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Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

O Modelamento e Ensaios de Sistema de Proteção e


Automação para o Sistema de Distribuição de Energia
Elétrica da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC),
baseado em IEDs e no Protocolo IEC 61850.

Roberval Bulgarelli PETROBRAS/RPBC


Eduardo César Senger USP/POLI
Adenílson Santos GE SUPPLY DO BRASIL
Paulo Egídio Zerbinatti GE SUPPLY DO BRASIL
Enrico Augusto Viceconti GE SUPPLY DO BRASIL
Francisco Antônio Reis Filho USP/POLI

São Paulo, 20 de dezembro de 2005.

Folha 1/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

O Modelamento e Ensaios de Sistema Digital de Proteção e Automação Elétrico


para o novo Sistema de Recebimento e Distribuição da Refinaria Presidente
Bernardes, baseado em IEDs e no Protocolo IEC 61850.

Sumário

1. Objetivos dos trabalhos ...................................................................................................................................... 3


2. Introdução .......................................................................................................................................................... 3
3. Características do atual sistema de automação elétrico da RPBC ...................................................................... 4
4. Características e arquitetura do novo sistema de proteção e automação elétrico da RPBC ............................... 4
5. O Protocolo de Comunicação de acordo com as normas IEC 61850 ................................................................. 5
6. O laboratório de proteção de sistemas elétricos do PEA/POLI/USP................................................................ 11
7. Ensaios de simulação e de desempenho do novo sistema de proteção e automação ........................................ 12
8. Descrição da plataforma de Hardware utilizados nos ensaios ......................................................................... 13
9. Descrição dos Programas IP Load e Enervista utilizados no ensaio e simulação............................................. 14
10. Funções de proteção, intertravamentos e automatismos implementados e ensaiados. ..................................... 16
10.1. Função 27 – Transferência Automática de Alimentadores por Subtensão ---------------------------------17
10.2. Função 68 – Seletividade Lógica ---------------------------------------------------------------------------------17
10.3. Função 50 BF – Falha de Disjuntor (Breaker Failure) --------------------------------------------------------17
10.4. Função 86 – Bloqueio de fechamento ----------------------------------------------------------------------------18
10.5. Função 94 – Transferência de Trip -------------------------------------------------------------------------------18
10.6. Função 43 – Paralelismo Momentâneo de Alimentadores ----------------------------------------------------18
10.7. Load Shedding – Descarte Seletivo de Cargas------------------------------------------------------------------19
11. Diagramas unifilares do novo sistema elétrico de distribuição de energia da RPBC ....................................... 19
12. Rede de IEDs de motores para controle através de SDCD para controle e monitoração do processo ............. 23
13. Diagrama de interligação de switches ópticos, IEDs e computadores.............................................................. 24
14. Medição de tempos de resposta e resultados comparativos obtidos dos ensaios com e sem carregamento
de tráfego na rede ............................................................................................................................................. 26
14.1. Ensaio de Seletividade Lógica e Breaker Failure com tráfego de rede normal ---------------------------26
14.2. Ensaio de Seletividade Lógica e de Breaker Failure com carregamento de 100% da rede -------------30
14.3. Ensaio de Paralelismo Momentâneo de Alimentadores (Função 43), com tráfego normal.-------------34
14.4. Ensaio de Paralelismo Momentâneo de Alimentadores (Função 43) com o “IP LOAD” ---------------36
14.5. Tabela comparativa de tempos de atuação de mensagens GOOSE/GSSE com tráfego normal de rede
e com saturação de tráfego de 100 % da capacidade da rede. -----------------------------------------------36
14.6. Transferência automática de alimentadores por Subtensão (Função 27) -----------------------------------37
14.7. Simulação de lógica de “Load Shedding” - Descarte Seletivo de Cargas ----------------------------------38
14.8. Ensaio da Função de Bloqueio (Função 86) configurada em memória não volátil -----------------------42
15. Análise dos resultados obtidos ......................................................................................................................... 43
16. Conclusões ....................................................................................................................................................... 43
17. Agradecimentos................................................................................................................................................ 44
18. Curriculum Vitae.............................................................................................................................................. 45

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Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

1. Objetivos dos trabalhos


O objetivo deste trabalho é o de apresentar a simulação e os resultados dos ensaios realizados no
Laboratório de Pesquisa em Proteção de Sistemas Elétricos do Departamento de Engenharia de Energia e
Automação Elétrica (PEA) da Escola Politécnica (POLI) da Universidade de São Paulo (USP), para o
novo sistema de proteção e automação elétrica a ser implementado no sistema de distribuição de energia
da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), da PETROBRAS.
Dentre os principais objetivos dos ensaios realizados, destacam-se os seguintes:
• Configuração, implementação, parametrização, simulação de operação e ensaios de um sistema
digital de automação e proteção elétrico baseado em IEDs, com redes de comunicação com
protocolo aberto, com uma configuração de fato distribuída, não baseada em UTR ou em
protocolos proprietários.
• Implementação, simulação de operação e ensaios de uma plataforma de IEDs baseada em rede de
comunicação Ethernet, com protocolo conforme o padrão IEC 61850.
• Verificação de viabilidade e de desempenho de um sistema de proteção, intertravamento,
automatismo, comandos e monitoração baseado em sinais enviados priorizados através de rede de
comunicação, de forma diferente da forma tradicional, onde os sinais são enviados através de
circuitos físicos dedicados, constituídos por fiação de cobre, interligando diretamente os relés de
proteção ou os disjuntores.
• Implementação, simulação de operação e ensaios de desempenho de um sistema de automação e
proteção baseado em IEDs, considerando o tráfego de sinais através de redes de comunicação
envolvendo diferentes subestações, com localizações geográficas distintas.

2. Introdução
O sistema elétrico da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), da PETROBRAS, foi
automatizado em meados da década de 90, utilizando-se um Sistema de Controle e Monitoração
Distribuído (SCMD), o qual trouxe grandes ganhos para as Unidades. Com os novos empreendimentos a
serem realizados e os avanços tecnológicos na área de automação elétrica, o atual momento é de
reavaliação das tecnologias utilizadas e na especificação da arquitetura dos novos sistemas de proteção e
automação elétricas.
Quando da sua automação, foi adotado na Refinaria um sistema com arquitetura de “inteligência”
distribuída, baseada em Unidades Terminais Remotas – UTR e operação centralizada a partir do Centro
de Controle Integrado. Esta automação foi baseada em sistemas ‘proprietários’, com quase total
dependência do usuário ao fabricante original e com pouca integração com os relés numéricos existentes,
sendo os recursos desses poucos utilizados.
A Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão encontra-se atualmente em processo de
implementação de grandes alterações no seu sistema elétrico de recebimento e de distribuição de força. O
novo sistema de distribuição receberá alimentação em 230 kV, proveniente da UTE – Cubatão (Unidade
Termo Elétrica de Cogeração à Gás Natural – 220 MW – 230 kV) e distribuirá a energia em 13.8 kV, a
partir de 3 novos Centros de Distribuição de Carga, denominadas subestações SE C-17, SE C-14 e SE C-
03. A RPBC possui dezenas de subestações unitárias instaladas em seu parque industrial, as quais
alimentam as diversas unidades de processamento de petróleo e de tratamento de derivados, apresentando
um consumo de cerca de 40 MW.
O novo sistema de automação e proteção para este novo e complexo sistema elétrico será baseado
em uma rede de IEDs (Intelligent Electronic Devices) e Switches Ópticos gerenciáveis, com redes de
comunicação em protocolo aberto, de normalização internacional IEC, padrão Ethernet, TCP/IP. No
nível superior de automação do sistema elétrico, serão utilizados servidores com protocolo OPC Server,
que permitirá a interoperabilidade dos diferentes sistemas digitais de controle elétrico da RPBC, inclusive
futuros, através de uma mesma plataforma operacional.
Será utilizado protocolo de comunicação aberto padronizado por normas internacionais da IEC,
seguindo os padrões estabelecidos pela família de Normas IEC 61850 - Communication networks and
systems in substations, que atende os requisitos e funcionalidades requeridos pelo sistema de proteção e
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automação elétrica, além de possibilitar a interoperabilidade entre IEDs de qualquer fabricante que utilize
este protocolo internacional padronizado.
O laboratório de proteção de sistemas elétricos da Escola Politécnica da USP (L-PROT) está
equipado com cerca de 15 IEDs, com capacidade de comunicação de dados utilizando o protocolo
IEC 61850, além de switches ópticos, conversores de protocolo e caixas de calibração de relés de
proteção.
Estes equipamentos foram utilizados para a simulação da configuração do novo sistema de
automação e proteção a ser implementada no novo sistema elétrico de distribuição da Refinaria de
Cubatão e para a realização de uma série de ensaios de desempenho sobre as redes de comunicação
constituídas por estes IEDs.

3. Características do atual sistema de automação elétrico da RPBC


A RPBC possui atualmente instalado um sistema digital de controle e monitoração distribuído,
denominado SCMD, o qual monitora e controla centralizadamente através do seu Centro de Operações, as
subestações de entrada, subestações de distribuição e subestações unitárias das unidades de processo,
integrantes do seu sistema elétrico de energia, em 88 kV e 4.16 kV.
Este sistema digital de automação, instalado por volta de 1996 é baseado na instalação de UTR
(Unidades Terminais Remotas), em cada uma das diversas subestações monitoradas, as quais interfaceam
os cubículos e gavetas dos painéis existentes através de fiações físicas dos circuitos de monitoração e
controle. Os circuitos de monitoração ou controle são endereçados a entradas e saídas, digitais ou
analógicas de cartões de I/O existentes nas UTRs. O sistema digital atualmente existente monitora e
controla um total de cerca de 9.500 pontos discretos, distribuídos em diversas UTRs, instaladas nas
diversas subestações unitárias existentes no sistema elétrico da Refinaria Presidente Bernardes.
A lógica de programação dos programas de monitoração e controle residem nas CPUs existentes
nas UTRs, as quais também recebem instruções provenientes dos operadores do Centro de Operações.
As diversas UTRs são interligadas através de uma Via de Comunicação de Dados, redundante,
com configuração em anel. A operação de cada um dos dois anéis de enlace é do tipo unidirecional, onde
a perda de um dos nós da rede ou o dano de um trecho de fibra ocasiona a perda de todo o anel.
O protocolo utilizado na rede de comunicação de dados é do tipo proprietário, elaborado pelo
fabricante do sistema e específico para este modelo de sistema de automação.
Em função da velocidade do desenvolvimento da tecnologia digital e de proteção e automação
elétrica, o sistema instalado há cerca de 9 anos já é considerado “clássico” pelo fabricante, estando fora da
linha normal de fabricação.

4. Características e arquitetura do novo sistema de proteção e automação elétrico da


RPBC
O novo sistema elétrico da RPBC será constituído basicamente por uma subestação de entrada
com recebimento em 230 kV (SE C-17) e Centros de Distribuição de Carga em 13.8 kV (SE C-17, SE C-
14 e SE C-03), dos quais serão distribuídos circuitos para alimentação das subestações unitárias existentes
nas respectivas unidades de processamento de petróleo e tratamento de derivados.
O novo sistema digital de automação a ser implementado na RPBC será baseado na utilização de
IEDs (Intelligent Electronic Devices), utilizando o protocolo de comunicação IEC 61850 em cada IED,
interligados através de switches ópticos.
O sistema de proteção e automação será constituído por uma rede de comunicação de dados
interligando os switches ópticos, com cabos de fibra óptica, redundante, em anel, bidirecional. Esta rede
será utilizada para as funções de engenharia, rede de dados de monitoração e controle e rede dados para
sinais de proteção / intertravamento entre IEDs.
Existirá ainda uma segunda rede dedicada para sincronismo de tempo, através de GPS / entrada
IRIG B.
Existirá ainda uma terceira rede, constituída por IEDs de proteção de motores, para comunicação
de dados de monitoração e controle diretamente com o sistema digital de controle de processo (SDCD)
existente na RPBC, de fabricação Yokogawa.
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Foram configuradas para a realização deste ensaio, através do software de configuração,


monitoração e controle dos IEDs, as telas de controle e monitoração das subestações SE C-17
(recebimento de 230 kV e Centro de Distribuição de Carga em 13.8 kV), SE C-14 e SE C-03 (Centros de
Distribuição de Carga em 13.8 kV).
Foi utilizada para a execução destes ensaios, uma rede de comunicação composta pelo seguinte
hardware disponível no laboratório de proteção L-PROT: 16 IEDs, 3 Switches Ópticos e 1 Conversor de
Protocolo de fabricação GE / MULTILIN, Caixa de calibração de relés de fabricação OMICRON, Sistema
GPS de fabricação REASON, cabos de fibra óptica para as redes de comunicação de dados e para a rede
de proteção e cabos de rede estruturada (pares trançados) para a rede Ethernet para o sincronismo de
tempo e para a rede de engenharia.
Todos os IEDs, switches ópticos e conversor de protocolo, disponíveis no laboratório de sistema
de proteção L-PROT foram interligados em redes, de forma a simularem a configuração básica das 3
novas subestações a serem construídas na RPBC: SE C-17, SE C-14 e SE C-03, conforme arquitetura
simplificada apresentada na Figura abaixo.
Foram integrados em rede, simulando a rede de IEDs de motores a ser instalada na SE C-03, 2
IEDs disponíveis , através de conversor de protocolo Modbus ou Profibus, de forma a simular a rede para
comunicação de dados requerida para interligação com o sistema SDCD existente na RPBC, para controle
do processo de refino de petróleo e tratamento dos derivados.

5. O Protocolo de Comunicação de acordo com as normas IEC 61850


A IEC - International Electrotechnical Commission, desenvolveu as Normas da série IEC 61850
- Communication networks and systems in substations, reconhecendo a necessidade de elaborar um
padrão abrangendo redes de comunicação e sistemas em subestações, e desenvolveu um padrão que
permite a interoperabilidade de IEDs de diferentes origens e que apresenta um grau de confiabilidade
adequado com suporte às funções especificas da automação elétrica.
São as seguintes as Normas que constituem a série IEC 61850 - Communication networks and
systems in substations:
• IEC 61850-1 - Communication networks and systems in substations - Part 1 - Introduction and overview
• IEC 61850-2 - Communication networks and systems in substations - Part 2 – Glossary
• IEC 61850-3 - Communication networks and systems in substations - Part 3 - General requirements
• IEC 61850-4 - Communication networks and systems in substations - Part 4 - System and project management
• IEC 61850-5 - Communication requirements for functions and device models
• IEC 61850-6 - Configuration description language for communication in electrical substations related to IEDs
• IEC 61850-7.1 - Basic communication structure for substation and feeder equipment - Principles and models
• IEC 61850-7.2 - Basic communication structure for substation and feeder equipment - Abstract communication
service interface (ACSI)
• IEC 61850-7.3 - Basic communication structure for substation and feeder equipment - Common data classes
• IEC 61850-7.4 - Basic communication structure for substation and feeder equipment - Compatible logical node
classes and data classes
• IEC 61850-8.1 - Specific Communication Service Mapping (SCSM) - Mappings to MMS (ISO 9506-1 and ISO
9506-2) and to ISO-IEC 8802-3
• IEC 61850-9.1 - Specific Communication Service Mapping - Sampled values over serial unidirectional
multidrop point to point link
• IEC 61850-9.2 - Specific Communication Service Mapping (SCSM) - Sampled values over ISO-IEC 8802-3
• IEC 61850-10 - Communication networks and systems in substations - Part 10 - Conformance testing

Dentre os benefícios esperados do protocolo IEC 61805 podem ser citados:


o Aumento da produtividade do dispositivo e do sistema
o Redução dos custos, menor custo total do usuário.
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o Justificativa para Planejamento de operações baseada em comunicação de dados defensável.


o Aumento no desempenho da segurança e disponibilidade da rede de dados
o Vantagens competitivas entre outros protocolos

Diferentemente dos outros protocolos até então disponíveis, orientados à aquisição de dados e
comando remoto, o protocolo IEC 61850 visualiza a automação como um conjunto de funções que podem
interoperar em forma distribuída, estas funções podem estar alocadas em diferentes dispositivos físicos,
os que podem estar geograficamente distribuídos e conectados em rede. Ao mesmo tempo, este protocolo
utiliza estes mesmos princípios para a integração numa mesma rede de dispositivos de funções de medida,
controle e proteção.
O objetivo do protocolo IEC 61850 é permitir uma integração das informações de campo
utilizando padrões não proprietários, visando a redução dos custos de engenharia, comissionamento,
monitoramento, diagnóstico e manutenção. Ao mesmo tempo este padrão tem compromisso com as
exigências de desempenho, suportando futuros desenvolvimentos.
Do ponto de vista de projeto três são os mecanismos definidos pelo protocolo IEC 61850 que
permitiram elaborar um projeto da automação de uma subestação:
• Modelos de objetos
• Serviços de comunicação
• Linguagem SCL.

5.2. Modelo de Objetos


O protocolo IEC 61850 visualiza a automação de uma subestação como um conjunto de funções
que podem interoperar em forma distribuída. O IEC 61850 utiliza a tecnologia de orientação à objeto para
definir uma modelagem de dados orientada à informação e não ao dispositivo nem ao protocolo.
Desta forma, as funções de automação de subestações serão divididas em sub-funções ou Nós
Lógicos (denominados na norma como LNs) que poderão ser alocados em diferentes Dispositivos
Lógicos (denominados na norma como LDs), por sua vez os LD serão alocados nos dispositivos físicos.
Resumidamente, uma função de automação pode ser implementada pela interação de LNs pertencentes a
diferentes LDs e alocados em dispositivos físicos ou IEDs diferentes.
Exemplos de LNs são a representação dos disjuntores e chaves (abreviado “XCBR”) e das
funções de relé para a proteção de distância (“PDIS”). Estes elementos permitem criar os modelos de
informação de um dispositivo real da subestação.
Os LNs estão formados pela agregação de classes comuns de dados (CDC), as que por sua vez
são compostas da agregação de unidades de dados (DOs).

5.3. Serviços de Comunicação


No protocolo IEC 61850 são especificados modelos de comunicação denominados ACSI
(Abstract Communication Service Interface). Estes modelos podem ser agrupados em dois grupos:
• Modelos do tipo Cliente-Servidor: este modelo agrupa um conjunto de serviços orientados
principalmente à realização das seguintes ações: acesso às informações, notificação automática de
informações, sincronismo, comando, transferência de arquivos e seqüência de eventos.
• Modelos de comunicação de eventos: orientado a implementação das aplicações de proteção
utilizando uma comunicação Multicast Peer to Peer entre IEDs,

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Na Tabela abaixo são descritos resumidamente os modelos e serviços ACSI.

Modelo Descrição
Servidor Representa o comportamento visível externo do dispositivo
Acesso a Dados Provê os meios para acessar os objetos de informação existentes em campo.
Dispositivo Lógico Representa um grupo de funções agrupadas como um dispositivo lógico
Nó Lógico Representa função específica do sistema de subestações (exemplo: proteção de sobrecorrente).
Configuração do grupo de controle Define como mudar os grupos de parâmetros ativos nos relés.
Descreve as condições para gerar notificações automáticas, seja periódicas ou disparadas por
Notificação Automática ou Log
eventos, bem como o registro de eventos.
Transmissão de valores amostrados Transferência rápida e cíclica de amostras (exemplo: transformadores de instrumentação)
Controle Descreve os modos de controle (exemplo: Controle Direto ou SBO - Select Before Operation)
Sincronização Provê uma base de temporização para o sistema
Transferência de Arquivos Define o intercâmbio de grandes blocos de dados
Sistema de transmissão por eventos
Provê uma distribuição rápida e confiável de dados; intercâmbio de dados binários no modelo
GSSE (Generic Substation Status
Peer-to-Peer entre IEDs
Event)
Tabela de modelos e serviços ACSI.

Os modelos de comunicação ACSI são descritos em função de serviços abstratos de


comunicação, por exemplo, o modelo de comunicação de acesso a dados, por exemplo, define os serviços
GetDataValues, SetDataValues, utilizados para leitura e escritura de informações de campo.

5.4. Linguagem SCL


Na parte 6 da série IEC 61850 é definida a linguagem padronizada de configuração de
Subestações denominada SCL (Substation Configuration description Language). Esta linguagem tem seu
escopo claramente restrito a dois propósitos:
• Descrição das capacidades dos IEDs.
• Descrição do Sistema.

O SCL é uma linguagem que possui a capacidade de descrever a modelagem de objetos. Assim
para IED são mostrados os dispositivos lógicos LD, os nós lógicos LN, as classes comuns de dados CDC.
A linguagem SCL possui os recursos necessários para a descrição funcional do sistema nos
seguintes contextos:
• Estrutura primária do sistema: onde são descritos os equipamentos primários (exemplo:
barramentos, transformadores, disjuntores e chaves seccionadoras) e sua conexão elétrica.
• Sistema de comunicação. Descreve a topologia das sub-redes e redes, bem como seus pontos de
acesso (portos de comunicação).
• Aplicações no nível de comunicação. Como os dados são agrupados e que serviços de
comunicação utilizam.
• Definição de tipos e instâncias dos nós lógicos e suas relações com os IEDs e os equipamentos
primários nas subestações.

Para realizar esta descrição o SCL utiliza um modelo de objetos que apresenta três níveis de
objetos básicos:
• Subestação: Os dispositivos do bay (dispositivos do processo), sua conexão, e a designação do
dispositivo e funções descritas. As designações são construídas de acordo a estrutura funcional do
IEC 61346 - Industrial systems, installations and equipment and industrial products - Structuring
principles and reference designations.
• Produto: padroniza os objetos relacionados ao produto como o IED e os nós.
• Comunicação: Este tipo de objetos relacionados como pontos de acesso, e descreve as conexões
entre IEDs indiretamente entre LN como clientes e servidores.

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5.5. Exemplo de Fluxo de Dados na série de Normas IEC 61850


Server

Logical Device Nameplate

Logical Node
Reporting and
Reports (GOMSFE)
Logging
Control
Data GSSE
Substitution
Data Peer-to-Peer
Set GOOSE

Get / Set
Streaming
Hardwire
Measured
CT, PT Inputs
Values
Sampled Measured
Activate Setting Group Values, SMV

Time Synchronization File Transfer

IEDs Server Sampled Measured Values (SMV), arquivos and relatórios LN - IEDs Broadcast
Generic Substation Events (GSE) que incluem Mensagens Peer-to-Peer do tipo GOOSE/GSSE.

5.6. A função GSSE do protocolo IEC 61850


A mensagem original GOOSE do protocolo UCA utiliza o frame de Ethernet do tipo OSI, e não
fornece prioridade adequada para tagueamento normalmente encontrado nos sistemas do tipo Ethernet II.
Os recentes esforços de normalização da IEC, contidos na Norma IEC 61850-7-2 resultaram em um
grande número de melhorias sobre a especificação GOOSE original. Os detalhes destas melhorias podem
ser resumidos conforme a seguir:
• Um único tipo de frame Ethernet foi reservado com o IEEE
• O tagueamento do nível de prioridade 2 foi adicionado à especificação desta função, tornando-o
possível de isolar o tráfego de mensagens de proteções críticas no tempo, de mensagens não
críticas, provenientes de IHM, SCADA e outros tráfegos de rede de prioridade mais baixa.
• A mensagem GOOSE da IEC suporta Virtual LANs ou VLANs. Uma VLAN é um grupo de
dispositivos que residem em um mesmo domínio de broadcast, isto é, se uma mensagem Ethernet
de broadcast é enviada sobre uma particular VLAN, somente dispositivos configurados sobre
aquela particular VLAN verão aquela mensagem de broadcast.
• Mensagem foi dividida em dois subtipos e renomeadas conforme a seguir:
o GSSE é um novo nome para o formato deste tipo de mensagem, que é compatível com a
mensagem GOOSE do protocolo UCA 2.0.
o GOOSE é o nome dado para o novo frame de dados melhorado da IEC (embora
aparentemente confusa, esta abordagem de nomeação não deve trazer maiores impactos
na comunidade de usuários, e é esperado que ele seja utilizado pelos fabricantes de
dispositivos).
• A nova função GOOSE da IEC foi tornada mais simples, pela eliminação de algumas das
informações de cabeçalho associadas com a especificação original da GOOSE da UCA.
• A nova função GOOSE da IEC removeu a especificação do bloco DNA e do bit de paridade,
convertendo o carregamento de dados total do usuário em um pool de dados que pode ser
livremente configurado para transferir qualquer tipo de informação (bits lógicos, caracteres,
bytes, números inteiros, números com ponto flutuante, etc.)
• A nova função GOOSE da IEC suporta serviços adicionais para a interrogação de dados de
nomes de elementos individuais (auto descrição)
• A nova função GOOSE permite que o comprimento da mensagem seja configurável, desta forma
estendendo o comprimento da função GOOSE IEC do tamanho original de 259 bytes até o
máximo permitido pelo tamanho de frame da Ethernet (1518 bytes). A limitação original de que
toda a informação necessita estar contida dentro de uma única mensagem GOOSE foi mantida.
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5.8. Exemplo de arquitetura geral de uma rede Ethernet de IEDs com Protocolo IEC 61850
Controle
IHM Distribuído

Ethernet Switch

Proteção Proteção Proteção Proteção

Feeder Transform. 3 Feeder 7 Motor 5

Ethernet Switch Ethernet Switch

Disjuntor Disjuntor TC Disjuntor Disjuntor TC

Feeder 1 Transform. 3 Feeder 1 Feeder 7 Motor 5 Motor 5

5.9. Considerações sobre o padrão IEC 61850 nos relés da Linha UR


A linha UR de relés de proteção suporta o protocolo MMS (Manufacturing Message
Specification) conforme especificado pelo padrão IEC 61850. O MMS é suportado sobre dois
empilhamentos de protocolo: TCP/IP sobre Ethernet e TP4/CLNP (OSI) sobre Ethernet.
Os relés da linha UR operam como servidores IEC61850. Os relés trocam informações binárias
via dois formatos: Remote I/O’s (diretamente no cartão da CPU com velocidades de 10 ou 100Mbps) ou
via Direct I/O’s via cartão de tele-proteção dedicado.
É possível selecionar o método de transferência de bits de informação entre relés usando as
ferramentas Remote I/O’s e Direct I/O’s. O método de transferência pode ser selecionado para ser via
IEC 61850 GOOSE ou IEC 61850 GSSE.
As mensagens GOOSE são mais eficientes, pois fazem uso de Tag de Prioridade Ethernet e os
benefícios das funcionalidades da VLAN (Lan Virtual). Para o correto funcionamento das trocas de
mensagens entre IEDs, faz-se necessário que todos os IEDs adotem o mesmo método.
A VLAN é um grupo de nós lógicos que residem em um domínio de Broadcast comum. Existe a
possibilidade de se criar Port VLAN (mesmo switch) ou Tag VLAN (múltiplos switches). Nós lógicos
como relés ou computadores que não pertençam a uma VLAN têm seus pacotes de dados rejeitados.
As mensagens GSSE e GOOSE trabalham por exceção, ou seja, somente são transmitidas de um
relé para outro quando existe mudança de estado.
No formato GOOSE/GSSE é possível priorizar mensagens, ou seja, acrescentar no frame da
mensagem uma palavra de 4 bytes que representa a VLAN (Virtual LAN), sendo que 3 bits representam a
prioridade da mensagem (varia de 0 a 7, sendo 7 a mais prioritária). Foi adotada a prioridade 4 para todos
os IEDs utilizados neste ensaio.
A VLAN pode ser do tipo Tag ou Port. Foi adotado a VLAN do tipo Tag, pois permite a
utilização de roteadores de rede e permite que possamos segregar vários relés dentro de uma estrutura de
comunicação restrita e segura, mesmo que os IED's estejam conectados em switches diferentes. IEDs que
não façam parte desta VLAN tem seus pacotes de dados rejeitados pelo switch Multilink.
Antes da implementação da VLAN e do tag de prioridade foram observados, durante os ensaios,
tempos de turn-around (tempo entre uma mensagem GSSE prioritária de trip percorrer o caminho Relé 1

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- Relé 2 – Relé 1) da ordem de 4 a 6 ms. Depois da implementação da VLAN e do tag de prioridade, este
tempo caiu para 2 a 4 ms.
Os relés enviam no pacote Ethernet os bits de prioridade para a infraestrutura (switches ópticos),
conforme mostrado no exemplo da figura abaixo.
• Estrutura do Pacote IEEE 802.1Q

Quatro bytes são adicionados ao frame Ethernet. O Tag Protocol Identifier (TPID) setado a
8100hex, identifica uma mensagem do tipo 802.1Q. 12 (doze) bits são utilizados como identificador da
VLAN e 3 bits utilizados para prioridade (8 níveis).
Estas mensagens prioritárias devem ser entendidas por switches óticos capazes de discriminar a
prioridade e mover para o topo da pilha as mensagens prioritárias. Nos switches Multilink estas
mensagens são carregadas para o topo da pilha em 15 µs, conforme indicado na figura abaixo:

Na estrutura do protocolo IEC61850 nos relés da linha UR, existe a possibilidade de definição do
LD Name, ou seja, o nome do domínio MMS (IEC61850 logical device) onde todos os nós lógicos
IEC/MMS estão localizados. Todos os dispositivos que se comunicam em IEC61850 devem ter o mesmo
LD Name.
Existe um ajuste chamado Include Non-IEC Data. Quando habilitado permite que uma série de
dados específicos da linha UR e que não estão presentes nos nós lógicos da norma IEC61850 sejam
habilitados. Estes dados não seguem a convenção de nomes da IEC61850. Para comunicações que devem
seguir estritamente a norma, este ajuste deve estar desabilitado.
Outro ajuste chamado “Server Scanning” permite que mensagens GOOSE/GSSE sejam enviadas
de relé para relé sem a necessidade de habilitar a comunicação cliente/servidor.
Quando desabilitado, permite que seja liberado uma grande capacidade de recursos dos relés da
linha UR como CPU e memória. Neste caso, não haverá updates do servidor (relé UR) para o cliente mas
entretanto, o cliente ainda poderá se conectar ao servidor.
Existe outro ajuste chamado de “Number of Status Pointsin GGIO1” que corresponde a um Nó
Lógico Genérico GGIO, mapeado a até 256 FlexStates na linha UR, permitindo que atuações de proteção,
resultados de equações, alarmes e outras variáveis de usuário sejam exteriorizadas no protocolo.
Existe um ajuste de “MMXU deadband” que representam os valores de banda morta usados para
determinar quando atualizar os valores MMXU “mag” e “cval” dos correspondentes valores MMXU
“instmag” e “instcVal”. Os valores de “mag” e “cVal” são utilizados para reports “buffered” and
“unbuffered” na IEC61850.
Mensagens GOOSE/GSSE são do tipo Multicast por especificação. Estas mensagens não são
usualmente enviadas por roteadores de rede. Entretanto, mensagens GOOSE podem ser enviadas por
roteadores desde que o mesmo seja configurado para uma funcionalidade VLAN.
Folha 10/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

6. O laboratório de proteção de sistemas elétricos do PEA/POLI/USP


O Laboratório de Pesquisa em Proteção de Sistemas Elétricos - LPROT encontra-se instalado
junto ao Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas (PEA) da Escola Politécnica
(POLI) da Universidade de São Paulo (USP), localizado na Avenida Prof. Luciano Gualberto 158,
travessa 3, Cidade Universitária.
O L-PROT dispõe de todos os equipamentos necessários para a realização de ensaios em relés de
proteção (tais como 02 malas de testes OMICRON, modelo CMC 256-6, com sincronização via GPS,
para realização de ensaios ponta-a-ponta em sistemas de proteção de linhas de transmissão) além da linha
de relés de proteção da GE MULTILIN.
Como mostrado nas figuras abaixo, os relés de proteção (IED’s) encontram-se instalados em 4
painéis: Painel 1 (5 IED’s) - Proteção de Linhas e Barras; Painel 2 (4 IED’s) – Proteção de Geradores e
Transformadores; Painel 3 (5 IED’s) – Proteção de Alimentadores; Painel 4 (2 IED’s) – Proteção de
Motores.
Além dos IED, os painéis contam também com sistema GPS, Switches Ópticos, Hubs e
Conversores de Protocolo para interligação dos relés através de duas redes de comunicação padrão
Ethernet. A primeira utilizando fibras ópticas (rede de comunicação de dados e proteção) e a segunda
utilizando par trançado (rede de sincronismo de tempo através de GPS / IRIG-B e SNTP – Simple
Network Time Protocol).
O GPS existente é de fabricação REASON e possui 02 formatos IRIG-B disponíveis: DC-SHIFT
(TTL) ou AM (Amplitute Modulated). Sinais IRIG-B no formato DC SHIFT permitem precisão de 40
microssegundos e no formato AM precisão de 1 milisegundo. Foi adotado então o formato DC-SHIFT.
Apesar da alta precisão obtida nos registros de eventos dos relés, foi utilizado, como backup, mensagens
SNTP oriundas do GPS REASON via rede TCP/IP. A rede SNTP, que só funciona em caso de falha da
rede IRIG-B, permite precisão da ordem de 10 milisegundos.

Instalações do Laboratório de Pesquisa em Proteção de Sistemas Elétricos da USP

Para a realização de simulações e estudos na área de Proteção de sistemas elétricos, o Laboratório


conta com um cluster de PC’s e modernas ferramentas de software (ATP, PSCAD/EMTDC, CAPE,
MATLAB, etc).

Folha 11/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Painéis de IEDs existentes no Laboratório L-PROT da USP


As áreas de atuação do L-PROT podem, de forma resumida, serem agrupadas em:

• Desenvolvimento de estudos na área de Proteção de Sistemas Elétricos: estudos de curto-


circuito, fluxo de potência, cálculo de ajustes e seletividade, além de simulações e estudos
sistêmicos visando analisar o desempenho de sistemas de proteção específicos.
• Desenvolvimento de novos dispositivos de proteção: Nesta área o L-PROT está capacitado a
realizar o projeto do hardware, o desenvolvimento dos algoritmos das funções de proteção, e a
implementação do firmware de novos relés digitais de proteção.
• Simulação e ensaios de sistemas de proteção: Nesta área o L-PROT está capacitado a
desenvolver estudos de Simulação Transitória de Sistemas Elétricos com conseqüente impacto
na análise do desempenho das proteções de qualquer fabricante. Para tal, são usados os softwares
ATP, MATLAB e C. Em futuro próximo haverá condições também de se efetuar essas
simulações em tempo real.

7. Ensaios de simulação e de desempenho do novo sistema de proteção e automação


A configuração do sistema foi baseada numa situação real, ou seja, cada SE tem um switch
disponível em que todos os IED’s da SE estão conectados ao Switch através de fibra óptica, numa
configuração distribuída (estrela). A conexão entre os 3 switches foi feita por cabos RJ-45 numa
configuração cascata, conforme desenho abaixo (linha contínua).
A elaboração das telas foi feita através do Software Enervista Monitoring. O programa apresenta
uma ferramenta conforme norma IEC 61131 (dispositivos de Arrastar e Soltar ou “Drag-and-Drop”).
Dessa forma foram elaboradas telas para cada uma das SE’s e Esquemas de Controle Especiais (Load
Shedding e Paralelismo). As telas permitem total monitoração e controle do sistema simulado, tais como:
visualização de valores instantâneos, comandos de abertura e fechamento de disjuntores, etc.
ML-2400

ML-2400 ML-1600

Arquitetura recomendada - ANEL

Interligação entre Switches Ópticos – Arquitetura em Anel Bidirecional (Redundante)


Folha 12/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

ML-2400

Interligação entre IEDs e Switch Óptico – Arquitetura Radial


No sistema de proteção e automação elétrico a ser implementado, a arquitetura mais
recomendada, para a interligação entre os switches, é a arquitetura em anel (inserção da linha pontilhada).
Com esta arquitetura pode ser obtida uma maior segurança, pois, caso um link seja interrompido, é
possível manter todo o sistema funcionando, após os switches se re-configurarem.
No laboratório, a conexão entre os switches foi feita via cabo RJ-45, através de portas ethernet
10BaseT padrão. Num sistema de aplicação industrial, é aconselhável que se utilize um módulo
específico para essas interligações de forma a garantir uma maior confiabilidade do sistema. Nos
switches Multilink é possível utilizar um módulo para uplink em fibra-óptica SC – 1 Gigabit.

8. Descrição da plataforma de Hardware utilizados nos ensaios


Para os ensaios foram utilizados os dispositivos disponíveis no L-PROT. Os IED’s utilizados
fazem parte da família UR (Universal Relays). Essa família de relés contém uma plataforma única e
modular para aplicação em qualquer tipo de equipamento (Linhas de Transmissão, Transformadores,
Alimentadores, Geradores, Motores, etc.). O hardware único e a modularidade desses equipamentos
proporciona flexibilidade e confiabilidade para qualquer tipo de aplicação e rede de comunicação e
automação.
Estão disponíveis os seguintes modelos, no laboratório:
• 1 IED modelo C60-G03-HPH-F8F-H6E-MXX-PXX-UXX-WXX – Proteção de Disjuntores;
• 1 IED modelo T60-G03-HPH-F8F-H6E-MXX-PXX-UXX-WXX – Proteção de
Transformadores;
• 1 IED modelo M60-G03-HPH-F8F-H6E-MXX-PXX-UXX-W5E – Proteção de Motores;
• 1 IED modelo G60-G03-HPH-F8F-H6E-MXX-PXX-UXX-WXX – Proteção de Geradores;
• 1 IED modelo D60-G03-HPH-F8F-H6E-MXX-PXX-UXX-WXX – Proteção de Linhas de
Transmissão;
• 2 IEDs modelo L90-G03-HPH-F8F-H6E-LXX-NXX-SXX-UXX-W7I – Proteção Diferencial de
Linhas de Transmissão;
• 1 modelo IED B30-G03-HPH-F8F-H6E-L8H-NXX-SXX-UXX-WXX – Proteção Diferencial de
Barra;
• 1 IED modelo F60-G03-HPH-F8F-H6E-M8Z-PXX-UXX-WXX – Relé de Alimentadores;

Além dos relés de linha UR o laboratório ainda conta com relés das linhas SR, 650 e MII:
• SR-469 – Proteção de Motores;
• SR-489 – Proteção de Geradores;
• SR-745 – Proteção Diferencial de Transformadores;

Folha 13/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

• SR-750, F650 e MIFII – Proteção de Alimentadores;


• MIVII – Proteção de Tensão e Freqüência;

Todos os relés estão dispostos em 4 racks de 19 polegadas e interconectados através de switches


ópticos numa arquitetura distribuída.
Os switches disponíveis no laboratório são da família Multilink, conforme abaixo:
• 2 switches modelo ML2400-F-AC-XX-A1-A5-XX-XX-X – Com 6 portas em fibra-óptica tipo ST
– 10Mb e 4 portas RJ-45 – 10/100Mb;
• 2 switches modelo ML1600-AC-A1-A4-X – Com 4 portas em fibra-óptica tipo ST – 10Mb e 8
portas RJ-45 – 10/100Mb.
Os IEDs que fazem parte da rede SDCD estão conectados entre si através de uma rede ModBus /
RTU multidrop – a 2 fios. Para conectá-los à rede Ethernet, está sendo utilizado um conversor MultiNet-
FE. Esse equipamento converte o protocolo ModBus / RTU para ModBus / TCP. O conversor se conecta
na rede Ethernet através de cabo RJ-45 (10BaseT) ou através de fibra-óptica (10BaseF).
Para a aplicação de correntes nos IED’s e realizar os ensaios, foi utilizada uma caixa de testes,
disponível no laboratório, Modelo: OMICRON CMC 256-6.
Levando-se em consideração os modelos, tipos e quantidades de IEDs disponíveis para o ensaio,
foi definida a seguinte distribuição de IED por subestação, de forma a simular a configuração do novo
sistema elétrico da RPBC:

• Subestação SE C-17: 3 IEDs


• PN-17010 A – 13.8 kV – 1 IED modelo M60 na saída do Trafo TF-17010A
• PN-17010 C – 13.8 kV - 1 IED modelo T60 na saída do Trafo TF-17010C e 1 IED modelo
G60 no alimentador da SE C-14
• 1 Switch Óptico ML1600

• Subestação SE C-14: 4 IEDs


• Painel PN-14010 – 13.8 kV - 1 IED modelo D60 na entrada da Barra A, 1 IED modelo L90
na entrada da Barra B, 1 IED C60 no disjuntor de interligação de barras e 1 IED L90 no
alimentador da SE C-18
• 1 Switch Óptico ML2400

• Subestação SE C-03: 2 IEDs


• Painel PN-03010 – 13.8 kV- 1 IED modelo B30 na Entrada da Barra A e 1 IED modelo F60
no alimentador da SE C-88
• 1 Switch Óptico ML2400

• Rede de IEDs de motores


• 1 IED modelo 745 e 1 IED modelo 489.
• 1 Conversor de Protocolo MultiNet-FE – ModBus/RTU para ModBus/TCP

9. Descrição dos Programas IP Load e Enervista utilizados no ensaio e simulação


Foram utilizados para a realização dos ensaios dois programas básicos, para a configuração de
telas e monitoração, controle e operação do sistema (Programa Enervista, da Empresa GE), e um
programa para forçar o carregamento da rede de comunicação de dados com 100% da capacidade de
trafego de pacotes (frames) através da rede Ethernet TCP/IP (Programa IP Load, da Empresa BTT
Software).

Folha 14/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

9.1. Programa Enervista


O software Enervista foi utilizado para a elaboração das telas e configuração da base de dados
das funções de monitoração, controle, intertravamentos e proteção.
O software Enervista Viewpoint Monitoring permite aquisição automática de todos os dados
necessários para o monitoramento e controle integrados de um sistema de potência. Pode-se visualizar o
status de todos os relés, medidores e demais equipamentos, coletar dados e relatórios de tendências por
longos períodos de tempo, gerar alarmes e coletar qualquer outro evento do sistema de potência. Esse
software também coleta automaticamente e arquiva dados de oscilografias e registros de eventos
armazenando-os em um servidor Microsoft SQL Server®.

Possibilita a visualização de telas gráficas com indicação de parâmetros elétricos e I/O’s do


sistema, dados de proteção e manutenção como Trips (quantidade e tipo), temperatura de RTD’s, desgaste
do disjuntor, entre outros.

Possibilita o monitoramento e comando dos dispositivos conectados ao sistema de potência


através de diagramas unifilares construídos conforme norma IEC 61131.

É possível a criação de um painel anunciador de alarmes com visualização, sinal sonoro e


notificação por e-mail devido a eventos críticos.

Realiza a coleta automática e visualização dos dados de oscilografia através do padrão


COMTRADE, com dados da forma de onda no tempo, fasores e análise de componentes harmônicos.
Dados de seqüência de eventos também são capturados automaticamente e armazenados numa base única
para posterior visualização de forma cronológica.

O ENERVISTA INTEGRATOR permite integrar dados do sistema funcionando como um


OPC/DDE Server possibilitando que o servidor se conecte e gerencie múltiplos dispositivos e utilize um
ou mais canais de comunicação. Permite múltiplos clientes conectados e efetivamente utilizando os
recursos do servidor.

O software permite a integração dos IED’s com qualquer software padrão OPC/DDE tipo
IHM/SCADA, DCS Systems e Bases de Dados. Através da utilização do servidor OPC da SISCO é
possível interagir com os IED’s através do padrão IEC 61850.

9.2. Programa IP LOAD


O software IP LOAD, da empresa BTTSOFTWARE, foi projetado para enviar uma grande
quantidade de pacotes (frames) IP (Internet Protocol) para um endereço individual (ou broadcast),
utilizando uma porta TCP (Transmission Control Protocol) ou UDP (User Datagram Protocol)
específica, permitindo a definição de um pacote de dados definido pelo usuário. Não é pretendido o
recebimento de qualquer frame que possa ser enviado como resposta. A quantidade máxima de pacotes
enviados por segundo também pode ser especificada, e o software tentará manter este nível de tráfego, até
a máxima capacidade possível da plataforma.
Este software foi desenvolvido com o objetivo de servir como um testador de IP / Rede, como
uma ferramenta para teste e debug de redes de comunicação de dados. Dados estatísticos são mostrados
na janela principal do programa, indicando a taxa de envio atual, na qual os frames estão sendo testados,
além do número total de frames enviados e a quantidade de frames que tiverem sido transmitidos.
Quando conexões TCP são utilizadas, a conexão é aberta após a janela de configuração tiver sido
fechada, a conexão permanece aberta até que a janela de configuração seja novamente aberta. Em
algumas situações, especialmente quando o receptor experimentar congestionamento, os dados enviados
em frames TCP não podem ser divididos nos tamanhos especificados dos pacotes. O tamanho da janela
TCP dos receptores afeta esta situação.

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Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Tela principal do programa IP Load


Este software é fornecido Freeware e opera nos sistemas Windows 95/98/NT. Não é necessária
qualquer instalação para a execução do programa IP LOAD. Somente é necessário o download e a sua
execução. Endereço para download freeware e gratuito do programa IP LOAD:
http://www.bttsoftware.co.uk/ipload.html.

10. Funções de proteção, intertravamentos e automatismos implementados e ensaiados.


Foram realizados ensaios comparativos de desempenho de redes de comunicação utilizando o
protocolo IEC 61850, com mensagens prioritárias do tipo GSSE (Generic Substation Status Event), sem
tráfego na rede e com carregamento de tráfego de 100% de sua utilização, através do programa IP Load.
A execução destes ensaios teve por objetivo a verificação da real efetividade de priorização de
mensagens através do protocolo IEC 61850. Estas duas situações de carregamento de rede verificaram
também o desempenho do protocolo IEC 61850 quando da necessidade de atuação da proteção através de
propagação de dados pela rede, com a existência de tráfego intenso.
Foram simulados também casos de propagação de sinais de proteção e intertravamento através da
rede de dados e da rede de proteção, tais como Breaker Failure (Função 50BF), Seletividade Lógica
(Função 68), bloqueio de relé (Função 86), Transferência de trip (Função 94). De forma a verificar o
desempenho de envio de mensagens do tipo GSSE do padrão IEC 61850, estas mensagens prioritárias
contendo funções de proteção foram enviadas através da rede de comunicação de dados, simultaneamente
com a ocorrência de eventos de avalanche de dados (requisição de dados de oscilografia, partida de
função de proteção, partida da rotina de descarte seletivo de cargas, etc.). Estas simulações serviram
como base prática para a verificação de efetividade de priorização de mensagens pelo protocolo IEC
61850.
Foi implementada nos IED a função de bloqueio (Função 86), com reset manual pelo operador,
via botão dedicado na IHM do respectivo IED. O contato para a saída de trip do IED foi configurado para
as funções de trip do disjuntor e para o bloqueio de seu fechamento. Para a verificação prática da
retenção da informação da função de bloqueio na memória do relé, através de bateria interna, foi simulada
a ocorrência de falta de tensão de alimentação do relé de proteção, por um período de 11 dias. Quando da
simulação do retorno da tensão de alimentação do relé foi confirmada a permanência da condição de
bloqueio do comando de ligação do disjuntor.
Foram realizados ensaios de simulação de lógica, entre IEDs, do tipo paralelismo momentâneo de
alimentadores (Função 43) entre dois disjuntores de entrada e um disjuntor de interligação de um painel
de 13.8 kV, com a seleção, pelo operador, via IHM, do disjuntor a ser fechado e do disjuntor a ser aberto,
de forma a verificar a comunicação de dados entre IEDs.
Foram realizados ensaios de simulação de lógica, entre IEDs, do tipo transferência automática de
alimentadores, em caso de ausência de tensão (atuação de Função 27) em um barramento e o respectivo
fechamento do disjuntor de interligação de painel de 13.8 kV, em caso de não existência de atuação de
proteção por curto circuito.
Estas lógicas de transferência automática de alimentadores e de paralelismo momentâneo, embora
não sejam críticas em termos de requisito de tempo, também foram implementadas através de mensagens
GSSE, e serviram de exemplos de viabilidade de implementação de lógicas de automação diretamente
nos IEDs, com transferência de dados via rede de comunicação, diferentemente de um sistema de

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Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

automação digital baseado em UTRs, onde uma CPU central executava toda a lógica requerida pelo
sistema ou oriunda de comandos de IHMs.
Foram realizados ensaios de simulação das funcionalidades do sistema de descarte seletivo de
cargas, baseado na constante monitoração dos níveis de potência ativa gerada pela UTE e consumida
através de cada alimentador das diversas subestações. O descarte seletivo de alimentadores segue uma
tabela de prioridades de acordo com a importância operacional de cada subestação.
A simulação de ocorrência de curto circuito no sistema e da atuação das funções de proteção foi
realizada através das entradas de corrente dos IEDs que foram interligadas em série e alimentadas com
um sinal de corrente proveniente de uma caixa de calibração de relés existente no laboratório de sistema
de proteção L-PROT.
O elevado tráfego de informações pela rede, gerado pelo programa IP Load, serviu como um
excelente indicativo de desempenho de priorização de mensagens do tipo GSSE pelo protocolo
IEC 61850.
São descritas a seguir as lógicas de proteção e controle implementadas nos IEDs, para a
simulação e ensaio do sistema elétrico da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão:

10.1. Função 27 – Transferência Automática de Alimentadores por Subtensão


Essa lógica foi implementada utilizando-se o elemento de subtensão no bay de entrada A. Caso
ocorra essa subtensão, o relé envia um comando de abertura para o Disjuntor A, verifica se o disjuntor da
entrada B está fechado e se a subtensão não está associada a nenhum elemento de sobrecorrente (caso
típico de curto-circuito). Nesse caso o relé envia um sinal de fechamento para o disjuntor da interligação.
A mesma lógica está implementada no bay da entrada B, caso a subtensão ocorra na barra B.
Atuação: O elemento de subtensão do relé apresenta um ajuste de tensão mínima de atuação, ou
seja, caso a tensão esteja abaixo de um valor ajustado, a função é inibida (caso típico de manutenção do
painel). Dessa forma esse ajuste foi setado inicialmente para 0,1 PU. Durante o ensaio, o relé não esta
sendo alimentado com tensão e no momento do teste, o ajuste de tensão mínima foi alterado para 0,0 PU.
Assim que esse ajuste é enviado para o relé, este detecta uma condição de subtensão e inicializa a lógica
de Transferência automática de alimentador.

10.2. Função 68 – Seletividade Lógica


Essa lógica foi implementada em 4 relés através de 2 elementos de sobrecorrente em cada relé.
Um dos elementos de sobrecorrente do relé é ajustado sem atraso intencional e é utilizado como bloqueio,
ou seja, assim que o elemento é sensibilizado o relé envia um sinal bloqueando a atuação do relé a
montante. O segundo elemento é ajustado com uma temporização intencional de 50ms. Esse elemento
efetivamente atua como uma função de sobrecorrente. Caso o elemento 2 seja sensibilizado e o relé não
tenha detectado o recebimento de um sinal de bloqueio, ele efetivamente envia um sinal para abertura do
disjuntor correspondente. Tanto o elemento 1 quanto o 2 foram parametrizados com valor de pick-up de
4A
Atuação: Os 4 relés utilizados para esse ensaio foram ligados em série com a caixa de testes
OMICRON, dessa maneira, a mesma corrente está passando por todos os relés. No início do ensaio a
caixa foi programada para injetar 1 A de corrente nos relés. Após um tempo esse valor foi aumentado
para 12 A (aproximadamente 3 vezes o valor de pick-up). Todos os relés tiveram os elementos 2
sensibilizados, porém apenas o relé mais a jusante atuou, pois os demais receberam sinal de bloqueio e
não enviaram sinal de desligamento efetivo para o disjuntor. A atuação do relé envia um sinal para parar a
caixa.

10.3. Função 50 BF – Falha de Disjuntor (Breaker Failure)


Essa lógica foi implementada nos 4 relés. O sinal de bloqueio foi parametrizado para durar
100 ms. Após esse tempo, se a função de sobrecorrente ainda estiver atuada, o relé envia um sinal de
abertura para o disjuntor correspondente.
Atuação: Os 4 relés utilizados para esse ensaio foram ligados em série com a caixa de testes
OMICRON. Cada relé tem uma saída enviando um sinal de parada para uma entrada independente da
Caixa. O ensaio foi feito retirando o sinal do relé mais a jusante, dessa maneira, o relé atua, porém como
ele não envia o sinal de parada para a caixa, a mesma continua injetando corrente nos relés simulando

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uma falha na abertura do disjuntor mais a jusante com conseqüente atuação do segundo relé. Esse ensaio
foi realizado com falha de até 3 relés, simulando uma contingência tripla (falha de 3 disjuntores).

10.4. Função 86 – Bloqueio de fechamento


Os relés utilizados no ensaio possuem elementos de bloqueio “Non-Volatile Latchs”. Estes
elementos são biestáveis e não voláteis, sendo que os seus dados digitais de estado armazenados em
memória do tipo EEPROM. Esses elementos foram utilizados na programação da lógica dos contatos de
saída do IED para o fechamento do disjuntor, de forma a efetuar o bloqueio deste comando, caso o relé
atue por uma função de proteção (sobrecorrente ou seletividade lógica, por exemplo). O reset desta
função foi programado para somente ser efetuado através de um botão programado no frontal do relé, de
forma a obrigar o operador do sistema elétrico a estar presente na subestação para reconhecer o motivo da
atuação da função de proteção e efetuar o rearme manual da função de bloqueio, após a normalização do
sistema defeituoso. Mesmo após uma falta prolongada de tensão de alimentação do relé, este não perde o
estado de atuação, mantendo o bloqueio do disjuntor.

10.5. Função 94 – Transferência de Trip


Essa lógica é normalmente implementada no sistema elétrico de uma planta industrial de
processamento de petróleo, fazendo com que, em um circuito dedicado radial, quando da ocorrência do
trip de um disjuntor, o respectivo disjuntor a jusante, seja também automaticamente aberto. Para as
finalidades destes ensaios, de forma a tornar mais visível o funcionamento da função implementada, bem
como visualizar e diferenciar mais facilmente a ocorrência de trip por atuação de uma função de proteção
(e respectiva operação da função de bloqueio – 86), esta lógica foi implementada no sentido contrário.
Ou seja, quando um relé envia um comando de abertura do disjuntor por uma função de proteção, ele
envia também um sinal de abertura (transferência de trip) para o respectivo relé do disjunto a montante,
ou seja, para o relé do alimentador da SE acima.

10.6. Função 43 – Paralelismo Momentâneo de Alimentadores


A lógica de automatismo e intertravamento para o paralelismo momentâneo de alimentadores,
efetua a seleção do disjuntor a ser fechado e o comando automático do disjuntor a ser aberto, após o
fechamento do terceiro disjuntor. Esta lógica foi implementada no relé da interligação de barras (TIE) de
um painel do tipo secundário seletivo, com dois alimentadores. A lógica implementada inclui a seleção do
sistema em modo de operação LOCAL (operação manual, no local de instalação do relé, efetuada pelo
operador localizado no campo) ou REMOTO (efetuada pela IHM do sistema de supervisão, pelo operador
localizado no Centro de Operações). Caso o sistema de operação esteja em ajustado para o modo remoto,
o comando pode ser efetuado apenas através do software de monitoramento e controle. Caso esteja em
local, o comando pode ser efetuado apenas através dos botões parametrizados do painel frontal do relé.
A lógica implementada para esta função de automatismo monitora ainda, o estado dos disjuntores
das entradas das Barras A e B e do disjuntor de TIE. Só é possível executar o comando caso 2 disjuntores
estiverem fechados e 1 disjuntor aberto. O operador pode selecionar 1 dentre 6 opções possíveis pré-
ajustadas (Abertura do Disjuntor A e Fechamento do Disjuntor B ou Disjuntor C; Abertura do Disjuntor
B e Fechamento do Disjuntor A ou Disjuntor C; Abertura do Disjuntor C e Fechamento do Disjuntor A
ou Disjuntor B).
A lógica define se a opção selecionada é válida de acordo com o estado dos disjuntores. Caso a
opção selecionada seja válida, o botão de confirmação do comando muda de cor (passa da cor vermelha
para cor verde) e então este deve ser selecionado para que o comando de fechamento e posterior abertura
dos disjuntores selecionados seja efetivamente enviado para os IEDs correspondentes.
A figura abaixo mostra a tela de monitoração e comando implementada para função de
paralelismo momentâneo de alimentadores.

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10.7. Load Shedding – Descarte Seletivo de Cargas


Essa lógica foi implementada no relé F60, relé da SE C-03 que alimenta a SE-C88. O relé recebe
um sinal vindo do programa ENERVISTA, que simula uma disponibilidade na geração. O Enervista pode
enviar 4 diferentes sinais, representando as condições de geração normal (50 MW), Estágio 1
(Disponibilidade de 30 MW), Estágio 2 (Disponibilidade de 20 MW) e Estágio 3 (Disponibilidade de
10 MW). A lógica do relé identifica o tipo de sinal enviado pelo software e envia sinal de desligamento
para as respectivas cargas de acordo com cada estágio.
• Estágio 1 – Rejeição do alimentador da SE C-88
• Estágio 2 – Rejeição do alimentador da SE C-03
• Estágio 3 – Rejeição do PN-17010A

11. Diagramas unifilares do novo sistema elétrico de distribuição de energia da RPBC


O novo sistema de recebimento e distribuição de energia elétrica da RPBC será constituído por
três circuitos alimentadores de 230 kV, provenientes da Unidade Termoelétrica de Cubatão (UTE).
O recebimento desta energia será realizado através da subestação SE C-17, a qual possuirá três
transformadores de 230 / 13.8 kV e três painéis de distribuição em 13.8 kV, com nível de curto circuito de
31.5 kA. Estes painéis possuirão interligação através de uma barra de paralelismo, para fins de
flexibilidade no arranjo e configuração do sistema e permitir um maior grau de confiabilidade.
A partir desta SE C-17 serão encaminhados circuitos alimentadores para outras duas subestações
do tipo Centro de Distribuição de Carga, denominadas SE C-03 e SE C-14.
A partir das subestações SE C-03, C-14 e C-17 serão encaminhados circuitos alimentadores em
13.8 kV para as diversas subestações unitárias de áreas de processo existentes na RPBC, localizadas nas
proximidades destas 3 subestações do tipo Centro de Distribuição de Carga.
Encontram-se a seguir as telas de monitoração e controle destas 3 subestações, elaboradas para
fins de realização dos ensaios realizados para a simulação e verificação de desempenho do novo sistema
de proteção e automação do novo sistema elétrico da RPBC. Estas telas representam os diagramas
unifilares dos painéis de 13.8 kV a serem instalados nestas subestações.

Folha 19/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Tela para proteção e controle da SE C-17 - Diagrama Unifilar da Interligação entre os Painéis PN-17101
A/B/C – 13.8 kV

Tela para proteção e controle da SE C-17 - Diagrama Unifilar do Painel PN-17101 A – 13.8 kV

Folha 20/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Tela para proteção e controle da SE C-17 - Diagrama Unifilar do Painel PN-17101 B – 13.8 kV

Tela para proteção e controle da SE C-17 - Diagrama Unifilar do Painel PN-17101 C – 13.8 kV

Folha 21/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Tela proteção e controle da SE C-14 - Diagrama Unifilar do Painel PN-14010 – 13.8 kV

Tela de para proteção e controle da SE C-03 - Diagrama Unifilar do painel PN-03010 – 13.8 kV

Folha 22/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

12. Rede de IEDs de motores para controle através de SDCD para controle e monitoração
do processo
Existe instalado na RPBC um Sistema Digital de Controle Distribuído (SDCD), para monitoração
de controle do sistema de processo de refino de petróleo e tratamento de derivados das Unidades de
Processamento, Unidades de Tratamento de Efluentes e Parque de Tanques e Esferas de Armazenamento,
existentes na RPBC.
Através da configuração do novo sistema de proteção e automação elétrica, o SDCD será
interligado diretamente à rede de IED de proteção e controle de motores, a serem instaladas nas
subestações de cada uma das novas unidades de processo a serem construídas. Esta nova configuração
leva em consideração que os motores acionam máquinas que estão diretamente relacionadas com o
processo e, portanto necessitam ser monitoradas e controladas pelo sistema de automação de processo
(SDCD).
Esta rede de comunicação de dados, de acordo com padrão existente no SDCD, será realizada
utilizando protocolo do tipo MODBUS. Esta rede de comunicação executará as funções de monitoração
das variáveis de corrente e estado dos motores, bem como as funções de partida e parada de cada motor.
São os seguintes os requisitos para partida e parada de motores, seja por através do sistema de
automação, seja através de comandos manuais:
• O comando e monitoração dos motores elétricos são realizados pelo Sistema Digital de Controle
Distribuído (SDCD), o qual é interligado através de Switch ou Conversor de Protocolo de
comunicação, à rede comunicação elétrica dos IEDs de proteção de motores utilizando-se o
protocolo MODBUS ou PROFIBUS.
• Todos os comandos para disjuntores, contatores e chaves seccionadoras motorizadas são
realizados via IED, diretamente por botões no frontal do dispositivo de proteção ou remotamente
pelas estações de operação.
• Os equipamentos instalados nos centros de distribuição de cargas são ligados e desligados
remotamente pelos respectivos IEDs; já os equipamentos de pequeno porte são instalados em
centro de comando de motores do tipo “inteligente” o qual é conectado ao SDCD, de onde
recebem os sinais de partida e parada remota.
• Os casos de partidas e paradas de motores que envolvam apenas automatismos de processo, os
comandos são realizados pelo SDCD através da rede de comunicação elétrica com os IEDs de
proteção dos motores.
• Os casos de partidas e paradas de motores que envolvam segurança, os comandos são realizados
pelo PES/SIS com atuação direta nas gavetas por cabos de controle.
• As botoeiras de campo são ligadas às respectivas gavetas dos CCMs através de cabos de controle.
• Os sinais de “desliga” de segurança devem atuar diretamente nas bobinas dos disjuntores ou
contatores, sem depender da atuação dos IEDs.

Encontra-se representado na Figura abaixo, a rede de comunicação de dados realizada para a


simulação de monitoração e controle de motores, através de seus respectivos IEDs, a ser executada pelo
sistema SDCD existente na RPBC.
Foram utilizados nesta simulação, um relé da série UR, um relé modelo 750, um relé de motor
modelo MIF II e um relé de motor modelo MIV II. Os relés foram interligados através de cabo do tipo
par trançado, e interligados através de um Conversor de Protocolo com um computador, emulando o
sistema SDCD, o qual acessa e controla todos os dados disponíveis nos respectivos IEDs.

Folha 23/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Ethernet – IEC 61850

CCM - MT CCM - MT CCM - MT CCM - MT


SDCD
GPS

RS-485 – Modbus/RTU

Computer

F485

CCM - BT CCM - BT CCM - BT CCM - BT

Rede de IEDs e Switches Ópticos construída no Laboratório de Proteção Sistemas, para


simulação da arquitetura do novo sistema de monitoração e controle da rede de IED de motores,
através de SDCD da RPBC/PETROBRAS.

13. Diagrama de interligação de switches ópticos, IEDs e computadores


Os switch’s disponíveis no L-PROT têm portas ópticas padrão ST com velocidade de 10Mb e
portas para conexão de cabos metálicos RJ-45 com velocidade 10/100Mb.
Todas as portas dos switches utilizados foram parametrizadas para uma velocidade fixa de 10Mb
com padrão FULL-DUPLEX. O padrão Full-Duplex permite que a porta envie e receba dados ao mesmo
tempo. Em pré-testes realizados, foi verificado que com o a rede severamente carregada (utilizando-se o
IPLoad), a taxa de colisões utilizando-se o padrão HALF-DUPLEX foi muito elevada e até mesmo
mensagens prioritárias foram perdidas. Reconfigurando-se a parametrização para FULL-DUPLEX a taxa
de colisões caiu para zero e nenhuma mensagem foi perdida. Foram feitos inúmeros ensaios com a rede
carregada e em nenhum deles houve perda de um sinal enviado pela rede Ethernet.
Para os ensaios realizados foram utilizados 3 Switches, sendo um para cada SE: SE C-17, SE C-
14 e SE C-03. Cada switch corresponde a uma SE. Como a disposição dos relés no Rack é fixa, algumas
SE’s estão divididas em dois racks, conforme figuras abaixo:

ML-1600 Ve m do Switch ML2400


da SE C-14

Rack - 1

M60 - saída do T F-17010A

G60 - Alimentador da SE C-14

T60 - saída do T F-17010C

UpLink em cabo metálico Fibra-Óptica Multimodo S T –


RJ-45. 10Mb – Full-Duplex 820nm. 10Mb – Full-Duplex

Configuração de IEDs e Switch utilizados para a configuração da SE C-17.

Folha 24/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Vai para Switch ML1600 Vai para Switch ML2400


da SE C-17 ML-2400 da SE C-03

D60 – Entrada da Barra A L90 - Entrada da Barra B

C60 – Interligação de Barras L90 - Alimentador da SE C-18

UpLink em cabo metálico Fibra-Óptica Multimodo S T –


RJ-45. 10Mb – Full-Duplex 820nm. 10Mb – Full-Duplex

Configuração de IEDs e Switch utilizados para a configuração da SE C-14.

Vem do Switch ML2400


da SE C-14
ML-2400

Rack - 3

B30 – Entrada da Barra A

F60 – Alimentador da SE C-88

UpLink em cabo metálico Fibra-Óptica Multimodo S T –


RJ-45. 10Mb – Full-Duplex 820nm. 10Mb – Full-Duplex

Configuração de IEDs e Switch utilizados para a configuração da SE C-03.

Folha 25/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

P/ O SCMD

ESTAÇÃO CENTRAL
ENERVISTA VIEWPOINT (OPC SERVER)
Computer
SWITCH ÓPTICO

SE C-17 SE C-14 SE C-03

M60 D60

F60

T60 L90-1

CCM - MT
G60 L90-2

CCM - BT
SDCD
C60
GPS

CCM - BT Computer

MULTINET

Rede geral de IEDs e Switches Ópticos construída no Laboratório de Proteção Sistemas, para
simulação da arquitetura do novo sistema de proteção e automação elétrica da
RPBC/PETROBRAS.

14. Medição de tempos de resposta e resultados comparativos obtidos dos ensaios com e
sem carregamento de tráfego na rede
14.1. Ensaio de Seletividade Lógica e Breaker Failure com tráfego de rede normal
A função de Seletividade Lógica (68) é uma função de automação aplicada entre IEDs que
possuam a função de sobrecorrente que estão ligados em cascata em diversos pontos de um mesmo
circuito, ou seja, há correntes de curto-circuito que podem ser comuns a todos eles.
Através da seletividade lógica pretende-se que todos os IEDs possam utilizar as suas unidades
instantâneas de proteção de curto-circuito sem perda da seletividade de atuação, reduzindo assim o tempo
de coordenação entre os IEDs e reduzindo o tempo de eliminação de faltas.
A seletividade lógica é aplicada entre os IEDs dos disjuntores de interligação com os disjuntores
de entrada do centro de carga e, entre os disjuntores dos circuitos de 13,8 kV que alimentam motores
neste nível de tensão.
A seletividade lógica é considerada nas funções de sobrecorrente instantâneas tanto para curto
circuito entre fases quanto para fase-terra, com o tempo de seletividade adequado para o processamento
das informações dos IEDs envolvidos, enquanto que as funções temporizadas dos IEDs continuam a
operar como retaguarda da proteção do IED a jusante.
Os sinais de seletividade lógica são enviados através rede de comunicação de IEDs, via
mensagens do tipo GSSE do protocolo IEC 61850.
A função falha de disjuntor (50BF) faz com que o IED envie uma mensagem ao IED à
montante, através da função GSSE (IEC 61850), quando comandar o trip do disjuntor e este não abrir,
devido a uma falha eletromecânica.
Esta função faz com que o IED continue a supervisionar o circuito após comando de trip de
sobrecorrente. Se a corrente continuar acima de um determinado valor ajustável decorrido um
determinado tempo ajustável após o trip, o IED envia uma mensagem do tipo GSSE, que comanda a
abertura de um disjuntor à montante.
A função de seletividade lógica foi configurada para um tempo de retardo 50 ms e a função de
50 BF foi configurada com um tempo de retardo de 100 ms.

Folha 26/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

As telas abaixo, capturadas do programa de monitoração e controle, apresentam os tempos


registrados para o envio das mensagens prioritárias entre IEDs, através da função GSSE do protocolo
IEC 61850, quando da ocorrência de eventos de faltas, que dão origem à partida da função 68, bem como
da ocorrência de falha de abertura de disjuntor.
A simulação consistiu da aplicação de corrente de cerca de 0.25 pu, através da caixa da
OMICRON, seguida da injeção de corrente simulando a ocorrência de um curto circuito, com valor de
cerca de 3 PU.

Ensaio de Seletividade Lógica entre Feeder da SE C-18 e Alimentador do PN-14010. Sem


carregamento da rede de comunicação. Tempo de Envio do Sinal de Bloqueio = 3.1 ms
Tempo Total de TRIP = 27 ms (Tempo de operação do contato do IED = 8ms)

Folha 27/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Ensaio de Breaker Failure do Feeder da SE C-18, com atuação do Alimentador do PN-14010. Sem
carregamento da rede de comunicação. Tempo de TRIP entre pick-up do feeder da C-18 e abertura
do disjuntor de entrada do PN-14010 = 154.2 ms

Leds do IED da Entrada do PN-14010 Leds do IED do Feeder da C-18

Folha 28/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Ensaio de Breaker Failure de: Feeder da SE C-18 + Alimentador do PN-14010 + Feeder do PN-14010
no PN-17010C, com atuação do Alimentador da Entrada do PN-17010C. Sem carregamento da rede de
comunicação. Tempo de TRIP entre pick-up do feeder da C-18 e abertura do disjuntor de entrada
do PN-17010C = 460.4 ms (Simulação de Ocorrência de 3 falhas de disjuntor simultâneas).

Leds do IED da Entrada do PN-17010C Leds do IED do Feeder do PN-14010,

Folha 29/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

14.2. Ensaio de Seletividade Lógica e de Breaker Failure com carregamento de 100% da rede
O software “IP Load” foi configurado para enviar continuamente 4.000 pacotes (frames) de 200
bytes por segundo, para o IP 192.168.1.152 (Relé do Alimentador do PN-14010). Portanto o total de
tráfego de informação na rede Ethernet com protocolo IEC-61850 é de 6.4 MBit/s (4000 pacotes x
200 bytes/s x 8 Bit/byte), em uma rede de 10MBits/s.
O Switch divide a banda entre informações recebidas e enviadas (configuração FULL DUPLEX).
Dessa forma, o carregamento da rede foi de 100% (conforme mostrado no gráfico de carregamento da
rede obtido do sistema Windows XP ®). Portanto o volume total de frames enviados (6.4 MBit/s) excede
a capacidade da banda de recebimento que é de 5 MBit/s.

Foi verificado que, em função da configuração FULL DUPLEX das portas de comunicação do
Switch, a taxa de colisão foi de 0 (zero).

Telas de Configuração do Programa IP Load, com configuração dos Frames e do Endereço IP do IED de
destino para recebimento dos pacotes de dados, através da rede de comunicação.

100% de Tráfego no
endereço IP de destino do
IED a receber o comando
de trip via mensagem
GSSE.

Telas de Configuração do Programa IP Load e do Windows® Task Manager – Networking, mostrando o


carregamento de 100% do trafego de rede para o endereço do IED de destino.

Folha 30/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Ensaio de Breaker Failure do Feeder da SE C-18, com atuação do Alimentador do PN-14010. Com carregamento da
rede de comunicação. Tempo de TRIP entre pick-up do Feeder da C-18 e abertura do disjuntor de entrada do
PN-14010 = 156.2 ms

Ensaio de Seletividade Lógica entre Feeder da SE C-18 e Alimentador do PN-14010. Com carregamento de 100%
da rede de comunicação, utilizando o software “IP Load”. Tempo de Envio do Sinal de Bloqueio = 4 ms. Tempo
Total de TRIP = 26.20 ms (Tempo de operação do contato do IED = 8 ms)
Folha 31/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

IP Load Ativado – Sincronizado pelo SNTP – Tela Tempo Atuação Feeder C-18 sem 50 BF registrado
pelo programa da OMICRON – tempo de trip registrado de 26.20 ms

IP Load Ativado – Sincronizado pelo SNTP – Tela Tempo Atuação Feeder C-18 com 50BF registrado
pelo programa da OMICRON – tempo de trip registrado de 17.30 ms (este tempo refere-se a soma de 3
fatores : tempo de atraso da caixa de calibração OMICRON, tempo de atuação do contato de trip do relé
(4 ms) e precisão de tempo da função 50 (< 16 ms para I trip = 3 * I pick-up)).
O tempo de 177.20 ms refere-se ao tempo de atuação do transfer trip. 50BF ajustado para 100 ms.
Seletividade lógica ajustada em 50 ms.

Folha 32/45
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Ensaio de Breaker Failure de: Feeder da SE C-18 + Alimentador do PN-14010 + Feeder do PN-14010 no
PN-17010C, com atuação do Alimentador da Entrada do PN-17010C. Com carregamento da rede de
comunicação. Tempo de TRIP entre pick-up do feeder da C-18 e abertura do disjuntor de entrada
do PN-17010C = 460.4 ms (Simulação de Ocorrência de 3 falhas de disjuntor simultâneas)

IP Load Ativado – Sincronizado pelo SNTP – Tela mostrando tempo Atuação Feeder C-18 com 3 falhas
simultâneas de 50BF para disjuntores Feeder C-18, Entrada C-14 e Feeder C-14 (no PN-17010) registrado
pelo programa da OMICRON – tempo de trip registrado de 16.00 ms. O tempo de 476.10 ms refere-se ao
tempo de atuação das falhas simultâneas destes disjuntores. 50BF ajustado para 100 ms. Seletividade
lógica ajustada em 50 ms
Folha 33/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

14.3. Ensaio de Paralelismo Momentâneo de Alimentadores (Função 43), com tráfego normal.
O paralelismo momentâneo de alimentadores consiste em fazer manobras nos alimentadores dos
Centros de Distribuição de Carga (CDC), através de comando remotos do sistema de supervisão, sem
interrupção de energia às cargas.
Esta operação é necessária sempre que se quiser operar o CDC em “L”, a fim de permitir a
liberação um alimentador para manutenção ou durante a abertura do disjuntor de interligação, a fim de se
retornar com o sistema às condições de operação normal.
O paralelismo momentâneo de alimentadores e feito utilizando os IEDs de entrada e interligação do
CDC, com liberação pelo sinal de sincronismo de fontes proveniente do sistema supervisório.
• Condição Inicial (Disjuntor A: fechado e Disjuntor B: aberto).
o Comando Selecionado: Fechamento do Disjuntor B e Abertura do Disjuntor A

• Condição Final (Disjuntor A Aberto e Disjuntor B Fechado)

O tempo do envio do sinal de comando para executar a lógica de paralelismo momentâneo de


alimentadores, a partir do relé onde a lógica está implementada para o relé de abertura do disjuntor foi de
0,935 ms (17,193702 s - 17,192767 s), conforme indicado na Figura abaixo.

Folha 34/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

Neste cálculo de tempo de envio de sinal através de mensagem GSSE pelo protocolo IEC 61850,
já estão descontados os 100 ms de temporização implementada na lógica do paralelismo momentâneo de
alimentadores.

Folha 35/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

14.4. Ensaio de Paralelismo Momentâneo de Alimentadores (Função 43) com o “IP LOAD”
Para este ensaio, o IP Load foi programado para enviar os pacotes para o relé do disjuntor do Tie
no qual estão carregadas todas as lógicas do Paralelismo Momentâneo. Essa lógica tem aproximadamente
250 passos de programação.

O tempo do envio do sinal, do relé onde a lógica está implementada para o relé de abertura do disjuntor
foi de 1,230 ms (44,491764 s-44,490534 s). Neste cálculo de tempo de envio de sinal através de
mensagem GSSE pelo protocolo IEC 61850, já descontados os 100 ms de temporização implementada na
lógica do paralelismo momentâneo de alimentadores.

14.5. Tabela comparativa de tempos de atuação de mensagens GOOSE/GSSE com tráfego


normal de rede e com saturação de tráfego de 100 % da capacidade da rede.
Tempo de atuação Degradação de
Função de Proteção Tempo de atuação
com saturação do tempo devido à
implementada nos com tráfego de rede
tráfego de 100 % da saturação do tráfego
IEDs normal
capacidade da rede da rede
Paralelismo
Momentâneo de 0,935 ms 1,230 ms 0,295 ms
alimentadores (43)
Seletividade Lógica
(68) e Breaker Failure 3,10 ms 4,00 ms 0,900 ms
(50BF)
Folha 36/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

14.6. Transferência automática de alimentadores por Subtensão (Função 27)


O sistema elétrico da subestação opera com os centros de cargas de média e baixa tensão com um
dos três disjuntores principais aberto. A transferência automática consiste em fechar automaticamente este
disjuntor, quando houver falta de tensão de um dos alimentadores, restabelecendo a tensão no lado da
barra em falta, depois de decorrido o tempo necessário para o decaimento da tensão remanescente.
Havendo queda de tensão no nível de 80% durante dois segundos, o IED do lado do alimentador
com subtensão envia um sinal de abertura para o respectivo disjuntor e envia uma mensagem do tipo
GSSE (IEC 61850) para o IED do disjuntor de interligação.
Esse IED verifica qual disjuntor deve ser fechado, enviando assim comando se o disjuntor cujo
IED atuou por subtensão realmente abriu, se o terceiro disjuntor está fechado, se a chave virtual 43CS,
configurada na tela da IHM (Chave de seleção do modo de operação Local / Remoto), está em “Remoto”
e se não houver sinal do sistema supervisório bloqueando a transferência. O retorno do sistema na
condição de operação normal é feito manualmente, local ou remotamente.
Para simular a função de transferência automática de alimentadores devido a uma subtensão em
uma das barras, foi utilizada a função de subtensão do relé da entrada. Essa função tem uma
parametrização de mínima tensão considerada. Neste caso a função estava parametrizada para 0,1 PU.
Como no ensaio a tensão aplicada no relé é zero, a função de subtensão não estava atuada. No
momento do ensaio, a parametrização de mínima tensão foi passada para zero e dessa forma a função
atuou, transferindo a alimentação da barra onde foi acusada a subtensão (Abrindo o disjuntor de entrada
da barra A e fechando o disjuntor do TIE).
Esta função foi testada com a rede carregada pelo programa IP Load no relé da entrada A, onde foi
carregada e reside a lógica de transferência automática de alimentadores.

• Condição Inicial (antes da ocorrência da subtensão) Operação com as duas entradas energizadas
(disjuntores das entradas A e B fechados) e com o disjuntor de interligação (TIE) aberto

Folha 37/45
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• Condição Final (após a ocorrência da subtensão e da transferência automática): Disjuntor da


Entrada A aberto (em função de subtensão na barra A) e disjuntor de interligação fechado
(devido à lógica de transferência automática de alimentadores por subtensão).

Painel Frontal do IED do disjuntor da Entrada A do painel PN-14010, indicando corretamente a abertura
do disjuntor devido ao TRIP por subtensão, o comando de fechamento do disjuntor de TIE e ausência de
bloqueio (em função da não ocorrência de curto-circuito).

14.7. Simulação de lógica de “Load Shedding” - Descarte Seletivo de Cargas


O descarte Seletivo de Cargas tem como finalidade equilibrar o sistema elétrico após a perda de
uma fonte de geração de energia, tornando a totalidade das cargas compatível com as fontes de geração de
energia remanescentes.
O descarte de cargas é realizado ao nível de alimentador de 13,8 kV. Caso haja alguma carga que
necessite ser preservada mesmo após a parada total da unidade, essa carga deve ser alimentada pelo painel
de cargas críticas, o qual dispõe de dupla alimentação, uma normal e outra de emergência.
De forma a garantir o rápido re-equilíbrio das fontes de geração e a estabilidade do sistema
elétrico o descarte de cargas deve operar no tempo de 200 ms a 300 ms. O desligamento deve envolver o
menor número de cargas possível.
Para simular a função de descarte de cargas, requerido do sistema de proteção e automação a ser
implantado na Refinaria Presidente Bernardes, foi implementada uma lógica de descarte seletivo, a qual
depende de informações da disponibilidade de Energia a partir da Geração da UTE (Unidade Termo
Elétrica, com capacidade de geração de cerca de 220 MW), a ser obtida do sistema de automação a ser
implantado na UTE e das medições de potência por parte dos IEDs dos diversos circuitos alimentadores
Folha 38/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

das subestações C-17, C-14 e C-03. As informações de balanço de energia de geração disponível e
energia consumida será fornecida para a rede de IEDs através de um servidor dedicado, a ser
implementado para essa finalidade. Para o ensaio, foram implementados 4 níveis distintos de
disponibilidade, conforme descrito abaixo:

• Condição Normal – Disponibilidade maior ou igual a 50 MW de geração na UTE.

Folha 39/45
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• Condição de Descarte Seletivo do Primeiro Estágio de Prioridade – Disponibilidade de 30 MW


de geração na UTE. Ação do Descarte: Abertura do Alimentador da SE C-88 (alimentador de
menor prioridade)

Folha 40/45
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• Condição de Descarte Seletivo do Segundo Estágio de Prioridade – Disponibilidade de 20 MW


de geração na UTE. Ação do Descarte: Abertura do disjuntor de Entrada do PN-03010 (e também
abertura simultânea do disjuntor a montante por Transfer Trip).

Folha 41/45
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• Condição de Descarte Seletivo do Terceiro Estágio de Prioridade – Disponibilidade de 10 MW


de geração na UTE. Ação do Descarte: Abertura do disjuntor de Entrada do PN-17010A
(secundário de um dos 3 Transformadores de Entrada de 230 kV - TF-17010A).

14.8. Ensaio da Função de Bloqueio (Função 86) configurada em memória não volátil
A função de bloqueio (Função 86) será configurada nos IEDs através de funções lógicas,
inseridas na configuração das lógicas de programação dos IEDs. Esta lógica deve ser gravada em
memória não volátil do tipo EEPROM.
A vantagem da gravação das lógicas de programação em memória não volátil é a maior segurança
de retenção dos dados e estados do IED, em um evento de perda de alimentação elétrica.
Nos casos em que tais lógicas e estados são gravados em memórias voláteis do tipo RAM, os
dados são mantidos armazenados através de alimentação de bateria interna. Em caso desta bateria interna
apresentar falha ou baixo nível de carga, os dados podem ser perdidos.
No caso da função de bloqueio, em caso de perda de alimentação elétrica e simultaneidade de
falha na bateria interna do IED, um sinal existente de bloqueio poderia ser perdido.
Apesar dos dados serem gravados em memória não volátil, no caso do hardware utilizado nos
ensaios, e, portanto independentes da alimentação elétrica ou do estado da bateria interna, foi realizado
um ensaio para verificação da retenção da função de bloqueio em caso de perda de alimentação. Foram
provocadas situações de atuação da função de bloqueio em dois IEDs, para os quais foram desligadas os
Folha 42/45
Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

respectivos circuitos de alimentação elétrica. Estes IEDs foram mantidos desligados por um período de
11 dias. Decorrido este tempo, os circuitos de alimentação foram re-energizados. Foi verificada a
manutenção do sinal de bloqueio nos dois IEDs, sendo adequadamente bloqueados os circuitos de “liga”
dos respectivos disjuntores.

15. Análise dos resultados obtidos


Verifica-se pelos resultados obtidos, a viabilidade de implementação de todas as lógicas de
proteção, intertravamento, monitoração e controle necessários para um sistema de automação elétrico,
diretamente nos relés de proteção, independente da utilização de Unidades Terminais Remotas.
Foram verificados os resultados adequados de operação de lógicas de paralelismo momentâneo
de alimentadores, transferência automática de alimentadores, transfer trip, seletividade lógica, breaker
failure, bloqueio e descarte seletivo de cargas, implementados diretamente nas configurações dos IEDs.
Analisando-se os resultados obtidos dos ensaios elaborados, verifica-se que os tempos de
propagação de mensagens prioritárias, através de mensagens do tipo GSSE do protocolo IEC 61850 são
de fato compatíveis com os tempos especificados em Norma.
A execução dos ensaios realizados propiciou a verificação prática e medição, pela primeira vez
em uma plataforma de hardware completa, incluindo relés de proteção e switches ópticos de última
geração, dos tempos de atuação e desempenho de mensagens enviadas através de protocolo baseado nos
requisitos da IEC 61850.
A utilização de programa que carrega o tráfego da rede de comunicação até o seu limite de
capacidade propiciou a análise do comportamento da priorização de mensagens e o desempenho do
protocolo até um nível extremo de severidade, com um congestionamento contínuo de tráfego de dados,
simulando uma condição crítica que não será sequer encontrada na prática.
Os valores verificados e medidos na prática para tempos de transmissão de mensagens de trip, da
ordem de 3 ms, serviram para confirmar os dados teóricos de desempenho indicados na normalização
IEC 61850. A comparação de degradação de tempo de envio destas mesmas mensagens em situações de
tráfego normal e situações extremas de tráfego, com valores de degradação de desempenho da ordem de
1 ms, serviram para atestar com valores práticos a priorização de mensagens.

16. Conclusões
Com base nos resultados práticos obtidos dos ensaios realizados, pode-se verificar a adequação
dos tempos de propagação e atuação das mensagens prioritárias de proteção, enviadas através de rede de
dados.
Também com base nestes resultados, podem ser otimizados os tempos de atuação e de
seletividade de proteção entre diferentes níveis de proteção e subestações localizadas fisicamente em
locais diferentes. Podem ser implementados, com melhoria nos índices de desempenho do sistema de
proteção, funções de intertravamentos e proteção enviadas através de rede de dados, ao invés do sistema
clássico de implementação de circuitos físicos hardwired, através de circuitos de comando construídos
com fios de cobre.
Com base nas funções de proteção e comunicação disponíveis nas recentes tecnologias de relés
de proteção microprocessados, é possível a implementação de tempos de seletividade mais baixos,
baseados em esquemas de seletividade lógica e de Breaker Failure, que podem levar a uma redução dos
requisitos de limites térmicos de cabos e painéis elétricos.
A realização destes ensaios serve como subsídios de informações e dados para uma melhor
especificação de novos sistemas de proteção e automação de sistemas elétricos de potência, baseado em
IEDs interligados em redes Ethernet, com arquitetura baseada em Switches Ópticos, e com comunicação
de dados baseada nos requisitos do protocolo IEC 61850.
A realização de ensaios desta natureza requer a disponibilização de uma infra-estrutura de
recursos humanos e de materiais, componentes e equipamentos com elevada complexidade, nem sempre
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Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

acessíveis ou disponíveis dos usuários. Desta forma, esta sistemática de ensaios nem sempre é acessível
aos usuários, que necessitam de garantias de que os equipamentos e sistemas ofertados atendem aos
requisitos das normas IEC 61850.
A fim de assegurar aos usuários de sistemas de proteção e automação elétricos baseados nos
requisitos do protocolo IEC 61850, que os equipamentos e sistema ofertados de fato atendem aos
requisitos normalizados, deve ser requerido dos fornecedores, a apresentação de Certificados de
Conformidade emitidos por entidades de terceira parte, independentes dos fabricantes dos equipamentos.
Estes certificados devem ter sido emitidos por laboratórios de ensaios na área de eletricidade,
reconhecidos nacional ou internacionalmente. Devem ser atestados, nos certificados de conformidade a
serem fornecidos, que os produtos foram ensaiados de acordo com a Norma IEC 61850 - 10 - Networks
and Systems in Substations - Part 10: Conformance Testing, e que não apresentam não conformidades em
relação às partes 6, 7-1, 7-2, 7-3 e 8-1 da família de Normas IEC 61850. A posse de tais certificados deve
ser requisito para a qualificação de fabricantes e fornecedores de relés de proteção e sistemas de proteção
e automação elétricas que atendam os requisitos das normas IEC 61850.
Como resultado dos ensaios realizados, foram também verificadas as vantagens existentes entre o
desempenho e facilidades de configuração de um sistema de proteção e automação baseado em lógicas
distribuídas em IEDs, com protocolo de comunicação aberto, baseado na normalização internacional
IEC 61850, comparativamente com um sistema de automação baseado em UTRs, com protocolo de
comunicação fechado, proprietário do fabricante do sistema.
A disponibilização da base de dados para proteção e automação em um sistema OPC possibilita o
interfaceamento e operação de diferentes sistemas, tornando possível a integração de sistemas existentes,
mesmo operando em protocolos proprietários, com novos sistemas, baseados em protocolo aberto, padrão
IEC 61850.

17. Agradecimentos
Todos os responsáveis pela elaboração da simulação do novo sistema de proteção e automação do
sistema de distribuição de energia da RPBC e pela realização dos ensaios de verificação de desempenho
da rede de comunicação de dados utilizando IEDs e protocolo IEC 61850, agradecem pelo recebimento
de todo o apoio necessário, fornecidos pela Universidade de São Paulo / Escola Politécnica da USP /
Departamento de Energia e Automação Elétrica (PEA), pela GE SUPPLY do Brasil e pela
PETROBRAS / Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC).
Foram disponibilizados para a realização deste trabalho, todos os recursos materiais e humanos
necessários, sem o qual o mesmo não poderia ser realizado.
Este apoio foi de fundamental importância para a obtenção dos dados, índices e resultados dos
ensaios executados, sobre os quais foi possível a realização de importantes e inéditas observações e
conclusões, que nortearão o desenvolvimento e a melhoria de especificações técnicas e das arquiteturas
das redes de comunicação de dados para os novos sistemas digitais baseados em IEDs e protocolo
IEC 61850.

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Relatório dos ensaios da rede de IED e protocolo IEC 61850 para o novo sistema elétrico da PETROBRAS / RPBC

18. Curriculum Vitae


Segue abaixo um resumo das experiências acadêmicas e profissionais dos responsáveis pela
realização dos ensaios da rede de IEDs com protocolo IEC 61850 no laboratório de proteção de sistemas
elétricos da USP:

ROBERVAL BULGARELLI
Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Santa Cecília em 1985. Atua em projetos e implantação de
Empreendimentos de sistemas elétricos industriais desde 1988, na PETROBRAS, nas áreas de sistemas de proteção
e automação elétrica e equipamentos e instalações em atmosferas explosivas, para plantas de petróleo e
petroquímica. Membro da Subcomissão de Normalização Técnica da PETROBRAS, na área de eletricidade.
Coordenador do Subcomitê SC-31 do COBEI - Equipamentos e Instalações em Atmosferas Explosivas. Delegado
da ABNT para representação do Brasil no Technical Committee TC-31 (Equipment for Explosive Atmospheres) da
IEC. Mestrado em Proteção de Sistemas de Potência na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
E mail: bulgarelli@petrobras.com.br

EDUARDO CÉSAR SENGER


Graduado em Engenharia Elétrica, ênfase em Sistemas de Potência, pela Escola Politécnica da USP em 1977.
Recebeu os títulos de mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo em 1893 e 1990,
respectivamente. É professor do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola
Politécnica desde 1978. Desenvolve trabalhos de pesquisa na área de Proteção, Automação e Controle de Sistemas
Elétricos de Potência. E-mail: senger@pea.usp.br

ADENÍLSON DIAS DOS SANTOS


Graduado em Engenharia Elétrica pela UNIFEI em 1985. Trabalhou na JAAKO-POYRY, RTR e atualmente é
Engenheiro de Aplicação e Vendas na GE SUPPLY. Com responsabilidades na área comercial pré e pós-vendas,
palestras sobre linha de produtos e proteção em geral, e elaboração de documentos técnico-comerciais dos
equipamentos. E-mail: adenilson.santos@ge.com

PAULO EGÍDIO ZERBINATTI


Engenheiro Eletricista graduado pela FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) em 1998, com experiência em
automação industrial e elétrica adquirida nas Empresas GE Supply, PRODISA, ALSTOM T&D e atualmente na GE
SUPPLY do BRASIL. Atua como gerente da área de proteção de sistemas elétricos da GE SUPPLY do BRASIL,
com responsabilidades técnicas (estrutura de suporte técnico pré e pós-venda) e comerciais pelos produtos da GE
MULTILIN. Atua também na divulgação tecnológica desses produtos no mercado brasileiro. E-mail:
paulo.zerbinatti@ge.com

ENRICO AUGUSTO VICECONTI


Graduado em Engenharia Elétrica pela UNICAMP, em 2003. Trabalhou de 01/2003 a 08/2005 na SEL, como
engenheiro de aplicação e vendas. Atua como engenheiro de aplicação e vendas na GE Supply desde 08/2005, com
responsabilidades na área comercial pré e pós-vendas, palestras sobre linha de produtos e proteção em geral,
elaboração de documentos técnico-comerciais dos equipamentos. E-mail: enrico.viceconti@ge.com

FRANCISCO ANTÔNIO REIS FILHO


Engenheiro Eletricista graduado na AEVA/RJ em 1981. Com experiência em Proteção de Sistemas Elétricos,
adquirida nas Empresas FURNAS, ABB, SEG e SEL. Mestre e Doutor em Engenharia pela POLI em 1992 e 2002
respectivamente onde trabalha como Pesquisador no L-PROT. Desenvolve também atividades de consultoria
técnica e comercial para a GE através da GE SUPPLY do Brasil. E-mail: mother@pea.usp.br

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