim, sofrer sanções coletivas, como ser afastado
da convivência de determinado grupo. Já nas normas sociais religiosas, no Brasil, em
um contexto de estado democrático de direito, já que não podemos aqui estudar todas
as realidades estrangeiras, incluindo as de estados que têm a religião como base, a
punição para o descumprimento de normas religiosas viria, principalmente, do ser
divino, seja durante a vida, seja após ela (AZAMBUJA, 2000).
Vale dizer que a fonte das normas jurídicas é o próprio ordenamento jurídico, que tem
sua base no texto constitucional, que direciona todas as demais normas emanadas,
por meio dos procedimentos legislativos por ele previstos. Já as normas sociais
surgem do convívio social, modificam-se com o tempo, através dos chamados
costumes. Diferenciando-se das normas religiosas, geralmente baseadas em livros
religiosos como a bíblia, a torá, ou o alcorão, muito embora as normas presentes
nesses sejam interpretadas e reinterpretadas de modo diverso ao longo do tempo e
nos diferentes povos (LIMA, 2000).
Podemos dizer que as normas sociais possuem como características principais o seu
aspecto social, a unilateralidade, uma vez que determinam deveres que não podem
ser exigidos, a incoercibilidade pois não sofre intervenção estatal, possuem
capacidade de sanção difusa, como a reprovação, a crítica ou a censura, e a isonomia
por classes e níveis de cultura, posto que ela difere em função da cultura ou do nível
social (NADER, 2017).
Por outro lado, “a norma jurídica prescreve o que deve ser a conduta dos simples
indivíduos, autoridades e instituições da vida social. E é exatamente isso que a
distingue da lei da natureza” (DINIZ, 2004, p. 368). São normas estatais, exigíveis
(incluindo o uso de meios coercitivos do Estado, como multas, advertências, privação
da liberdade, etc.), e que se aplicam de maneira geral e abstrata.
É importante ressaltar que as normas jurídicas podem se direcionar a pessoas
específicas, como por exemplo o presidente da república, entretanto, o caráter geral e
abstrato continua, uma vez que não é feita para uma pessoa específica, e sim para
aquele que ocupa momentaneamente o cargo, como podemos observar no artigo 84
da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
Quanto à classificação das normas jurídicas, podemos dividi-las quanto à sua
imperatividade – absoluta ou relativa. Serão normas de imperatividade absoluta
quando ordenem ou proíbam algum ato. Como exemplo, a penalidade imposta a quem
pratica o crime de roubo. Já as normas permissivas são aquelas que garantem ao
indivíduo uma liberdade de ação, podendo ou não realizar o ato que regulam. Por
exemplo, realizar um contrato de aluguel (MORAES, 2001).
Podemos classificá-las, também, quanto à sua hierarquia, normas constitucionais na
base do sistema, e as demais normas, como as leis complementares, ordinárias,
medidas provisórias, decretos, regulamentos, entre outros. Quanto ao órgão
legiferante, criador da norma, temos que as normas jurídicas podem ser emanadas
pelos diferentes poderes constituídos, como legislativo, executivo e judiciário, muito
embora seja legislar a atribuição principal do primeiro deles (MORAES, 2001).
Levando-se em consideração o alcance das normas, temos aquelas que possuem
validade em todo território nacional, em determinado estado, ou município, a depender
da competência legislativa de cada ente, conforme determinado pelo texto
constitucional, art. 24 e seguintes. (BRASIL, 1988).
As normas também podem se classificar quanto à sua aplicabilidade, sendo
autoaplicáveis quando não dependem de nenhuma outra para serem exigidas, como o
direito à liberdade de ir e vir, ou podem ser normas que dependem de uma legislação
posterior que a regulamente (DINIZ, 2004).
Por fim, podemos classificá-las entre normas substantivas (ou materiais) e adjetivas
(ou processuais), sendo as primeiras aquelas que criam relações jurídicas entre os
indivíduos, que criam direitos ou regulamentam comportamentos, por exemplo,
enquanto as adjetivas são aquelas relacionadas ao direito processual, como devem se
desenvolver os processos judiciais (DINIZ, 2004).
Adiante em nossos estudos sobres as normas jurídicas, precisamos definir alguns
conceitos que dizem respeito à sua existência. Como dissemos, normas jurídicas são
aquelas promulgadas pelo Estado por meio de um processo legislativo, em especial,
temos a criação de leis pelo Poder Legislativo, a nível federal, estadual e municipal.
Como determinar se uma norma jurídica é válida ou se ela é vigente? Precisamos
entender esses conceitos. Uma norma jurídica é válida quando a sua criação seguiu
todos os passos do processo legislativo, desde a sua propositura, observadas
competências, até a sua sanção, e posterior publicação que é o momento no qual ela
se torna pública para conhecimento de todos. (MORAES, 2001)
Importante ressaltar que nem todas as normas jurídicas devem ser sancionadas.
Sanção é um ato do chefe do Poder Executivo (presidente, governador ou prefeito),
que aprova ou veta um projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo.
Após a sanção o projeto vai à publicação para que todos tenham conhecimento da
nova norma jurídica. Contudo, geralmente, as normas não começam a sua vigência,
ou exigibilidade, com a publicação. Em geral, deve-se observar um período de
vacância da lei, que é um tempo estipulado pelo legislador para que a população
possa tomar conhecimento e se adequar à nova norma, e que essa passe a surtir seus
efeitos.
Devemos lembrar que nem toda lei é sancionada. As emendas constitucionais são
aprovadas pelo Congresso Nacional, não dependendo de sanção do presidente. Da
mesma forma, os vetos a projetos de lei realizados pelo Poder Executivo são
examinados pelo Poder Legislativo, que, ao decidir pela não manutenção do veto,
passa a promulgação da norma. Em ambos os casos, a lei se torna válida somente
após a sua publicação.
A revogação de uma lei, entretanto, poderá ocorrer de forma expressa – quando uma
nova lei declara que a anterior deixou de ter validade, ou de forma tácita – quando
nova lei é incompatível ou modifica lei anterior. O instituto da repristinação, por sua
vez, ocorre quando uma lei nova, revogadora de uma lei anterior, perde sua validade,
trazendo de volta a validade da primeira. A repristinação não é admitida em nosso
ordenamento (MORAES, 2001).
Adiante, temos a distinção tradicional das normas de direito público e de direito
privado. Seriam normas de direito público aquelas relacionadas a assuntos de Estado,
como as normas constitucionais, as leis penais, as normas tributárias, o direito
administrativo, o direito processual, entre outros. Importante lembrar que as normas
estatais são impositivas, obrigatórias, sendo o Estado dotado do poder de
coercibilidade para forçar o seu cumprimento.
Por outro lado, as normas de direito privado seriam aquelas que dizem respeito às
relações privadas, entre particulares, como aquelas regidas pelo direito civil. Também
podemos citar as normas referentes ao direito empresarial, que regulamenta as
relações societárias. (AZAMBUJA 2000).
As normas de direito transindividual seriam aquelas relacionadas a direitos difusos, da
coletividade, ou individuais homogêneos, que abrangeriam uma massa de pessoas
não individualizada. Podemos citar como exemplo os direitos sociais, como o direito do
consumidor, e os direitos relacionados ao meio ambiente (MORAES, 2001).
Por fim, devemos falar sobre três conceitos importantíssimos para os nossos estudos,
e que estão presentes no artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal de 1988, ao
afirmar que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada” (BRASIL, 1988). Em primeiro lugar, direito adquirido é aquele que já se
incorporou totalmente à titularidade de alguém, após terem sidos cumpridos todos os
requisitos da norma. O ato jurídico perfeito, por sua vez, é aquele ato que já se
realizou totalmente durante a vigência de uma determinada norma. Por fim, a coisa
julgada ocorre quando, em uma ação judicial, não seja cabível mais nenhum tipo de
recurso.
Observamos, portanto, que os três conceitos trazem a ideia de imutabilidade de algum
ato ou fato, o que é muito importante para que as relações sociais possam ser
pacificadas. Imagine, anos após o trânsito em julgado de uma ação (quando não são
admitidos novos recursos), com a consequente realização da coisa julgada, pudesse
uma das partes, inconformada, novamente discutir aquele assunto. Vale lembrar que a
coisa julgada – quando não são cabíveis novos recursos – pode ser material ou
formal. A coisa julgada material trata da impossibilidade de discutir os fatos
controvertidos em uma ação judicial, enquanto a coisa julgada formal representa a
impossibilidade de controverter as leis ou os atos processuais.

EXEMPLIFICANDO
Podemos imaginar também uma relação de compra e venda que se realizou em
determinado momento, seguindo todos os ritos legais. Anos após, com a promulgação
de uma nova lei, aquele contrato anteriormente firmado não deverá ser modificado,
tendo em vista que, no momento da celebração seguiu todos os requisitos legais,
gerando um ato jurídico perfeito.

Ainda exemplificando, ao falarmos sobre direito adquirido, podemos nos referir àquele
cidadão, já aposentado, que não poderá ser desaposentado caso as leis
previdenciárias sejam modificadas em momento posterior.

REFLITA
Diante de tudo o que foi estudado, como você credita os conceitos de validade às
normas jurídicas e às sociais? Teriam elas uma validação social igual – e consequente
respeito – ou teriam uma valoração diferente? Normas sem punição são menos
respeitadas?

Agora você pode continuar os seus estudos nas referências bibliográficas que
deixamos aqui, para que possa ir além, assimilando ainda mais os conteúdos!

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
O ordenamento jurídico, composto pelas normas que regem as relações sociais, tem,
como um dos objetivos principais, a regulação das interações sociais, gerando um
convívio sadio entre os membros da sociedade, que podem resolver suas
controvérsias por meio do Poder Judiciário, quando não forem capazes de solucioná-
las sozinhos.
Existem situações em que as situações jurídicas existentes não podem ser
modificadas, levando-se em conta a necessidade de pacificação social. Qual dos itens
a seguir não representa um instituto no qual a situação jurídica existente não poderá
ser modificada?

a. Coisa julgada.
b. Repristinação.
c. Direito adquirido.
d. Ato jurídico perfeito.
e. Prescrição.
Questão 2
Normas podem ter naturezas diversas, como as sociais, desenvolvidas pelos
costumes, aquelas que são criadas pelas entidades religiosas, bem como aquelas
próprias do Estado, chamadas normas jurídicas.
Sobre as características das normas jurídicas, marque a incorreta:

a. Normas jurídicas são gerais.


b. Normas jurídicas são abstratas.
c. Normas jurídicas são produzidas somente pelo Poder Legislativo.
d. Normas jurídicas são emanadas do Estado.
e. Normas jurídicas podem conter sanções.
Questão 3
Uma lei para ser aprovada deve percorrer um longo caminho, desde a sua propositura,
passando pela análise de diversas comissões, como a de constitucionalidade,
passando pelo processo de votação, a sanção pelo Poder Executivo, sua promulgação
e publicação. Após tal trâmite, passará a ter validade e posteriormente vigência.
Sobre o processo legislativo, um projeto de lei vetado pelo chefe do Poder Executivo
poderá, exceto

a. Ser convertido em lei caso o veto seja derrubado pelo órgão legislativo.
b. Caso o veto seja derrubado a lei passará a vigência imediata.
c. Caso o veto não seja derrubado pelo Legislativo, o projeto de lei não se converterá
em lei.
d. Ser promulgado pelo Poder Executivo em caso de derrubada do veto.
e. Ser apreciado em sessão conjunta do Congresso Nacional.

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