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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

Centro de Ciências Sociais Aplicadas


Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico e Estratégia Empresarial
(PPGDEE)

Cíntia Caroline da Silva

IMPLEMENTAÇÃO DO ECODESIGN NAS PRINCIPAIS INDÚSTRIAS DO RAMO


FARMACÊUTICO DE MONTES CLAROS E SEUS IMPACTOS NO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Montes Claros – MG
Abril / 2024
Cíntia Caroline da Silva

IMPLEMENTAÇÃO DO ECODESIGN NAS PRINCIPAIS INDÚSTRIAS DO


RAMO FARMACÊUTICO DE MONTES CLAROS E SEUS IMPACTOS NO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Projeto de Pesquisa requerido na disciplina de


Seminários Dissertação, ministrada pela
Professora Dr.a Maria Elizete Gonçalves, para
composição da avaliação.

Orientador: Prof. Dr.a Camila Lins Rodrigues

Montes Claros – MG
Abril / 2024
Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................4
2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................8
2.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SUSTENTÁVEL .................................8
2.2 ECONOMIA CIRCULAR 10
2.3 ECODESIGN 16
2.4 INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS E SUSTENTABILIDADE 20
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 24
4 CRONOGRAMA 27
4

1 INTRODUÇÃO

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em


2023, Minas Gerais apresenta o maior crescimento na indústria farmacêutica no Brasil,
superando inclusive São Paulo, que é o principal produtor do país. Os fabricantes de
produtos farmacêuticos e farmoquímicos em Minas Gerais registraram um aumento de
15,44% na receita líquida em comparação com o ano anterior. (PREFEITURA
MUNICIPAL DE MONTES CLAROS, 2023)
Dentro da área empresarial, uma questão bastante relevante diz respeito aos
impactos de uma gestão comprometida com a preservação ambiental e como os líderes
que adotam diferentes formas de exercer seu trabalho impactam seus colaboradores e a
organização como um todo, em especial no setor industrial, já que, a indústria é uma das
causas que mais impacta o meio ambiente (Green-Ecolog, 2023).
Montes Claros, sexto maior município de Minas Gerais, localizado no norte do
estado, que de acordo com o último Censo do IBGE (2022) tem população acima de 400
mil habitantes, possui no Distrito Industrial, o segundo maior setor relevante para a
economia do município – as indústrias - e desempenha um importante papel como
centro industrial, reunindo grandes indústrias.
A economia de Montes Claros, originalmente voltada para a agricultura e
pecuária, passou por mudanças significativas. Isso aconteceu devido aos incentivos
fiscais e financeiros concedidos pela Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste (SUDENE). Esses incentivos atraíram grandes indústrias tanto do cenário
nacional quanto internacional para se estabelecerem na cidade. Empresas notáveis que
escolheram Montes Claros como seu lar, como Coteminas, Elster Medição de Água
S.A, Lafarge, Nestlé, Novo Nordisk, Vallée S.A. (Prefeitura Municipal de Montes
Claros, 2017).
Essas indústrias não apenas impulsionaram o crescimento econômico de Montes
Claros, mas também desempenharam um papel vital na diversificação da economia,
tornando-a mais resiliente e dinâmica. Além disso, a cidade é um importante centro
comercial, industrial e de serviços na região norte de Minas Gerais, exercendo
influência sobre outras cidades vizinhas e até mesmo no sul da Bahia. Montes Claros
também se destaca como um relevante entroncamento rodoviário nacional, facilitando o
escoamento de produção por meio de várias rodovias importantes. Além das indústrias,
a cidade abriga centros universitários e faculdades, contribuindo para a formação de
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mão-de-obra especializada. A área de saúde também é robusta, com uma ampla rede de
hospitais, clínicas e laboratórios. No geral, Montes Claros é um exemplo de
desenvolvimento econômico bem-sucedido e diversificado na região (Prefeitura
Municipal de Montes Claros, 2017).
Devido às mudanças constantes que afetam o mercado industrial, a utilização de
técnicas de desenvolvimento de produtos deve garantir o mínimo de impacto ambiental,
logo, é importante a implementação do Design Ecológico ou Ecodesign, que envolve a
incorporação de critérios ambientais desde a fase de projeto, garantindo a redução dos
impactos ambientais e aumento da eficiência energética dos produtos e processos.
(ABNT, 2011)
Ecodesign ou Design for Environment (DfE) reúne um conjunto de técnicas
ecoambientais com o objetivo consciente nas etapas de produção, considerando fatores
ambientais, tanto quanto são considerados os fatores estéticos e econômicos, visando
amenizar os impactos decorrentes da exploração do meio ambiente (Crizel, 2019).
Assim, discutir a implementação do Ecodesign nas indústrias, justifica-se pela
necessidade de promover práticas mais sustentáveis, uma vez que o setor industrial é um
dos principais responsáveis pela degradação ambiental. Para mais, a implementação do
Ecodesign pode trazer benefícios econômicos para as empresas, como redução de custos
e aumento da competitividade. A implementação do Ecodesign contribui para a redução
dos impactos ambientais e para aumento da eficiência energética dos produtos, além de
ser uma estratégia para aumentar a competitividade das empresas no mercado (Deutz et
al., 2013)
Sendo assim, a presente pesquisa apresenta o seguinte problema: Como se deu o
processo de implantação do ecodesign em indústrias do ramo farmacêutico do
município de Montes Claros e quais seus impactos no desenvolvimento sustentável?

Em conformidade com o problema de pesquisa, o objetivo geral deste estudo é a


valiar a implementação do Ecodesign nas principais indústrias farmacêuticas do municí
pio de Montes Claros e seus impactos no desenvolvimento econômico sustentável. Os o
bjetivos específicos são: identificar as indústrias farmacêuticas que já implementaram o
ecodesign; analisar o processo de implementação do ecodesign, compreendendo como e
ssas indústrias o incorporaram em suas operações; identificar os desafios, resultados e di
ficuldades enfrentados durante a implementação; avaliar os impactos do ecodesign no d
6

esenvolvimento sustentável e propor um método aplicável a indústrias que ainda não ad


otaram essas diretrizes do ecodesign.

As contribuições desta pesquisa incluem: a identificação dos principais desafios


e oportunidades para a implementação do Ecodesign nas indústrias farmacêuticas do
município de Montes Claros; a avaliação dos impactos do Ecodesign no
desenvolvimento sustentável e a elaboração de recomendações para melhoria das
práticas de Ecodesign nas indústrias farmacêuticas do município de Montes Claros.
Como produto final, será elaborado um guia para implementação do Ecodesign nas
indústrias farmacêuticas, com base nas recomendações obtidas a partir desta pesquisa.
Para mais, a implementação do Ecodesign pode trazer benefícios econômicos para as
empresas, como redução de custos e aumento da competitividade (Deutz et al., 2013).
O guia proposto será uma ferramenta inestimável para as indústrias, fornecendo
diretrizes claras e práticas para a implementação eficaz do Ecodesign, o que, por sua
vez, promoverá significativamente a sustentabilidade dessas indústrias. Por exemplo,
guias similares já existentes incluem o "Guia de Boas Práticas em Ecodesign para
Indústrias de Manufatura" publicado pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil, que
oferece orientações específicas para diferentes setores industriais, desde a indústria
automobilística até a de alimentos.
Além disso, a pesquisa em questão não apenas facilitará a aplicação do
Ecodesign, mas também desempenhará um papel crucial na sensibilização sobre sua
importância. Através de exemplos práticos e estudos de caso, o guia poderá ilustrar os
benefícios tangíveis do Ecodesign em termos de redução de resíduos, otimização de
recursos e minimização do impacto ambiental. Essa conscientização é essencial para
motivar outras empresas a adotarem práticas mais sustentáveis.
Ademais, o guia proposto servirá como um recurso valioso para pesquisadores e
profissionais interessados em explorar ainda mais o campo do Ecodesign. Ao consolidar
as melhores práticas e evidências disponíveis, ele estabelecerá uma base sólida para
futuras investigações e desenvolvimentos na área. Por exemplo, o "Manual de
Ecodesign para Empresas" publicado pelo Instituto Nacional de Eficiência Energética e
Energias Renováveis da Espanha oferece um arcabouço abrangente para pesquisadores
e profissionais envolvidos na implementação de práticas sustentáveis em diversas
indústrias.
7

Portanto, este guia não só proporcionará benefícios imediatos para as indústrias


que buscam melhorar sua sustentabilidade, mas também promoverá um movimento
mais amplo em direção a práticas industriais mais ecológicas e responsáveis.

Ao final desta pesquisa, espera-se obter resultados significativos sobre a


implementação do Ecodesign nas indústrias farmacêuticas do município de Montes
Claros e seus impactos no desenvolvimento sustentável, além de fornecer
recomendações para melhoria das práticas de Ecodesign nas indústrias desse ramo e
disponibilizar um guia para implementação do Ecodesign em indústrias farmacêuticas.
A economia circular representa uma abordagem revolucionária que desafia o
paradigma tradicional de produção e consumo, propondo um modelo econômico
regenerativo e sustentável (BYGGETH et al., 2007). Ao contrário do sistema linear
convencional, onde os recursos são extraídos, utilizados e descartados, a economia
circular busca maximizar o valor e a utilidade dos recursos ao longo de todo o ciclo de
vida dos produtos.
No cerne da economia circular está o conceito de fechamento de ciclos, onde os
materiais são continuamente reutilizados, regenerados e reciclados (CHEHEBE, 2002).
Isso significa que os resíduos são vistos como recursos potenciais, e não como um fardo
ambiental. Por exemplo, em vez de descartar produtos no final de sua vida útil, eles são
desmontados e seus componentes são recuperados para serem reintegrados na cadeia
produtiva.
No entanto, alcançar uma economia circular requer uma mudança profunda e
sistêmica em todos os aspectos da nossa vida e da nossa economia. Isso inclui repensar
os modelos de negócios, redesenhar produtos, redes de suprimentos e infraestrutura, e
promover uma cultura de consumo mais consciente e responsável.
Após a introdução sobre a importância da economia circular e do ecodesign, é
fundamental delinear como o trabalho se organizará para explorar esses temas em
profundidade. Neste sentido, este trabalho será estruturado em cinco capítulos distintos.
O segundo capítulo consistirá em uma revisão da literatura, onde serão
explorados os conceitos-chave relacionados ao desenvolvimento econômico sustentável,
a economia circular, o ecodesign e a interseção desses temas com a indústria
farmacêutica e a sustentabilidade. Este capítulo servirá como uma base sólida para o
entendimento dos fundamentos teóricos que guiarão a análise e discussão posterior.
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No terceiro capítulo, serão delineados os procedimentos metodológicos


utilizados neste estudo. Serão descritas as etapas seguidas, os métodos de coleta e
análise de dados empregados, bem como as estratégias adotadas para garantir a validade
e a confiabilidade dos resultados obtidos.
O quarto capítulo apresentará um cronograma detalhado das atividades a serem
realizadas ao longo do desenvolvimento do trabalho. Este cronograma fornecerá uma
visão clara das diferentes etapas do processo de pesquisa, desde a revisão da literatura
até a redação final do trabalho.
Por fim, o quinto capítulo consistirá na conclusão do estudo, onde serão
apresentadas as principais descobertas, conclusões e recomendações derivadas da
análise realizada. Além disso, serão discutidas as implicações práticas e teóricas dos
resultados obtidos e apontadas possíveis direções para pesquisas futuras nesta área.
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2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo constam os principais conceitos que fornecem a base teórica para
o estudo em questão, a saber: desenvolvimento econômico e sustentável, economia
circular, ecodesign, indústrias farmacêuticas e sustentabilidade.
No capítulo de Revisão de Literatura, serão abordados diversos temas relevantes
para o entendimento da interseção entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade.
Inicialmente, será discutido o conceito de desenvolvimento econômico sustentável,
explorando as diferentes abordagens e teorias que buscam conciliar o crescimento
econômico com a preservação ambiental e o bem-estar social.
Em seguida, será dedicada atenção especial à economia circular, um modelo
econômico inovador que propõe uma gestão mais eficiente dos recursos, minimizando o
desperdício e promovendo a reutilização, reciclagem e regeneração de materiais. Serão
analisados os princípios, benefícios e desafios associados à implementação da economia
circular em diversos setores industriais.
O conceito de ecodesign também será explorado nesta revisão de literatura,
destacando sua importância na concepção e desenvolvimento de produtos mais
sustentáveis. Serão examinadas as metodologias, ferramentas e práticas utilizadas no
ecodesign para reduzir o impacto ambiental ao longo do ciclo de vida dos produtos,
desde a extração de matérias-primas até o descarte final.
Por fim, será abordada a relação entre as indústrias farmacêuticas e a
sustentabilidade, analisando os desafios e oportunidades enfrentados por este setor em
sua jornada rumo à sustentabilidade. Serão discutidas iniciativas e estratégias adotadas
pelas empresas farmacêuticas para minimizar seu impacto ambiental, promover a
responsabilidade social e garantir o acesso equitativo a medicamentos essenciais.
Essa revisão de literatura proporcionará uma compreensão abrangente dos
principais temas relacionados ao desenvolvimento econômico sustentável, contribuindo
para embasar a análise e discussão realizadas ao longo deste trabalho.

3.2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SUSTENTÁVEL

De acordo Andrade (2008), os desafios ambientais predominantes, como a


mudança climática e a diminuição da biodiversidade, apresentam obstáculos para as
ciências econômicas. Nesse contexto, a ferramenta analítica dessas ciências precisa ser
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capaz de oferecer respostas coesas que indiquem uma relação mais equilibrada entre o
meio ambiente e o sistema econômico.

Partindo-se do princípio de que a atividade econômica, a qualidade de vida e


a coesão das sociedades humanas são profunda e irremediavelmente
dependentes dos bens e serviços providos pelo meio ambiente, é fundamental
que a teoria econômica considere em seu arcabouço teórico as interconexões
entre sistema econômico e seu meio externo, procurando compreender a
dinâmica subjacente aos processos naturais de suporte à vida e os impactos
que as atividades humanas têm sobre os sistemas naturais (ANDRADE,
2008, P.2).

O sistema econômico pode ser comparado a um organismo vivo e complexo


devido à sua capacidade de interagir dinamicamente com o meio ambiente e com outros
sistemas dentro da sociedade. Assim como um organismo vivo, o sistema econômico
possui uma série de componentes interconectados que funcionam em conjunto para
garantir seu funcionamento e sua evolução ao longo do tempo. Essa interação entre o
sistema econômico e o meio ambiente é fundamental para entendermos os impactos que
a atividade econômica pode ter sobre os recursos naturais e os ecossistemas. O sistema
econômico opera em um determinado espaço geográfico, consumindo recursos naturais,
emitindo poluentes e gerando resíduos como resultado de suas atividades produtivas e
de consumo (Andrade, 2008).
A utilização dos recursos naturais sempre foi e permanece sendo tema de debate
sobre as práticas e os modos de produção, vislumbrando como os recursos naturais são
alocados no processo produtivo. A partir da década de 1970, a institucionalização da
preocupação ambiental promove o surgimento do termo “ecodesenvolvimento”
criticando, até então, o que era entendido na visão economicista, com o crescimento dos
problemas ambientais e pelas pressões políticas inicia-se a escolha denominada
Economia Ecológica, na qual critica a ideia dos problemas do meio ambiente, como
sendo problemas externos nos quais podem ser resolvidos com a implantação de novas
tecnologias (Santos, s.d.).
Assim, Cruz (2010) destaca que a ciência, tecnologia e inovação são
fundamentais para o desenvolvimento sustentável do Brasil concordando com Borchardt
(2008) sobre a implementação de práticas sustentáveis na indústria eletrônica ser uma
das principais estratégias para alcançar este objetivo. No mesmo ano, Furtado (2010)
realizou uma avaliação das oportunidades de comercialização de novas fontes de
energia renováveis no Brasil, e com isso concluiu que a implementação de práticas
11

sustentáveis é fundamental para a promoção de fontes de energia mais limpas. No ano


seguinte, em 2011, o Departamento de Energia dos EUA forneceu um relatório para
avaliar a maturidade tecnológica, o que é útil para avaliar o impacto ambiental de novas
invenções (Andrade, 2008).
Desse modo, a necessidade de progressão das técnicas de produção é evidente,
sendo notável especialmente devido à escassez dos recursos energéticos na atualidade.
“A partir da crise do petróleo, ocorrida nos anos 70, os processos de produção se
obrigaram a tornarem-se mais eficientes, por imposição do cenário da época.” (Ferreira,
et al, 2008, p. 2,) Ao longo do tempo, outras alterações foram implementadas nas
práticas dos procedimentos, resultando em aprimoramentos nos métodos de organização
e na qualidade dos produtos e serviços disponibilizados. Passando então a proporcionar
vantagens competitivas às empresas. Dessa maneira, observa-se que, com o atual
fenômeno da globalização, há uma crescente busca por produtos distintos, que possuam
valor agregado e variedade. Considera-se ainda aspectos importantes, como a qualidade
e custo de produção do produto, fazendo com que as empresas percebam a importância
da figura do projetista na concepção de produtos com essas características (Ferreira, et
al, 2008).
Na perspectiva ecológica da economia, o planeta é concebido como um sistema
de entradas e saídas, onde a utilização de recursos naturais e energia resulta na produção
de resíduos materiais e na dissipação de energia não utilizada, conforme estabelecido
pela segunda Lei da Termodinâmica. Isso implica que a substituição perfeita dos
recursos naturais por capital é limitada, o que por sua vez restringe o crescimento
econômico exponencial sem a produção de grandes entropias, tendo sérias
consequências para a sociedade (Solow apud Martinez Alier, 1998; Santos, s.d.).
Conforme expresso por Solow (1998) ao abordar esses recursos, outros
elementos de produção, notadamente o trabalho e o capital reproduzível, têm a
capacidade de atuar como substitutos (para os recursos naturais) e, portanto, o mundo
pode persistir, de fato, sem recursos naturais, de modo que o esgotamento de tais
recursos é algo transitório, não constituindo uma catástrofe (Santos, s.d.).
Dessa forma, a avaliação do ciclo de vida ocupa uma posição central em uma
abordagem sistêmica, visando tornar uma empresa ecologicamente responsável. Isso é
alcançado por meio do uso eficiente de energia e pela otimização das matérias-primas
durante todo o ciclo de vida dos produtos. Ao analisar bens de consumo do ponto de
vista antropológico, observa-se que os objetos construídos por um grupo social
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específico refletem sua cultura. A cultura material é o nome dado ao conjunto de objetos
que um grupo social cria e usa, e que expressam a sua história e identidade (Castro,
2007).
De maneira geral, uma série de pesquisas abordam a aplicação da Análise do
Ciclo de Vida (ACV) como uma ferramenta para a gestão ambiental, conforme descrito
por Chehebe (2002). Enquanto um método para o desenvolvimento de produtos
sustentáveis baseado em um sistema modular de questões norteadoras foi proposto por
Byggeth et al. (2007) e a importância do desenvolvimento local e a utilização de uma
metodologia de planejamento também foram destacadas por Buarque (2004).
Outro aspecto crucial a ser destacado é a interligação entre exclusão ambiental e
exclusão social, ressaltada por alguns autores em suas pesquisas. Santos (s.d.) aponta
que o impacto da exclusão ambiental sobre todas as classes sociais é catastrófico. Além
disso, Fontanetti (2020) enfatiza que a exclusão ambiental não afeta apenas o meio
ambiente, mas também perpetua desigualdades sociais.
No contexto do século XX, o progresso econômico muitas vezes esteve
associado aos avanços tecnológicos, que facilitaram a exportação de produtos
industrializados e também das externalidades para outros países. Este fenômeno,
conhecido como troca ecologicamente desigual, foi analisado por Santos (s.d.), que
destaca como as atividades que mais agridem o meio ambiente geralmente são
realizadas por países considerados mais pobres.
Por outro lado, CNI (2018) destaca a pressão crescente da sociedade por uma
redistribuição mais equitativa do desenvolvimento entre os países. Existe um clamor
para que os países subdesenvolvidos também tenham a oportunidade de alcançar níveis
de desenvolvimento mais elevados, visando a redução das desigualdades percebidas
tanto em termos econômicos quanto ambientais a nível global.
Diante do reconhecimento de que não é possível simplificar a complexidade das
questões ambientais por meio de modelos de valoração de externalidades, e com o
objetivo de redefinir a concepção de desenvolvimento, emerge, naturalmente, a
necessidade de implementar ações voltadas para a preservação do meio ambiente ou que
incorporem considerações ambientais (Santos, s.d, p.11).

3.3 ECONOMIA CIRCULAR


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O sistema econômico tradicional de produção-consumo-descarte está chegando


ao seu ponto máximo. Mesmo com a tecnologia e a produtividade melhorando 40% na
extração de valor das matérias-primas nos últimos 30 anos, o consumo desses recursos
cresceu 150% no mesmo intervalo de tempo (CNI, 2018). Adicionalmente, esse modelo
tem se revelado ineficiente para abordar os principais desafios enfrentados pela
sociedade contemporânea, incluindo a redução da pobreza e das disparidades sociais, as
mudanças climáticas, a escassez de água, a perda de biodiversidade e o esgotamento dos
recursos naturais. No âmbito empresarial, trata-se de um modelo centrado
exclusivamente na redução de custos, com uma perspectiva de curto prazo que não
favorece a criação de valores diferenciados no mercado, como a oferta de serviços e
produtos mais duradouros e de maior qualidade. Uma maneira de enfrentar essa questão
é por meio de um modelo econômico circular, que conecta o crescimento econômico a
um ciclo de desenvolvimento contínuo e positivo. Esse modelo visa conservar e
aprimorar o capital natural, otimizar a produção de recursos e reduzir riscos sistêmicos,
gerenciando estoques finitos e incorporando fluxos renováveis (CNI, 2018).
A Economia Circular é uma ideia que surge de diferentes correntes e
abordagens, que formaram a fundamentação para a discussão sobre o desenvolvimento
sustentável, como: Ecologia Industrial, Gestão do Ciclo de Vida, Economia de
Performance, entre outras. As empresas iniciam a mudança do modelo linear para o
circular ao explorar as possibilidades de inovar nos seus modelos de negócios, criando
processos, produtos e serviços melhores, e ampliando a proposta de valor, recuperando
valores desperdiçados e ignorados por todos os envolvidos (CNI, 2018).

A fabricação de um produto, em geral, segue uma trajetória linear. Os


recursos produtivos minerais, como ferro, cobre, argila; os energéticos, como
gás natural, petróleo, luz solar; e os biológicos, como lã, carne, mel, vegetais
são extraídos e usados para gerar produtos que, depois de consumidos, são
descartados na natureza. Algumas vezes são incinerados, o que gera um outro
problema ambiental. Outras vezes são reciclados. (LEITÃO, 2015). Reciclar
é vital e reciclamos pouco, mas não é a solução uma vez que também gera
externalidades negativas. (FONTANETTI, 2020, p.4)

A economia circular desfaz a conexão entre o crescimento das empresas e o


consumo de recursos. Diferentemente da economia linear, que adota a lógica de
“extrair, produzir e descartar”, a economia sugere que seja aproveitado os recursos em
vez de simplesmente consumi-los. Isso implica eliminar os resíduos desde o design do
produto, em vez de descarta-los diretamente no lixo (Fontanetti, 2020).
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Assim, pode-se inferir que a Economia Circular já apresenta diversas


possibilidades para a economia e a indústria brasileira, contribuindo para agregar e
recuperar valor de maneira mais resiliente e sustentável. Mas, para que a Economia
Circular se expanda e alcance todo o seu benefício, é preciso estabelecer as condições
que favoreçam essa mudança, como educação de alto nível, políticas públicas
direcionadas, infraestrutura adequada à circularidade e tecnologias criativas (CNI,
2018).
A transição para a Economia Circular é fundamentada na inovação, tendo como
principal objetivo a efetividade sistêmica para gerar impactos positivos. Diferentemente
da economia linear, que se concentra apenas na produção, a Economia Circular amplia
seu enfoque para todo o sistema, buscando maior expansão, diversificação e
durabilidade na criação, propagação e captação de valor. De maneira intencional e
integrada, ela visa restaurar recursos físicos e regenerar funções de sistemas naturais e
humanos, gerando oportunidades econômicas e sociais e promovendo impactos
positivos em sustentabilidade (Silva et al., 2021; Cosenza et al., 2020; James et al.,
2021).
A competitividade impulsionada pela Economia Circular não se limita apenas à
redução de custos, mas principalmente à geração aprimorada de valor. Estratégias como
otimização do uso de materiais, redução de resíduos, melhoria na eficiência dos
sistemas de produção e implementação de modelos de negócios baseados em serviços
são fundamentais nesse processo. Na Europa, por exemplo, a Economia Circular pode
reduzir os custos de mobilidade em 60 a 80% usando sistemas e soluções com energias
renováveis, enquanto no ramo alimentício, práticas que evitam o desperdício podem
economizar de 25 a 50% (Silva et al., 2021; Cosenza et al., 2020; James et al., 2021).
A implementação da Economia Circular tem o potencial de gerar benefícios
significativos em diferentes contextos. Na Índia, estima-se que a Economia Circular
possa gerar benefícios de 624 bilhões de dólares por ano até 2050, enquanto na Europa
esse potencial pode atingir 320 bilhões de euros no mesmo período. No Brasil, várias
oportunidades no setor industrial podem ser exploradas por meio da implementação de
novos modelos de negócios, design inovador e recuperação de materiais, incluindo
setores como o eletroeletrônico, construção civil, setor têxtil e plástico (Silva et al.,
2021; Cosenza et al., 2020; James et al., 2021).
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A indústria manufatureira inglesa, por exemplo, está se reinventando nos


últimos anos: além da atividade fabril, está se tornando prestadora de serviços
de alta qualidade. Um dos casos clássicos desta mudança é a Rolls-Royce, a
qual, nos últimos dez anos, deixou de ser apenas uma fornecedora de turbinas
para se transformar em uma empresa que oferece soluções completas para a
aviação, garantindo a disponibilidade e o funcionamento contínuo destes
equipamentos. Com isso, mais da metade da sua receita tem sido dos serviços
relacionados à manutenção (EXAME CEO, 2017b). (CNI, 2018, P. 20)

O Brasil tem condições de desenvolver a Economia Circular, que impulsiona a


economia e valoriza os produtos, pois tem um dos fatores essenciais: o potencial de
produzir energia renovável. As energias solares, eólica, biomassa de diferentes tipos,
das marés, e outras, criam novas possibilidades com a Economia Circular (CNI, 2018).
Considerando isso, a Economia Circular pode ser compreendida como uma
sugestão de modelo econômico que incorpora várias abordagens e correntes de
pensamento, incluindo a Ecologia Industrial, a Engenharia do Ciclo de Vida, a Gestão
do Ciclo de Vida e a Economia de Performance, entre outras. A Ecologia Industrial, em
termos gerais, abrange dois principais eixos de atuação e pesquisa que se entrelaçam:
um que procura soluções inspiradas nos fenômenos ecológicos, assemelhando-se à
Biomimética, que busca inspiração na natureza, e outro que visa equilibrar os sistemas
naturais e os construídos pelo ser humano, de modo a prevenir impactos ambientais
adversos. A International Society for Industrial Ecology e o Journal of Industrial
Ecology são as atuais plataformas globais de encontro e disseminação desse campo
(CNI, 2018).

A Engenharia do Ciclo de Vida (Life Cycle Engineering - LCE) e a Gestão do


Ciclo de Vida (Life Cycle Management - LCM), a primeira advinda da
Academia Internacional de Engenharia de Produção (CIRP) e a segunda do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), trabalham
junto às perspectivas da Engenharia e Gestão, respectivamente, para
identificar os impactos do ciclo de vida do produto e gerar soluções para
reduzir os impactos negativos deste ciclo, principalmente desde o
desenvolvimento até o fim de vida do produto. (CNI, 2018, p. 20)

Como um conceito em constante evolução, contemporâneo e em


desenvolvimento, a Economia Circular é compreendida principalmente através da
prática. Nesse contexto, as atividades econômicas em uma Economia Circular visam
gerar e recuperar valores de produtos e serviços, mantendo-os por longos períodos e
beneficiando todas as partes envolvidas no sistema econômico (CNI, 2018).
16

A transição para esse modelo é fundamentada na inovação, sendo sua principal


orientação a efetividade sistêmica para gerar impactos positivos. Além de buscar
eficiência e eficácia, a Economia Circular visa produzir resultados positivos para todas
as partes envolvidas no sistema. Destaca-se seu diferencial ao ampliar o enfoque da
produção, característico da economia linear, para todo o sistema, proporcionando maior
expansão, diversificação e durabilidade na criação, proposta e captação de valor. De
maneira intencional e integrada, a Economia Circular busca restaurar recursos físicos e
regenerar funções de sistemas naturais e humanos, gerando oportunidades econômicas e
sociais e promovendo impactos positivos em sustentabilidade (CNI, 2018).
A competitividade impulsionada pela Economia Circular é alcançada não apenas
pela redução de custos, mas principalmente pela geração aprimorada de valor. Entre as
possibilidades de redução de despesas estão a otimização do uso de materiais, a redução
de resíduos, a melhoria na eficiência dos sistemas de produção e a implementação de
modelos de negócios baseados em serviços, entre outras estratégias. A Economia
Circular pode reduzir os custos de mobilidade em 60 a 80% na Europa, usando sistemas
e soluções com energias renováveis. No ramo alimentício, economizar 25 a 50% é
possível com práticas que evitem o desperdício (CNI, 2018).
Na Índia, a Economia Circular é estimada para gerar benefícios de 624 bilhões
de dólares por ano até 2050. Enquanto isso na Europa, esse potencial pode atingir 320
bilhões de euros até o mesmo período. No contexto brasileiro, diversas oportunidades
previamente identificadas no setor industrial podem ser exploradas por meio da
implementação de novos modelos de negócios, design inovador e recuperação de
materiais, levando em consideração também a economia informal já existente. Entre
essas oportunidades, destaca-se o potencial no setor eletroeletrônico, enfatizando a
recuperação de materiais e a oferta de novos serviços; na construção civil, visando à
redução da quantidade de resíduos gerados; no setor têxtil, com a introdução de novos
materiais e a implementação de cadeias circulares de valor; e no setor plástico,
apresentando amplas oportunidades de redução, recuperação e desenvolvimento de
ecodesigns materiais (CNI, 2018).
Assim sendo, a Economia Circular oferece oportunidades para as empresas se
destacarem no mercado e expandirem para áreas não exploradas. Ela cria novas fontes
de receita ao introduzir novos tipos de produtos ou serviços que atendem às
necessidades dos consumidores de maneira inovadora. Dessa maneira, é possível extrair
valor por meio de diversos ciclos de produtos, entre outras oportunidades, como
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aprimorar a interação com os clientes, fortalecer a fidelidade à marca e promover maior


retenção de clientes. Empresas que adotam uma perspectiva de longo prazo, com ênfase
na inovação e na criação de valor, conforme preconizado pela Economia Circular,
demonstram um desempenho econômico superior em comparação com outras. Segundo
Barton, et al, (2017), esses benefícios correspondem a uma média de 36% de aumento,
com receita 47% superior e lucro de 81% maior. É notável como a Economia Circular
pode impulsionar o desempenho financeiro das empresas, ao mesmo tempo em que
promove práticas sustentáveis e responsáveis (CNI, 2018).
O conceito de sustentabilidade ambiental apresenta diversas interpretações,
dentre as quais se citem: a visão de Kazazian (2005), no qual o desenvolvimento
sustentável é o que concilia crescimento econômico, preservação do meio ambiente e
melhora das condições sociais; a de Manzini e Vezzoli (2005), que conceituam a
sustentabilidade ambiental como as condições sistêmicas segundo as quais, a nível
regional e global, as ações humanas não devem perturbar os ciclos naturais
fundamentais que sustentam tudo o que a resiliência do planeta permite.
Simultaneamente, é imperativo que essas atividades não empobreçam o capital natural,
que será legado às gerações vindouras. Os dois conceitos têm abordagens distintas, a
Economia Circular concentra-se no desenvolvimento econômico sustentável,
promovendo a utilização de recursos e a minimização de resíduos, com foco está na
criação de um ciclo contínuo e positivo, onde os recursos são reutilizados e reciclados.
Os Reflexos nos Fluxos Naturais têm o enfoque nos impactos ambientais resultantes das
atividades econômicas e considera como essas ações afetam os ecossistemas, os
recursos naturais e os ciclos naturais, como a água, o solo e o ar. Ambos são cruciais
para alcançar um equilíbrio entre o crescimento econômico e preservação ambiental
(Borchardt, et al, 2007).
Os bens de consumo são instâncias da cultura material, sendo considerados
oportunidade para a expressão do esquema estabelecido pela cultura. Assim como
outras manifestações da cultura material, esses objetos possibilitam a expressão pública
e visual de categorias culturalmente distintas, codificando-as por meio de um conjunto
de diferenciações materiais presentes nos bens. Dentro desse contexto, observa-se uma
crescente preocupação da sociedade com a exaustão dos recursos naturais e a
degradação ambiental. Muitas empresas tem adotado abordagens mais sustentáveis para
enfrentar essas preocupações. Elas estão desenvolvendo produtos e adotando processos
que são cada vez mais amigáveis ao meio ambiente. Essa mudança para práticas mais
18

“verdes” é essencial para promover a sustentabilidade e reduzir o impacto ambiental. A


eficiência ambiental de produtos e processos tem se destacado como um elemento
crucial para alcançar o sucesso. Por essa razão, as empresas estão cada vez mais
buscando reduzir seus danos ao meio ambiente. Isso exige que elas pensem que os
novos produtos devem atender às expectativas dos consumidores, que estão mais
conscientes das questões ambientais. Portanto, para as empresas permanecerem no
mercado e alcançarem competitividade, é essencial adaptar seus produtos a esse cenário
(Ferreira, et al, 2008).
Porquanto a questão da economia ambiental e as relações entre meio ambiente e
economia ainda estão buscando desenvolver-se e assim permanecerão por muito tempo,
visto que existem interessem envolvidos e a evolução da tecnologia buscando associar a
sustentabilidade. De acordo com pesquisas, muitas empresas reconhecem a relevância
de adotar matérias-primas e métodos que causem menos impacto ambiental. Apesar de
ainda não utilizarem totalmente todos os recursos disponíveis. É importante ressaltar a
grande relevância, para o ecodesign, da escolha adequada de matérias-primas que
causem menos impacto ambiental (Borchardt, et al, 2008).
Dessa forma, essa consideração ecológica terá impacto direto nos custos,
levando em conta o tempo empregado nas operações, os materiais utilizados e a redução
da energia de produção. Outro ponto relevante a ser enfatizado diz respeito às
influências do mercado, que se manifestem por meio de consumidores que tem
preferência por produtos produzidos de maneira ecologicamente responsável. Contudo,
o ecodesign deve ser percebido como uma oportunidade que estimula a adoção de
abordagens proativas em relação ao mercado. Portanto, acabará por estimular o senso de
responsabilidade social da empresa, fazendo com que aconteça a busca por um melhor
nível de qualidade e redução dos custos dos produtos, refletindo inclusive na melhoria
da imagem da empresa perante a opinião pública (Borchardt, et al, 2008).

3.4 ECODESIGN

Ações promovidas por entidades governamentais, acadêmicas e empresariais


têm buscado reverter a situação de deterioração dos recursos naturais que é evidenciada
em determinadas regiões do planeta. Este cenário tem sido agravado por diversos
fatores, dentre os quais se destacam: o estilo de vida de algumas sociedades
consumistas; o crescimento dos países emergentes; o envelhecimento da população dos
19

países desenvolvidos; as desigualdades entre regiões do planeta (o consumo de água de


um norte americano é vinte vezes superior ao de um africano); e o ciclo de vida dos
produtos cada vez menor. O Ecodesign é fundamental para o progresso do
desenvolvimento sustentável, pois busca alternativas mais eficientes na criação e
evolução de produtos, considerando as questões ambientais e econômicas durante todo o
ciclo de vida do produto (Sales, et al 2017).
De acordo com Garcia (2005) a perda de produtos por falha ou por falta de
embalagem traz consequências negativas para o meio ambiente e que se não corrigidas a
tempo podem ser irreversíveis, pois a “energia usada para produção de alimentos é bem
maior que a energia necessária para a produção das embalagens usadas para conservar o
produto e permitir sua distribuição e consumo”. Frente a essa situação, o ecodesign de
embalagens o Brasil deve harmonizar a função essencial das embalagens, que é
acondicionar e proteger produtos, com variadas condições ambientais do país. Isso
implica levar em conta a infraestrutura de transporte, garantindo uma distribuição
adequada, bem como considerar as diversas condições climáticas nas diferentes regiões
para preservar os produtos de maneira mais eficaz.
O designer desempenha um papel crucial ao antecipar e mitigar os impactos
ambientais, mesmo quando não explicitamente solicitado pelo cliente. No contexto do
ecodesign de embalagens, o objetivo é sempre oferecer ao consumidor a melhor
alternativa para consumir um determinado produto, buscando constantemente aprimorar
e adotar práticas sustentáveis. Essa abordagem não apenas o meio ambiente, mas
também contribui para a satisfação do cliente e a conscientização sobre escolhas
responsáveis. Mesmo que isso signifique a desmaterialização física da embalagem, para
a oferta de um sistema de serviço, onde o consumidor ao invés de comprar o produto
acondicionado em uma embalagem material, passaria a ter alguém ou alguma máquina,
prestando a ele o serviço correspondente (Garcia, 2005).
Diante disso, profissionais de design desempenham um papel crucial, dada a sua
posição singular que lhes permite influenciar estratégias ambientais (Borsboom, 1991
apud Boks, 2006). Essa influência pode ser exercida através da alteração de foco,
conferindo ao ambiente um papel central durante a definição dos parâmetros do
produto. Nos anos 90, surgiu a concepção do Ecodesign, quando a indústria eletrônica
dos Estados Unidos procurava uma abordagem para reduzir o impacto ambiental
decorrente de suas operações. Desde então, o interesse no assunto cresceu rapidamente,
20

e os termos "Ecodesign" ou "Design for Environment" tornaram-se comuns,


frequentemente associados a programas de gestão ambiental (Borchardt, et al, 2007).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o Ecodesign como
um processo de projeto que busca integrar os aspectos ambientais ao longo do ciclo de
vida do produto, desde a concepção até o descarte (ABNT, 2011). Para mais, há
diversas metodologias e ferramentas para implementar o Ecodesign, como o Design for
Environment (DfE) e o sistema de gestão ambiental (ISO 14006).
Cabe destacar a importância de integrar a gestão ambiental ao planejamento
estratégico das empresas do setor industrial (Mallach et al., 2011; Nascimento et al.,
2013), incluindo a implementação de práticas de Ecodesign, com a seleção de materiais
e design de produtos mais sustentáveis (Ljungberg, 2005).
Nesse sentido, a ABNT desenvolveu diretrizes para a incorporação do
Ecodesign na gestão de sistemas ambientais. Conforme descrito na ABNT NBR ISO
14006 (2011) e conforme proposto por Hans Jonas, o princípio da responsabilidade
também será discutido como um princípio ético para os novos tempos em relação à
civilização tecnológica (Battestin; Ghiggi, 2010).
Assim, há várias pesquisas sobre a aplicação do Ecodesign na indústria, como a
pesquisa de caso da indústria automotiva realizado por Borchardt et al. em 2008,
destacando os benefícios do Ecodesign na redução dos impactos ambientais e a
avaliação da presença de práticas Design for Environment (DfE) no desenvolvimento de
produtos da indústria química em 2012. Para mais, Borchardt et al. (2010) aplicaram o
Ecodesign na indústria de fabricação de calçados para redesenhar uma estrutura de
suporte. Estas pesquisas apontam para desafios e oportunidades para a implementação
do Ecodesign nas indústrias, como a necessidade de mudanças culturais e a necessidade
de incluir aspectos ambientais desde a concepção do produto (Andrade, 2008).
Há inúmeros escritos que avaliam os impactos do Ecodesign no
desenvolvimento sustentável. Deutz et al. (2013) mostram que a aplicação do
Ecodesign em uma estrutura de processo de design pode trazer benefícios econômicos
para as empresas de modo geral, como por exemplo a redução de custos e aumento da
competitividade. Ainda existem pesquisas que demonstram que a implementação de
práticas de Ecodesign pode contribuir para a diminuição da perda ecológica do produto
e para a promoção da responsabilidade social e ambiental das empresas (Andrade,
2008).
21

A implementação do Ecodesign no contexto de um processo de design


estruturado foi estudada por Deutz et al. (2013) por meio de uma pesquisa empírica
interdisciplinar de fabricantes do Reino Unido. Já Kraetz et al. (2013) destacarm a
relevância dos sistemas de gestão ambiental, da produção mais limpa e do Ecodesign
como fatores diferenciadores e inovadores para as empresas no Brasil.
Dentro da série de pesquisas mencionadas, importa citar Kuehr (2007), que
propôs uma categorização e definição de tecnologias ambientais, enquanto Lisboa
(2009) discutiu a ética e a cidadania planetária na era tecnológica, particularmente em
relação ao tratado ambiental, denominado Convenção de Basileia. Já Ljungberg (2005)
comunicou referente à necessidade da seleção responsável de produtos em termos de
design e materiais. Mota (1986) debate sobre os aspectos históricos, culturais e sociais
do trabalho e Ornellas (1991) discutiu os aspectos sociais e históricos do meio ambiente.
Em 2004, Santos apresenta um modelo estruturado de gestão do conhecimento
para indústrias de base tecnológica, o qual pode ser utilizado a fim de avaliar a
implementação do Ecodesign em empresas. E em 2009, Mankins apresenta uma nova
abordagem para a avaliação da maturidade tecnológica e dos riscos associados à
implementação de novas tecnologias. Segundo ele, esta abordagem é importante para a
avaliação dos riscos e benefícios associados à implementação do Ecodesign na indústria
eletrônica (Andrade, 2008).
A implementação do Ecodesign nas indústrias emerge como uma estratégia
vantajosa, proporcionando benefícios tanto ambientais quanto econômicos para as
empresas (Munaro et al., 2022). No entanto, sua adoção enfrenta alguns desafios, como
a falta de conscientização sobre a importância da sustentabilidade e a necessidade de
investimento em tecnologias mais limpas (Schäfer & Löwer, 2020).
O conceito de ecodesign visa criar soluções que sejam economicamente viáveis,
socialmente justas e ecologicamente responsáveis. Ele engloba fatores como
desenvolvimento sustentável, redução de resíduos e emissões, e a abordagem do ciclo
de vida dos produtos. O objetivo principal é satisfazer as necessidades atuais sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias
necessidades (Topleva & Prokopov, 2020).
Essa abordagem está intrinsecamente ligada ao princípio do desenvolvimento
sustentável, que preconiza atender às necessidades presentes sem comprometer a
capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Portanto, o
desenvolvimento sustentável abarca uma visão holística do meio ambiente,
22

considerando também fatores políticos e sociais que impactam a qualidade de vida e a


preservação ambiental, como a expansão populacional, a demanda por maior produção
alimentar, o endividamento dos países em desenvolvimento, a prevalência da pobreza e
a limitação dos recursos naturais (García-Sánchez et al., 2020).
De acordo com Almeida e Melo (2012), a gestão da tecnologia e a aprendizagem
organizacional são fundamentais para a implementação de práticas sustentáveis em
empresas. Neste sentido, a implementação do Ecodesign pode ser vista como uma
estratégia para promover a sustentabilidade na indústria, desde o projeto até o descarte
dos produtos.
Há também algumas pesquisas que mostram a importância da certificação
ambiental para as empresas, já que o mesmo pode ser um diferencial competitivo para
as instituições do setor industrial, pois demonstra seu comprometimento com a
preservação ambiental e pode atrair clientes e investidores interessados em produtos e
serviços mais sustentáveis. Para mais, a certificação ambiental pode ajudar as empresas
a identificar e corrigir problemas ambientais, aumentando a eficiência operacional e
reduzindo os custos (Ribeiro, 2013).
Portanto, compreende-se que o principal propósito do ecodesign é desenvolver
produtos ecoeficientes, sem prejudicar seus custos, qualidade e restrições temporais
durante o processo de fabricação.

3.5 INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS E SUSTENTABILIDADE

Na perspectiva da sustentabilidade, a busca pelo equilíbrio ambiental está


intrinsecamente ligada à eficiência operacional. Em todas as operações, tanto nas
fábricas quanto nas atividades comerciais, é crucial minimizar a utilização de recursos
naturais por meio da adoção de processos e tecnologias inovadoras (Meio Sustentável,
2024).
Para a indústria farmacêutica, a sustentabilidade é um tema crucial, pois essa
área desempenha um papel significativo na economia global e na saúde pública. De
acordo Silva, et al. (2023), a indústria farmacêutica, embora essencial para a economia,
enfrenta o desafio de ser uma das dez indústrias mais impactantes em termos de
poluição global.
Nesse ramo das indústrias, os resíduos abrangem medicamentos obsoletos,
materiais rejeitados pelo controle de qualidade e embalagens. Muitos desses resíduos
23

são considerados perigosos, contendo substâncias inflamáveis, corrosivas e reativas, o


que pode contaminar o solo, o ar e a água (Pimenta, 2021).
Conforme Pimenta (2021), estudos indicam que a indústria farmacêutica emite
gases poluentes, incluindo o dióxido de carbono (CO2). A cada US$1 milhão (um
milhão de dólares) de produção, são liberadas aproximadamente 48,55 toneladas de
CO2, tornando-a mais poluente do que setores como o automotivo. Além disso, a
contaminação dos recursos hídricos por resíduos farmacêuticos é uma preocupação em
crescimento. Antibióticos têm sido encontrados em rios, e patógenos super resistentes
foram identificados nas proximidades das fábricas de medicamentos.
De acordo o Jornal Impresso Contexto “Indústrias farmacêuticas goianas salvam
vidas com sustentabilidade ambiental” publicado em 17 de junho de 2021 “em
comemoração ao Meio Ambiente, o Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado
de Goiás (SINDIFARGO) em parceria com alguns de seus associados, vem a público
apreciar algumas das ações de sustentabilidade ambiental em curso por várias indústrias
em Goiás.” (p. 1) A GEOLAB, empresa farmacêutica situada no Distrito Agro
Industrial de Anápolis (DAIA), desde o início de sua operação em 1999, definiu, por
meio da alta administração, que a responsabilidade pela sustentabilidade ambiental seria
compartilhada por todos os colaboradores e pela diretoria da empresa (Portal Contexto,
2021).
A empresa introduziu uma Plataforma de Sustentabilidade e constituiu um
comitê com representantes de todas as áreas estratégicas, visando preservar o meio
ambiente e promover o desenvolvimento da comunidade por meio de práticas
sustentáveis, gerando empregos e melhorando a qualidade de vida. Diversas iniciativas
foram implementadas, como: o desenvolvimento do novo site alinhado aos conceitos
mais inovadores com baixo impacto ambiental; a utilização de iluminação com
lâmpadas LED e a implementação da tecnologia Laserway em toda a linha produtiva,
visando reduzir significativamente o consumo de energia e resíduos; a gestão de
resíduos dentro do conceito de economia circular; o estabelecimento do Programa
"Aterro Zero", resultando em uma redução de 26% no total de resíduos por unidade
produzida e atingindo 100% de reaproveitamento em 2021; o estímulo aos
colaboradores para desenvolverem projetos de redução no consumo de água e energia,
resultando em reduções significativas; a implementação de estações de tratamento de
efluentes próprias nos sites para atender aos padrões de qualidade; a execução de ações
desde 2003 para a recuperação de ambientes naturais, incluindo a criação do Programa
24

Biodiversidade GEOLAB, que ultrapassou as fronteiras da empresa; o Programa


Neutralização de CO2, gerenciando o total de mudas como parte da iniciativa Futuro
Sustentável (Portal Contexto, 2021).
Dentre as empresas do ramo farmacêutico que adotaram tecnologias de
ecodesign localizadas na cidade de Montes, são exemplos notáveis a Novo Nordisk, que
é a maior fábrica de insulina da América Latina (Novo Nordisk, 2024) e a Eurofarma,
que tem previsão de operação para 2024 e é uma multinacional com sede em São Paulo,
responsável por produzir mais de 430 produtos no Brasil (Eurofarma, 2024).
A Novo Nordisk tem como meta uma estratégia de impacto ambiental zero,
chamada de Circular For Zero que, com foco em utilizar eletricidade 100% renovável
desde 2020, eles pretendem gerar 0% de CO2 nas operações de produção e de transporte
até 2030. Nessa meta estão incluídas projeções de produtos ecológicos, redefinindo os
produtos já existentes e projetando os novos, desde a matéria-prima até a montagem e
aproveitamento de resíduos. Além disso, eles priorizam trabalhar com fornecedores que
compartilhem a mesma linha de pensamento da economia circular (Novo Nordisk,
2024).

Durante o segundo semestre de 2022, além da lagoa, a fábrica também


direcionou seus esforços para a construção de uma Estação de Tratamento de
Água, com sistemas de decantação, filtragem, ultrafiltração e purificação da
água para atendimento aos requisitos legais de potabilização. Este sistema
passou por um processo de validação e aprovação da Vigilância Sanitária
para ser autorizado a reutilizar a água da chuva na fabricação de
medicamentos. (ÉDER, 2023)

Apesar da Eurofarma ainda não estar completamente instalada na cidade, ela


compartilha em seu site as informações sustentáveis que são utilizadas em suas fábricas,
que são interessantes destacar. A página do referido site apesenta a visão e as iniciativas
para promover o equilíbrio ambiental e a excelência operacional em todas as suas
atividades, destacando os projetos e as tecnologias inovadoras para reduzir e otimizar o
consumo de água, como o sistema de reuso, a parceria com um projeto social chamado
AMA, que é um projeto da Companhia de Bebidas das Américas (AMBEV) que destina
100% de seu lucro para projetos que levem infraestrutura hídrica a comunidades e
localidades necessitadas, e a operação de osmose reversa, denominada como eficiência
hídrica. Há também a eficiência energética, que são ações para reduzir o consumo de
energia e utilizar fontes renováveis, como a certificação ISO 50.001:2018, o acordo com
a Omega Energia para a autoprodução de energia eólica e a política de abastecimento de
25

etanol. Além disso, a página explica sobre a gestão de resíduos gerados no processo
produtivo, como o coprocessamento, a coleta seletiva, a compostagem, o programa
Descarte Correto de Medicamentos e o selo Verde (Eurofarma, 2024).
Importa destacar que é fundamental para as indústrias obter a certificação
ambiental ao atender requisitos que as impulsionem a isso, pois além de contribuir para
o meio ambiente, ajudam na competitividade do mercado. Um dos principais
certificados é o ISO 14.001 que tem o objetivo de garantir a preservação ambiental e a
segurança da saúde pública. Além desse, é importante citar o NBR ISO 16.001 que
aborda a responsabilidade social da empresa e possui os requisitos mínimos de políticas
éticas, cidadania e desenvolvimento sustentável; e o ISO 26.000 que objetiva
recomendações para sustentabilidade empresarial com foco em procedimentos e padrões
em programas sustentáveis e o Rótulo Ecológico da ABNT que considera o ciclo de
vida do produto (extração, fabricação, distribuição, uso e descarte) (Pimenta, 2021).
Dessa forma, destaca-se a relevância do ecodesign como estratégia para
promover a sustentabilidade na indústria, com várias pesquisas evidenciando seus
benefícios e desafios, considerando o princípio da responsabilidade e a ética na
civilização tecnológica. A implementação do ecodesign e da certificação ambiental é
reconhecida como fundamental para o desenvolvimento sustentável, proporcionando
benefícios econômicos, ambientais e sociais quando integradas à gestão estratégica das
empresas.
26

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa consiste em pesquisa aplicada, de caráter exploratório e


descritivo, cuja análise de dados se dará por meio de avaliação qualitativa, considerando
o objetivo geral desta pesquisa que é avaliar a implementação do Ecodesign nas
principais indústrias farmacêuticas da cidade de Montes Claros e seus impactos no
desenvolvimento sustentável.
Pretende-se identificar as indústrias farmacêuticas que já implementaram o
ecodesign, analisar o processo de implementação do ecodesign, compreendendo como
essas indústrias incorporaram o ecodesign em suas operações, identificar os desafios,
resultados e dificuldades enfrentados durante a implementação, avaliar os impactos do
ecodesign no desenvolvimento sustentável e propor um método aplicável a indústrias
que ainda não adotaram essas diretrizes do ecodesign, definindo assim, os objetivos
específicos desta pesquisa.
Para alcançar os objetivos, serão realizadas entrevistas com gestores das
principais indústrias farmacêuticas de Montes Claros, para buscar informações sobre a
principal motivação para a implementação do Ecodesign em suas indústrias e seus
resultados em relação ao impacto na natureza, na economia e na competitividade;
análise de relatórios de sustentabilidade, apresentados pelos mesmos gestores, para
obter dados registrados em relação aos resultados e pesquisa bibliográfica, para buscar
informações sobre o assunto e especialmente na legislação voltada para a
sustentabilidade. Essas informações serão utilizadas para identificar os principais
desafios e oportunidades para a implementação do Ecodesign e avaliar os impactos no
desenvolvimento sustentável. A pesquisa será dividida em etapas, que incluem a coleta
de dados, análise dos dados coletados e elaboração do guia de implementação de
Ecodesign.
Gil (2010) destaca a importância de se elaborar projetos de pesquisa com
metodologias adequadas, para garantir a qualidade e validade dos resultados obtidos. E,
de acordo com Martins e Theóphilo (2009) é importante definir e conceituar a estratégia
de pesquisa que corresponde ao planejamento e estruturação da pesquisa.
Para alcançar este objetivo, serão utilizadas as seguintes metodologias:
Realizar o levantamento de dados visando orientar o planejamento dos
procedimentos de coleta e análise dos dados empíricos, através de entrevistas com
gestores das indústrias do ramo farmacêutico do município de Montes Claros que já
27

implementaram, as práticas de Ecodesign, com o objetivo de identificar os principais


desafios e oportunidades para a implementação destas práticas. Pois, de acordo com
Martins e Theófilo (2005), essa abordagem de pesquisa é adequada quando o
pesquisador pretende abordar questões relacionadas à distribuição de uma variável ou às
interações entre as características de pessoas ou grupos, de modo semelhante ao que
ocorre em situações naturais.
Analisar os relatórios de sustentabilidade gerados pelas indústrias de Montes
Claros, com o objetivo de avaliar a implementação de práticas de Ecodesign e seus
impactos no desenvolvimento sustentável.
Para coletar os dados, será utilizada uma entrevista semiestruturada, considerada
a mais adequada apara este estudo, pois essa abordagem permite ao pesquisados
interagir com o objeto de pesquisa, buscando compreendê-la em seu contexto e
ambiente. (Gil, 2010) Os respondentes serão os gestores das indústrias ou pessoas
ligadas à gestão.
Segue modelo da entrevista semiestruturada, elaborada com base em
informações das bibliografias apresentadas nessa pesquisa, com perguntas separadas por
tópico:
1. Responsabilidade Ambiental:
a. Como sua empresa farmacêutica está minimizando o impacto
ambiental? Quais medidas específicas estão sendo tomadas para
reduzir as emissões de gases de efeito estufa?
b. Como vocês gerenciam os resíduos químicos resultantes da
produção de medicamentos?
2. Logística Sustentável:
a. Quais estratégias de logística sustentável sua empresa adota? Isso
inclui o uso de transporte menos poluente, otimização de rotas e
práticas de armazenamento ecoeficientes?
b. Vocês implementam logística reversa para reciclagem de
materiais de embalagem e reutilização de recipientes?
3. Inovação e Ecodesign:
a. Como sua empresa integra princípios de ecodesign na criação de
novos produtos farmacêuticos? Vocês consideram o ciclo de vida
completo do produto?
28

b. Quais materiais e processos são preferidos para minimizar o


impacto ambiental?
4. Transparência e Responsabilidade Social:
a. Como sua empresa comunica suas práticas sustentáveis aos
stakeholders? Existe transparência em relação às dinâmicas
comerciais e patentes?
b. Vocês têm programas de responsabilidade social voltados para a
saúde e o meio ambiente?
5. Desafios e Oportunidades:
a. Quais são os principais desafios enfrentados pela indústria
farmacêutica em relação à sustentabilidade? E quais
oportunidades vocês veem para melhorar ainda mais?

Com base nas informações coletadas nas entrevistas e na análise dos relatórios
de sustentabilidade e na pesquisa bibliográfica, serão elaboradas recomendações para a
implementação de práticas de Ecodesign nas indústrias do ramo farmacêutico do
município de Montes Claros.
E, finalmente, elaborar um guia para implementação do Ecodesign em indústrias
farmacêuticas, com base nas recomendações obtidas a partir desta pesquisa, com o
objetivo de auxiliar as empresas nesta implementação.
Assim, a presente pesquisa consiste em pesquisa aplicada, de caráter
exploratório e descritivo. Nesse sentido, os resultados serão apresentados sob a forma
qualitativa, a partir da coleta de informações de fontes secundárias, incluindo revisão
bibliográfica e a amostra será composta pelas principais indústrias do ramo
farmacêutico no município de Montes Claros, que já implementaram ou pretendem
implantar práticas de Ecodesign.
29

5 CRONOGRAMA

2023
Atividades J F M A M J J A S O N D
Reavaliação do projeto junto X X
ao orientador
Pesquisa bibliográfica e X X X X X
documental
Escrita científica X X

2024
Atividades J F M A M J J A S O N D
Coleta de dados: organização e
execução de entrevistas e X X X X X X X X X X
sistematização dos dados
coletados.
Análise de dados X X X X X X X
Sistematização da análise X X X X X X X
documental e bibliográfica
Escrita científica X X X X X X X X X X
Qualificação para a defesa da X X X X X X
dissertação
Revisão do material teórico X X

2025
Atividades J F M A M J J A S O N D
Defesa da dissertação X X
30

REFERÊNCIAS

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