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Universidade Federal do Ceará

Mestrado em Geotecnia

PROPRIEDADES DAS PARTÍCULAS SÓLIDAS


E ÍNDICES FÍSICOS
PROFESSOR: ANDERSON BORGHETTI SOARES

POSDEHA/UFC
O solo é constituído por grãos minerais (c/ ou s/ M.O.):

1. Silicatos (argilo-minerais, quartzo, micas, etc.)

2. Carbonatos

3. Óxidos

NATUREZA DO SOLO 4. Sulfatos, sulfetos

5. Etc.

Primeira característica de diferenciação (olho nu):

Tamanho das partículas: granulares e finas

Tipos de solo: pedregulho, areia, silte, argila


Fração Faixas
Matacão 25cm a 1m

Pedra 7,6cm a 25cm

Pedregulho 4,8mm a 7,6cm

SEGUNDO A ASTM Areia grossa 2mm a 4,8mm

(SOUZA PINTO, 2006) Areia média 0,42mm a 2mm

Areia fina 0,05mm a 0,42mm

Silte 0,005mm a 0,05mm

Argila inferior a 0,005mm

Outras classificações: International Society of Soil Science, US


Departament of Agriculture, US Bureau of Soils, etc.
SOLOS GRANULARES

PEDREGULHO AREIA GROSSA AREIA MÉDIA AREIA FINA


SOLOS FINOS

SILTE CAULINITA ILITA CLORITA


Argilo-minerais:

ESTRUTURA MOLECULAR Estrutura tetraédrica (Mitchel, 1976):


Tetraedros justapostos com átomo de silício
ligado a quatro átomos de oxigênio.
Areias e siltes (SiO2)

Estrutura octaédrica (Mitchel, 1976): átomos


de alumínio são circundados por oxigênios
(O) e hidroxilas (OH).

Arranjos tetraédricos Si-O, (Mitchel, 1976)


Argilo-minerais:
Muscovita (Lambe & Whitman (1969)

Caulinita (Lambe & Whitman, 1969)

(a),(b) Tetraedros silício; (c) Octaedro alumínio, (d) Octaedro magnésio; (e)
Sílica; (f) gibbsita; (g) brucita (Lambe & Whitman, 1969)
Caulinita

1. Estrutura 1:1

2. Ocorre a ligação de uma camada octaédrica com


outra tetraédrica (O do arranjo tetraédrico com OH
do arranjo octaédrico)

3. As ligações são fortes e impedem a separação entre


as moléculas por moléculas de água

(a)Estrutura molecular, (b) Estrutura


simbólica (Souza Pinto, 2002)
Montmorilonita

1. Estrutura 2:1

2. Compõe arranjos entre duas camadas tetraédrica


com uma octaédrica.

3. As Ligações são feitas entre as camadas tetraédricas


(O), com ligações mais fracas que às da caulinita.

4. Apresentam superfície específica (Se) maior que a


caulinita. Se=área da superfície/peso ou volume).

5. Expandem quando em contato com água.

Estrutura simbólica montmorilonita


(Souza Pinto, 2002)
ilita

1. Estrutura 2:1

2. Compõe arranjos entre duas camadas tetraédrica


com uma octaédrica.

3. As Ligações são feitas entre as camadas tetraédricas


e possuem íons de K, que impedem a expansão

4. Apresentam superfície específica (Se) maior que a


caulinita e menor que as montmorilonita.

5. Expandem pouco quando em contato com água.

Estrutura simbólica ilita (Souza Pinto,


2002)
SUBSTITUIÇÕES ISOMÓRFICAS

O QUE SÃO? CONSEQUÊNCIAS

- Substituições de átomos de Si4+ (Est. As substituições isomórficas causam um


desequilíbrio de cargas (resultando em
tetraédrica) por Al+3 cargas negativas), que são neutralizadas por
cátions Ca++ e Na+ presentes na água (força
- Substituições de átomos de Al3+ (Es. relativamente pequena), que não impede a
entrada de água entre as camadas
octaédrica) por Mg+2
(permitindo a expansão no caso das
montmorilonitas)
SISTEMA SOLO-ÁGUA

CARACTERÍSTICAS RESULTADO...

A superfície de partículas de argila apresenta A combinação de forças de atração e


carga elétrica negativa repulsão das partículas de argila: estrutura
dos solos argilosos
Água: H--O ------ H (posições opostas=
desequilíbrio de carga): formação de pólos (+ e -)

Moléculas de água: são polarizadas e quando em


contato com a argila atraem íons H+, formando
uma película de água adsorvida
◼ATIVIDADE DA SUPERFÍCIE DOS SOLOS FINOS

CARACTERÍSTICAS

É a medida da intensidade da carga elétrica


negativa, presente na superfície das partículas
sólidas dos solos finos

água livre

água adsorvida

partículas água de constiuição


de solo
MEDIDA DA ATIVIDADE DOS SOLOS
IP
A=
%  0,002mm
ONDE:
IP = ÍNDICE DE PLASTICIDADE, EM %
%<0,002 mm = PERCENTAGEM DOS GRÃOS COM DIMENSÕES MENORES QUE 0,002 mm

Em função de A, as argilas classificam-se em:

❑ A < 0,75, argilas sem atividade de superfície


❑ 0,75 < A < 1,25, argilas normais
❑ A > 1,25, argilas ativas.
FORMAS DAS PARTÍCULAS

VOLUMOSAS LAMINARES FIBRILARES

Característicos de solos
Areias, pedregulhos, siltes Argilo-minerais
turfosos

Tipos: angular (depositadas


próxima à origem),
subangular, subarredonda, Baixa esfericidade Menos comuns
arredondada
(transportadas)
REPRESENTAÇÃO DAS PARTÍCULAS

Estruturas sedimentares argilas: (a) e (b) floculadas e (c)


Classificação de formas de areias e siltes (Mitchel, 1976)
dispersa(Lambe & Whitman, 1969)
TEXTURA: CURVA GRANULOMÉTRICA
 É a representação gráfica da distribuição granulométrica dos grãos.

 Peneira no 200 (0,075mm): separa frações finas (silte+argila) da grossa (areia+pedregulho)


TIPOS DE GRANULOMETRIA

CONTÍ NUA (BEM


UNIFORME DESCONTÍNUA
GRADUADO)

Diâmetros de partículas de
Apresenta distribuição Não apresentam diâmetros
aproximadamente o mesmo
gradual de tamanho dos grãos de grãos contínuos
tamanho

Solos: boa resistência, boa


trabalhabilidade e Solos arenosos: alta Podem acarretar problemas
permeabilidade permeabilidade em obras (filtração)
relativamente mais baixa
A – contínua e bem graduada

B – descontínua

C – uniforme e mal graduada


PARÂMETROS DA CURVA GRANULOMÉTRICA

Diâmetro Efetivo (D10 = Def): É o diâmetro correspondente a 10% de todas as


partículas menores que ele.

Coeficiente de não uniformidade (CNu): É a relação entre os diâmetros


correspondentes a 60% e a 10% da porcentagem que passa, tomados na curva
granulométrica:
Cu Classificação
𝐷60
𝐶𝑁𝑈 = <5 Muito uniforme
𝐷10
5 a 15 Uniformidade média
>15 Desuniforme
PARÂMETROS DA CURVA GRANULOMÉTRICA

Coeficiente de curvatura (Cc): juntamente com o CNU permite definir se é bem


graduado (1<Cc<3) ou não:

2
𝐷30
𝐶𝑐 =
𝐷60 𝐷10
Obs:
D30 é o diâmetro correspondente a 30% das partículas que passam
Determinação da Curva granulométrica

1. Ensaio de granulometria

2. NBR 7181 (2016). Solo – Análise granulométrica

3. Etapas: Peneiramento (fino e grosso) e sedimentação

4. Obtenção da curva granulométrica: descreve o


diâmetro dos grãos (escala log-horizontal) em função
da percentagem na amostra
Peneiramento Fino e grosso

1. Passagem de uma amostra por um conjunto de


peneiras com diferentes diâmetros, sujeito a um
movimento vibratório (agitador de amostras)

2. Seleção das porcentagens retidas acumuladas e


passantes para cada diâmetro

3. Peneiramento grosso Peneiramento fino:


Abertura Abertura
Abertura Abertura (pol) (mm)
(pol) (mm)
N° 200 0,075
N° 4 4,8
N° 100 0,15
3/8” 9,5
N° 60 0,25
3/4" 19,1
N° 30 0,6
1” 25,4
N° 16 1,2
1 1/2" 38,1
N° 10 2,0
2” 50,8
Sedimentação

1. Consiste na obtenção a relação entre o diâmetro das


partículas e sua velocidade de sedimentação em um meio
líquido de viscosidade e peso específico conhecidos.
2. A porcentagem que passa é determinada pela relação
entre a densidade inicial e a densidade em um determinado
tempo após o início do ensaio.
3. O diâmetro de grãos é determinado pela Lei de Stokes
que relaciona a velocidade de queda com o diâmetro do
grão:
 g −w 2
v= .D
18
Onde:
v = velocidade de sedimentação
D = diâmetro das partículas de solo
g = peso específico das partículas de solo
w = peso específico da água
 = viscosidade da água

Souza Pinto, 2002)


Índices físicos do solo
W V Solo: sistema multifásico (ar, água e sólido)

Índices físicos: indicam as proporções relativas das fases


influenciam no comportamento dos solos

Diagrama de fases: forma idealizada para representar os


volumes e pesos das fases do solo

Estrutura Partículas sólidas


Ar V a

Pw
floculada
Água V
V
w
v
Esqueleto mineral
P V
Vazios
Ps Sólidos Vs
RELAÇÕES DE PESO (OU MASSA)
Peso específico dos grãos (𝜸𝒔 ): é a relação entre o peso do material sólido (Ps) e
o volume do sólido (Vs).
𝑃𝑠
𝛾𝑠 =
𝑉𝑠
Valores típicos para solos:

◦ Típicos da maior parte dos solos: 26,5 kN/m³ < s < 28,5 kN/m³
◦ Quartzo: s  26,7 kN/m³
◦ Solos lateríticos: s  30,0 kN/m³
RELAÇÕES DE PESO (OU MASSA)

Densidade relativa dos grãos sólidos (𝑮𝒔 ): é a relação entre o peso específico do
grão sólido (ou do sólido) e o peso especifico da água a 20°C (w) .

𝑠
𝐺𝑠 =
𝑤
Observação:
◦ Grandeza adimensional
◦ Indica quantas vezes o material é mais pesado
que água (para o mesmo volume);
◦ Determinação: NBR... Método do Picnômetro

Densidade real dos sólidos(Lambe & Whitman (1969)


RELAÇÕES DE PESO (OU MASSA)

Peso específico natural do solo (𝒏 ): é a relação entre o peso total (𝑃) - peso dos grãos
sólidos (𝑃𝑠 )+peso da água (𝑃𝑤 ) - e o volume total de uma massa de solo (V), sendo este
último igual ao volume dos sólidos (𝑉𝑠 ) mais o volume de vazios (𝑉𝑣 ).
𝑃
𝛾𝑛 =
𝑉

Peso específico aparente seco (𝒅 ): é a relação entre o peso dos grãos sólidos e o
volume total de uma massa de solo (V), sendo este último igual ao volume dos sólidos
(𝑉𝑠 ) mais o volume de vazios (𝑉𝑣 ).

𝑃𝑠
𝛾𝑑 =
𝑉
RELAÇÕES DE PESO (OU MASSA)
Peso específico submerso (𝒔𝒖𝒃 ): é a diferença entre o peso específico natural
do solo e o peso específico da água:
𝛾𝑠𝑢𝑏 = 𝛾𝑛 − 𝛾𝑤

Teor de umidade gravimétrico (): é a razão entre o peso de água (Pw)contido


num certo volume de solo e o peso da parte sólida (Ps)existente no mesmo
volume, sendo expressa em porcentagem:
𝑃𝑤
= 𝑥100
𝑃𝑠
RELAÇÕES DE VOLUME
Porosidade (n): é a relação entre o volume de vazios e volume total da amostra,
expresso em porcentagem:
𝑉𝑉
n= 𝑥100
𝑉
Índice de vazios (e): é a relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos
da amostra.
𝑉𝑣
e=
𝑉𝑠
Grau de saturação (S): é a relação entre o volume de água e o volume de
vazios, expresso em porcentagem:
𝑉𝑤
G= 𝑥100
𝑉𝑣
RELAÇÕES DIVERSAS

𝛾𝑛 𝑒
𝛾𝑑 = 𝑛= 𝑒. 𝑆 = 𝜔. 𝐺𝑠
1+𝜔 1+𝑒

𝛾𝑠
𝑉 = 𝑉𝑠 (1 + 𝑒) e= −1
𝛾𝑑
COMPACIDADE DE SOLOS ARENOSOS

𝑒𝑚á𝑥 − 𝑒
𝐶𝑅 𝑜𝑢 𝐷𝑅 =
GRAU DE COMPACIDADE 𝑒𝑚á𝑥 − 𝑒𝑚𝑖𝑛

indica a maior ou menor densidade dos solos granulares (areias, pedregulhos).

Quanto mais compacta for uma areia maior será o seu peso específico
aparente seco, d, e menor o índice de vazios, e.

Para se medir a compacidade de uma areia, compara-se o seu “e” com os


índices de vazios limites do solo, ou seja, com os índices da areia nos seus
estados mais fofo possível (emáx) e mais denso possível (emín).
COMPACIDADE DE SOLOS ARENOSOS

𝑒𝑚á𝑥 − 𝑒
NORMAS 𝐶𝑅 𝑜𝑢 𝐷𝑅 =
𝑒𝑚á𝑥 − 𝑒𝑚𝑖𝑛
Classificação das areias com
relação ao grau de Dr (%)
Máximo: ABNT NBR 16840 (2020). Solos - Determinação
do índice de vazios máximo de solos não coesivos. compactação
Muito fofa 0 - 15
Mínimo: ABNT NBR 16843 (2020). Solos – Determinação Fofa 15 - 35
do índice de vazios mínimo de solos não coesivos
Média 35 - 65
Densa 65 - 85
Muito densa 85 - 100
BIBLIOGRAFIAS RECOMENDADAS

Lambe, T.W. & Whitman, R.V. Soil Mechanics. Chapter 4: Descripton of an Individual Soil
Particle. Massachusetts Institute Tecnology, John Wiley & Sons, Inc, New York, 1969.

Mitchel, J.K. Soil Behavior. Chapter 3: Soil Mineralogy . John Wiley & Sons, Inc, New York, 1976.

Santos, P.S. Ciência e Tecnologia de Argilas. Edição revisada e ampliada. Volume 1. Editora
Edgar Blucher LTDA, São Paulo, 1989.

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