Construir um glossário

Glossário: lista de palavras ou expressões ordenadas alfabeticamente e

com a respetiva definição.

Atividade: Lê o seguinte texto com atenção e sublinha as palavras que consideres necessário explicar.
Procura o significado dessas palavras num dicionário ou na internet. Constrói um glossário.

Os bandeirantes

O interior desconhecido e inexplorado era uma tentação para todos os que tinham sede de aventura e sonhos de
riqueza. As histórias que circulavam a respeito do ouro e pedras preciosas estimulavam a imaginação e
sobrepunham-se ao medo. Apesar de as primeiras expedições não terem regressado, o desejo de tentar a sorte
permaneceu intacto e levou os homens a organizar “bandeiras”, ou seja, novas expedições para penetrar no sertão,
que incluíam portugueses, índios e negros e levavam uma bandeira para identificar o grupo. A maior parte partiu de
São Paulo. As aventuras dos bandeirantes dariam para escrever outro livro. Houve um pouco de tudo. Emoção e
surpresa ao penetrarem em locais de sonho, encontro fatais com a bicharada, lutas e aprisionamento de índios e
finalmente tesouros fabulosos que se dizia existirem e existiam mesmo.

A notícia correu célere. Ouro e pedras preciosas já não eram lenda. Começou então uma corrida desenfreada. Muita
gente se lançou de cabeça para a região, que passou a ser chamada de Minas Gerais. Iam os que já lá estavam e os
que na Europa ouviam falar do assunto. Apareceram também corsários ansiosos por desembarcar na “terra
prometida”, mas estes não tiveram grande sorte, foram afastados.

No século XVIII os cofres encheram-se. Inúmeras famílias enriqueceram e a coroa portuguesa também, pois um
quinto do ouro e das pedras preciosas pertencia por direito ao Rei de Portugal. Esse foi um tempo de grande
prosperidade de um lado e do outro do oceano. Em Minas Gerais surge uma cidade de nome elucidativo: Vila Rica. A
capital do Brasil passa a ser o Rio de Janeiro, porto de embarque das riquezas para a Europa.

O rei que gozou em cheio esta fabulosa maré foi D. João V. Além de viver num luxo desmesurado, construiu
monumentos espectaculares, como o convento de Mafra. Tanto em Portugal como no Brasil erguem-se palácios,
igrejas com altares maravilhosos em talha dourada, enfim, a arte expandiu-se porque o ouro de Minas Gerais dava
para tudo.

O pior é que não era inesgotável. No fim do século começou a escassear, surpreendendo os que se viram de repente
cheios de dívidas. Os ânimos exaltaram-se contra o governo, pois as dificuldades sempre deram descontentamento.
Além disso, os habitantes do Brasil começavam a sentir-se brasileiros. De inícios os colonos sentiam-se portugueses a
viver longe do cantinho onde tinham nascido. Com o correr do tempo esse sentir modificou-se. Três séculos depois
de a armada de Pedro Álvares Cabral ter desembarcado, a maior parte dos residentes já tinha nascido no Brasil e nem
conhecia Portugal! Porquê então continuarem amarrados, terem que pagar impostos, dependerem de um reino
longínquo? É de notar que em 1776 os Estados Unidos tinham-se tornado independentes da Inglaterra, o que decerto
influenciou a maneira de pensar das pessoas.”

In “Brasil!” Brasil!” de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada