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TRIBUNAIS
DIREITO CIVIL
CAPÍTULO 10
Olá, aluno!
Afinal, queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior
aproveitamento, pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou
comentários, entre em contato através do e-mail pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para
a gente!
Acreditamos que com esses recursos você estará munido com tudo que precisa para
alcançar a sua aprovação de maneira eficaz. Racionalizar a preparação dos nossos alunos é
mais que um objetivo para o CERS, trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos
agora para o estudo da disciplina.
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Recado para você que está assistindo às videoaulas
Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:
Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;
A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se
o capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é
baseada no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público,
por isso, nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou
legislativa;
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CAPÍTULOS
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SOBRE ESTE CAPÍTULO
Finalmente começamos a parte especial do Código Civil! Iremos tratar aqui sobre as
obrigações no direito civil, então, tenham muita atenção, pois este tema é fundamental tanto
por si só, como para compreender os Contratos do Direito Civil.
Este assunto será divido em dois capítulos, nesse Capítulo 10 vamos tratar da
introdução à teoria das obrigações, de seus elementos, de suas classificações e das suas
formas de transmissão.
Muitos dizem que o tema das obrigações é o coração do Direito Civil. Portanto, por
mais extenso que sejam os próximos capítulos, é hora de muita concentração.
A leitura da lei seca é (como sempre) essencial, para provas da Carreira de Tribunais.
Sabendo a letra da lei vocês responderão a maioria das questões de provas objetivas.
Contudo, nunca esqueça da importância das decisões de nossos Tribunais Superiores;
Pegue seu Vade Mecum, seus marca textos e vamos aos estudos!
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SUMÁRIO
Capítulo 10 ................................................................................................................................................ 8
GABARITO ............................................................................................................................................... 57
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GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 59
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 63
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DIREITO CIVIL
Capítulo 10
Preparados para adentrar o Direito das Obrigações? Para os capítulos 10 e 11, leia
primeiro os artigos referentes ao tema no Código Civil. Acreditamos que isso vai facilitar o
entendimento de vocês!
Civil.
Tem-se, assim, que a relação jurídica obrigacional é uma relação pessoal e horizontal,
pois vincula pessoas (credor e devedor) horizontalmente. Diferentemente, a relação jurídica
real, disciplinada pelos direitos reais é vertical, vinculando um sujeito a uma coisa.
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10.1 Conceito
credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa,
devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento (cumprimento) através de
seu patrimônio.
Ou seja, obrigação nada mais é que o direito do credor contra o devedor; confere-se
ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de
determinada prestação, sendo que no caso de descumprimento poderá o credor satisfazer-se
no patrimônio do devedor (art. 391, CC).
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Sujeito Ativo: É o credor, o beneficiário da obrigação; pessoa (física ou jurídica) a
cumprimento.
Em cada um desses polos (ativo ou passivo) pode haver mais de um credor ou devedor.
Além disso, estas posições nem sempre são estáticas. Ex.: em uma compra e venda ambos
são credores e devedores simultaneamente: o comprador é credor da coisa, mas é devedor do
complexa.
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10.2.2 Elemento Objetivo (ou material)
Ainda, há o objeto mediato, que é o bem, propriamente dito. Ex.: “A” deve entregar um
quadro a “B”. O objeto imediato, que é a prestação, é a obrigação de dar. Já o quadro é o
bem sobre o qual recai o direito, sendo considerado como o objeto mediato.
O objeto (prestação), para ser válido, deve ser lícito, possível (física e juridicamente),
determinado ou determinável e economicamente apreciável.
É admissível a obrigação que tenha por objeto um bem não econômico, desde que seja
Trata-se do vínculo que liga os sujeitos ao objeto da obrigação; é o elo que sujeita o
devedor a determinada prestação (positiva ou negativa) em favor do credor (Ex: um acidente
Quanto ao tema, o alemão Alois Brinz desenvolveu a teoria dualista do vínculo dos
elementos que compõem a obrigação. De acordo com a teoria, a essência da obrigação está
1
Vide questão 3 do material
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na responsabilidade, de maneira que o devedor deve ser responsável, com o seu patrimônio,
Haftung: responsabilidade;
imediato da obrigação (dar, fazer ou não fazer). Não cumprindo este dever jurídico, surge a
responsabilidade civil. A responsabilidade civil não está à parte, mas passa a integrar o
conceito de obrigação. Ou seja, esta é consequência jurídica e patrimonial do
para exigir obrigações de: dar (coisa certa ou incerta), fazer, não fazer e obrigações
alternativas.
Nessa senda, pode-se afirmar que as obrigações produzem efeitos DIRETOS e INDIRETOS:
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Os indiretos são os direitos conferidos pela Lei ao credor para obter o adimplemento
preciso da obrigação ou o ressarcimento por perdas e danos, ou os dois ao mesmo
tempo.
Negócio Jurídico Bilateral: duas pessoas criam obrigações entre si. Ex: os
contratos de uma forma geral (compra e venda; locação, etc.). É a principal e maior
fonte de obrigação.
Negócio Jurídico Unilateral: nestes casos só há uma vontade, ou seja, apenas uma
pessoa se obriga. Ex: promessa de recompensa.
Atos Ilícitos: quem comete um ato ilícito (art. 186, CC) fica obrigado a reparar o
A doutrina ainda acrescenta a lei como fonte de obrigação, uma vez que em nosso direito
ela é a fonte primária ou imediata de qualquer obrigação (“Ninguém é obrigado a fazer ou
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Isto é, o contrato cria apenas a obrigação, mas não opera a transferência da propriedade.
Esta somente se concretiza com a tradição (entrega - bens móveis) ou pelo registro (bens
imóveis).
A palavra DAR, juridicamente tem mais de um sentido. Dar pode significar transferir a
posse e a propriedade da coisa, como também, haverá obrigação de dar, quando apenas a
posse é transferida. Na locação, o locador tem a obrigação de dar a posse.
Específica: Obrigação de dar coisa certa (artigo 233 CC; ex: uma joia, um carro, um
livro, etc.);
Genérica: Obrigação de dar coisa incerta (artigo 243 CC; ex: a obrigação de dar um
individualizada (ex: a vaca “Mimosa” ou a camisa do Pelé), podendo ser móvel ou imóvel. A
regra básica é a de que o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa
(art. 313, CC)2. Abrange a obrigação de transferir a propriedade (ex: compra e venda), ou a
de entregar a posse (ex: locador ou comodante que deve entregar a coisa).
acessórios (acessório segue o principal), salvo se as partes estipularem de modo diverso (art.
233, CC). Ex: vendo a chácara “Alegria”, mas estabeleço que posso retirar todos os bens
móveis da chácara.
2
Vide questão 5 do material
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O devedor deve conservar adequadamente a coisa que irá entregar ao credor, bem
como defendê-la contra terceiros, como se fosse sua. Mas mesmo assim a coisa pode se
perder. Até a entrega da coisa, essa ainda pertence ao devedor.
Por ser prestação específica, de conteúdo certo, o credor não se obriga a aceitar
prestação diversa da que lhe é devida (Princípio da identidade física da prestação), ainda
SEM CULPA DO DEVEDOR (artigo 234 e 235 CC)3: não sendo culpado o devedor,
COM CULPA DO DEVEDOR (artigo 236 CC): se a coisa se perdeu por culpa do
devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em
que se acha, com direito de reclamar, indenização por perdas e danos.
Sempre que houver o descumprimento de uma obrigação por culpa do devedor, poderá ser
exigida indenização por perdas e danos. LEMBREM-SE: CULPA → PERDAS E DANOS. Por sua
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Vide questão 2 do material
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Qual a diferença entre perda e deterioração? A última é a redução da funcionalidade
ou valor agregado de uma coisa, de modo que ela ainda exista, mas tenha um valor reduzido
no mercado. Já, com a perda a coisa não mais possui utilidade, função ou valor algum.
OBRIGAÇÃO DE DAR
SEM CULPA COM CULPA
RESOLVE A VALOR EQUIVALENTE
PERDA
OBRIGAÇÃO PARA +
AS PARTES PERDAS E DANOS
RESOLVE A
OBRIGAÇÃO VALOR EQUIVALENTE
OU +
DETERIORAÇÃO ACEITA A COISA PERDAS E DANOS
COM
ABATIMENTO DO (Em qualquer dos casos)
PREÇO
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
SEM CULPA COM CULPA
RESOLVE A VALOR EQUIVALENTE
PERDA
OBRIGAÇÃO PARA +
AS PARTES PERDAS E DANOS
VALOR EQUIVALENTE
CREDOR RECEBE A
OU
COISA NO
DETERIORAÇÃO ACEITAR A COISA COM O ABATIMENTO
ESTADO EM QUE
DO PREÇO
SE ENCONTRAR
+
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PERDAS E DANOS (em qualquer dos casos)
Res perit domino: o dono é o único a sofrer as perdas oriundas de caso fortuito,
pois neste caso não se constata a existência de culpa.
Coisa incerta indica que a coisa não é única, singular e exclusiva, como na obrigação
de dar coisa certa. O objeto é indicado apenas de forma genérica no início da obrigação. No
entanto, o objeto deve ser determinável pelo gênero e quantidade, faltando determinar a
qualidade. Ex: entregar dez bois. A princípio parece ser uma obrigação de dar coisa certa. No
entanto se eu tenho uma boiada de mil bois e devo entregar dez, quais os dez bois que eu
irei entregar se eles ainda não foram individualizados? Por isso chamados de obrigação de dar
a coisa incerta (ou genérica).
Assim, coisa incerta não quer dizer “qualquer coisa”, mas sim coisa sujeita a
A individualização se faz pela escolha da coisa devida, pela média qualidade, ou seja,
não deverá ser escolhida a melhor e nem a de pior qualidade, respeitando o princípio da boa-
fé. Trata-se de um ato jurídico unilateral, também chamado de concentração de débito ou
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concentração da prestação devida, que se exterioriza pela pesagem, medição, contagem, etc. A
escolha cabe, em regra ao devedor, salvo se for estabelecido de modo diverso no contrato
(neste caso, por exceção, a escolha caberá ao credor ou a uma terceira pessoa estranha ao
negócio).
Segundo o art. 246, CC, antes da escolha não pode o devedor alegar perda ou
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito (genus nunquam perit - o
gênero nunca perece). Ex.: Se “A” deve cem laranjas a “B” não pode deixar de cumprir a
obrigação alegando que as laranjas se estragaram, pois cem laranjas são cem laranjas, e se a
plantação de “A” se perdeu ele pode comprar as frutas em outra fazenda. No entanto, após a
escolha, caso as laranjas se percam (ex: incêndio no armazém) a obrigação se extingue,
voltando as partes ao estado anterior, devolvendo-se eventual preço pago, sem se exigir
perdas e danos.
Na falta de disposição contratual, estabelece a lei que o devedor não poderá dar a coisa pior,
juros.
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Segundo o art. 315, CC, o pagamento em dinheiro será feito em moeda corrente. Deve
ser realizado no lugar do cumprimento da obrigação e pelo seu valor nominal, ou seja, em
real (que é nossa unidade monetária atual). São nulas as convenções de pagamento em ouro
Outras formas de pagamento (ex: cheque, cartão de crédito ou débito, etc.) são
termos do art. 248, CC, se não houver culpa (força maior ou caso fortuito) resolve-se a
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obrigação sem indenização. Ex: cantor que ficou afônico, mercadoria que deveria ser
entregue não é mais achada no mercado, etc. Repõem-se as partes no estado anterior da
obrigação. Por outro lado, se o próprio devedor criou a impossibilidade, ele responderá por
Fungível quer dizer que a prestação do ato pode ser realizada pelo devedor ou por
terceira pessoa, sem prejuízo para o credor (ex: obrigação de pintar um muro – em tese
qualquer pessoa pode pintar um muro, por isso é uma obrigação fungível).
do devedor, não se exigindo capacidade especial deste para realizar o serviço. Trata-se da
aplicação do art. 249 do Código Civil.
personae)
A prestação só pode ser executada pelo próprio devedor ante a sua natureza
danos (art. 247, CC), pois não se pode constranger fisicamente o devedor a executá-la. No
entanto, atualmente, admite-se a execução específica da obrigação. Isto é, pode ser imposta
pelo Juiz (e somente pelo Juiz), uma multa periódica (chamada de astreinte).
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10.4.3 Obrigação de Não Fazer (artigo 250 e 251 CC)
Obrigação de não fazer é aquela pela qual o devedor se compromete a não praticar
certo ato que até poderia livremente praticar se não houvesse se obrigado. Seu conteúdo
é uma omissão ou abstenção, um ato negativo. Ex: proprietário se obriga a não construir um
muro acima de certa altura para não obstruir a visão do vizinho; inquilino se obriga a não
trazer animais domésticos para o cômodo alugado, etc. Estas obrigações podem ser bem
variadas, mas é evidente que as imorais e antissociais, ou que sacrifiquem a liberdade das
Além disso, pode haver um limite temporal para a obrigação. Se a pessoa praticar o
ato que se obrigou a não praticar, tornar-se-á inadimplente e o credor poderá exigir o
pessoal e só pode ser cumprida pelo próprio devedor (personalíssima e indivisível). Por isso se
“A” se comprometer a não elevar o muro a certa altura e depois de algum tempo ele vender a
propriedade, quem comprou não terá essa obrigação (a menos que se faça um novo
contrato).
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10.4.4 Obrigações quanto a seus elementos
efeito.
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Obrigações Alternativas (ou Disjuntivas): Também são compostas pela
multiplicidade de prestações, porém estas estão ligadas pela disjuntiva “ou”.
Assim, embora a obrigação tenha duas ou mais prestações, apenas uma delas
será cumprida como pagamento. O devedor se desonera com o cumprimento
de qualquer uma delas. Ex: obrigo-me a entregar um touro ou dois cavalos;
vendo a casa por cem mil ou troco por dois terrenos na praia.
podendo exigir a prestação principal; somente o devedor é que pode optar pela prestação
facultativa.
Havendo vários devedores cada um responde pela dívida inteira, como se fosse um
único devedor. O credor pode escolher qualquer um e exigir a dívida toda. Mas, se houver
vários credores, qualquer um deles pode exigir a prestação integral, como se fosse único
credor (art. 264, CC).
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Aluno, muita atenção aqui! A solidariedade NUNCA PODE SER PRESUMIDA. Nos termos do
artigo 265, ela resulta da lei ou das vontades das partes, devendo sempre estar expressa (ou
na lei ou no acordo). Assim, em uma questão fique atento se é uma hipótese legal de
solidariedade, se não o for, e a pergunta nada falar sobre a solidariedade, nunca a presuma.
Nas obrigações solidárias ativa, cada um dos credores solidários tem o direito de
exigir do devedor comum o cumprimento da prestação por inteiro, assim, enquanto alguns
dos credores solidários não demandarem o devedor comum, o devedor poderá pagar a
Porém, importante destacar que tal regra aplica-se apenas antes de haver uma
demanda judicial, podendo, assim, o devedor pagar para quem quiser e como quiser.
Contudo, após o ingresso de demanda judicial por qualquer dos credores, o pagamento deve
ser feito àquele que demandou, a fim de prevenir judicialmente a dívida.
divisíveis, sendo possível, portanto, estabelecer condições diferentes para um ou alguns dos
credores.
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Segundo o art. 269, do Código Civil, o pagamento feito a um dos credores solidários
extingue a dívida até o montante do que foi pago. Porém, mesmo quem recebeu
parcialmente, pode cobrar o restante da dívida, já que a relação externa entre credores e
devedor é una.
Ainda, conforme dispõe o art. 272, do Código Civil, é possível que o credor que tiver
remita, ou seja, perdoe a dívida do devedor, e sendo assim, ou recebendo o pagamento, este
credor responderá perante os outros pelas quotas correspondentes. Isso ocorre porque a
relação interna entre os credores é fracionável (presunção de divisão igualitária).
Pelo que dispõe o art. 270 do Código Civil, se um dos credores solidários falecer
deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Assim, em caso
Não há transmissão da solidariedade por herança nas obrigações divisíveis, uma vez
que, nesse caso, os credores/devedores que falecerem deixando herdeiros, cada um deles só
poderá exigir e receber/pagar a quota do crédito correspondente ao seu quinhão
hereditário.
Essa regra, porém, não se aplica quando se tratar de obrigação indivisível, pois, em se
tratando de obrigação indivisível, lembre-se que não há como fracionar a prestação e,
portanto, deve-se cumpri-la de maneira integral. Ex.: a obrigação é de entregar um animal.
Nesse caso, não pode ser dividida em relação às quotas da herança, devendo qualquer um
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Outra característica importante da solidariedade ativa, é que, conforme previsto no art.
271 do Código Civil, convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os
efeitos, a solidariedade, se diferenciando, assim, da indivisibilidade.
Nas obrigações solidárias ativas, não há oponibilidade das exceções pessoais, ou seja,
sem prejuízo da exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a
qualquer deles (credores).
Ocorre quando há pluralidade de devedores. Ex.: art. 585, CC: “Se duas ou mais
pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente
Portanto, mesmo aquele devedor que paga uma parte da dívida pode ser cobrado pelo
restante, pois, na solidariedade passiva, a relação externa é una, conforme dispõe o art. 275,
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Enunciado 348, da IV Jornada de Direito Civil do STJ: O pagamento parcial não
implica, por si só, renúncia à solidariedade, a qual deve derivar dos termos expressos da
podendo ser cobrado apenas nos limites da sua quota parte, transformando-se em devedor
fracionário.
Não confundir renúncia à solidariedade com remissão (perdão), porque, neste último
caso, o beneficiado com fica totalmente liberado do vínculo obrigacional, conforme dispõe o
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No caso de solidariedade passiva, se um dos devedores solidários falecer deixando
herdeiros (refração do débito), cada um destes será obrigado a pagar a quota que
Exceção (art. 276, CC): se a obrigação for indivisível, poderá ser exigida por inteiro; e os
herdeiros reunidos serão considerados um só devedor solidário em relação aos demais
devedores.
Por fim, o devedor que satisfaz a dívida por inteiro pode exigir dos outros
codevedores as suas quotas, já que há a presunção relativa de divisão igualitária. Assim, na
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o Solidariedade Mista (ou recíproca): Neste caso há uma pluralidade de
devedores e de credores.
ou da vontade das partes (solidariedade convencional)” (art. 265, CC). Ex.: o fiador em
relação ao devedor principal quando convencionar a solidariedade com o afiançado, já que,
em regra o fiador é devedor subsidiário (benefício de ordem previsto no art. 827, do Código
Civil c/c art. 828, do Código Civil).
CARACTERÍTICAS
Qualquer um dos credores pode exigir a dívida por inteiro a
RESPONDEM COMO SE qualquer um dos devedores, que têm o dever de pagar a
FOSSEM UM SÓ SUJEITO dívida toda, a qualquer um dos credores, havendo
solidariedade em ambos os polos da relação.
NÃO PRESUNÇÃO DA A solidariedade só pode resultar da LEI (solidariedade legal)
SOLIDARIEDADE ou da AUTONOMIA DA VONTADE (solidariedade
convencional).
Se for realizado por qualquer um dos credores, extingue-se
PAGAMENTO INTEGRAL até o valor que foi pago. Assim, caso haja o pagamento
EXTINGUE A DÍVIDA parcial, o credor poderá cobrar o restante da dívida a
qualquer um dos devedores, inclusive do devedor já pagante.
NÃO TRANSMISSÃO DA Nesse caso, os credores/devedores que falecerem deixando
SOLIDARIEDADE POR herdeiros, cada um deles só poderá exigir e receber/pagar a
HERANÇA NAS quota do crédito correspondente ao seu quinhão hereditário.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS
CONVERSÃO EM PERDAS E Permanece a solidariedade para todos os efeitos, ao
DANOS contrário das obrigações indivisíveis, que perderão tal
característica, tornando-se divisíveis.
Aquele credor que perdoou ficará responsável em pagar, aos
demais credores, o valor de suas quotas correspondentes e
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REMISSÃO DA DÍVIDA aquele que obteve o perdão não extingue aos demais, que
deverão pagar o valor restante, caso o pagamento tenha sido
parcial.
As defesas de mérito existentes contra determinado sujeito
NÃO OPONIBILIDADE DAS apenas vinculam a este, ou seja, são personalíssimas, não
EXCEÇÕES PESSOAIS podendo abranger os demais. Nesse sentido, as exceções que
podem abranger os demais são aquelas comuns a todos, a
exemplo da prescrição da dívida.
PRINCÍPIO DA Impossibilidade de agravar a posição dos credores/devedores
RELATIVIDADE DOS EFEITOS sem o consentimento dos demais, gerando efeitos apenas
CONTRATUAIS inter partes
CULPA NA Subsiste para todos os devedores solidários o encargo de
IMPOSSIBILIDADE DE pagar o equivalente, mas apenas o DEVEDOR CULPADO será
CUMPRIMENTO DA obrigado a pagar as perdas e danos.
OBRIGAÇÃO
A solidariedade pode ser renunciada de maneira parcial, em
RENÚNCIA À favor de apenas um devedor, por exemplo, subsistindo em
SOLIDARIEDADE relação às demais, ou total, de modo a exonerá-los da
solidariedade.
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Obrigações de Meio (ou de diligência): quando o devedor só é obrigado a
empenhar-se para conseguir o resultado, mesmo que este não seja
alcançado. Ex: o advogado em relação ao cliente; ele não se obriga a vencer a
causa, mas trabalhar com empenho para ganhá-la. Se o resultado visado não
for alcançado só poderá ser considerado o inadimplemento do devedor se se
provar a sua falta de diligência (ou seja, a sua culpa – responsabilidade
subjetiva). O mesmo ocorre com um médico para salvar a vida de um
paciente.
Exemplo de Obrigação de Meio: advogado, não tem como garantir o resultado final. Até
quando é parecerista. Médico tampouco, exceto cirurgias estéticas.
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A obrigação nas cirurgias meramente estéticas é de resultado, comprometendo-se o
A responsabilidade com culpa presumida permite que o devedor (no caso, o cirurgião
plástico), prove que ocorreu um fato imponderável que fez com que ele não pudesse atingir o
resultado pactuado. Conseguindo provar esta circunstância, ele se exime do dever de
indenizar.
Como é a responsabilidade do médico nos casos de cirurgia que seja tanto reparadora
como também estética?
mama, a responsabilidade do médico não pode ser generalizada, devendo ser analisada de
forma fracionada, conforme cada finalidade da intervenção. Assim, a responsabilidade do
em 27/9/2011).
4
Vide jurisprudência comentada.
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Obrigações de Garantia: seu objetivo é uma estipulação em um contrato de
uma garantia pessoal (ex: fiança).
SOLIDARIEDADE INDIVISIBILIDADE
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hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível.
As exceções pessoais de um credor, não Se um dos credores extinguir a dívida, aos
podem ser opostas aos outros. outros remanesce o direito, mas deverá ser
abatida a quota do credor que desobrigou o
devedor.
Na solidariedade passiva, o credor poderá A obrigação indivisível não se converte em
exigir de qualquer dos devedores o perdas e danos. Assim, convertendo-se a
cumprimento da obrigação, não obrigação em perdas e danos ela perderá a
importando renúncia à solidariedade o qualidade de indivisível.
ajuizamento de ação em face de apenas
um ou alguns dos devedores solidários.
No caso de falecimento do devedor A indivisibilidade decorre da natureza da
solidário, os herdeiros só respondem pelo prestação, o que a distingue da solidariedade,
quinhão correspondente à dívida deste, que apenas é resultante de lei ou da vontade
nos limites da herança, salvo se a das partes.
obrigação for indivisível.
Todos os devedores solidários respondem
pelos prejuízos de mora, mas o culpado
será responsável pelo acréscimo do
aumento pago pelos outros.
Convertendo-se a obrigação em perdas e
danos, subsiste para todos os efeitos a
solidariedade.
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Obrigações Condicionais: são as que contêm cláusula que subordina seu
efeito a evento futuro e incerto para atingir seus efeitos (ex: ganhar um
carro quando passar no vestibular).
Obrigações a Termo: são aquelas que contêm cláusula que subordina seu
efeito a evento futuro e certo (ex: ganhar um carro quando completar 18
anos).
Quanto à Independência
Quanto à Liquidez
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Obrigações Líquidas: são aquelas certas quanto à existência e determinadas
quanto ao objeto. Ex: entregar uma casa; entregar R$1.000,00, etc. Nelas se
acham especificadas, de modo expresso, a quantidade, a qualidade e a
natureza do objeto devido. O inadimplemento de obrigação positiva e líquida
constitui o devedor em mora.
36
10.5 Espécies de Obrigações segundo a Doutrina
São obrigações híbridas, ou seja, parte direito real, parte direito pessoal. Elas recaem
sobre uma pessoa (daí ser um direito pessoal), mas por força de um direito real (como por
exemplo, a propriedade). Ex: obrigação de um proprietário de não prejudicar a segurança,
Por último, cabe ressaltar o seguinte entendimento sumulado do STJ, “as obrigações
No entanto, tais obrigações podem gerar efeitos, pois, se o devedor capaz pagar a
dívida, o pagamento é considerado válido e irretratável, não podendo pedir de volta o que foi
pago. Ex.: dívida prescrita; dívidas resultantes de jogo e apostas não permitidas legalmente
(arts. 814 e 815, CC: não é obrigatório o seu pagamento; mas se o devedor pagar é
considerado válido).
37
“A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que funciona legalmente
no exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os bons costumes e a
soberania nacional”, segundo entendimento do STJ (REsp 1.628.974-SP, Info 610), por força
da aplicação do art. 9º da LINDB (aplica-se à obrigação constituída no exterior a legislação do
O credor poderá ceder seu crédito a outro, se isso não opuser à natureza da obrigação,
à lei ou à convenção com o devedor, podendo configurar tanto alienação onerosa quanto
alienação gratuita.
consumar, mas este deverá ser comunicado, sob pena de adimplemento, pelo pagamento
putativo. O devedor poderá ser comunicado por escrito, público ou particular.
5
Vide questões 6, 7, 8, 9 e 10
38
Nos termos do artigo 286 do CC, toda cessão é permitida, EXCETO se houver:
negócio original;
que possa solver a obrigação ao legítimo detentor do crédito. Só para esse fim
se lhe comunica a cessão, uma vez que sua anuência ou intervenção é
dispensável.
independentes um do outro.
Legal: opera-se por força de lei, como no caso do devedor de obrigação solidária que
satisfez a dívida por inteiro, sub-rogando-se no crédito (CC, art. 283), ou do fiador que
pagou integralmente a dívida, ficando sub-rogado nos direitos do credor (CC, art. 831).
suprir declaração de cessão por parte de quem era obrigado a fazê-la. Ex.: art. 298 do
Código Civil.
Pro soluto: o cedente apenas garante a existência do crédito, sem responder, todavia,
pela solvência do devedor;
6
Vide questão 4 do material
40
Pro solvendo: o cedente obriga-se a pagar se o devedor cedido for insolvente. Assim, o
Desta forma, o cedente será responsável pela existência e legalidade do crédito, mas
não será responsável pela solvência do devedor (cessão pro soluto), salvo estipulação em
contrário (cessão pro solvendo). Caso decidam pela responsabilidade do cedente, na hipótese
de insolvência do devedor, a responsabilidade será auferida apenas pelo quantum recebido no
momento da cessão, acrescidos das despesas que o cessionário houver feito com a cobrança.
A lei autoriza que terceiro assuma a obrigação do devedor, desde que haja
consentimento expresso do credor. É também conhecida como cessão de débito. Neste caso,
o devedor primitivo será extinto da obrigação, salvo se o terceiro era insolvente à época da
assunção e o credor ignorava.
qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro, que o substitui,
os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional,
Por se tratar de débito, o silêncio do credor, caso não se manifeste no prazo designado,
41
Há uma hipótese excepcional de consentimento tácito previsto no art. 303 do Código Civil,
O novo devedor não poderá opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao
devedor primitivo.
42
mesma. Há modificação apenas no polo passivo, com liberação, em regra, do
devedor originário. Somente se o devedor primitivo quiser, ele continua garantindo
a obrigação.
43
CESSÃO DE CRÉDITO ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
A autorização é necessária.
Autorização do CREDOR O credor participa do ato Silêncio configura RECUSA
(exceto na hipoteca)
Não, mas ele deve ser
Autorização do DEVEDOR O devedor participa do ato
informado (boa-fé objetiva)
O devedor original fica
exonerado, exceto se o
PRO SOLUTO (podendo ser
Responsabilidade do novo devedor já era
pro solvendo se
CEDENTE insolvente ao tempo da
determinado)
assunção e o credor não
sabia.
Devedor pode opor as que NÃO pode opor as que
Oposição de exceções tinha contra o credor competiam ao devedor
originário primitivo.
44
QUADRO SINÓTICO
45
Sem culpa do devedor: o credor resolve a obrigação,
ou aceita a coisa, abatido do seu preço.
Com culpa do devedor: poderá o credor exigir o
equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se
acha, com direito de reclamar indenização.
OBRIGAÇÃO DE O objeto é indicado só de forma genérica, no início.Deve ser
DAR COISA determinável pelo gênero e quantidade. A escolha da coisa,
INCERTA em regra, cabe ao devedor. Antes da escolha, o devedor não
pode alegar perda ou deterioração.
OBRIGAÇÃO Prestação em dinheiro, reparação de danos e pagamento de
PECUNIÁRIA juros.
OBRIGAÇÃO DE FAZER
Trata-se da prestação de uma atividade (prestação de um serviço ou execução de
uma tarefa) positiva (material ou imaterial) e lícita do devedor.
OBRIGAÇÃO DE Pode ser realizada pelo devedor ou por terceira pessoa, sem
FAZER FUNGÍVEL prejuízo para o credor.
OBRIGAÇÃO DE
FAZER INFUNGÍVEL A prestação só pode ser executada pelo próprio devedor ante a
(PERSONALÍSSIMA sua natureza (aptidões ou qualidades especiais do devedor) ou
OU INTUITU disposição contratual.
PERSONAE)
OBRIGAÇÃO DE O devedor se compromete a não praticar certo ato que até
NÃO FAZER poderia livremente praticar se não houvesse se obrigado
OBRIGAÇÕES QUANTO A SEUS ELEMENTOS
OBRIGAÇÕES
SIMPLES Um sujeito ativo, um sujeito passivo e um único objeto
OBRIGAÇÕES
COMPOSTAS Pluralidade de objetos, pluralidade de sujeitos
OBRIGAÇÕES
CUMULATIVAS Multiplicidade de prestações
OBRIGAÇÕES
ALTERNATIVAS Apenas uma delas será cumprida como pagamento.
OBRIGAÇÕES A obrigação inicialmente é simples, mas há a possibilidade de o
FACULTATIVAS devedor substituir o objeto.
Pluralidade de credores e devedores, há direitos e/ou obrigações
pelo total da dívida. A solidariedade nunca se presume.
SOLIDARIEDADE ATIVA Ocorre quando há pluralidade de
credores. Se um deles falecer deixando
OBRIGAÇÕES herdeiros, cada um destes só poderá
46
SOLIDÁRIAS exigir e receber a quota do crédito
que corresponder ao seu quinhão,
salvo se a obrigação for indivisível.
Não há transmissão da solidariedade
por herança nas obrigações divisíveis.
SOLIDARIEDADE Ocorre quando há pluralidade de
PASSIVA devedores. Se a obrigação for
indivisível, poderá ser exigida por
inteiro; e os herdeiros reunidos serão
considerados um só devedor solidário.
SOLIDARIEDADE Pluralidade de devedores e de
MISTA credores.
OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO
OBRIGAÇÕES QUANTO AO CONTEÚDO
47
QUANTO À INDEPENDÊNCIA
OBRIGAÇÕES Independem de qualquer outra para terem validade.
PRINCIPAIS
OBRIGAÇÕES Sua existência subordinada a outra relação jurídica (ex.: fiança).
ACESSÓRIAS
QUANTO À LIQUIDEZ
OBRIGAÇÕES São aquelas certas quanto à existência e determinadas quanto
LÍQUIDAS ao objeto.
OBRIGAÇÕES São aquelas incertas quanto à sua quantidade.
ILÍQUIDAS
QUANTO AO MOMENTO PARA O CUMPRIMENTO
OBRIGAÇÕES São as que são cumpridas no momento em que o negócio é
INSTANTÂNEAS celebrado
OBRIGAÇÕES DE
TRATO SUCESSIVO
(OU PERIÓDICAS São as que se resolvem em intervalos de tempo.
OU EXECUÇÃO
CONTINUADA)
OBRIGAÇÕES São obrigações híbridas, ou seja, parte direito real, parte direito
ESPÉCIES (DOUTRINA) PROPTER REM pessoal. Exemplo: condomínio.
OBRIGAÇÕES Também chamadas de imperfeitas ou incompletas, são aquelas
NATURAIS em que o credor não possui instrumento judicial para exigir a
prestação do devedor. Ex.: dívida prescrita.
O credor poderá ceder seu crédito a outro, podendo
CESSÃO DE configurar tanto alienação onerosa quanto alienação gratuita.
CRÉDITO Por se tratar de transferência de crédito, não se sujeita à
TRANSMISSÃO anuência do devedor para se consumar, mas este deverá ser
comunicado.
Pro soluto: o cedente apenas garante a existência do
crédito, sem responder, todavia, pela solvência do
devedor;
Pro solvendo: o cedente assume o risco da insolvência
do devedor.
48
A lei autoriza que terceiro assuma a obrigação do devedor,
desde que haja consentimento expresso do credor.
ASSUNÇÃO DE Por se tratar de débito, o silêncio do credor, caso não se
DÍVIDA manifeste no prazo designado, não importará aceitação. O
silêncio é interpretado como recusa.
49
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Questão 2
50
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade:
Direito) No que concerne a obrigações civis, contratos e prova do fato jurídico, julgue o item
que se segue.
Em contrato de compra e venda de bem móvel com pagamento antecipado do preço, caso o
objeto se perca antes da tradição, sem culpa do devedor, a obrigação ficará resolvida para
ambas as partes.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário
CERTO. Deve-se identificar o que a lei (Código Civil) prevê para o caso de perecimento
Vejamos o que dispõe o art. 234 que está situado justamente na seção que trata da
“Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor,
antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para
tradição, caso ela se perca, a obrigação fica resolvida para ambas as partes,
independentemente de ter havido ou não pagamento antecipado.
51
Obs. Não confundam! Perda do objeto e deterioração. A perda é a destruição total, a
Questão 3
obrigacional, ou seja, o elo que sujeita o devedor à determinada prestação, seja ela positiva
ou negativa, em favor do credor.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
CERTA. A assertiva está em harmonia com o conceito trazido pela doutrina: “o elemento
Poder judiciário" (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito
Civil. Obrigações. 11. ed. Bahia: Jus Podivm. 2017. v. 2, p. 81).
Questão 4
(Banca: IBFC - 2020 - TRE-PA - Analista Judiciário - Judiciária) Na cessão por título oneroso,
o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do
52
crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
CERTA. Em harmonia com o art. 295 do CC: “Na cessão por título oneroso, o cedente,
ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do
crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões
por título gratuito, se tiver procedido de má-fé".
Questão 5
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2017 - TRE-TO - Analista Judiciário - Área Judiciária) Caso
seja ofertada prestação diversa da que lhe é devida, o credor deverá consentir em recebê-la,
desde que seja mais valiosa que a original.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
ERRADO. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida,
ainda que mais valiosa.
53
Questão 6
(Banca: FAURGS - 2017 - TJ-RS - Analista Judiciário) A cláusula proibitiva da cessão poderá
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
ERRADO. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não
Questão 7
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
54
ERRADO. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os
seus acessórios.
Questão 8
(Banca: FAURGS - 2017 - TJ-RS - Analista Judiciário) A cessão do crédito tem eficácia em
relação ao devedor, independentemente de notificação.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
ERRADO. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a
este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
Questão 9
(Banca: FAURGS - 2017 - TJ-RS - Analista Judiciário) Ocorrendo várias cessões do mesmo
crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
55
CERTO. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com
Questão 10
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
devedor.
56
GABARITO
Questão 1 - CERTO
Questão 2 - CERTO
Questão 3 - CERTO
Questão 4 - CERTO
Questão 5 - ERRADO
Questão 6 - ERRADO
Questão 7 - ERRADO
Questão 8 - ERRADO
Questão 9 - CERTO
Questão 10 - ERRADO
57
QUESTÃO DESAFIO
58
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
Conforme o art. 276 do CC, Ítalo poderá cobrar de duas formas: I – de maneira individual,
onde não existirá solidariedade e cada uma responde até o seu quinhão hereditário; II –
de forma coletiva, onde as herdeiras, reunidas, são consideradas um devedor solidário em
relação aos demais codevedores.
Individual
A primeira parte do art. 276 do CC estabelece que: “Se um dos devedores solidários falecer
deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao
seu quinhão hereditário;” Ou seja, em caso de falecimento de um dos devedores solidários, o
credor pode exigir individualmente dos herdeiros a obrigação assumida pelo falecido, porém,
responderão somente até os limites da herança e de seus quinhões correspondentes. No caso,
Ítalo poderia cobrar apenas R$ 100.000,00 (cem mil) de cada herdeira se fizesse dessa forma,
desde que respeitado os limites da herança, pelo que estabelece o art. 1.792 do CC.
Importante observar que essa regra não vale para as obrigações indivisíveis. Nas palavras de
Flávio Tartuce: “estando um dos herdeiros com o touro reprodutor, sempre mencionado como
exemplo de objeto na obrigação indivisível, este deverá entregar o animal, permanecendo a
solidariedade.” (Tartuce, Flávio. Direito Civil: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil –
Coletiva
Já a segunda parte do art. 276 do CC prevê a cobrança de forma coletiva, vejamos: “mas
todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais
devedores.” Assim, caso Maria, Joana e Paula venham a ser cobradas conjuntamente, elas
serão consideradas como um único devedor solidário em relação aos demais devedores
(Manuel e Tiago), estando, portanto, obrigadas a pagar toda a dívida, ressalvado o posterior
direito de regresso em face dos outros devedores.
59
Nesse caso, é como se houvesse uma simples substituição entre José, que faleceu, e suas
ultrapassar as forças da herança, uma vez que não seria lícito admitir que os referidos
sucessores diminuíssem o seu patrimônio pessoal para cumprir uma obrigação a que não
deram causa.” (Gagliano, Pablo Stolze; Pamplona Filho, Rodolfo. Novo curso de direito civil,
volume 2: obrigações Filho. – 20. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 147).
60
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Artigos mais incidentes em provas objetivas: 234, 235, 236, 259, 260, 265, 275, 276, 277,
278, 279, 280, 283, 285, 296.
As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou
possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil.
A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dispensa a indicação
do valor do débito.
7
Vide questão 1 do material
61
O alongamento de dívida originada de crédito rural não constitui faculdade da instituição financeira, mas, direito
do devedor nos termos da lei.
62
JURISPRUDÊNCIA
STJ. 3ª Turma. REsp 1909459-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/05/2021 (Info 697).
Situação hipotética: PW Ltda é uma loja de roupas. Na sua atividade empresarial, ela faz muitas vendas à crédito.
Para tanto, os clientes assinam notas promissórias se comprometendo a pagar as dívidas em 90, 120 e 180 dias.
Ocorre que a loja não pode aguardar todo esse tempo e precisa de dinheiro para pagar suas despesas e comprar
mercadorias. A empresa resolveu, então, “vender” seus créditos, recebendo à vista o dinheiro, com deságio, ou
seja, com desconto. Para tanto, PW celebrou contrato de cessão de créditos com um Fundo de Investimento em
Direitos Creditórios – FIDC. Por meio desse contrato, a PW cedeu para o Fundo diversas notas promissórias
(títulos de crédito) que iriam vencer apenas em 180 dias. A soma desses créditos totalizava R$ 100 mil. Como
contrapartida, o Fundo pagou, à vista, R$ 80 mil para a PW, ficando com o direito de cobrar dos devedores os R$
100 mil. Ocorre que esses Fundos se cercam das mais diversas garantias possíveis. Desse modo, havia uma
cláusula nesse contrato dizendo que, se os devedores das notas promissórias cedidas não pagassem a dívida, o
FIDC poderia cobrar a quantia da loja de roupas (que cedeu os títulos de créditos). Essa cláusula contratual é
válida. Obs: se, em vez de um FIDC, o contrato tivesse sido celebrado entre a loja e uma empresa de factoring,
não seria possível essa cláusula (REsp 1711412-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/05/2021. Info
695).
63
É CABÍVEL O PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO,
PREVISTO NO ART. 940 DO CC/2002, EM SEDE DE EMBARGOS
MONITÓRIOS
STJ. 3ª Turma. REsp 1877292-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
O réu, citado na ação monitória, pode apresentar embargos monitórios, que são uma forma de defesa,
semelhante à contestação (art. 702 do CPC). Os embargos podem se fundar em qualquer matéria que poderia ser
alegada como defesa no procedimento comum (§ 1º do art. 702). Assim, o réu pode, nos embargos monitórios,
alegar que a dívida já está paga e pedir a repetição de indébito em dobro, nos termos do art. 940 do CC. A
condenação ao pagamento em dobro do valor indevidamente cobrado pode ser formulada em qualquer via
processual, inclusive, em sede de embargos à execução, embargos monitórios e ou reconvenção, até mesmo
reconvenção, prescindindo de ação própria para tanto.
Comentário: Súmula 159-STF: Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do
art. 1.531 do Código Civil (atual art. 940).
STJ. 2ª Seção. REsp 1826463-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/10/2020 (Info
682).
Se o contrato, ao tratar sobre os encargos, menciona a taxa de juros mensal e anual, mas não prevê qual é a taxa
diária dos juros, há abusividade. Viola o dever de informação, o contrato que somente prevê uma cláusula
genérica de capitalização diária, sem informar a taxa diária de juros remuneratórios. A informação acerca da
capitalização diária, sem indicação da respectiva taxa diária, subtrai do consumidor a possibilidade de estimar
previamente a evolução da dívida, e de aferir a equivalência entre a taxa diária e as taxas efetivas mensal e anual.
A falta de previsão da taxa diária, portanto, dificulta a compreensão do consumidor acerca do alcance da
capitalização diária, o que configura descumprimento do dever de informação trazido pelo art. 46 do CDC.
64
Comentário: Súmula 159-STF: Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do
art. 1.531 do Código Civil (atual art. 940).
STJ. 3ª Turma. REsp 1570452-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/09/2020 (Info
680).
Situação concreta: vários condôminos estavam inadimplentes com as taxas condominiais. O condomínio cedeu
esses créditos para um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).
O FIDC, ao adquirir do condomínio esses créditos, sub-roga-se e passa a ter os mesmos direitos que o
condomínio possuía, com as mesmas prerrogativas.
A cessão de crédito não implica a alteração da natureza do crédito cedido.
Na atividade de securitização de créditos condominiais, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios
(FIDCs) valem-se do instituto da cessão de créditos e, ao efetuarem o pagamento das cotas condominiais
inadimplidas, sub-rogam-se na mesma posição do condomínio cedente, com todas as prerrogativas legais a ele
conferidas.
Comentário: Direitos creditórios são direitos derivados de créditos que uma empresa tem a
receber, como, por exemplo, cheques, aluguéis, duplicatas, parcelas de cartão de crédito etc.
Assim, a empresa tem esses créditos para receber no futuro, mas como precisa de capital de
giro, aceita “vender” esses créditos para um terceiro, recebendo à vista menos do que eles
valem. Ex: a empresa tinha um cheque “pós-datado” para receber em 90 dias no valor de R$ 1
mil; ela aceita “vender” esse crédito por R$ 800,00 recebendo à vista a quantia.
A cobrança de juros remuneratórios superiores aos limites estabelecidos pelo Código Civil é excepcional e deve
ser interpretada restritivamente. Apenas às instituições financeiras, submetidas à regulação, controle e fiscalização
do Conselho Monetário Nacional, é permitido cobrar juros acima do teto legal. A previsão do art. 2º da Lei nº
6.463/77 faz referência a um sistema obsoleto, em que a aquisição de mercadorias a prestação dependia da
atuação do varejista como instituição financeira e no qual o controle dos juros estava sujeito ao escrutínio dos
próprios consumidores e à regulação e fiscalização do Ministério da Fazenda. O art. 2º da Lei 6.463/77 não
possui mais suporte fático apto a sua incidência, sendo, portanto, ineficaz, não podendo ser interpretado
extensivamente para permitir a equiparação dos varejistas a instituições financeiras e não autorizando a cobrança
de encargos cuja exigibilidade a elas é restrita.
Comentário: Instituição não financeira - dedicada ao comércio varejista em geral - não pode
estipular, em suas vendas a crédito, pagas em prestações, juros remuneratórios superiores a
1% ao mês, ou a 12% ao ano.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1843073-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 30/03/2020
(Info 669).
A imputação dos pagamentos primeiramente nos juros é instituto que, via de regra, alcança todos os contratos
em que o pagamento é diferido em parcelas. O objetivo de fazer isso é o de diminuir a oneração do devedor. Ao
impedir que os juros sejam integrados ao capital para, só depois dessa integração, ser abatido o valor das
prestações, evita que sobre eles (juros) incida novo cômputo de juros.
66
SE O FIDC FOR CESSIONÁRIO DE TÍTULO DE CRÉDITO DE UM
BANCO, ELE PODE COBRAR A MESMA TAXA DE JUROS PORQUE
ESSE FUNDO SE AMOLDA À DEFINIÇÃO LEGAL DE INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA
STJ. 4ª Turma. REsp 1634958-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 06/08/2019 (Info 655).
Os Fundos de Investimento em Direito Creditório - FIDCs amoldam-se à definição legal de instituição financeira e
não se sujeitam à incidência da limitação de juros da Lei da Usura.
Comentário: De acordo com o art. 2º, I, da Instrução CVM nº 356/2001, os direitos creditórios
são os direitos e títulos representativos de crédito, originários de operações realizadas nos
segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de hipotecas, de arrendamento
mercantil e de prestação de serviços, e os warrants, contratos e títulos referidos no § 8º do art.
40 dessa Instrução.
STJ. 4ª Turma. REsp 1567479-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 11/06/2019 (Info 651).
Na dação em pagamento de imóvel sem cláusula que disponha sobre a propriedade das árvores de
reflorestamento, a transferência do imóvel inclui a plantação.
Comentário: Dação em pagamento é o ato pelo qual o devedor quita uma dívida vencida
entregando ao credor uma prestação diferente daquela que era a prevista inicialmente, desde
que o credor concorde com isso (art. 356 do Código Civil).
67
EM REGRA, A CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA NÃO PODE SER
CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR LUCROS CESSANTES
STJ. 2ª Seção. REsp 1498484-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019 (recurso
repetitivo) (Info 651).
A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo adimplemento tardio da obrigação, e, em regra,
estabelecida em valor equivalente ao locativo, afasta-se sua cumulação com lucros cessantes. STJ. 2ª Seção. REsp
1498484-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019 (recurso repetitivo) (Info 651). Observação: Em
28/12/2018, entrou em vigor a Lei nº 13.786/2018, que dispõe sobre a resolução do contrato por
inadimplemento do adquirente de unidade imobiliária. A Lei nº 13.786/2018 acrescentou o art. 43-A na Lei nº
4.591/64 para tratar sobre o inadimplemento (parcial ou absoluto) em contratos de compra e venda, promessa
de venda, cessão ou promessa de cessão de unidades autônomas integrantes de incorporação imobiliária ou de
loteamento. As regras da Lei nº 13.786/2018 não podem ser aplicadas os contratos anteriores à sua vigência. A
nova lei só poderá atingir contratos celebrados posteriormente à sua entrada em vigor. Observação 2 (se não
houver cláusula penal): O atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes
durante o período de mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente comprador. Os
lucros cessantes serão devidos ainda que não fique demonstrado que o promitente comprador tinha finalidade
negocial na transação.
Comentário: A cláusula penal também pode ser chamada de multa convencional, multa
contratual ou pena convencional. A cláusula penal é uma obrigação acessória, referente a uma
obrigação principal. Pode estar inserida dentro do contrato (como uma cláusula) ou prevista
em instrumento separado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.797.196-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/04/2019 (Info
646).
Na cessão fiduciária de direitos creditórios, para a perfectibilização do negócio fiduciário, o correlato instrumento
deve indicar, de maneira precisa, o crédito objeto de cessão e não os títulos representativos do crédito. O objeto
68
da cessão fiduciária são os direitos creditórios que devem estar devidamente especificados no instrumento
contratual (e não o título objeto da cessão, que apenas os representa).
OBRIGAÇÃO NATURAL
STJ. 3ª Turma. REsp 1.406.487-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/8/2015 (Info
566).
EMENTA: “RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DÍVIDA DE JOGO. CASA DE BINGOS. FUNCIONAMENTO COM AMPARO EM
LIMINARES. PAGAMENTO MEDIANTE CHEQUE. DISTINÇÃO ENTRE JOGO PROIBIDO, LEGALMENTE PERMITIDO E
TOLERADO. EXIGIBILIDADE APENAS NO CASO DE JOGO LEGALMENTE PERMITIDO, CONFORME PREVISTO NO
ART. 815, § 2º DO CÓDIGO CIVIL. 1. Controvérsia acerca da exigibilidade de vultosa dívida de jogo contraída em
Casa de Bingo mediante a emissão de cheques por pessoa diagnosticada com estado patológico de jogadora
compulsiva. 2. Incidência do óbice da Súmula 284/STF no que tange à alegação de abstração da causa do título
de crédito, tendo em vista a ausência de indicação do dispositivo de lei federal violado ou objeto de divergência
jurisprudencial. 3. "As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento" (art. 814, caput), sendo que "o
preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os
jogos e apostas legalmente permitidos." (art. 814, § 2º, do Código Civil). 4. Distinção entre jogo proibido,
tolerado e legalmente permitido, somente sendo exigíveis as dívidas de jogo nessa última hipótese. Doutrina
sobre o tema. 5. Caráter precário da liminar que autorizou o funcionamento da casa de bingos, não se
equiparando aos jogos legalmente autorizados. 6. Inexigibilidade da obrigação, na espécie, tratando-se de mera
obrigação natural. 7. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.” (negritamos)
Comentário:
A dívida de jogo contraída em casa de bingo é inexigível, ainda que seu
funcionamento tenha sido autorizado pelo Poder Judiciário.
A lei exige mais do que uma aparência de licitude, exige autorização legal, o que não se
verifica na hipótese em tela. Ademais, as decisões liminares, como se sabe, têm caráter
precário, correndo por conta e risco do requerente os danos decorrentes da reversibilidade da
medida, não havendo falar, portanto, em direito adquirido.
OBRIGAÇÃO DE RESULTADO
STJ. 4ª Turma. REsp 985888-SP, Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/2/2012 (Info 491).
69
EMENTA: “DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE
RESULTADO. SUPERVENIÊNCIA DE PROCESSO ALÉRGICO. CASO FORTUITO. ROMPIMENTO DO NEXO DE
CAUSALIDADE. 1. O requisito do prequestionamento é indispensável, por isso inviável a apreciação, em sede de
recurso especial, de matéria sobre a qual não se pronunciou o Tribunal de origem, incidindo, por analogia, o
óbice das Súmulas 282 e 356 do STF. 2. Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, conquanto a obrigação
seja de resultado, não se vislumbra responsabilidade objetiva pelo insucesso da cirurgia, mas mera
presunção de culpa médica, o que importa a inversão do ônus da prova, cabendo ao profissional elidi-la de
modo a exonerar-se da responsabilidade contratual pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico.
3. No caso, o Tribunal a quo concluiu que não houve advertência a paciente quanto aos riscos da cirurgia, e
também que o médico não provou a ocorrência de caso fortuito, tudo a ensejar a aplicação da súmula 7/STJ,
porque inviável a análise dos fatos e provas produzidas no âmbito do recurso especial. 4. Recurso especial não
conhecido.” (negritamos)
Comentário:
Aluno, esse julgado é muito importante!
Já vimos o seu conteúdo quando do estudo das obrigações de resultado. O STJ firmou
que o fato de uma obrigação de resultado não torna a responsabilidade de seu devedor
necessariamentre objetiva.
No caso em tela, o cirurgião plástico assume uma obrigação de resultado, qual seja:
entregar o efeito prometido. Se algo não sair como planejado na cirurgia e o paciente decidir
acioná-lo por perdas e danos, a culpa do médico será presumida.
Assim, há a inversão do ônus da prova. Isso significa que o paciente não precisa
comprovar a culpa do médico. Pelo contrário, é o cirurgião plástico que deve demonstrar nos
autos que tomou todas as cautelas e não teve culpa de o resultado não sair perfeito.
Em suma, o mais importante a gravar é que a responsabilidade do médico que presta
uma obrigação de resultado não é objetiva.
CESSÃO DE CRÉDITO
STF. Plenário. RE 631537, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/05/2020 (Repercussão Geral – Tema
361) (Info 980 – clipping).
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EMENTA: “PRECATÓRIO – CRÉDITO – CESSÃO – NATUREZA. A cessão de crédito não implica alteração da
natureza.” (negritamos)
Comentário:
Aluno, a ementa é pequena mesmo!
Esse julgado encontra-se no campo do Direito Administrativo. Porém, como é muito
atual e relevante, já que dele resultou um tema de repercussão geral, decidimos abordá-lo.
Nesse acórdão o STF trata do regime de precatórios, disciplinado pelo art. 100 da CF.
Em resumo, se um indivíduo ganha uma ação contra a Fazenda Pública, uma das formas desta
paga-lo é por meio do precatório. Esse indivíduo entra em uma “fila” e com o tempo, receberá
do Poder Poder Público o que lhe é devido.
O artigo 100, §1º, CF reza que os débitos de natureza alimentícia têm preferência nessa
“fila de precatórios”. Um exemplo: débitos decorrentes de salários que o Poder Público não
pagou.
Imagine que X ganhou uma ação contra o Estado de São Paulo no valor de 120 mil
reais correspondentes a salários atrazados.
X pode ceder seu crédito a um terceiro para obter o dinheiro imediatamente e não
precisar aguardar na fila. Obviamente, o comprador (cessionário) de seu crédito pagará menos
por ele a X e aguardará na fila em seu lugar.
O STF decidiu que o cessionário, ou seja, a pessoa que “entrou no lugar” de “X” poderá
continuar na mesma colocação na fila preferencial (do art. 100, §1º, CF), já que o crédito
originariamente é de natureza alimentícia.
Assim, foi fixada a seguinte tese (tema 361) pelo STF: “A cessão de crédito não implica
alteração da natureza”.
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MAPAS MENTAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único – 8. ed. rev, atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2018.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos – 10. ed. – São
Paulo: Atlas, 2010.
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