Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Paulo
2022
Orientador: Prof. Gustavo Caravita de Andrade
São Paulo
2022
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como requisito para obtenção
do grau de bacharelado em Engenharia
Mecânica pela USJT
São Paulo
2022
Folha de Aprovação
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de
engenheiro e aprovado em sua forma final pelo Curso Engenharia mecânica
___________________________
Coordenação do Curso
Banca examinadora
____________________________
Prof. Gustavo Caravita de Andrade
Orientador
____________________________
Prof.(a) [nome do(a) professor(a)], Dr.(a)
Instituição [nome da instituição]
____________________________
Prof.(a) [nome do(a) professor(a)], Dr.(a)
Instituição [nome da instituição]
Dedicatória
• Em primeiro lugar, а Deus, que fez com que nossos meus objetivos fossem alcançados,
durante todos os anos de estudos.
• A Deus, por nos permitido que tivéssemos saúde е determinação para não desanimar
durante a realização deste trabalho.
• A Deus, pelas nossas vidas, e por nos permitir ultrapassar todos os obstáculos
encontrados ao longo da realização deste trabalho.
RESUMO
With the advances in technology and the search to bring more comfort to the passengers,
the vehicle suspension system was developed, which has gone through many changes and
technological advances over the decades. Even though most of its components are not visible
when looking at the outside of the vehicle, the suspension system is one of the most important
systems in the vehicle, this system is responsible for making the connection between the body
and the ground (we consider that the wheels and the tires are part of the suspension system).
We can consider that the vehicle suspension has three main functions: to ensure the passenger's
comfort by absorbing the maximum of vibrations and irregularities caused by the road, to ensure
mobility by ensuring stability, both longitudinal and lateral, keeping the chassis stable, and
finally to ensure the control over the vehicle, keeping all four wheels of the vehicle in constant
contact with the ground, besides keeping the vehicle stable during the action of some forces,
such as the forces during acceleration and braking. The main objective of this work is to
approach, analyze and design a suspension system for a recreational vehicle. The concepts used
cover topics such as vehicle comfort, ride improvement, caster angle, roll center positioning,
etc. We collected all the important data through studies in scientific articles, which allowed us
to have a broader view on the suspension dimensioning, we found the best strategy to build our
prototype, after the study the group decided to use the double A suspension in the recreational
vehicle, because it has a light system and low height, We then started for the 3D design and
after a computational analysis by finite element methods we reached a satisfactory result, which
allowed us to start building the prototype, in the end we concluded that it was extremely
important the initial study that we performed before the whole suspension design, we finished
the prototype reaching satisfactory results such as improvement in drivability and decrease in
vibration in the internal part of our vehicle.
Figura 6: Dois exemplos de aplicação de suspensão duplo “A” (the automotive chassis-
volume 1). ..................................................................................................................... 30
Figura 10: Suspensão com mola helicoidal (TM 9-8000, 1985). ................................. 35
Figura 12: Diagrama de corpo livre de uma mola. (REIMPELL et al, 2001). ............. 36
Figura 24: Rolagem do Corpo do Veículo, vista traseira (Dixon, 2009). ..................... 49
Figura 25: Rolagem do Corpo do Veículo em Pista Inclinada, vista traseira (Dixon,
2009). ............................................................................................................................ 50
Figura 28: Câmber de uma suspensão. Vista de frente (Nicolazzi, 2012). ................... 54
Figura 29: Influência do câmber no desgaste do pneu (Reimpell et al., 2001). .......... 56
Figura 31: Inclinação e Offset do Pino Mestre (Reimpell et al., 2001) ........................ 59
Figura 32: Inclinação e Offset do Pino Mestre para Suspensões McPherson (Reimpell
et al., 2001) ................................................................................................................... 60
Figura 33: Câmber regulável detalhado (Reimpell et, al., 2001) .................................. 61
Figura 34: Dimensões do Chassi, vista superior. Fonte: Autor (2022) ........................ 62
Figura 35: Dimensões do Chassi, vista lateral. Fonte: Autor (2022) ............................ 63
Figura 37: Roda e pneu em vista isométrica. Fonte: Autor (2022) .............................. 64
Figura 38: Altura em relação ao solo. Fonte: Autor (2022) ......................................... 65
Figura 39: Bitola do eixo traseiro e do eixo dianteiro. Fonte: Autor (2022) ................ 65
Figura 41: Pontos de ancoragem das bandejas no chassi. Fonte: Autor (2022). .......... 67
Figura 45: Sistema de Direção vista frontal. Fonte: Autor (2022). .............................. 71
Figura 46: Sistema de Direção vista superior. Fonte: Autor (2022). ............................ 71
Figura 48: Modelo para cálculo do centro de rolagem: Autor (2022). ......................... 73
Figura 49: Modelo para cálculo do centro de rolagem: Autor (2022). ......................... 73
Figura 56: Chassi com a parte dianteira soldada: Autor (2022). .................................. 81
Figura 60: Chapinhas para fixação das bandejas: Autor (2022). .................................. 83
Figura 62: Manga de eixo fixada nas bandejas: Autor (2022). ..................................... 84
Figura 64: Ponta de eixo fixada nas bandejas: Autor (2022). ....................................... 85
Figura 69: Ponta de eixo com porca soldada: Autor (2022). ........................................ 88
AM Amortecedor
BSI British Standards Institute
D Amortecedor Dianteiro
DIN Deutsches Institut für Normung
ISO International Organization for Standardization
LE Lado Esquerdo
LD Lado Direito
RPM Rotação Por Minuto
SAE Society of Automotive Engineers
SUV Sport Utility Vehicle
T Amortecedor Traseiro
LISTA DE SÍMBOLOS
Caracteres Latinos:
a Distância do eixo dianteiro ao centro de massa
aCG Aceleração do CG do veículo
b Distância do eixo traseiro ao centro de massa
Bo Centro de gravidade
C Coeficiente de amortecimento
CC Coeficiente de amortecimento vertical do assento
cf Rigidez de mola dianteira
CG Centro de gravidade
CM Coeficiente de amortecimento modal de pitch
CR Coeficiente de amortecimento de rolagem
CS Coeficiente de amortecimento da suspensão
CT Coeficiente de amortecimento vertical do pneu
CW Coeficiente de amortecimento vertical da suspensão à roda
f Frequência de trabalho do amortecedor
F Força na suspensão
FD Força de amortecimento
FY,E Força de reação no eixo Y no ponto E
FY,G Força de reação no eixo Y no ponto G
FY,W,f Força lateral em curva no eixo Y da roda dianteira
FY,W,f,i Força lateral em curva no eixo Y da roda dianteira interna
FY,W,f,o Força lateral em curva no eixo Y da roda dianteira externa
G Aceleração da gravidade
H Altura do centro de massa
HS Altura do centro da massa suspensa
IP Inércia de pitch
IR Inércia de rolagem
K Gradiente de subesterçamento e rigidez de mola
KD Coeficiente de amortecimento
KS Rigidez da suspensão
KSP Rigidez de pitch da suspensão
M Massa
MB Massa suspensa
mS Massa suspensa
um Massa da roda
L Distância entre centros das rodas
MTXS Momento de transferência longitudinal da massa suspensa em declive
MTXT Momento de transferência longitudinal total de carga
V Velocidade do veículo
z Deslocamento do centro de massa
zS Deflexão da suspensão
zT Deflexão do pneu
zW Deslocamento da roda
ZW Altura ao centro da roda
Caracteres Gregos:
α ângulo de deriva e fator de amortecimento
αR Fator de amortecimento de rolagem
δi Ângulos de esterçamento da roda interna
δo Ângulos de esterçamento da roda externa
W,i Câmber roda interna
W,o Câmber roda externa
θ Ângulo de pitch
θB Ângulo de pitch do corpo do veículo
θS Ângulo de pitch da suspensão
θU Ângulo de pitch da massa não-suspensa
ζ Razão de amortecimento
ζR Razão de amortecimento de rolagem
σ Inclinação do pino mestre
τ Ângulo de cáster
φ Ângulo de inclinação da carroceria em curva
ΦA Ângulo de rolagem dos eixos
ΦB Ângulo de rolagem do corpo do veículo
ΦBT Ângulo de torção do corpo do veículo
ΦR Ângulo de inclinação da estrada
ΦRT Ângulo de torção da estrada
ΦS Ângulo de rolagem da suspensão
SUMÁRIO
OBJETIVOS ............................................................................................................. 21
JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 21
DINAMICA VEICULAR......................................................................................... 40
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 94
19
1 INTRODUÇÃO
20
1.1 OBJETIVOS
Este trabalho possui como objetivo realizar o projeto completo do sistema de suspensão
duplo A integrado a um veículo recreativo e analisar o comportamento dinâmico com auxílio
do software Autodesk Inventor, onde a parte dimensional será realizada através do software,
analisando assim os deslocamentos de movimento vertical e rotacional da suspensão.
1.2 JUSTIFICATIVA
21
2 REFERENCIAL TEÓRICO
As forças e momentos que atuam na área de contato da roda devem ser direcionados
para o corpo. O deslocamento do pino mestre e o braço da alavanca de força perturbadora no
caso das forças longitudinais, o deslocamento dos rodízios no caso das forças laterais, e o braço
de momento de carga radial no caso das forças verticais são importantes elementos cujos efeitos
interagem como resultado, por exemplo, do ângulo da direção eixo.
Na indústria automotiva, alguns critérios são muito importantes como: custo, espaço,
propriedades cinemáticas e atributos de conformidade (HILL, 2009).
22
A classificação dos tipos de suspensão pode ser feita por posição (dianteira ou traseira)
ou tipo (eixo rígido ou independente). As suspensões dianteiras de eixo rígido praticamente
desapareceram dos carros de passeio.
Uma suspensão de eixo rígido é aquela em que as rodas são montadas em cada
extremidade de uma viga rígida, de modo que qualquer movimento de uma roda seja
transmitido para a roda oposta, fazendo com que elas girem e se curvem juntas, essa
característica resulta é considerada uma desvantagem deste tipo de montagem. Eixos de
acionamento rígido são usados na traseira de muitos carros e caminhões e na frente de muitos
caminhões com tração nas quatro rodas. Eixos de viga sólida são comumente usados na frente
de caminhões pesados onde é necessária alta capacidade de carga
Eixos sólidos têm a vantagem de que a curvatura da roda não é afetada pela rolagem da
carroceria. Assim, há pouca curvatura das rodas nas curvas, exceto aquela que surge da
compressão ligeiramente maior dos pneus do lado de fora da curva. Além disso, o alinhamento
das rodas é prontamente mantido, minimizando o desgaste dos pneus, a principal desvantagem
dos eixos sólidos direcionáveis é sua suscetibilidade a vibrações de direção oscilantes.
23
Figura 1: Graus de Liberdade de uma Suspensão de Eixo Rígido (Milliken e Milliken, 1995).
Diferentemente dos eixos rígidos, as suspensões independentes permitem que cada roda
se mova verticalmente sem afetar a roda oposta. Permitir esse movimento independente entre
as rodas é uma das grandes vantagens desse tipo de suspensão, além das vantagens de
proporcionar espaço para o motor e à melhor resistência às vibrações da direção. A suspensão
independente também tem a vantagem de fornecer uma rigidez de rolagem inerentemente mais
alta em relação à taxa de mola vertical. Com isso nos dias de hoje quase todos os carros de
passeio e caminhões leves usam suspensões dianteiras independentes.
24
Suspensões independentes são usadas quase universalmente na frente devido à
necessidade de direção. As exceções são veículos com tração nas quatro rodas; mesmo assim,
muitos usam suspensões independentes na frente.
Figura 2: Graus de Liberdade de uma Suspensão de Eixo Rígido (Milliken e Milliken, 1995).
25
2.1.2.1 SUSPENSÃO MACPHERSON
Esse modelo de suspensão independente leva esse nome pois foi desenvolvida pelo
Earle S. MacPherson, um engenheiro da Ford, nos anos de 1940 (Bastow e Howard, 1993). Ele
desenvolveu uma suspensão com geometria baseada às suspensões dianteiras duplo “A”. A roda
rigidamente fixada na sua extremidade inferior, de modo que a suspensão mantém a roda na
direção da curvatura. A extremidade superior é fixa à carroceria ou chassi, e a extremidade
inferior é localizada por ligações que captam as forças laterais e longitudinais, além do
momento que aumenta o atrito na suspensão. Procurando evitar prejuízos no câmber dinâmico,
deve aumentar o diâmetro da haste no amortecedor, que normalmente é de 11 milímetros, para
18 milímetros, com um diâmetro de pistão que normalmente é de 27, 30 ou 32 milímetros.
Figura 3: Vista Traseira de um Eixo McPherson Dianteiro Esquerdo (Reimpell et al., 2001).
26
• O assento da mola (3) suporta a parte inferior da mola;
• A mola auxiliar (11) ou coxim de compressão;
• O batente de tração ou stop hidráulico (não mostrado);
• A conexão da barra estabilizadora (7) através da haste de ligação (5);
• A fixação inferior (13).
A fixação inferior pode ser soldada, brazada, montada por interferência ou
aparafusada firmemente ao tubo reservatório (1). Outras vantagens são:
• Forças mais baixas no corpo de montagem, pontos “E” e “D” devido a uma
grande distância efetiva “C”;
• Longo curso da mola;
• Três rolamentos deixam de ser necessários;
• Melhores possibilidades de projeto na zona de deformação à frente do veículo,
no compartimento do motor;
• Maior espaço lateral torna mais fácil a aplicação de motores transversais.
A suspensão McPherson é amplamente utilizada para veículos com tração dianteira, pois
uma grande vantagem é o espaço que ela oferece para o pacote para motores transversais.
Mesmo que ela seja bastante utilizada para carros com tração dianteira, ela também é adequada
para veículos com qualquer construção, devido à separação de seus pontos de conexão na
carroceria. Um exemplo disso é a suspensão do Lancia Delta, representado na Figura 4
(REIMPELL et al., 2001).
27
Figura 4: Suspensão McPherson Traseira – I (Reimpell et al., 2001).
A suspensão duplo “A” é composta por duas ligações transversais, conhecidas como
braços de controle, e estão localizadas em ambos os lados do veículo. Essas ligações são
montadas para realizar o giro sobre o quadro da suspensão, e nos casos em que ela é montada
no eixo da frente, elas são conectadas na parte externa da junta de direção ou na cabeça giratória,
através das juntas articuladas esféricas (REIMPELL et al., 2001). Essa opção pode ser usada
tanto na dianteira quanto na traseira do veículo.
28
Figura 5: Suspensão Duplo “A” Dianteira de um veículo comercial Volkswagen (Reimpell et al., 2001).
Esse sistema é bem adaptado à veículos que tem motor dianteiro e tração traseira, além
de possibilitar um melhor espaço para a montagem do motor na longitudinal (GILLESPIE,
1992). É comum ver esse modelo sendo aplicado em modelos de carros sedans de luxo e em
carros esportivos, graças ao seu design, ela melhora os parâmetros de elastocinemática,
otimizando o manuseio e o conforto.
29
A Figura 6 mostra dois diferentes tipos de suspensão duplo “A”. A primeira imagem à
esquerda, é adequada para carros de ração dianteira com motores transversais, já a segunda
imagem, pode ser aplicada a motores longitudinais.
Figura 6: Dois exemplos de aplicação de suspensão duplo “A” (the automotive chassis- volume 1).
De acordo com a posição do braço em relação à roda, as suspensões desse tipo são
classificadas como alta (à esquerda) ou baixa (à direita). A diferença entre essas duas soluções
é imposta pela transversal volume do motor e a pista que deve ser obtida para o carro; a
suspensão de braços duplos altos é a única que pode ser adotada em carros de tração dianteira
com motores transversais. É aplicado a outros carros também, porque pode se adequar bem à
estrutura de um corpo unificado. Braço duplo baixo suspensões, com excelente desempenho
elastocinemática, se intrometem no compartimento do motor e são geralmente aplicados apenas
a carros de luxo.
30
A Figura 7 mostra uma suspensão duplao “A” alta, nós nos referimos a o que dissemos
sobre a suspensão de McPherson para muitos detalhes comuns, como barras de direção,
subestrutura, mecanismo de direção, barra estabilizadora e elástico buchas.
Figura 7: Modelo de suspensão duplo “A” alta. (the automotive chassis- volume 1).
O braço superior (1) e o braço inferior (2) são conectados ao corpo por buchas. Os
mesmos braços estão ligados ao suporte (3) através de juntas esféricas (4) e (5) que permitem
a rotação de direção da estrutura. A linha que liga as duas juntas esféricas é o eixo do pino
mestre. O amortecedor e a mola helicoidal são unificados como na suspensão McPherson este
conjunto é conectado ao braço inferior através das buchas (7) e tem a forma de uma forquilha,
para desobstruir a maior parte do semi-eixo.
31
suporte da roda. Um descanso inclui buchas do braço superior e o rolamento de amortecimento
do amortecedor e é parafusado ao corpo.
Como nesse sistema o centro de inclinação pode estar localizado no centro da roda,
como mostrado na Figura 8, isso produz não só uma melhora no mecanismo de anti-megulho,
como também reduz o afundamento sobre o eixo nos casos de veículos com tração traseira, em
veículos com tração dianteira seria a redução no levantamento do eixo. Esses fatos mostram
alguns motivos para que a suspensão duplo “A” vem sendo mais utilizadas em carros de
passageiros e localizada no eixo traseiro, independentemente do tipo de tração do veículo.
(REIMPELL et al., 2001).
Um exemplo no mercado de carros para carros de passageiro que utiliza uma suspensão
duplo “A” em seu eixo traseiro é o modelo da Audi A4 Quattro (Figura 9). Este modelo sedan
possui tração integral.
32
Figura 9: Suspensão Duplo “A” Traseira (Reimpell et al., 2001).
Vantagens:
• Os amortecedores não têm função estrutural; O conforto pode ser melhorado, devido
à redução da histerese.
Desvantagens
33
• O espaço ocupado pelo braço é notável. Demanda de motores transversais a versão
alta: O comprimento reduzido do braço desta versão compromete a possibilidade de
atingir o máximo desempenho elastocinemático.
• O aumento do número de juntas e rolamentos pode afetar os ângulos das rodas por
conta de deformações permanentes na borracha da bucha, com consequências no
desgaste dos pneus.
• O alto valor das cargas de frenagem pode ter uma influência negativa na longitudinal
flexibilidade.
2.2.1 MOLA
A maioria dos primeiros carros usava molas de lâmina porque esse tipo de mola era
usado extensivamente em carruagens puxadas por cavalos, e os primeiros designers tinham
alguma experiência com elas. A mola de lâmina mostrada na Figura 10 é do tipo multifolhas.
Este tipo de mola é feito de uma única mola elíptica com várias folhas menores presas a ela
com grampos. As folhas também são fixadas rigidamente pelo parafuso central, o que evita que
as folhas individuais se movam fora do centro durante a deflexão. As folhas adicionais tornam
a mola mais rígida, permitindo que ela suporte cargas maiores.
35
D: Diâmetro médio da bobina, a distância de centro para centro do fio através da bobina.
d: Diâmetro do fio
p: Inclinação
Existem outros termos importantes quando se fala sobre mola e suas características e
que são importantes quando se vai fazer o dimensionamento da mola, como por exemplo:
Figura 13: Diagrama de corpo livre de uma mola. (REIMPELL et al, 2001).
36
Além disso, outra característica importante é o tratamento da parte final da bobina, que
pode ser plano, plano de base reta, quadrado ou de base reta, como é mostrado na Figura 14
2.2.2 AMORTECEDOR
A maioria dos amortecedores modernos são do tipo telescópico a óleo. Eles produzem
força de amortecimento pela ação do fluido, geralmente óleo, sendo forçado através de um
orifício ou válvula.
O amortecedor de tubo duplo é usado na maioria dos carros de passeio nos Estados
Unidos. Embora os amortecedores de tubo duplo sejam mais pesados e tendam a operar mais a
quente do que os tipos de tubo mono, eles são mais fáceis de fabricar. O amortecedor de tubo
duplo tem um tubo externo ao redor do tubo interno e o espaço entre eles forma um reservatório
de óleo. À medida que o pistão se move para cima e para baixo, uma válvula na parte inferior
do tubo interno permite que o óleo flua para o reservatório. (REIMPELL et al, 2001).
37
No amortecedor monotubo, seu funcionamento é simples, ele tem como única ação que
o fluido flui através da válvula no pistão. A maioria dos amortecedores de tubo único tem um
volume de gás comprimido abaixo de um pistão flutuante. Assim o gás move o pistão conforme
o fluido passa pela válvula à medida que vai mudando o volume do fluido. Esse mecanismo
tem como objetivo evitar a formação de espuma do fluido de trabalho.
38
Contrariando seu nome (shock absorbers), o amortecedor não absorve os choques
provenientes das imperfeições da via, o que de fato absorve os choques é a suspensão, a
principal atuação dos amortecedores hidráulicos é no amortecimento dissipar a energia imposta
ao sistema.
(1)
Onde:
ζ = razão de amortecimento
Ks = rigidez da suspensão
M = massa suspensa
40
Figura 19: Fluxograma de interação entre carga e veículo. (RILL, 2009)
41
2.4 CONFORTO VEICULAR E DIRIGIBILIDADE
Apesar do veículo ser um sistema dinâmico, ele apenas tem vibrações se existir alguma fonte
que excite essa vibração no veículo, como mostrado na Figura 23. São as propriedades das
repostam que irão determinar a magnitude e direcionar as vibrações impostas, o compartimento
onde estão os passageiros irão ser submetidos à essas vibrações. São três principais aspectos
que são estudados para a compreensão do comportamento dinâmico do veículo, que são:
• Fontes de excitação;
42
Figura 23: Sistema Dinâmico do veículo (Gillespie, 1992).
Por esses diversos fatores, a tarefa definir se um veículo tem o conforto adequado é
muito complexa e subjetiva, pois cada usuário tem uma perspectiva de conforto e essa
perspectiva vem mudando com o tempo, se você olhar para trás, um carro que era considerado
confortável alguns anos atrás, ele já pode não ser mais considerado confortável nos dias de hoje.
O conforto não está apenas na condução do veículo, mas envolve também o conforto acústico
e vibratório.
43
capacidade que os pneus e o sistema de suspensão conseguem filtrar as vibrações que são
causadas através do movimento do veículo pela via. Já na questão de conforto acústico e
vibratório, podemos considerar a vibração e o ruido que são produzidos no interior do veículo
através dos dispositivos mecânicos, ou na sua superfície que está em contato com o ar (GENTA
e MORELLO, 2009).
• Ruído: São fenômenos acústicos que estão na faixa entre 100 Hz e 22 kHz, ou
seja, acima da aspereza até o limite que o ouvido humano consegue escutar.
Essa taxa de variação de aceleração é conhecida como “jerk”. O termo é usado para
denotar a taxa de variação da aceleração no tempo, ou seja, é a derivada da aceleração, que
produz essa sensação de desconforto.
Apesar de ser considerado apenas ¼ do veículo nessa análise, é comum que a massa
total do veículo seja considerada. Quando essa massa total é considerada, facilita a compreensão
de alguns fatores como o coeficiente total de amortecimento e a rigidez total da suspensão. A
Figura 24, apresenta um modelo dessa análise e tem os seguintes paramentos:
• ZR = altura ao solo;
• ZP = altura ao passageiro.
45
Figura 24: Modelo dinâmico de bounce (Dixon, 2009).
O deslocamento em relação ao solo, pode ser definido através das seguintes equações:
ZR = ZT + ZW
ZR = ZT + ZS + ZB
ZR = ZT + ZS + ZC + ZP
2.4.2 INCLINAÇÃO
Independentemente das variações de forças que o veículo sofre seja em subidas, quando
está acelerando ou freando, ou em curvas, existe um momento de pitch, onde já uma
transferência da carga da longitudinal, ou seja, transferindo verticalmente a força do pneu.
Como está força impacta diretamente a suspensão do veículo, existe uma variação de forças
que resultam em alterações na altura do veículo. Com a atuação dessas forças na suspensão,
ocorre alguns efeitos geométricos nas rodas do veículo, fazendo com que alguns fatores sejam
alterados como o câmber, ângulo de direção e ângulo de Cáster.
(01)
Onde:
47
Para definir a rigidez de pitch dos pneus ao longo da distância entre eixos, tendo o
momento de pitch do veículo sobre o centro de massa é:
(02)
Onde:
Como isso, temos um ângulo de inclinação da massa que está suspensa dado por:
(03)
(04)
Onde: “KS” é a rigidez vertical efetiva da suspensão sobre uma roda, com isso, dando
o ângulo de pitch da suspensão de:
(05)
ΘB = ΘU + ΘS
2.4.3 ROLAGEM
Conforme mostrado na Figura 26, o ângulo de rolagem “ΦB” é a soma de dois outros ângulos,
sendo eles: o ângulo de rolagem da suspensão “ΦS” e o ângulo de rolagem dos eixos, que é
formado devido à deflexão do pneu “ΦA”. Com isso no plano da estrada, tem-se:
(06)
Quando se está projetando veículos para passeio, é comum ver a rolagem do eixo bastante
pequena em relação a rolagem da suspensão, diferentemente de veículos projetados para
corridas, onde a suspensão é bem mais rígida e os ângulos de rolagem do eixo é mais
essencial.
49
A maioria dos arros de passageiros, mais especificamente em veículos com carroceria
torsionalmente rígida, o ângulo de torção do corpo “ΦBT” é considerado desprezível em
relação os momentos de torção que são aplicados.
No caso que a estrada não é plana e nem nivelada, uma análise adicional se torna necessária.
Nesse primeiro caso, a estrada é plana, porém não é nivelada, um exemplo de estrada que se
encaixa nesse padrão é uma estrada de alta velocidade que tem inclinação lateralmente.
Conforme é mostrado na Figura 27, em uma estrada que tem o ângulo de inclinação “ΦR”, a
rolagem do corpo de veículo que está em relacionado ao plano de referência é:
(07)
Figura 27: Rolagem do Corpo do Veículo em Pista Inclinada, vista traseira (Dixon, 2009).
Cinemática é o ramo da mecânica que estuda o movimento dos corpos, essa área é
importante no desenvolvimento da suspensão pois ela que vai descrever o movimento que a
roda é submetida quando a suspensão está trabalhando e quando a roda está em esterçamento.
50
Já a elastocinemática descreve as alterações nas rodas enquanto os pneus estão em movimento
e em contato com a via.
Alguns fatores que o veículo é submetido durante a pilotagem podem ser definidos
durante os cálculos do projeto, por exemplo a convergência (Toe-in) que ode ser definida
através de tirantes ou discos excêntricos. Já outros fatores como ângulo de cáster e câmber,
podem ser ajustados em alguns veículos.
A distância entre eixos (wheelbase) é medida do centro do eixo dianteiro até o centro
do eixo traseiro, como mostrado na Figura 28, é considerada uma propriedade de conforto e
dirigibilidade muito importante dos veículos. O dimensionamento dessa caraterística do veículo
faz com que ele tenha diferentes comportamentos durante seu uso, por exemplo se você
dimensiona uma longa distância entre eixos em relação ao comprimento total do veículo, ele
terá características como por exemplo: redução da carga que está sendo transportada sobre a
distribuição de cargas nos eixos e maior acomodamento para os passageiros. Já se você
dimensiona uma curta distancias entre os eixos fará com que o veículo tenha um desempenho
melhor em curvas propicia um menor espaço percorrido em círculo para uma mesma entrada
de angular de direção (REIMPELL et al., 2001).
Carros de luxo, como as limusines, têm a distância entre eixos maior do que outros tipos
de carros. Alguns fabricantes fabricam especialmente os carros high-end com maior distância
entre eixos para atender a alguns clientes de nicho. A maioria dos carros do segmento de luxo,
51
como Mercedes Benz e BMW, oferece alguns modelos de carros específicos com uma distância
entre eixos mais longa como opção.
O ângulo de Cáster refere-se ao ângulo que o eixo pivô de direção forma quando está
inclinado em relação ao eixo vertical, conforme mostrado na Figura 29. Para padronizar esse
dimensionamento, é utilizada a DIN70020.
O ângulo de Cáster pode ser negativo, zero ou positivo em relação ao plano cartesiano,
cada um tem suas vantagens e são usados em diferentes aplicações.
52
2.5.2.1 Cáster negativo
Quando o eixo pivô de direção está mais para a frente do veículo do que o eixo vertical,
o veículo tem um Cáster negativo.
Veículos com Cáster negativo sofrem de estabilidade reduzida e manuseio ruim. Por
causa disso, você normalmente encontrará Cáster negativo em veículos mais antigos com
sistemas de direção desatualizados.
Carros históricos e de classe tinham Cáster negativo, o que tornava seus sistemas de
direção não motorizados muito mais leves. Já esteve em um carro antigo que tem direção muito
pesada? Cáster negativo ajudaria com isso. Para veículos modernos, no entanto, a direção
hidráulica tornou essa vantagem obsoleta.
A única vantagem do Cáster negativo é que é mais fácil girar o volante. Mas, a menos
que você tenha um veículo sem direção hidráulica, nem notará a diferença. O Cáster negativo
tende a ter um comportamento de endireitar a roda quando o veículo está se desloca para frente,
e assim é usado para melhorar a estabilidade quando está se deslocando em linha reta (JAZAR,
2008).
Um ângulo de Cáster positivo tem uma série de vantagens de desempenho que podem
levar seu veículo ao próximo nível. Contanto que seu veículo tenha direção hidráulica, e a
menos que você dirija um veículo antigo, não há desvantagens no rodízio positivo.
Você obtém melhor manuseio nas curvas, melhor estabilidade em altas velocidades e
melhor rastreamento em linha reta. A melhor tração nas curvas é semelhante a um veículo com
cambagem negativa, pois mantém mais piso no solo, apesar dos ângulos agudos. Um patch de
contato maior significa mais aderência, e isso nunca é uma coisa ruim.
53
2.5.2.3 Cáster zero
Cáster zero não é uma opção ruim, mas também não faz nada para melhorar o
desempenho do veículo. Você obtém uma dirigibilidade um pouco pior do que o Cáster positivo
e um manuseio um pouco melhor do que o Cáster negativo.
A direção é um pouco mais fácil do que um Cáster positivo e um pouco mais difícil do
que um Cáster negativo. É genuinamente o meio-termo para o Cáster negativo e positivo em
quase todos os sentidos. Por causa disso, não há muita necessidade de veículos com zero Cáster.
Câmber é o ângulo formado entre uma linha vertical em relação ao plano da superfície
de rodagem e o plano central da roda, que pode ser visto pela frente ou pela traseira de um
veículo, como mostra na Figura 30. Esse ângulo é regulamentado pela DIN70000.
Quando a parte superior da roda é deslocada para fora, como mostra a Figura 30, o
câmber é considerado positivo. Para dentro é negativo.
54
A força em curva que um pneu pode desenvolver é altamente dependente de seu ângulo
relativo à superfície da estrada, e assim o câmber das rodas tem um efeito importante sobre a
manutenção de um carro sobre a estrada. Um pneu desenvolve sua força máxima lateral em um
ângulo de câmber pequeno. Esse fato é devido à contribuição do empuxo de curvatura, que é
uma força lateral adicional gerada pela deformação elástica da borracha do pneu na interface
com o piso de rodagem. (IEZZO, 2010).
O carro é projetado para que a roda seja conectada ao chassi do veículo através do
sistema de suspensão, e a suspensão é projetada para ser deslocada verticalmente durante a
curva. Sendo assim, para ter um desempenho mais otimizado nas curvas, a suspensão deve
permitir uma pequena angulação do câmber na direção da rolagem da carroceria.
Para otimizar o desempenho do pneu, existe várias variáveis que são fundamentais para
isso, e o ângulo de câmber é uma dessas, outas variáveis importantes são: a carga, a temperatura,
a pressão e o ângulo de escoamento. O câmber estático é utilizado de forma conjunta com o
câmber de compensação de geometria da suspensão, buscando fazer o posicionamento do pneu
no melhor ângulo de inclinação quando o veículo está em curva (MILLIKEN e MILLIKEN,
1995).
Durante a fase de projeto de um veículo, alguns valores têm que ser adotados para suprir
algumas variáveis, como por exemplo o peso de projeto, que geralmente é adotado como se o
veículo estivesse carregando duas ou três pessoas. Antigamente em veículos de passageiros, um
câmber ligeiramente positivo é mais útil pois mantem o contato dos pneus com o solo, de forma
que fique o mais vertical possível e provocando um desgaste de pneus de forma mais uniforme
e uma menor resistência ao rolamento. A Figura 31 mostra o valor ideal desse efeito que seria:
Atualmente essa regra não se aplica mais, agora é mais comum você encontra o ajuste
negativo em veículos de passageiros, mesmo que o veículo esteja vazio. Isso se deve para
melhorar a dirigibilidade e ter uma melhor aderência lateral dos pneus nas curvas. Hoje em dia
os valores de ajuste para o eixo dianteiro em veículos são:
εw,f,ul = 0 a – 1°20’
55
Figura 31: Influência do câmber no desgaste do pneu (Reimpell et al., 2001).
56
Figura 32: Convergência e Divergência (Mechanical Funda, da 2018)
Independente do ajuste que é feito, ela afeta principalmente três características muito
importantes da dirigibilidade e conservação do veículo, estabilidade em linha reta,
dirigibilidade na entrada da curva e o desgaste dos pneus.
Para diminuir o desgaste dos pneus e a perda de potência, os pneus do eixo determinado
devem estar o mais paralelo possível quando o carro está em linha reta, isso porque nos casos
de convergência e divergência excessiva faz com que os pneus se esfreguem. (RILL, 2009)
Além do ângulo formado entre as rodas no eixo, outras diferencia entre a convergência
e a divergência, em questão de impacto no rendimento do veículo, é que a convergência melhora
a estabilidade direcional do veículo e reduz a tendencia das rodas oscilarem, sendo assim,
tornando a direção mais lenta. Já a divergência, traz um melhor tempo de resposta da direção,
porém, fazendo que o veículo se torne com uma direção um pouco mais instável, por esse
motivo a divergência não é usada em veículo de corrida.
57
Cada tipo de configuração tem algum efeito sobre as rodas, abaixo estão alguns
exemplos desses efeitos tanto no eixo dianteiro como no eixo traseiro (JAZAR, 2008)
• Eixo dianteiro em convergência: traz uma resposta mais lenta da direção, deixa o veículo
mais estável em linha reta, um desgaste maior nos pneus em suas bordas externas;
• Eixo dianteiro em posição neutra: traz uma resposta média da direção, melhorar
conservação dos pneus e de potência, reduzindo para o mínimo esses 2 fatores;
• Eixo dianteiro em divergência: traz uma resposta mais rápida da direção, deixa o veículo
mais instável em linha reta, um desgaste maior nos pneus em suas bordas internas;
• Eixo traseiro em convergência: traz maior tração em curvas, uma maior estabilidade em
linha reta, uma melhor dirigibilidade e maior velocidade máxima.
σ = 11º a 15º30‘
rσ = -18mm a +20mm
58
Figura 33: Inclinação e Offset do Pino Mestre (Reimpell et al., 2001)
Nas suspensões tipo McPherson que são usadas nos veículos de passageiros que utilizam
um amortecedor estrutural, existe uma distância efetiva maior entre a junta inferior “G” até o
ponto superior de fixação “E” que é localizado na caixa de roda (Figura 34), porém nesses casos
as partes superior do conjunto estão localizadas muito próximas à roda, com isso é necessário
uma atenção muito grande quando se faz o dimensionamento pois deve ser criado um espaço
suficiente para que o pneu trabalhe de maneira que a suspensão não atrapalhe enquanto ele gira.
59
Devido a isso, o eixo de direção terá uma inclinação maior e o ângulo “σ” será maior e terá que
ser aceito. Outro ponto importante é que conforme mostrado na Figura 34, nesses casos o ponto
“G” é deslocado para dentro da roda, com isso é obtido um deslocamento do pino mestre
negativo, logo, a direção do eixo não está mais correspondendo com a linha central do
amortecedor.
Figura 34: Inclinação e Offset do Pino Mestre para Suspensões McPherson (Reimpell et al., 2001)
A inclinação do pino mestre tem relação com o câmber, como é mostrado na Figura 34,
o desvio admissível para o ângulo total “εw + σ” são apresentados de forma detalhada no
desenho do braço de direção. Como existe essa inclinação entre o pino mestre com o câmber,
logo, na maioria dos sistemas de suspensão, se o ângulo de câmber foi projetado de maneira
correta.
3 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENO
Ao estudar diferentes tipos de suspenção uma vez que temos diversas limitações quanto
as dimensões e geometria do chassi foi definido que a suspensão a ser utilizada no veículo será
uma suspensão duplo A, pode-se então através das dimensões do chassi do veículo definir a
localização dos elementos de suspensão, para tal será necessário um modelo de projeto como
ponto de partida para a definição e dimensionamento do chassi, assim sendo como se tem por
objetivo um veículo recreativo onde a sua construção seja simples e visando um baixo custo se
optou partir de um projeto de Kart Cross onde além de ser um veículo de fácil construção e
baixo custo, possui uma suspenção dianteira muito próxima a uma suspensão duplo A, partindo
então deste modelo de projeto para o dimensionamento da suspensão, definiu-se então as
medidas da base do chassi conforme o chassi de um Kart cross Figura 36.
61
Figura 36: Dimensões do Chassi, vista superior. Fonte: Autor (2022)
Com base nestes parâmetros e dimensões do chassi consegue então definir a parte
superior do chassi que além de reforço estrutura para a base deve servir como apoio de alguns
componentes como bandeja superior da suspenção, amortecedores, o sistema de direção, através
62
da localização destes componentes definiu-se então as dimensões da parte superior do chassi
ilustrados na Figura 37.
Defino então as dimensões da base do chassi e da altura do mesmo com base nos componentes
que serão utilizados conseguimos assim avançar no espaço disponível que teremos para
dimensionar a geometria da suspensão, com isto conseguimos definir os espaçamentos entre as
bandejas como é mostrado na Figura 38, e então dimensionar todo o chassi do veículo de forma
a atender os parâmetros dos componentes necessários para um veículo recreativo conforme
Figura 38.
63
Figura 38: Espaçamento entre as bandejas. Fonte: Autor (2022).
Uma vez defino o chassi e suas dimensões visando que o objetivo deste trabalho é o
dimensionamento da geometria da suspensão dianteira, o veículo não vai possuir suspensão
traseira, sendo então o eixo das rodas traseiras dimensionados no próprio chassi do veículo,
com o chassi e suas dimensões consegue-se então definir qual será o modelo de roda e pneu do
veículo, sempre visando os custos para a construção do protótipo foi optado por utilizar pneus
de carriola conforme Figura 39 por terem um baixo custo e atenderem ao projeto.
64
Definidos então o modelo das rodas e pneus consegue-se dimensionar a altura do veículo em
relação ao solo Figura 40 e qual a bitola do eixo traseiro e do eixo dianteiro como apresentado
na Figura 41, sendo que estes fatores são essenciais para a definição de toda a geometria da
suspenção.
Figura 41: Bitola do eixo traseiro e do eixo dianteiro. Fonte: Autor (2022)
65
Como se pode notar até está etapa do projeto muito dos parâmetros se dão pela finalidade do
veículo e o material a ser utilizado, como neste caso estamos visando um baixo custo para a
construção do protótipo encontramos diversas limitações no projeto sendo a maioria delas pelos
materiais empregados.
Com o chassi dimensionado e as bitolas dos eixos dianteiros e traseiros, consegue-se então
visualizar o espaço disponível para o dimensionamento da suspenção, sabendo então a altura
do solo que é necessário manter e a largura da bitola dianteira inicia-se então o
dimensionamento das bandejas inferiores e superiores, porem além destes dados foi necessário
primeiro definir qual seria a inclinação do pino mestre, sendo que este interfere diretamente no
comprimento das bandejas, como temos a limitação das rodas onde o aro inferior não nos
permite projetar uma manga de eixo que tenha a extremidade da bandeja inferior adentrando a
roda, através de algumas analises via software 3D foi dimensionado o ângulo de pino mestre
em 5°C conforme Figura 42, de forma que a parte inferior da manga de eixo não tenha
interferência com a roda quando a suspenção estiver trabalhando
66
Com estes parâmetros definidos e sabendo qual o raio da roda pode então definir qual o
distanciamento da bandeja inferior para a bandeja superior, sendo que quanto menor for este
distanciamento mais baixo será o centro de rolagem.
A partir deste ponto do projeto todas as dimensões serão pensadas para se buscar o menor
centro de rolagem possível atentando para as limitações do projeto.
Com isto se definiu um distanciamento vertical de 100mm entre a bandeja superior e inferior,
para o dimensionamento das bandejas foi utilizado como ponto de partida as dimensões de
bandejas utilizadas em um projeto original de um Kart Cross, porem adaptando as dimensões
ao projeto proposto, como resultado foi dimensionado a bandeja superior com ponto de
ancoragem mais ao centro do veículo em relação a bandeja inferior como ilustrada na Figura
43, para que na compressão máxima e tração máxima do sistema de suspenção a mesma não
esteja com a sua extremidade externa à frente da extremidade externa da bandeja inferior o que
poderia causar graves interferências no sistema de direção do veículo.
Figura 43: Pontos de ancoragem das bandejas no chassi. Fonte: Autor (2022).
Com os pontos de ancoragem no chassi definidos juntamente com os outros parâmetros como
bitola, ângulo de pino mestre, pneus e rodas a serem utilizados dimensionamos o comprimento
das bandejas superiores e inferiores assim como as pontas e mangas de eixo, levando em
consideração toas as restrições com relação as peças e ao custo do projeto foi alcançada a
geometria ilustrada pela Figura 44.
67
Figura 44: Geometria da suspenção. Fonte: Autor (2022).
Como este veículo tem como fim recreativo e tem-se como objetivo central o dimensionamento
da geometria da suspensão foi definido o modelo do amortecedor através de amortecedores
padrões de mercado para motocicletas, e levando em consideração uma estimativa de peso do
projeto assim como a sua utilização optou-se por utilizar amortecedores de moto do modelo
CG150, com isto foi dimensionado o ponto de tração máxima da suspenção e o ponto de
compressão máxima, sendo que o curso total do amortecedor é de 80mm, uma vez definido os
amortecedores através das suas dimensões e das restrições quanto a geometria do sistema de
suspensão e o formato do chassi dimensionou-se a sua posição ilustrada na Figura 45.
68
Figura 45: Posição dos amortecedores. Fonte: Autor (2022).
De forma que a sua posição ficou em um ângulo de 60 graus em relação a bandeja superior para
que desta forma não interferisse na estrutura do chassi sendo necessário a criação dos pontos
de ancoragem do mesmo no chassi, a fixação do mesmo por conta do seu comprimento se deu
na bandeja superior e a distância do mesmo em relação a extremidade da bandeja superior foi a
menor possível se respeitando as restrições quanto a componentes da suspensão a fim de
minimizar o efeito de alavanca causado entre a bandeja e o ponto de ancoragem do amortecedor,
conforme Figura 45.
69
Por se tratar de um veículo recreativo onde para o sistema de direção será utilizado uma
caixa de direção mecânica e tendo como restrição o formato do projeto assim como da
suspenção duplo A, foi então definido um ângulo de caster zero apresentado pela Figura 46.
70
Figura 47: Sistema de Direção vista frontal. Fonte: Autor (2022).
71
3.5 EXEMPLIFICAÇÃO CÁLCULO DO CENTRO DE ROLAGEM
Figura 49: Efeito “Jacking”. Fonte: (Dimensionamento e calibração de suspensão tipo duplo A para
veículos minibaja 2006).
72
para o cálculo, com isto foi definido o eixo de coordenada como ilustrado na Figura 50, sendo
P o ponto de coordenada zero do plano cartesiano.
(08)
(09)
(10)
(11)
(12)
(14)
Onde Ya, Yc, Yc, Yd, Za , Zb, Zc, Zd são pontos que podemos encontrar através do
plano cartesiano adotado, estes pontos estão ilustrados conforme Figura 52, na Tabela 1 são
fornecidos os dados de entrada com os valores dos pontos a serem inseridos nas equações
descritas acima.
Dados de entrada
Ponto Coordenada em Y Coordenada em z
A 506,84 274,5 mm
B 118,93 224,45 mm
C 466,84 174,50 mm
D 110,29 124,83 mm
P 0 mm 0 mm
Com isso ao aplicarmos os dados de entrada nestas funções obtivemos como resultado o centro
de rolagem da suspenção, definido como um ponto no eixo de coordenada Z, sendo esse centro
187,87mm de altura em Z e 567,58 em Y.
75
Com este resultado observamos conforme a Figura 52 o centro de rolagem da suspensão
dimensionada, com este dado pode-se verificar que o centro de rolagem está bem próximo a
bandeja inferior da suspensão, caracterizando um centro de rolagem relativamente baixo.
Lista de materiais
Material Quantidade
Barra de metalon de 3 metros (30mmx50mmx1,2mm) 8
Barra de metalon de 3 metros (20mmx50mmx1,2mm) 2
76
Barra de aço de 2 metros (20mmx20mmx2mm) 2
Tubo diâmetro de 1 polegada por 1,54 m 1
Chapa de aço de 20mmx20mmx4mm 3
Amortecedor modelo cromado CR22537, aplicação CG125 FAN 2
Rodas Metalosa shk038-22 dimensões 3.25/3.00/8 4
Caixa de direção de fusca e derivados 1
Volante diâmetro externo 315mm 1
Cruzeta articulação coluna de direção mecânica 1
Bucha com diâmetro interno de 21,3mm para coluna de direção 1
Braço de direção articulado 2
Terminal de direção 2
Parafuso M8 X 40MM 16
Arruela para parafuso M8 32
Porca M8 16
Parafuso M10 X 20mm 4
Porca M10 4
Arruela para parafuso M10 com diâmetro externo de 32mm 4
Compensado de madeira para construção 1,27m X 2,10m 1
Parafuso M12 X 70mm 2
Porca M12 2
Parafuso M14 X 100mm 2
Porca M14 2
Tubo com diâmetro externo de 21,3mm X 1,5m 1
Tabela 2: Lista de materiais.
77
Figura 53: Dimensões da base do chassi: Autor (2022).
Na haste traseira aonde foram fixadas as pontas de eixo para as rodas traseiras, foram
furadas as barras de metalon com uma serra copo de uma polegada especifica para corte em
metal, e então soldado os tubos internamente nas barras como ilustrado na Figura 54 para que
os pontos de solda não gerem interferência com a roda.
78
Figura 54: Ponta de eixo traseira: Autor (2022).
Finalizado a base partiu para a construção da parte superior que servira não só para a
fixação do volante, mas como um reforço estrutura para o chassi, suas dimensões podem ser
observadas na Figura 55.
79
Tendo então a base do chassi juntamente com os eixos de fixação das rodas traseiras
finalizados como ilustrado na Figura 56, deu-se início ao corte e montagem da parte dianteira
da suspenção.
Iniciou-se a montagem da parte frontal, local onde será fixado as bandejas superiores e
inferiores. Todas as medidas foram seguidas conforme Figura 57.
80
Figura 57: Dimensões da parte dianteira do chassi: Autor (2022).
Com o corte e ponteamento dos tubos de metalon nas medidas de 30mm X 50mm x
1,20m o a parte frontal do chassi ficou como ilustrada na Figura 58.
81
Com a parte dianteira dimensionada e toda a base do chassi já soldada, iniciou-se a
construção das bandejas dianteiras as medidas foram utilizadas conforme ilustrada na Figura
59 para a bandeja inferior e na Figura 60 para a bandeja superior.
82
Figura 61: Bandejas superiores e inferiores soldadas: Autor (2022).
83
Figura 63: Manga de eixo: Autor (2022).
84
Figura 65: Ponta de eixo: Autor (2022).
85
O próximo passo foi a fixação dos amortecedores em um ângulo de 60° conforme Figura
67, fixando os amortecedores partiu-se então para o sistema de direção onde foram soldados a
caixa de direção e os braços de direção assim como os terminas e o volante com a coluna de
direção.
86
Com toda a estrutura das bandejas e do sistema de direção finalizadas o último passo foi
a fabricação de um banco, para o mesmo foi utilizado medidas padrões de bancos, sendo que o
mesmo também poderia ser um banco comercial facilmente encontrado em mercado de peças
automotivas, porem como se tem o valor financeiro como fator limitante, optou-se pela
confecção de um banco com madeira compensada de 10mm, foram cortadas as laterais, fundo
e as costas e feito a junção das mesmas com parafusos para madeira, e então se obteve um banco
conforme Figura 69.
87
Para a confecção do assoalho tambem foi ultilizado madeira compensada de 10mm e
cortado conforme ilustrado na Figura 70.
Nas pontas de eixo para poder ser fixado as rodas nos eixos sem que elas escapem,
quando em movimento foram soldados internamente porcas M10 e serão utilizados parafusos
M10 x 20mm com arruela de diâmetro externo de 30mm para a fixação das rodas como ilustrado
na Figura 71.
88
Através destes passos obteve-se como resultado final o protótipo construído fisicamente
conforme Figura 72, para podermos então validar fisicamente as informações e
comportamentos da suspensão obtidos durante o seu dimensionamento e a sua análise.
89
4 RESULTADOS
Para realizar este estudo foi adotado um sistema de coordenadas partindo do ponto P
como ilustrado na Figura 50, a partir deste ponto com o auxílio do software a suspenção foi
submetida a sua compressão máxima assim como a sua máxima tração, e então foram
analisados a convergência Figura 73, divergência Figura 74, cambagem Figura 75 e variação
da bitola Figura 76, durante todo o seu curso de compressão e tração.
1
0,9
0,8
Convergencia (Deg)
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
Comprimento (mm)
90
1
0,9
0,8
Divergência (Deg)
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
Comprimento (mm)
1
0,9
Ângulo de Cambagem (deg)
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
Comprimento (mm)
1218
1216
Variação de Bitola (mm)
1214
1212
1210
1208
1206
1204
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
Comprimento (mm)
91
Podemos observar através dos gráficos que não temos variações nos ângulos de
cambagem o que se traduz como um bom dimensionamento das bandejas uma vez que na sua
máxima tração e compressão não se tem variação quanto a cambagem ilustrada na Figura 28,
quanto ao ângulo de divergência é normal que o seu valor seja 0 uma vez que as rodas na sua
máxima compressão tenderam a um ângulo de convergência, o que é aceitável uma vez que em
movimento o atrito gerado entre o pneu e o solo tendem a forçarem o conjunto de suspenção a
criar um ângulo de divergência, com isto é normal considerar pequenos ângulos de
convergência nos veículos, quanto a variação de bitola pode se considerar valores aceitáveis
uma vez que está variação não interferiu nos ângulo de cambagem.
Todos estes resultado são então validados com a construção do protótipo Figura 77, uma
vez que se pode observar fisicamente todos os valores e dados obtidos através do
dimensionamento e da modelagem 3D deste trabalho, o que se pode notar no protótipo é que
em sua construção as folgas existentes entre as partes moveis acabam que por influenciar em
um resultado esperado de um modelo em 3D, contudo pode se validar que metodologia utilizada
para o dimensionamento da suspenção proposto neste trabalho foi eficaz.
92
5 CONCLUSÃO
93
6 REFERÊNCIAS
DIXON, John C. Suspension Geometry and Computation. John Willey & Sons Ltd, The atrium,
Southern Gate, Chichester, West Sussex, PO19 8SQ, United Kingdom, 2009.
DIXON, John C. The Shock Absorber Handbook, 2nd Ed. SAE R-381, Society of Automotive
Engineers, Warrendale, PA, USA and John Wiley & Sons Ltd, The Atrium, Southern Gate,
Chichester, West Sussex, PO19 8SQ, United Kingdom, 2007.
GENTA, Giancarlo. MORELLO, Lorenzo. The Automotive Chassis Vol.2: System Design.
Mechanical Engineering Series. Springer Science and Business Media B.V., New York, NY,
USA, 2009.
JAZAR, Reza N. Vehicle Dynamics: Theory and Applications. Springer Science and Business
Media, LLC. New York, NY, USA, 2008.
94
MILLIKEN, William F. MILLIKEN Douglas L. Race Car Vehicle Dynamics. SAE R-146,
Society of Automotive Engineers, Warrendale, PA, USA, 1995.
RAJAMANI, Rajesh. Vehicle Dynamics and Control. Mechanical Engineering Series. Springer
Science and Business Media B.V., New York, NY, USA, 2006.
RILL, Georg. Vehicle Dynamics Vol1. Hochschule Rogensburg. Rogensburg, Germany, 2009.
95