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FORMULÁRIOS DE NOTIFICAÇÃO
DE ACTOS DE
CONCENTRAÇÃO DE EMPRESAS
LINHAS DE ORIENTAÇÃO
FICHA TÉCNICA
Título: Análise das Questões dos Formulários de Notificação de Actos
de Concentração de Empresas
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ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO............................................................................................. 4
II. ANÁLISE DAS QUESTÕES DOS FORMULÁRIOS DE NOTIFICAÇÃO............................. 5
2.1. Operação de Concentração de Empresas ...............................................................5
2.2. Natureza da Operação de Concentração.................................................................6
III. FORMULÁRIO DE NOTIFICAÇÃO DE OPERAÇÕES DE CONCENTRAÇÃO ..................... 7
3.1. Tipo de Formulário .........................................................................................................7
3.2. Informação Geral do Formulário ...............................................................................8
3.2.1. Sumário da Operação de Concentração..........................................................8
3.2.2. Sobre a(s) Notificante(s) ........................................................................................9
3.2.3. Mercados Relevantes .............................................................................................9
3.2.4. Factores Estruturais à Definição dos Mercados Relevantes ................. 10
3.2.5. Estrutura de Controlo ........................................................................................ 19
3.2.6. Confidencialidade da Informação ................................................................... 20
IV. ANÁLISE ECONÓMICA DE OPERAÇÕES DE CONCENTRAÇÃO DE EMPRESAS ............ 21
4.1. Teste Legal à Análise das Operações de Concentração ................................... 21
4.2. Factores Fundamentais à Análise das Operações de Concentração .......... 21
4.3. Avaliação Jus-Concorrencial ................................................................................... 23
4.3.1. Estrutura de Mercado ........................................................................................ 23
4.3.2. Índices de Concentração de Mercado ........................................................... 26
4.3.3. Efeitos Unilaterais e Coordenados ................................................................. 29
4.3.4. Barreiras à Entrada e à Expansão................................................................. 31
4.3.5. Eficiência Económica ......................................................................................... 33
4.3.6. Remédios ................................................................................................................ 35
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 37
GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 38
PROCESSO DE CONTROLO DE CONCENTRAÇÕES ...................................................... 39
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I. INTRODUÇÃO
O acto de mudança duradoura de controlo sobre a totalidade, ou parte, de uma ou
mais empresas, em resultado de uma operação que ocorra em território nacional, ou
que neste produza ou possa produzir efeitos configura-se concentração de empresas,
ao abrigo da Lei n.º 5/18, de 10 de Maio, Lei da Concorrência (adiante LdC).
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inteligibilidade e uniformização de conceitos técnicos, procedimentos de notificação e
preparação da informação inerente aos actos de concentração de empresas, em respeito
ao Regulamento do Formulário de Notificação dos Actos de Concentração de
Empresas, aprovado pelo Instrutivo n.º 1/20, de 27 de Janeiro de 2020, por forma a
auxiliar as Notificantes no preenchimento do Formulário de Notificação, no que
concerne às técnicas de preparação de informação e procedimentos de notificação dos
actos de concentração de empresas, assegurando, assim, a integridade, a eficácia e a
eficiência na prestação de informação à ARC, reduzindo, igualmente, eventuais
ambiguidades suscitadas pela informação solicitada.
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i. Integração vertical a jusante: operação de concentração em que uma
empresa de produção de insumos adquire outra empresa da mesma
cadeia de distribuição ou comercialização de bens ou serviços aos
consumidores intermédios ou finais;
ii. Integração vertical a montante: operação de concentração em que uma
empresa de distribuição ou de comercialização adquire outra empresa
de produção, da mesma cadeia produtiva ou de serviços, que concebe os
insumos dos bens ou serviços distribuídos ou comercializados por si.
c) Conglomeral: operação de aquisição ou fusão entre empresas que não mantêm
relações horizontais, enquanto concorrentes no mesmo mercado relevante, ou
verticais, enquanto fornecedores ou clientes.
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i. Aquisição de controlo exclusivo: operação de concentração em que uma
única empresa ou pessoa (accionista ou não) adquire o controlo exclusivo
de outra e, consequentemente, dispõe da faculdade ou poder de exercer
uma influência decisiva sobre as políticas estratégicas, ou de exercer o
poder de vetar decisões estratégicas na empresa controlada. O controlo
exclusivo pode ser adquirido com base em circunstâncias de direito e/ou
de facto;
a) Formulário Regular
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ii. Em consequência da sua realização se adquira, crie, ou reforce uma quota
igual, ou superior, a 30% e inferior a 50%, no mercado nacional, de
determinado bem ou serviço, ou numa parte substancial deste, desde
que o volume de negócios realizado individualmente, em Angola, no
último exercício, por, pelo menos, duas empresas que participam na
operação, seja superior a Kz 450 000 000,00 (Quatrocentos e Cinquenta
Milhões de Kwanzas);
b) Formulário Simplificado
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iii. Tipo de operação de concentração a realizar: horizontal, vertical ou
conglomeral;
3.2.3.Mercados Relevantes
O conceito de mercado relevante envolve elementos como:
ii. Produtos substitutos próximos são bens e serviços que podem vir a
substituir os produtos objecto da operação de concentração, na
eventualidade de uma ou mais empresas aumentar o preço, reduzir a
qualidade ou quantidade do produto ou serviço em análise. São
considerados substitutos próximos quando se verificam as condições
seguintes:
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o Produtos com características semelhantes ou iguais;
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mercado relevante, perante um aumento de preços ou uma redução da qualidade do
produto em causa de um possível monopolista hipotético.
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preços pelas empresas em causa, ou seja, aquelas que participam de um acto de
concentração. Este mercado relevante apresenta dimensões de produto e geográfica.
Com isso, difere-se, sensivelmente, da definição de mercado relevante, na vertente
meramente económica, que considera todas as empresas e produtoras de bens e
prestadoras de serviços substitutos e complementares, que competem entre si, sem
delimitá-las pelo grau de proximidade concorrencial.
A perda crítica é dada pelo rácio entre o aumento de preços em consideração, que é de
5% a 10% em geral, e a percentagem que resulta da soma desse aumento de preço com
a margem de lucro percentual inicial. Como tal, a sua determinação implica a
estimativa da margem de lucro associada ao produto.
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i. Conhecer a reacção dos consumidores face a variação de preço por via
dos critérios económicos como sejam a elasticidade da procura ou por
evidências sobre padrão de comportamentos de mudança de
consumidores em resposta a alteração de preços;
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3.2.4.2. Mercado do Produto Relevante
Compreende todos os produtos considerados substituíveis entre si pelo consumidor
ou usuário devido as suas características físicas, os seus preços e a sua utilização.
A recolha dos dados (preferências, hábitos, cultura, renda, idade, gênero, educação,
profissão, localização, mobilidade e outras características) sobre o perfil dos
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consumidores pode ser feita com recurso a métodos de observação, ou pesquisa das
suas escolhas, ou por via de inquéritos aos consumidores.
Neste contexto, é possível concluir que a inclusão de um bem ou serviço, como parte
do mercado relevante do produto, é determinada pelo poder de substituição de um
produto por outro e pela reacção de alternância dos consumidores, ou seja, a
possibilidade dos consumidores considerarem a substituição do bem ou serviço em
análise por outro semelhante ou idêntico, na sua óptica, produzido por outro
concorrente.
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afectarem positivamente a oferta destes no mercado em causa, após um pequeno, mas
significante e permanente aumento no preço - SSNIP.
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respeito, justamente, ao plano físico do mercado que pode abranger estados, regiões,
países e até mesmo continentes, verificado com o processo de globalização.
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A identificação dos substitutos próximos e a verificação da hipótese de desvio, ou não,
da procura pelo consumidor, para áreas geográficas alternativas, é realizada avaliando
de forma dinâmica e casuística os critérios económicos da elasticidade preço da
procura ou elasticidade preço cruzada da procura e rácio de transferência - diversion
ratio.
Nos contextos em que se confirma a hipótese de desvio da procura, para outras áreas
geográficas alternativas, pelo consumidor, consideram-se que todas áreas geográficas
em que o consumidor desviou a sua procura pertencem ao mercado geográfico
relevante.
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análise, em pouco espaço de tempo, sem incorrerem em custos
significativos?
A abordagem das questões acima apresentadas é feita após a recolha e análise de uma
multiplicidade de informações, qualitativa e quantitativa, sobre os fornecedores ou
produtores estabelecidos e potenciais, tais como: a perspetiva do consumidor, a
estrutura da oferta e da procura, as barreiras à entrada, os custos associados ao
investimento e ao processo produtivo, os custos de distribuição, os factores de
incentivo dos fornecedores para investir, entre outras. Posteriormente, é feita a
sistematização e articulação da informação para a verificação da hipótese dos
fornecedores ou produtores direccionarem a sua produção ou prestação, para a área
geográfica em análise. Caso seja confirmada tal hipótese, é possível afirmar que as
áreas em questão fazem parte do mercado geográfico relevante.
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a) Identificação dos sócios;
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não releve para a conclusão do procedimento, bem como a informação cuja
confidencialidade se justifique por motivos de interesse público.
Por extensão do direito à informação, que assiste a quaisquer pessoas que comprovem
ter interesses legítimos no conhecimento dos elementos do acto de concentração em
análise, a ARC pode disponibilizar informações não confidenciais para a consulta de
terceiros.
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b) A posição das empresas nos mercados relevantes e o seu poder económico e
financeiro, em comparação com os seus principais concorrentes;
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p) As características e dinâmicas no mercado, incluindo o crescimento, inovação e
diferenciação dos produtos;
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a) Identificação do número de empresas no mercado
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ou outras. Se no caso em questão esteja patente o poder de compra, a variável de
referência a seleccionar deve reflectir a estrutura da procura a montante deste mercado
(óptica do consumidor) que pode aludir o volume ou valor de compras de cada agente
económico, sendo estes dados cruzados com a estrutura da oferta a jusante.
𝑸 = ∑ 𝒒𝒊
𝒊=𝟏
Onde:
Q = total de produção de todas as empresas existentes no mercado relevante;
n = número total de empresas do mercado;
qi = nível de produção da i-nésima empresa.
Em seguida determina-se a quota de participação2 relativa no mercado (Si) da i’-
nésima empresa pela expressão seguinte:
𝒒𝒊
𝑺𝒊 =
𝑸
Onde:
www.oecd.org/competition/toolkit
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Q = total de produção de todas as empresas existentes no mercado relevante.
𝑪𝑹𝒏𝑱𝒕 = ∑ 𝑺𝒊𝒕
𝒊=𝟏
Onde:
CRnJt = grupo de n empresas i com maior parcela de mercado no mercado j,
no período t;
Sit = quota de participação da i-nésima empresa no mercado no período t.
Este indicador tem intervalos de referência em percentagem para diferentes níveis de
concentração, conforme ilustrado na Tabela 1.
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OCDE (2017), Guia para Avaliação de Concorrência: Volume 2 - Diretrizes,
www.oecd.org/competition/toolkit
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b) Índice Herfindahl-Hirschman (IHH)4
𝑰𝑯𝑯 = ∑ 𝑺2𝒊
𝒊=𝟏
Onde:
O IHH pode chegar até 10.000 pontos, valor que indicia expressamente uma situação
de monopólio, ou seja, em que uma única empresa detenha 100% da quota de mercado.
Os critérios acima mencionados, além de auxiliarem na determinação do grau de
concentração no mercado e na identificação do tipo de mercado, permitem a
identificação de algumas estruturas de mercado, tendo como referência o número de
empresas estabelecidas no mesmo (monopólio, oligopólio, etc.).
4
OCDE (2017), Guia para Avaliação de Concorrência: Volume 2 - Diretrizes,
www.oecd.org/competition/toolkit
5
Varum, C.A; Silva, H.M.V; Resende, J.; Sarmento, M.P.V.; Jorge, S.F. (2018). Economia Industrial-
Teoria e Exercícios Práticos. 2ª Edição – Lisboa, Janeiro de 2018. P.19
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Existem outras situações que podem surgir na determinação do grau de concentração
de mercado a partir do IHH:
6Comunicado nº 22.366, de 27 de Abril de 2012, Divulga o Guia para Análise de Atos de Concentração
http://www.bcb.gov.br/?ESPECIALNOR
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forte agente. Consequentemente, o índice aumenta quando a soma das participações
das partes envolvidas na operação supera a dos demais concorrentes. Logo, o índice
reflecte o facto de aumento de quota de mercado de concorrentes que não sejam líderes
de mercado poder influenciar no aumento da competitividade no mercado.
Porém, esta conclusão não seria a mais correcta, uma vez que, nestas situações, se
usarmos o ID em vez do IHH, indicaria uma situação de ganho de eficiência quanto
ao ambiente concorrencial no mercado, na medida em que, ID indicaria uma redução
de concentração com a realização da operação. Para o cálculo deste índice utiliza-se a
fórmula seguinte: 𝒏
𝑰𝑫 = ∑ 𝜸𝟐𝒊
𝒊=𝟏
Onde:
𝑺2𝒊
𝜸𝒊 =
𝑰𝑯𝑯
Onde:
Si = quota de participação de mercado da i-nésima empresa.
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dos mercados definidos, avalia-se os efeitos unilaterais e coordenados da operação, de
modo a identificar a possibilidade de exercício do poder de mercado pelas notificantes,
de redução da pressão concorrencial e de colusão entre as empresas. Entretanto, a
análise não se resume à estrutura, à conduta, ao comportamento e às simulações de
aumento de preço, igualmente, são reconhecidas as eficiências resultantes da operação
de concentração que provavelmente reduzirão ou reverterão efeitos adversos
unilaterais e/ou coordenados.
a) Efeitos Unilaterais
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i. A redução/eliminação da concorrência, efectiva ou potencial;
b) Efeitos coordenados
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Quanto mais elevadas as barreiras à entrada em um determinado mercado, maiores
são os custos financeiros e em termos de tempo que um potencial entrante deverá
incorrer para que o capital investido seja adequadamente remunerado. Quanto mais
elevadas são essas barreiras, menor é a probabilidade de entrada de novas empresas
no mercado relevante definido.
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como: licenças (comerciais, técnicas ou de segurança) para novos operadores
económicos, permissões, autorizações administrativas, alvarás, entre outros;
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No âmbito da avaliação jus-concorrencial de uma operação de concentração é
indispensável identificar e avaliar os ganhos de eficiência para a ponderação na análise
daquelas que produzem benefícios para os consumidores e as que constituem um
obstáculo à sã concorrência no mercado.
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4.3.6. Remédios
Os remédios constituem compromissos/condições que têm como objectivo assegurar
a manutenção de uma concorrência efectiva em operações de concentração de
empresas que, sem os mesmos, seriam proibidas.
Nos termos do artigo 45.º da LdC, a ARC analisa os compromissos propostos pelas
Notificantes, no sentido de avaliar se estes são adequados, suficientes e exequíveis
para assegurar que a operação notificada, adequada aos compromissos apresentados,
não crie entraves significativos à concorrência efectiva nos mercados relevantes em
causa.
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medida preventiva a tomar, pela ARC, é a reprovação da operação de concentração,
ou seja, a proibição da sua realização.
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V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um acto de concentração, sujeito à comunicação prévia, não se pode concretizar antes
de ser comunicado à ARC e antes de ser objecto de uma decisão expressa de não
oposição, nos termos do n.º 2, do artigo 17.º, conjugado com o n.º 1 do artigo 18.º da
LdC. Portanto, o incumprimento do preceituado na Lei tem como consequências: (i) a
ineficácia dos actos; (ii) a aplicação de multas que variam de 1% a 5% (em caso de não
notificação prévia à ARC) e de 1% a 10% (em caso de concretização do negócio antes
da emissão da decisão de não oposição da ARC) do volume de negócios do último
exercício; e (iii) outras sanções assessórias como é o caso da cisão de determinada
sociedade.
Quando se verificar que os benefícios do acto de concentração não são superiores aos
prejuízos da eliminação da concorrência, a ARC pode aprovar a operação com
condições, aplicadas de forma unilateral, ou por meio de um Acordo (compromissos)
com as partes envolvidas na operação, somente naqueles casos em que ficar
comprovado que a imposição das restrições restabelecerá o bem-estar dos
consumidores e a eficiência económica. Porém, sempre que o dano causado pela
eliminação da concorrência não puder ser eliminado por nenhum tipo de
restrição/remédio, a ARC reprova a operação de concentração, não autorizando a sua
realização.
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