Camile Antonia Arruda Tasca, Letícia Dantas Oliveira Novais, Edilson Rodrigues

do Prado, Inês Cardin Bressan

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OS DESAFIOS DO PERITO-CONTÁBIL E A IMPORTÂNCIA DA

PERÍCIA CONTÁBIL NOS PROCESSOS JUDICIAIS

THE IMPORTANCE AND CHALLENGES OF FORENSIC

ACCOUNTING IN JUDICIAL DEMANDS

LOS DESAFÍOS DE LA OFICINA CONTABLE Y LA

IMPORTANCIA DEL PERÍODO CONTABLE EN EL
PROCEDIMIENTO JUDICIAL

Camile Antonia Arruda Tasca1

Letícia Dantas Oliveira Novais2
Edilson Rodrigues do Prado3
Inês Cardin Bressan4

DOI: 10.54751/revistafoco.v16n11-218
Recebido em: 20 de outubro de 2023
Aceito em: 20 de outubro de 2023

RESUMO
O presente estudo trata da importância e desafios da perícia contábil nos processos
judiciais. Seu objetivo é evidenciar os principais desafios enfrentados pelos peritos
contadores durante o exercício de sua profissão, pois os laudos periciais são
indispensáveis para a elucidação dos fatos e provas de uma ação judicial, contribuindo
na tomada de decisões. Justifica-se o seu desenvolvimento a necessidade de expor que
embora haja diversos desafios a serem enfrentados pelos peritos-contadores, a perícia
contábil é essencial para a resolução de conflitos de maneira justa e equânime; portanto,
o papel do contador é crucial para a execução da justiça. A perícia contábil desempenha
um papel indispensável no sistema jurídico, pois fornece, mediante imparcialidade e
tecnicidade do perito-contador, análises técnicas especializadas para auxiliar na
resolução de litígios em cujas partes possuem divergências contábeis. Foi adotada a
metodologia de revisão bibliográfica, na qual se fundamentou na busca por artigos cuja
temática encontrou eco na proposta pela pesquisa.. Ao final, constatou-se que os peritos
contadores sofrem com a falta de documentos necessários para elaboração do laudo,
nomeações, concorrência, desunião da classe, insatisfação com o valor dos honorários
periciais, prazo para a realização da perícia, documentos ambíguos, pouco
conhecimento normativo, falta de expertise, dificuldade na elaboração de laudo pericial
etc. Por fim, concluiu-se que o profissional enfrenta desafios desde a decisão de tornar-
1
Graduanda em Ciências Contábeis. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). PR 160, Km 0, Cornélio
Procópio – Paraná, Brasil, CEP: 86300-000. E-mail: camileaat@outlook.com
2
Graduando Ciências Contábeis. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). PR 160, Km 0, Cornélio Procópio
– Paraná, Brasil, CEP: 86300-000. E-mail: le.dantas109@gmail.com
3
MBA em Finanças e Controladoria. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). PR 160, Km 0, Cornélio
Procópio – Paraná, Brasil, CEP: 86300-000. E-mail: edilson.prado@uenp.edu.br
4
Doutora em Letras. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). PR 160, Km 0, Cornélio Procópio – Paraná,
Brasil, CEP: 86300-000. E-mail: ines.bressan@uenp.edu.br

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se um perito contábil até a execução da profissão em si, pois a grade curricular da

graduação em ciências contábeis não capacita os estudantes interessados na área e a
atuação do perito contábil requer a observância de diversas obrigações e formalidades
determinadas por lei.

Palavras-chave: Contador; decisões; desafios; judicial; perito.

ABSTRACT
This study addresses the importance and challenges of forensic accounting in judicial
processes. The objective is to highlight the main challenges faced by forensic
accountants during the course of their profession and, despite these challenges, how
forensic reports are indispensable for elucidating facts and evidence in a legal action,
contributing to decision-making. The development of this research is justified by the need
to expose that despite the various challenges faced by forensic accountants, forensic
accounting is essential for resolving conflicts fairly and equitably; hence, the role of the
accountant is crucial for the administration of justice. Forensic accounting plays an
indispensable role in the legal system, as it provides, through the impartiality and
technical expertise of the forensic accountant, specialized technical analyses to assist in
resolving disputes that involve accounting discrepancies between the parties. A
bibliographic review methodology was adopted, where existing articles on the subject
were selected for the development of this research. In conclusion, it was found that
forensic accountants face challenges ranging from the decision to become a forensic
accountant to the actual execution of the profession, because the undergraduate
curriculum in accounting sciences does not train students interested in the area and the
work of the accounting expert requires compliance with various obligations and
formalities determined by law.

Keywords: Accountant; decisions; judicial; expert.

RESUMEN
Este estudio aborda la importancia y los problemas de los conocimientos contables en
los casos judiciales. Su objetivo es destacar los principales retos a los que se enfrentan
los expertos contables en el ejercicio de su profesión, ya que los informes de los
expertos son indispensables para la aclaración de los hechos y pruebas de acciones
legales, contribuyendo a la toma de decisiones. Su evolución se justifica por la
necesidad de poner de manifiesto que, aunque los expertos contables deben hacer
frente a varios problemas, los conocimientos contables son esenciales para la solución
de los conflictos de manera justa y equitativa; por consiguiente, el papel del contable es
crucial para la aplicación de la justicia. Los conocimientos de contabilidad desempeñan
un papel indispensable en el ordenamiento jurídico, ya que, mediante la imparcialidad y
los conocimientos técnicos del contable, realizan análisis técnicos especializados para
ayudar a resolver las controversias cuando las partes tienen diferencias de contabilidad.
Se adoptó la metodología de revisión bibliográfica, en la que se basó la búsqueda de
artículos cuyo tema se repitió en la propuesta de investigación. Al final, se constató que
los expertos en contabilidad adolecían de falta de documentos necesarios para elaborar
el informe, nombramientos, competencia, desunión de clases, insatisfacción con el valor
de los honorarios de los expertos, plazo para realizar el estudio de los expertos,
documentos ambiguos, falta de conocimientos normativos, falta de experiencia,
dificultad para elaborar los informes de los expertos, etc. Por último, se concluyó que el
profesional ha enfrentado dificultades desde la decisión de convertirse en experto
contable hasta el ejercicio de la la propia profesión, ya que el curso de graduación en
ciencias de la contabilidad no permite a los estudiantes interesados en el área y el
desempeño del experto en contabilidad requiere el cumplimiento de una serie de

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obligaciones y formalidades determinadas por la ley.

Palabras clave: Contra; decisiones; impugnaciones; judicial; experto.

1. Introdução
A perícia contábil judicial desempenha papel fundamental no sistema
jurídico, fornecendo análise técnica especializada para auxiliar juízes,
advogados e partes envolvidas na resolução de litígios de natureza contábil.
Compreender a importância dessa prática e os desafios que envolvem a sua
realização é crucial para garantir a justiça e a equidade nas decisões judiciais.
Nos contextos judiciais modernos, a perícia contábil tem se mostrado cada vez
mais relevante, especialmente em casos envolvendo disputas comerciais,
fraudes financeiras, questões trabalhistas e outras situações que demandam
uma avaliação precisa das evidências contábeis. Nesse sentido, a perícia
contábil judicial atua como uma ferramenta imparcial e técnica, capaz de fornecer
informações objetivas e embasadas cientificamente (De Sá, 2019).
Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo destacar a relevância
da perícia contábil, ainda que haja desafios a serem enfrentados pelos peritos.
Justifica-se o estudo desse tema a necessidade de expor que apesar de
existirem burocracias, desafios e complexidades na perícia contábil, esse ramo
é promissor para os contadores e indispensável para a tomada de decisões
judiciais.
Portanto, o problema de pesquisa norteador desse estudo é qual a
natureza dos desafios enfrentados pelos peritos contáveis judiciais no exercício
de sua atividade, uma vez que o laudo pericial contábil é indispensável para a
formulação de uma decisão judicial, pois revela fatos, ou seja, tem a capacidade
de comprovar alegações. Além disso, questiona-se a importância dos referidos
laudos para a tomada de uma decisão judicial. Dessa forma, esse estudo será
estruturado de modo a indicar a importância da perícia contábil judicial como um
instrumento crucial para a resolução de litígios contábeis, bem como os
principais desafios enfrentados pelos peritos contábeis nesse contexto. Além
disso, serão discutidas as competências necessárias e as melhores práticas
para garantir uma perícia contábil eficiente e imparcial. Com isso, pretende-se

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contribuir para o aprimoramento da prática pericial contábil e para melhor

compreensão de seu papel e do papel do contador no sistema jurídico.

2. Revisão Teórica
2.1 Perícia Contábil
O termo “perícia” é proveniente do latim e significa peritia, isto é,
“conhecimento adquirido pela experiência, pela habilidade, pelo talento”.
Portanto, a análise pericial sobre algo pode ser espécie de prova consistente de
uma hipótese, pois é uma análise formulada com base em conhecimentos
científicos ou técnicos. Portanto, a abordagem pericial é importante pelo fato de
promover clareza e revelar a realidade dos fatos (Crepaldi, 2019, p. 39).
A perícia contábil passou a ser objeto de debate como uma área própria
da contabilidade em 1924, no I Congresso Brasileiro de Contabilidade, no qual
que a área deveria ser formalizada e fiscalizada pelos Conselhos de
Contabilidade das atividades do contador perito. Entretanto, em 1920 já havia
sido publicada uma obra específica denominada “Perícia em Contabilidade
Comercial”, por João Luiz Santos. Posteriormente, em 1929, foi publicado o
Decreto nº 5.746/1929, que restringia ao contador o papel de perito contábil
judicial. Sendo assim, a perícia contábil é uma área relativamente nova, porém
é necessário que o contador cumpra determinados requisitos para se tornar um
perito contábil, conforme será demonstrado na sequência (De Sá, 2019).
Nesse sentido, a perícia contábil “possui objeto, finalidade, alcance e
procedimentos peculiares e é um ramo específico da contabilidade”, sendo
configurada como a declaração técnica sobre um elemento da prova e serve
para provar fatos de acordo com a percepção técnica de um objeto de
divergência. Portanto, é por meio da análise técnica de um contador, que
necessariamente precisa ser perito de acordo com as exigências formais, que
uma divergência contábil é dissolvida. Nesse sentido, a perícia contábil é
utilizada na hipótese de haver discordância, entre as partes de uma demanda
judicial, sobre questões contábeis que impactam na resolução do processo
(Crepaldi, 2019, p. 39). Sendo assim, por exemplo, caso haja uma demanda
relativa ao pagamento de parcelas vencidas de um contrato de mútuo, em que o

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devedor questiona a aplicação de determinadas taxas de juros, alega

abusividade do credor ou cobrança indevida, tal perícia torna-se indispensável
para o esclarecimento da questão, já que revela os aspectos contábeis do litígio,
o que é um elemento de prova essencial para o judiciário prover a decisão
resolutiva da demanda.
Entretanto, a perícia não é obrigatória, mas sim facultativa. Todavia, ela
versa sobre fatos do conflito que ultrapassam a esfera jurídica e atingem a esfera
contábil, daí a necessidade de um perito-contador analisar a demanda na
hipótese de as partes discordarem da situação contábil presente no processo.
Dessa forma, é um mecanismo utilizado pelo juiz, partes, advogados etc. para
obter subsídios, isto é, assistência técnica, para analisar a situação e promover
a solução justa e equânime da causa (Crepaldi, 2019). Ela é responsável por
emitir laudos periciais de forma imparcial, os quais revelam e esclarecem a
situação fática ou jurídica controvertida. A partir desse relatório, o judiciário fica
munido de provas para julgar a ação e proferir a decisão judicial de maneira justa.
As partes do processo ou o juiz pode requerer a produção de prova pericial e
será nomeado um perito contábil com registro ativo no Conselho Regional de
Contabilidade e no cadastro de peritos da comarca em que tramita a ação
(Marques; Peluco; Carizio, 2018).
A partir das informações presentes no processo, a perícia contábil vai
analisá-las de modo a promover a exatidão dos registros dos fatos em relação
aos registros contábeis, averiguar o rigor matemático e analisar se as métricas
contábeis foram aplicadas corretamente por meio das regulações contidas na
Resolução nº 1.243/09, que aprovou a NBC TP 01, a qual dispõe sobre os
deveres do perito-contador e define a sua competência como exclusiva para a
produção desse tipo de prova (Floriani, 2015).

2.2 A Relevância da Perícia Contábil para as Decisões Judiciais

A perícia contábil pode ser configurada como um conjunto de normas e
procedimentos técnicos que fornecem e revelam fatos a partir da análise pericial
de documentos. Nesse sentido, o laudo pericial desempenha função de
elemento comprobatório, isto é, prova processual, a qual é “necessária a

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subsidiar à justa dissolução do litígio ou constatação de um fato” e, além disso,

é um elemento que demonstra a veracidade de uma alegação através de
evidências científicas ou técnicas (Costa, 2017, p. 6).
Sendo assim, o laudo pericial constitui-se como prova, haja vista que
revela a idoneidade de uma narrativa em um processo. Aliás, esse tipo de prova
é previsto por lei, qual seja o Código de Processo Civil, em seu art. 464, que
determina que a prova pericial consistirá em exame, vistoria ou avaliação e essa
análise técnica, nesse sentido, é o exame de um profissional da contabilidade
acerca de um fato relevante para o processo. Entretanto, para que o laudo
pericial tenha a confiabilidade e formalidade necessária para constituir prova em
um processo, é indispensável que esteja de acordo com a Norma Brasileira de
Contabilidade (NBC TP 01), a qual dispõe sobre a estrutura e desenvolvimento
do parecer pericial, como, por exemplo, a etapa de execução, procedimentos,
planejamento e seus objetivos, desenvolvimento, equipe técnica, e cronograma
((Brasil, 2015 apud Pires et al., 2019) apud NBC TP 01).
Dito isso, essa avaliação é indispensável nos casos em que for
necessária, pois impacta diretamente na resolução de conflitos judiciais. O laudo
pericial é capaz de revelar erros de cálculo, fraudes tributárias, falhas em
registros contábeis de uma empresa, apuração de haveres de sócio retirante em
sociedade empresária, apuração de patrimônio, atualização monetária,
aplicação de juros e multas, cálculos em processos de falência e recuperação
judicial para fixar o valor do ativo e passivo da pessoa jurídica, apropriação de
bens, dissolução societária, penhoras, lucros cessantes, prestação de contas,
inventários, análises de contratos bancários, cálculos trabalhistas, análise de
fraude em imposto de renda etc. (Pires et al., 2019).
Dessa forma, o laudo pericial adequa as questões técnicas à realidade,
sem influência de parcialidades, o que contribui efetivamente para tomada de
decisão que proporcione justiça, haja vista que os fatos e números apresentados
de maneira imparcial e fundamentada auxiliam os juízes e demais envolvidos no
processo judicial a compreenderem de forma mais clara e precisa a situação
financeira e contábil em questão. Isso, por sua vez, reduz as margens de erro,
ambiguidades e disputas, promovendo um ambiente mais equitativo e confiável

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para a resolução de conflitos legais relacionados a aspectos financeiros e

contábeis. Portanto, a promoção de informações técnicas contábeis é de suma
importância para as decisões judiciais (Pires et al., 2019).

2.3 O Perito-Contador
O profissional responsável, apto e competente para a realização de
perícias contábeis é um perito contador, devidamente graduado e com registro
no Conselho Federal de Contabilidade (CFC). O perito-contador tem sua atuação
regulada por lei, como por exemplo a NBC TP 01, que dispõe que é dever do
profissional ter zelo na guarda e segurança do processo e dos documentos,
atentar-se ao lapso temporal para a realização da perícia e o item 12 da referida
NBT TP 01 dispõe que “o perito deve utilizar os meios que lhe são facultados
pela legislação e normas concernentes ao exercício de sua função, com vistas a
instruir o laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil com as peças que
julgarem necessárias” (Floriani, 2015 apud CFC, 2020).
O perito também tem obrigações durante o exercício da perícia:

o perito deve documentar os elementos relevantes que serviram de

suporte à conclusão formalizada no laudo pericial contábil e no parecer
pericial contábil, por meio de papéis de trabalho, que foram
considerados relevantes, visando fundamentar o laudo ou parecer e
comprovar que a perícia foi executada de acordo com os despachos e
decisões judiciais, bem como as normas legais e Normas Brasileiras
de Contabilidade (CFC, 2020).

Além disso, ele não pode destoar dos objetivos da perícia, isto é, dos
quesitos formulados pelas partes que, de forma clara, são os questionamentos
a serem respondidos pelo laudo pericial. Nesse sentido, os procedimentos da
perícia devem fundamentar as conclusões do laudo pericial por meio de exames,
vistorias, indagações, investigações, arbitramentos, mensurações, avaliações e
certificações. Finalizado o laudo pericial, o perito deve protocolá-lo nos autos, o
que permite a análise das partes e do judiciário dessa prova (Floriani, 2015 CFC,
2020).
Entretanto, as explanações feitas até então sobre a perícia contábil são
apenas introdutórias, já que existe disposição legal relativa ao cronograma do
planejamento dos trabalhos periciais, aos riscos e custos da perícia e em relação

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à equipe técnica. Sendo assim, a realização da perícia, desde a nomeação do

perito até o protocolo do laudo nos autos, é dotado de disposições legais e
obrigações inerentes à profissão.
Em relação ao desenvolvimento da perícia, a NBT TP 01 define que:

(i) os documentos dos autos são um suporte para obter as informações

necessárias à elaboração do planejamento da perícia; (ii) as diligências
devem ser incluídas no planejamento; (iii) o planejamento deve ser
registrado de forma compreensível; (iv) o planejamento deve ser
revisado e atualizado se novos fator surgirem no decorrer da perícia; e
(v) cabe ao perito-contador a realização do planejamento dos
trabalhos. Em suma, esse planejamento visa evidenciar as etapas da
perícia e o prazo de cada uma. Além disso, antes de aceitar realizar a
perícia, o profissional deve realizar a proposta de honorários,
considerar os riscos decorrentes da responsabilidade civil, despesas e
encargos etc. (CFC, 2020).

Além disso, é disposto que:

O perito-contador deve levar em consideração que o planejamento da

perícia, quando for o caso, inicia-se antes da elaboração da proposta
de honorários, considerando-se que, para apresentá-la ao juízo, árbitro
ou às partes no caso de perícia extrajudicial, há necessidade de se
especificar as etapas do trabalho a serem realizadas. Isto implica que
o perito-contador deve ter conhecimento prévio de todas as etapas,
salvo aquelas que somente serão identificadas quando da execução
da perícia, inclusive a possibilidade da apresentação de quesitos
suplementares, o que será objeto do ajuste no planejamento (CFC,
2020).

Quanto ao cronograma, devem ser mencionadas as i) diligências a serem

realizadas; ii) deslocamentos; iii) necessidade de trabalho de terceiros; iv)
pesquisas que serão feitas; v) elaboração de cálculos e planilhas; vi) respostas
aos quesitos; vii) prazo para entrega do laudo e outros, de forma a assegurar
que todas as etapas necessárias à realização da perícia sejam cumpridas
(Floriani, 2015).
Sendo assim, a perícia contábil compreende não apenas a simples
análise e elaboração de um laudo pericial, pois demanda também a carga ou
recebimento do processo ao ser nomeado como perito, a leitura do processo, a
análise de riscos, a aceitação ou não da perícia, a elaboração da proposta de
honorários, a realização do sumário da perícia com base nos documentos dos
autos, as diligências, a pesquisa documental, o programa de trabalho, que

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compreende a realização do laudo pericial e sim, as revisões técnicas e, por fim,

a entrega do laudo. Além disso, cabe pontuar que é possível que as partes
solicitem um laudo pericial complementar na hipótese de o principal não ter
sanado as dúvidas e convergências (Floriani, 2015).
Ademais, é necessário que o perito contador se inscreva no Cadastro
Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal de Contabilidade,
criado pela Resolução CFC nº 1.502/2016. Para tanto, o profissional deve
realizar um Exame de Qualificação Técnica para auferir o seu nível de
conhecimento e competência técnica-profissional para atuar como perito
contador. O CNPC fornece ao judiciário e à sociedade uma lista de profissionais
qualificados. Entretanto, também é necessário que o perito se cadastre em
sistemas próprios dos tribunais de justiça.
Dessa forma, resta inegável que a atuação do contador como perito-
contábil é árdua e enfrenta diversas burocracias inerentes à atividade, o que
pode dificultar o acesso e escolha dos profissionais por seguirem nesse ramo.
Entretanto, destaca-se ser indispensável um laudo pericial contábil para uma
demanda judicial que tenha divergência das partes ou falta de clareza dos fatos
e informações contábeis para que seja possível proferir uma decisão. Sendo
assim, cria-se um impasse e torna-se pertinente evidenciar a percepção dos
peritos-contábeis acerca dessas considerações, o que será feito na sequência.

3. Metodologia
Esse artigo utilizou-se da metodologia de revisão bibliográfica de estudos
já publicados sobre o tema. Foi estabelecido o critério de inclusão de estudos
publicados a partir de 2015, a fim de obter informações atualizadas e relevantes
sobre o tema. E ainda, foram considerados apenas estudos científicos, como
artigos de periódicos, dissertações, teses e livros acadêmicos.
Além disso, foi realizada uma busca sistemática em bases de dados
acadêmicas, como no Portal de Periódico da Coordenação de aperfeiçoamento
de pessoal de nível superior (CAPES) e Google Acadêmico. Os termos de busca
utilizados incluíram palavras-chave relacionadas ao tema, como "perícia
contábil”, “desafios”, “perito-contador” e “importância”. Após a busca, foram

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selecionadas pesquisas de acordo com títulos e resumos, os quais indicavam o

objetivo da pesquisa, que deveria ser relativo ao objetivo desse artigo. Por fim,
essa seleção viabilizou a sintetização do presente estudo e os resultados serão
apresentados na sequência.

4. Apresentação dos Resultados

Bueno e Franco (2021), com o objetivo de evidenciar os desafios
enfrentados pelos peritos contábeis, afirmam que antes mesmo de se tornar um
perito-contábil, o contador já vai se deparar com dificuldades para se registrar
como perito, pois é necessário se cadastrar nos tribunais de justiça, o que pode
exigir um curso de extensão em prática contábil. Ou seja, não basta apenas ser
bacharel em Ciências Contábeis. Além disso, os autores apontam que para ser
nomeado como perito contábil em um processo judicial, é necessário que o
profissional tenha visibilidade e exposição profissional, qualidades que não são
conquistadas de imediato e que devem ser construídas ao longo do tempo. O
cenário dinâmico e competitivo do mercado de trabalho nesse setor faz com que
os peritos precisem se destacar, o que pode se dar através de cursos,
experiência, competências, indicações, habilidades etc. Por fim, destaca-se que
o perito contábil deve se ter conhecimento ou se adaptar às novas tecnologias,
pois a perícia se dá, genericamente, por processos digitais. Apesar dos desafios
dessa profissão, Bueno e Franco (2021) concluem que embora seja um ramo
que exige capacitação técnica e inúmeras habilidades que ultrapassam os limites
da contabilidade, a perícia contábil é indispensável para a produção de provas
que subsidiam a resolução de conflitos ou a constatação de um fato relevante ao
litígio.
Romero e Santos (2019), com o objetivo de expor a percepção dos peritos
contábeis sobre os desafios enfrentados para o desenvolvimento de um laudo
consistente, selecionaram 62 peritos e os submeteram a um questionário. Ao
final, 6,5% dos entrevistados alegaram que não entregaram os laudos no prazo
estabelecido, 13,1% requereram dilação de prazo para realizá-lo. Cinquenta
participantes afirmaram que tiveram pedido de dilação de prazo indeferido, o qual
havia sido formalizado em razão da complexidade do caso (3,29%) e do período

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curto de tempo para realizá-lo (22,6%); ainda nesse tópico, 73,5% indicaram que
faltava documentação e pouco tempo disponível, já que era necessário realizar
diligência externa para a conclusão do laudo. 88,7% dos entrevistados afirmaram
que não sofreram penalidades pelo descumprimento de prazos e apenas 4,8%
sofreram.
Embora os entrevistados não considerem o prazo um desafio, 43,5%
afirmaram que precisaram apresentar esclarecimentos adicionais no laudo. Em
relação aos quesitos, 45,2% concordaram parcialmente que os quesitos
elaborados pela autoridade requisitante do laudo eram pertinentes. No tocante à
remuneração dos peritos contábeis, 38,7% discordam que os honorários
recomendados pelos sindicatos são compatíveis com a demanda de trabalho e
32,3% concordam. 50% dos entrevistados apontam que os honorários têm sido
aceitos pelos magistrados e pelas partes, enquanto 16,1% discordam. No que
diz respeito à ameaças e influências, 37,1% dos entrevistados afirmaram que
nenhuma das partes tentou induzir o perito a erro ou influenciá-lo na elaboração
do laudo pericial, mas 25,8% afirmaram que uma das partes já os induziu ao
erro. Essa indução ao erro se dá, de acordo com os entrevistados, pela recusa
na entrega de documentos, depoimentos falsos ou documentos fraudados
(Romero; Santos, 2019).
Ao fim da pesquisa, os peritos entrevistados podiam expor outras
dificuldades ou desafios não elencados no questionário e eles afirmaram que
falta uma rede de contato mediada pelos Conselho Federal e Regional de
Contabilidade, que há demora no recebimento de honorários e que há falta de
conhecimento profundo sobre o conhecimento da lide (Romero; Santos, 2019).
Piquiá, Filho e Garcia (2021), a fim de de analisar a percepção dos peritos
contadores sobre as dificuldades e benefícios da profissão, selecionaram 1.038
peritos contábeis e os submeteram a um questionário online, porém apenas 96
deles respondeu. 81,25% dos entrevistados indicaram que exercem outras
atividades profissionais além da perícia contábil e 38,58% indicaram que a
perícia é responsável por apenas 20% do rendimento mensal. Em relação às
dificuldades, 30,21% dos participantes indicaram a falta de apoio do CFC ao
perito, 33,34% pontuaram a nomeação do perito ser responsabilidade do juiz,

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53,13% mencionaram a concorrência desleal (o que compreende o aviltamento

de honorários, apadrinhamento, desconhecimento da prática etc), 53,13%
relataram a desunião da classe e 69,8% a fixação de honorários.
Miranda et al. (2020), para apresentar o perfil, atividades, dificuldades e
perspectivas do perito contábil, selecionaram 556 peritos inscritos no Cadastro
Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) e os submeteu a um questionário. Ao
final, constatou-se que o perito contador brasileiro atua principalmente de forma
individual na esfera judicial e de forma concentrada nas áreas Financeira,
Contábil e Trabalhista. 53,6% peritos afirmaram que os honorários periciais
representam 30% dos rendimentos mensais, ao passo que apenas 15,3% têm a
perícia como principal fonte de renda. Nesse sentido, 26,1% apontaram baixa
satisfação com a remuneração das perícias. Em relação ao cadastro de peritos
em sistema judiciário, o que foi regulamentado pelo CFC, através da Resolução
nº 1.502/2016, 47,6% discordam da efetividade desse sistema, ao passo que
40,4% concordaram e o restante demonstrou-se indiferente.
Em relação à efetividade do CNPC, 47,6% discordaram e 76,7% são
contrários à necessidade de aplicação de prova periódica para a validação do
cadastro. No tocante aos desafios, 63,1% concordaram que falta apoio do
CFC/CRC; 66,6% indicaram a nomeação dos juízes como um desafio; 60% a
concorrência desleal; 74% a fixação de honorários; 86,7% a desunião da classe;
64,8% a baixa remuneração; 66,6% a obtenção de documentos necessários;
64,1% o prazo para realização da perícia; 51,7% o apoio das partes envolvidas;
e 52,5% o apoio dos demais peritos envolvidos. Além disso, 69% afirmam que a
perícia contábil não é ensinada durante a graduação, mas é aprendida na
prática. Os peritos, de maneira geral, acreditam que a atividade é pouco
valorizada nas universidades, e que os estudantes aprendem pouco sobre ela
no curso de graduação. Apesar dos problemas, acredita-se que a atividade é
valorizada na sociedade e os participantes apontam satisfação com a atividade,
acreditam ainda, em sua maioria, que as novas tecnologias alteraram a forma de
trabalho do perito (Miranda et al., 2020).
Souza (2016), para evidenciar os desafios durante o desenvolvimento da
perícia contábil, selecionou 14 peritos e os entrevistou. Ao final, as dificuldades

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apontadas foram: ausência de documentos, documentos ambíguos, dificuldade

de interpretação das premissas, falta de clareza na sentença, óbice no acesso a
documentos que estão em posse de empresas, omissão de documentos pelas
partes. Ao fim, concluiu-se que é indispensável que o perito apresente um
trabalho de qualidade ao juízo, a fim de que seja nomeado para novas perícias
no futuro. Além disso, revelou-se a necessidade de os peritos estarem
atualizando seus conhecimentos através de cursos, palestras, eventos ou prática
da profissão.
Além dos desafios enfrentados durante o exercício da profissão de perito
contador, o estudante de Ciências Contábeis também enfrenta desafios para
iniciar sua capacitação nesse ramo. Amorim (2021), para evidenciar esses
obstáculos, selecionou 102 discentes e os submeteu a um questionário. Ao final,
constatou-se que 35 entrevistados discordam que a graduação ofertam
disciplinas suficientes para o exercício de diversas áreas da contabilidade.
Aproximadamente 75 alunos demonstram interesse em se tornar perito contábil,
mas 58 deles não cursaram a matéria de perícia contábil, que é opcional na
universidade em que os discentes entrevistados estudam. Apenas 26,5% dos
alunos indicaram que receberam estímulo para aprender os conhecimentos
teóricos acerca da perícia contábil. 47,1% dos alunos afirmaram não conhecer
os procedimentos e atuação profissional do perito contador, mas que se
interessaram em atuar como um. Além disso, mais da metade dos alunos
responderam que ao final do curso terão conhecimento suficiente para se inserir
no mercado de perícia contábil.
Em relação aos possíveis desafios, a falta de expertise foi a opção mais
selecionada (63). Entretanto, os entrevistados ainda apontaram a falta de
conhecimento no mercado contábil (57), dificuldade em conseguir a primeira
perícia (45), pouco conhecimento normativo (34), dificuldade na elaboração de
laudo pericial (29), dificuldade na interpretação de peças jurídicas (35), falta de
entendimento sobre as áreas de atuação do perito (34), deficiência de preparo
dos estudantes para o mercado de trabalho (43) e falta de experiência prévia em
atuação no mercado de trabalho (62) (Amorim, 2021).

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5. Discussão dos Resultados

A realização de uma perícia contábil eficiente exige o domínio de técnicas
especializadas de coleta e análise de dados contábeis, bem como a capacidade
de apresentar os resultados de forma clara e objetiva aos envolvidos. A natureza
dinâmica e evolutiva dos princípios contábeis e normas regulatórias, que exigem
dos peritos contábeis uma constante atualização e adaptação aos novos
cenários, também podem ser consideradas como um desafio. A complexidade
dos sistemas de informação contábil e a utilização de tecnologias avançadas
também requerem uma expertise sólida para identificar possíveis manipulações
ou irregularidades nos registros contábeis.
A análise dos resultados apresentada por Bueno e Franco (2021), Romero
e Santos (2019), Piquiá, Filho e Garcia (2021), Miranda et al. (2020), Souza
(2016) e Amorim (2021) suscita uma série de tópicos de discussão cruciais que
ampliam a compreensão dos desafios enfrentados pelos peritos contábeis no
Brasil. Esses resultados destacam aspectos variados que vão desde as
dificuldades enfrentadas durante o processo de se tornar um perito até as
complexidades inerentes à execução da perícia contábil e à formação acadêmica
preparatória.
Um ponto central de discussão é a complexidade do processo de se tornar
um perito-contábil, como enfatizado por Bueno e Franco (2021). A necessidade
de se cadastrar nos tribunais de justiça e a exigência de um curso de extensão
em prática contábil para se registrar como perito revelam barreiras significativas.
Isso levanta questionamentos sobre as medidas necessárias para tornar esse
processo mais acessível, sem comprometer a qualidade e a integridade do
campo da perícia contábil. A nomeação como perito contábil em processos
judiciais, como ressaltado por Bueno e Franco (2021), Romero e Santos (2019)
e Miranda et al. (2020), emerge como um desafio que vai além da qualificação
técnica. A necessidade de visibilidade e exposição profissional destaca uma
interação entre a perícia e a reputação, suscitando discussões sobre como a
meritocracia e o reconhecimento podem ser estabelecidos de maneira justa e
transparente.
A competitividade no mercado de trabalho da perícia contábil é enfatizada

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por Bueno e Franco (2021) e Piquiá, Filho e Garcia (2021). Os desafios da

concorrência desleal, aviltamento de honorários e falta de apoio do CFC/CRC
podem influenciar diretamente à prática e à sustentabilidade dos peritos
contábeis. Essa questão levanta discussões sobre como regulamentar o
mercado, manter padrões éticos e promover uma competição saudável.
O impacto das tecnologias emergentes é abordado por Miranda et al.
(2020) e Piquiá Filho e Garcia (2021). Enquanto o primeiro estudo ressalta a
adaptação às novas tecnologias como parte da prática, o segundo destaca a
necessidade de se manter atualizado para enfrentar as demandas do campo.
Esse tópico de discussão levanta questões sobre como equilibrar a tradição da
perícia contábil com as inovações tecnológicas. A relação entre a formação
acadêmica e a prática da perícia contábil também é abordada por diversos
estudos, incluindo Romero e Santos (2019), Miranda et al. (2020) e Amorim
(2021). A lacuna entre o aprendizado teórico e a aplicação prática, assim como
a falta de disciplinas específicas, levantam discussões sobre como as
instituições educacionais podem melhor preparar os estudantes para a realidade
da profissão.
Em suma, os resultados apresentados por esses estudos proporcionam
visão abrangente dos desafios enfrentados pelos peritos contábeis, abrindo
espaço para discussões sobre regulamentação, formação acadêmica,
adaptação tecnológica, competitividade e méritos na nomeação. Essas
discussões são fundamentais para orientar possíveis medidas de aprimoramento
e fortalecimento da profissão de perito contábil no país. Apesar dos desafios e
dificuldades apresentados, tem-se que a perícia contábil desempenha um papel
fundamental para fins de tomada de decisão pelo Poder Judiciário. Marques,
Peluco e Carizio (2018) destacam que, ainda que haja concordância entre as
partes sobre um fato controvertido, o laudo pericial é necessário para registrar o
esclarecimento sobre o tópico.
O conhecimento técnico e científico traduzido nos laudos periciais não dá
margem para interpretações parciais, o que contribui para o exercício da justiça;
isto é, os laudos periciais revelam os fatos através de constatações científicas,
o que impossibilita interpretações contrárias. A fundamentação teórica traduzida

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nos laudos periciais é essencial para a constatação da verdade dos fatos de uma
ação judicial. Após a análise dos resultados, verificou-se que os estudos
selecionados para a composição desta pesquisa não abordaram as impressões
dos peritos contábeis acerca dos requisitos formais para se tornar um.
Entretanto, entende-se que os requisitos podem ser exaustivos e burocráticos,
haja vista toda a formalidade necessária para tanto, como a inscrição nos
sistemas dos tribunais de justiça etc., portanto, esse fator pode ser identificado
como outro desafio.
Diante de todo o exposto, os desafios enfrentados pelos peritos contábeis
abrangem questões burocráticas na obtenção da qualificação, como a
necessidade de registro nos tribunais de justiça e a exigência de cursos de
extensão em prática contábil. Além disso, a nomeação em processos judiciais
demanda visibilidade profissional e exposição, destacando a importância da
reputação no campo. A competição desleal no mercado, a adaptação às
tecnologias emergentes, a lacuna entre a formação acadêmica e a prática
profissional e a falta de uma rede de apoio eficaz também são desafios críticos.
A discussão desses desafios é essencial para orientar melhorias e fortalecer a
profissão de perito contábil no país, que é um profissional indispensável para a
solução de questões judiciais, pois revela fatos e configura-se como um
elemento comprobatório necessário para que decisões judiciais sejam proferidas
de forma justa.

6. Considerações Finais
Diante de todo o exposto, conclui-se que os laudos periciais são
indispensáveis para esclarecer fatos controvertidos entre as partes em
processos judiciais. O profissional apto a realizá-los é o perito contábil que,
apesar de desempenhar uma função indispensável nesse sentido, enfrenta
inúmeros desafios e dificuldades desde a decisão de ser um perito até o
exercício de sua profissão.
A burocracia envolvida para se cadastrar no CNPC, o preenchimento dos
requisitos formais, a falta de qualificação técnica ofertada pelas instituições de
ensino, o pouco conhecimento normativo e a falta de conhecimento sobre a

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produção de laudos periciais são as principais dificuldades de um profissional

que pretende ser um perito contábil. Em conclusão, a análise dos estudos
realizados por Bueno e Franco (2021), Romero e Santos (2019), Piquiá, Filho e
Garcia (2021), Miranda et al. (2020), Souza (2016) e Amorim (2021) revela uma
complexa tapeçaria de desafios enfrentados pelos peritos contábeis. Esses
estudos revelam as dificuldades que esses profissionais encontram desde o
início de suas carreiras até os momentos cruciais de atuação pericial.
Os desafios identificados vão além das fronteiras da contabilidade e se
estendem para a área legal, educacional e tecnológica. A luta para obter o
reconhecimento como perito, enfrentando obstáculos de registro e visibilidade,
evidencia a necessidade de se repensar os critérios e processos de nomeação
para garantir uma seleção justa e imparcial dos profissionais. O cenário
competitivo e as dificuldades de remuneração, destacados por vários estudos,
chamam a atenção para a importância de regulamentações eficazes e sistemas
de apoio que possam proteger os peritos de práticas injustas e insustentáveis.
A discussão sobre a adaptação às tecnologias emergentes reflete uma
realidade comum a muitos setores, enfatizando a necessidade de equilibrar
tradição e inovação, garantindo que os peritos contábeis estejam aptos a
aproveitar as vantagens das ferramentas digitais sem comprometer a integridade
de seu trabalho. A lacuna entre a formação acadêmica e as exigências práticas
da profissão, como observado nos estudos, ressalta a necessidade de um
diálogo contínuo entre a academia e o campo de atuação. Além disso, a
pesquisa sobre os desafios enfrentados pelos peritos contábeis não apenas
contribui para a compreensão dessas dificuldades, mas também sinaliza
possíveis caminhos para melhorias. As discussões sobre regulamentações mais
eficazes, currículos acadêmicos mais alinhados com a prática, e sistemas de
apoio e reconhecimento mais sólidos podem servir como base para
transformações positivas na profissão.
Em suma, os estudos reunidos nesse contexto evidenciam uma jornada
complexa enfrentada pelos peritos contábeis. As dificuldades abordadas
abrangem desde a entrada na profissão até a atuação prática, sendo essenciais
para orientar iniciativas que possam aprimorar tanto a atividade pericial quanto

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a formação dos profissionais. À medida que a profissão de perito contábil

continua a desempenhar um papel crucial na garantia de justiça e tomada de
decisões informadas, a atenção a esses desafios se torna fundamental para um
campo cada vez mais robusto e eficaz.

REFERÊNCIAS

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