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Autarquia Belemita de Cultura, Desportos e

Educação Centro de Ensino Superior do Vale do São


Francisco

Jhonata Francisco da Silva

Licenciatura em História 31/03/2024


BRASIL: UMA BIOGRAFIA
SCHWARCZ, Lilia. D. JOÃO E SEU REINO AMERICANO . São Paulo: Cia das Letras, 2015. Pp. 218-254

Pag 218 “No dia 22 de janeiro de 1808, uma sexta-feira, d. João e parte da corte chegaram à
sua colônia d’além-mar”.

Pag 218 “cidade da Bahia”, designação usada na correspondência oficial mas também pelo
povo”.

Pag 218-219 “o sol escaldante do verão tropical. Reações surgiram imediatamente, e de todo
lado. À população local parecia estranha aquela comitiva feita de nobres e reis, vestidos de
maneira mais apropriada para o inverno europeu”.

Pag 219 ” o que mais espanto causou, segundo relatos de época, foram os negros escravizados.
O modo como os africanos eram tratados, a naturalidade com que eram dispostos, chocavam
até olhos acostumados com o cativeiro em terras próprias, como os dos portugueses”.

Pag 220 “em 28 de janeiro, sem a presença de seus mais destacados ministros e conselheiros,
que d. João assinou a primeira medida régia na nova sede do Império lusitano: a carta de
abertura dos portos brasileiros às nações amigas”.

Pag 220 “Agora era possível receber bens e produtos diretamente de outros locais, e navios
que zarpavam do Brasil poderiam atracar em outros portos, com exceção da França e da
Espanha, ainda em guerra com Portugal”.

Pag 221 “reduziu os tributos sobre produtos ingleses exportados para cá, tornando-os mais
competitivos que os dos demais países, inclusive Portugal.”.

Pag 222 “o ensino era administrado pelas ordens religiosas, em conventos e seminários”.

Pag 222 “em 26 de fevereiro a esquadra levantou âncoras e deixou a baía de Todos os Santos”.

Pag 223 “Quando em outubro de 1807, ainda tentando aplicar uma política de neutralidade, d.
João decidira fechar os portos à Grã-Bretanha, logo se temeu por represálias inglesas contra a
colônia”.

Pag 224 “O Rio era de fato uma aldeia sonolenta, que foi acordada pela chegada da corte”.

Pag 224 “O conde tinha muito trabalho pela frente, e já em 14 de janeiro deu início aos novos
afazeres. Desocupou sua moradia no Paço dos Vice Reis e procurou prepará-la para acomodar o
príncipe regente e família”.

Pag 224-225 “As moradias escolhidas eram desocupadas por meio de processo sumário: na
fachada do prédio escreviam-se a giz as letras PR, cujo sentido oficial era (príncipe rea). No
entanto, na língua do povo, as duas letras adquiriram o significado de “ponha-se na rua” ou
mesmo (prédio roubado)”.
Pag 225 “O conde dos Arcos solicitou aos governadores de São Paulo e de Minas Gerais que
enviassem mantimentos”.

Pag 225 “decretou-se uma farta programação de festejos religiosos e civis, que incluíam a
iluminação da cidade por oito dias consecutivos, danças e diversões populares. O povo ansiava
não só pela procissão, pelo te-déum, pelas alegorias e janelas enfeitadas, como também pelas
touradas, cavalhadas, foguetórios, récitas, conjuntos musicais e danças, os quais eram comuns
no tempo dos vice-reis”.

Pag 225 “A novidade foi que dessa vez a cerimônia do beija-mão — quando os fidalgos
demonstram fidelidade a seu governante — não se endereçou ao vice-rei, e sim ao próprio
regente”.

Pag 226 “Tão logo foi avistada no horizonte a esquadra real, deu-se o sinal para o início das
homenagens: nas igrejas os sinos repicavam, enquanto nas ruas explodiram os foguetes.
Embarcações no porto e fortalezas em terra estavam engalanadas com bandeiras, flâmulas e
galhardetes coloridos. E era de ensurdecer o barulho das inúmeras salvas de canhões seguidas
por tiros de fuzis. Não se estranharia se os cansados homenageados tivessem se apavorado
pensando que agora a guerra estourara nos trópicos”.

Pag 227 “Em torno, novos símbolos com virtudes atribuídas ao príncipe: religião, justiça,
prudência, fortaleza e magnanimidade. À sua frente, duas alegorias circundavam um índio, que
representava o Brasil. De um lado, Lísia, como Portugal que chorava a ausência do soberano; de
outro, a África. Ajoelhado, coberto por um manto, calçando borzeguins e com o cocar no chão,
o índio portava o coração na mão direita e ofertava ao soberano riquezas da terra: ouro e
diamantes”.

Pag 228 “O regente, logo que pisou no Rio de Janeiro, deve ter notado o esforço que seria
necessário para dar ares mais palacianos à sua nova capital. Tendo deixado para trás palácios
como o de Mafra, o seu preferido, e de Queluz, residência de d. Maria I, teria de se acostumar a
habitações menores e mais modestas”.

Pag 228-229 “Elias Antônio Lopes, um rico comerciante português, cedeu a d. João uma casa de
campo nos subúrbios da cidade, em São Cristóvão, dizendo não ter outro interesse senão “o
bem-estar de Sua Majestade”.

Pag 229 “D. João concedeu, até seu retorno a Portugal, em 1821, nada menos que 235 títulos:
onze duques, 38 marqueses, 64 condes, 91 viscondes e 31 barões.19 Isso sem contar a
instauração da Ordem da Espada e dos títulos de grã-cruz, comendador e cavaleiro. Nesse
quesito, o príncipe fez 2630 cavaleiros, comendadores e grã-cruzes da Ordem de Cristo; 1422
da Ordem de São Bento de Avis e 590 da de Santiago” .

Pag 230 ” A nova trindade ministerial foi logo ironizada e comparada a três diferentes relógios:
um atrasado (d. Fernando Portugal); outro parado (visconde de Anadia), e o outro sempre
adiantado (d. Rodrigo), todos girando na direção do monarca”.

Pag 230 “Foi em tom de brincadeira séria que a população denunciou a corrupção nessa corte
voraz: “Quem furta pouco é ladrão/ Quem furta muito é barão/ Quem mais furta e esconde/
Passa de barão a visconde”.

Pag 231 “Ameaças por estas bandas não faltavam: se na Europa elas vinham do exemplo da
Revolução Francesa, aqui, além dos ideais iluministas e da influência do republicanismo norte-
americano, os ventos sopravam da própria vizinhança”.

Pag 231 “Quase tudo era caso de polícia: a guarda da pessoa real e sua organização, o
estabelecimento de quartéis, as obras municipais, a fiscalização dos teatros e diversões
públicas, a matrícula dos veículos e embarcações, o registro dos estrangeiros e a expedição de
passaportes, o controle de festas públicas, a detenção de escravos fugidos, a perseguição e
prisão daqueles que se opusessem ao governo. Era necessário estabelecer uma estrutura de
defesa, e é nesse contexto que se explica, entre outras medidas, a criação do Arquivo Militar,
para a elaboração e guarda de cartas e mapas do Brasil e dos domínios ultramarinos” .

Pag 231 “Em 1810, junto com a Artilharia e Fortificação, foi instituída também a Academia
Militar — para o ensino das ciências matemáticas, física, química, história natural, fortificações
e defesas.28 Se é verdade que na época da chegada de d. João já havia instituições na colônia,
com a corte estacionada nos trópicos o processo se tornava muito mais complexo. E tantas
mudanças ampliavam, de quebra, as condições de autonomia local. É nessa direção que se
pode entender a criação de um Banco do Brasil, ainda em 1808”.

Pag 233 “Até 1814, acompanhava-se também o andamento da guerra que se desenrolava na
Europa, dando-se sempre destaque às vitórias contra Napoleão. Tais notícias, copiadas de
matérias publicadas no estrangeiro, não escondiam parcialidades: os franceses eram “pragas
que assolavam a Europa”, e a saída de d. João, “um plano certeiro”.

Pag 234-235 “A construção imperial tinha muito de retórica política: a Coroa tentava desfazer a
má impressão criada na Europa por sua retirada súbita para os domínios americanos”.

Pag 238 “O governo também lidaria com especificidades geradas pela presença e cultura dos
africanos e dos diversos grupos indígenas espalhados pela colônia”.

Pag 238 “em 13 de maio de 1808 o príncipe regente, por meio de carta régia, ordenava ao
governador de Minas Gerais que iniciasse uma guerra ofensiva contra os índios antropófagos
Botocudo.55 Chamando os nativos de bárbaros, canibais e praticantes de atos atrozes — “ora
assassinando os Portugueses e os Índios mansos por meio de feridas, de que sorvem depois o
sangue, ora dilacerando os corpos e comendo os seus tristes restos” —, d. João pedia a
eliminação sumária do grupo; em nome da “civilização” e da proteção de “uma sociedade
pacífica e doce”.

Pag 238 “Havia ainda o medo de rebeliões negras, fenômeno que ficou conhecido como
“haitismo”, em alusão à tomada da colônia francesa do Haiti pelos negros. Esse movimento
teve a capacidade de exportar o medo (por parte das elites) e a esperança (para os
escravizados). Com o intuito de justificar o injustificável, membros da elite local condenavam o
que consideravam ser (maus) hábitos dos escravos”.

Pag 239 “marceneiros, negros de ganho… Estes últimos, muito numerosos, podiam ser
alugados por um dia, uma semana ou um mês, e compunham categoria à parte. Prestavam
serviços diversos: vender mercadorias, carregar água e lenha”.

Pag 241 “Da costa da África, mais especificamente de Angola e Moçambique, ouro em pó,
marfim, pimenta, ébano, cera (consumida em quilos pelas igrejas), azeite de dendê, goma-
arábica e — a nota revoltante dessa relação — escravizados negros”.

Pag 245 “Além dos impasses gestados pelo movimento que estourou em Pernambuco, dois
conflitos agitariam a política externa do regente: a questão da Cisplatina e o tema recorrente
do fim do tráfico de escravos”.

Pag 246 “antigas províncias do vice-reinado espanhol do Rio da Prata, com capital em Buenos
Aires —, o conflito estourou em proporções maiores. Novamente o governo joanino interveio: a
alegação oficial era evitar invasões, porém a intenção não explícita era anexar ao Brasil a assim
chamada Banda Oriental — nome da parte do território do Império espanhol localizado a leste
do rio Uruguai”.

Pag 247 “As medidas atingiam não somente o tráfico; acertavam em cheio o próprio sistema
escravocrata. Interessante notar que só a partir desse contexto as práticas violentas, que
sempre fizeram parte do sistema, viravam matéria de denúncia pública”.

Pag 247 “revelavam-se as péssimas condições da viagem, assim como a desumanidade com que
os africanos eram apressadamente desembarcados em terras brasileiras e iam para o Valongo
— o maior mercado de escravos do país, situado no Rio de Janeiro, a pouco mais de um
quilômetro do palácio. Em 1817 havia pelo menos vinte grandes estabelecimentos no Valongo,
nos quais mais de mil cativos, a maioria do sexo masculino, com idade entre seis e 24 anos,
ficavam expostos”.

Pag 249 “ O Nordeste, acabando com a já insuficiente lavoura de subsistência local. O povo
sentia a carestia, e jogava na corte e em seus impostos a culpa por tantos males. Com motivos
de sobra montou-se, então, uma insurreição, unindo setores dispersos: comerciantes, grandes
proprietários, membros do clero, militares, juízes, artesãos, e uma camada de homens livres
que lhe conferiu um perfil mais radical e popular”.

Pag 249 “Em 19 de maio as tropas lusas desembarcaram na cidade, encontrando-a abandonada
e sem liderança. Nesses momentos — como na Conjuração Mineira de 1789 e na Conjuração
Baiana de 1798 — a Coroa exibiu seu braço forte, esbanjando demonstrações de poder em
registro político e simbólico”.

Pag 250 “A derrota dos revoltosos em Pernambuco foi comemorada pela realeza como um sinal
de abertura para tempos mais calmos e estáveis. Projetos seriam desengavetados, a começar
pela aclamação de d. João”.

Pag 252 “O casamento do príncipe herdeiro do Império dos Bragança era peça preciosa nesse
jogo, uma vez que matrimônios entre reis são antes grandes negócios de Estado”.

Pag 253 “O imperador Francisco, preocupado com o destino inseguro da filha, insistia em
impedir sua partida, preferindo enviá-la diretamente a Lisboa, onde ela se reuniria à família real
em cujo seio entrara”.

Pag 253 “Leopoldina aportou no Arsenal da Marinha e, depois de cumprimentar a família real,
foi levada pela mão de d. Pedro. A procissão real era acompanhada com grande curiosidade;
ninguém queria deixar de ver a nova princesa”.

Pag 254 “Leopoldina se adaptaria bem. Como boa princesa, logo entrou em “estado
interessante”, para alegria geral. Seria a primeira vez que um herdeiro real nasceria em solo
brasileiro, símbolo que vaticinava um futuro mais estável para aquele distante e frágil reino nas
Américas”.

CONSIDERAÇÕES

O capítulo" D. JOÃO E SEU REINO AMERICANO" e o documentário do livro "Brasil, uma


biografia" abordam com destreza desde a fuga da família real até o casamento de Don. Pedro II
com a princesa Leopoldina. A experiência de áudio visual nos coloca de forma imersiva no
ambiente de fuga e nos mostra de forma detalhada a evolução da família real e do Brasil
colonial.

O capítulo analisa de uma forma detalhada a vivência dos povos lusos, escravos e indígenas
no território brasileiro durante a vinda da realeza ao território colonial, destaca a fuga da
família real contra às tropas de Napoleão Bonaparte como uma jogada estratégica e como se
deu essa saída caótica e repentina.

Ao longo do capítulo, são abordadas também as políticas externas e internas, o comércio


escravista e os acordos comerciais da coroa portuguesa com a Inglaterra. As revoluções durante
o período colonial marcam a insatisfação da população da época.

Além disso, o capítulo também aborda as consequências da proibição do tráfico negreiro e a


exploração da monarquia durante aquela época, importante ressaltar também os nível de
detalhes históricos retratados e a riqueza do trabalho de pesquisa da autora.

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