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.42.RitaDiasAraújofoionomeusadoporumamulherafricana,escravae,depois,liberta.
p
TeveumafilhacomAntoniodaCostaPeixoto,MariaDiasdeAraújo.Umamarcadecruzem
ação de crédito é o único registro disponível de seu próprio punho.
. 42. Apesar da nova vertente da historiografia pôr o escravo como sujeito histórico, a
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dimensão linguística da experiência da escravidão tem aparecido em estudos apenas isolados.
. 43. Dimensão linguística se incorpora à reflexão sobre a sociedade escravista, sobre as
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formas de contato, relação e comunicação entre seus agentes e atores.
. 44. Segunda perspectiva: comunicação travada “com africanos” pelos diferentes atores e
p
instituições envolvidos na construção da ordem escravista (missionários ou autoridades
centrais/locais).
↪ Construção de um conhecimento linguístico decodificado em gramáticas, vocabulários e
catecismos, de forma similar aos grupos línguas indígenas, como aponta Bessa-Freire.
Exemplo:ArtedaLínguadeAngola,dePedroDias:domíniolinguísticosobre
o quimbundo; ou doutrinação e catequização pelos intérpretes.
. 45. Documentação de proprietários de escravo, feitores, capitães do mato e agentes da
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ordem são de extrema importância para entender como se construiu acomunicaçãocomos
falantes de línguas diferentes.
. 45. Terceira perspectiva: como os africanos travavam entre si formas de comunicação e
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sociabilidade no mundo escravista?
- Comunicação “entre africanos” e a política linguística africana.
.46.DocumentosdePeixotoservemparapensaracomunicaçãoeexpressãodeafricanase
p
africanos na ordem escravista.
- Explicações sobre os documentos, principalmente sobre a Obra Nova.
. 48. AscensãodoDaomé>escravizaçãodediferentespovosdaregião,categorizadospelo
p
tráfico como Mina.
↪ África Ocidental e a diversidade linguística. Dentre várias famílias, o complexo dialetal
gbecompõeabasedoquePeixotoidentificacomolínguamina.Essecomplexodialetal,como
milhões de falantes nos atuais Gana, Togo, Benim e Nigéria, tem alto grau de
intercompreensão.
- Mina engloba diferentes povos e etnias africanas.
OBS.: não se deve associar a categoria mina com a língua mina, pois podesetratardeum
falantedeiorubá,nagônoBrasil,queédeumafamílialinguísticadiferente(émina,masnão
é gbe - lembrar das famílias do tronco nigero-congolês, apontado por Margarida Petter)
- Fon como léxico registrado em Peixoto.
. 48: Elos de sociabilidade étnica: apadrinhamento de escravos pela mesma nação e
p
participação em irmandades.
.49:Alínguageralnãoanulavaossentimentosdeidentidadeparticulares,correspondentes
p
ao conceito de línguas gbe definido por Hounkpati Capo.
scrita
E
p. 51: Diante da situação de escravidão nas Américas, os africanos estabeleceram relações
com os diversos sistemas linguísticos correntes, aprendendo e se apropriando na língua
senhorial, da língua da ordem escravista, mantendo e adaptando suas línguas maternas,
sofrendorupturasnassuaspossibilidadesdecontato.Alémdisso,arelaçãocomalinguagem
escritaseimpunhaasuasvidas:aescritaeraumdossistemáticoseimportantesinstrumentos
de poder e autoridade da escravidão, da colonização e da formação do Estado.
. 51. O acesso à escrita era claramente verticalizado, dominado por grande parte dos
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imigrantesquejácontavamcomoensinodasprimeirasletrasemPortugal,ecomumnúmero
quase invisível de letramento de forros, o desejo de instrução, para si ou para os filhos, é
encontrado em diferentes situações de africanos ou descendentes.
. 51. Ainda que escravos alfabetizados tenham sido poucos, e libertos talvez um pouco
p
menos raros, a escrita estava em suas vidas. Um exemplo disso é Rita que, com sua mão,
assinala sua cruz, dizendo “por não saber ler nemescrever,pediaBentodaCostaSampaio
queestepormimfizesseocomotestemunhaassinasse,eumeassineicomomeusinalqueé
uma cruz”, tratando-se, assim, de participar de um ritual de poder, que é a escrita.
p. 52. Como afirma Camila, a escrita, dominada ou não, desempenhava papel central.
.52.Levaremconsideraçãoqueacomunicaçãodosafricanosfoiumadimensãoestratégica
p
para eles.
intimidade
A
p. 53. Alguns apontamentos sobre como isso aparece na Obra Nova, eIvanainiciafalando
sobre ser “no corpo” que a tradução começa.
. 53. Importante ressaltar que, no contexto em foco, eram multifacetadas as relações de
p
família,conjugalidade,maternidade,muitolongedoconceitodefamíliapatriarcalesenhorial.
Os autores Figueiredo e Furtado buscam superar a clave de “desordem”, produzida pela
tentativa de controle estatal e eclesial, observando arranjos familiares e conjugais variados,
experiências de fato que não correspondem a modelos, estabilidades possíveis em meio às
instabilidades constitutivas de uma sociedade escravista e desigual.
. 54. Algunspontoscomopai,mãeeirmãoaparecemnovocabulário,bemcomoaquestão
p
da prostituição, já que havia quem lucrasse com o serviço sexual de escravas.
.54.Reforçandodenovoorompimentocomaideiade“desordem”familiar,aautoraexplica
p
queasrelaçõesconsensuaiseafetivasnãomerecemserrotuladasde“desordem”,oucomuma
informalidade ligeira e superficial. Diante do acirrado olhar eclesial contra as práticas “de
ofensas a Deus”, casais e famílias se formaram, forjando uma legitimidade de cuidado e
assistência mútua que deixou indícios nas devassas e outras ações de controle.
. 56. A inconsistência do estereótipo de uma incomunicabilidade africana, a que estariam
p
fadados pela diversidade de línguas, ou por uma imaginária e nunca referenciada política
senhorial de diversificação étnicas nas suas propriedades.
.56.ApartirdasegundametadedoXIX,apósaformaçãodoEstadoNacionalconsolidado
p
pela Independência, a língua portuguesa se consolidou, levando a formas já distintas de
inserção dos falantes de língua africanas.Arelaçãocomashistóriasdosgruposindígenasé
igualmente pertinente, e os africanos também usaram línguas gerais tupis.
. 57.Orepertóriodelínguasparaacomunicaçãodependeriadeseupesodemográfico,mas
p
nemporissoaslínguasminoritáriasforammenosdecisivas.Muitosnãofalavamumalíngua
só. A língua falada na praça podia ser diferente da língua falada nos matos. A da casa
senhorial, diferente da usada na rua.