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MICROFONAÇÃO DE BATERIA

Este é um instrumento de vários instrumentos, ou seja, varias peças em uma única


configuração. Sendo assim, para termos uma peça gravada em cada canal para posteriormente
processarmos cada um deles individualmente sem interferir no outro, precisamos microfoná-las
separadamente. Sendo assim, é preciso controlar os vazamentos, evitar cancelamentos
destrutivos e obter o som mais claro e presente possível, sem a interferência da ambiência da
sala onde estamos gravando.

Atenção na gravação de instrumentos com vários microfones, como é o caso da bateria, onde é
comum ocorrer cancelamento de fase.
Como vemos na figura 1, sons graves tem frequências mais baixas, enquanto na figura 2 as
freqüências são mais altas, por isso que usamos mics com cápsulas maiores para freqüências
baixas e mics com cápsulas pequenas para freqüências altas. O cancelamento de fase é bem
representado na imagem dos mics, o mic A está captando a onda na fase positiva dela,
enquanto o mic B, apenas de estar captando a mesma onda, está a uma distância da fonte
sonora que o coloca num momento de captação da fase negativa dela. O resultado disso é uma
captação com timbre onde as frequências graves são menos audíveis, e o volume do
instrumento é menor. Quando você desliga um deles, o outro volta o normal, isso é o
cancelamento de fase.

Uma das maneiras para evitar o cancelamento seria você ajustar a distância dos mics até os
dois estarem em fase, no caso de microfonação estéreo A/B, o que é um processo bastante
minucioso. Inverter a fase de um dos mics, quando estes estão em direção um contra o outro,
para que ambos fiquem com a mesma fase, isso pode ser feito diretamente no pré (caso aja o
botão de inversão de fase), usando um plugin para inverter renderizando o arquivo de áudio,
ou utilizando um cabo de mic com o positivo (pino 1) e negativo(pino 2) trocados. Uma ultima
maneira de resolver cancelamento seria você “ajustar” as ondas na própria sessão, deixando os
ciclos das ondas de todos os tracks, coincidentes, fazendo com que se somem e não se
cancelem. Vamos agora ver a microfonação de cada peça deste instrumento.

Na Figura 1 temos uma visão geral do instrumento. Nele, são usados os microfones mais
tradicionais para gravação de bateria. Já a Figura 2 mostra a microfonação dos tons em detalhe.
O microfone de caixa é o tradicional Shure SM57. Tenha certeza absoluta de que você já ouviu
muitos sons de caixa gravados por SM57. Nos tons, os também super clássicos Sennheiser
MD421. Repare que a posição usada é com o microfone a cinco centímetros de distância da
pele, apontando para uma região aproximadamente na metade da distância entre o centro e o
aro.
O que está acontecendo em cada um respectivamente:

• 1) Mic posicionado a cinco centímetros de distância da pele apontado para a borda da


pele, para captar mais ressonância e os graves do tambor.
• 2) Mic mais aproximado da onde a baqueta toca a pele, apontada para o centro, para
mais ataque.
• 3) Mic mais perto da pele, para melhor definição de tonalidade.
• 4) Mic mais longe da pele, para mais ambiência e mais vazamento.
• 5) Mic dentro do Bumbo, apontado bem para onde o pedal toca a pele, para mais “kick”.
• 6) Para ter menos “kick”, aponte para posição fora do centro
• 7) Afastando o mic da pele “batedeira”, mais ressonância e graves do Bumbo.

No bumbo, é comum o uso do AKG D112, outro clássico. Ele apresenta um bom equilíbrio na
resposta em frequência, com a elevação tradicional dos mics por volta de 10 kHz e também
com um reforço nos graves. Aguenta bons níveis SPL também. Algumas opções de microfones
de bumbo são o SM91, para os casos em que se deseja mais "kick", e o Electrovoice RE20, que,
por não apresentar efeito de proximidade (aumento dos graves quando um microfone
direcional está muito perto da fonte sonora), pode ser interessante quando se busca um som
mais "seco", tipo anos 1970.

Existem três possibilidades de uso da pele de resposta do bumbo. Ou ela existe e é fechada, ou
possui um furo grande o suficiente para passar o microfone, ou ela simplesmente não existe.
Para o primeiro caso usa-se o microfone no centro da pele, onde a captação do kick fica
prejudicada.

O segundo caso, quando a resposta possui um furo, facilita a colocação do mic neste orifício
aumentando assim a captação do kick . Com este furo também é possível colocarmos o mic
dentro do bumbo e assim termos a máxima captação do kick. Vale lembrar que quando mais
apontado para o meio ele estiver, mais kick ele vai pegar e quando mais apontado para a borda,
mais grave e mais “corpo” do bumbo ele capta.

Já o terceiro caso, a ausência da pele de resposta, algo bem comum nos anos 1980, dada a
"secura" com que se gravava, deixa o som com menos graves, pois se perde a ressonância do
tambor.
Sobre a caixa, o SM 57 dinâmico é uma referência para esta captação. A caixa pode ser tocada
no centro ou com a baqueta deitada tocando apenas o aro e com “rim shot”, quando a baqueta
toca o centro da pele e o aro simultâneamente, produzindo um som com bastante ataque.

Quanto ao microfone da esteira, pode se usar o Shure SM57, ou mesmo o MD 421 Seinheiser.
Lembre-se de inverter a fase deste, pois ele aponta no sentido contrário do mic de cima da
caixa.
Nos overs, temos a opção de microfonação Par Espaçado AB ou Par Coincidente XY.

O X/Y (par coincidente) produz uma captação com menor imagem estéreo e não tem
cancelamento de fase entre eles.

O A/B (par espaçado) produz uma captação com imagem estéreo maior porem ha
possibilidades de cancelamentos não destrutivos.
A microfonação do Hi Hat é feita também com microfone condenser, à 25 cm de distância,
utilizando corte de graves para não captar as baixas frequências dos pratos quando tocados
fechados, e por vezes com atenuação de -20db (PAD). Lo Cut 80Hrz

Temos aqui uma lista de mics comumente utilizados para gravação de bateria:

Bumbo: D112, D12, RE20 e SM91 Beta


Caixa: SM57 (Top & Bottom)
Toms e Floor Toms: MD421, SM57,
HH: SM81
Overs e Ambient: SM81, AKG414,TLM103,U87,KSM32

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