Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BLOCO I 1
Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito do
Consumidor e Direito da Criança e do Adolescente
CURSO MEGE
Site: www.mege.com.br
Celular/Whatsapp: (99) 982622200 (Tim)
Fanpage: /cursomege
Instagram: @cursomege
Material: Vade Mege TJRJ (Bloco I: Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito do
Consumidor e Direito da Criança e do Adolescente)
VADE MEGE
2
Bloco I
Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito do Consumidor e
Direito da Criança e do Adolescente
SOBRE O VADE MEGE TJRJ
Considerações iniciais
1. DIREITO CIVIL................................................................................................................... 6
1.1. DECRETO-LEI Nº 4.657/42 – LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO .....6
1.2. LEI Nº 10.406/02 - CÓDIGO CIVIL ..........................................................................................7
1.3. LEI Nº 9.434/97 – REMOÇÃO DE ÓRGÃOS, TECIDOS PARA FINS DE TRANSPLANTE E
TRATAMENTO ............................................................................................................................30
1.4. LEI Nº 13.146/15 – ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ............................................32
1.5. LEI Nº 8.245/91 – LOCAÇÕES DOS IMÓVEIS URBANOS .......................................................33
1.6. LEI Nº 4.728/65 – DISCIPLINA O MERCADO DE CAPITAIS ....................................................36
1.7. DECRETO-LEI Nº 911/69 – NORMAS DE PROCESSO SOBRE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA ..........36
1.8. LEI Nº 9.514/97 – SISTEMA DE FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO ..........................................38
1.9. LEI Nº 6.766/79 – PARCELAMENTO DE SOLO URBANO .......................................................43
1.10. LEI Nº 4.591/64 – CONDOMÍNIO EM EDIFICAÇÕES E AS INCORPORAÇÕES IMOBILIÁRIAS45
1.11. LEI Nº 9.610/98 – DIREITOS AUTORAIS .............................................................................48
1.12. LEI Nº 6.015/73 – REGISTROS PÚBLICOS ...........................................................................50
1.13. LEI Nº 8.971/94 – DIREITO DOS COMPANHEIROS A ALIMENTOS E À SUCESSÃO ..............54
1.14. LEI Nº 5.478/68 – AÇÃO DE ALIMENTOS ...........................................................................55
1.15. LEI Nº 8.009/90 – IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA .........................................56 4
1.16. LEI Nº 12.318/10 – ALIENAÇÃO PARENTAL .......................................................................56
1.17. LEI Nº 8.560/92 – INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE.........................................................58
1.18. LEI Nº 10.741/03 – ESTATUTO DA PESSOA IDOSA .............................................................58
2. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ............................................................................................ 68
2.1. LEI Nº 13.105/15 – CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.................................................................68
2.2. LEI Nº 9.307/96 – ARBITRAGEM ........................................................................................101
2.3. LEI Nº 13.140/15 – MEDIAÇÃO ..........................................................................................102
2.4. LEI Nº 6.830/80 – COBRANÇA JUDICIAL DA DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA ............103
2.5. LEI Nº 12.016/09 – MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO ........................107
2.6. LEI Nº 4.717/65 – AÇÃO POPULAR ....................................................................................110
2.7. LEI Nº 8.437/92 – CONCESSÃO DE MEDIDAS CAUTELARES CONTRA ATOS DO PODER
PÚBLICO ...................................................................................................................................113
2.8. LEI Nº 9.507/97 – HABEAS DATA .......................................................................................114
2.9. LEI Nº 8.429/92 – SANÇÕES APLICÁVEIS EM VIRTUDE DA PRÁTICA DE ATOS DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .............................................................................................115
2.10. LEI Nº 8.429 – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .............................................................115
2.11. LEI Nº 7.347/85 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA ...........................................................................124
2.12. LEI Nº 9.099/95 – JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS ................................................................124
2.13. LEI Nº 10.259/01 – JUIZADOS CÍVEIS E CRIMINAIS NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL ....126
2.14. LEI Nº 12.153/09 – JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA PÚBLICA NO ÂMBITO DOS
ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL, DOS TERRITÓRIOS E DOS MUNICÍPIOS ...............................128
2.15. LEI Nº 13.300/16 – MANDADO DE INJUNÇÃO .................................................................130
3. DIREITO DO CONSUMIDOR ........................................................................................... 133
3.1. LEI Nº 8.078/90 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ................................................133
4. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .................................................................... 145
4.1. LEI Nº 8.069/90 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .......................................145
5
§ 1º Reputa-se ato jurídico estrangeiras no país. O Superior
1. DIREITO CIVIL perfeito o já consumado segundo Tribunal de Justiça, na forma de
a lei vigente ao tempo em que se seu regimento interno, poderá
efetuou. reexaminar, a requerimento do
1.1. DECRETO-LEI Nº § 2º Consideram-se adquiridos interessado, decisões já
4.657/42 – LEI DE assim os direitos que o seu titular, proferidas em pedidos de
INTRODUÇÃO ÀS NORMAS ou alguém por ele, possa exercer, homologação de sentenças
DO DIREITO BRASILEIRO como aqueles cujo começo do estrangeiras de divórcio de
exercício tenha termo pré-fixo, brasileiros, a fim de que passem
ou condição pré-estabelecida a produzir todos os efeitos legais.
Art. 1º Salvo disposição inalterável, a arbítrio de outrem. §7º Salvo o caso de abandono, o
contrária, a lei começa a vigorar § 3º Chama-se coisa julgada ou domicílio do chefe da família
em todo o país quarenta e cinco caso julgado a decisão judicial de estende-se ao outro cônjuge e
dias depois de oficialmente que já não caiba recurso. aos filhos não emancipados, e o
publicada. do tutor ou curador aos
§1º Nos Estados, estrangeiros, a Art. 7º A lei do país em que incapazes sob sua guarda.
obrigatoriedade da lei brasileira, domiciliada a pessoa determina §8º Quando a pessoa não tiver
quando admitida, se inicia três as regras sobre o começo e o fim domicílio, considerar-se-á
meses depois de oficialmente da personalidade, o nome, a domiciliada no lugar de sua
publicada. capacidade e os direitos de residência ou naquele em que se
§2º (Revogado) família. encontre.
§3º Se, antes de entrar a lei em §1º Realizando-se o casamento
vigor, ocorrer nova publicação de no Brasil, será aplicada a lei Art. 10. A sucessão por morte ou
seu texto, destinada a correção, o brasileira quanto aos por ausência obedece à lei do
prazo deste artigo e dos impedimentos dirimentes e às país em que domiciliado o
parágrafos anteriores começará a formalidades da celebração. defunto ou o desaparecido,
correr da nova publicação. §2º O casamento de estrangeiros qualquer que seja a natureza e a
§ 4o As correções a texto de lei já poderá celebrar-se perante situação dos bens.
em vigor consideram-se lei nova. autoridades diplomáticas ou §1º A sucessão de bens de
consulares do país de ambos os estrangeiros, situados no País,
Art. 2o Não se destinando à
vigência temporária, a lei terá
nubentes.
§3º Tendo os nubentes domicílio
será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos
6
vigor até que outra a modifique diverso, regerá os casos de filhos brasileiros, ou de quem os
ou revogue. invalidade do matrimônio a lei do represente, sempre que não lhes
§ 1o A lei posterior revoga a primeiro domicílio conjugal. seja mais favorável a lei pessoal
anterior quando expressamente §4º O regime de bens, legal ou do de cujus.
o declare, quando seja com ela convencional, obedece à lei do §2º A lei do domicílio do
incompatível ou quando regule país em que tiverem os nubentes herdeiro ou legatário regula a
inteiramente a matéria de que domicílio, e, se este for diverso, a capacidade para suceder.
tratava a lei anterior. do primeiro domicílio conjugal.
§ 2o A lei nova, que estabeleça §5º - O estrangeiro casado, que Art. 13. A prova dos fatos
disposições gerais ou especiais a se naturalizar brasileiro, pode, ocorridos em país estrangeiro
par das já existentes, não revoga mediante expressa anuência de rege-se pela lei que nele vigorar,
nem modifica a lei anterior. seu cônjuge, requerer ao juiz, no quanto ao ônus e aos meios de
§ 3o Salvo disposição em ato de entrega do decreto de produzir-se, não admitindo os
contrário, a lei revogada não se naturalização, se apostile ao tribunais brasileiros provas que a
restaura por ter a lei revogadora mesmo a adoção do regime de lei brasileira desconheça.
perdido a vigência. comunhão parcial de bens,
respeitados os direitos de Art. 26. Para eliminar
Art. 3o Ninguém se escusa de terceiros e dada esta adoção ao irregularidade, incerteza jurídica
cumprir a lei, alegando que não a competente registro. ou situação contenciosa na
conhece. §6º O divórcio realizado no aplicação do direito público,
estrangeiro, se um ou ambos os inclusive no caso de expedição de
Art. 4o Quando a lei for omissa, o cônjuges forem brasileiros, só licença, a autoridade
juiz decidirá o caso de acordo será reconhecido no Brasil depois administrativa poderá, após
com a analogia, os costumes e os de 1 (um) ano da data da oitiva do órgão jurídico e, quando
princípios gerais de direito. sentença, salvo se houver sido for o caso, após realização de
antecedida de separação judicial consulta pública, e presentes
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito por igual prazo, caso em que a razões de relevante interesse
imediato e geral, respeitados o homologação produzirá efeito geral, celebrar compromisso com
ato jurídico perfeito, o direito imediato, obedecidas as os interessados, observada a
adquirido e a coisa julgada. condições estabelecidas para a legislação aplicável, o qual só
eficácia das sentenças
produzirá efeitos a partir de sua Art. 3 o São absolutamente sentença fixar a data provável do
publicação oficial. incapazes de exercer falecimento.
§ 1º O compromisso referido no pessoalmente os atos da vida civil
caput deste artigo: os menores de 16 (dezesseis) Art. 8º Se dois ou mais indivíduos
I - buscará solução jurídica anos. falecerem na mesma ocasião,
proporcional, equânime, não se podendo averiguar se
eficiente e compatível com os Art. 4º São incapazes, algum dos comorientes precedeu
interesses gerais; relativamente a certos atos ou à aos outros, presumir-se-ão
II – (VETADO); maneira de os exercer: simultaneamente mortos.
III - não poderá conferir I - os maiores de dezesseis e
desoneração permanente de menores de dezoito anos; Art. 9º Serão registrados em
dever ou condicionamento de II - os ébrios habituais e os registro público:
direito reconhecidos por viciados em tóxico; I - os nascimentos, casamentos e
orientação geral; III - aqueles que, por causa óbitos;
IV - deverá prever com clareza as transitória ou permanente, não II - a emancipação por outorga
obrigações das partes, o prazo puderem exprimir sua vontade; dos pais ou por sentença do juiz;
para seu cumprimento e as IV - os pródigos. III - a interdição por incapacidade
sanções aplicáveis em caso de Parágrafo único. A capacidade absoluta ou relativa;
descumprimento. dos indígenas será regulada por IV - a sentença declaratória de
§ 2º (VETADO). legislação especial. ausência e de morte presumida.
Art. 27. A decisão do processo, Art. 5º A menoridade cessa aos Art. 10. Far-se-á averbação em
nas esferas administrativa, dezoito anos completos, quando registro público:
controladora ou judicial, poderá a pessoa fica habilitada à prática I - das sentenças que decretarem
impor compensação por de todos os atos da vida civil. a nulidade ou anulação do
benefícios indevidos ou prejuízos Parágrafo único. Cessará, para os casamento, o divórcio, a
anormais ou injustos resultantes menores, a incapacidade: separação judicial e o
do processo ou da conduta dos I - pela concessão dos pais, ou de restabelecimento da sociedade
envolvidos. um deles na falta do outro, conjugal;
§ 1º A decisão sobre a mediante instrumento público, II - dos atos judiciais ou
compensação será motivada,
ouvidas previamente as partes
independentemente
homologação judicial, ou por
de extrajudiciais que declararem ou
reconhecerem a filiação.
7
sobre seu cabimento, sua forma sentença do juiz, ouvido o tutor,
e, se for o caso, seu valor. se o menor tiver dezesseis anos CAPÍTULO II
§ 2º Para prevenir ou regular a completos; Dos Direitos da Personalidade
compensação, poderá ser II - pelo casamento;
celebrado compromisso III - pelo exercício de emprego Art. 12. Pode-se exigir que cesse
processual entre os envolvidos. público efetivo; a ameaça, ou a lesão, a direito da
IV - pela colação de grau em personalidade, e reclamar perdas
1.2. LEI Nº 10.406/02 - curso de ensino superior; e danos, sem prejuízo de outras
CÓDIGO CIVIL V - pelo estabelecimento civil ou sanções previstas em lei.
comercial, ou pela existência de Parágrafo único. Em se tratando
relação de emprego, desde que, de morto, terá legitimação para
PARTE GERAL
em função deles, o menor com requerer a medida prevista neste
LIVRO I
dezesseis anos completos tenha artigo o cônjuge sobrevivente, ou
economia própria. qualquer parente em linha reta,
DAS PESSOAS
ou colateral até o quarto grau.
Art. 7º Pode ser declarada a
TÍTULO I
morte presumida, sem Art. 13. Salvo por exigência
DAS PESSOAS NATURAIS
decretação de ausência: médica, é defeso o ato de
I - se for extremamente provável disposição do próprio corpo,
CAPÍTULO I
a morte de quem estava em quando importar diminuição
Da Personalidade e da
perigo de vida; permanente da integridade
Capacidade
II - se alguém, desaparecido em física, ou contrariar os bons
campanha ou feito prisioneiro, costumes.
Art. 1º Toda pessoa é capaz de
não for encontrado até dois anos Parágrafo único. O ato previsto
direitos e deveres na ordem civil.
após o término da guerra. neste artigo será admitido para
Parágrafo único. A declaração da fins de transplante, na forma
Art. 2º A personalidade civil da
morte presumida, nesses casos, estabelecida em lei especial.
pessoa começa do nascimento
somente poderá ser requerida
com vida; mas a lei põe a salvo,
depois de esgotadas as buscas e Art. 14. É válida, com objetivo
desde a concepção, os direitos do
averiguações, devendo a científico, ou altruístico, a
nascituro.
disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, para Disposições Gerais Parágrafo único. Decai em três
depois da morte. anos o direito de anular a
Parágrafo único. O ato de Art. 41. São pessoas jurídicas de constituição das pessoas jurídicas
disposição pode ser livremente direito público interno: de direito privado, por defeito do
revogado a qualquer tempo. I - a União; ato respectivo, contado o prazo
II - os Estados, o Distrito Federal e da publicação de sua inscrição no
Art. 19. O pseudônimo adotado os Territórios; registro.
para atividades lícitas goza da III - os Municípios;
proteção que se dá ao nome. IV - as autarquias, inclusive as Art. 48-A. As pessoas jurídicas de
associações públicas; direito privado, sem prejuízo do
CAPÍTULO III V - as demais entidades de previsto em legislação especial e
Da Ausência caráter público criadas por lei. em seus atos constitutivos,
Seção I Parágrafo único. Salvo disposição poderão realizar suas
Da Curadoria dos Bens do em contrário, as pessoas jurídicas assembleias gerais por meio
Ausente de direito público, a que se tenha eletrônico, inclusive para os fins
dado estrutura de direito do disposto no art. 59 deste
Art. 22. Desaparecendo uma privado, regem-se, no que Código, respeitados os direitos
pessoa do seu domicílio sem dela couber, quanto ao seu previstos de participação e de
haver notícia, se não houver funcionamento, pelas normas manifestação. (Incluído pela Lei
deixado representante ou deste Código. nº 14.382, de 2022)
procurador a quem caiba
administrar-lhe os bens, o juiz, a Art. 42. São pessoas jurídicas de Art. 50. Em caso de abuso da
requerimento de qualquer direito público externo os personalidade jurídica,
interessado ou do Ministério Estados estrangeiros e todas as caracterizado pelo desvio de
Público, declarará a ausência, e pessoas que forem regidas pelo finalidade ou pela confusão
nomear-lhe-á curador. direito internacional público. patrimonial, pode o juiz, a
requerimento da parte, ou do
Seção II Art. 44. São pessoas jurídicas de Ministério Público quando lhe
Da Sucessão Provisória direito privado: couber intervir no processo,
I - as associações; desconsiderá-la para que os
Art. 26. Decorrido um ano da
arrecadação dos bens do
II - as sociedades;
III - as fundações.
efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam
8
ausente, ou, se ele deixou IV - as organizações religiosas; estendidos aos bens particulares
representante ou procurador, em V - os partidos políticos. de administradores ou de sócios
se passando três anos, poderão §1º São livres a criação, a da pessoa jurídica beneficiados
os interessados requerer que se organização, a estruturação direta ou indiretamente pelo
declare a ausência e se abra interna e o funcionamento das abuso.
provisoriamente a sucessão. organizações religiosas, sendo § 1º Para os fins do disposto
vedado ao poder público negar- neste artigo, desvio de finalidade
Art. 27. Para o efeito previsto no lhes reconhecimento ou registro é a utilização da pessoa jurídica
artigo anterior, somente se dos atos constitutivos e com o propósito de lesar
consideram interessados: necessários ao seu credores e para a prática de atos
I - o cônjuge não separado funcionamento. ilícitos de qualquer natureza.
judicialmente; §2º As disposições concernentes § 2º Entende-se por confusão
II - os herdeiros presumidos, às associações aplicam-se patrimonial a ausência de
legítimos ou testamentários; subsidiariamente às sociedades separação de fato entre os
III - os que tiverem sobre os bens que são objeto do Livro II da patrimônios, caracterizada por:
do ausente direito dependente Parte Especial deste Código. I - cumprimento repetitivo pela
de sua morte; §3º Os partidos políticos serão sociedade de obrigações do sócio
IV - os credores de obrigações organizados e funcionarão ou do administrador ou vice-
vencidas e não pagas. conforme o disposto em lei versa;
específica. II - transferência de ativos ou de
Art. 32. Empossados nos bens, os passivos sem efetivas
sucessores provisórios ficarão Art. 45. Começa a existência legal contraprestações, exceto os de
representando ativa e das pessoas jurídicas de direito valor proporcionalmente
passivamente o ausente, de privado com a inscrição do ato insignificante; e
modo que contra eles correrão as constitutivo no respectivo III - outros atos de
ações pendentes e as que de registro, precedida, quando descumprimento da autonomia
futuro àquele forem movidas. necessário, de autorização ou patrimonial.
aprovação do Poder Executivo, § 3º O disposto no caput e nos §§
TÍTULO II averbando-se no registro todas 1º e 2º deste artigo também se
DAS PESSOAS JURÍDICAS as alterações por que passar o aplica à extensão das obrigações
CAPÍTULO I ato constitutivo.
de sócios ou de administradores §2º Se a administração, ou
à pessoa jurídica. Art. 68. Quando a alteração não diretoria, tiver a sede no
§ 4º A mera existência de grupo houver sido aprovada por estrangeiro, haver-se-á por
econômico sem a presença dos votação unânime, os domicílio da pessoa jurídica, no
requisitos de que trata o caput administradores da fundação, ao tocante às obrigações contraídas
deste artigo não autoriza a submeterem o estatuto ao órgão por cada uma das suas agências,
desconsideração da do Ministério Público, o lugar do estabelecimento, sito
personalidade da pessoa jurídica. requererão que se dê ciência à no Brasil, a que ela corresponder.
§ 5º Não constitui desvio de minoria vencida para impugná-la,
finalidade a mera expansão ou a se quiser, em dez dias. Art. 76. Têm domicílio necessário
alteração da finalidade original o incapaz, o servidor público, o
da atividade econômica TÍTULO III militar, o marítimo e o preso.
específica da pessoa jurídica. Do Domicílio Parágrafo único. O domicílio do
incapaz é o do seu representante
Art. 52. Aplica-se às pessoas Art. 70. O domicílio da pessoa ou assistente; o do servidor
jurídicas, no que couber, a natural é o lugar onde ela público, o lugar em que exercer
proteção dos direitos da estabelece a sua residência com permanentemente suas funções;
personalidade. ânimo definitivo. o do militar, onde servir, e, sendo
da Marinha ou da Aeronáutica, a
CAPÍTULO II Art. 71. Se, porém, a pessoa sede do comando a que se
DAS ASSOCIAÇÕES natural tiver diversas residências, encontrar imediatamente
onde, alternadamente, viva, subordinado; o do marítimo,
Art. 53. Constituem-se as considerar-se-á domicílio seu onde o navio estiver matriculado;
associações pela união de qualquer delas. e o do preso, o lugar em que
pessoas que se organizem para cumprir a sentença.
fins não econômicos. Art. 72. É também domicílio da
Parágrafo único. Não há, entre os pessoa natural, quanto às Seção III
associados, direitos e obrigações relações concernentes à Dos Bens Fungíveis e
recíprocos. profissão, o lugar onde esta é Consumíveis
exercida.
Art. 55. Os associados devem ter
iguais direitos, mas o estatuto
Parágrafo único. Se a pessoa
exercitar profissão em lugares
Art. 85. São fungíveis os móveis
que podem substituir-se por
9
poderá instituir categorias com diversos, cada um deles outros da mesma espécie,
vantagens especiais. constituirá domicílio para as qualidade e quantidade.
relações que lhe Art. 86. São consumíveis os bens
Art. 56. A qualidade de associado corresponderem. móveis cujo uso importa
é intransmissível, se o estatuto destruição imediata da própria
não dispuser o contrário. Art. 73. Ter-se-á por domicílio da substância, sendo também
Parágrafo único. Se o associado pessoa natural, que não tenha considerados tais os destinados à
for titular de quota ou fração residência habitual, o lugar onde alienação.
ideal do patrimônio da for encontrada.
associação, a transferência Seção IV
daquela não importará, de per si Art. 75. Quanto às pessoas Dos Bens Divisíveis
, na atribuição da qualidade de jurídicas, o domicílio é:
associado ao adquirente ou ao I - da União, o Distrito Federal; Art. 88. Os bens naturalmente
herdeiro, salvo disposição diversa II - dos Estados e Territórios, as divisíveis podem tornar-se
do estatuto. respectivas capitais; indivisíveis por determinação da
III - do Município, o lugar onde lei ou por vontade das partes.
Art. 67. Para que se possa alterar funcione a administração
o estatuto da fundação é mister municipal; CAPÍTULO II
que a reforma: IV - das demais pessoas jurídicas, Dos Bens Reciprocamente
I - seja deliberada por dois terços o lugar onde funcionarem as Considerados
dos competentes para gerir e respectivas diretorias e
representar a fundação; administrações, ou onde Art. 93. São pertenças os bens
II - não contrarie ou desvirtue o elegerem domicílio especial no que, não constituindo partes
fim desta; seu estatuto ou atos integrantes, se destinam, de
III – seja aprovada pelo órgão do constitutivos. modo duradouro, ao uso, ao
Ministério Público no prazo serviço ou ao aformoseamento
máximo de 45 (quarenta e cinco) §1º Tendo a pessoa jurídica de outro.
dias, findo o qual ou no caso de o diversos estabelecimentos em
Ministério Público a denegar, lugares diferentes, cada um deles Art. 94. Os negócios jurídicos que
poderá o juiz supri-la, a será considerado domicílio para dizem respeito ao bem principal
requerimento do interessado. os atos nele praticados. não abrangem as pertenças,
salvo se o contrário resultar da Disposições Gerais negócios jurídicos diversas
lei, da manifestação de vontade, daquelas previstas em lei.
ou das circunstâncias do caso. Art. 104. A validade do negócio
jurídico requer: Art. 114. Os negócios jurídicos
CAPÍTULO III I - agente capaz; benéficos e a renúncia
Dos Bens Públicos II - objeto lícito, possível, interpretam-se estritamente.
determinado ou determinável;
Art. 98. São públicos os bens do III - forma prescrita ou não defesa CAPÍTULO II
domínio nacional pertencentes em lei. Da Representação
às pessoas jurídicas de direito
público interno; todos os outros Art. 106. A impossibilidade inicial Art. 117. Salvo se o permitir a lei
são particulares, seja qual for a do objeto não invalida o negócio ou o representado, é anulável o
pessoa a que pertencerem. jurídico se for relativa, ou se negócio jurídico que o
cessar antes de realizada a representante, no seu interesse
Art. 99. São bens públicos: condição a que ele estiver ou por conta de outrem, celebrar
I - os de uso comum do povo, tais subordinado. consigo mesmo.
como rios, mares, estradas, ruas
e praças; Art. 110. A manifestação de CAPÍTULO III
II - os de uso especial, tais como vontade subsiste ainda que o seu Da Condição, do Termo e do
edifícios ou terrenos destinados a autor haja feito a reserva mental Encargo
serviço ou estabelecimento da de não querer o que manifestou,
administração federal, estadual, salvo se dela o destinatário tinha Art. 124. Têm-se por inexistentes
territorial ou municipal, inclusive conhecimento. as condições impossíveis,
os de suas autarquias; quando resolutivas, e as de não
III - os dominicais, que Art. 111. O silêncio importa fazer coisa impossível.
constituem o patrimônio das anuência, quando as
pessoas jurídicas de direito circunstâncias ou os usos o Art. 131. O termo inicial
público, como objeto de direito autorizarem, e não for necessária suspende o exercício, mas não a
pessoal, ou real, de cada uma a declaração de vontade aquisição do direito.
dessas entidades. expressa.
Parágrafo único. Não dispondo a
lei em contrário, consideram-se Art. 113. Os negócios jurídicos
Art. 133. Nos testamentos,
presume-se o prazo em favor do
10
dominicais os bens pertencentes devem ser interpretados herdeiro, e, nos contratos, em
às pessoas jurídicas de direito conforme a boa-fé e os usos do proveito do devedor, salvo,
público a que se tenha dado lugar de sua celebração. quanto a esses, se do teor do
estrutura de direito privado. § 1º A interpretação do negócio instrumento, ou das
jurídico deve lhe atribuir o circunstâncias, resultar que se
Art. 100. Os bens públicos de uso sentido que: estabeleceu a benefício do
comum do povo e os de uso I - for confirmado pelo credor, ou de ambos os
especial são inalienáveis, comportamento das partes contratantes.
enquanto conservarem a sua posterior à celebração do
qualificação, na forma que a lei negócio; CAPÍTULO IV
determinar. II - corresponder aos usos, Dos Defeitos do Negócio
costumes e práticas do mercado Jurídico
Art. 101. Os bens públicos relativas ao tipo de negócio; Seção I
dominicais podem ser alienados, III - corresponder à boa-fé; Do Erro ou Ignorância
observadas as exigências da lei. IV - for mais benéfico à parte que
não redigiu o dispositivo, se Art. 139. O erro é substancial
Art. 102. Os bens públicos não identificável; e quando:
estão sujeitos a usucapião. V - corresponder a qual seria a I - interessa à natureza do
razoável negociação das partes negócio, ao objeto principal da
Art. 103. O uso comum dos bens sobre a questão discutida, declaração, ou a alguma das
públicos pode ser gratuito ou inferida das demais disposições qualidades a ele essenciais;
retribuído, conforme for do negócio e da racionalidade II - concerne à identidade ou à
estabelecido legalmente pela econômica das partes, qualidade essencial da pessoa a
entidade a cuja administração consideradas as informações quem se refira a declaração de
pertencerem. disponíveis no momento de sua vontade, desde que tenha
celebração. influído nesta de modo
LIVRO III § 2º As partes poderão relevante;
Dos Fatos Jurídicos livremente pactuar regras de III - sendo de direito e não
TÍTULO I interpretação, de preenchimento implicando recusa à aplicação da
Do Negócio Jurídico de lacunas e de integração dos lei, for o motivo único ou
CAPÍTULO I principal do negócio jurídico.
normal de um direito, nem o
Art. 140. O falso motivo só vicia a simples temor reverencial. Art. 167. É nulo o negócio jurídico
declaração de vontade quando simulado, mas subsistirá o que se
expresso como razão Art. 154. Vicia o negócio jurídico dissimulou, se válido for na
determinante. a coação exercida por terceiro, se substância e na forma.
dela tivesse ou devesse ter §1º Haverá simulação nos
Art. 142. O erro de indicação da conhecimento a parte a que negócios jurídicos quando:
pessoa ou da coisa, a que se aproveite, e esta responderá I - aparentarem conferir ou
referir a declaração de vontade, solidariamente com aquele por transmitir direitos a pessoas
não viciará o negócio quando, perdas e danos. diversas daquelas às quais
por seu contexto e pelas realmente se conferem, ou
circunstâncias, se puder Art. 155. Subsistirá o negócio transmitem;
identificar a coisa ou pessoa jurídico, se a coação decorrer de II - contiverem declaração,
cogitada. terceiro, sem que a parte a que confissão, condição ou cláusula
aproveite dela tivesse ou devesse não verdadeira;
Art. 143. O erro de cálculo apenas ter conhecimento; mas o autor III - os instrumentos particulares
autoriza a retificação da da coação responderá por todas forem antedatados, ou pós-
declaração de vontade. as perdas e danos que houver datados.
causado ao coacto. §2º Ressalvam-se os direitos de
Art. 144. O erro não prejudica a terceiros de boa-fé em face dos
validade do negócio jurídico Seção V contraentes do negócio jurídico
quando a pessoa, a quem a Da Lesão simulado.
manifestação de vontade se
dirige, se oferecer para executá- Art. 157. Ocorre a lesão quando Art. 168. As nulidades dos artigos
la na conformidade da vontade uma pessoa, sob premente antecedentes podem ser
real do manifestante. necessidade, ou por alegadas por qualquer
inexperiência, se obriga a interessado, ou pelo Ministério
Seção II prestação manifestamente Público, quando lhe couber
Do Dolo desproporcional ao valor da intervir.
prestação oposta. Parágrafo único. As nulidades
Art. 146. O dolo acidental só
obriga à satisfação das perdas e
§1º Aprecia-se a desproporção
das prestações segundo os
devem ser pronunciadas pelo
juiz, quando conhecer do
11
danos, e é acidental quando, a valores vigentes ao tempo em negócio jurídico ou dos seus
seu despeito, o negócio seria que foi celebrado o negócio efeitos e as encontrar provadas,
realizado, embora por outro jurídico. não lhe sendo permitido supri-
modo. §2º Não se decretará a anulação las, ainda que a requerimento
do negócio, se for oferecido das partes.
Seção III suplemento suficiente, ou se a
Da Coação parte favorecida concordar com a Art. 171. Além dos casos
redução do proveito. expressamente declarados na lei,
Art. 151. A coação, para viciar a é anulável o negócio jurídico:
declaração da vontade, há de ser Seção VI I - por incapacidade relativa do
tal que incuta ao paciente Da Fraude Contra Credores agente;
fundado temor de dano iminente II - por vício resultante de erro,
e considerável à sua pessoa, à sua Art. 158. Os negócios de dolo, coação, estado de perigo,
família, ou aos seus bens. transmissão gratuita de bens ou lesão ou fraude contra credores.
Parágrafo único. Se disser remissão de dívida, se os praticar
respeito a pessoa não o devedor já insolvente, ou por TÍTULO III
pertencente à família do eles reduzido à insolvência, ainda Dos Atos Ilícitos
paciente, o juiz, com base nas quando o ignore, poderão ser
circunstâncias, decidirá se houve anulados pelos credores Art. 186. Aquele que, por ação ou
coação. quirografários, como lesivos dos omissão voluntária, negligência
seus direitos. ou imprudência, violar direito e
Art. 152. No apreciar a coação, §1º Igual direito assiste aos causar dano a outrem, ainda que
ter-se-ão em conta o sexo, a credores cuja garantia se tornar exclusivamente moral, comete
idade, a condição, a saúde, o insuficiente. ato ilícito.
temperamento do paciente e §2º Só os credores que já o eram
todas as demais circunstâncias ao tempo daqueles atos podem Art. 187. Também comete ato
que possam influir na gravidade pleitear a anulação deles. ilícito o titular de um direito que,
dela. ao exercê-lo, excede
CAPÍTULO V manifestamente os limites
Art. 153. Não se considera Da Invalidade do Negócio impostos pelo seu fim econômico
coação a ameaça do exercício Jurídico
ou social, pela boa-fé ou pelos pagamento da hospedagem ou
bons costumes. Art. 202. A interrupção da dos alimentos;
prescrição, que somente poderá II - a pretensão do segurado
Art. 188. Não constituem atos ocorrer uma vez, dar-se-á: contra o segurador, ou a deste
ilícitos: I - por despacho do juiz, mesmo contra aquele, contado o prazo:
I - os praticados em legítima incompetente, que ordenar a a) para o segurado, no caso de
defesa ou no exercício regular de citação, se o interessado a seguro de responsabilidade civil,
um direito reconhecido; promover no prazo e na forma da da data em que é citado para
II - a deterioração ou destruição lei processual; responder à ação de indenização
da coisa alheia, ou a lesão a II - por protesto, nas condições do proposta pelo terceiro
pessoa, a fim de remover perigo inciso antecedente; prejudicado, ou da data que a
iminente. III - por protesto cambial; este indeniza, com a anuência do
Parágrafo único. No caso do IV - pela apresentação do título segurador;
inciso II, o ato será legítimo de crédito em juízo de inventário b) quanto aos demais seguros, da
somente quando as ou em concurso de credores; ciência do fato gerador da
circunstâncias o tornarem V - por qualquer ato judicial que pretensão;
absolutamente necessário, não constitua em mora o devedor; III - a pretensão dos tabeliães,
excedendo os limites do VI - por qualquer ato inequívoco, auxiliares da justiça,
indispensável para a remoção do ainda que extrajudicial, que serventuários judiciais, árbitros e
perigo. importe reconhecimento do peritos, pela percepção de
direito pelo devedor. emolumentos, custas e
TÍTULO IV Parágrafo único. A prescrição honorários;
Da Prescrição e da Decadência interrompida recomeça a correr IV - a pretensão contra os peritos,
CAPÍTULO I da data do ato que a pela avaliação dos bens que
Da Prescrição interrompeu, ou do último ato do entraram para a formação do
Seção I processo para a interromper. capital de sociedade anônima,
Disposições Gerais contado da publicação da ata da
Art. 203. A prescrição pode ser assembléia que aprovar o laudo;
Art. 190. A exceção prescreve no interrompida por qualquer V - a pretensão dos credores não
mesmo prazo em que a interessado. pagos contra os sócios ou
pretensão.
Art. 204. A interrupção da
acionistas e os liquidantes,
contado o prazo da publicação da
12
Seção II prescrição por um credor não ata de encerramento da
Das Causas que Impedem ou aproveita aos outros; liquidação da sociedade.
Suspendem a Prescrição semelhantemente, a interrupção §2º Em dois anos, a pretensão
operada contra o co-devedor, ou para haver prestações
Art. 197. Não corre a prescrição: seu herdeiro, não prejudica aos alimentares, a partir da data em
I - entre os cônjuges, na demais coobrigados. que se vencerem.
constância da sociedade §1º A interrupção por um dos §3º Em três anos:
conjugal; credores solidários aproveita aos I - a pretensão relativa a aluguéis
II - entre ascendentes e outros; assim como a interrupção de prédios urbanos ou rústicos;
descendentes, durante o poder efetuada contra o devedor II - a pretensão para receber
familiar; solidário envolve os demais e prestações vencidas de rendas
III - entre tutelados ou seus herdeiros. temporárias ou vitalícias;
curatelados e seus tutores ou §2º A interrupção operada contra III - a pretensão para haver juros,
curadores, durante a tutela ou um dos herdeiros do devedor dividendos ou quaisquer
curatela. solidário não prejudica os outros prestações acessórias, pagáveis,
herdeiros ou devedores, senão em períodos não maiores de um
Art. 200. Quando a ação se quando se trate de obrigações e ano, com capitalização ou sem
originar de fato que deva ser direitos indivisíveis. ela;
apurado no juízo criminal, não §3º A interrupção produzida IV - a pretensão de ressarcimento
correrá a prescrição antes da contra o principal devedor de enriquecimento sem causa;
respectiva sentença definitiva. prejudica o fiador. V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição
Art. 201. Suspensa a prescrição Seção IV dos lucros ou dividendos
em favor de um dos credores Dos Prazos da Prescrição recebidos de má-fé, correndo o
solidários, só aproveitam os prazo da data em que foi
outros se a obrigação for Art. 206. Prescreve: deliberada a distribuição;
indivisível. §1º Em um ano: VII - a pretensão contra as
I - a pretensão dos hospedeiros pessoas em seguida indicadas
Seção III ou fornecedores de víveres por violação da lei ou do
Das Causas que Interrompem a destinados a consumo no próprio estatuto, contado o prazo:
Prescrição estabelecimento, para o
a) para os fundadores, da Art. 215. A escritura pública, I - os menores de dezesseis anos;
publicação dos atos constitutivos lavrada em notas de tabelião, é IV - o interessado no litígio, o
da sociedade anônima; documento dotado de fé pública, amigo íntimo ou o inimigo capital
b) para os administradores, ou fazendo prova plena. das partes;
fiscais, da apresentação, aos §1º Salvo quando exigidos por lei V - os cônjuges, os ascendentes,
sócios, do balanço referente ao outros requisitos, a escritura os descendentes e os colaterais,
exercício em que a violação tenha pública deve conter: até o terceiro grau de alguma das
sido praticada, ou da reunião ou I - data e local de sua realização; partes, por consangüinidade, ou
assembléia geral que dela deva II - reconhecimento da afinidade.
tomar conhecimento; identidade e capacidade das §1º Para a prova de fatos que só
c) para os liquidantes, da partes e de quantos hajam elas conheçam, pode o juiz
primeira assembléia semestral comparecido ao ato, por si, como admitir o depoimento das
posterior à violação; representantes, intervenientes pessoas a que se refere este
VIII - a pretensão para haver o ou testemunhas; artigo.
pagamento de título de crédito, a III - nome, nacionalidade, estado §2º A pessoa com deficiência
contar do vencimento, civil, profissão, domicílio e poderá testemunhar em
ressalvadas as disposições de lei residência das partes e demais igualdade de condições com as
especial; comparecentes, com a indicação, demais pessoas, sendo-lhe
IX - a pretensão do beneficiário quando necessário, do regime de assegurados todos os recursos de
contra o segurador, e a do bens do casamento, nome do tecnologia assistiva.
terceiro prejudicado, no caso de outro cônjuge e filiação;
seguro de responsabilidade civil IV - manifestação clara da CAPÍTULO III
obrigatório. vontade das partes e dos Das Obrigações de Não Fazer
§4º Em quatro anos, a pretensão intervenientes;
relativa à tutela, a contar da data V - referência ao cumprimento Art. 251. Praticado pelo devedor
da aprovação das contas. das exigências legais e fiscais o ato, a cuja abstenção se
§5º Em cinco anos: inerentes à legitimidade do ato; obrigara, o credor pode exigir
I - a pretensão de cobrança de VI - declaração de ter sido lida na dele que o desfaça, sob pena de
dívidas líquidas constantes de presença das partes e demais se desfazer à sua custa,
instrumento público ou comparecentes, ou de que todos ressarcindo o culpado perdas e
particular;
II - a pretensão dos profissionais
a leram;
VII - assinatura das partes e dos
danos.
Parágrafo único. Em caso de
13
liberais em geral, procuradores demais comparecentes, bem urgência, poderá o credor
judiciais, curadores e professores como a do tabelião ou seu desfazer ou mandar desfazer,
pelos seus honorários, contado o substituto legal, encerrando o independentemente de
prazo da conclusão dos serviços, ato. autorização judicial, sem prejuízo
da cessação dos respectivos §2º Se algum comparecente não do ressarcimento devido.
contratos ou mandato; puder ou não souber escrever,
III - a pretensão do vencedor para outra pessoa capaz assinará por CAPÍTULO V
haver do vencido o que ele, a seu rogo. Das Obrigações Divisíveis e
despendeu em juízo. §3º A escritura será redigida na Indivisíveis
língua nacional.
Art. 206-A. A prescrição §4º Se qualquer dos Art. 257. Havendo mais de um
intercorrente observará o comparecentes não souber a devedor ou mais de um credor
mesmo prazo de prescrição da língua nacional e o tabelião não em obrigação divisível, esta
pretensão. entender o idioma em que se presume-se dividida em tantas
expressa, deverá comparecer obrigações, iguais e distintas,
Art. 207. Salvo disposição legal tradutor público para servir de quantos os credores ou
em contrário, não se aplicam à intérprete, ou, não o havendo na devedores.
decadência as normas que localidade, outra pessoa capaz Art. 258. A obrigação é indivisível
impedem, suspendem ou que, a juízo do tabelião, tenha quando a prestação tem por
interrompem a prescrição. idoneidade e conhecimento objeto uma coisa ou um fato não
bastantes. suscetíveis de divisão, por sua
Art. 211. Se a decadência for §5º Se algum dos comparecentes natureza, por motivo de ordem
convencional, a parte a quem não for conhecido do tabelião, econômica, ou dada a razão
aproveita pode alegá-la em nem puder identificar-se por determinante do negócio
qualquer grau de jurisdição, mas documento, deverão participar jurídico.
o juiz não pode suprir a alegação. do ato pelo menos duas
testemunhas que o conheçam e Art. 259. Se, havendo dois ou
TÍTULO V atestem sua identidade. mais devedores, a prestação não
Da Prova for divisível, cada um será
Art. 228. Não podem ser obrigado pela dívida toda.
admitidos como testemunhas:
Parágrafo único. O devedor, que Art. 296. Salvo estipulação em Art. 312. Se o devedor pagar ao
paga a dívida, sub-roga-se no contrário, o cedente não credor, apesar de intimado da
direito do credor em relação aos responde pela solvência do penhora feita sobre o crédito, ou
outros coobrigados. devedor. da impugnação a ele oposta por
terceiros, o pagamento não
Seção II CAPÍTULO II valerá contra estes, que poderão
Da Solidariedade Ativa Da Assunção de Dívida constranger o devedor a pagar de
novo, ficando-lhe ressalvado o
Art. 267. Cada um dos credores Art. 299. É facultado a terceiro regresso contra o credor.
solidários tem direito a exigir do assumir a obrigação do devedor,
devedor o cumprimento da com o consentimento expresso Seção III
prestação por inteiro. do credor, ficando exonerado o Do Objeto do Pagamento e Sua
devedor primitivo, salvo se Prova
Seção III aquele, ao tempo da assunção,
Da Solidariedade Passiva era insolvente e o credor o Art. 316. É lícito convencionar o
ignorava. aumento progressivo de
Art. 275. O credor tem direito a Parágrafo único. Qualquer das prestações sucessivas.
exigir e receber de um ou de partes pode assinar prazo ao
alguns dos devedores, parcial ou credor para que consinta na Seção IV
totalmente, a dívida comum; se o assunção da dívida, Do Lugar do Pagamento
pagamento tiver sido parcial, interpretando-se o seu silêncio
todos os demais devedores como recusa. Art. 330. O pagamento
continuam obrigados reiteradamente feito em outro
solidariamente pelo resto. Art. 301. Se a substituição do local faz presumir renúncia do
Parágrafo único. Não importará devedor vier a ser anulada, credor relativamente ao previsto
renúncia da solidariedade a restaura-se o débito, com todas no contrato.
propositura de ação pelo credor as suas garantias, salvo as
contra um ou alguns dos garantias prestadas por terceiros, CAPÍTULO VII
devedores. exceto se este conhecia o vício Da Compensação
que inquinava a obrigação.
Art. 276. Se um dos devedores
solidários falecer deixando Art. 302. O novo devedor não
Art. 371. O devedor somente
pode compensar com o credor o
14
herdeiros, nenhum destes será pode opor ao credor as exceções que este lhe dever; mas o fiador
obrigado a pagar senão a quota pessoais que competiam ao pode compensar sua dívida com
que corresponder ao seu devedor primitivo. a de seu credor ao afiançado.
quinhão hereditário, salvo se a
obrigação for indivisível; mas Seção II CAPÍTULO IV
todos reunidos serão Daqueles a Quem se Deve Pagar Da Imputação do Pagamento
considerados como um devedor
solidário em relação aos demais Art. 308. O pagamento deve ser Art. 354. Havendo capital e juros,
devedores. feito ao credor ou a quem de o pagamento imputar-se-á
direito o represente, sob pena de primeiro nos juros vencidos, e
TÍTULO II só valer depois de por ele depois no capital, salvo
Da Transmissão das Obrigações ratificado, ou tanto quanto estipulação em contrário, ou se o
CAPÍTULO I reverter em seu proveito. credor passar a quitação por
Da Cessão de Crédito conta do capital.
Art. 309. O pagamento feito de
Art. 289. O cessionário de crédito boa-fé ao credor putativo é CAPÍTULO VII
hipotecário tem o direito de fazer válido, ainda provado depois que Da Compensação
averbar a cessão no registro do não era credor.
imóvel. Art. 371. O devedor somente
Art. 310. Não vale o pagamento pode compensar com o credor o
Art. 295. Na cessão por título cientemente feito ao credor que este lhe dever; mas o fiador
oneroso, o cedente, ainda que incapaz de quitar, se o devedor pode compensar sua dívida com
não se responsabilize, fica não provar que em benefício dele a de seu credor ao afiançado.
responsável ao cessionário pela efetivamente reverteu.
existência do crédito ao tempo CAPÍTULO II
em que lhe cedeu; a mesma Art. 311. Considera-se autorizado Da Mora
responsabilidade lhe cabe nas a receber o pagamento o
cessões por título gratuito, se portador da quitação, salvo se as Art. 395. Responde o devedor
tiver procedido de má-fé. circunstâncias contrariarem a pelos prejuízos a que sua mora
presunção daí resultante. der causa, mais juros, atualização
dos valores monetários segundo
índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de Art. 406. Quando os juros Art. 422. Os contratantes são
advogado. moratórios não forem obrigados a guardar, assim na
Parágrafo único. Se a prestação, convencionados, ou o forem sem conclusão do contrato, como em
devido à mora, se tornar inútil ao taxa estipulada, ou quando sua execução, os princípios de
credor, este poderá enjeitá-la, e provierem de determinação da probidade e boa-fé.
exigir a satisfação das perdas e lei, serão fixados segundo a taxa
danos. que estiver em vigor para a mora Art. 426. Não pode ser objeto de
do pagamento de impostos contrato a herança de pessoa
Art. 396. Não havendo fato ou devidos à Fazenda Nacional. viva.
omissão imputável ao devedor,
não incorre este em mora. CAPÍTULO V Seção III
Da Cláusula Penal Da Estipulação em Favor de
Art. 397. O inadimplemento da Terceiro
obrigação, positiva e líquida, no Art. 408. Incorre de pleno direito
seu termo, constitui de pleno o devedor na cláusula penal, Art. 436. O que estipula em favor
direito em mora o devedor. desde que, culposamente, deixe de terceiro pode exigir o
Parágrafo único. Não havendo de cumprir a obrigação ou se cumprimento da obrigação.
termo, a mora se constitui constitua em mora. Parágrafo único. Ao terceiro, em
mediante interpelação judicial ou favor de quem se estipulou a
extrajudicial. Art. 409. A cláusula penal obrigação, também é permitido
estipulada conjuntamente com a exigi-la, ficando, todavia, sujeito
Art. 398. Nas obrigações obrigação, ou em ato posterior, às condições e normas do
provenientes de ato ilícito, pode referir-se à inexecução contrato, se a ele anuir, e o
considera-se o devedor em mora, completa da obrigação, à de estipulante não o inovar nos
desde que o praticou. alguma cláusula especial ou termos do art. 438.
simplesmente à mora.
Art. 399. O devedor em mora Seção V
responde pela impossibilidade da Art. 410. Quando se estipular a Dos Vícios Redibitórios
prestação, embora essa cláusula penal para o caso de
impossibilidade resulte de caso
fortuito ou de força maior, se
total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á
Art. 445. O adquirente decai do
direito de obter a redibição ou
15
estes ocorrerem durante o em alternativa a benefício do abatimento no preço no prazo de
atraso; salvo se provar isenção de credor. trinta dias se a coisa for móvel, e
culpa, ou que o dano sobreviria de um ano se for imóvel, contado
ainda quando a obrigação fosse Art. 413. A penalidade deve ser da entrega efetiva; se já estava na
oportunamente desempenhada. reduzida eqüitativamente pelo posse, o prazo conta-se da
juiz se a obrigação principal tiver alienação, reduzido à metade.
Art. 400. A mora do credor sido cumprida em parte, ou se o §1º Quando o vício, por sua
subtrai o devedor isento de dolo montante da penalidade for natureza, só puder ser conhecido
à responsabilidade pela manifestamente excessivo, mais tarde, o prazo contar-se-á
conservação da coisa, obriga o tendo-se em vista a natureza e a do momento em que dele tiver
credor a ressarcir as despesas finalidade do negócio. ciência, até o prazo máximo de
empregadas em conservá-la, e cento e oitenta dias, em se
sujeita-o a recebê-la pela Art. 416. Para exigir a pena tratando de bens móveis; e de
estimação mais favorável ao convencional, não é necessário um ano, para os imóveis.
devedor, se o seu valor oscilar que o credor alegue prejuízo. §2º Tratando-se de venda de
entre o dia estabelecido para o Parágrafo único. Ainda que o animais, os prazos de garantia
pagamento e o da sua efetivação. prejuízo exceda ao previsto na por vícios ocultos serão os
cláusula penal, não pode o credor estabelecidos em lei especial, ou,
CAPÍTULO III exigir indenização suplementar na falta desta, pelos usos locais,
Das Perdas e Danos se assim não foi convencionado. aplicando-se o disposto no
Se o tiver sido, a pena vale como parágrafo antecedente se não
Art. 403. Ainda que a inexecução mínimo da indenização, houver regras disciplinando a
resulte de dolo do devedor, as competindo ao credor provar o matéria.
perdas e danos só incluem os prejuízo excedente.
prejuízos efetivos e os lucros Seção VI
cessantes por efeito dela direto e TÍTULO V Da Evicção
imediato, sem prejuízo do Dos Contratos em Geral
disposto na lei processual. CAPÍTULO I Art. 448. Podem as partes, por
Disposições Gerais cláusula expressa, reforçar,
CAPÍTULO IV Seção I diminuir ou excluir a
Dos Juros Legais Preliminares responsabilidade pela evicção.
descendentes e do cônjuge do
Art. 449. Não obstante a cláusula Art. 472. O distrato faz-se pela alienante.
que exclui a garantia contra a mesma forma exigida para o
evicção, se esta se der, tem contrato. CAPÍTULO III
direito o evicto a receber o preço Do Contrato Estimatório
que pagou pela coisa evicta, se Seção II
não soube do risco da evicção, Da Cláusula Resolutiva Art. 534. Pelo contrato
ou, dele informado, não o estimatório, o consignante
assumiu. Art. 474. A cláusula resolutiva entrega bens móveis ao
expressa opera de pleno direito; consignatário, que fica
Art. 455. Se parcial, mas a tácita depende de interpelação autorizado a vendê-los, pagando
considerável, for a evicção, judicial. àquele o preço ajustado, salvo se
poderá o evicto optar entre a preferir, no prazo estabelecido,
rescisão do contrato e a Art. 475. A parte lesada pelo restituir-lhe a coisa consignada.
restituição da parte do preço inadimplemento pode pedir a
correspondente ao desfalque resolução do contrato, se não CAPÍTULO IV
sofrido. Se não for considerável, preferir exigir-lhe o Da Doação
caberá somente direito a cumprimento, cabendo, em Seção I
indenização. qualquer dos casos, indenização Disposições Gerais
por perdas e danos.
Seção VII Art. 544. A doação de
Dos Contratos Aleatórios Seção III ascendentes a descendentes, ou
Da Exceção de Contrato não de um cônjuge a outro, importa
Art. 458. Se o contrato for Cumprido adiantamento do que lhes cabe
aleatório, por dizer respeito a por herança.
coisas ou fatos futuros, cujo risco Art. 476. Nos contratos bilaterais,
de não virem a existir um dos nenhum dos contratantes, antes Art. 547. O doador pode estipular
contratantes assuma, terá o de cumprida a sua obrigação, que os bens doados voltem ao
outro direito de receber pode exigir o implemento da do seu patrimônio, se sobreviver ao
integralmente o que lhe foi outro. donatário.
prometido, desde que de sua
parte não tenha havido dolo ou Seção IV
Parágrafo único. Não prevalece
cláusula de reversão em favor de
16
culpa, ainda que nada do Da Resolução por Onerosidade terceiro.
avençado venha a existir. Excessiva
Art. 551. Salvo declaração em
Art. 459. Se for aleatório, por Art. 478. Nos contratos de contrário, a doação em comum a
serem objeto dele coisas futuras, execução continuada ou diferida, mais de uma pessoa entende-se
tomando o adquirente a si o risco se a prestação de uma das partes distribuída entre elas por igual.
de virem a existir em qualquer se tornar excessivamente Parágrafo único. Se os
quantidade, terá também direito onerosa, com extrema vantagem donatários, em tal caso, forem
o alienante a todo o preço, desde para a outra, em virtude de marido e mulher, subsistirá na
que de sua parte não tiver acontecimentos extraordinários totalidade a doação para o
concorrido culpa, ainda que a e imprevisíveis, poderá o cônjuge sobrevivo.
coisa venha a existir em devedor pedir a resolução do
quantidade inferior à esperada. contrato. Os efeitos da sentença CAPÍTULO V
Parágrafo único. Mas, se da coisa que a decretar retroagirão à data Da Locação de Coisas
nada vier a existir, alienação não da citação.
haverá, e o alienante restituirá o Art. 578. Salvo disposição em
preço recebido. CAPÍTULO II contrário, o locatário goza do
Da Troca ou Permuta direito de retenção, no caso de
Seção VIII benfeitorias necessárias, ou no
Do Contrato Preliminar Art. 533. Aplicam-se à troca as de benfeitorias úteis, se estas
disposições referentes à compra houverem sido feitas com
Art. 462. O contrato preliminar, e venda, com as seguintes expresso consentimento do
exceto quanto à forma, deve modificações: locador.
conter todos os requisitos I - salvo disposição em contrário,
essenciais ao contrato a ser cada um dos contratantes pagará CAPÍTULO VI
celebrado. por metade as despesas com o Do Empréstimo
instrumento da troca; Seção I
CAPÍTULO II II - é anulável a troca de valores Do Comodato
Da Extinção do Contrato desiguais entre ascendentes e
Seção I descendentes, sem Art. 579. O comodato é o
Do Distrato consentimento dos outros empréstimo gratuito de coisas
não fungíveis. Perfaz-se com a instruções escritas do dono da §4º Sendo omissa a procuração
tradição do objeto. obra. quanto ao substabelecimento, o
procurador será responsável se o
Art. 582. O comodatário é Art. 626. Não se extingue o substabelecido proceder
obrigado a conservar, como se contrato de empreitada pela culposamente.
sua própria fora, a coisa morte de qualquer das partes,
emprestada, não podendo usá-la salvo se ajustado em CAPÍTULO XI
senão de acordo com o contrato consideração às qualidades Da Comissão
ou a natureza dela, sob pena de pessoais do empreiteiro.
responder por perdas e danos. O Art. 698. Se do contrato de
comodatário constituído em CAPÍTULO X comissão constar a cláusula del
mora, além de por ela responder, Do Mandato credere, responderá o comissário
pagará, até restituí-la, o aluguel Seção I solidariamente com as pessoas
da coisa que for arbitrado pelo Disposições Gerais com que houver tratado em
comodante. nome do comitente, caso em
Art. 663. Sempre que o que, salvo estipulação em
Art. 584. O comodatário não mandatário estipular negócios contrário, o comissário tem
poderá jamais recobrar do expressamente em nome do direito a remuneração mais
comodante as despesas feitas mandante, será este o único elevada, para compensar o ônus
com o uso e gozo da coisa responsável; ficará, porém, o assumido.
emprestada. mandatário pessoalmente
obrigado, se agir no seu próprio CAPÍTULO XII
CAPÍTULO VIII nome, ainda que o negócio seja Da Agência e Distribuição
Da Empreitada de conta do mandante.
Art. 711. Salvo ajuste, o
Art. 610. O empreiteiro de uma Seção II proponente não pode constituir,
obra pode contribuir para ela só Das Obrigações do Mandatário ao mesmo tempo, mais de um
com seu trabalho ou com ele e os agente, na mesma zona, com
materiais. Art. 667. O mandatário é idêntica incumbência; nem pode
§1º A obrigação de fornecer os obrigado a aplicar toda sua o agente assumir o encargo de
materiais não se presume;
resulta da lei ou da vontade das
diligência habitual na execução
do mandato, e a indenizar
nela tratar de negócios do
mesmo gênero, à conta de outros
17
partes. qualquer prejuízo causado por proponentes.
§2º O contrato para elaboração culpa sua ou daquele a quem
de um projeto não implica a substabelecer, sem autorização, Art. 713. Salvo estipulação
obrigação de executá-lo, ou de poderes que devia exercer diversa, todas as despesas com a
fiscalizar-lhe a execução. pessoalmente. agência ou distribuição correm a
§1º Se, não obstante proibição do cargo do agente ou distribuidor.
Art. 618. Nos contratos de mandante, o mandatário se fizer
empreitada de edifícios ou outras substituir na execução do Art. 714. Salvo ajuste, o agente
construções consideráveis, o mandato, responderá ao seu ou distribuidor terá direito à
empreiteiro de materiais e constituinte pelos prejuízos remuneração correspondente
execução responderá, durante o ocorridos sob a gerência do aos negócios concluídos dentro
prazo irredutível de cinco anos, substituto, embora provenientes de sua zona, ainda que sem a sua
pela solidez e segurança do de caso fortuito, salvo provando interferência.
trabalho, assim em razão dos que o caso teria sobrevindo,
materiais, como do solo. ainda que não tivesse havido Art. 717. Ainda que dispensado
Parágrafo único. Decairá do substabelecimento. por justa causa, terá o agente
direito assegurado neste artigo o §2º Havendo poderes de direito a ser remunerado pelos
dono da obra que não propuser a substabelecer, só serão serviços úteis prestados ao
ação contra o empreiteiro, nos imputáveis ao mandatário os proponente, sem embargo de
cento e oitenta dias seguintes ao danos causados pelo haver este perdas e danos pelos
aparecimento do vício ou defeito. substabelecido, se tiver agido prejuízos sofridos.
com culpa na escolha deste ou
Art. 619. Salvo estipulação em nas instruções dadas a ele. Art. 721. Aplicam-se ao contrato
contrário, o empreiteiro que se §3º Se a proibição de de agência e distribuição, no que
incumbir de executar uma obra, substabelecer constar da couber, as regras concernentes
segundo plano aceito por quem a procuração, os atos praticados ao mandato e à comissão e as
encomendou, não terá direito a pelo substabelecido não obrigam constantes de lei especial.
exigir acréscimo no preço, ainda o mandante, salvo ratificação
que sejam introduzidas expressa, que retroagirá à data Seção II
modificações no projeto, a não do ato. Do Transporte de Pessoas
ser que estas resultem de
Art. 735. A responsabilidade hóspedes, moradores e
contratual do transportador por Art. 927. Aquele que, por ato educandos;
acidente com o passageiro não é ilícito (arts. 186 e 187), causar V - os que gratuitamente
elidida por culpa de terceiro, dano a outrem, fica obrigado a houverem participado nos
contra o qual tem ação repará-lo. produtos do crime, até a
regressiva. Parágrafo único. Haverá concorrente quantia.
obrigação de reparar o dano,
Seção III independentemente de culpa, Art. 933. As pessoas indicadas
Do Seguro de Pessoa nos casos especificados em lei, nos incisos I a V do artigo
ou quando a atividade antecedente, ainda que não haja
Art. 797. No seguro de vida para normalmente desenvolvida pelo culpa de sua parte, responderão
o caso de morte, é lícito estipular- autor do dano implicar, por sua pelos atos praticados pelos
se um prazo de carência, durante natureza, risco para os direitos de terceiros ali referidos.
o qual o segurador não responde outrem.
pela ocorrência do sinistro. Art. 934. Aquele que ressarcir o
Parágrafo único. No caso deste Art. 928. O incapaz responde dano causado por outrem pode
artigo o segurador é obrigado a pelos prejuízos que causar, se as reaver o que houver pago
devolver ao beneficiário o pessoas por ele responsáveis não daquele por quem pagou, salvo
montante da reserva técnica já tiverem obrigação de fazê-lo ou se o causador do dano for
formada. não dispuserem de meios descendente seu, absoluta ou
suficientes. relativamente incapaz.
Art. 798. O beneficiário não tem Parágrafo único. A indenização
direito ao capital estipulado prevista neste artigo, que deverá
quando o segurado se suicida nos ser eqüitativa, não terá lugar se CAPÍTULO II
primeiros dois anos de vigência privar do necessário o incapaz ou Da Indenização
inicial do contrato, ou da sua as pessoas que dele dependem.
recondução depois de suspenso, Art. 944. A indenização mede-se
observado o disposto no Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o pela extensão do dano.
parágrafo único do artigo dono da coisa, no caso do inciso Parágrafo único. Se houver
antecedente. II do art. 188, não forem culpados excessiva desproporção entre a
TÍTULO VII
do perigo, assistir-lhes-á direito à
indenização do prejuízo que
gravidade da culpa e o dano,
poderá o juiz reduzir,
18
Dos Atos Unilaterais sofreram. eqüitativamente, a indenização.
CAPÍTULO I
Da Promessa de Recompensa Art. 930. No caso do inciso II do Art. 948. No caso de homicídio, a
art. 188, se o perigo ocorrer por indenização consiste, sem excluir
Art. 856. Antes de prestado o culpa de terceiro, contra este terá outras reparações:
serviço ou preenchida a o autor do dano ação regressiva I - no pagamento das despesas
condição, pode o promitente para haver a importância que com o tratamento da vítima, seu
revogar a promessa, contanto tiver ressarcido ao lesado. funeral e o luto da família;
que o faça com a mesma Parágrafo único. A mesma ação II - na prestação de alimentos às
publicidade; se houver assinado competirá contra aquele em pessoas a quem o morto os
prazo à execução da tarefa, defesa de quem se causou o dano devia, levando-se em conta a
entender-se-á que renuncia o (art. 188, inciso I). duração provável da vida da
arbítrio de retirar, durante ele, a vítima.
oferta. Art. 932. São também
Parágrafo único. O candidato de responsáveis pela reparação civil: Art. 952. Havendo usurpação ou
boa-fé, que houver feito I - os pais, pelos filhos menores esbulho do alheio, além da
despesas, terá direito a que estiverem sob sua restituição da coisa, a
reembolso. autoridade e em sua companhia; indenização consistirá em pagar
II - o tutor e o curador, pelos o valor das suas deteriorações e o
CAPÍTULO III pupilos e curatelados, que se devido a título de lucros
Do Pagamento Indevido acharem nas mesmas condições; cessantes; faltando a coisa,
III - o empregador ou comitente, dever-se-á reembolsar o seu
Art. 882. Não se pode repetir o por seus empregados, serviçais e equivalente ao prejudicado.
que se pagou para solver dívida prepostos, no exercício do Parágrafo único. Para se restituir
prescrita, ou cumprir obrigação trabalho que lhes competir, ou o equivalente, quando não exista
judicialmente inexigível. em razão dele; a própria coisa, estimar-se-á ela
IV - os donos de hotéis, pelo seu preço ordinário e pelo
TÍTULO IX hospedarias, casas ou de afeição, contanto que este não
Da Responsabilidade Civil estabelecimentos onde se se avantaje àquele.
CAPÍTULO I albergue por dinheiro, mesmo
Da Obrigação de Indenizar para fins de educação, pelos seus TÍTULO X
Das Preferências e Privilégios fundado contra aquele no efeitos, ao empresário sujeito a
Creditórios contrato da edição; registro.
VIII - sobre o produto da colheita, Parágrafo único. Aplica-se o
Art. 955. Procede-se à declaração para a qual houver concorrido disposto no caput deste artigo à
de insolvência toda vez que as com o seu trabalho, e associação que desenvolva
dívidas excedam à importância precipuamente a quaisquer atividade futebolística em caráter
dos bens do devedor. outros créditos, ainda que reais, habitual e profissional, caso em
o trabalhador agrícola, quanto à que, com a inscrição, será
Art. 956. A discussão entre os dívida dos seus salários. considerada empresária, para
credores pode versar quer sobre IX - sobre os produtos do abate, o todos os efeitos. (Incluído pela
a preferência entre eles credor por animais. Lei nº 14.193, de 2021)
disputada, quer sobre a nulidade,
simulação, fraude, ou falsidade Art. 965. Goza de privilégio geral, Seção III
das dívidas e contratos. na ordem seguinte, sobre os bens Da Administração
do devedor:
Art. 959. Conservam seus I - o crédito por despesa de seu Art. 1.060. A sociedade limitada é
respectivos direitos os credores, funeral, feito segundo a condição administrada por uma ou mais
hipotecários ou privilegiados: do morto e o costume do lugar; pessoas designadas no contrato
I - sobre o preço do seguro da II - o crédito por custas judiciais, social ou em ato separado.
coisa gravada com hipoteca ou ou por despesas com a
privilégio, ou sobre a indenização arrecadação e liquidação da Parágrafo único. A administração
devida, havendo responsável massa; atribuída no contrato a todos os
pela perda ou danificação da III - o crédito por despesas com o sócios não se estende de pleno
coisa; luto do cônjuge sobrevivo e dos direito aos que posteriormente
II - sobre o valor da indenização, filhos do devedor falecido, se adquiram essa qualidade.
se a coisa obrigada a hipoteca ou foram moderadas;
privilégio for desapropriada. IV - o crédito por despesas com a Art. 1.061. A designação de
doença de que faleceu o devedor, administradores não sócios
Art. 961. O crédito real prefere ao no semestre anterior à sua dependerá da aprovação de, no
pessoal de qualquer espécie; o morte; mínimo, 2/3 (dois terços) dos
crédito pessoal privilegiado, ao
simples; e o privilégio especial,
V - o crédito pelos gastos
necessários à mantença do
sócios, enquanto o capital não
estiver integralizado, e da
19
ao geral. devedor falecido e sua família, no aprovação de titulares de quotas
trimestre anterior ao correspondentes a mais da
Art. 964. Têm privilégio especial: falecimento; metade do capital social, após a
I - sobre a coisa arrecadada e VI - o crédito pelos impostos integralização. (Redação dada
liquidada, o credor de custas e devidos à Fazenda Pública, no pela Lei nº 14.451, de 2022)
despesas judiciais feitas com a ano corrente e no anterior;
arrecadação e liquidação; VII - o crédito pelos salários dos TÍTULO III
II - sobre a coisa salvada, o credor empregados do serviço Do Estabelecimento
por despesas de salvamento; doméstico do devedor, nos seus CAPÍTULO ÚNICO
III - sobre a coisa beneficiada, o derradeiros seis meses de vida; DISPOSIÇÕES GERAIS
credor por benfeitorias VIII - os demais créditos de
necessárias ou úteis; privilégio geral. Art. 1.142. Considera-se
IV - sobre os prédios rústicos ou estabelecimento todo complexo
urbanos, fábricas, oficinas, ou LIVRO II de bens organizado, para
quaisquer outras construções, o Do Direito de Empresa exercício da empresa, por
credor de materiais, dinheiro, ou TÍTULO I empresário, ou por sociedade
serviços para a sua edificação, Do Empresário empresária. (Vide Lei nº
reconstrução, ou melhoramento; CAPÍTULO I 14.195, de 2021)
V - sobre os frutos agrícolas, o Da Caracterização e da Inscrição
credor por sementes, § 1º O estabelecimento não se
instrumentos e serviços à cultura, Art. 971. O empresário, cuja confunde com o local onde se
ou à colheita; atividade rural constitua sua exerce a atividade empresarial,
VI - sobre as alfaias e utensílios de principal profissão, pode, que poderá ser físico ou virtual.
uso doméstico, nos prédios observadas as formalidades de (Incluído pela Lei nº 14.382, de
rústicos ou urbanos, o credor de que tratam o art. 968 e seus 2022)
aluguéis, quanto às prestações parágrafos, requerer inscrição no
do ano corrente e do anterior; Registro Público de Empresas § 2º Quando o local onde se
VII - sobre os exemplares da obra Mercantis da respectiva sede, exerce a atividade empresarial
existente na massa do editor, o caso em que, depois de inscrito, for virtual, o endereço informado
autor dela, ou seus legítimos ficará equiparado, para todos os para fins de registro poderá ser,
representantes, pelo crédito conforme o caso, o endereço do
empresário individual ou o de um § 1º A firma será composta com o Parágrafo único. O adquirente de
dos sócios da sociedade nome de um ou mais sócios, estabelecimento, por ato entre
empresária. (Incluído pela Lei nº desde que pessoas físicas, de vivos, pode, se o contrato o
14.382, de 2022) modo indicativo da relação permitir, usar o nome do
social. alienante, precedido do seu
§ 3º Quando o local onde se próprio, com a qualificação de
exerce a atividade empresarial § 2º A denominação deve sucessor.
for físico, a fixação do horário de designar o objeto da sociedade, LIVRO III
funcionamento competirá ao sendo permitido nela figurar o Do Direito das Coisas
Município, observada a regra nome de um ou mais sócios. TÍTULO I
geral prevista no inciso II do Da posse
caput do art. 3º da Lei nº 13.874, § 3º A omissão da palavra CAPÍTULO I
de 20 de setembro de 2019. "limitada" determina a Da Posse e sua Classificação
(Incluído pela Lei nº 14.382, de responsabilidade solidária e
2022) ilimitada dos administradores Art. 1.196. Considera-se
que assim empregarem a firma possuidor todo aquele que tem
CAPÍTULO II ou a denominação da sociedade. de fato o exercício, pleno ou não,
DO NOME EMPRESARIAL de algum dos poderes inerentes à
Art. 1.159. A sociedade propriedade.
Art. 1.155. Considera-se nome cooperativa funciona sob
empresarial a firma ou a denominação integrada pelo Art. 1.198. Considera-se detentor
denominação adotada, de vocábulo "cooperativa". aquele que, achando-se em
conformidade com este Capítulo, relação de dependência para
para o exercício de empresa. Art. 1.160. A sociedade anônima com outro, conserva a posse em
Parágrafo único. Equipara-se ao opera sob denominação nome deste e em cumprimento
nome empresarial, para os integrada pelas expressões de ordens ou instruções suas.
efeitos da proteção da lei, a ‘sociedade anônima’ ou Parágrafo único. Aquele que
denominação das sociedades ‘companhia’, por extenso ou começou a comportar-se do
simples, associações e abreviadamente, facultada a modo como prescreve este
fundações. designação do objeto social. artigo, em relação ao bem e à
132
3. DIREITO DO saúde e segurança, a proteção VIII - estudo constante das
de seus interesses econômicos, modificações do mercado de
CONSUMIDOR a melhoria da sua qualidade de consumo.
vida, bem como a transparência IX - fomento de ações
e harmonia das relações de direcionadas à educação
3.1. LEI Nº 8.078/90 – consumo, atendidos os financeira e ambiental dos
CÓDIGO DE DEFESA DO seguintes princípios: consumidores;
CONSUMIDOR I - reconhecimento da X - prevenção e tratamento do
vulnerabilidade do consumidor superendividamento como
no mercado de consumo; forma de evitar a exclusão social
Art. 1° O presente código II - ação governamental no do consumidor.
estabelece normas de proteção sentido de proteger
e defesa do consumidor, de efetivamente o consumidor: Art. 5° Para a execução da
ordem pública e interesse social, a) por iniciativa direta; Política Nacional das Relações
nos termos dos arts. 5°, inciso b) por incentivos à criação e de Consumo, contará o poder
XXXII, 170, inciso V, da desenvolvimento de associações público com os seguintes
Constituição Federal e art. 48 de representativas; instrumentos, entre outros:
suas Disposições Transitórias. c) pela presença do Estado no I - manutenção de assistência
mercado de consumo; jurídica, integral e gratuita para
Art. 2° Consumidor é toda d) pela garantia dos produtos e o consumidor carente;
pessoa física ou jurídica que serviços com padrões II - instituição de Promotorias de
adquire ou utiliza produto ou adequados de qualidade, Justiça de Defesa do
serviço como destinatário final. segurança, durabilidade e Consumidor, no âmbito do
Parágrafo único. Equipara-se a desempenho. Ministério Público;
consumidor a coletividade de III - harmonização dos interesses III - criação de delegacias de
pessoas, ainda que dos participantes das relações polícia especializadas no
indetermináveis, que haja de consumo e compatibilização atendimento de consumidores
intervindo nas relações de da proteção do consumidor com vítimas de infrações penais de
consumo. a necessidade de consumo;
desenvolvimento econômico e IV - criação de Juizados Especiais
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa
física ou jurídica, pública ou
tecnológico, de modo a viabilizar
os princípios nos quais se funda
de Pequenas Causas e Varas
Especializadas para a solução de
133
privada, nacional ou estrangeira, a ordem econômica (art. 170, da litígios de consumo;
bem como os entes Constituição Federal), sempre V - concessão de estímulos à
despersonalizados, que com base na boa-fé e equilíbrio criação e desenvolvimento das
desenvolvem atividade de nas relações entre Associações de Defesa do
produção, montagem, criação, consumidores e fornecedores; Consumidor.
construção, transformação, IV - educação e informação de VI - instituição de mecanismos
importação, exportação, fornecedores e consumidores, de prevenção e tratamento
distribuição ou comercialização quanto aos seus direitos e extrajudicial e judicial do
de produtos ou prestação de deveres, com vistas à melhoria superendividamento e de
serviços. do mercado de consumo; proteção do consumidor pessoa
§ 1° Produto é qualquer bem, V - incentivo à criação pelos natural; (Incluído pela Lei nº
móvel ou imóvel, material ou fornecedores de meios 14.181, de 2021)
imaterial. eficientes de controle de VII - instituição de núcleos de
§ 2° Serviço é qualquer atividade qualidade e segurança de conciliação e mediação de
fornecida no mercado de produtos e serviços, assim como conflitos oriundos de
consumo, mediante de mecanismos alternativos de superendividamento.
remuneração, inclusive as de solução de conflitos de (Incluído pela Lei nº 14.181, de
natureza bancária, financeira, de consumo; 2021)
crédito e securitária, salvo as VI - coibição e repressão
decorrentes das relações de eficientes de todos os abusos CAPÍTULO III
caráter trabalhista. praticados no mercado de Dos Direitos Básicos do
consumo, inclusive a Consumidor
CAPÍTULO II concorrência desleal e utilização
Da Política Nacional de indevida de inventos e criações Art. 6º São direitos básicos do
Relações de Consumo industriais das marcas e nomes consumidor:
comerciais e signos distintivos, I - a proteção da vida, saúde e
Art. 4º A Política Nacional das que possam causar prejuízos aos segurança contra os riscos
Relações de Consumo tem por consumidores; provocados por práticas no
objetivo o atendimento das VII - racionalização e melhoria fornecimento de produtos e
necessidades dos consumidores, dos serviços públicos; serviços considerados perigosos
o respeito à sua dignidade, ou nocivos;
II - a educação e divulgação (Incluído pela Lei nº 14.181, de informações necessárias e
sobre o consumo adequado dos 2021) adequadas a seu respeito.
produtos e serviços, XII - a preservação do mínimo § 1º Em se tratando de produto
asseguradas a liberdade de existencial, nos termos da industrial, ao fabricante cabe
escolha e a igualdade nas regulamentação, na prestar as informações a que se
contratações; repactuação de dívidas e na refere este artigo, através de
III - a informação adequada e concessão de crédito; impressos apropriados que
clara sobre os diferentes (Incluído pela Lei nº 14.181, de devam acompanhar o produto.
produtos e serviços, com 2021) § 2º O fornecedor deverá
especificação correta de XIII - a informação acerca dos higienizar os equipamentos e
quantidade, características, preços dos produtos por utensílios utilizados no
composição, qualidade, tributos unidade de medida, tal como fornecimento de produtos ou
incidentes e preço, bem como por quilo, por litro, por metro serviços, ou colocados à
sobre os riscos que apresentem; ou por outra unidade, conforme disposição do consumidor, e
IV - a proteção contra a o caso. informar, de maneira ostensiva e
publicidade enganosa e abusiva, (Incluído pela Lei nº 14.181, de adequada, quando for o caso,
métodos comerciais coercitivos 2021) sobre o risco de contaminação.
ou desleais, bem como contra Parágrafo único. A informação
práticas e cláusulas abusivas ou de que trata o inciso III do caput Art. 9° O fornecedor de produtos
impostas no fornecimento de deste artigo deve ser acessível à e serviços potencialmente
produtos e serviços; pessoa com deficiência, nocivos ou perigosos à saúde ou
V - a modificação das cláusulas observado o disposto em segurança deverá informar, de
contratuais que estabeleçam regulamento. (Incluído maneira ostensiva e adequada, a
prestações desproporcionais ou pela Lei nº 13.146, de 2015) respeito da sua nocividade ou
sua revisão em razão de fatos periculosidade, sem prejuízo da
supervenientes que as tornem Art. 7° Os direitos previstos adoção de outras medidas
excessivamente onerosas; neste código não excluem cabíveis em cada caso concreto.
VI - a efetiva prevenção e outros decorrentes de tratados
reparação de danos ou convenções internacionais de Art. 10. O fornecedor não
patrimoniais e morais, que o Brasil seja signatário, da poderá colocar no mercado de
individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos
legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas
consumo produto ou serviço
que sabe ou deveria saber
134
judiciários e administrativos com autoridades administrativas apresentar alto grau de
vistas à prevenção ou reparação competentes, bem como dos nocividade ou periculosidade à
de danos patrimoniais e morais, que derivem dos princípios saúde ou segurança.
individuais, coletivos ou difusos, gerais do direito, analogia, § 1° O fornecedor de produtos e
assegurada a proteção Jurídica, costumes e eqüidade. serviços que, posteriormente à
administrativa e técnica aos Parágrafo único. Tendo mais de sua introdução no mercado de
necessitados; um autor a ofensa, todos consumo, tiver conhecimento da
VIII - a facilitação da defesa de responderão solidariamente periculosidade que apresentem,
seus direitos, inclusive com a pela reparação dos danos deverá comunicar o fato
inversão do ônus da prova, a seu previstos nas normas de imediatamente às autoridades
favor, no processo civil, quando, consumo. competentes e aos
a critério do juiz, for verossímil a consumidores, mediante
alegação ou quando for ele CAPÍTULO IV anúncios publicitários.
hipossuficiente, segundo as Da Qualidade de Produtos e § 2° Os anúncios publicitários a
regras ordinárias de Serviços, da Prevenção e da que se refere o parágrafo
experiências; Reparação dos Danos anterior serão veiculados na
IX - (Vetado); imprensa, rádio e televisão, às
X - a adequada e eficaz SEÇÃO I expensas do fornecedor do
prestação dos serviços públicos Da Proteção à Saúde e produto ou serviço.
em geral. Segurança § 3° Sempre que tiverem
XI - a garantia de práticas de conhecimento de
crédito responsável, de Art. 8° Os produtos e serviços periculosidade de produtos ou
educação financeira e de colocados no mercado de serviços à saúde ou segurança
prevenção e tratamento de consumo não acarretarão riscos dos consumidores, a União, os
situações de à saúde ou segurança dos Estados, o Distrito Federal e os
superendividamento, consumidores, exceto os Municípios deverão informá-los
preservado o mínimo considerados normais e a respeito.
existencial, nos termos da previsíveis em decorrência de
regulamentação, por meio da sua natureza e fruição, SEÇÃO II
revisão e da repactuação da obrigando-se os fornecedores, Da Responsabilidade pelo Fato
dívida, entre outras medidas; em qualquer hipótese, a dar as do Produto e do Serviço
§ 2º O serviço não é considerado de prazo deverá ser
Art. 12. O fabricante, o produtor, defeituoso pela adoção de novas convencionada em separado,
o construtor, nacional ou técnicas. por meio de manifestação
estrangeiro, e o importador § 3° O fornecedor de serviços só expressa do consumidor.
respondem, não será responsabilizado § 3° O consumidor poderá fazer
independentemente da quando provar: uso imediato das alternativas do
existência de culpa, pela I - que, tendo prestado o serviço, § 1° deste artigo sempre que, em
reparação dos danos causados o defeito inexiste; razão da extensão do vício, a
aos consumidores por defeitos II - a culpa exclusiva do substituição das partes viciadas
decorrentes de projeto, consumidor ou de terceiro. puder comprometer a qualidade
fabricação, construção, §4° A responsabilidade pessoal ou características do produto,
montagem, fórmulas, dos profissionais liberais será diminuir-lhe o valor ou se tratar
manipulação, apresentação ou apurada mediante a verificação de produto essencial.
acondicionamento de seus de culpa. § 4° Tendo o consumidor optado
produtos, bem como por pela alternativa do inciso I do §
informações insuficientes ou Art. 17. Para os efeitos desta 1° deste artigo, e não sendo
inadequadas sobre sua Seção, equiparam-se aos possível a substituição do bem,
utilização e riscos. consumidores todas as vítimas poderá haver substituição por
do evento. outro de espécie, marca ou
Art. 13. O comerciante é modelo diversos, mediante
igualmente responsável, nos SEÇÃO III complementação ou restituição
termos do artigo anterior, Da Responsabilidade por Vício de eventual diferença de preço,
quando: do Produto e do Serviço sem prejuízo do disposto nos
I - o fabricante, o construtor, o incisos II e III do § 1° deste artigo.
produtor ou o importador não Art. 18. Os fornecedores de § 5° No caso de fornecimento de
puderem ser identificados; produtos de consumo duráveis produtos in natura, será
II - o produto for fornecido sem ou não duráveis respondem responsável perante o
identificação clara do seu solidariamente pelos vícios de consumidor o fornecedor
fabricante, produtor, construtor qualidade ou quantidade que os imediato, exceto quando
ou importador; tornem impróprios ou identificado claramente seu
III - não conservar
adequadamente os produtos
inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o
produtor.
§ 6° São impróprios ao uso e
135
perecíveis. valor, assim como por aqueles consumo:
Parágrafo único. Aquele que decorrentes da disparidade, I - os produtos cujos prazos de
efetivar o pagamento ao com a indicações constantes do validade estejam vencidos;
prejudicado poderá exercer o recipiente, da embalagem, II - os produtos deteriorados,
direito de regresso contra os rotulagem ou mensagem alterados, adulterados,
demais responsáveis, segundo publicitária, respeitadas as avariados, falsificados,
sua participação na causação do variações decorrentes de sua corrompidos, fraudados,
evento danoso. natureza, podendo o nocivos à vida ou à saúde,
consumidor exigir a substituição perigosos ou, ainda, aqueles em
Art. 14. O fornecedor de serviços das partes viciadas. desacordo com as normas
responde, independentemente § 1° Não sendo o vício sanado no regulamentares de fabricação,
da existência de culpa, pela prazo máximo de trinta dias, distribuição ou apresentação;
reparação dos danos causados pode o consumidor exigir, III - os produtos que, por
aos consumidores por defeitos alternativamente e à sua qualquer motivo, se revelem
relativos à prestação dos escolha: inadequados ao fim a que se
serviços, bem como por I - a substituição do produto por destinam.
informações insuficientes ou outro da mesma espécie, em
inadequadas sobre sua fruição e perfeitas condições de uso; SEÇÃO III
riscos. II - a restituição imediata da Da Responsabilidade por Vício
§ 1° O serviço é defeituoso quantia paga, monetariamente do Produto e do Serviço
quando não fornece a segurança atualizada, sem prejuízo de
que o consumidor dele pode eventuais perdas e danos; Art. 19. Os fornecedores
esperar, levando-se em III - o abatimento proporcional respondem solidariamente
consideração as circunstâncias do preço. pelos vícios de quantidade do
relevantes, entre as quais: § 2° Poderão as partes produto sempre que,
I - o modo de seu fornecimento; convencionar a redução ou respeitadas as variações
II - o resultado e os riscos que ampliação do prazo previsto no decorrentes de sua natureza,
razoavelmente dele se esperam; parágrafo anterior, não podendo seu conteúdo líquido for inferior
III - a época em que foi ser inferior a sete nem superior às indicações constantes do
fornecido. a cento e oitenta dias. Nos recipiente, da embalagem,
contratos de adesão, a cláusula rotulagem ou de mensagem
publicitária, podendo o § 1° Inicia-se a contagem do §5° Também poderá ser
consumidor exigir, prazo decadencial a partir da desconsiderada a pessoa
alternativamente e à sua entrega efetiva do produto ou jurídica sempre que sua
escolha: do término da execução dos personalidade for, de alguma
I - o abatimento proporcional do serviços. forma, obstáculo ao
preço; § 2° Obstam a decadência: ressarcimento de prejuízos
II - complementação do peso ou I - a reclamação causados aos consumidores.
medida; comprovadamente formulada
III - a substituição do produto pelo consumidor perante o SEÇÃO II
por outro da mesma espécie, fornecedor de produtos e Da Oferta
marca ou modelo, sem os serviços até a resposta negativa
aludidos vícios; correspondente, que deve ser Art. 30. Toda informação ou
IV - a restituição imediata da transmitida de forma publicidade, suficientemente
quantia paga, monetariamente inequívoca; precisa, veiculada por qualquer
atualizada, sem prejuízo de II - (Vetado). forma ou meio de comunicação
eventuais perdas e danos. III - a instauração de inquérito com relação a produtos e
§1° Aplica-se a este artigo o civil, até seu encerramento. serviços oferecidos ou
disposto no § 4° do artigo § 3° Tratando-se de vício oculto, apresentados, obriga o
anterior. o prazo decadencial inicia-se no fornecedor que a fizer veicular
§2° O fornecedor imediato será momento em que ficar ou dela se utilizar e integra o
responsável quando fizer a evidenciado o defeito. contrato que vier a ser
pesagem ou a medição e o celebrado.
instrumento utilizado não Art. 27. Prescreve em cinco anos
estiver aferido segundo os a pretensão à reparação pelos Art. 31. A oferta e apresentação
padrões oficiais. danos causados por fato do de produtos ou serviços devem
Art. 21. No fornecimento de produto ou do serviço prevista assegurar informações corretas,
serviços que tenham por na Seção II deste Capítulo, claras, precisas, ostensivas e em
objetivo a reparação de iniciando-se a contagem do língua portuguesa sobre suas
qualquer produto considerar-se- prazo a partir do conhecimento características, qualidades,
á implícita a obrigação do do dano e de sua autoria. quantidade, composição, preço,
fornecedor de
componentes de reposição
empregar
SEÇÃO V
garantia, prazos de validade e
origem, entre outros dados,
136
originais adequados e novos, ou Da Desconsideração da bem como sobre os riscos que
que mantenham as Personalidade Jurídica apresentam à saúde e segurança
especificações técnicas do dos consumidores.
fabricante, salvo, quanto a estes Art. 28. O juiz poderá Parágrafo único. As
últimos, autorização em desconsiderar a personalidade informações de que trata este
contrário do consumidor. jurídica da sociedade quando, artigo, nos produtos
em detrimento do consumidor, refrigerados oferecidos ao
Art. 23. A ignorância do houver abuso de direito, excesso consumidor, serão gravadas de
fornecedor sobre os vícios de de poder, infração da lei, fato ou forma indelével.
qualidade por inadequação dos ato ilícito ou violação dos
produtos e serviços não o exime estatutos ou contrato social. A Art. 32. Os fabricantes e
de responsabilidade. desconsideração também será importadores deverão
efetivada quando houver assegurar a oferta de
Art. 24. A garantia legal de falência, estado de insolvência, componentes e peças de
adequação do produto ou encerramento ou inatividade da reposição enquanto não cessar a
serviço independe de termo pessoa jurídica provocados por fabricação ou importação do
expresso, vedada a exoneração má administração. produto.
contratual do fornecedor. § 1° (Vetado). Parágrafo único. Cessadas a
§ 2° As sociedades integrantes produção ou importação, a
SEÇÃO IV dos grupos societários e as oferta deverá ser mantida por
Da Decadência e da Prescrição sociedades controladas, são período razoável de tempo, na
subsidiariamente responsáveis forma da lei.
Art. 26. O direito de reclamar pelas obrigações decorrentes
pelos vícios aparentes ou de fácil deste código. Art. 33. Em caso de oferta ou
constatação caduca em: §3° As sociedades consorciadas venda por telefone ou
I - trinta dias, tratando-se de são solidariamente responsáveis reembolso postal, deve constar
fornecimento de serviço e de pelas obrigações decorrentes o nome do fabricante e
produtos não duráveis; deste código. endereço na embalagem,
II - noventa dias, tratando-se de §4° As sociedades coligadas só publicidade e em todos os
fornecimento de serviço e de responderão por culpa. impressos utilizados na
produtos duráveis. transação comercial.
Parágrafo único. É propriedades, origem, preço e VII - repassar informação
proibida apublicidade de bens e quaisquer outros dados sobre depreciativa, referente a ato
serviços por telefone, quando a produtos e serviços. praticado pelo consumidor no
chamada for onerosa ao § 2° É abusiva, dentre outras a exercício de seus direitos;
consumidor que a publicidade discriminatória de VIII - colocar, no mercado de
origina. qualquer natureza, a que incite à consumo, qualquer produto ou
violência, explore o medo ou a serviço em desacordo com as
Art. 34. O fornecedor do superstição, se aproveite da normas expedidas pelos órgãos
produto ou serviço é deficiência de julgamento e oficiais competentes ou, se
solidariamente responsável experiência da criança, normas específicas não
pelos atos de seus prepostos ou desrespeita valores ambientais, existirem, pela Associação
representantes autônomos. ou que seja capaz de induzir o Brasileira de Normas Técnicas ou
consumidor a se comportar de outra entidade credenciada pelo
Art. 35. Se o fornecedor de forma prejudicial ou perigosa à Conselho Nacional de
produtos ou serviços recusar sua saúde ou segurança. Metrologia, Normalização e
cumprimento à oferta, § 3° Para os efeitos deste código, Qualidade Industrial
apresentação ou publicidade, o a publicidade é enganosa por (Conmetro);
consumidor poderá, omissão quando deixar de IX - recusar a venda de bens ou a
alternativamente e à sua livre informar sobre dado essencial prestação de serviços,
escolha: do produto ou serviço. diretamente a quem se
I - exigir o cumprimento forçado disponha a adquiri-los mediante
da obrigação, nos termos da Art. 38. O ônus da prova da pronto pagamento, ressalvados
oferta, apresentação ou veracidade e correção da os casos de intermediação
publicidade; informação ou comunicação regulados em leis especiais;
II - aceitar outro produto ou publicitária cabe a quem as X - elevar sem justa causa o
prestação de serviço patrocina. preço de produtos ou serviços.
equivalente; XI - Dispositivo incluído pela
III - rescindir o contrato, com SEÇÃO IV MPV nº 1.890-67, de
direito à restituição de quantia Das Práticas Abusivas 22.10.1999, transformado em
eventualmente antecipada, inciso XIII, quando da conversão
monetariamente atualizada, e a
perdas e danos.
Art. 39. É vedado ao fornecedor
de produtos ou serviços, dentre
na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo
137
outras práticas abusivas: para o cumprimento de sua
SEÇÃO III I - condicionar o fornecimento obrigação ou deixar a fixação de
Da Publicidade de produto ou de serviço ao seu termo inicial a seu exclusivo
fornecimento de outro produto critério.
Art. 36. A publicidade deve ser ou serviço, bem como, sem justa XIII - aplicar fórmula ou índice
veiculada de tal forma que o causa, a limites quantitativos; de reajuste diverso do legal ou
consumidor, fácil e II - recusar atendimento às contratualmente estabelecido.
imediatamente, a identifique demandas dos consumidores, na XIV - permitir o ingresso em
como tal. exata medida de suas estabelecimentos comerciais ou
Parágrafo único. O fornecedor, disponibilidades de estoque, e, de serviços de um número maior
na publicidade de seus produtos ainda, de conformidade com os de consumidores que o fixado
ou serviços, manterá, em seu usos e costumes; pela autoridade administrativa
poder, para informação dos III - enviar ou entregar ao como máximo.
legítimos interessados, os dados consumidor, sem solicitação Parágrafo único. Os serviços
fáticos, técnicos e científicos prévia, qualquer produto, ou prestados e os produtos
que dão sustentação à fornecer qualquer serviço; remetidos ou entregues ao
mensagem. IV - prevalecer-se da fraqueza ou consumidor, na hipótese
ignorância do consumidor, prevista no inciso III, equiparam-
Art. 37. É proibida toda tendo em vista sua idade, saúde, se às amostras grátis, inexistindo
publicidade enganosa ou conhecimento ou condição obrigação de pagamento.
abusiva. social, para impingir-lhe seus
§ 1° É enganosa qualquer produtos ou serviços; SEÇÃO V
modalidade de informação ou V - exigir do consumidor Da Cobrança de Dívidas
comunicação de caráter vantagem manifestamente
publicitário, inteira ou excessiva; Art. 42. Na cobrança de débitos,
parcialmente falsa, ou, por VI - executar serviços sem a o consumidor inadimplente não
qualquer outro modo, mesmo prévia elaboração de orçamento será exposto a ridículo, nem será
por omissão, capaz de induzir e autorização expressa do submetido a qualquer tipo de
em erro o consumidor a respeito consumidor, ressalvadas as constrangimento ou ameaça.
da natureza, características, decorrentes de práticas Parágrafo único. O consumidor
qualidade, quantidade, anteriores entre as partes; cobrado em quantia indevida
tem direito à repetição do Sistemas de Proteção ao devendo ser-lhe entregue,
indébito, por valor igual ao Crédito, quaisquer informações devidamente preenchido pelo
dobro do que pagou em que possam impedir ou fornecedor, no ato do
excesso, acrescido de correção dificultar novo acesso ao crédito fornecimento, acompanhado de
monetária e juros legais, salvo junto aos fornecedores. manual de instrução, de
hipótese de engano justificável. § 6o Todas as informações de instalação e uso do produto em
que trata o caput deste artigo linguagem didática, com
Art. 42-A. Em todos os devem ser disponibilizadas em ilustrações.
documentos de cobrança de formatos acessíveis, inclusive
débitos apresentados ao para a pessoa com deficiência, SEÇÃO II
consumidor, deverão constar o mediante solicitação do Das Cláusulas Abusivas
nome, o endereço e o número consumidor.
de inscrição no Cadastro de Art. 51. São nulas de pleno
Pessoas Físicas – CPF ou no CAPÍTULO VI direito, entre outras, as
Cadastro Nacional de Pessoa Da Proteção Contratual cláusulas contratuais relativas
Jurídica – CNPJ do fornecedor do SEÇÃO I ao fornecimento de produtos e
produto ou serviço Disposições Gerais serviços que:
correspondente. I - impossibilitem, exonerem ou
Art. 47. As cláusulas contratuais atenuem a responsabilidade do
SEÇÃO VI serão interpretadas de maneira fornecedor por vícios de
Dos Bancos de Dados e mais favorável ao consumidor. qualquer natureza dos produtos
Cadastros de Consumidores e serviços ou impliquem
Art. 48. As declarações de renúncia ou disposição de
Art. 43. O consumidor, sem vontade constantes de escritos direitos. Nas relações de
prejuízo do disposto no art. 86, particulares, recibos e pré- consumo entre o fornecedor e o
terá acesso às informações contratos relativos às relações consumidor pessoa jurídica, a
existentes em cadastros, fichas, de consumo vinculam o indenização poderá ser limitada,
registros e dados pessoais e de fornecedor, ensejando inclusive em situações justificáveis;
consumo arquivados sobre ele, execução específica, nos termos II - subtraiam ao consumidor a
bem como sobre as suas do art. 84 e parágrafos. opção de reembolso da quantia
respectivas fontes.
§ 1° Os cadastros e dados de Art. 49. O consumidor pode
já paga, nos casos previstos
neste código;
138
consumidores devem ser desistir do contrato, no prazo de III - transfiram
objetivos, claros, verdadeiros e 7 dias a contar de sua assinatura responsabilidades a terceiros;
em linguagem de fácil ou do ato de recebimento do IV - estabeleçam obrigações
compreensão, não podendo produto ou serviço, sempre que consideradas iníquas, abusivas,
conter informações negativas a contratação de fornecimento que coloquem o consumidor em
referentes a período superior a de produtos e serviços ocorrer desvantagem exagerada, ou
cinco anos. fora do estabelecimento sejam incompatíveis com a boa-
§ 2° A abertura de cadastro, comercial, especialmente por fé ou a eqüidade;
ficha, registro e dados pessoais e telefone ou a domicílio. V - (Vetado);
de consumo deverá ser Parágrafo único. Se o VI - estabeleçam inversão do
comunicada por escrito ao consumidor exercitar o direito ônus da prova em prejuízo do
consumidor, quando não de arrependimento previsto consumidor;
solicitada por ele. neste artigo, os valores VII - determinem a utilização
§ 3° O consumidor, sempre que eventualmente pagos, a compulsória de arbitragem;
encontrar inexatidão nos seus qualquer título, durante o prazo VIII - imponham representante
dados e cadastros, poderá exigir de reflexão, serão devolvidos, para concluir ou realizar outro
sua imediata correção, devendo de imediato, monetariamente negócio jurídico pelo
o arquivista, no prazo de cinco atualizados. consumidor;
dias úteis, comunicar a alteração IX - deixem ao fornecedor a
aos eventuais destinatários das Art. 50. A garantia contratual é opção de concluir ou não o
informações incorretas. complementar à legal e será contrato, embora obrigando o
§ 4° Os bancos de dados e conferida mediante termo consumidor;
cadastros relativos a escrito. X - permitam ao fornecedor,
consumidores, os serviços de Parágrafo único. O termo de direta ou indiretamente,
proteção ao crédito e garantia ou equivalente deve ser variação do preço de maneira
congêneres são considerados padronizado e esclarecer, de unilateral;
entidades de caráter público. maneira adequada em que XI - autorizem o fornecedor a
§ 5° Consumada a prescrição consiste a mesma garantia, bem cancelar o contrato
relativa à cobrança de débitos como a forma, o prazo e o lugar unilateralmente, sem que igual
do consumidor, não serão em que pode ser exercitada e os direito seja conferido ao
fornecidas, pelos respectivos ônus a cargo do consumidor, consumidor;
XII - obriguem o consumidor a contratual que contrarie o matéria, o fornecedor ou o
ressarcir os custos de cobrança disposto neste código ou de intermediário deverá informar o
de sua obrigação, sem que igual qualquer forma não assegure o consumidor, prévia e
direito lhe seja conferido contra justo equilíbrio entre direitos e adequadamente, no momento
o fornecedor; obrigações das partes. da oferta, sobre: (Incluído
XIII - autorizem o fornecedor a pela Lei nº 14.181, de 2021)
modificar unilateralmente o I - o custo efetivo total e a
conteúdo ou a qualidade do descrição dos elementos que o
contrato, após sua celebração; CAPÍTULO VI-A compõem; (Incluído pela Lei
XIV - infrinjam ou possibilitem a DA PREVENÇÃO E DO nº 14.181, de 2021)
violação de normas ambientais; TRATAMENTO DO II - a taxa efetiva mensal de
XV - estejam em desacordo com SUPERENDIVIDAMENTO juros, bem como a taxa dos juros
o sistema de proteção ao (Incluído pela Lei nº 14.181, de de mora e o total de encargos,
consumidor; 2021) de qualquer natureza, previstos
XVI - possibilitem a renúncia do para o atraso no
direito de indenização por Art. 54-A. Este Capítulo dispõe pagamento; (Incluído pela Lei
benfeitorias necessárias. sobre a prevenção do nº 14.181, de 2021)
XVII - condicionem ou limitem superendividamento da pessoa III - o montante das prestações e
de qualquer forma o acesso aos natural, sobre o crédito o prazo de validade da oferta,
órgãos do Poder Judiciário; responsável e sobre a educação que deve ser, no mínimo, de 2
XVIII - estabeleçam prazos de financeira do (dois) dias; (Incluído pela Lei
carência em caso de consumidor. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
impontualidade das prestações nº 14.181, de 2021) IV - o nome e o endereço,
mensais ou impeçam o § 1º Entende-se por inclusive o eletrônico, do
restabelecimento integral dos superendividamento a fornecedor; (Incluído pela Lei
direitos do consumidor e de impossibilidade manifesta de o nº 14.181, de 2021)
seus meios de pagamento a consumidor pessoa natural, de V - o direito do consumidor à
partir da purgação da mora ou boa-fé, pagar a totalidade de liquidação antecipada e não
do acordo com os suas dívidas de consumo, onerosa do débito, nos termos
credores; (Incluído pela Lei exigíveis e vincendas, sem do § 2º do art. 52 deste Código e
nº 14.181, de 2021)
§ 1º Presume-se exagerada,
comprometer seu mínimo
existencial, nos termos da
da
vigor.
regulamentação
(Incluído pela Lei nº
em 139
entre outros casos, a vantagem regulamentação. (Incluído 14.181, de 2021)
que: pela Lei nº 14.181, de 2021) § 1º As informações referidas no
I - ofende os princípios § 2º As dívidas referidas no § 1º art. 52 deste Código e
fundamentais do sistema deste artigo englobam no caput deste artigo devem
jurídico a que pertence; quaisquer compromissos constar de forma clara e
II - restringe direitos ou financeiros assumidos resumida do próprio contrato,
obrigações fundamentais decorrentes de relação de da fatura ou de instrumento
inerentes à natureza do consumo, inclusive operações apartado, de fácil acesso ao
contrato, de tal modo a ameaçar de crédito, compras a prazo e consumidor. (Incluído pela Lei
seu objeto ou equilíbrio serviços de prestação nº 14.181, de 2021)
contratual; continuada. (Incluído pela Lei § 2º Para efeitos deste Código, o
III - se mostra excessivamente nº 14.181, de 2021) custo efetivo total da operação
onerosa para o consumidor, § 3º O disposto neste Capítulo de crédito ao consumidor
considerando-se a natureza e não se aplica ao consumidor consistirá em taxa percentual
conteúdo do contrato, o cujas dívidas tenham sido anual e compreenderá todos os
interesse das partes e outras contraídas mediante fraude ou valores cobrados do
circunstâncias peculiares ao má-fé, sejam oriundas de consumidor, sem prejuízo do
caso. contratos celebrados cálculo padronizado pela
§ 2° A nulidade de uma cláusula dolosamente com o propósito autoridade reguladora do
contratual abusiva não invalida de não realizar o pagamento ou sistema financeiro. (Incluído
o contrato, exceto quando de decorram da aquisição ou pela Lei nº 14.181, de 2021)
sua ausência, apesar dos contratação de produtos e § 3º Sem prejuízo do disposto no
esforços de integração, decorrer serviços de luxo de alto art. 37 deste Código, a oferta de
ônus excessivo a qualquer das valor. (Incluído pela Lei nº crédito ao consumidor e a oferta
partes. 14.181, de 2021) de venda a prazo, ou a fatura
§ 4° É facultado a qualquer mensal, conforme o caso,
consumidor ou entidade que o Art. 54-B. No fornecimento de devem indicar, no mínimo, o
represente requerer ao crédito e na venda a prazo, além custo efetivo total, o agente
Ministério Público que ajuíze a das informações obrigatórias financiador e a soma total a
competente ação para ser previstas no art. 52 deste Código pagar, com e sem
declarada a nulidade de cláusula e na legislação aplicável à
financiamento. (Incluído inadimplemento; (Incluído § 1º O exercício do direito de
pela Lei nº 14.181, de 2021) pela Lei nº 14.181, de 2021) arrependimento nas hipóteses
II - avaliar, de forma previstas neste Código, no
Art. 54-C. É vedado, expressa ou responsável, as condições de contrato principal ou no
implicitamente, na oferta de crédito do consumidor, contrato de crédito, implica a
crédito ao consumidor, mediante análise das resolução de pleno direito do
publicitária ou não: (Incluído informações disponíveis em contrato que lhe seja
pela Lei nº 14.181, de 2021) bancos de dados de proteção ao conexo. (Incluído pela Lei nº
I - (VETADO); (Incluído pela crédito, observado o disposto 14.181, de 2021)
Lei nº 14.181, de 2021) neste Código e na legislação § 2º Nos casos dos incisos I e II
II - indicar que a operação de sobre proteção de do caput deste artigo, se houver
crédito poderá ser concluída dados; (Incluído pela Lei nº inexecução de qualquer das
sem consulta a serviços de 14.181, de 2021) obrigações e deveres do
proteção ao crédito ou sem III - informar a identidade do fornecedor de produto ou
avaliação da situação financeira agente financiador e entregar ao serviço, o consumidor poderá
do consumidor; (Incluído pela consumidor, ao garante e a requerer a rescisão do contrato
Lei nº 14.181, de 2021) outros coobrigados cópia do não cumprido contra o
III - ocultar ou dificultar a contrato de crédito. (Incluído fornecedor do
compreensão sobre os ônus e os pela Lei nº 14.181, de 2021) crédito. (Incluído pela Lei nº
riscos da contratação do crédito Parágrafo único. O 14.181, de 2021)
ou da venda a descumprimento de qualquer § 3º O direito previsto no § 2º
prazo; (Incluído pela Lei nº dos deveres previstos deste artigo caberá igualmente
14.181, de 2021) no caput deste artigo e nos arts. ao consumidor: (Incluído
IV - assediar ou pressionar o 52 e 54-C deste Código poderá pela Lei nº 14.181, de 2021)
consumidor para contratar o acarretar judicialmente a I - contra o portador de cheque
fornecimento de produto, redução dos juros, dos encargos pós-datado emitido para
serviço ou crédito, ou de qualquer acréscimo ao aquisição de produto ou serviço
principalmente se se tratar de principal e a dilação do prazo de a prazo; (Incluído pela Lei nº
consumidor idoso, analfabeto, pagamento previsto no contrato 14.181, de 2021)
doente ou em estado de original, conforme a gravidade II - contra o administrador ou o
vulnerabilidade agravada ou se a
contratação envolver
da conduta do fornecedor e as
possibilidades financeiras do
emitente de cartão de crédito
ou similar quando o cartão de
140
prêmio; (Incluído pela Lei nº consumidor, sem prejuízo de crédito ou similar e o produto ou
14.181, de 2021) outras sanções e de indenização serviço forem fornecidos pelo
V - condicionar o atendimento por perdas e danos, mesmo fornecedor ou por
de pretensões do consumidor patrimoniais e morais, ao entidades pertencentes a um
ou o início de tratativas à consumidor. (Incluído pela Lei mesmo grupo
renúncia ou à desistência de nº 14.181, de 2021) econômico. (Incluído pela
demandas judiciais, ao Lei nº 14.181, de 2021)
pagamento de honorários Art. 54-F. São conexos, § 4º A invalidade ou a ineficácia
advocatícios ou a depósitos coligados ou interdependentes, do contrato principal implicará,
judiciais. (Incluído pela Lei nº entre outros, o contrato de pleno direito, a do contrato
14.181, de 2021) principal de fornecimento de de crédito que lhe seja conexo,
Parágrafo único. produto ou serviço e os nos termos do caput deste
(VETADO). (Incluído pela Lei contratos acessórios de crédito artigo, ressalvado ao fornecedor
nº 14.181, de 2021) que lhe garantam o do crédito o direito de obter do
financiamento quando o fornecedor do produto ou
Art. 54-D. Na oferta de crédito, fornecedor de serviço a devolução dos valores
previamente à contratação, o crédito: (Incluído pela Lei nº entregues, inclusive
fornecedor ou o intermediário 14.181, de 2021) relativamente a
deverá, entre outras I - recorrer aos serviços do tributos. (Incluído pela Lei nº
condutas: (Incluído pela Lei fornecedor de produto ou 14.181, de 2021)
nº 14.181, de 2021) serviço para a preparação ou a
I - informar e esclarecer conclusão do contrato de Art. 54-G. Sem prejuízo do
adequadamente o consumidor, crédito; (Incluído pela Lei nº disposto no art. 39 deste Código
considerada sua idade, sobre a 14.181, de 2021) e na legislação aplicável à
natureza e a modalidade do II - oferecer o crédito no local da matéria, é vedado ao
crédito oferecido, sobre todos atividade empresarial do fornecedor de produto ou
os custos incidentes, observado fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito,
o disposto nos arts. 52 e 54-B serviço financiado ou onde o entre outras
deste Código, e sobre as contrato principal for condutas: (Incluído pela Lei
consequências genéricas e celebrado. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
específicas do nº 14.181, de 2021)
I - realizar ou proceder à consignável. (Incluído pela Lei
cobrança ou ao débito em conta nº 14.181, de 2021) TÍTULO III
de qualquer quantia que houver § 2º Nos contratos de adesão, o Da Defesa do Consumidor em
sido contestada pelo fornecedor deve prestar ao Juízo
consumidor em compra consumidor, previamente, as CAPÍTULO I
realizada com cartão de crédito informações de que tratam o Disposições Gerais
ou similar, enquanto não for art. 52 e o caput do art. 54-B
adequadamente solucionada a deste Código, além de outras Art. 81. A defesa dos interesses e
controvérsia, desde que o porventura determinadas na direitos dos consumidores e das
consumidor haja notificado a legislação em vigor, e fica vítimas poderá ser exercida em
administradora do cartão com obrigado a entregar ao juízo individualmente, ou a título
antecedência de pelo menos 10 consumidor cópia do contrato, coletivo.
(dez) dias contados da data de após a sua Parágrafo único. A defesa
vencimento da fatura, vedada a conclusão (Incluído pela Lei coletiva será exercida quando se
manutenção do valor na fatura nº 14.181, de 2021) tratar de:
seguinte e assegurado ao I - interesses ou direitos difusos,
consumidor o direito de deduzir TÍTULO II assim entendidos, para efeitos
do total da fatura o valor em Das Infrações Penais deste código, os
disputa e efetuar o pagamento transindividuais, de natureza
da parte não contestada, Art. 63. Omitir dizeres ou sinais indivisível, de que sejam
podendo o emissor lançar como ostensivos sobre a nocividade titulares pessoas
crédito em confiança o valor ou periculosidade de produtos, indeterminadas e ligadas por
idêntico ao da transação nas embalagens, nos invólucros, circunstâncias de fato;
contestada que tenha sido recipientes ou publicidade: II - interesses ou direitos
cobrada, enquanto não Pena - Detenção de seis meses a coletivos, assim entendidos,
encerrada a apuração da dois anos e multa. para efeitos deste código, os
contestação; (Incluído pela Lei §1° Incorrerá nas mesmas penas transindividuais, de natureza
nº 14.181, de 2021) quem deixar de alertar, indivisível de que seja titular
II - recusar ou não entregar ao mediante recomendações grupo, categoria ou classe de
consumidor, ao garante e aos escritas ostensivas, sobre a pessoas ligadas entre si ou com
outros coobrigados cópia da
minuta do contrato principal de
periculosidade do serviço a ser
prestado.
a parte contrária por uma
relação jurídica base;
141
consumo ou do contrato de § 2° Se o crime é culposo: III - interesses ou direitos
crédito, em papel ou outro Pena Detenção de um a seis individuais homogêneos, assim
suporte duradouro, disponível e meses ou multa. entendidos os decorrentes de
acessível, e, após a conclusão, origem comum.
cópia do contrato; (Incluído Art. 76. São circunstâncias
pela Lei nº 14.181, de 2021) agravantes dos crimes Art. 82. Para os fins do art. 81,
III - impedir ou dificultar, em tipificados neste código: parágrafo único, são legitimados
caso de utilização fraudulenta I - serem cometidos em época de concorrentemente:
do cartão de crédito ou similar, grave crise econômica ou por I - o Ministério Público,
que o consumidor peça e ocasião de calamidade; II - a União, os Estados, os
obtenha, quando aplicável, a II - ocasionarem grave dano Municípios e o Distrito Federal;
anulação ou o imediato individual ou coletivo; III - as entidades e órgãos da
bloqueio do pagamento, ou III - dissimular-se a natureza Administração Pública, direta ou
ainda a restituição dos valores ilícita do procedimento; indireta, ainda que sem
indevidamente IV - quando cometidos: personalidade jurídica,
recebidos. (Incluído pela Lei a) por servidor público, ou por especificamente destinados à
nº 14.181, de 2021) pessoa cuja condição defesa dos interesses e direitos
§ 1º Sem prejuízo do dever de econômico-social seja protegidos por este código;
informação e esclarecimento do manifestamente superior à da IV - as associações legalmente
consumidor e de entrega da vítima; constituídas há pelo menos um
minuta do contrato, no b) em detrimento de operário ou ano e que incluam entre seus
empréstimo cuja liquidação seja rurícola; de menor de dezoito ou fins institucionais a defesa dos
feita mediante consignação em maior de sessenta anos ou de interesses e direitos protegidos
folha de pagamento, a pessoas portadoras de por este código, dispensada a
formalização e a entrega da deficiência mental interditadas autorização assemblear.
cópia do contrato ou do ou não; § 1° O requisito da pré-
instrumento de contratação V - serem praticados em constituição pode ser
ocorrerão após o fornecedor do operações que envolvam dispensado pelo juiz, nas ações
crédito obter da fonte pagadora alimentos, medicamentos ou previstas nos arts. 91 e
a indicação sobre a existência de quaisquer outros produtos ou seguintes, quando haja
margem serviços essenciais . manifesto interesse social
evidenciado pela dimensão ou periciais e quaisquer outras Art. 99. Em caso de concurso de
característica do dano, ou pela despesas, nem condenação da créditos decorrentes de
relevância do bem jurídico a ser associação autora, salvo condenação prevista na Lei n.°
protegido. comprovada má-fé, em 7.347, de 24 de julho de 1985 e
honorários de advogados, custas de indenizações pelos prejuízos
Art. 83. Para a defesa dos e despesas processuais. individuais resultantes do
direitos e interesses protegidos Parágrafo único. Em caso de mesmo evento danoso, estas
por este código são admissíveis litigância de má-fé, a associação terão preferência no
todas as espécies de ações autora e os diretores pagamento.
capazes de propiciar sua responsáveis pela propositura Parágrafo único. Para efeito do
adequada e efetiva tutela. da ação serão solidariamente disposto neste artigo, a
condenados em honorários destinação da importância
Art. 84. Na ação que tenha por advocatícios e ao décuplo das recolhida ao fundo criado pela
objeto o cumprimento da custas, sem prejuízo da Lei n°7.347 de 24 de julho de
obrigação de fazer ou não fazer, responsabilidade por perdas e 1985, ficará sustada enquanto
o juiz concederá a tutela danos. pendentes de decisão de
específica da obrigação ou segundo grau as ações de
determinará providências que Art. 88. Na hipótese do art. 13, indenização pelos danos
assegurem o resultado prático parágrafo único deste código, a individuais, salvo na hipótese de
equivalente ao do ação de regresso poderá ser o patrimônio do devedor ser
adimplemento. ajuizada em processo manifestamente suficiente para
§1° A conversão da obrigação autônomo, facultada a responder pela integralidade
em perdas e danos somente será possibilidade de prosseguir-se das dívidas.
admissível se por elas optar o nos mesmos autos, vedada a
autor ou se impossível a tutela denunciação da lide. CAPÍTULO III
específica ou a obtenção do Das Ações de Responsabilidade
resultado prático do Fornecedor de Produtos e
correspondente. CAPÍTULO II Serviços
§2° A indenização por perdas e Das Ações Coletivas Para a
danos se fará sem prejuízo da Defesa de Interesses Art. 101. Na ação de
multa (art. 287, do Código de
Processo Civil).
Individuais Homogêneos responsabilidade civil
fornecedor de produtos e
do 142
§3° Sendo relevante o Art. 91. Os legitimados de que serviços, sem prejuízo do
fundamento da demanda e trata o art. 82 poderão propor, disposto nos Capítulos I e II
havendo justificado receio de em nome próprio e no interesse deste título, serão observadas as
ineficácia do provimento final, é das vítimas ou seus sucessores, seguintes normas:
lícito ao juiz conceder a tutela ação civil coletiva de I - a ação pode ser proposta no
liminarmente ou após responsabilidade pelos danos domicílio do autor;
justificação prévia, citado o réu. individualmente sofridos, de II - o réu que houver contratado
§ 4° O juiz poderá, na hipótese acordo com o disposto nos seguro de responsabilidade
do § 3° ou na sentença, impor artigos seguintes. poderá chamar ao processo o
multa diária ao réu, segurador, vedada a integração
independentemente de pedido do contraditório pelo Instituto
do autor, se for suficiente ou CAPÍTULO II de Resseguros do Brasil. Nesta
compatível com a obrigação, Das Ações Coletivas Para a hipótese, a sentença que julgar
fixando prazo razoável para o Defesa de Interesses procedente o pedido condenará
cumprimento do preceito. Individuais Homogêneos o réu nos termos do art. 80 do
§ 5° Para a tutela específica ou Código de Processo Civil. Se o
para a obtenção do resultado Art. 94. Proposta a ação, será réu houver sido declarado falido,
prático equivalente, poderá o publicado edital no órgão oficial, o síndico será intimado a
juiz determinar as medidas a fim de que os interessados informar a existência de seguro
necessárias, tais como busca e possam intervir no processo de responsabilidade,
apreensão, remoção de coisas e como litisconsortes, sem facultando-se, em caso
pessoas, desfazimento de obra, prejuízo de ampla divulgação afirmativo, o ajuizamento de
impedimento de atividade pelos meios de comunicação ação de indenização
nociva, além de requisição de social por parte dos órgãos de diretamente contra o segurador,
força policial. defesa do consumidor. vedada a denunciação da lide ao
Instituto de Resseguros do Brasil
Art. 95. Em caso de procedência e dispensado o litisconsórcio
Art. 87. Nas ações coletivas de do pedido, a condenação será obrigatório com este.
que trata este código não haverá genérica, fixando a
adiantamento de custas, responsabilidade do réu pelos Art. 102. Os legitimados a agir na
emolumentos, honorários danos causados. forma deste código poderão
propor ação visando compelir o pessoalmente sofridos, dívidas provenientes de
Poder Público competente a propostas individualmente ou contratos de crédito com
proibir, em todo o território na forma prevista neste código, garantia real, de financiamentos
nacional, a produção, divulgação mas, se procedente o pedido, imobiliários e de crédito
distribuição ou venda, ou a beneficiarão as vítimas e seus rural. (Incluído pela Lei nº
determinar a alteração na sucessores, que poderão 14.181, de 2021)
composição, estrutura, fórmula proceder à liquidação e à § 2º O não comparecimento
ou acondicionamento de execução, nos termos dos arts. injustificado de qualquer credor,
produto, cujo uso ou consumo 96 a 99. ou de seu procurador com
regular se revele nocivo ou § 4º Aplica-se o disposto no poderes especiais e plenos para
perigoso à saúde pública e à parágrafo anterior à sentença transigir, à audiência de
incolumidade pessoal. penal condenatória. conciliação de que trata
o caput deste artigo acarretará a
CAPÍTULO IV Art. 104. As ações coletivas, suspensão da exigibilidade do
Da Coisa Julgada previstas nos incisos I e II e do débito e a interrupção dos
parágrafo único do art. 81, não encargos da mora, bem como a
Art. 103. Nas ações coletivas de induzem litispendência para as sujeição compulsória ao plano
que trata este código, a sentença ações individuais, mas os efeitos de pagamento da dívida se o
fará coisa julgada: da coisa julgada erga omnes ou montante devido ao credor
I - erga omnes, exceto se o ultra partes a que aludem os ausente for certo e conhecido
pedido for julgado incisos II e III do artigo anterior pelo consumidor, devendo o
improcedente por insuficiência não beneficiarão os autores das pagamento a esse credor ser
de provas, hipótese em que ações individuais, se não for estipulado para ocorrer apenas
qualquer legitimado poderá requerida sua suspensão no após o pagamento aos credores
intentar outra ação, com prazo de trinta dias, a contar da presentes à audiência
idêntico fundamento valendo-se ciência nos autos do conciliatória. (Incluído pela
de nova prova, na hipótese do ajuizamento da ação coletiva. Lei nº 14.181, de 2021)
inciso I do parágrafo único do § 3º No caso de conciliação, com
art. 81; CAPÍTULO V qualquer credor, a sentença
II - ultra partes, mas DA CONCILIAÇÃO NO judicial que homologar o acordo
limitadamente ao
categoria ou classe, salvo
grupo, SUPERENDIVIDAMENTO
(Incluído pela Lei nº 14.181, de
descreverá o plano
pagamento da dívida e terá
de 143
improcedência por insuficiência 2021) eficácia de título executivo e
de provas, nos termos do inciso força de coisa
anterior, quando se tratar da Art. 104-A. A requerimento do julgada. (Incluído pela Lei nº
hipótese prevista no inciso II do consumidor superendividado 14.181, de 2021)
parágrafo único do art. 81; pessoa natural, o juiz poderá § 4º Constarão do plano de
III - erga omnes, apenas no caso instaurar processo de pagamento referido no § 3º
de procedência do pedido, para repactuação de dívidas, com deste artigo: (Incluído pela
beneficiar todas as vítimas e vistas à realização de audiência Lei nº 14.181, de 2021)
seus sucessores, na hipótese do conciliatória, presidida por ele I - medidas de dilação dos prazos
inciso III do parágrafo único do ou por conciliador credenciado de pagamento e de redução dos
art. 81. no juízo, com a presença de encargos da dívida ou da
§ 1° Os efeitos da coisa julgada todos os credores de dívidas remuneração do fornecedor,
previstos nos incisos I e II não previstas no art. 54-A deste entre outras destinadas a
prejudicarão interesses e Código, na qual o consumidor facilitar o pagamento da
direitos individuais dos apresentará proposta de plano dívida; (Incluído pela Lei nº
integrantes da coletividade, do de pagamento com prazo 14.181, de 2021)
grupo, categoria ou classe. máximo de 5 (cinco) anos, II - referência à suspensão ou à
§ 2° Na hipótese prevista no preservados o mínimo extinção das ações judiciais em
inciso III, em caso de existencial, nos termos da curso; (Incluído pela Lei nº
improcedência do pedido, os regulamentação, e as garantias 14.181, de 2021)
interessados que não tiverem e as formas de pagamento III - data a partir da qual será
intervindo no processo como originalmente providenciada a exclusão do
litisconsortes poderão propor pactuadas. (Incluído pela Lei consumidor de bancos de dados
ação de indenização a título nº 14.181, de 2021) e de cadastros de
individual. § 1º Excluem-se do processo de inadimplentes; (Incluído pela
§ 3° Os efeitos da coisa julgada repactuação as dívidas, ainda Lei nº 14.181, de 2021)
de que cuida o art. 16, que decorrentes de relações de IV - condicionamento de seus
combinado com o art. 13 da Lei consumo, oriundas de contratos efeitos à abstenção, pelo
n° 7.347, de 24 de julho de 1985, celebrados dolosamente sem o consumidor, de condutas que
não prejudicarão as ações de propósito de realizar importem no agravamento de
indenização por danos pagamento, bem como as sua situação de
superendividamento. (Incluíd oficiais de preço, e preverá a VIII - solicitar o concurso de
o pela Lei nº 14.181, de 2021) liquidação total da dívida, após a órgãos e entidades da União,
§ 5º O pedido do consumidor a quitação do plano de Estados, do Distrito Federal e
que se refere o caput deste pagamento consensual previsto Municípios, bem como auxiliar a
artigo não importará em no art. 104-A deste Código, em, fiscalização de preços,
declaração de insolvência civil e no máximo, 5 (cinco) anos, abastecimento, quantidade e
poderá ser repetido somente sendo que a primeira parcela segurança de bens e serviços;
após decorrido o prazo de 2 será devida no prazo máximo de IX - incentivar, inclusive com
(dois) anos, contado da 180 (cento e oitenta) dias, recursos financeiros e outros
liquidação das obrigações contado de sua homologação programas especiais, a
previstas no plano de judicial, e o restante do saldo formação de entidades de
pagamento homologado, sem será devido em parcelas defesa do consumidor pela
prejuízo de eventual mensais iguais e população e pelos órgãos
repactuação. (Incluído pela sucessivas. (Incluído pela Lei públicos estaduais e municipais;
Lei nº 14.181, de 2021) nº 14.181, de 2021) XIII - desenvolver outras
atividades compatíveis com suas
Art. 104-B. Se não houver êxito TÍTULO IV finalidades.
na conciliação em relação a Do Sistema Nacional de Defesa Parágrafo único. Para a
quaisquer credores, o juiz, a do Consumidor consecução de seus objetivos, o
pedido do consumidor, Departamento Nacional de
instaurará processo por Art. 106. O Departamento Defesa do Consumidor poderá
superendividamento para Nacional de Defesa do solicitar o concurso de órgãos e
revisão e integração dos Consumidor, da Secretaria entidades de notória
contratos e repactuação das Nacional de Direito Econômico especialização técnico-
dívidas remanescentes (MJ), ou órgão federal que científica.
mediante plano judicial venha substituí-lo, é organismo
compulsório e procederá à de coordenação da política do TÍTULO V
citação de todos os credores Sistema Nacional de Defesa do Da Convenção Coletiva de
cujos créditos não tenham Consumidor, cabendo-lhe: Consumo
integrado o acordo porventura I - planejar, elaborar, propor,
celebrado. (Incluído pela Lei
nº 14.181, de 2021)
coordenar e executar a política
nacional de proteção ao
Art. 107. As entidades civis de
consumidores e as associações
144
§ 1º Serão considerados no consumidor; de fornecedores ou sindicatos
processo por II - receber, analisar, avaliar e de categoria econômica podem
superendividamento, se for o encaminhar consultas, regular, por convenção escrita,
caso, os documentos e as denúncias ou sugestões relações de consumo que
informações prestadas em apresentadas por entidades tenham por objeto estabelecer
audiência. (Incluído pela Lei representativas ou pessoas condições relativas ao preço, à
nº 14.181, de 2021) jurídicas de direito público ou qualidade, à quantidade, à
§ 2º No prazo de 15 (quinze) privado; garantia e características de
dias, os credores citados III - prestar aos consumidores produtos e serviços, bem como à
juntarão documentos e as orientação permanente sobre reclamação e composição do
razões da negativa de aceder ao seus direitos e garantias; conflito de consumo.
plano voluntário ou de V - informar, conscientizar e § 1° A convenção tornar-se-á
renegociar. (Incluído pela Lei motivar o consumidor através obrigatória a partir do registro
nº 14.181, de 2021) dos diferentes meios de do instrumento no cartório de
§ 3º O juiz poderá nomear comunicação; títulos e documentos.
administrador, desde que isso V - solicitar à polícia judiciária a § 2° A convenção somente
não onere as partes, o qual, no instauração de inquérito policial obrigará os filiados às entidades
prazo de até 30 (trinta) dias, para a apreciação de delito signatárias.
após cumpridas as diligências contra os consumidores, nos § 3° Não se exime de cumprir a
eventualmente necessárias, termos da legislação vigente; convenção o fornecedor que se
apresentará plano de VI - representar ao Ministério desligar da entidade em data
pagamento que contemple Público competente para fins de posterior ao registro do
medidas de temporização ou de adoção de medidas processuais instrumento.
atenuação dos no âmbito de suas atribuições;
encargos. (Incluído pela Lei VII - levar ao conhecimento dos
nº 14.181, de 2021) órgãos competentes as
§ 4º O plano judicial infrações de ordem
compulsório assegurará aos administrativa que violarem os
credores, no mínimo, o valor do interesses difusos, coletivos, ou
principal devido, corrigido individuais dos consumidores;
monetariamente por índices
4. DIREITO DA CRIANÇA dignidade, ao respeito, à do pré-natal, do trabalho de
liberdade e à convivência parto e do pós-parto imediato.
E DO ADOLESCENTE familiar e comunitária. § 7º A gestante deverá receber
Parágrafo único. A garantia de orientação sobre aleitamento
4.1. LEI Nº 8.069/90 – prioridade compreende: materno, alimentação
ESTATUTO DA CRIANÇA E a) primazia de receber proteção complementar saudável e
DO ADOLESCENTE e socorro em quaisquer crescimento e desenvolvimento
circunstâncias; infantil, bem como sobre formas
b) precedência de atendimento de favorecer a criação de
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a nos serviços públicos ou de vínculos afetivos e de estimular
proteção integral à criança e ao relevância pública; o desenvolvimento integral da
adolescente. c) preferência na formulação e criança.
na execução das políticas sociais § 8º A gestante tem direito a
Art. 2º Considera-se criança, públicas; acompanhamento saudável
para os efeitos desta Lei, a d) destinação privilegiada de durante toda a gestação e a
pessoa até doze anos de idade recursos públicos nas áreas parto natural cuidadoso,
incompletos, e adolescente relacionadas com a proteção à estabelecendo-se a aplicação de
aquela entre doze e dezoito anos infância e à juventude. cesariana e outras intervenções
de idade. cirúrgicas por motivos médicos.
Parágrafo único. Nos casos Art. 8º É assegurado a todas as § 9º A atenção primária à saúde
expressos em lei, aplica-se mulheres o acesso aos fará a busca ativa da gestante
excepcionalmente este Estatuto programas e às políticas de que não iniciar ou que
às pessoas entre dezoito e vinte saúde da mulher e de abandonar as consultas de pré-
e um anos de idade. planejamento reprodutivo e, às natal, bem como da puérpera
gestantes, nutrição adequada, que não comparecer às
Art. 3º A criança e o adolescente atenção humanizada à gravidez, consultas pós-parto.
gozam de todos os direitos ao parto e ao puerpério e § 10. Incumbe ao poder público
fundamentais inerentes à atendimento pré-natal, garantir, à gestante e à mulher
pessoa humana, sem prejuízo da perinatal e pós-natal integral no com filho na primeira infância
proteção integral de que trata âmbito do Sistema Único de que se encontrem sob custódia
esta Lei, assegurando-se-lhes,
por lei ou por outros meios,
Saúde.
§ 1º O atendimento pré-natal
em unidade de privação de
liberdade, ambiência que
145
todas as oportunidades e será realizado por profissionais atenda às normas sanitárias e
facilidades, a fim de lhes facultar da atenção primária. assistenciais do Sistema Único
o desenvolvimento físico, § 2º Os profissionais de saúde de de Saúde para o acolhimento do
mental, moral, espiritual e referência da gestante filho, em articulação com o
social, em condições de garantirão sua vinculação, no sistema de ensino competente,
liberdade e de dignidade. último trimestre da gestação, ao visando ao desenvolvimento
Parágrafo único. Os direitos estabelecimento em que será integral da criança. (NR)
enunciados nesta Lei aplicam-se realizado o parto, garantido o
a todas as crianças e direito de opção da mulher. Art. 10. Os hospitais e demais
adolescentes, sem § 3º Os serviços de saúde onde o estabelecimentos de atenção à
discriminação de nascimento, parto for realizado assegurarão saúde de gestantes, públicos e
situação familiar, idade, sexo, às mulheres e aos seus filhos particulares, são obrigados a:
raça, etnia ou cor, religião ou recém-nascidos alta hospitalar I - manter registro das atividades
crença, deficiência, condição responsável e contrarreferência desenvolvidas, através de
pessoal de desenvolvimento e na atenção primária, bem como prontuários individuais, pelo
aprendizagem, condição o acesso a outros serviços e a prazo de dezoito anos;
econômica, ambiente social, grupos de apoio à II - identificar o recém-nascido
região e local de moradia ou amamentação. mediante o registro de sua
outra condição que diferencie as § 5º A assistência referida no § impressão plantar e digital e da
pessoas, as famílias ou a 4º deste artigo deverá ser impressão digital da mãe, sem
comunidade em que vivem. prestada também a gestantes e prejuízo de outras formas
mães que manifestem interesse normatizadas pela autoridade
Art. 4º É dever da família, da em entregar seus filhos para administrativa competente;
comunidade, da sociedade em adoção, bem como a gestantes e III - proceder a exames visando
geral e do poder público mães que se encontrem em ao diagnóstico e terapêutica de
assegurar, com absoluta situação de privação de anormalidades no metabolismo
prioridade, a efetivação dos liberdade. do recém-nascido, bem como
direitos referentes à vida, à § 6º A gestante e a parturiente prestar orientação aos pais;
saúde, à alimentação, à têm direito a 1 (um) IV - fornecer declaração de
educação, ao esporte, ao lazer, à acompanhante de sua nascimento onde constem
profissionalização, à cultura, à preferência durante o período necessariamente as
intercorrências do parto e do entregar seus filhos para adoção primeiros dezoito meses de vida,
desenvolvimento do neonato; serão obrigatoriamente de protocolo ou outro
V - manter alojamento conjunto, encaminhadas, sem instrumento construído com a
possibilitando ao neonato a constrangimento, à Justiça da finalidade de facilitar a
permanência junto à mãe. Infância e da Juventude. detecção, em consulta
VI - acompanhar a prática do §2º Os serviços de saúde em pediátrica de acompanhamento
processo de amamentação, suas diferentes portas de da criança, de risco para o seu
prestando orientações quanto à entrada, os serviços de desenvolvimento psíquico.
técnica adequada, enquanto a assistência social em seu
mãe permanecer na unidade componente especializado, o Capítulo II
hospitalar, utilizando o corpo Centro de Referência Do Direito à Liberdade, ao
técnico já existente. Especializado de Assistência Respeito e à Dignidade
Social (Creas) e os demais órgãos
Art. 11. É assegurado acesso do Sistema de Garantia de Art. 18-A. A criança e o
integral às linhas de cuidado Direitos da Criança e do adolescente têm o direito de ser
voltadas à saúde da criança e do Adolescente deverão conferir educados e cuidados sem o uso
adolescente, por intermédio do máxima prioridade ao de castigo físico ou de
Sistema Único de Saúde, atendimento das crianças na tratamento cruel ou degradante,
observado o princípio da faixa etária da primeira infância como formas de correção,
equidade no acesso a ações e com suspeita ou confirmação de disciplina, educação ou qualquer
serviços para promoção, violência de qualquer natureza, outro pretexto, pelos pais, pelos
proteção e recuperação da formulando projeto terapêutico integrantes da família ampliada,
saúde. singular que inclua intervenção pelos responsáveis, pelos
§ 1º A criança e o adolescente em rede e, se necessário, agentes públicos executores de
com deficiência serão atendidos, acompanhamento domiciliar. medidas socioeducativas ou por
sem discriminação ou qualquer pessoa encarregada de
segregação, em suas Art. 14. O Sistema Único de cuidar deles, tratá-los, educá-los
necessidades gerais de saúde e Saúde promoverá programas de ou protegê-los.
específicas de habilitação e assistência médica e Parágrafo único. Para os fins
reabilitação. odontológica para a prevenção desta Lei, considera-se:
§ 2º Incumbe ao poder público
fornecer gratuitamente, àqueles
das enfermidades
ordinariamente afetam
que
a
I - castigo físico: ação de
natureza disciplinar ou punitiva
146
que necessitarem, população infantil, e campanhas aplicada com o uso da força
medicamentos, órteses, de educação sanitária para pais, física sobre a criança ou o
próteses e outras tecnologias educadores e alunos. adolescente que resulte em:
assistivas relativas ao §1º É obrigatória a vacinação das a) sofrimento físico; ou
tratamento, habilitação ou crianças nos casos b) lesão;
reabilitação para crianças e recomendados pelas II - tratamento cruel ou
adolescentes, de acordo com as autoridades sanitárias. degradante: conduta ou forma
linhas de cuidado voltadas às §2º O Sistema Único de Saúde cruel de tratamento em relação
suas necessidades específicas. promoverá a atenção à saúde à criança ou ao adolescente que:
§ 3º Os profissionais que atuam bucal das crianças e das a) humilhe; ou
no cuidado diário ou frequente gestantes, de forma transversal, b) ameace gravemente; ou
de crianças na primeira infância integral e intersetorial com as c) ridicularize.
receberão formação específica e demais linhas de cuidado
permanente para a detecção de direcionadas à mulher e à Art. 18-B. Os pais, os integrantes
sinais de risco para o criança. da família ampliada, os
desenvolvimento psíquico, bem §3º A atenção odontológica à responsáveis, os agentes
como para o acompanhamento criança terá função educativa públicos executores de medidas
que se fizer necessário.” protetiva e será prestada, socioeducativas ou qualquer
inicialmente, antes de o bebê pessoa encarregada de cuidar
Art. 13. Os casos de suspeita ou nascer, por meio de de crianças e de adolescentes,
confirmação de castigo físico, de aconselhamento pré-natal, e, tratá-los, educá-los ou protegê-
tratamento cruel ou degradante posteriormente, no sexto e no los que utilizarem castigo físico
e de maus-tratos contra criança décimo segundo anos de vida, ou tratamento cruel ou
ou adolescente serão com orientações sobre saúde degradante como formas de
obrigatoriamente comunicados bucal. correção, disciplina, educação
ao Conselho Tutelar da § 4º A criança com necessidade ou qualquer outro pretexto
respectiva localidade, sem de cuidados odontológicos estarão sujeitos, sem prejuízo de
prejuízo de outras providências especiais será atendida pelo outras sanções cabíveis, às
legais. Sistema Único de Saúde. seguintes medidas, que serão
§1º As gestantes ou mães que § 5 º É obrigatória a aplicação a aplicadas de acordo com a
manifestem interesse em todas as crianças, nos seus gravidade do caso:
I - encaminhamento a programa fundamentada pela autoridade § 4 o Na hipótese de não haver a
oficial ou comunitário de judiciária. indicação do genitor e de não
proteção à família; §3º A manutenção ou a existir outro representante da
II - encaminhamento a reintegração de criança ou família extensa apto a receber a
tratamento psicológico ou adolescente à sua família terá guarda, a autoridade judiciária
psiquiátrico; preferência em relação a competente deverá decretar a
III - encaminhamento a cursos qualquer outra providência, extinção do poder familiar e
ou programas de orientação; caso em que será esta incluída determinar a colocação da
IV - obrigação de encaminhar a em serviços e programas de criança sob a guarda provisória
criança a tratamento proteção, apoio e promoção, de quem estiver habilitado a
especializado; nos termos do § 1 o do art. 23, adotá-la ou de entidade que
V - advertência. dos incisos I e IV do caput do art. desenvolva programa de
VI - garantia de tratamento de 101 e dos incisos I a IV do caput acolhimento familiar ou
saúde especializado à do art. 129 desta Lei. institucional.
vítima. (Incluído pela Lei nº §4º Será garantida a convivência § 5 o Após o nascimento da
14.344, de 2022) da criança e do adolescente com criança, a vontade da mãe ou de
Parágrafo único. As medidas a mãe ou o pai privado de ambos os genitores, se houver
previstas neste artigo serão liberdade, por meio de visitas pai registral ou pai indicado,
aplicadas pelo Conselho Tutelar, periódicas promovidas pelo deve ser manifestada na
sem prejuízo de outras responsável ou, nas hipóteses audiência a que se refere o §
providências legais. de acolhimento institucional, 1 o do art. 166 desta Lei,
pela entidade responsável, garantido o sigilo sobre a
Capítulo III independentemente de entrega.
Do Direito à Convivência autorização judicial. § 6º Na hipótese de não
Familiar e Comunitária §5º Será garantida a convivência comparecerem à audiência nem
Seção I integral da criança com a mãe o genitor nem representante da
Disposições Gerais adolescente que estiver em família extensa para confirmar a
acolhimento institucional. intenção de exercer o poder
Art. 19. É direito da criança e do §6º A mãe adolescente será familiar ou a guarda, a
adolescente ser criado e assistida por equipe autoridade judiciária
educado no seio de sua família e,
excepcionalmente, em família
especializada multidisciplinar. suspenderá o poder familiar da
mãe, e a criança será colocada
147
substituta, assegurada a Art. 19-A. A gestante ou mãe sob a guarda provisória de quem
convivência familiar e que manifeste interesse em esteja habilitado a adotá-la.
comunitária, em ambiente que entregar seu filho para adoção, § 7 o Os detentores da guarda
garanta seu desenvolvimento antes ou logo após o possuem o prazo de 15 (quinze)
integral. nascimento, será encaminhada à dias para propor a ação de
§1º Toda criança ou adolescente Justiça da Infância e da adoção, contado do dia seguinte
que estiver inserido em Juventude. à data do término do estágio de
programa de acolhimento § 1 o A gestante ou mãe será convivência.
familiar ou institucional terá sua ouvida pela equipe § 8 o Na hipótese de desistência
situação reavaliada, no máximo, interprofissional da Justiça da pelos genitores - manifestada
a cada 3 (três) meses, devendo a Infância e da Juventude, que em audiência ou perante a
autoridade judiciária apresentará relatório à equipe interprofissional - da
competente, com base em autoridade judiciária, entrega da criança após o
relatório elaborado por equipe considerando inclusive os nascimento, a criança será
interprofissional ou eventuais efeitos do estado mantida com os genitores, e será
multidisciplinar, decidir de gestacional e puerperal. determinado pela Justiça da
forma fundamentada pela § 2 o De posse do relatório, a Infância e da Juventude o
possibilidade de reintegração autoridade judiciária poderá acompanhamento familiar pelo
familiar ou pela colocação em determinar o encaminhamento prazo de 180 (cento e oitenta)
família substituta, em quaisquer da gestante ou mãe, mediante dias.
das modalidades previstas no sua expressa concordância, à § 9 o É garantido à mãe o direito
art. 28 desta Lei. rede pública de saúde e ao sigilo sobre o nascimento,
§2º A permanência da criança e assistência social para respeitado o disposto no art. 48
do adolescente em programa de atendimento especializado. desta Lei.
acolhimento institucional não se § 3 o A busca à família extensa, § 10. Serão cadastrados para
prolongará por mais de 18 conforme definida nos termos adoção recém-nascidos e
(dezoito meses), salvo do parágrafo único do art. 25 crianças acolhidas não
comprovada necessidade que desta Lei, respeitará o prazo procuradas por suas famílias no
atenda ao seu superior máximo de 90 (noventa) dias, prazo de 30 (trinta) dias,
interesse, devidamente prorrogável por igual período. contado a partir do dia do
acolhimento.
compartilhados no cuidado e na §1º Sempre que possível, a
Art. 19-B. A criança e o educação da criança, devendo criança ou o adolescente será
adolescente em programa de ser resguardado o direito de previamente ouvido por equipe
acolhimento institucional ou transmissão familiar de suas interprofissional, respeitado seu
familiar poderão participar de crenças e culturas, assegurados estágio de desenvolvimento e
programa de apadrinhamento. os direitos da criança grau de compreensão sobre as
§ 1 o O apadrinhamento consiste estabelecidos nesta Lei. implicações da medida, e terá
em estabelecer e proporcionar à sua opinião devidamente
criança e ao adolescente Art. 23. A falta ou a carência de considerada.
vínculos externos à instituição recursos materiais não constitui §2º Tratando-se de maior de 12
para fins de convivência familiar motivo suficiente para a perda (doze) anos de idade, será
e comunitária e colaboração ou a suspensão do pátrio poder necessário seu consentimento,
com o seu desenvolvimento nos poder familiar . colhido em audiência.
aspectos social, moral, físico, § 1 o Não existindo outro motivo §3º Na apreciação do pedido
cognitivo, educacional e que por si só autorize a levar-se-á em conta o grau de
financeiro. decretação da medida, a criança parentesco e a relação de
§ 2º Podem ser padrinhos ou ou o adolescente será mantido afinidade ou de afetividade, a
madrinhas pessoas maiores de em sua família de origem, a qual fim de evitar ou minorar as
18 (dezoito) anos não inscritas deverá obrigatoriamente ser consequências decorrentes da
nos cadastros de adoção, desde incluída em serviços e medida.
que cumpram os requisitos programas oficiais de proteção, §4º Os grupos de irmãos serão
exigidos pelo programa de apoio e promoção. colocados sob adoção, tutela ou
apadrinhamento de que fazem § 2º A condenação criminal do guarda da mesma família
parte. pai ou da mãe não implicará a substituta, ressalvada a
§ 3 o Pessoas jurídicas podem destituição do poder familiar, comprovada existência de risco
apadrinhar criança ou exceto na hipótese de de abuso ou outra situação que
adolescente a fim de colaborar condenação por crime doloso justifique plenamente a
para o seu desenvolvimento. sujeito à pena de reclusão contra excepcionalidade de solução
§ 4 o O perfil da criança ou do outrem igualmente titular do diversa, procurando-se, em
adolescente a ser apadrinhado mesmo poder familiar ou contra qualquer caso, evitar o
será definido no âmbito de cada
programa de apadrinhamento,
filho, filha
descendente.
ou outro rompimento definitivo dos
vínculos fraternais.
148
com prioridade para crianças ou §5º A colocação da criança ou
adolescentes com remota Seção II adolescente em família
possibilidade de reinserção Da Família Natural substituta será precedida de sua
familiar ou colocação em família preparação gradativa e
adotiva. Art. 25. Entende-se por família acompanhamento posterior,
§ 5 o Os programas ou serviços natural a comunidade formada realizados pela equipe
de apadrinhamento apoiados pelos pais ou qualquer deles e interprofissional a serviço da
pela Justiça da Infância e da seus descendentes. Justiça da Infância e da
Juventude poderão ser Parágrafo único. Entende-se por Juventude, preferencialmente
executados por órgãos públicos família extensa ou ampliada com o apoio dos técnicos
ou por organizações da aquela que se estende para além responsáveis pela execução da
sociedade civil. da unidade pais e filhos ou da política municipal de garantia do
§ 6 o Se ocorrer violação das unidade do casal, formada por direito à convivência familiar.
regras de apadrinhamento, os parentes próximos com os quais §6º Em se tratando de criança ou
responsáveis pelo programa e a criança ou adolescente convive adolescente indígena ou
pelos serviços de acolhimento e mantém vínculos de afinidade proveniente de comunidade
deverão imediatamente e afetividade. remanescente de quilombo, é
notificar a autoridade judiciária ainda obrigatório:
competente. Seção III I - que sejam consideradas e
Da Família Substituta respeitadas sua identidade
Art. 22. Aos pais incumbe o Subseção I social e cultural, os seus
dever de sustento, guarda e Disposições Gerais costumes e tradições, bem como
educação dos filhos menores, suas instituições, desde que não
cabendo-lhes ainda, no Art. 28. A colocação em família sejam incompatíveis com os
interesse destes, a obrigação de substituta far-se-á mediante direitos fundamentais
cumprir e fazer cumprir as guarda, tutela ou adoção, reconhecidos por esta Lei e pela
determinações judiciais. independentemente da situação Constituição Federal;
Parágrafo único. A mãe e o pai, jurídica da criança ou II - que a colocação familiar
ou os responsáveis, têm direitos adolescente, nos termos desta ocorra prioritariamente no seio
iguais e deveres e Lei. de sua comunidade ou junto a
responsabilidades membros da mesma etnia;
III - a intervenção e oitiva de suspensão do poder familiar e
representantes do órgão federal Art. 34. O poder público implica necessariamente o
responsável pela política estimulará, por meio de dever de guarda.
indigenista, no caso de crianças assistência jurídica, incentivos
e adolescentes indígenas, e de fiscais e subsídios, o Art. 37. O tutor nomeado por
antropólogos, perante a equipe acolhimento, sob a forma de testamento ou qualquer
interprofissional ou guarda, de criança ou documento autêntico, conforme
multidisciplinar que irá adolescente afastado do previsto no parágrafo único do
acompanhar o caso. convívio familiar. art. 1.729 da Lei n o 10.406, de
§ 1 o A inclusão da criança ou 10 de janeiro de 2002 - Código
Art. 32. Ao assumir a guarda ou adolescente em programas de Civil , deverá, no prazo de 30
a tutela, o responsável prestará acolhimento familiar terá (trinta) dias após a abertura da
compromisso de bem e preferência a seu acolhimento sucessão, ingressar com pedido
fielmente desempenhar o institucional, observado, em destinado ao controle judicial do
encargo, mediante termo nos qualquer caso, o caráter ato, observando o procedimento
autos. temporário e excepcional da previsto nos arts. 165 a 170
medida, nos termos desta Lei. desta Lei.
Subseção II § 2 o Na hipótese do § 1 o deste Parágrafo único. Na apreciação
Da Guarda artigo a pessoa ou casal do pedido, serão observados os
cadastrado no programa de requisitos previstos nos arts. 28
Art. 33. A guarda obriga a acolhimento familiar poderá e 29 desta Lei, somente sendo
prestação de assistência receber a criança ou deferida a tutela à pessoa
material, moral e educacional à adolescente mediante guarda, indicada na disposição de última
criança ou adolescente, observado o disposto nos arts. vontade, se restar comprovado
conferindo a seu detentor o 28 a 33 desta Lei. que a medida é vantajosa ao
direito de opor-se a terceiros, § 3 o A União apoiará a tutelando e que não existe outra
inclusive aos pais. implementação de serviços de pessoa em melhores condições
§1º A guarda destina-se a acolhimento em família de assumi-la.
regularizar a posse de fato, acolhedora como política
podendo ser deferida, liminar ou pública, os quais deverão dispor Subseção IV
incidentalmente,
procedimentos de tutela e
nos de equipe que organize o
acolhimento temporário de
Da Adoção 149
adoção, exceto no de adoção por crianças e de adolescentes em Art. 39. A adoção de criança e
estrangeiros. residências de famílias de adolescente reger-se-á
§2º Excepcionalmente, deferir- selecionadas, capacitadas e segundo o disposto nesta Lei.
se-á a guarda, fora dos casos de acompanhadas que não estejam §1º A adoção é medida
tutela e adoção, para atender a no cadastro de adoção. (Incluído excepcional e irrevogável, à qual
situações peculiares ou suprir a pela Lei nº 13.257, de 2016) se deve recorrer apenas quando
falta eventual dos pais ou § 4 o Poderão ser utilizados esgotados os recursos de
responsável, podendo ser recursos federais, estaduais, manutenção da criança ou
deferido o direito de distritais e municipais para a adolescente na família natural
representação para a prática de manutenção dos serviços de ou extensa, na forma do
atos determinados. acolhimento em família parágrafo único do art. 25 desta
§ 3º A guarda confere à criança acolhedora, facultando-se o Lei.
ou adolescente a condição de repasse de recursos para a §2º É vedada a adoção por
dependente, para todos os fins e própria família acolhedora. procuração.
efeitos de direito, inclusive §3º Em caso de conflito entre
previdenciários. Art. 35. A guarda poderá ser direitos e interesses do
§4º Salvo expressa e revogada a qualquer tempo, adotando e de outras pessoas,
fundamentada determinação mediante ato judicial inclusive seus pais biológicos,
em contrário, da autoridade fundamentado, ouvido o devem prevalecer os direitos e
judiciária competente, ou Ministério Público. os interesses do adotando.
quando a medida for aplicada
em preparação para adoção, o Subseção III Art. 42. Podem adotar os
deferimento da guarda de Da Tutela maiores de 18 (dezoito) anos,
criança ou adolescente a independentemente do estado
terceiros não impede o exercício Art. 36. A tutela será deferida, civil.
do direito de visitas pelos pais, nos termos da lei civil, a pessoa §1º Não podem adotar os
assim como o dever de prestar de até 18 (dezoito) anos ascendentes e os irmãos do
alimentos, que serão objeto de incompletos. adotando.
regulamentação específica, a Parágrafo único. O deferimento §2º Para adoção conjunta, é
pedido do interessado ou do da tutela pressupõe a prévia indispensável que os adotantes
Ministério Público. decretação da perda ou sejam casados civilmente ou
mantenham união estável, §1º O estágio de convivência Art. 48. O adotado tem direito
comprovada a estabilidade da poderá ser dispensado se o de conhecer sua origem
família. adotando já estiver sob a tutela biológica, bem como de obter
§ 3º O adotante há de ser, pelo ou guarda legal do adotante acesso irrestrito ao processo no
menos, dezesseis anos mais durante tempo suficiente para qual a medida foi aplicada e seus
velho do que o adotando. que seja possível avaliar a eventuais incidentes, após
§ 4 o Os divorciados, os conveniência da constituição do completar 18 (dezoito) anos.
judicialmente separados e os ex- vínculo. Parágrafo único. O acesso ao
companheiros podem adotar §2º A simples guarda de fato não processo de adoção poderá ser
conjuntamente, contanto que autoriza, por si só, a dispensa da também deferido ao adotado
acordem sobre a guarda e o realização do estágio de menor de 18 (dezoito) anos, a
regime de visitas e desde que o convivência. seu pedido, assegurada
estágio de convivência tenha §2º-A. O prazo máximo orientação e assistência jurídica
sido iniciado na constância do estabelecido no caput deste e psicológica.
período de convivência e que artigo pode ser prorrogado por
seja comprovada a existência de até igual período, mediante Art. 50. A autoridade judiciária
vínculos de afinidade e decisão fundamentada da manterá, em cada comarca ou
afetividade com aquele não autoridade judiciária. foro regional, um registro de
detentor da guarda, que §3º Em caso de adoção por crianças e adolescentes em
justifiquem a excepcionalidade pessoa ou casal residente ou condições de serem adotados e
da concessão. domiciliado fora do País, o outro de pessoas interessadas
§5º Nos casos do § 4 o deste estágio de convivência será de, na adoção.
artigo, desde que demonstrado no mínimo, 30 (trinta) dias e, no §1º O deferimento da inscrição
efetivo benefício ao adotando, máximo, 45 (quarenta e cinco) dar-se-á após prévia consulta
será assegurada a guarda dias, prorrogável por até igual aos órgãos técnicos do juizado,
compartilhada, conforme período, uma única vez, ouvido o Ministério Público.
previsto no art. 1.584 da Lei n o mediante decisão §2º Não será deferida a inscrição
10.406, de 10 de janeiro de 2002 fundamentada da autoridade se o interessado não satisfizer os
- Código Civil judiciária. requisitos legais, ou verificada
§6º A adoção poderá ser §3º -A. Ao final do prazo qualquer das hipóteses previstas
deferida ao adotante que, após
inequívoca manifestação de
previsto no § 3 o deste artigo,
deverá ser apresentado laudo
no art. 29.
§3º A inscrição de postulantes à
150
vontade, vier a falecer no curso fundamentado pela equipe adoção será precedida de um
do procedimento, antes de mencionada no § 4 o deste período de preparação
prolatada a sentença. artigo, que recomendará ou não psicossocial e jurídica, orientado
o deferimento da adoção à pela equipe técnica da Justiça da
Art. 43. A adoção será deferida autoridade judiciária. Infância e da Juventude,
quando apresentar reais §4º O estágio de convivência preferencialmente com apoio
vantagens para o adotando e será acompanhado pela equipe dos técnicos responsáveis pela
fundar-se em motivos legítimos. interprofissional a serviço da execução da política municipal
Justiça da Infância e da de garantia do direito à
Art. 45. A adoção depende do Juventude, preferencialmente convivência familiar.
consentimento dos pais ou do com apoio dos técnicos §4º Sempre que possível e
representante legal do responsáveis pela execução da recomendável, a preparação
adotando. política de garantia do direito à referida no § 3 o deste artigo
§1º. O consentimento será convivência familiar, que incluirá o contato com crianças e
dispensado em relação à criança apresentarão relatório adolescentes em acolhimento
ou adolescente cujos pais sejam minucioso acerca da familiar ou institucional em
desconhecidos ou tenham sido conveniência do deferimento da condições de serem adotados, a
destituídos do poder familiar . medida. ser realizado sob a orientação,
§ 2º. Em se tratando de §5º O estágio de convivência supervisão e avaliação da equipe
adotando maior de doze anos de será cumprido no território técnica da Justiça da Infância e
idade, será também necessário nacional, preferencialmente na da Juventude, com apoio dos
o seu consentimento. comarca de residência da técnicos responsáveis pelo
criança ou adolescente, ou, a programa de acolhimento e pela
Art. 46. A adoção será precedida critério do juiz, em cidade execução da política municipal
de estágio de convivência com a limítrofe, respeitada, em de garantia do direito à
criança ou adolescente, pelo qualquer hipótese, a convivência familiar.
prazo máximo de 90 (noventa) competência do juízo da §5º Serão criados e
dias, observadas a idade da comarca de residência da implementados cadastros
criança ou adolescente e as criança. estaduais e nacional de crianças
peculiaridades do caso. e adolescentes em condições de
serem adotados e de pessoas ou § 13. Somente poderá ser adotantes habilitados residentes
casais habilitados à adoção. deferida adoção em favor de no Brasil com perfil compatível
§6º Haverá cadastros distintos candidato domiciliado no Brasil com a criança ou adolescente,
para pessoas ou casais não cadastrado previamente nos após consulta aos cadastros
residentes fora do País, que termos desta Lei quando: mencionados nesta Lei;
somente serão consultados na I - se tratar de pedido de adoção III - que, em se tratando de
inexistência de postulantes unilateral; adoção de adolescente, este foi
nacionais habilitados nos II - for formulada por parente consultado, por meios
cadastros mencionados no § 5 o com o qual a criança ou adequados ao seu estágio de
deste artigo. adolescente mantenha vínculos desenvolvimento, e que se
§7º As autoridades estaduais e de afinidade e afetividade; encontra preparado para a
federais em matéria de adoção III - oriundo o pedido de quem medida, mediante parecer
terão acesso integral aos detém a tutela ou guarda legal elaborado por equipe
cadastros, incumbindo-lhes a de criança maior de 3 (três) anos interprofissional, observado o
troca de informações e a ou adolescente, desde que o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28
cooperação mútua, para lapso de tempo de convivência desta Lei.
melhoria do sistema. comprove a fixação de laços de §2º Os brasileiros residentes no
§8º A autoridade judiciária afinidade e afetividade, e não exterior terão preferência aos
providenciará, no prazo de 48 seja constatada a ocorrência de estrangeiros, nos casos de
(quarenta e oito) horas, a má-fé ou qualquer das situações adoção internacional de criança
inscrição das crianças e previstas nos arts. 237 ou 238 ou adolescente brasileiro.
adolescentes em condições de desta Lei. §3º A adoção internacional
serem adotados que não § 14. Nas hipóteses previstas no pressupõe a intervenção das
tiveram colocação familiar na § 13 deste artigo, o candidato Autoridades Centrais Estaduais e
comarca de origem, e das deverá comprovar, no curso do Federal em matéria de adoção
pessoas ou casais que tiveram procedimento, que preenche os internacional.
deferida sua habilitação à requisitos necessários à adoção,
adoção nos cadastros estadual e conforme previsto nesta Lei. Art. 52. A adoção internacional
nacional referidos no § 5 o deste § 15. Será assegurada observará o procedimento
artigo, sob pena de prioridade no cadastro a pessoas previsto nos arts. 165 a 170
responsabilidade.
§9º Compete à Autoridade
interessadas em adotar criança
ou adolescente com deficiência,
desta Lei, com as seguintes
adaptações:
151
Central Estadual zelar pela com doença crônica ou com I - a pessoa ou casal estrangeiro,
manutenção e correta necessidades específicas de interessado em adotar criança
alimentação dos cadastros, com saúde, além de grupo de irmãos. ou adolescente brasileiro,
posterior comunicação à deverá formular pedido de
Autoridade Central Federal Art. 51. Considera-se adoção habilitação à adoção perante a
Brasileira. internacional aquela na qual o Autoridade Central em matéria
§ 10. Consultados os cadastros e pretendente possui residência de adoção internacional no país
verificada a ausência de habitual em país-parte da de acolhida, assim entendido
pretendentes habilitados Convenção de Haia, de 29 de aquele onde está situada sua
residentes no País com perfil maio de 1993, Relativa à residência habitual;
compatível e interesse Proteção das Crianças e à II - se a Autoridade Central do
manifesto pela adoção de Cooperação em Matéria de país de acolhida considerar que
criança ou adolescente inscrito Adoção Internacional, os solicitantes estão habilitados
nos cadastros existentes, será promulgada pelo Decreto n o e aptos para adotar, emitirá um
realizado o encaminhamento da 3.087, de 21 junho de 1999 , e relatório que contenha
criança ou adolescente à adoção deseja adotar criança em outro informações sobre a identidade,
internacional. país-parte da Convenção. a capacidade jurídica e
§11. Enquanto não localizada §1º A adoção internacional de adequação dos solicitantes para
pessoa ou casal interessado em criança ou adolescente adotar, sua situação pessoal,
sua adoção, a criança ou o brasileiro ou domiciliado no familiar e médica, seu meio
adolescente, sempre que Brasil somente terá lugar social, os motivos que os
possível e recomendável, será quando restar comprovado: animam e sua aptidão para
colocado sob guarda de família I - que a colocação em família assumir uma adoção
cadastrada em programa de adotiva é a solução adequada ao internacional;
acolhimento familiar. caso concreto; III - a Autoridade Central do país
§ 12. A alimentação do cadastro II - que foram esgotadas todas as de acolhida enviará o relatório à
e a convocação criteriosa dos possibilidades de colocação da Autoridade Central Estadual,
postulantes à adoção serão criança ou adolescente em com cópia para a Autoridade
fiscalizadas pelo Ministério família adotiva brasileira, com a Central Federal Brasileira;
Público. comprovação, certificada nos IV - o relatório será instruído
autos, da inexistência de com toda a documentação
necessária, incluindo estudo nos órgãos oficiais de imprensa como relatório de
psicossocial elaborado por e em sítio próprio da internet. acompanhamento das adoções
equipe interprofissional § 3 o Somente será admissível o internacionais efetuadas no
habilitada e cópia autenticada credenciamento de organismos período, cuja cópia será
da legislação pertinente, que: encaminhada ao Departamento
acompanhada da respectiva I - sejam oriundos de países que de Polícia Federal;
prova de vigência; ratificaram a Convenção de Haia V - enviar relatório pós-adotivo
V - os documentos em língua e estejam devidamente semestral para a Autoridade
estrangeira serão devidamente credenciados pela Autoridade Central Estadual, com cópia para
autenticados pela autoridade Central do país onde estiverem a Autoridade Central Federal
consular, observados os sediados e no país de acolhida Brasileira, pelo período mínimo
tratados e convenções do adotando para atuar em de 2 (dois) anos. O envio do
internacionais, e acompanhados adoção internacional no Brasil; relatório será mantido até a
da respectiva tradução, por II - satisfizerem as condições de juntada de cópia autenticada do
tradutor público juramentado; integridade moral, competência registro civil, estabelecendo a
VI - a Autoridade Central profissional, experiência e cidadania do país de acolhida
Estadual poderá fazer exigências responsabilidade exigidas pelos para o adotado;
e solicitar complementação países respectivos e pela VI - tomar as medidas
sobre o estudo psicossocial do Autoridade Central Federal necessárias para garantir que os
postulante estrangeiro à Brasileira; adotantes encaminhem à
adoção, já realizado no país de III - forem qualificados por seus Autoridade Central Federal
acolhida; padrões éticos e sua formação e Brasileira cópia da certidão de
VII - verificada, após estudo experiência para atuar na área registro de nascimento
realizado pela Autoridade de adoção internacional; estrangeira e do certificado de
Central Estadual, a IV - cumprirem os requisitos nacionalidade tão logo lhes
compatibilidade da legislação exigidos pelo ordenamento sejam concedidos.
estrangeira com a nacional, jurídico brasileiro e pelas § 5 o A não apresentação dos
além do preenchimento por normas estabelecidas pela relatórios referidos no §
parte dos postulantes à medida Autoridade Central Federal 4 o deste artigo pelo organismo
dos requisitos objetivos e Brasileira. credenciado poderá acarretar a
subjetivos necessários ao seu
deferimento, tanto à luz do que
§ 4 o Os organismos
credenciados deverão ainda:
suspensão
credenciamento.
de seu 152
dispõe esta Lei como da I - perseguir unicamente fins não § 6 o O credenciamento de
legislação do país de acolhida, lucrativos, nas condições e organismo nacional ou
será expedido laudo de dentro dos limites fixados pelas estrangeiro encarregado de
habilitação à adoção autoridades competentes do intermediar pedidos de adoção
internacional, que terá validade país onde estiverem sediados, internacional terá validade de 2
por, no máximo, 1 (um) ano; do país de acolhida e pela (dois) anos.
VIII - de posse do laudo de Autoridade Central Federal § 7 oA renovação do
habilitação, o interessado será Brasileira; credenciamento poderá ser
autorizado a formalizar pedido II - ser dirigidos e administrados concedida mediante
de adoção perante o Juízo da por pessoas qualificadas e de requerimento protocolado na
Infância e da Juventude do local reconhecida idoneidade moral, Autoridade Central Federal
em que se encontra a criança ou com comprovada formação ou Brasileira nos 60 (sessenta) dias
adolescente, conforme experiência para atuar na área anteriores ao término do
indicação efetuada pela de adoção internacional, respectivo prazo de validade.
Autoridade Central Estadual. cadastradas pelo Departamento § 8 o Antes de transitada em
§ 1 o Se a legislação do país de de Polícia Federal e aprovadas julgado a decisão que concedeu
acolhida assim o autorizar, pela Autoridade Central Federal a adoção internacional, não será
admite-se que os pedidos de Brasileira, mediante publicação permitida a saída do adotando
habilitação à adoção de portaria do órgão federal do território nacional.
internacional sejam competente; § 9 o Transitada em julgado a
intermediados por organismos III - estar submetidos à decisão, a autoridade judiciária
credenciados. supervisão das autoridades determinará a expedição de
§ 2 o Incumbe à Autoridade competentes do país onde alvará com autorização de
Central Federal Brasileira o estiverem sediados e no país de viagem, bem como para
credenciamento de organismos acolhida, inclusive quanto à sua obtenção de passaporte,
nacionais e estrangeiros composição, funcionamento e constando, obrigatoriamente, as
encarregados de intermediar situação financeira; características da criança ou
pedidos de habilitação à adoção IV - apresentar à Autoridade adolescente adotado, como
internacional, com posterior Central Federal Brasileira, a cada idade, cor, sexo, eventuais sinais
comunicação às Autoridades ano, relatório geral das ou traços peculiares, assim
Centrais Estaduais e publicação atividades desenvolvidas, bem como foto recente e a aposição
da impressão digital do seu estarão sujeitos às deliberações prevalecem sobre o aspecto
polegar direito, instruindo o do respectivo Conselho de produtivo.
documento com cópia Direitos da Criança e do § 2º A remuneração que o
autenticada da decisão e Adolescente. adolescente recebe pelo
certidão de trânsito em julgado. trabalho efetuado ou a
§ 10. A Autoridade Central participação na venda dos
Federal Brasileira poderá, a Capítulo V produtos de seu trabalho não
qualquer momento, solicitar Do Direito à Profissionalização desfigura o caráter educativo.
informações sobre a situação e à Proteção no Trabalho
das crianças e adolescentes Título III
adotados. Art. 60. É proibido qualquer Da Prevenção
§ 11. A cobrança de valores por trabalho a menores de quatorze Capítulo I
parte dos organismos anos de idade, salvo na condição Disposições Gerais
credenciados, que sejam de aprendiz.
considerados abusivos pela Art. 70. É dever de todos
Autoridade Central Federal Art. 61. A proteção ao trabalho prevenir a ocorrência de ameaça
Brasileira e que não estejam dos adolescentes é regulada por ou violação dos direitos da
devidamente comprovados, é legislação especial, sem prejuízo criança e do adolescente.
causa de seu do disposto nesta Lei.
descredenciamento. Art. 70-A. A União, os Estados, o
§ 12. Uma mesma pessoa ou Art. 65. Ao adolescente Distrito Federal e os Municípios
seu cônjuge não podem ser aprendiz, maior de quatorze deverão atuar de forma
representados por mais de uma anos, são assegurados os articulada na elaboração de
entidade credenciada para atuar direitos trabalhistas e políticas públicas e na execução
na cooperação em adoção previdenciários. de ações destinadas a coibir o
internacional. uso de castigo físico ou de
§ 13. A habilitação de Art. 67. Ao adolescente tratamento cruel ou degradante
postulante estrangeiro ou empregado, aprendiz, em e difundir formas não violentas
domiciliado fora do Brasil terá regime familiar de trabalho, de educação de crianças e de
validade máxima de 1 (um) ano, aluno de escola técnica, adolescentes, tendo como
podendo ser renovada.
§ 14. É vedado o contato direto
assistido
governamental
em
ou
entidade
não-
principais ações:
I - a promoção de campanhas
153
de representantes de governamental, é vedado educativas permanentes para a
organismos de adoção, trabalho: divulgação do direito da criança
nacionais ou estrangeiros, com I - noturno, realizado entre as e do adolescente de serem
dirigentes de programas de vinte e duas horas de um dia e as educados e cuidados sem o uso
acolhimento institucional ou cinco horas do dia seguinte; de castigo físico ou de
familiar, assim como com II - perigoso, insalubre ou tratamento cruel ou degradante
crianças e adolescentes em penoso; e dos instrumentos de proteção
condições de serem adotados, III - realizado em locais aos direitos humanos;
sem a devida autorização prejudiciais à sua formação e ao II - a integração com os órgãos
judicial. seu desenvolvimento físico, do Poder Judiciário, do
§ 15. A Autoridade Central psíquico, moral e social; Ministério Público e da
Federal Brasileira poderá limitar IV - realizado em horários e Defensoria Pública, com o
ou suspender a concessão de locais que não permitam a Conselho Tutelar, com os
novos credenciamentos sempre freqüência à escola. Conselhos de Direitos da Criança
que julgar necessário, mediante e do Adolescente e com as
ato administrativo Art. 68. O programa social que entidades não governamentais
fundamentado. tenha por base o trabalho que atuam na promoção,
educativo, sob responsabilidade proteção e defesa dos direitos
Art. 52-A. É vedado, sob pena de de entidade governamental ou da criança e do adolescente;
responsabilidade e não-governamental sem fins III - a formação continuada e a
descredenciamento, o repasse lucrativos, deverá assegurar ao capacitação dos profissionais de
de recursos provenientes de adolescente que dele participe saúde, educação e assistência
organismos estrangeiros condições de capacitação para o social e dos demais agentes que
encarregados de intermediar exercício de atividade regular atuam na promoção, proteção e
pedidos de adoção internacional remunerada. defesa dos direitos da criança e
a organismos nacionais ou a § 1º Entende-se por trabalho do adolescente para o
pessoas físicas. educativo a atividade laboral em desenvolvimento das
Parágrafo único. Eventuais que as exigências pedagógicas competências necessárias à
repasses somente poderão ser relativas ao desenvolvimento prevenção, à identificação de
efetuados via Fundo dos Direitos pessoal e social do educando evidências, ao diagnóstico e ao
da Criança e do Adolescente e enfrentamento de todas as
formas de violência contra a X - a celebração de convênios, de com pessoas capacitadas a
criança e o adolescente; protocolos, de ajustes, de reconhecer e a comunicar ao
IV - o apoio e o incentivo às termos e de outros Conselho Tutelar suspeitas ou
práticas de resolução pacífica de instrumentos de promoção de casos de crimes praticados
conflitos que envolvam violência parceria entre órgãos contra a criança e o adolescente.
contra a criança e o adolescente; governamentais ou entre estes e (Redação dada pela Lei nº
V - a inclusão, nas políticas entidades não governamentais, 14.344, de 2022) Vigência
públicas, de ações que visem a com o objetivo de implementar Parágrafo único. São igualmente
garantir os direitos da criança e programas de erradicação da responsáveis pela comunicação
do adolescente, desde a atenção violência, de tratamento cruel de que trata este artigo, as
pré-natal, e de atividades junto ou degradante e de formas pessoas encarregadas, por razão
aos pais e responsáveis com o violentas de educação, correção de cargo, função, ofício,
objetivo de promover a ou disciplina; (Incluído pela Lei ministério, profissão ou
informação, a reflexão, o debate nº 14.344, de 2022) Vigência ocupação, do cuidado,
e a orientação sobre alternativas XI - a capacitação permanente assistência ou guarda de
ao uso de castigo físico ou de das Polícias Civil e Militar, da crianças e adolescentes, punível,
tratamento cruel ou degradante Guarda Municipal, do Corpo de na forma deste Estatuto, o
no processo educativo; Bombeiros, dos profissionais nas injustificado retardamento ou
VI - a promoção de espaços escolas, dos Conselhos Tutelares omissão, culposos ou dolosos.
intersetoriais locais para a e dos profissionais pertencentes (Incluído pela Lei nº 13.046, de
articulação de ações e a aos órgãos e às áreas referidos 2014)
elaboração de planos de atuação no inciso II deste caput, para que
conjunta focados nas famílias identifiquem situações em que Capítulo II
em situação de violência, com crianças e adolescentes Da Prevenção Especial
participação de profissionais de vivenciam violência e agressões Seção I
saúde, de assistência social e de no âmbito familiar ou Da informação, Cultura, Lazer,
educação e de órgãos de institucional; (Incluído pela Lei Esportes, Diversões e
promoção, proteção e defesa nº 14.344, de 2022) Vigência Espetáculos
dos direitos da criança e do XII - a promoção de programas
adolescente. educacionais que disseminem Art. 74. O poder público,
VII - a promoção de estudos e
pesquisas, de estatísticas e de
valores éticos de irrestrito
respeito à dignidade da pessoa
através do órgão competente,
regulará as diversões e
154
outras informações relevantes humana, bem como de espetáculos públicos,
às consequências e à frequência programas de fortalecimento da informando sobre a natureza
das formas de violência contra a parentalidade positiva, da deles, as faixas etárias a que não
criança e o adolescente para a educação sem castigos físicos e se recomendem, locais e
sistematização de dados de ações de prevenção e horários em que sua
nacionalmente unificados e a enfrentamento da violência apresentação se mostre
avaliação periódica dos doméstica e familiar contra a inadequada.
resultados das medidas criança e o adolescente; Parágrafo único. Os
adotadas; (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 14.344, de responsáveis pelas diversões e
14.344, de 2022) Vigência 2022) Vigência espetáculos públicos deverão
VIII - o respeito aos valores da XIII - o destaque, nos currículos afixar, em lugar visível e de fácil
dignidade da pessoa humana, de escolares de todos os níveis de acesso, à entrada do local de
forma a coibir a violência, o ensino, dos conteúdos relativos exibição, informação destacada
tratamento cruel ou degradante à prevenção, à identificação e à sobre a natureza do espetáculo
e as formas violentas de resposta à violência doméstica e e a faixa etária especificada no
educação, correção ou familiar. (Incluído pela Lei nº certificado de classificação.
disciplina; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
14.344, de 2022) Parágrafo único. As famílias com Art. 75. Toda criança ou
IX - a promoção e a realização de crianças e adolescentes com adolescente terá acesso às
campanhas educativas deficiência terão prioridade de diversões e espetáculos públicos
direcionadas ao público escolar atendimento nas ações e classificados como adequados à
e à sociedade em geral e a políticas públicas de prevenção e sua faixa etária.
difusão desta Lei e dos proteção. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. As crianças
instrumentos de proteção aos 13.010, de 2014) menores de dez anos somente
direitos humanos das crianças e poderão ingressar e permanecer
dos adolescentes, incluídos os Art. 70-B. As entidades, públicas nos locais de apresentação ou
canais de denúncia existentes; e privadas, que atuem nas áreas exibição quando acompanhadas
(Incluído pela Lei nº 14.344, de da saúde e da educação, além dos pais ou responsável.
2022) Vigência daquelas às quais se refere o art.
71 desta Lei, entre outras, Art. 76. As emissoras de rádio e
devem contar, em seus quadros, televisão somente exibirão, no
horário recomendado para o responsável, conceder
público infanto juvenil, Seção II autorização válida por dois anos.
programas com finalidades Dos Produtos e Serviços
educativas, artísticas, culturais e Art. 84. Quando se tratar de
informativas. Art. 81. É proibida a venda à viagem ao exterior, a
Parágrafo único. Nenhum criança ou ao adolescente de: autorização é dispensável, se a
espetáculo será apresentado ou I - armas, munições e explosivos; criança ou adolescente:
anunciado sem aviso de sua II - bebidas alcoólicas; I - estiver acompanhado de
classificação, antes de sua III - produtos cujos ambos os pais ou responsável;
transmissão, apresentação ou componentes possam causar II - viajar na companhia de um
exibição. dependência física ou psíquica dos pais, autorizado
ainda que por utilização expressamente pelo outro
Art. 77. Os proprietários, indevida; através de documento com
diretores, gerentes e IV - fogos de estampido e de firma reconhecida.
funcionários de empresas que artifício, exceto aqueles que
explorem a venda ou aluguel de pelo seu reduzido potencial Art. 85. Sem prévia e expressa
fitas de programação em vídeo sejam incapazes de provocar autorização judicial, nenhuma
cuidarão para que não haja qualquer dano físico em caso de criança ou adolescente nascido
venda ou locação em desacordo utilização indevida; em território nacional poderá
com a classificação atribuída V - revistas e publicações a que sair do País em companhia de
pelo órgão competente. alude o art. 78; estrangeiro residente ou
Parágrafo único. As fitas a que VI - bilhetes lotéricos e domiciliado no exterior.
alude este artigo deverão exibir, equivalentes.
no invólucro, informação sobre Parte Especial
a natureza da obra e a faixa Art. 82. É proibida a Título I
etária a que se destinam. hospedagem de criança ou Da Política de Atendimento
adolescente em hotel, motel, Capítulo I
Art. 78. As revistas e publicações pensão ou estabelecimento Disposições Gerais
contendo material impróprio ou congênere, salvo se autorizado
inadequado a crianças e ou acompanhado pelos pais ou Art. 86. A política de
adolescentes deverão
comercializadas em embalagem
ser responsável. atendimento dos direitos da
criança e do adolescente far-se-
155
lacrada, com a advertência de Seção III á através de um conjunto
seu conteúdo. Da Autorização para Viajar articulado de ações
Parágrafo único. As editoras governamentais e não-
cuidarão para que as capas que Art. 83. Nenhuma criança ou governamentais, da União, dos
contenham mensagens adolescente menor de 16 estados, do Distrito Federal e
pornográficas ou obscenas (dezesseis) anos poderá viajar dos municípios.
sejam protegidas com para fora da comarca onde
embalagem opaca. reside desacompanhado dos Art. 87. São linhas de ação da
pais ou dos responsáveis sem política de atendimento:
Art. 79. As revistas e publicações expressa autorização judicial. I - políticas sociais básicas;
destinadas ao público infanto- § 1º A autorização não será II - serviços, programas, projetos
juvenil não poderão conter exigida quando: e benefícios de assistência social
ilustrações, fotografias, a) tratar-se de comarca contígua de garantia de proteção social e
legendas, crônicas ou anúncios à da residência da criança ou do de prevenção e redução de
de bebidas alcoólicas, tabaco, adolescente menor de 16 violações de direitos, seus
armas e munições, e deverão (dezesseis) anos, se na mesma agravamentos ou reincidências;
respeitar os valores éticos e unidade da Federação, ou III - serviços especiais de
sociais da pessoa e da família. incluída na mesma região prevenção e atendimento
metropolitana; médico e psicossocial às vítimas
Art. 80. Os responsáveis por b) a criança ou o adolescente de negligência, maus-tratos,
estabelecimentos que explorem menor de 16 (dezesseis) anos exploração, abuso, crueldade e
comercialmente bilhar, sinuca estiver acompanhado: opressão;
ou congênere ou por casas de 1) de ascendente ou colateral IV - serviço de identificação e
jogos, assim entendidas as que maior, até o terceiro grau, localização de pais, responsável,
realizem apostas, ainda que comprovado documentalmente crianças e adolescentes
eventualmente, cuidarão para o parentesco; desaparecidos;
que não seja permitida a 2) de pessoa maior, V - proteção jurídico-social por
entrada e a permanência de expressamente autorizada pelo entidades de defesa dos direitos
crianças e adolescentes no local, pai, mãe ou responsável. da criança e do adolescente.
afixando aviso para orientação § 2º A autoridade judiciária VI - políticas e programas
do público. poderá, a pedido dos pais ou destinados a prevenir ou
abreviar o período de preferencialmente em um II - integração em família
afastamento do convívio mesmo local, para efeito de substituta, quando esgotados os
familiar e a garantir o efetivo agilização do atendimento recursos de manutenção na
exercício do direito à inicial a adolescente a quem se família natural ou extensa;
convivência familiar de crianças atribua autoria de ato III - atendimento personalizado e
e adolescentes; infracional; em pequenos grupos;
VII - campanhas de estímulo ao VI - integração operacional de IV - desenvolvimento de
acolhimento sob forma de órgãos do Judiciário, Ministério atividades em regime de co-
guarda de crianças e Público, Defensoria, Conselho educação;
adolescentes afastados do Tutelar e encarregados da V - não desmembramento de
convívio familiar e à adoção, execução das políticas sociais grupos de irmãos;
especificamente inter-racial, de básicas e de assistência social, VI - evitar, sempre que possível,
crianças maiores ou de para efeito de agilização do a transferência para outras
adolescentes, com necessidades atendimento de crianças e de entidades de crianças e
específicas de saúde ou com adolescentes inseridos em adolescentes abrigados;
deficiências e de grupos de programas de acolhimento VII - participação na vida da
irmãos. familiar ou institucional, com comunidade local;
Parágrafo único. A linha de ação vista na sua rápida reintegração VIII - preparação gradativa para
da política de atendimento a à família de origem ou, se tal o desligamento;
que se refere o inciso IV solução se mostrar IX - participação de pessoas da
do caput deste artigo será comprovadamente inviável, sua comunidade no processo
executada em cooperação com colocação em família substituta, educativo.
o Cadastro Nacional de Pessoas em quaisquer das modalidades §1º O dirigente de entidade que
Desaparecidas, criado pela Lei previstas no art. 28 desta Lei; desenvolve programa de
nº 13.812, de 16 de março de VII - mobilização da opinião acolhimento institucional é
2019, com o Cadastro Nacional pública para a indispensável equiparado ao guardião, para
de Crianças e Adolescentes participação dos diversos todos os efeitos de direito.
Desaparecidos, criado pela Lei segmentos da sociedade. §2º Os dirigentes de entidades
nº 12.127, de 17 de dezembro VIII - especialização e formação que desenvolvem programas de
de 2009, e com os demais continuada dos profissionais acolhimento familiar ou
cadastros, sejam eles nacionais,
estaduais ou
que trabalham nas diferentes
áreas da atenção à primeira
institucional
autoridade
remeterão
judiciária, no
à 156
municipais. (Incluído pela Lei infância, incluindo os máximo a cada 6 (seis) meses,
nº 14.548, de 2023) conhecimentos sobre direitos da relatório circunstanciado acerca
criança e sobre da situação de cada criança ou
Art. 88. São diretrizes da política desenvolvimento infantil; adolescente acolhido e sua
de atendimento: IX - formação profissional com família, para fins da reavaliação
I - municipalização do abrangência dos diversos prevista no § 1 o do art. 19 desta
atendimento; direitos da criança e do Lei.
II - criação de conselhos adolescente que favoreça a §3º Os entes federados, por
municipais, estaduais e nacional intersetorialidade no intermédio dos Poderes
dos direitos da criança e do atendimento da criança e do Executivo e Judiciário,
adolescente, órgãos adolescente e seu promoverão conjuntamente a
deliberativos e controladores desenvolvimento integral; permanente qualificação dos
das ações em todos os níveis, X - realização e divulgação de profissionais que atuam direta
assegurada a participação pesquisas sobre ou indiretamente em programas
popular paritária por meio de desenvolvimento infantil e de acolhimento institucional e
organizações representativas, sobre prevenção da violência. destinados à colocação familiar
segundo leis federal, estaduais e de crianças e adolescentes,
municipais; Capítulo II incluindo membros do Poder
III - criação e manutenção de Das Entidades de Atendimento Judiciário, Ministério Público e
programas específicos, Seção I Conselho Tutelar.
observada a descentralização Disposições Gerais §4º Salvo determinação em
político-administrativa; contrário da autoridade
IV - manutenção de fundos Art. 92. As entidades que judiciária competente, as
nacional, estaduais e municipais desenvolvam programas de entidades que desenvolvem
vinculados aos respectivos acolhimento familiar ou programas de acolhimento
conselhos dos direitos da institucional deverão adotar os familiar ou institucional, se
criança e do adolescente; seguintes princípios: necessário com o auxílio do
V - integração operacional de I - preservação dos vínculos Conselho Tutelar e dos órgãos de
órgãos do Judiciário, Ministério familiares e promoção da assistência social, estimularão o
Público, Defensoria, Segurança reintegração familiar; contato da criança ou
Pública e Assistência Social, adolescente com seus pais e
parentes, em cumprimento ao Seção II plena efetivação dos direitos
disposto nos incisos I e VIII do Da Fiscalização das Entidades assegurados a crianças e a
caput deste artigo. adolescentes por esta Lei e pela
§5º As entidades que Art. 95. As entidades Constituição Federal, salvo nos
desenvolvem programas de governamentais e não- casos por esta expressamente
acolhimento familiar ou governamentais referidas no art. ressalvados, é de
institucional somente poderão 90 serão fiscalizadas pelo responsabilidade primária e
receber recursos públicos se Judiciário, pelo Ministério solidária das 3 (três) esferas de
comprovado o atendimento dos Público e pelos Conselhos governo, sem prejuízo da
princípios, exigências e Tutelares. municipalização do atendimento
finalidades desta Lei. e da possibilidade da execução
§6º O descumprimento das Título II de programas por entidades não
disposições desta Lei pelo Das Medidas de Proteção governamentais;
dirigente de entidade que Capítulo I IV - interesse superior da criança
desenvolva programas de Disposições Gerais e do adolescente: a intervenção
acolhimento familiar ou deve atender prioritariamente
institucional é causa de sua Art. 98. As medidas de proteção aos interesses e direitos da
destituição, sem prejuízo da à criança e ao adolescente são criança e do adolescente, sem
apuração de sua aplicáveis sempre que os prejuízo da consideração que for
responsabilidade administrativa, direitos reconhecidos nesta Lei devida a outros interesses
civil e criminal. forem ameaçados ou violados: legítimos no âmbito da
§7º Quando se tratar de criança I - por ação ou omissão da pluralidade dos interesses
de 0 (zero) a 3 (três) anos em sociedade ou do Estado; presentes no caso concreto;
acolhimento institucional, dar- II - por falta, omissão ou abuso V - privacidade: a promoção dos
se-á especial atenção à atuação dos pais ou responsável; direitos e proteção da criança e
de educadores de referência III - em razão de sua conduta. do adolescente deve ser
estáveis e qualitativamente efetuada no respeito pela
significativos, às rotinas Capítulo II intimidade, direito à imagem e
específicas e ao atendimento Das Medidas Específicas de reserva da sua vida privada;
das necessidades básicas, Proteção VI - intervenção precoce: a
incluindo as de afeto como
prioritárias. Art. 99. As medidas previstas
intervenção das autoridades
competentes deve ser efetuada
157
neste Capítulo poderão ser logo que a situação de perigo
Art. 93. As entidades que aplicadas isolada ou seja conhecida;
mantenham programa de cumulativamente, bem como VII - intervenção mínima: a
acolhimento institucional substituídas a qualquer tempo. intervenção deve ser exercida
poderão, em caráter excepcional exclusivamente pelas
e de urgência, acolher crianças e Art. 100. Na aplicação das autoridades e instituições cuja
adolescentes sem prévia medidas levar-se-ão em conta as ação seja indispensável à efetiva
determinação da autoridade necessidades pedagógicas, promoção dos direitos e à
competente, fazendo preferindo-se aquelas que visem proteção da criança e do
comunicação do fato em até 24 ao fortalecimento dos vínculos adolescente;
(vinte e quatro) horas ao Juiz da familiares e comunitários. VIII - proporcionalidade e
Infância e da Juventude, sob Parágrafo único. São também atualidade: a intervenção deve
pena de responsabilidade. princípios que regem a aplicação ser a necessária e adequada à
Parágrafo único. Recebida a das medidas: situação de perigo em que a
comunicação, a autoridade I - condição da criança e do criança ou o adolescente se
judiciária, ouvido o Ministério adolescente como sujeitos de encontram no momento em que
Público e se necessário com o direitos: crianças e adolescentes a decisão é tomada;
apoio do Conselho Tutelar local, são os titulares dos direitos IX - responsabilidade parental: a
tomará as medidas necessárias previstos nesta e em outras Leis, intervenção deve ser efetuada
para promover a imediata bem como na Constituição de modo que os pais assumam
reintegração familiar da criança Federal; os seus deveres para com a
ou do adolescente ou, se por II - proteção integral e criança e o adolescente;
qualquer razão não for isso prioritária: a interpretação e X - prevalência da família: na
possível ou recomendável, para aplicação de toda e qualquer promoção de direitos e na
seu encaminhamento a norma contida nesta Lei deve ser proteção da criança e do
programa de acolhimento voltada à proteção integral e adolescente deve ser dada
familiar, institucional ou a prioritária dos direitos de que prevalência às medidas que os
família substituta, observado o crianças e adolescentes são mantenham ou reintegrem na
disposto no § 2 o do art. 101 titulares; sua família natural ou extensa
desta Lei. III - responsabilidade primária e ou, se isso não for possível, que
solidária do poder público: a
promovam a sua integração em medidas provisórias e que também deverá contemplar
família adotiva; excepcionais, utilizáveis como sua colocação em família
XI - obrigatoriedade da forma de transição para substituta, observadas as regras
informação: a criança e o reintegração familiar ou, não e princípios desta Lei.
adolescente, respeitado seu sendo esta possível, para § 5 o O plano individual será
estágio de desenvolvimento e colocação em família substituta, elaborado sob a
capacidade de compreensão, não implicando privação de responsabilidade da equipe
seus pais ou responsável devem liberdade. técnica do respectivo programa
ser informados dos seus direitos, § 2 o Sem prejuízo da tomada de de atendimento e levará em
dos motivos que determinaram medidas emergenciais para consideração a opinião da
a intervenção e da forma como proteção de vítimas de violência criança ou do adolescente e a
esta se processa; ou abuso sexual e das oitiva dos pais ou do
XII - oitiva obrigatória e providências a que alude o art. responsável.
participação: a criança e o 130 desta Lei, o afastamento da § 6 o Constarão do plano
adolescente, em separado ou na criança ou adolescente do individual, dentre outros:
companhia dos pais, de convívio familiar é de I - os resultados da avaliação
responsável ou de pessoa por si competência exclusiva da interdisciplinar;
indicada, bem como os seus pais autoridade judiciária e II - os compromissos assumidos
ou responsável, têm direito a ser importará na deflagração, a pelos pais ou responsável; e
ouvidos e a participar nos atos e pedido do Ministério Público ou III - a previsão das atividades a
na definição da medida de de quem tenha legítimo serem desenvolvidas com a
promoção dos direitos e de interesse, de procedimento criança ou com o adolescente
proteção, sendo sua opinião judicial contencioso, no qual se acolhido e seus pais ou
devidamente considerada pela garanta aos pais ou ao responsável, com vista na
autoridade judiciária responsável legal o exercício do reintegração familiar ou, caso
competente, observado o contraditório e da ampla seja esta vedada por expressa e
disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. defesa. fundamentada determinação
28 desta Lei. § 3 o Crianças e adolescentes judicial, as providências a serem
somente poderão ser tomadas para sua colocação em
Art. 101. Verificada qualquer encaminhados às instituições família substituta, sob direta
das hipóteses previstas no art.
98, a autoridade competente
que executam programas de
acolhimento institucional,
supervisão
judiciária.
da autoridade 158
poderá determinar, dentre governamentais ou não, por § 7 o O acolhimento familiar ou
outras, as seguintes medidas: meio de uma Guia de institucional ocorrerá no local
I - encaminhamento aos pais ou Acolhimento, expedida pela mais próximo à residência dos
responsável, mediante termo de autoridade judiciária, na qual pais ou do responsável e, como
responsabilidade; obrigatoriamente constará, parte do processo de
II - orientação, apoio e dentre outros: reintegração familiar, sempre
acompanhamento temporários; I - sua identificação e a que identificada a necessidade,
III - matrícula e freqüência qualificação completa de seus a família de origem será incluída
obrigatórias em pais ou de seu responsável, se em programas oficiais de
estabelecimento oficial de conhecidos; orientação, de apoio e de
ensino fundamental; II - o endereço de residência dos promoção social, sendo
IV - inclusão em serviços e pais ou do responsável, com facilitado e estimulado o
programas oficiais ou pontos de referência; contato com a criança ou com o
comunitários de proteção, apoio III - os nomes de parentes ou de adolescente acolhido.
e promoção da família, da terceiros interessados em tê-los § 8 o Verificada a possibilidade
criança e do adolescente; sob sua guarda; de reintegração familiar, o
V - requisição de tratamento IV - os motivos da retirada ou da responsável pelo programa de
médico, psicológico ou não reintegração ao convívio acolhimento familiar ou
psiquiátrico, em regime familiar. institucional fará imediata
hospitalar ou ambulatorial; § 4 o Imediatamente após o comunicação à autoridade
VI - inclusão em programa oficial acolhimento da criança ou do judiciária, que dará vista ao
ou comunitário de auxílio, adolescente, a entidade Ministério Público, pelo prazo
orientação e tratamento a responsável pelo programa de de 5 (cinco) dias, decidindo em
alcoólatras e toxicômanos; acolhimento institucional ou igual prazo.
VII - acolhimento institucional; familiar elaborará um plano § 9 o Em sendo constatada a
VIII - inclusão em programa de individual de atendimento, impossibilidade de reintegração
acolhimento familiar; visando à reintegração familiar, da criança ou do adolescente à
IX - colocação em família ressalvada a existência de família de origem, após seu
substituta. ordem escrita e fundamentada encaminhamento a programas
§ 1 o O acolhimento institucional em contrário de autoridade oficiais ou comunitários de
e o acolhimento familiar são judiciária competente, caso em orientação, apoio e promoção
social, será enviado relatório nascimento da criança ou houver prova da materialidade e
fundamentado ao Ministério adolescente será feito à vista indícios suficientes da autoria.
Público, no qual conste a dos elementos disponíveis,
descrição pormenorizada das mediante requisição da Seção III
providências tomadas e a autoridade judiciária. Da Obrigação de Reparar o
expressa recomendação, § 2º Os registros e certidões Dano
subscrita pelos técnicos da necessários à regularização de
entidade ou responsáveis pela que trata este artigo são isentos Art. 116. Em se tratando de ato
execução da política municipal de multas, custas e infracional com reflexos
de garantia do direito à emolumentos, gozando de patrimoniais, a autoridade
convivência familiar, para a absoluta prioridade. poderá determinar, se for o caso,
destituição do poder familiar, ou § 3 o Caso ainda não definida a que o adolescente restitua a
destituição de tutela ou guarda. paternidade, será deflagrado coisa, promova o ressarcimento
§ 10. Recebido o relatório, o procedimento específico do dano, ou, por outra forma,
Ministério Público terá o prazo destinado à sua averiguação, compense o prejuízo da vítima.
de 15 (quinze) dias para o conforme previsto pela Lei Parágrafo único. Havendo
ingresso com a ação de n o 8.560, de 29 de dezembro de manifesta impossibilidade, a
destituição do poder familiar, 1992. medida poderá ser substituída
salvo se entender necessária a § 4 o Nas hipóteses previstas no por outra adequada.
realização de estudos § 3 o deste artigo, é dispensável
complementares ou de outras o ajuizamento de ação de Seção IV
providências indispensáveis ao investigação de paternidade Da Prestação de Serviços à
ajuizamento da demanda. pelo Ministério Público se, após Comunidade
§ 11. A autoridade judiciária o não comparecimento ou a
manterá, em cada comarca ou recusa do suposto pai em Art. 117. A prestação de
foro regional, um cadastro assumir a paternidade a ele serviços comunitários consiste
contendo informações atribuída, a criança for na realização de tarefas
atualizadas sobre as crianças e encaminhada para adoção. gratuitas de interesse geral, por
adolescentes em regime de § 5 o Os registros e certidões período não excedente a seis
acolhimento familiar e necessários à inclusão, a meses, junto a entidades
institucional
responsabilidade,
sob sua
com
qualquer tempo, do nome do
pai no assento de nascimento
assistenciais, hospitais, escolas e
outros estabelecimentos
159
informações pormenorizadas são isentos de multas, custas e congêneres, bem como em
sobre a situação jurídica de cada emolumentos, gozando de programas comunitários ou
um, bem como as providências absoluta prioridade. governamentais.
tomadas para sua reintegração § 6 o São gratuitas, a qualquer Parágrafo único. As tarefas
familiar ou colocação em família tempo, a averbação requerida serão atribuídas conforme as
substituta, em qualquer das do reconhecimento de aptidões do adolescente,
modalidades previstas no art. 28 paternidade no assento de devendo ser cumpridas durante
desta Lei. nascimento e a certidão jornada máxima de oito horas
§ 12. Terão acesso ao cadastro correspondente. semanais, aos sábados,
o Ministério Público, o Conselho domingos e feriados ou em dias
Tutelar, o órgão gestor da úteis, de modo a não prejudicar
Assistência Social e os Conselhos Capítulo IV a freqüência à escola ou à
Municipais dos Direitos da Das Medidas Sócio-Educativas jornada normal de trabalho.
Criança e do Adolescente e da Seção I
Assistência Social, aos quais Disposições Gerais Seção V
incumbe deliberar sobre a Da Liberdade Assistida
implementação de políticas Art. 113. Aplica-se a este
públicas que permitam reduzir o Capítulo o disposto nos arts. 99 Art. 118. A liberdade assistida
número de crianças e e 100. será adotada sempre que se
adolescentes afastados do afigurar a medida mais
convívio familiar e abreviar o Art. 114. A imposição das adequada para o fim de
período de permanência em medidas previstas nos incisos II a acompanhar, auxiliar e orientar
programa de acolhimento. VI do art. 112 pressupõe a o adolescente.
existência de provas suficientes § 1º A autoridade designará
Art. 102. As medidas de da autoria e da materialidade da pessoa capacitada para
proteção de que trata este infração, ressalvada a hipótese acompanhar o caso, a qual
Capítulo serão acompanhadas de remissão, nos termos do art. poderá ser recomendada por
da regularização do 127. entidade ou programa de
registro civil. Parágrafo único. A advertência atendimento.
§ 1º Verificada a inexistência de poderá ser aplicada sempre que § 2º A liberdade assistida será
registro anterior, o assento de fixada pelo prazo mínimo de seis
meses, podendo a qualquer § 7 o A determinação judicial XIV - receber assistência
tempo ser prorrogada, revogada mencionada no § 1 o poderá ser religiosa, segundo a sua crença,
ou substituída por outra revista a qualquer tempo pela e desde que assim o deseje;
medida, ouvido o orientador, o autoridade judiciária. XV - manter a posse de seus
Ministério Público e o defensor. objetos pessoais e dispor de
Art. 122. A medida de local seguro para guardá-los,
Art. 119. Incumbe ao orientador, internação só poderá ser recebendo comprovante
com o apoio e a supervisão da aplicada quando: daqueles porventura
autoridade competente, a I - tratar-se de ato infracional depositados em poder da
realização dos seguintes cometido mediante grave entidade;
encargos, entre outros: ameaça ou violência a pessoa; XVI - receber, quando de sua
I - promover socialmente o II - por reiteração no desinternação, os documentos
adolescente e sua família, cometimento de outras pessoais indispensáveis à vida
fornecendo-lhes orientação e infrações graves; em sociedade.
inserindo-os, se necessário, em III - por descumprimento § 1º Em nenhum caso haverá
programa oficial ou comunitário reiterado e injustificável da incomunicabilidade.
de auxílio e assistência social; medida anteriormente imposta. § 2º A autoridade judiciária
II - supervisionar a freqüência e § 1 o O prazo de internação na poderá suspender
o aproveitamento escolar do hipótese do inciso III deste temporariamente a visita,
adolescente, promovendo, artigo não poderá ser superior a inclusive de pais ou responsável,
inclusive, sua matrícula; 3 (três) meses, devendo ser se existirem motivos sérios e
III - diligenciar no sentido da decretada judicialmente após o fundados de sua
profissionalização do devido processo legal. prejudicialidade aos interesses
adolescente e de sua inserção § 2º. Em nenhuma hipótese será do adolescente.
no mercado de trabalho; aplicada a internação, havendo
IV - apresentar relatório do caso. outra medida adequada. Capítulo V
Da Remissão
Seção VII Art. 124. São direitos do
Da Internação adolescente privado de Art. 126. Antes de iniciado o
liberdade, entre outros, os procedimento judicial para
Art. 121. A internação constitui
medida privativa da liberdade,
seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente
apuração de ato infracional, o
representante do Ministério
160
sujeita aos princípios de com o representante do Público poderá conceder a
brevidade, excepcionalidade e Ministério Público; remissão, como forma de
respeito à condição peculiar de II - peticionar diretamente a exclusão do processo,
pessoa em desenvolvimento. qualquer autoridade; atendendo às circunstâncias e
§ 1º Será permitida a realização III - avistar-se reservadamente conseqüências do fato, ao
de atividades externas, a critério com seu defensor; contexto social, bem como à
da equipe técnica da entidade, IV - ser informado de sua personalidade do adolescente e
salvo expressa determinação situação processual, sempre que sua maior ou menor
judicial em contrário. solicitada; participação no ato infracional.
§ 2º A medida não comporta V - ser tratado com respeito e Parágrafo único. Iniciado o
prazo determinado, devendo dignidade; procedimento, a concessão da
sua manutenção ser reavaliada, VI - permanecer internado na remissão pela autoridade
mediante decisão mesma localidade ou naquela judiciária importará na
fundamentada, no máximo a mais próxima ao domicílio de suspensão ou extinção do
cada seis meses. seus pais ou responsável; processo.
§ 3º Em nenhuma hipótese o VII - receber visitas, ao menos,
período máximo de internação semanalmente; Art. 127. A remissão não implica
excederá a três anos. VIII - corresponder-se com seus necessariamente o
§ 4º Atingido o limite familiares e amigos; reconhecimento ou
estabelecido no parágrafo IX - ter acesso aos objetos comprovação da
anterior, o adolescente deverá necessários à higiene e asseio responsabilidade, nem
ser liberado, colocado em pessoal; prevalece para efeito de
regime de semi-liberdade ou de X - habitar alojamento em antecedentes, podendo incluir
liberdade assistida. condições adequadas de higiene eventualmente a aplicação de
§ 5º A liberação será e salubridade; qualquer das medidas previstas
compulsória aos vinte e um anos XI - receber escolarização e em lei, exceto a colocação em
de idade. profissionalização; regime de semi-liberdade e a
§ 6º Em qualquer hipótese a XII - realizar atividades culturais, internação.
desinternação será precedida de esportivas e de lazer:
autorização judicial, ouvido o XIII - ter acesso aos meios de Art. 128. A medida aplicada por
Ministério Público. comunicação social; força da remissão poderá ser
revista judicialmente, a VI - providenciar a medida lar, do domicílio ou do local de
qualquer tempo, mediante estabelecida pela autoridade convivência com a vítima nos
pedido expresso do adolescente judiciária, dentre as previstas no casos de violência doméstica e
ou de seu representante legal, art. 101, de I a VI, para o familiar contra a criança e o
ou do Ministério Público. adolescente autor de ato adolescente; (Incluído pela Lei
infracional; nº 14.344, de 2022)
Título V VII - expedir notificações; XVI - representar à autoridade
Do Conselho Tutelar VIII - requisitar certidões de judicial para requerer a
Capítulo I nascimento e de óbito de concessão de medida protetiva
Disposições Gerais criança ou adolescente quando de urgência à criança ou ao
necessário; adolescente vítima ou
Art. 131. O Conselho Tutelar é IX - assessorar o Poder Executivo testemunha de violência
órgão permanente e autônomo, local na elaboração da proposta doméstica e familiar, bem como
não jurisdicional, encarregado orçamentária para planos e a revisão daquelas já
pela sociedade de zelar pelo programas de atendimento dos concedidas; (Incluído pela Lei
cumprimento dos direitos da direitos da criança e do nº 14.344, de 2022)
criança e do adolescente, adolescente; XVII - representar ao Ministério
definidos nesta Lei. X - representar, em nome da Público para requerer a
pessoa e da família, contra a propositura de ação cautelar de
Art. 133. Para a candidatura a violação dos direitos previstos antecipação de produção de
membro do Conselho Tutelar, no art. 220, § 3º, inciso II, da prova nas causas que envolvam
serão exigidos os seguintes Constituição Federal ; violência contra a criança e o
requisitos: XI - representar ao Ministério adolescente; (Incluído pela Lei
I - reconhecida idoneidade Público para efeito das ações de nº 14.344, de 2022)
moral; perda ou suspensão do poder XVIII - tomar as providências
II - idade superior a vinte e um familiar, após esgotadas as cabíveis, na esfera de sua
anos; possibilidades de manutenção competência, ao receber
III - residir no município. da criança ou do adolescente comunicação da ocorrência de
junto à família natural. ação ou omissão, praticada em
Capítulo II XII - promover e incentivar, na local público ou privado, que
Das Atribuições do Conselho comunidade e nos grupos
profissionais, ações de
constitua violência doméstica e
familiar contra a criança e o
161
Art. 136. São atribuições do divulgação e treinamento para o adolescente; (Incluído pela Lei
Conselho Tutelar: reconhecimento de sintomas de nº 14.344, de 2022)
I - atender as crianças e maus-tratos em crianças e XIX - receber e encaminhar,
adolescentes nas hipóteses adolescentes. quando for o caso, as
previstas nos arts. 98 e 105, XIII - adotar, na esfera de sua informações reveladas por
aplicando as medidas previstas competência, ações articuladas noticiantes ou denunciantes
no art. 101, I a VII; e efetivas direcionadas à relativas à prática de violência,
II - atender e aconselhar os pais identificação da agressão, à ao uso de tratamento cruel ou
ou responsável, aplicando as agilidade no atendimento da degradante ou de formas
medidas previstas no art. 129, I a criança e do adolescente vítima violentas de educação, correção
VII; de violência doméstica e familiar ou disciplina contra a criança e o
III - promover a execução de suas e à responsabilização do adolescente; (Incluído pela Lei
decisões, podendo para tanto: agressor; (Incluído pela Lei nº nº 14.344, de 2022)
a) requisitar serviços públicos 14.344, de 2022) XX - representar à autoridade
nas áreas de saúde, educação, XIV - atender à criança e ao judicial ou ao Ministério Público
serviço social, previdência, adolescente vítima ou para requerer a concessão de
trabalho e segurança; testemunha de violência medidas cautelares direta ou
b) representar junto à doméstica e familiar, ou indiretamente relacionada à
autoridade judiciária nos casos submetido a tratamento cruel eficácia da proteção de
de descumprimento ou degradante ou a formas noticiante ou denunciante de
injustificado de suas violentas de educação, correção informações de crimes que
deliberações. ou disciplina, a seus familiares e envolvam violência doméstica e
IV - encaminhar ao Ministério a testemunhas, de forma a familiar contra a criança e o
Público notícia de fato que prover orientação e adolescente. (Incluído pela Lei
constitua infração aconselhamento acerca de seus nº 14.344, de 2022)
administrativa ou penal contra direitos e dos encaminhamentos Parágrafo único. Se, no exercício
os direitos da criança ou necessários; (Incluído pela Lei de suas atribuições, o Conselho
adolescente; nº 14.344, de 2022) Tutelar entender necessário o
V - encaminhar à autoridade XV - representar à autoridade afastamento do convívio
judiciária os casos de sua judicial ou policial para requerer familiar, comunicará
competência; o afastamento do agressor do incontinenti o fato ao Ministério
Público, prestando-lhe para aplicação da penalidade, a e) conceder a emancipação, nos
informações sobre os motivos autoridade judiciária do local da termos da lei civil, quando
de tal entendimento e as sede estadual da emissora ou faltarem os pais;
providências tomadas para a rede, tendo a sentença eficácia f) designar curador especial em
orientação, o apoio e a para todas as transmissoras ou casos de apresentação de queixa
promoção social da família. retransmissoras do respectivo ou representação, ou de outros
estado. procedimentos judiciais ou
extrajudiciais em que haja
Art. 137. As decisões do Art. 148. A Justiça da Infância e interesses de criança ou
Conselho Tutelar somente da Juventude é competente adolescente;
poderão ser revistas pela para: g) conhecer de ações de
autoridade judiciária a pedido I - conhecer de representações alimentos;
de quem tenha legítimo promovidas pelo Ministério h) determinar o cancelamento, a
interesse. Público, para apuração de ato retificação e o suprimento dos
infracional atribuído a registros de nascimento e óbito.
Capítulo V adolescente, aplicando as
Dos Impedimentos medidas cabíveis; Art. 149. Compete à autoridade
II - conceder a remissão, como judiciária disciplinar, através de
Art. 140. São impedidos de forma de suspensão ou extinção portaria, ou autorizar, mediante
servir no mesmo Conselho do processo; alvará:
marido e mulher, ascendentes e III - conhecer de pedidos de I - a entrada e permanência de
descendentes, sogro e genro ou adoção e seus incidentes; criança ou adolescente,
nora, irmãos, cunhados, durante IV - conhecer de ações civis desacompanhado dos pais ou
o cunhadio, tio e sobrinho, fundadas em interesses responsável, em:
padrasto ou madrasta e individuais, difusos ou coletivos a) estádio, ginásio e campo
enteado. afetos à criança e ao desportivo;
Parágrafo único. Estende-se o adolescente, observado o b) bailes ou promoções
impedimento do conselheiro, na disposto no art. 209; dançantes;
forma deste artigo, em relação à V - conhecer de ações c) boate ou congêneres;
autoridade judiciária e ao decorrentes de irregularidades d) casa que explore
representante do Ministério
Público com atuação na Justiça
em entidades de atendimento,
aplicando as medidas cabíveis;
comercialmente
eletrônicas;
diversões 162
da Infância e da Juventude, em VI - aplicar penalidades e) estúdios cinematográficos, de
exercício na comarca, foro administrativas nos casos de teatro, rádio e televisão.
regional ou distrital. infrações contra norma de II - a participação de criança e
Seção II proteção à criança ou adolescente em:
Do Juiz adolescente; a) espetáculos públicos e seus
VII - conhecer de casos ensaios;
Art. 147. A competência será encaminhados pelo Conselho b) certames de beleza.
determinada: Tutelar, aplicando as medidas § 1º Para os fins do disposto
I - pelo domicílio dos pais ou cabíveis. neste artigo, a autoridade
responsável; Parágrafo único. Quando se judiciária levará em conta,
II - pelo lugar onde se encontre a tratar de criança ou adolescente dentre outros fatores:
criança ou adolescente, à falta nas hipóteses do art. 98, é a) os princípios desta Lei;
dos pais ou responsável. também competente a Justiça b) as peculiaridades locais;
§ 1º. Nos casos de ato da Infância e da Juventude para c) a existência de instalações
infracional, será competente a o fim de: adequadas;
autoridade do lugar da ação ou a) conhecer de pedidos de d) o tipo de freqüência habitual
omissão, observadas as regras guarda e tutela; ao local;
de conexão, continência e b) conhecer de ações de e) a adequação do ambiente a
prevenção. destituição do poder familiar , eventual participação ou
§ 2º A execução das medidas perda ou modificação da tutela freqüência de crianças e
poderá ser delegada à ou guarda; adolescentes;
autoridade competente da c) suprir a capacidade ou o f) a natureza do espetáculo.
residência dos pais ou consentimento para o § 2º As medidas adotadas na
responsável, ou do local onde casamento; conformidade deste artigo
sediar-se a entidade que abrigar d) conhecer de pedidos deverão ser fundamentadas,
a criança ou adolescente. baseados em discordância caso a caso, vedadas as
§ 3º Em caso de infração paterna ou materna, em relação determinações de caráter geral.
cometida através de ao exercício do pátrio poder
transmissão simultânea de rádio poder familiar ; Seção III
ou televisão, que atinja mais de Dos Serviços Auxiliares
uma comarca, será competente,
Art. 150. Cabe ao Poder dobro para a Fazenda Pública e o suspensão ou destituição do
Judiciário, na elaboração de sua Ministério Público. poder familiar, ressalvado o
proposta orçamentária, prever disposto no § 10 do art. 101
recursos para manutenção de Seção II desta Lei, e observada a Lei n o
equipe interprofissional, 13.431, de 4 de abril de 2017 .
destinada a assessorar a Justiça Da Perda e da Suspensão Poder § 2 o Em sendo os pais oriundos
da Infância e da Juventude. Familiar de comunidades indígenas, é
ainda obrigatória a intervenção,
Art. 151. Compete à equipe Art. 155. O procedimento para a junto à equipe interprofissional
interprofissional dentre outras perda ou a suspensão do poder ou multidisciplinar referida no §
atribuições que lhe forem familiar terá início por 1 o deste artigo, de
reservadas pela legislação local, provocação do Ministério representantes do órgão federal
fornecer subsídios por escrito, Público ou de quem tenha responsável pela política
mediante laudos, ou legítimo interesse. indigenista, observado o
verbalmente, na audiência, e disposto no § 6 o do art. 28 desta
bem assim desenvolver Seção II Lei.
trabalhos de aconselhamento, Da Perda e da Suspensão do § 3º A concessão da liminar será,
orientação, encaminhamento, Poder Familiar preferencialmente, precedida
prevenção e outros, tudo sob a de entrevista da criança ou do
imediata subordinação à adolescente perante equipe
autoridade judiciária, Art. 156. A petição inicial multidisciplinar e de oitiva da
assegurada a livre manifestação indicará: outra parte, nos termos da Lei nº
do ponto de vista técnico. I - a autoridade judiciária a que 13.431, de 4 de abril de 2017.
Parágrafo único. Na ausência ou for dirigida; (Incluído pela Lei nº 14.340, de
insuficiência de servidores II - o nome, o estado civil, a 2022)
públicos integrantes do Poder profissão e a residência do § 4º Se houver indícios de ato de
Judiciário responsáveis pela requerente e do requerido, violação de direitos de criança
realização dos estudos dispensada a qualificação em se ou de adolescente, o juiz
psicossociais ou de quaisquer tratando de pedido formulado comunicará o fato ao Ministério
outras espécies de avaliações por representante do Ministério Público e encaminhará os
técnicas exigidas por esta Lei ou
por determinação judicial, a
Público;
III - a exposição sumária do fato
documentos pertinentes.
(Incluído pela Lei nº 14.340, de
163
autoridade judiciária poderá e o pedido; 2022)
proceder à nomeação de perito, IV - as provas que serão
nos termos do art. 156 da Lei no produzidas, oferecendo, desde Seção II
13.105, de 16 de março de 2015 logo, o rol de testemunhas e Da Perda e da Suspensão do
(Código de Processo Civil) . documentos. Poder Familiar