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“Fontes Alternativas de Proteínas (insetos)”

Entomofagia

A entomofagia (do grego entomon, “inseto”, e fagein, “comer”), também chamada


de insetivoria, é o consumo de insetos como fonte alimentar.
A antropoentomofagia (anthropos, “humano”), também chamada de antropoinsetivoria, é
o consumo direto de insetos ou de seus produtos por humanos.
Entre os recursos naturais e de renovação, estão os insetos, que têm muitas
características a seu favor, incluindo abundância (existem em grande quantidade), rápida
reprodução e valor nutricional, além de sua presença em quase todos os ecossistemas.
Os insetos comestíveis são uma grande fonte de proteína animal, geralmente tendo um
valor nutricional muito bom em relação a proteínas, gorduras, lipídios, vitaminas, minerais
e sais, além de ter um sabor apetitoso. Os insetos são consumidos em todos os estágios
de desenvolvimento, que, dependendo da espécie, podem ser ovos, larvas ou ninfas,
pupas e/ou adultos entre Pauro, Hemimetábolo ou Holometábolo. Isso não é
surpreendente, já que os insetos formam 80% do reino animal e constituem uma grande
biomassa no planeta onde existem há 350 milhões de anos. Além disso, eles têm
atribuições únicas ao ambiente circundante e uma enorme variedade de situações e
circunstâncias diversas, tanto bióticas quanto abióticas. A maioria dos insetos comestíveis
é coletada manualmente ou com o uso de redes, machados, pás ou facas.

Principais insetos comestíveis


A insetivoria em humanos varia muito culturalmente, havendo sociedade onde ela é
absolutamente proibida e um tabu, e outras como é a principal fonte de proteína animal. O
consumo pode se dar enquanto o animal encontra-se nos estados ovo, ninfa, larva, pupa
e adulto (também chamado de imago), porém ocorre mais comumente durante as
fases larva e pupa . Além dos insetos, os produtos de insetos também são muito
presentes na alimentação humana, como o mel e a seda.
A maioria dos primatas se alimenta de apenas dois filos de invertebrados, moluscos
(Mollusca) e artrópodes (Arthropoda, que inclui aracnídeos, “crustáceos” e insetos), com
uma apreço por insetos e ignorando por completo os demais crustáceos. As principais
ordens de insetos mais consumidas por humanos são coleópteros (besouros),
representando 31% do consumo ao redor no mundo; lepidópteros (borboletas e
mariposas), representando 18%; himenópteros (abelhas, vespas e formigas),
representando 14%; ortópteros (gafanhotos, esperanças e grilos), representando
13%; hemiptera (cigarras e percevejos), representando 10%; e isópteros (cupins),
representando 3%, entre outras, que representam 5% do consumo. Nessas ordens,
incluem-se mais de 1.900 espécies diferentes de insetos indicados ao consumo humano.
É interessante notar que Coleoptera, Lepidoptera, Hymenoptera e Hemiptera são 4 das 5
ordens de insetos chamadas de megadiversas, com mais de 150 mil espécies descritas (a
quinta ordem megadiversa é Diptera); portanto, é condizente que sejam tão consumidas,
já que são tão recorrentes na natureza. Orthoptera é a sexta ordem mais diversas, sendo,
portanto, também muito recorrente. Contudo, Isoptera não é uma ordem tão comum. Uma
hipótese para o seu consumo é a facilidade de acesso a esses insetos, os cupins. Eles
vivem em colônias de dezenas de milhares de indivíduos, facilitando a captura em massa,
e suas colônias são facilmente encontradas e acessíveis, tornando-os presas fáceis para
humanos, ainda mais considerando nossas tecnologias, como o fogo.
Além disso, outras hipóteses tentam explicar porque essas ordens são as mais visadas
por humanos:

 Besouros têm alguns dos maiores tamanhos entre os insetos. A larva de


besouro é sempre maior que o adulto da mesma espécie, e, em geral, imaturos
(formas não adultas) tem mais gordura e proteína que os adultos e menos
partes duras de quitina, fazendo com que larvas e pupas sejam muito
cobiçadas. Apesar disso, a maioria das larvas e pupas ficam escondidas e
precisam ser retiradas manualmente.
 Apesar de pequenas, formigas, abelhas e vespas formam colônias com uma
grande biomassa total, o que as torna um alvo interessante de consumo. As
pupas de abelha consumidas são ricas em gordura e proteínas e, além de
serem coletados para consumo, também são procurados pelos seus produtos,
como é o caso do mel da abelha. Contudo, colmeias são de difícil acesso, seja
por estarem em locais muito altos ou em fendas e buracos muito estreitos, e
esses insetos possuem muitos mecanismos de defesa, como mordidas e
picadas venenosas.
 Cupins oferecem duas grandes vantagens: são insetos sedentários e
apresentam a maior biomassa coletiva conhecida entre os insetos. Vivem todos
juntos em cupinzeiros, e não são alados nem venenosos. Apesar disso,
acessar seus duros cupinzeiros é trabalhoso, e primatas geralmente dependem
de algum tipo de tecnologia para acessá-los. No caso das formas aladas, que
voam em massa durante a época de acasalamento, elas são mais fáceis de se
coletar, sendo referidas como “armazéns voadores de gordura”.
 Borboletas e mariposas têm larvas (lagartas) sociais, que podem ser
encontradas em grupo se alimentando em plantas, tornando-as alvo fácil.
Contudo, muitas espécies são aposemáticas (apresentam cores que informam
seus predadores que elas não são comida, seja por serem impalatáveis - com
gosto ruim -, tóxicas ou venenosas), impalatáveis, tóxicas e/ou venenosas, e
não são comestíveis. As lagartas de cada espécie costumam estar disponíveis
por apenas alguns dias, sendo um recurso sazonal.
 Gafanhotos e grilos consumidos costumam se locomover em migrações, com
dezenas a centenas de milhares de indivíduos. Quando surgem, são fáceis de
serem coletados e consumidos aos montes.
Pensando no consumo inadvertido de insetos, que é o consumo não intencional de
insetos, todos os primatas atuais comem insetos, inclusive humanos, como em barras de
chocolates ou no caldo de cana.

A maior diferença entre a insetivoria praticada por humanos e por outras espécies é o uso
de tecnologia, seja para capturar os insetos, seja para domesticá-los, como a
domesticação do bicho-da-seda. Dentre as tecnologias, estão o uso de fogo, contêineres
e domesticação. Humanos fabricam contêineres, como bolsas e sacolas, dos materiais
mais variados, como madeira e tecidos, que são usados para guardar, transportar,
pulverizar, misturar, secar, umedecer, fermentar etc. insetos. Além disso, usamos o fogo e
a fumaça para afastar, direcionar, concentrar, e preparar grupos de insetos.

Insetivoria ao redor do mundo


Insetos são alimento para todos os primatas, inclusive humanos, tendo um papel
fundamental na história da humanidade como fontes de proteína, gordura, vitaminas e
minerais. Portanto, sendo uma excelente fonte de nutrientes e energia. Em regiões
tropicais, insetos existem em abundância, podem ser facilmente coletados, mais
facilmente do que em regiões temperadas por tenderem a ser maiores, e provêm
nutrientes sazonais importantes. Até abril de 2012, foram contadas 1.900 espécies de
insetos comestíveis em todo o mundo, sendo 549 espécies comestíveis no México, 178
na China e 428 na região Amazônica. Para cerca de 3041 grupos étnicos registrados,
esse recurso naturalmente renovado faz parte de sua dieta diária. As espécies de insetos
que são comidas variam em relação à região e à estação, bem como de acordo com sua
abundância, já que muitas são espécies preferidas. A seleção é feita ao longo do tempo,
com base no tamanho, sabor, capacidade de armazenamento, energia usada em sua
captura, tempo para obtê-las,estágio de desenvolvimento (como adulto ou larva) e valor
nutricional, que é avaliado com base no grau de satisfação e bem-estar.
A insetivoria é mais presente em regiões tropicais e sub-tropicais, mas é quase ausente
em regiões temperadas. Algumas explicações para isso são o tamanho dos insetos, uma
vez que insetos tendem a ser maiores em regiões tropicais (devido à circulação mais
rápida de oxigênio pelo seu corpo, permitindo que sejam maiores); sua tendência
agregativa (de se manterem juntos), seja durante a noite (gafanhotos), reprodução (cupins
alados) ou alimentação (lagartas); a alta disponibilidade ao longo de todo o ano nos
trópicos; a facilidade de serem encontrados, uma vez que insetos ocupam nichos
específicos, tornando sua coleta mais fácil; sua grande abundância; e serem mais
diversos (haver mais espécies) nos trópicos.
Insetos são muito usados como pratos complementares de um prato principal e sazonal,
que varia com as estações ao longo do ano.[13] Além disso, eles não são alimento apenas
para a ampla sociedade, mas também para a elite de cada sociedade, como na Tailândia,
em Madagascar e durante o império Asteca. Durante a cerimônia dedicada ao deus
Xiuhteecutli, um prato especial era preparado, chamado de ahuahutle. O ahuahutle era
um “caviar”, feito dos ovos de várias espécies de Hemiptera (grupo de insetos das
cigarras e percevejos). Há registros de que o ahuahutle era preparado durante esse
festival na cidade de Texcoco e enviado pela manhã para a capital, Tenochtitlan, para que
o imperador Montezuma, assim como seus antecessores, comesse de café-da-manhã.
África
Os insetos mais usados na alimentação são lagartas e cupins alados.
África do Sul
Na África do Sul, os povos originários, chamados de Khoekhoen, se alimentam de um
vasto número de gafanhotos e cupins alados.
Angola
No país, é comum a alimentação de Coleoptera, Isoptera e Lepidoptera. A partir de
estudos, viu-se que as 4 espécies de insetos mais comidas são ricas em proteínas brutas,
calorias e muitas vitaminas e minerais. Dessas espécies, o cupim Macrotermes
subhyalinus e o besouro Rhynchophorus phoenicis são muito ricos em calorias (valor
energético), tendo 100g de cada insetos uma quantidade de 613 kcal e 561 kcal,
respectivamente (ou seja, 613 kcal para o cupim, e 561 kcal para o besouro), e a
lagarta Usta terpsichore (família Saturniidae) é muito rica em zinco, tiamina, riboflavina e
ferro. Outros dados incluem que cada 100 gramas de duas espécies consumidas de
lagartas da família Saturniidae fornecem cerca de 45g de proteína, ou seja, quase metade
da sua massa é proteína, e que uma espécie comestível de besouro do
gênero Rhynochophorus, cada 100 g dela fornecem 42g de gordura, 25 g de carboidratos
e 20 g de proteína.
Botswana
Os povos Gui San e Gana San se alimentam de cupins alados, gafanhotos, besouros
adultos, larvas de mariposa, formigas da família Formicinae e mel.
Malawi
Em Malawi, a população se alimenta de uma variedade de insetos, como o
mosquito Chaoborus edulis, muito nutritivo e rico em proteínas, cálcio e ferro. Neste país,
a comunidade que vive junto ao Parque Nacional Kasungu pratica a apicultura (o cuidado
de abelhas para se alimentarem de mel) e se alimentam de duas espécies de lagartas da
família Saturniidae, Gonimbrasia belina e Gynanisa maia. Contudo, estas espécies de
lagartas não existem fora do parque, onde toda a mata nativa foi destruída para criar
campos de agricultura extensiva de tabaco, milho, vagens e amendoim.
Nigéria
Na Nigéria, a insetivoria é mais prevalente em áreas rurais que urbanizadas, sendo que
as pessoas com maior acesso à educação não admitem que a insetivoria seja uma prática
comum no país. A espécie mais popular é a da lagarta Cirina forda, da família Saturniidae,
que chega a custar o dobro do preço da carne bovina. Além dessa espécie, outras
espécies muito usadas são os besouros Rhynchophorus phoenicis e Oryctes sp.
(Coleoptera), a larva da mariposa Anaphe sp. (Lepidoptera), cupins (Isoptera), e grilos e
gafanhotos (Orthoptera). As larvas de Anaphe são particularmente ricas em gordura,
sendo que cada 100g dessa larva contêm cerca de 611 kcal. Ademais, quatro espécies
populares de insetos comestíveis (Imbrasia belina, Rhynchophorus phoenicis, Oryctes
rinoceronte e Macrotermes bellicosus) contêm todos os aminoácidos essenciais, com
quantidades relativamente elevadas de lisina, treonina e metionina, que são os principais
aminoácidos em dietas à base de cereais e leguminosas
República Democrática do Congo
São conhecidas mais de 65 espécies de 22 famílias de insetos usadas na alimentação.
Os insetos fornecem cerca de 10% da proteína animal produzida anualmente
na República Democrática do Congo, variando de distrito a distrito. No Distrito de
Kwango, insetos fornecem uma média de 37% da proteína animal, variando de 22% a
64%, a depender do território dentro do distrito. Ainda em Kwango, lagartas são o
principal alimento, sendo a produção anual de lagarta desidratada de 280 a 300
toneladas. Nos Distritos de Kwango e Kwilu, mais de 30 espécies de insetos são
consumidas, sendo que 3 espécies (dentre elas, a lagarta Cirina forda, da família
Saturniidae) são exportadas.
Em Lubumbashi, 35 espécies de lagartas são consumidas, principalmente da família
Saturniidae. Em estudos analisando lagartas desidratadas da família Saturniidae usadas
na alimentação, descobriu-se que 63,5% desses insetos eram proteína bruta, que 100g
de lagartas desidratadas tinham uma média de 457 a 543 kcal (quilocalorias) e 335% da
quantidade de ferro diária recomendada para humanos (sendo uma excelente fonte de
ferro), e que elas possuem todas as vitaminas necessárias para o crescimento em
quantidades suficientes, com exceção de B1 e B6.
República do Congo
Na República do Congo (não ser confundida com o país supracitado), cada pessoa come
cerca de 30g de insetos por dia. A espécie de inseto comestível mais apreciada é o
besouro Rhynchophorus phoenicis, sendo seu preço no mercado elevado, devido ao
apreço popular e sua raridade. Além disso, são comidos besouros, cupins, lagartas e
ortópteros (gafanhotos, grilos e esperanças), sendo este último grupo também usado
como moeda de troca em algumas áreas rurais.
Tanzânia: povo Tongwe se alimenta de Coleoptera, Hymenoptera, Isoptera e Orthoptera.
Esse povo se alimenta muito de mel. Eles atraem abelhas selvagens para buracos de
madeira onde elas farão sua colmeia. Um único “homem do mel” (equivalente a um
apicultor para esse povo) pode criar até 300 colmeias com essa técnica, cada uma
fornecendo até 18 litros de mel.
América
Brasil
No Brasil, há 135 espécies de insetos comestíveis em 9 ordens diferentes, sendo que
alguns espécies não foram descritas ainda, são conhecidas apenas pelo seu nome
popular. Dois terços das espécies são da ordem Hymenoptera (abelhas, formigas e
vespas), seguidas por Coleoptera, Orthoptera, Isoptera e Lepidoptera, e terminando com
as menores quantidade de espécies em Diptera, Phthiraptera, Blattodea e Hemiptera.
Os indígenas da tribo Maku complementam sua dieta de mamíferos com Coleoptera,
Hymenoptera, Isoptera e Lepidoptera. Na tribo Yanomami, os homens são os únicos a
comerem carne de mamíferos, além de consumirem mais de 80% das lagartas coletadas.
Mulheres, além de consumirem carne de sapo, crustáceos e mexilhões, também se
alimentam de cupins, e larvas e pupas de abelhas e vespas. Já o povo Maku
possivelmente se alimenta de Coleoptera, além de se alimentar de Isoptera e Lepidoptera.
Dentre as espécies de insetos comestíveis mais comuns na alimentação brasileira, pode-
se citar a formiga tanajura, utilizada no preparo de farofas e consumida tradicionalmente
no interior do estado de Minas Gerais e em alguns estados da região Nordeste, e a larva
do besouro Pachymerus nucleorum, também conhecida como “larva do coquinho”, devido
ao fato de habitar o interior de frutos, e seu consumo é indicado durante treinamentos de
sobrevivência na selva
Colômbia
Os indígenas da tribo Tukanoa, na Amazônia, se alimentam de mais de 20 espécies de
insetos, principalmente de besouros, formigas, cupins e lagartas. Durante a estação de
maior abundância de insetos, eles compõem 26% da proteína consumida por mulheres e
12% da proteína dos homens. Já o povo Tukanoan se alimenta de Coleoptera,
Hymenoptera, Isoptera e, principalmente, Lepidoptera.
Equador
Besouros conhecidos como catso blanco são comida popular na região de Quito.
Estados Unidos da América
Registros mostram que, durante as várias guerras em território estadunidense,
estadunidenses e franceses se alimentavam de insetos abundantes nos locais, como
gafanhotos e grilos (Orthoptera), cigarras (Hemiptera), e ovos e larvas de besouros do
gênero Phyllophaga (Coleoptera). Foi, inclusive, sugerido que passassem a usar insetos
na alimentação, visto que estavam em um período de falta de comida devido à
guerra Ademais, o povo Paiute se alimenta de Lepidoptera, Orthoptera e possivelmente
Diptera.
México
Os povos Shoshone se alimentam de 101 espécies de insetos, principalmente
Hymenoptera, mas também de Coleoptera, Lepidoptera, Orthoptera, Hemiptera e
Anoplura.
Paraguai
Na sociedade Aché, as pessoas se alimentam de 15 espécies de insetos, 10 das quais
quando estão no estágio de larva, e de 14 tipos diferentes de mel. 27% do tempo de
forrageio (procura por alimento) das mulheres é procurando insetos, principalmente na
retirada de larvas de besouro de troncos podres. Homens gastam 5% do seu tempo de
forrageio coletando mel, prática feita com o uso de tecnologia. Eles fazem fogo e usam a
fumaça para espantar as abelhas e coletarem o mel. Povo Aché se alimenta de
Coleoptera e Hymenoptera.
Venezuela
O povo Yukpa se alimenta de Coleoptera, Isoptera, Lepidoptera e, principalmente,
Hymenoptera.

Além dessas informações, há muito mais descrito na página sobre Antropoentomofagia


nas Américas.
Ásia
China
Na China, 178 espécies de insetos de 11 ordens diferentes são usadas na alimentação
humana atualmente, sendo que de 20 a 30 espécies comuns de insetos são usadas ao
longo de todo o ano na China. Insetos comestíveis na China são referidos como “comida
tesouro da montanha”, e são cozinhados e comidos na China há mais de 3.000 anos. As
maneiras de preparação desses insetos incluem fritar, refogar, cozinhar no vapor, fritar e
depois cozinhar no vapor, e ferver e depois assar. Na cozinha, são usadas todas as fases
da vida dos insetos (ovos, larva, pupa, adulto e ninfa), mas em restaurante,
majoritariamente são servidas larvas e pupas. No chá de inseto, a quantidade de vitamina
C chega a 15,04 mg para cada 100 gramas do chá.
Insetos são comuns na alimentação de alguns grupos étnicos minoritários na China,
especialmente na alimentação da Província de Yunnan, onde comem muitas vespas no
verão. Nessa província, larvas e pupas fritas ainda dentro da colmeia são alimento, sendo
que muitas espécies de vespas usadas na alimentação ainda não foram descritas. Eles
são ricos em proteínas, aminoácidos, gordura, carboidratos, vitaminas e elementos
vestigiais. Os insetos usados na alimentação chinesa contêm de 20% a 70% de proteína,
seus carboidratos variam de 1% a 10%, e são ricos em elementos nutritivos, como
potássio, sódio, cálcio, cobre, ferro, manganês e fósforo. Além disso, muitos insetos
comestíveis são ricos em gordura. A quantidade de gordura é maior em larvas e pupas,
diminuindo em adultos. As maiores quantidades de gordura são dos
lepidópteros Pectinophora gossypeilla, com 49,48%, e Ostrinia furnacalis, com 46,08%.
Ademais, insetos comestíveis são ricos em vitaminas A, B1, B2, B6, D, E, K e C.
Insetos são considerados como um alimento saudável e são usados pela medicina
tradicional chinesa, com algumas das suas funções medicinais comprovadas pela ciência.
Uma bebida saudável é o “álcool de formiga”, composto de álcool com
formigas Polyrhachis dives mergulhadas nele. Estudos comprovam que esse álcool pode
melhorar o sistema imunológico e a habilidade sexual. Outros estudos mostram que o
cupim Macrotermes annandalei pode melhorar o sistema imunológico, e cápsulas com pó
desse cupim podem ser compradas no mercado.
Das 11 ordens, as com mais espécies comestíveis são Lepidoptera, Coleoptera e
Hymenoptera.

 Donzelinhas: 4 espécies de Ephemerida são comestíveis. Ephemerella


jianghonhensis é comida nas fases de náiade e adulto.
 Libélulas: 7 espécies de Odonata são consumidas, as mais comuns na
alimentação sendo Crocothemis servilia, Gomphus cuneatus e Lestes
praemorsa. As formas mais consumidas são as naiades.
 Cupins: 16 espécies de Isoptera são consumidas, as mais comuns na
alimentação sendo Macrotermes annandalei, M. barneyi, M.
acrocephalus, Odontotermes formosanus, O. yunnanensis e Coptotermes
formosanus. As formas mais consumidas são adultos.
 Grilos, gafanhotos e esperanças: 9 espécies de Orthoptera são comestíveis, as
mais comuns na alimentação sendo Oxya chinensis, Gryllotalpa orientalis, G.
unispina, Gryllus bimaculatus e Tarbinskiellus portentosus. Ninfas e adultos são
comidos fritos em óleo.
 Percevejos: 7 espécies do clado Homoptera consumidas, dentro da ordem
Hemiptera, as mais comuns na alimentação sendo Crytotympana
atrata, Lawana imitata e Darthula hardwicki. Comem-se as ninfas e os adultos.
 Percevejos: 7 espécies de Hemiptera consumidas, menos Homoptera, as mais
comuns na alimentação sendo Tessaratoma papillosa, Cyclopelta
parva, Eusthenes saevus e Mictis tenebrosa. Comem-se as ninfas e os adultos.
 Besouros: 30 espécies de Coleoptera consumidas, as espécies já descritas
(identificadas pela ciência) mais comuns na alimentação sendo Stromatium
longicone, Sphenoptera kozlovi, Tomcus piniperda, Oryctes
rthinoceros e Cyrtotrachelus bugueti. Muitas espécies, contudo, ainda não
foram descritas, não são conhecidas pelos cientistas, e precisam ser
estudadas. Comem-se as larvas e os adultos.

 Borboletas e mariposas: 70 espécies de Lepidoptera comestíveis, as mais


comuns na alimentação sendo Chilo fuscidentalis e Bombyx mori. É a ordem
com maior quantidade de insetos comestíveis. As formas mais consumidas são
pupas e principalmente larvas.
 Moscas e mosquitos: 2 espécies de Diptera consumidas, a mais comum
sendo Musca domestica.
 Formigas, vespas e abelhas: 32 espécies de Hymenoptera comestíveis, as
espécies descritas mais comuns na alimentação sendo.
o abelhas: Apis cerana, A. mellifera, Megapis dorsata, Micrapis florea.
o formigas: Carebana lignata, Polyrhachis dives, Oecophylla
smaragdina.
o vespas: Vespa analis, V. basalis, V. bicolor, V. magnifica, V. sorror.
o Coreia do Sul

Espécies comestíveis que são vendidas no mercado e exportadas são o gafanhoto Oxya
velox, chamado de metdugi, e o bicho-da-seda Bombyx mori na forma de larva.
Índia
Há mais de uma dúzia de espécies de bicho-da-seda usadas na alimentação, sendo a
mais comum a Samia ricini, considerada uma iguaria. A pupa é comida e o pupário de
seda é aproveitado como um produto secundário para fabricar tecidos. Cerca de 40 mil
famílias praticam a cultura desse bicho.
Japão
As espécies de insetos mais populares na culinária histórica e moderna do Japão são os
gafanhotos Oxya yezoensis e O. japonica, fritos e temperados com molho de soja. Outra
comida feito de inseto muito comum é o hachinoko, feito de larvas de vespa ou abelha
cruas ou cozidas em molho de soja, servido com arroz.
Tailândia
São conhecidas mais de 80 espécies de insetos comestíveis, muitas das quais fonte de
comida diária. Isso as torna fontes importantes de proteínas, energia, vitaminas e minerais
para fazendeiros em zonas rurais. Essas espécies podem ser encontradas no mercado
público.

Oceania
Austrália
Os povos aborígenes usam diversos insetos na sua alimentação, como larvas de
Cossidae e Cerambycidae, mariposas Noctuidae, formigas, mel e jovens de abelhas sem
ferrão, além de percevejos (Hemiptera).

 Povo Wailbri se alimenta de Coleoptera e bastante de Hymenoptera. Esse povo


vive no deserto central, perto de “Alice Springs”, e consomem o “mel” de
formigas, que nada mais é do que o líquido presente no abdômen de formigas
operárias, que foi retirado de pulgões (que essa espécie de formiga
“domesticou” para coletar o “mel” para si), formado da seiva que eles sugam
das plantas. Cada afídio (pulgão) fornece 1ml de “mel”.
 Em North Queensland, larvas de besouro, lagartas, cupins, formigas, vespas e
mel são alimento regular.
 Povo Wanindiljaugwa, que vive em Arnhem Land, se alimenta do mel das
abelhas arbóreas da região, que não possuem ferrão.
 Povo Alyawara se alimenta de de larvas de mariposa.
 Povo Kirwanian se alimenta de Coleoptera, Hymenoptera, Orthoptera e
Hemiptera.
 Povos aborígenes de New South Wales se alimentam de mariposas Bugong
(família Noctuidae). Nos Alpes Australianos, milhões dessas mariposas migram
para elevações maiores e menos quentes para hibernar em abrigos nas rochas,
engordadas para a hibernação. Todo ano, as pessoas, principalmente homens,
se reúnem para coletar as mariposas, usando técnicas como fumaça, redes e
gravetos, e as consumem assadas.

Papua Nova Guiné e Nova-Guiné Ocidental


Uma grande variedade de insetos é comida na Papua Nova Guiné. Uma das mais
famosas é o besouro Rhynchophorus ferrugineus papuanus, comido principalmente
durante um festival, e não o ano todo. Outra espécie é a larva de Hoplocerambyx severus,
que existe em abundância, podendo ter mais de 100 indivíduos por tronco de árvore.

 Para parte do povo Sepik, os insetos chegam a ser 30% da fonte de proteína,
além de fonte de gordura, ferro e zinco.
 O povo Chauve se alimenta de Coleoptera, Hymenoptera, Lepidoptera,
Orthoptera e Hemiptera.
 O povo Onabasulu se alimenta principalmente de Coleoptera, mas também de
Hymenoptera, Orthoptera e Odonata; dos besouros, eles manufaturam
“linguiças” gigantes de até 3 metros de comprimento feitas da larva
de Rhynochophorus bilineatus, que são assadas e compartilhadas.

Nutricional
Existe uma variedade de insetos comestíveis, e seus valores nutricionais e energéticos
variam grandemente, não só entre espécies, como entre fases da vida (como larva ou
pupa). Em geral, insetos comestíveis são ricos em energia, gordura e proteínas de alta
qualidade, minerais, fibras, vitaminas e sais, e podem conter, a depender da espécie e
fase de vida (como larva ou adulto), vitaminas e minerais que normalmente são escassos
ou ausentes em plantas. A maioria dos insetos é rica em micronutrientes, como cobre,
ferro, magnésio, manganês, fósforo, selênio e zinco. A maioria dos insetos comestíveis é
rica em vitamina B1 (tiamina) e B2 (riboflavina). A gordura é um componente principal na
constituição de insetos, e varia grandemente com a espécie e fase de vida. Na massa
seca, insetos contêm de 10% a 60% de gordura. Em comparação, 100 gramas do bicho-
da-seda (Bombyx mori) têm 94 kcal, enquanto que 100 gramas da formiga Oecophylla
smaragdina têm 1.272 kcal.
Alguns grupos de insetos, como cupins, gafanhotos, lagartas, besouros e moscas, são
uma fonte melhor de proteínas do que carnes vermelhas (gado, porco, cordeiro e galinha).
Da massa seca de adultos alados (com suas asas arrancadas) do cupim Macrotermes
falciger, 42% da sua massa é proteína e 44% gordura. Grilos e gafanhotos são
excepcionalmente ricos em cálcio, e, em relação à carne de gado, ninfas de grilos e
gafanhotos são uma fonte 11 melhor de vitamina B12, e têm 15 vezes mais magnésio e 3
vezes mais ferro. Já moscas domésticas são ricas em ferro, zinco, cálcio, magnésio e
vitamina B3.
Os valores energéticos para 100 g de um dado inseto variam bastante, desde 89 kcal
para o gafanhotos Cyrtacanthacris tatarica, até 1272 kcal para a formiga Oecophylla
smaragdina. Gorduras e óleos podem compor de 9% até 67% da massa seca de
insetos. Proteínas podem compor de 13% até 77% do peso seco de um inseto. Ou seja,
de 13% até 77% do inseto desidratado é só proteína. Passando para gramas, 100 g de
inseto não-desidratado (portanto, considerando o peso da água) podem conter de 7 g a
48 g de proteínas. Em comparação, a carne bovina oferece de 19 a 26 g de proteína,
peixes oferecem de 16 g a 28 g e crustáceos de 13 g a 27 g. Portanto, insetos oferecem
desde a mesma quantidade de proteínas até valores muito maiores do que os demais
animais presentes na dieta humana. Por fim, insetos oferecem quantidades altas de
minerais. Por exemplo, enquanto que 100 g de massa seca de carne bovina oferecem 6
mg de ferro e 12,5 mg de zinco, 100 de massa seca de lagartas oferecem de 21 mg a 77
mg de ferro, e larvas de besouro Rhynchophorus phoenicis oferecem 26,5 mg de zinco.
A maioria dos insetos apresentam quantidades muito altas de fosfato, sendo que 24 de 60
unidades atendem à dose di-etária recomendada para adultos. Em um estudo, dos 77
insetos analisados quanto ao teor de magnésio, apenas 23 insetos são suficientemente
supridos por magnésio, contudo percevejos (Hemiptera) e algumas espécies da ordem
Orthoptera (cigarras, grilos e gafanhotos) são especialmente ricos em magnésio.
Geralmente os insetos têm baixo teor de sódio, e aparentam conter muito mais ferro e
cálcio do que carne bovina, suína e de frango. Também foi sugerido que o consumo de
insetos poderia diminuir a deficiência de ferro e zinco nos países em desenvolvimento.
Além disso, os insetos comestíveis contêm na maioria das vezes quantidades suficientes
de manganês e cobre
Em um estudo comparando 100 espécies de insetos, descobriu-se que a quantidade de
proteína por massa seca em cada ordem é de:

 Coleoptera - de 23% a 66%.


 Lepidoptera - de 14% a 68%.
 Hemiptera - de 42% a 74%
 Hymenoptera - de 13% a 77%.
 Odonata - de 46% a 65%.
 Orthoptera - de 23% a 65%.
Faz-se importante notar, porém, que não basta ter quantidades maiores de nutrientes,
mas ter também uma boa absorção deles. Segundo estudos, a absorção das proteínas de
insetos é de 76% a 90% (ou seja, se 50% de um inseto é proteína, só 38% a 45% dessa
proteína vai ser absorvida), abaixo da nossa capacidade de absorver a proteína do
ovo(95%) ou a de gado (98%). Apesar disso, a absorção de proteínas de insetos é maior
que nossa absorção de proteínas de plantas, e vale pela quantidade proteica maior.
Quanto a vitaminas, as vitaminas essenciais estão presentes na maioria dos insetos
comestíveis, como B1, B2, B12 e E. Já a vitamina A não é muito abundante em insetos,
apesar de presente. Para 100 gramas de massa seca de:

 insetos, há de 0,1 a 4 mg de B1.


 insetos, há de 0,11 a 8,9 mg de B2.
 larvas de Tenebrio molitor e grilos Acheta domesticus, há de 0,47 ug a 8,7 ug
de B12.
 lagartas, como Imbrasi oyemensis, I. truncata e I. epimethea, há de 6,8 a 48
ug de vitamina A (retinol e beta-caroteno).
 larvas de besouro Rhynchophorus sp. e bicho-da-seda, há de 9,65 mg a 35 mg
de vitamina E.

Alimento do futuro?

Conteúdo nutricional, baseado na matéria seca, de alguns alimentos insetos utilizados


como fontes de alimentos, em porcentagem (%)
As taxas de conversão alimentar (FCRs), definida como a necessidade alimentar por
unidade de ganho de peso, são particularmente importantes, uma vez que com o aumento
da procura de carne há uma demanda mais do que proporcional para grãos e alimentos
ricos em proteínas. FCRs variam muito dependendo da classe de animais e das práticas
de produção usadas para produzir a carne.
A proporção de peso comestível difere consideravelmente entre animais convencionais e
insetos. A porcentagem de peso comestível para frango e suína (ambos com 55% do
peso vivo) é maior do que carne bovina (40%). Grilos no último estágio ninfal podem ser
comidos inteiros, mas quando ingeridos como um lanche, alguns preferem que as pernas
(17% do peso total) sejam removidas, e, pelo fato do quitinoso exoesqueleto (3%) ser
indigesto, o percentual de peso comestível chega a 80%. Nos números acima, pode-se
calcular o FCR do peso comestível, mostrando os grilos a serem duas vezes mais
eficiente que os frangos, 4 vezes mais eficiente que os porcos e 12 vezes mais que os
bovinos. Estes cálculos também podem ser feitos para eficiência de proteína. Isso seria
útil se o conteúdo de proteína fosse muito diferente para gado e grilos, mas não é: aves
de porco, carne de porco e carne bovina apresentam valores de 200, 150 e 190 g de
proteína por quilograma de peso comestível, respectivamente, enquanto que para ninfas
de críquete e adultos, estes números são 154 e 205 g, respectivamente. Logo, é muito
provável que os grilos sejam os alimentos mais eficientes se tratando em massa corporal
comestível quando comparados com os animais convencionais
5 Restaurantes Paulistas que exploram os
sabores da formiga-saúva

Metzi

No Metzi, ela pode ser encontrada no prato de siri-mole com palmito e formiga-saúva-
limão.

No entanto, como o siri-mole é um produto de temporada, na falta da iguaria o restaurante


o substitui pelo peixe carapau – em um tempurá de fubá de milho crioulo e com a cabeça
do peixe frita para finalizar.
A época ideal para apreciar um bom siri é durante a troca de casca, quando o clima está
quente. No inverno, não se encontra mais a casca mole para usar na cozinha.

Banzeiro

Reconhecido pelo guia Michelin e por seu histórico na reprodução da cozinha regional
amazônica, o Banzeiro de São Paulo é bem direto na execução do prato com formigas.
Para quem quer experimentar a iguaria, talvez essa seja a opção mais natural.

Como entrada, o restaurante oferece a formiga-saúva com espuma de mandioquinha em


seu cardápio.
D.O.M.

Para o D.O.M., de Alex Atala, a formiga-saúva é tão especial que faz parte do menu
degustação do premiado restaurante. Inspirado pela tradição alimentar de algumas etnias
indígenas da região amazônica – especialmente dos baníuas –, o prato com a iguaria é o
“formiga, manga e papaia”, que promete oferecer uma explosão de sabores.
Amazo

No Amazo, restaurante especializado em comida peruana, há dois pratos que exploram o


sabor da formiga-saúva – para aqueles que querem uma experiência ainda mais imersiva,
é possível até harmonizar as duas opções do local.

O cebiche amazo, apresenta pedaços de peixe marinados em molho de pimenta amarela


e cozidos na parrilla sobre folha de banana, manteiga de carne-seca peruana, patacones
de banana-da-terra e formigas-limão. Já o drinque amazônico, como foi batizado, é feito
de pisco infusionado com formigas, cachaça, xarope de amêndoas, limão, angostura,
folhas e flores de jambu.
Nanmi

Não é só na capital paulista que se encontra diversidade gastronômica.

Em São Carlos, cidade a cerca de duas horas e meia de São Paulo, o restaurante Nanmi
– com foco em culinária amazônica e brasileira – possui duas opções com formiga em seu
cardápio. A formiga crocante é uma entrada servida em uma combinação composta de
queijo coalho, banana-da-terra e flores comestíveis – como a folha de capuchinha – e
finalizada com um fio de melaço.

De sobremesa, a formiga-saúva pode ser encontrada na sequência de brigadeiros.

A formiga vai no topo do brigadeiro de brûlée de capim-santo, em uma sequência de


sabores de tapioca com coco, cupuaçu com castanhas-do-pará, cachaça de jambu e
farinha uarini.

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