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PROCESSOS DE TRATAMENTO DO GÁS NATURAL

Lucas Freitas de Lima e Freitas1; Ronney José Oliveira Santos2; Marília Rafaele Oliveira Santos3
1
Universidade Tiradentes, Graduação em Engenharia de Petróleo – flfreitas.lucas@hotmail.com
2
Universidade Tiradentes, Mestrado em Engenharia de Processos – ronneyoliveira_@outlook.com
3
Universidade Tiradentes, Mestrado em Engenharia de Processos – marilia-oliveiras@hotmail.com

RESUMO
Mistura de hidrocarbonetos gasosos como metano, etano, hexano e alguns contaminantes que são
encontradas nos reservatórios são também conhecidas por gás natural, fonte de energia não
renovável encontrada de forma abundante em rochas reservatórios, que tem se mostrado uma
importante fonte de energia na economia mundial. O gás natural ao fim das operações de
exploração e produção passa por processos de tratamentos para retirada de contaminantes como
CO2 e H2S, e separação das frações leves e pesadas no intuito de conseguir produtos finais que se
encontrem dentro das especificações que o mercado exige para uma futura comercialização. Os
principais processos aplicados no tratamento do gás natural são a desidratação e a dessulfurização
ou adoçamento, para retirada da água e remoção dos gases ácidos, respectivamente. O presente
trabalho tem como objetivo apresentar a cadeia de produção do gás natural, em específico os
processos de tratamentos necessários para atingir as especificações para comercialização, e como
também apresentação da sua demanda atual e logística de distribuição.

Palavras-chave: gás natural, tratamento, desidratação, dessulfurização.

1. INTRODUÇÃO O gás natural é uma mistura de


hidrocarbonetos gasosos, sendo composto quase
Considerada uma energia não renovável, o inteiramente por metano. Apresenta, também,
gás natural é mais leve do que o ar, não tem cor e hexano, nitrogênio, vapor d’água e alguns
nem cheiro. É um combustível fóssil que podemos contaminantes (gás sulfídrico – H 2S e dióxido de
encontrar na natureza, normalmente no subsolo carbono – CO2). É considerado rico quando a
em grandes reservatórios, associado ou não ao soma das percentagens de todos os componentes
petróleo. Assim como o petróleo, o gás natural mais pesados que o propano (C3) é maior que 7%
resulta da degradação da matéria orgânica, fósseis (THOMAS, 2001). Entretanto, o gás natural que
de plantas e animais que estão acumulados em se encontra na boca do poço embora ainda
rochas a milhares de anos, sua retirada da terra é constituído por metano, não é puro. O gás natural
através da perfuração. bruto vem de três tipos de poços: poços de
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petróleo, poços de gás e poços condensados.
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Segundo (MELO et al., 2011) o gás natural 2002). No Brasil e no mundo ocorre uma
dissolvido no campo Lula no Pré-Sal apresenta aceleração do aumento da demanda do gás
concentrações de CO2 entre 8 e 12%. Como esses natural, devido à preocupação ambiental, já que
valores ultrapassam os previstos para comparado a outros combustíveis fósseis, é
comercialização do gás no Brasil (entre 0 e 2%), o considerado uma energia limpa. Na demanda
mesmo deve ser removido e descartado. atual, o gás natural enfrenta o carvão, a
O gás natural, que vem a partir de poços de hidroeletricidade e o óleo combustível. Na
petróleo é geralmente denominado “gás geração de energia e na área de transporte, surge
associado”. Este gás pode existir separadamente como forte concorrente à gasolina, diesel e outros.
do óleo na formação (gás livre), ou dissolvido no De forma indispensável o desenvolvimento de
óleo bruto (gás dissolvido). O gás natural a partir tecnologias de produção e transporte deste gás,
de poços de gás e poços condensados em que campos marginais vêm sendo desenvolvidos de
existe pouco ou nenhum óleo bruto é denominado forma segura e econômica para que esta demanda
“gás não associado”. A proporção em que o seja correspondida (SANTOS et.al. 2002;
petróleo e o gás natural se encontram misturados BAIOCO et.al., 2007; DOS, ROSA, 2010).
na natureza varia muito (RIGOLIN, 2007; ROSA, A média diária de produção de gás natural no
2010). Brasil do ano de 2014, segundo o relatório final
O gás natural inicialmente era usado como (BEN, 2015) foi de 87,4 milhões de m 3/dia e o
fonte de luz, porém com avanço da energia volume de gás natural importado foi de 52,9
elétrica, foi substituído em 1890. No início do milhões de m3/dia. Com estes dados, a
século XX, o gás natural ingressou como participação do gás natural na matriz energética
atividade econômica no cenário mundial, usado nacional atingiu o patamar de 13,5%, como
para aquecer as casas, cozinhar alimentos, como mostra a figura 1.
combustível para veículos e em células de energia.
Estas aplicações têm aumentado o uso de gás
natural, e a procura deve aumentar até 2020
(COELHO, 2007; DO BRASIL et al., 2014).

2. GÁS NATURAL

2.1. Demanda atual do gás natural


Uma das principais vantagens do gás natural é
a sua versatilidade. A sua utilização o faz um Figura 1: Oferta interna de energia no
competidor potencial de quase todos os demais cenário nacional (BEN, 2015).

combustíveis alternativos (DOS SANTOS et al., www.conepetro.co


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Em 2014 o gás natural destinado à geração de passar dos anos. De acordo com a tabela 1 as
energia elétrica alcançou na média 51,7 milhões reservas provadas de gás natural, que incluem
de m3/dia. Como pode ser visto na figura 2, a campos em desenvolvimento referente ao ano de
participação do gás natural destinado aos centros 2014 foram de 471,1 bilhões de m3, representando
de transformação supera o consumo setorial um aumento de 7,9% ao ano anterior e 30,8% a
atingindo 51% do total, sendo 8% destinado à 2004.
produção de derivados e 43% para geração de
energia elétrica – EE (BEN, 2015). Tabela 1: Reservas Provadas de Gás Natural
(BEN, 2015).
Anos Gás Natural
(106 m3)
2004 326.084
2005 306.395
2006 347.903
2007 364.991
Figura 2: Consumo de gás natural no 2008 364.236
Brasil (BEN, 2015).
2009 366.467
2010 416.952
O gás natural ofertado ao mercado nacional
2011 434.376
tem origem na produção do país, no gás
2012 436.430
importado da Bolívia e no gás natural liquefeito
(GNL). Até o início de 2030, a oferta média 2013 433.958

estimada de gás natural será de 168 milhões de 2014 471.148

m3/dia, cujo crescimento será impulsionado pelo


gás natural produzido no Brasil. Em temos de A tabela 2 mostra as reservas provadas de
capacidade, suficiente para atender à demanda de gás natural de acordo com cada região no Brasil
todos os compromissos assumidos. Para isso, nos últimos dois anos. A região Sudeste é a maior
haverá investimentos na eficiência das operações, em reservas provadas. Já a região Centro-Oeste
principalmente do gás produzido no pré-sal não possui nenhuma reserva provada de gás
(PETROBRAS, 2015). natural. Comparando 2013 com 2014, pode-se
observar o desaparecimento das reservas de gás
2.2. Reservas provadas de gás natural natural na região Sul e o crescimento nas regiões
Com o desenvolvimento de novas tecnologias Norte, Nordeste e Sudeste.
e a descoberta de novos poços, as reservas
provadas de gás natural vêm crescendo com o www.conepetro.co
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Tabela 2: Reservas Provadas de Gás Natural por atividade de transporte de gás natural cabe à
Região no Brasil (BEN, 2014/2015). Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Região Gás Natural (106 Biocombustíveis (ANP). Já os governos estaduais
m3) ficam responsáveis pela atividade de distribuição
2013 2014 deste gás (PRATES et al., 2006).

NORTE 50.522 52.383 O atendimento pleno às demandas desse


importante mercado do gás natural é garantido
Amazonas 50.522 52.383
desde matérias-primas para indústrias e refinarias
NORDEST 45.195 45.329
até a entrega, por meio de distribuidoras locais
E
para termelétricas, indústrias, casas e postos. As
Maranhão 6.300 7.770
etapas de transporte e distribuição de gás natural
Ceará 458 325
caracterizam-se como uma “indústria de rede”,
Rio Grande 6.940 6.615 visto que têm grandes custos de implantação,
do Norte
baixos custos de operação e manutenção e grandes
Alagoas 3.071 2.589 ganhos de escala, na qual ofertas e demandas
Sergipe 4.489 4.463 devem ser conectadas pela malha de gasodutos
Bahia 23.936 23.566 (PRATES et al., 2006, EPE, 2013; PETROBRAS,
SUDESTE 337.44 373.38 2015).
5 3 A construção de gasodutos de transporte no
Espírito 43.171 44.280 Brasil teve seu início nos anos 70, porém o marco
Santo zero do desenvolvimento de uma malha de

Rio de 237.86 274.68 gasodutos de transporte foi à conclusão do

Janeiro 8 5 Gasoduto Bolívia-Brasil (GASBOL) em


1999/2000 e sua interligação em Guararema/SP
São Paulo 56.406 54.418
com a malha Sudeste do Sistema Petróleo
SUL 834 0
Brasileiro S.A. (Petrobras) de gasodutos.
Paraná 834 0
Posteriormente, a conclusão dos demais gasodutos
CENTRO- 0 0
brasileiros. Atualmente, a extensão total de
OESTE
gasodutos de transporte no Brasil é de 9.244 km,
sendo 8.582,2 km de malha integrada (EPE,
2.3. Infraestrutura de transporte e 2013).
distribuição Segundo (BRITTO, 2002; MOURA, 2007;
No Brasil, existe uma dupla instância ROSA, 2010), na fase de transporte, as
regulatória no segmento de transporte e tecnologias de aproveitamento do gás natural são
distribuição de gás natural. A regulação da limitadas e caras, sendo as mais utilizadas o Gás
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Natural Liquefeito e o Gasoduto. Classificadas Além de transformações físicas, destaca-se
como transformações do tipo físicas, o gasoduto como transformação química o GTL (gas to
(pipelines) transporta o GN no estado gasoso liquid) que consiste na conversão de GN em
através de sistemas de compressão, redução de hidrocarbonetos líquidos estáveis como gasolina,
pressão, medição, superfície e controle, lubrificante, diesel e etc. Essas tecnologias de
armazenamento, com a finalidade de distribuição aproveitamento, tanto de transformações físicas,
desse gás. Para o escoamento do gás em dutos, o como químicas necessitam de enormes reservas
transporte por dutos utiliza uma pressão de 70 a provadas de gás natural (BRITTO, 2002;
100 bar, com uma redução de volume de 60 a 90 MOURA, 2007; ROSA, 2010).
vezes em relação ao volume inicial. Já o gás Em termos de infraestrutura do gás natural, a
natural liquefeito (GNL) transporta o GN no fase de armazenagem engloba a escolha do local
estado líquido por meio de navios, barcaças e para armazenar o GN e a fase de distribuição é o
caminhões criogênicos na forma de gás natural momento em que o gás chega ao consumidor final
liquefeito a temperaturas inferiores a -160ºC, para uso industrial, automotivo, comercial ou
visando transferência e estocagem como líquido. residencial (BRITTO, 2002). De acordo com
Este processo de liquefação é bastante complexo e (PRATES, 2006), no Brasil a malha de
caro, pois requer uma quantidade de energia distribuição é duas vezes mais extensa que a
satisfatória para que possa ser concluído. malha de transporte, ultrapassando 13 mil km.
Outras tecnologias, com o tipo de
transformação física são (BRITTO, 2002; 3. PROCESSAMENTO DO GÁS
MOURA, 2007; ROSA, 2010): NATURAL
 Gás Natural Comprimido (GNC):
transporte de GN no estado gasoso O gás natural, livre da fase líquida é
por meio de navios e caminhões em enviado a uma Unidade de Processamento de Gás
cilindros de alta pressão próxima ao Natural (UPGN), onde é promovida a separação
fator de compressibilidade do gás; das frações leves (metano e etano que constituem
 Hidrato de Gás Natural (HGN): o chamado gás residual) das pesadas, que
transporte de GN no estado sólido, na apresentam um maior valor comercial. O gás
qual as moléculas de água natural antes de ser processado é denominado de
encapsulam moléculas de gás, ou seja, “gás úmido”, por conter líquido de gás natural
o GN é aprisionado formando um (LGN), enquanto o gás residual é o “gás seco”,
composto cristalino sólido. pois não possui hidrocarbonetos condensáveis
 Gas to Wire (GTW): utilização do GN (THOMAS, 2001).
como fonte de combustível para O objetivo do processamento de gás é
geração de energia elétrica; separar gás www.conepetro.co
natural, condensados, gases não

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condensáveis, gases ácidos e água e condicionar realizada em refinarias e campos produtores de
esses fluidos para venda ou alienação. As gás natural, sendo mais presente nas refinarias,
unidades de processamento ficam responsáveis pois poucos campos brasileiros apresentam gases
por recuperar, na forma líquida, o GLP e a ácidos.
gasolina natural e especificar o gás natural seco Assim, o processamento e tratamento de
para os seus diversos usos (MOKHATAB et.al., gás natural devem ser realizados antes de passar
2006; BRASIL et.al., 2014). pelos gasodutos, por envolver principalmente os
O condicionamento, ou tratamento é o processos de separação do gás (SUN et.al., 2015).
conjunto de processos (físicos e/ou químicos) a No tratamento dos gases, primeiramente os gases
qual o gás natural deve ser submetido de modo a ácidos devem ser removidos num processo que é
remover ou reduzir os teores de contaminantes conhecido como adoçamento ou dessulfurização.
(teores máximos de compostos de enxofre, de Posteriormente, água líquida ou em forma de
dióxido de carbono e de água, ponto de orvalho e vapor, tem que ser removida num processo de
poder calorífico). Plantas de processamento de gás desidratação. Estes processos são fundamentais
natural são, usualmente, projetadas para remoção para o tratamento do gás e sua comercialização
dos componentes indesejáveis, como o H2S e CO2, (TALAVERA, 2002).
que são gases de caráter ácido, tornando-se
corrosivos na presença de água líquida e que 3.1. Adoçamento ou Dessulfurização
apresentam grandes riscos de segurança A remoção de gases ácidos (CO2 e
(THOMAS, 2001; TALAVERA, 2002; BRASIL H2S) pode ser efetuada através dos processos
et.al., 2014).
de separação por membrana, absorção com
H2S quando combinado com água forma
aminas e adsorção em solventes sólidos
ácido sulfúrico fraco, enquanto que CO 2 e água
(SRAVANTHI, 2014). Para processos que
forma carbônico ácido, daí o termo “gás ácido”.
envolvem apenas a retirada de CO2, a escolha
Mesma nomeação quando ocorre a mistura gás
natural e H2S (ou outro composto de enxofre)
deve considerar a quantidade de CO2 na

(MOKHATAB et.al., 2006). A remoção desses entrada e a eficiência da qualidade de


contaminantes é necessária para produzir o gás em remoção (THOMAS, 2001; COELHO, 2007).
condições de mercado (TALAVERA, 2002; Separação por membrana é bastante
BRASIL et.al., 2014). As restrições de competitiva em termos de menor consumo de
composição controladas por especificações de energia, menor espaço e de fácil escala.
mercado limita o CO2 e o H2S para 2% e 4 ppm Membranas poliméricas hidrófilas mostram
(BAKER, 2002).
uma permeabilidade inferior aos gases no
Segundo (OXITENO, 2006; COELHO,
estado seco, mas quando ocorre a
2007) no Brasil, a remoção de gases ácidos é
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da água, a permeabilidade das
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membranas aumenta substancialmente (LI regeneração de solventes, possuem impactos
et.al., 2015). ambientais, têm preocupação de degradação e

Verificou-se que a água tem um papel corrosão e sofrem com as perdas de evaporação
devido ao grande consumo de solventes.
fundamental no transporte rápido de CO2
(LINNEEN et.al., 2014)
através de membranas. Por um lado, a água
A absorção química com aminas líquidas
pode inchar matrizes de polímero,
apresenta algumas desvantagens por ser
aumentando assim significativamente a
dispendiosa e gerar rejeitos na sua recuperação,
permeabilidade do CO2 devido ao aumento da além da necessidade de uma baixa temperatura
flexibilidade das cadeias de polímero. Em para a absorção de CO2 e uma elevada
contrapartida, a água em si pode atuar como temperatura (250 – 500 ºC) para regeneração de
corredores de transporte de CO2 em solventes. O uso da adsorção gás-sólido seletiva
membranas. Por conseguinte, o contato do de CO2 apresenta muitas vantagens sobre a
ambiente de água combinada nas membranas absorção com aminas, como manipulação sem

parece ser uma estratégia promissora para riscos ao ambiente e recuperação do material
adsorvente (OLIVEIRA et.al., 2014; HANIF
satisfazer com eficiência o desempenho de
et.al., 2015).
separação de CO2 (LI et.al., 2015).
Como os processos de absorção com
Absorção é uma tecnologia no que
aminas líquidas expõem algumas desvantagens, o
concerne maturidade no contexto de pós-
processo de adsorção em solventes sólidos é um
combustão para a captura de CO2. Os método de baixo custo e bastante promissor,
processos químicos reversíveis que utilizam aplicável para captura de CO 2. Um grande número
soluções de aminas (monoetanolamina – de adsorventes sólidos tais como a sílica, os
MEA, dietanolamina – DEA, trietanolamina – carvões ativados e as zeólitas têm sido
TEA) são os mais usados (HANIF et.al., investigados para captura desse gás (TSUYOSHI

2015). e KATSUNORI, 2013).

Para execução de tecnologias de primeira Em alguns debates sobre a captura de CO 2

geração, processos de absorção de líquidos são por adsorção, pode ser entendido que para

utilizados inicialmente para um sistema de pós- desenvolver uma captura apropriada, o adsorvente

combustão. Devido à baixa pressão parcial de CO 2 deve satisfazer: elevada capacidade de adsorção

no gás de combustão (50-150 mbar), estes de CO2, baixo custo de matérias-primas,

sistemas utilizarão soluções à base de amina capacidade calorífica baixa, uma cinética rápida e

alcalina aquosa, seja a MEA ou DEA. No entanto, elevada seletividade de CO2 (YU et.al., 2012).

estes purificadores a base de amina exigem Na captura de CO2 por tecnologia de

quantidades satisfatórias de energia para a adsorção, a coluna empacotada é preenchida


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principalmente por esferas adsorventes. O CO 2 é tratado e as condições de temperatura e pressão
atraído para o adsorvente e adere sobre a (COELHO, 2007).
superfície do adsorvente. Depois de atingido o Segundo (MOKHATAB et.al., 2006) as
equilíbrio, a dessorção ocorre para obter CO 2 na principais razões para a remoção da água do gás
forma pura e regenerada (MONDAL et.al., 2012). natural são as seguintes:
Os adsorventes sólidos funcionalizados  O gás natural combinado com a água livre
com amina têm se destacado no cenário científico forma hidratos (solução sólida constituída
devido suas propriedades, como a capacidade de hidrocarbonetos de baixa massa molar
elevada de adsorção de CO2 e a tolerância à e água, apresentada em forma de cristais)
umidade (TSUYOSHI e KATSUNORI, 2013). que provocam obstrução de válvulas e
Dentre os materiais existentes, sílica tubulações e entupimento das condutas;
mesoporosa ordenada se consagra um excelente  A água pode se condensar na calha,
adsorvente devido a sua elevada área superficial, causando golfadas e possível erosão e
volume de poro elevado e boa estabilidade corrosão;
térmica e mecânica. No entanto, a capacidade de  O vapor de água aumenta o volume e
adsorção de CO2 não é abastadamente elevada diminui o valor de aquecimento do gás;
para permitir sua funcionalidade, principalmente à  A especificação de mercado do gás
pressão atmosférica (YU et.al., 2012). natural, permite um teor máximo de água
(H20) de 7 lb/MMscf.
3.2. Desidratação Entre os diferentes processos de
Gás natural, associado ou residual contém desidratação de gás natural, absorção é a técnica
normalmente água no estado líquido e/ou na mais comum onde esse processo é realizado em
forma de vapor, na fonte ou como um resultado de um vaso onde o gás flui em contracorrente a uma
edulcorantes com uma solução aquosa solução de glicol de grande poder higroscópico,
(MOKHATAB et.al., 2006; BAHADORI e passando após por uma regeneração através de
VUTHALURU, 2009). O vapor de água é uma aquecimento, retornando ao processo (THOMAS,
das impurezas mais comuns nas correntes de gás, 2001; MOKHATAB et.al., 2006; BAHADORI e
porém o principal problema é a água no estado VUTHALURU, 2009).
líquido ou sólido, que pode precipitar nas Glicóis são os líquidos de absorção mais
tubulações de transporte (THOMAS, 2001). utilizados, pois suas propriedades se enquadram a
Para prevenir tais problemas, as correntes aplicações comerciais (MOKHATAB et.al., 2006;
de gás devem ser desidratadas. Portanto as BAHADORI e VUTHALURU, 2009). Eles são
propriedades chaves nas unidades de desidratação muito bons absorvedores de água porque os
estão relacionadas à quantidade de água no gás grupos hidroxila em glicóis formam associações
similares com as moléculas de água (BAHADORI
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e VUTHALURU, 2009). Segundo (COELHO, comercial. Normalmente é escolhido porque é
2007) o processo com glicóis consiste mais facilmente regenerável, alcançando teores
basicamente num absorvedor onde o glicol entra maiores que 98%, devido a seu maior ponto de
em contato com o gás úmido e um regenerador ebulição e à sua maior temperatura de degradação
onde o glicol será separado da água absorvida. térmica (MOKHATAB et.al., 2006; BAHADORI
De acordo com (KATZ, 1959; e VUTHALURU, 2009; BRASIL et.al., 2014).
MOKHATAB et.al., 2006) os glicóis disponíveis e Inicialmente o trajeto do fluxo de gás
a suas utilizações são descritas da seguinte forma: natural em uma unidade de desidratação
1. Monoetilenoglicol (MEG) possui utilizando TEG se resume na entrada do gás
equilíbrio de vapor elevado, assim tende a natural úmido pela primeira vez em um separador
perder a fase gasosa no absorvedor. O uso de entrada a fim de remover todos os
como inibidor de hidrato pode ser hidrocarbonetos líquidos a partir da corrente de
recuperado a partir da separação do gás a gás. Logo após, o gás flui para um absorvedor em
temperaturas inferiores a 10ºC. contracorrente e seco pela TEG magra. TEG
2. Dietilenoglicol (DEG) possui alta pressão também absorve compostos voláteis orgânicos
de vapor, levando a perdas elevadas no (VOC), que são voláteis com a água no re-
absorvedor. Possui baixa temperatura de ebulidor (MOKHATAB et.al., 2006; BAHADORI
decomposição, que requer baixa e VUTHALURU, 2009).
temperatura de reconcentração e, portanto A desidratação do gás natural está
não pode ficar totalmente puro para a relacionada ao armazenamento de GN. Os
maioria das aplicações. principais motivos para armazenamento de gás é
3. Trietilenoglicol (TEG) é o glicol mais que pode diminuir a dependência do fornecimento
comum. Possui menor pressão de vapor o e que ele pode explorar a capacidade máxima das
que causa menor perda por evaporação. O linhas de distribuição. O GN é armazenado no
processo exige menores custos de verão, devido a menor demanda, e é retirado no
investimento e de operação. Capacidade inverno em que quantidades significativas são
de reconcentração em 170 – 205 ºC em utilizadas para aquecimento (NETUSIL e DITL,
alta pureza. 2011).
4. Tetraetilenoglicol (TREG) é mais caro
que o TEG e sua capacidade de 4. CONCLUSÕES
reconcentração é em 205 – 225 ºC.
Para remoção de água das correntes de O trabalho apresentado consistiu em
gás natural por absorção, o trietilenoglicol (TEG) determinar sobre a cadeia produtiva, a demanda e
é o mais usado pelos produtores, pois exibe a infraestrutura e os processos de tratamento do gás
maior parte dos critérios desejáveis de adequação natural www.conepetro.co
(GN). Foram abordados tópicos

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conceituais como sua história, definição, BEN - Balanço Energético Nacional 2015, ano
composição e utilização. Através de dados base 2014. Empresa de Pesquisa
bibliográficos, a demanda atual do gás foi Energética. Relatório Final. Disponível em
detalhada e toda sua infraestrutura de transporte e <www.ben.epe.gov.br> acessado em 08 de
distribuição. Setembro de 2015.
A pesquisa deu continuidade com o BRASIL, N. I.; ARAÚJO, M. A. S.; SOUSA, E.
processamento do GN e seus processos de C. M. Processamento de petróleo e gás, 2ª
tratamento, que subdividem em adoçamento e ed., Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Editora LTC,
desidratação. No adoçamento do GN, que consiste 2014.
em remover os gases ácidos (principalmente o BRITTO, M. P. T. Desenvolvimento da Indústria
CO2), foi abordado algumas técnicas, como de Gás Natural no Brasil: Estratégia
separação por membranas, absorção com aminas Empresarial e seus Desafios, Dissertação de
líquidas e adsorção em sólidos. Já na desidratação Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro,
do GN, que compreende em remover a água do RJ, Brasil, 2002.
gás, a técnica utilizada foi à absorção com glicóis. COELHO, A. M. Simulação e Otimização dos
processos de adoçamento e desidratação de
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS gás natural e de refinaria, Dissertação de

BAHADORI, A.; VUTHALURU, H. B. Simple Mestrado, Faculdade de Engenharia

methodology for sizing of absorbers for Química/UNICAMP, Campinas, SP, Brasil,

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BAIOCO, J. S.; SANTARÉM, C. A.; BONÉ, R. decenal de expansão da malha de transporte

B.; FILHO, V. J. M. F.; Custos e benefícios dutoviário (PEMAT) 2013-2022.

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Campinas, SP; 21–24 de Outubro de 2007. HANIF, A.; DASGUPTA, S.; NANOTI, A. High

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Setembro de 2015. Technical overview of compressed natural


gas (CNG) as a transportation fuel,
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