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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE ARQUITETURA
DEPARTAMENTO DE DESIGN E EXPRESSÃO GRÁFICA
CURSO DE DESIGN DE PRODUTO

ISABEL MARAZITA LOTTI

DESIGN DE REMO SECO PARA ÁREAS EXTERNAS

PORTO ALEGRE
2018
1

ISABEL MARAZITA LOTTI

DESIGN DE REMO SECO PARA ÁREAS EXTERNAS

Trabalho de Conclusão de Curso II submetido ao


curso de graduação de Design de Produto da
Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Design de
Produto.

Orientador: Prof. Dr. Luis Henrique Alves Cândido

PORTO ALEGRE
2018
2

ISABEL MARAZITA LOTTI

DESIGN DE REMO SECO PARA ÁREAS EXTERNAS

Trabalho de Conclusão de Curso II submetido ao


curso de graduação de Design de Produto da
Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Design de
Produto.

Orientador: Prof. Dr. Luis Henrique Alves Cândido

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Leandro dos Santos

___________________________________________
Prof. Dr. Everton Amaral da Silva

___________________________________________
Prof. MSc. Karen Mello Colpes
3

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso propõe o desenvolvimento de um equipamento


de remo seco para áreas externas no contexto do Design de Produto, explorando as
técnicas do esporte remo, assim como o desenvolvimento físico dos usuários a partir
do uso de um sistema de resistência. Os objetivos centrais do projeto consistem em
compreender as necessidades dos usuários, com base na análise de uso dos
equipamentos e questionário, as transformando em requisitos e parâmetros
projetuais. Delineou-se como problema projetual a dificuldade de acesso aos
esportes e a falta de equipamentos de remo seco que possibilitem a prática da
técnica, bem como da geração de força. Busca-se, dessa forma, gerar alternativas e
soluções que atendam a estas carências, acatando o escopo definido. O presente
trabalho seguiu a metodologia de projeto Platcheck (2012) e foi dividido em quatro
etapas: Proposta, Desenvolvimento, Detalhamento e Teste e Otimização. Dados dos
equipamentos de remo seco, seus componentes e sistemas de resistência
existentes foram levantados através da análise de similares e a biomecânica do
esporte foi minuciosamente examinada para que fosse possível compreender da
melhor forma a relação do usuário com o equipamento, permitindo uma avaliação
ergonômica adequada. Por meio deste projeto, percebeu-se a complexidade de
projetos de produtos que se relacionam diretamente com a mobilidade do corpo,
devido à amplitude e a grande variedade de movimentos que podem ser executados
e como isso pode ser implementado na configuração do produto, que busca ser
ergonômico. Apesar das inúmeras adversidades, o desenvolvimento de
equipamentos para a prática esportiva é um ramo que está em constante inovação,
tornando possível o Design atuar nessa área, contribuindo para que cada vez mais
as necessidades reais dos usuários sejam fatores determinantes nos projetos.

Palavras-chave: Academias ao Ar Livre; Design de Produto; Esporte; Remo; Remo


Seco; Remo Ergômetro.
4

ABSTRACT

This final paper proposes the development of indoor rowing equipment for outdoor
areas in the context of Product Design, exploring rowing sport techniques, as well as
the physical development of users from the use of a resistance system. The central
objectives of the project are to understand the needs of users, based on the analysis
of the use of equipment and questionnaire, transforming them into requirements and
design parameters. It was outlined as a project problem the difficulty of access to
sports and the lack of indoor rowing equipment that allows the practice of the
technique as well as the generation of strength. In this way, we seek to generate
alternatives and solutions that meet these needs, according to the scope that have
been set. The present work followed the Platcheck project methodology (2012) and
was divided into four stages: Proposal, Development, Detailing and Testing and
Optimization. Data from indoor rowing equipment, their existing components and
resistance systems were surveyed through similar analysis, and the biomechanics of
the sport was thoroughly examined so that it was possible to better understand the
user's relationship with the equipment, allowing an adequate ergonomic evaluation .
Through this project, the complexity of product designs that are directly related to the
mobility of the body, due to the amplitude and the great variety of movements that
can be executed and how this can be implemented in the configuration of the
product, that aims to be ergonomic. Despite the many adversities, the development
of equipment for sports practice is a field that is constantly innovating, making it
possible for Design to operate in this area, contributing to the fact that increasingly
the real needs of users are determining factors in the projects.

Keywords: Outdoor Gym; Product design; Sport; Rowing; Indoor Rowing; Rowing
Ergometer.
5

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura da metodologia de projeto aplicada com as etapas do


desenvolvimento de produto 19
Figura 2 - Primeiros aparelhos de remo seco desenvolvidos 24
Figura 3 - Músculos trabalhados no movimento de entrada do remo 33
Figura 4 - Músculos trabalhados no movimento da primeira etapa da propulsão 34
Figura 5 - Músculos trabalhados no movimento do meio da propulsão 34
Figura 6 - Músculos trabalhados no movimento do fim da propulsão 35
Figura 7 - Músculos trabalhados no movimento final do remo 36
Figura 8 - Músculos trabalhados no movimento da recuperação 36
Figura 9 - Simulador de remo da empresa Ortec 38
Figura 10 - Similares de equipamentos de remo encontrados nas AAL e suas
características 45
Figura 11 - Equipamentos similares de técnica do remo na água 46
Figura 12 - Equipamentos similares do remo seco 48
Figura 13 - Componentes estruturais do remo indoor 49
Figura 14 - Comparação dos sistemas de resistência dos equipamentos de remo
seco 50
Figura 15 - Representação gráfica de possíveis sistemas para equipamento de remo
seco localizado em área externa 52
Figura 16 - Média dos resultados obtidos no grupo focal relativo aos sistemas de
resistência a serem aplicados no simulador de remo em área externa 53
Figura 17 - Análise ergonômica do movimento da entrada 55
Figura 18 - Análise ergonômica do movimento de propulsão 56
Figura 19 - Análise ergonômica do movimento final 56
Figura 20 - Análise ergonômica do movimento de recuperação 57
Figura 21 - Diagrama de Mudge 58
Figura 22 - Brainstorming I: necessidades dos usuários 62
Figura 23 - Brainstorming II: necessidades dos usuários 63
Figura 24 - Brainstorming III: necessidades dos usuários 63
6

Figura 25 - Painel estilo de vida 64


Figura 26 - Painel expressão do produto 65
Figura 27 - Painel do tema visual 66
Figura 28 - Matriz morfológica 68
Figura 29 - Primeira alternativa estrutural: ventoinha na vertical 70
Figura 30 - Segunda alternativa estrutural: ventoinha na horizontal 70
Figura 31 - Terceira alternativa estrutural: bandas elásticas e molas 71
Figura 32 - Peças que compõem o modelo do sistema de resistência a ar do
equipamento de remo seco 72
Figura 33 - Evolução da forma das pás internas 73
Figura 34 - Teste de resistência em relação ao formato e quantidade de peças na
roda 74
Figura 35 - Continuação do teste de resistência em relação ao formato e quantidade
de peças na roda 74
Figura 36 - Teste de resistência a ar envolvendo peças de área fechada e
alternância de posição 75
Figura 37 - Modelo do sistema de resistência a ar 77
Figura 38 - Modelo funcional do equipamento de remo seco 78
Figura 39 - Sketches das alternativas para o apoio dos pés 78
Figura 40 - Sketches das alternativas para o banco 80
Figura 41 - Sketches das alternativas para a manopla 81
Figura 42 - Sketch da alternativa final da regulagem do apoio para os pés 81
Figura 43 - Sketches das alternativas de regulagem da altura banco 82
Figura 44 - Sketch final da alternativa do apoio para os pés com as devidas
regulagens 82
Figura 45 - Modelo final do equipamento de remo seco para áreas externas 84
Figura 46 - Protótipo em escala reduzida 1:12 feito em impressão 3D 85
Figura 47 - Componentes principais do modelo final 85
Figura 48 - Trilho do equipamento e correia com elástico 86
Figura 49 - Sistema de resistência a ar estruturado 87
Figura 50 - Regulagem altura banco e seus componentes 88
7

Figura 51 - Apoio para os pés e seus componentes 89


Figura 52 - Manopla dividida ao meio 90
Figura 53 - Caixa de proteção do sistema de resistência 91
Figura 54 - Ambientação dos equipamentos 93
Figura 55 - Conteúdo informacional sobre o uso do equipamento de remo seco 94
8

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Necessidades do usuário 43


Quadro 2 - Requisitos de projeto associados aos parâmetros projetuais 60
Quadro 3 - Matriz de Pugh 71
Quadro 4 - Quadro comparativo dos resultados obtidos após cronometrar o tempo
que levou para o movimento da roda parar, tendo acoplado em si diferentes peças
para gerar resistência. 76
9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAL Academias ao Ar Livre


CICDA Clube Italiano Canottieri Duca degli Abruzzi
CBR Confederação Brasileira de Remo
CRAB Club de Regatas Almirante Barroso
Diesporte Diagnóstico Nacional do Esporte
GNR Grêmio Náutico Rio-grandense
GNU Grêmio Náutico União
GPA Clube de Regatas Guaíba - Porto Alegre
GRAT Grêmio de Regatas Almirante Tamandaré
ONU Organização das Nações Unidas
RCPA Ruder Almirante Tamandaré
RVG Ruder Verein Germania
SAVA Sociedade dos Amigos da Vila Assunção
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
USP Universidade de São Paulo
10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 13
1.1.1 Pré-pesquisa 14
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO 15
1.3 JUSTIFICATIVA 16
1.4 OBJETIVOS 17
1.4.1 Objetivo geral 18
1.4.2 Objetivos específicos 18
1.5 METODOLOGIA 18
1.6 CRONOGRAMA 20
2 DESENVOLVIMENTO - ESTADO DA ARTE 22
2.1 ANÁLISE HISTÓRICA DOS EQUIPAMENTOS DO ESPORTE REMO E REMO
SECO 22
2.2 ESPORTES NÁUTICOS NO RIO GRANDE DO SUL 24
2.2.1 Evolução da Regatas em Porto Alegre 24
2.3 LEVANTAMENTO URBANÍSTICO 27
2.3.1 Área da orla do Guaíba 27
2.3.2 Revitalização do espaço 28
2.3.3 AAL - Academias ao ar livre 30
2.4 A BIOMECÂNICA DO ESPORTE 31
2.5 DIFERENÇA ENTRE O REMO SECO E O REMO NA ÁGUA 37
2.6 TECNOLOGIA APLICADA NO DESIGN DE EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS 39
3 LEVANTAMENTO DE DADOS 40
3.1 PERFIL DO USUÁRIO 40
3.1.1 Pesquisa de campo 40
3.1.1.1 Entrevistas com especialistas 40
3.1.1.2 Questionário com frequentadores de academias ao ar livre 41
3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES DOS USUÁRIOS 43
4 LEVANTAMENTO DE SIMILARES DO PRODUTO 44
4.1 ANÁLISE DE SIMILARES 44
4.1.1 Categoria 1 - Modelo de remo das academias ao ar livre 44
4.1.2 Categoria 2 - Modelo simulador do remo na água 46
4.1.3 Categoria 3 - Modelo remo indoor 47
4.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DAS FUNÇÕES BÁSICAS DO PRODUTO 49
11

4.2.1 Aspectos dos sistemas de resistência 50


4.2.1.1 Grupo focal - Sistemas de resistência do remo indoor 51
4.3 ANÁLISE ERGONÔMICA DO USO DO PRODUTO 53
5 REQUISITOS DE PROJETO 58
5.1 REQUISITOS DE PROJETO ORDENADOS POR PRIORIDADE 58
5.2 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS PROJETUAIS 59
6 CONCEITO DO PRODUTO 61
7 DESENVOLVIMENTO CRIATIVO 62
7.1 BRAINSTORMING 62
7.2 CRIAÇÃO DE PAINÉIS SEMÂNTICOS 64
7.2.1 Painel estilo de vida 64
7.2.2 Painel expressão do produto 65
7.2.3 Painel do tema visual 66
7.3 MATRIZ MORFOLÓGICA 66
8 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS 69
8.1 ALTERNATIVAS ESTRUTURAIS 69
8.1.1 Alternativa estrutural 01 69
8.1.2 Alternativa estrutural 02 70
8.1.3 Alternativa estrutural 03 71
8.2 ANÁLISE E SELEÇÃO DAS ALTERNATIVAS ESTRUTURAIS 71
8.3 CONFECÇÃO DO MODELO 72
9 DESENVOLVIMENTO 79
10 DETALHAMENTO DO PRODUTO 84
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS 95
REFERÊNCIAS 96
ANEXO A - SOLICITAÇÃO PARA VISITAÇÃO DO GNU 100
ANEXO B - BILHETE PARA ACESSO AO GNU 101
ANEXO C - ESQUEMAS DE MONTAGEM E MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO
DE REMO SECO CONCEPT 2 - MODELO A 102
APÊNDICE A - ENTREVISTA DA PRÉ-PESQUISA NA ÍNTEGRA 103
APÊNDICE B - QUADROS DO CRONOGRAMA 106
APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO COM USUÁRIOS DE AAL 108
APÊNDICE D - QUADRO DE SISTEMAS DE RESISTÊNCIA UTILIZADO EM
GRUPO FOCAL 110
12

APÊNDICE E - RESPOSTAS GRUPO FOCAL 111


APÊNDICE F- MEDIDAS ERGONOMIA PANERO (2002) 115
APÊNDICE G - ANÁLISE DE SIMILARES: INFORMATIVO SOBRE USO DE
EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA 117
APÊNDICE H - DETALHAMENTO TÉCNICO 118
13

1 INTRODUÇÃO

O capítulo em questão trata da temática a ser abordada neste projeto, bem


como sua contextualização, objetivos, problematização, justificativa e metodologia
utilizada no planejamento. Também há um cronograma necessário para orientar o
tempo em cada etapa. De acordo com Back et al. (2008), um projeto precisa ser
planejado e, para isso, requer o reconhecimento das atividades a serem
desenvolvidas e a sequência em que serão trabalhadas, identificando tempo e
recursos necessários para iniciar e concluir um projeto. Neste trabalho busca-se
entender o uso dos equipamentos de remo em diferentes aspectos, tanto no
treinamento da técnica do remo, quanto na preparação física, podendo assim
identificar lacunas em que o design possa atuar como um agente modificador.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

No séc XX, as associações esportivas desempenharam um papel central na


expressão das identidades culturais dos imigrantes e seus descendentes (MAZO,
2003). Havia na cidade de Porto Alegre, desde a segunda metade do século XIX,
dois clubes de remo e um Comitê de Regatas e, até a primeira década do séc XX,
esse número passou para oito. O remo, no início do século, teve uma importante
influência nos costumes da população, além de ser o primeiro a estabelecer
definitivamente a ligação entre o esporte, a atividade física e as preocupações com a
saúde (MELO, 2006).
Em 1888 a primeira associação esportiva de remo foi fundada por
descendentes de imigrantes alemães e, a Ruder Club Porto Alegre - Clube de Remo
Porto Alegre, entretanto, com a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial e sua
aliança a outros países contra a Alemanha, os clubes de remo, frequentados por
teuto-brasileiros, foram obrigados a se nacionalizarem, causando um abalo nas suas
identidades culturais. Dessa forma, tendo em vista a relevância do aspecto cultural
para essa cidade, vê-se uma oportunidade de trazer por meio do desenvolvimento
de um equipamento de remo seco, o resgate de memórias culturais ao centro
urbano dessa metrópole.
14

1.1.1 Pré-pesquisa

O projeto de produto proposto neste trabalho tem como pressuposto o


desenvolvimento de um equipamento que simule a parte técnica do remo e promova
o desenvolvimento físico dos usuários. A pré-pesquisa serviu como base inicial de
análise sobre os esportes náuticos realizados na orla da cidade de Porto Alegre.
Ocorreram três visitas em locais de prática dos esportes, dois localizados na zona
sul da cidade e um na Ilha do Pavão, referentes à vela, canoagem e remo,
respectivamente. Nestas, foram realizadas entrevistas com professores profissionais
da área para coleta de informações que auxiliaram na escolha do esporte a ser
trabalhado e do equipamento a ser desenvolvido. Essas entrevistas foram realizadas
utilizando a ferramenta de storytelling, explicada na etapa da metodologia. No
Apêndice A encontram-se as entrevistas do Clube Veleiros do Sul e da Sociedade
dos Amigos da Vila Assunção (SAVA) referentes à vela e à canoagem,
respectivamente, que serviram como base na identificação da proposta do projeto
proposto. A definição do tema se deu a partir da percepção da existência de
motivação nas pessoas que praticam esportes ao ar livre, em meio à natureza, e de
como a realização de exercícios físicos proporciona um bem estar a quem pratica.
Pensou-se também na história de Porto Alegre e sua margem junto ao Lago Guaíba,
que abriga parte da narrativa dessa cidade. Esse local, além de ser um espaço que
se distingue dos prédios de concreto existentes em cidades sem características
próprias, confere novamente uma identidade cultural à Porto Alegre ao ter suas
margens revalorizadas a partir da prática esportiva ocupando o seu espaço como
uma nova forma de interação entre a população e a cidade. Assim sendo, percebeu-
se a oportunidade de explorar um projeto que integre os conceitos e funcionalidades
de equipamentos de remos já existentes, um esporte característico do estado, com o
espaço que a capital do Rio Grande do Sul oferece à realização desse tipo de
exercício.
Cabe salientar que durante essa fase foi identificado que o fator de motivação
de praticar esportes náuticos envolvia estar ao ar livre, em contato com a natureza,
buscando novas experiências que pudessem criar uma imersão em um novo
ambiente em meio à uma rotina, validando a escolha do local para inserir o
equipamento de remo seco, as margens do Guaíba. Após esta fase de pré pesquisa,
foi iniciada a etapa de desenvolvimento do projeto.
15

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO

De acordo com a declaração do coordenador da ONU1 no Brasil, Jorge


Chediek (2015)2, o acesso ao esporte é um direito humano, e é fundamental a
promoção dessas práticas nos lugares em que a Organização das Nações Unidas
atua, porém cabe-se questionar como agir no momento em que esse caminho torna-
se estreito, principalmente quando relacionado a determinados esportes. Segundo o
depoimento de Roberto Schulz (2002), educador físico, treinador e gerente de
garagem de remo no GPA3, cargo no qual exerce a supervisão, aquisição,
conservação e conserto de equipamentos, o remo no Brasil é um esporte
considerado caro. Isso se deve principalmente ao uso de equipamentos importados,
por garantirem maior qualidade, sem considerar o valor de manter pequenas
equipes em clubes e o uso desses materiais, inviabilizando permanecerem ativas.
Entretanto, é possível argumentar que o Brasil possui um clima e uma área costeira
propícia à prática do remo, porém, ainda assim, o esporte possui um número de
adeptos menor que em clubes europeus, como afirma Sousa (2010):

No Brasil, o remo possui uns poucos milhares de praticantes que já


estão no esporte há algum tempo. Nosso país também possui locais
propícios para a prática de esportes náuticos em todas as regiões, contudo
faltam entidades em quantidade e em qualidade para promover e viabilizar o
aumento do número de praticantes. Outro obstáculo importante é a
dificuldade de acesso da população aos centros de treinamento por ficarem
longe dos grandes centros urbanos ou em locais de difícil acesso
principalmente para as crianças. (SOUSA, 2010, p.6).

Tendo em vista a dificuldade de acesso ao esporte em questão, sendo ela


pela localização em que é realizada a prática, pelo alto custo envolvido na aquisição
de equipamentos ou pela falta de divulgação e incentivo a essa categoria esportiva,
constata-se uma demanda para auxiliar a difundir o remo e suas técnicas, que pode
ser favorecida pelo desenvolvimento do projeto de um equipamento que possa
simular as funções exercidas na prática de remo e que seja de fácil acesso à
população de Porto Alegre. Em visita técnica ao Grêmio Náutico União (GNU)4, a fim
de compreender os instrumentos utilizados na atividade do remo, constatou-se a
1
Organização das Nações Unidas
2
Fonte: site das Nações Unidas no Brasil. Acesso: https://nacoesunidas.org/pnud-apoia-politicas-
para-o-esporte-como-fator-de-desenvolvimento-humano
3
Clube de Regatas Guaíba – Porto Alegre
4
Sede localizada na Ilha do Pavão
16

precariedade no simulador existente no clube, dispositivo que auxilia a desenvolver


as técnicas iniciais de quem está começando a praticar o remo. Isso se deve à falta
de verba para desenvolver e instalar um novo simulador e por este ser menos
utilizado que outros, sua utilização se dá apenas na parte de inserção do aluno ao
esporte. Localizado em meio às instalações da academia, o simulador trabalha
apenas o desenvolvimento da técnica da remada, formando um movimento de arco
com os braços.5 Outro instrumento utilizado no preparo dos alunos do remo, é o
remoergômetro Concept 2, conhecido como remo indoor ou remo seco, porém,
neste se trabalha somente o treino de força, recriando o movimento das pernas,
enquanto nos braços realiza-se a atividade de puxar e empurrar a manopla, não
desenvolvendo a questão da angulação da pegada no cabo do remo, bem como o
movimento de arco gerado pelos braços que ocorre quando dentro do barco,
recriado no simulador existente. Considerando os problemas destacados, pode-se
reiterar a necessidade do desenvolvimento de um equipamento que melhor
reproduza as funções necessárias no treinamento da técnica, que atualmente é
realizado através do simulador no tanque, usado antes de dar início à utilização dos
barcos, e a preparação física com desenvolvimento de massa muscular, que ocorre
através da variação de carga no equipamento de remo indoor.

1.3 JUSTIFICATIVA

De acordo com reportagem publicada em junho de 2015 no site do Ministério


do Esporte do Brasil6, 49,5% dos brasileiros não praticam esporte ou atividade física.
Segundo o ministro do Esporte, George Hilton, essa porcentagem equivale a 67
milhões de pessoas em todo o país. O Diesporte7 aponta que a população mais
jovem, de idade entre 15 e 19 anos, é a mais ativa, considerando como indivíduo
ativo regular aquele que pratica alguma atividade física pelo menos três vezes por
semana, em seu tempo livre, com duração mínima de 30 minutos.8 Esse dados

5
Informações concedidas pelo professor responsável das aulas no Clube, Manoel Azzi
6
Pesquisa Diagnóstico Nacional do Esporte (Diesporte), teve seus resultados apresentados em junho
de 2015 na cidade do Rio de Janeiro. Fonte: http://www.esporte.gov.br/index.php/noticias/24-lista-
noticias/51170-pesquisa-aponta-que-49-5-dos-brasileiros-nao-praticam-esporte-ou-atividade-fisica
7
Diagnóstico Nacional do Esporte
8
Definição estabelecida pela OMS, Organização Mundial da Saúde.
17

mostram que deve-se estimular mais o cuidado com a saúde através das práticas
esportivas.
Outro ponto posto sob questão é de que considerando o percentual apontado
de brasileiros praticantes ativos regularmente, o perfil identificado é de que apenas
um quarto dessa totalidade pratica algum esporte, sendo ele geralmente o futebol ou
o vôlei, vistos como os mais populares no país.
Dados da Confederação Brasileira de Remo, a CBR, apresentam que só no
Rio Grande do Sul existem oito locais confederados para a prática do esporte remo,
e conforme Sousa (2010), mostra-se significativo o volume de pessoas que o
procuram para o lazer, saúde, contato com a natureza ou para competir. Contudo,
grande parte destes remadores, não atletas e atletas, abandonam precocemente o
esporte, antes de completar o primeiro ano de prática, sem ao menos ter competido.
Isso pode gerar problemas financeiros aos clubes, que enfrentam dificuldades para
manter o funcionamento e difundir o esporte. Percebe-se, assim, que o
desenvolvimento do referido equipamento pode contribuir para atrair mais adeptos
ao esporte, por meio do remo indoor, simulando suas funções.
Corroborando a necessidade de projetar equipamentos esportivos no Brasil,
foi encontrada uma entrevista do jornal da USP, de novembro de 2017, no qual o
professor Paulo Roberto Santiago destacou o quanto o país ainda se encontra
distante de produzir equipamentos aplicados aos esportes de alto rendimento.
Afirma que os utilizados são provenientes do exterior, confirmando a informação da
inevitabilidade de ter um alto valor de investimento para a prática e treino de
determinados esportes. Também aponta a ineficiência no desenvolvimento de
equipamentos para mensurar e avaliar o desempenho do atleta, como os
ergômetros.

1.4 OBJETIVOS

Tendo entendimento que os objetivos de um projeto consistem em tudo aquilo


que se propõe quanto à projeção de uma futura solução, devendo-se identificar as
características essenciais do projeto e priorizá-las (PLATCHECK, 2012), é exposto o
objetivo geral e os específicos do projeto em desenvolvimento que devem ser
alcançados até a conclusão deste.
18

1.4.1 Objetivo geral

A partir da pré-pesquisa e da parte informacional do projeto, definiu-se:


“Desenvolver um equipamento de remo seco que cumpra as funções da técnica do
esporte remo, bem como trabalhe a definição muscular. Busca-se posicioná-lo em
área externa próximo à orla da cidade de Porto Alegre, trazendo consigo a
democratização da prática esportiva.

1.4.2 Objetivos específicos

Foram apontados como objetivos específicos deste trabalho:

a) Reconhecer as principais funções básicas do remo ergômetro;


b) Compreender os movimentos realizados durante a prática do esporte remo;
c) Identificar as necessidades do público-alvo visando priorizá-las durante a
concepção do produto;
d) Analisar similares existentes a esse produto;
e) Desenvolver um modelo funcional.

1.5 METODOLOGIA

Metodologia para desenvolvimento de projetos é uma ferramenta que se


ocupa da aplicação de métodos dirigidos à atividade projetual. A prática do
desenvolvimento de projetos através da utilização de técnicas de exploração do
processo lógico, do processo criativo, da avaliação e do controle de tempo é uma
forma de garantir o sucesso do resultado final das atividades criativas
(PLATCHECK, 2012). No decorrer desse projeto foi aplicada a estrutura proposta no
livro "DESIGN INDUSTRIAL - Metodologia de Ecodesign para o Desenvolvimento de
Produtos Sustentáveis, por Elizabeth R. Platcheck (2012), que é dividida em quatro
fases distintas, representadas no esquema a seguir, Figura 1:
19

Figura 1 - Estrutura da metodologia aplicada com as etapas do desenvolvimento de produto.

Fonte: Autora; adaptado de Platcheck (2012).

A Proposta de Projeto, segundo Platcheck (2012), é definida como a


primeira fase, consistindo a identificação inicial do usuário, bem como os motivos
pelo qual o projeto será desenvolvido. Também são apontados métodos e
ferramentas que serão utilizados no decorrer do trabalho e um cronograma para
gerir prazos é criado. Esta etapa no projeto está relacionada à introdução.
A segunda fase, classificada como a de Desenvolvimento do Projeto -
Estado da Arte, é referente ao levantamento de todas as informações relevantes
para a estruturação e avanço do projeto. É nessa etapa que ocorre o registro de
possíveis sistemas a serem aplicados no produto em desenvolvimento, soluções
cabíveis para o problema de projeto apontado, bem como a formulação de um
conceito. Nesse momento também passa-se a identificar o perfil do usuário, assim
levantando as suas necessidades por meio de entrevistas que são estruturadas a
partir da ferramenta de storytelling9, que tem como objetivo transformar essa coleta
de dados em uma conversa. De acordo com Quesenbery et al. (2010), utilizar essa
técnica requer boas habilidades de escuta, no qual o entrevistador deve ouvir e
observar de forma cuidadosa o que o entrevistado está dizendo e como ele
desenvolve as tarefas que está relatando, sem interferir muito nas suas atividades,
mas questionando pontos relevantes para o projeto quando relatados pelo usuário,

9
Storytelling for User Experience
20

repetindo as mensagens verbais da pessoa. A partir da história contada é possível


obter uma melhor compreensão do problema do usuário e qual a sua real
necessidade.
Outro método também utilizado na parte do desenvolvimento do projeto é o
diagrama de Mudge, como forma de hierarquizar os requisitos de projeto. Consiste
em comparar duas funções, estipulando um grau de importância em relação à outra,
com o objetivo de obter a de maior valor (ROCCO; SILVEIRA, 2007).
O Detalhamento do projeto é exposto na terceira fase, caracterizada pela
síntese dos dados analisados e pela geração de alternativas, no qual será aplicado o
método da matriz morfológica, que, de acordo com Back et al. (2008), consiste em
uma pesquisa sistemática de diferentes combinações de elementos ou parâmetros,
com o objetivo de encontrar uma nova solução para o problema. Também será
utilizado o brainstorming e os mapas mentais para auxiliar o desenvolvimento
criativo, sendo a matriz de Pugh a ferramenta de seleção das alternativas. A
definição de materiais e processos de produção envolvidos também se enquadra
nesse momento do projeto, da mesma maneira que o detalhamento técnico e os
testes iniciais de funcionamento.
O estágio final da elaboração do projeto, é a parte de Teste e Otimização, no
qual um modelo funcional é confeccionado e testado por representantes do público-
alvo do projeto, validando a sua competência. Por fim, se faz necessário revisar os
parâmetros projetuais.
Os métodos utilizados permitem com que os objetivos específicos de projeto
sejam alcançados. Na segunda fase, a ferramenta de storytelling possibilita com que
as necessidades do público-alvo sejam identificadas, bem como o diagrama de
Mudge que prioriza os requisitos de projeto. Nessa mesma etapa as principais
funções básicas do remo seco são detectadas através da análise de similares e do
estudo biomecânico do remador. Já na última etapa, torna-se possível validar o
produto desenvolvido através da modelagem tridimensional que foi criada a partir da
construção do modelo operacional.

1.6 CRONOGRAMA

De acordo com Platcheck (2012), um cronograma deve ser aplicado ao


projeto, a fim de não exceder prazos, mostrando os principais tópicos propostos a
21

serem trabalhados, com o período de desenvolvimento de cada etapa, que podem


ocorrer de forma paralela. O cronograma do Programa de Trabalho foi dividido entre
as fases do Trabalho de Conclusão de Curso 1 (TCC) e TCC 2, respectivamente, e
podem ser conferidos no APÊNDICE B. Foi desenvolvido com base nas etapas de
projeto definidas pela metodologia aplicada, bem como pelas datas de entrega e
apresentação dos trabalhos de conclusão do curso de Design de Produto da UFRGS
previstas por sua Comissão de Graduação.
22

2 DESENVOLVIMENTO - ESTADO DA ARTE

A fase de desenvolvimento visa abordar a atual situação, analisando o estado


da arte através de registros fotográficos, enquetes, relatos, entre outros, em que
todos os pontos relevantes ao projeto em questão são registrados (PLATCHECK,
2012).

2.1 ANÁLISE HISTÓRICA DOS EQUIPAMENTOS DE REMO E REMO SECO

O remo é considerado um dos esportes nos quais as características dos


equipamentos utilizados é um fator fundamental na performance do usuário. Em
1857 a alteração mais importante para a evolução da técnica da remada surgiu, o
desenvolvimento de um carrinho móvel. Este garantiu que fosse realizado o
movimento de flexão dos joelhos, aproveitando a energia gerada pelo deslocamento
das pernas, antes não utilizadas, contando apenas com o movimento dos membros
superiores e do tronco, que eram responsáveis pela propulsão do barco. O assento
era de madeira revestido de couro e deslizava sobre dois trilhos de bronze. (TOIGO
et al., 1999). A partir da incorporação do carrinho móvel ao esporte, foi introduzido o
trabalho dos membros inferiores na remada e hoje eles representam 86% do esforço
gerado, segundo informação adquirida pelo professor do GNU, Manoel Azzi.
Outros equipamentos que sofreram importantes alterações foram os remos,
que inicialmente eram de madeira e de diferentes formatos e passaram a ser
produzidos de materiais diversos. A partir dos anos 60 utilizou-se a pá Macon,
também conhecida por standard, desenvolvida na Alemanha com um formato
simétrico, sendo a melhor entre as pás de competição existentes no mercado. Já em
1991, surgiu um novo modelo de pá, de formato assimétrico, o remo cutelo,
construído de fibra de carbono, considerado o segundo mais relevante da evolução
do instrumento. Isso ocorreu porque o novo remo aumentou a velocidade do barco,
a partir da ampliação de área da pá e da diminuição da alavanca externa do cabo e,
em questão de um ano, o remo cutelo dominou o mercado. Percebeu-se a
necessidade de incrementar a eficácia mecânica nos futuros projetos, reduzindo a
quantidade de deslocamento da pá na água (TOIGO et al., 1999).
Os instrumentos nos quais foi desenvolvida a análise histórica, são os que
acompanham o movimento do usuário, permitindo que seja realizado o
23

deslocamento dos membros inferiores e superiores do corpo, de acordo com a


biomecânica do esporte.
O remo seco, diferentemente do tradicional, está em uso há mais de 140
anos, tendo adquirido sua primeira patente em 1871, nos Estados Unidos. Entre
esse período e 1952, surgiram mais de 40 patentes referentes ao remo seco, sendo
uma das mais importantes a do remo hidráulico Narragansett desenvolvida em 1900
e comercializada até os anos 50. Os equipamentos de remo seco eram encontrados
tanto nas academias que existiram dentro do barco Titanic, como em hospitais para
ajudar na recuperação dos pacientes. Pode-se identificar como influência no
desenvolvimento dos equipamentos de remo seco as corridas de remo que tomavam
lugar em Londres e Nova Iorque, pelo ano de 1715 e, em 1800, o surgimento da
cultura de cuidado com a aparência física pelos homens. Os primeiros equipamentos
de remo possuíam o banco fixo, como os barcos da época, e foram projetados para
simular a ação do remo, como também manter a prática do exercício físico em locais
fechados. Em 1960 o uso do remo seco passou a ser menos baseado na intuição e
mais em evidências provenientes de teste precisos, logo viu-se a necessidade de
desenvolvimento de equipamentos que pudessem mensurar a força que os
remadores exerciam. Um dos primeiros aparelhos de remo desenvolvidos nesse
contexto foi nos anos 40 na Austrália, com o nome de ergômetro, representado na
Figura 2a, que posteriormente foi exportado para os Estados Unidos e utilizado na
seleção da equipe de remo nas Olimpíadas de 1968. O modelo deste equipamento
passou a ser produzido pela Gamut Engineering Company of California e continuou
a ser usado durante os anos 70 na América do Norte. Entretanto, o que permitiu que
o esporte do remo seco se desenvolvesse foi a implementação do Concept 2 como
um modelo de equipamento padrão, no qual teve seu primeiro modelo produzido a
partir de uma roda de bicicleta, conforme mostra a Figura 2b (FLOOD et al., 2012).
24

Figura 2 - Primeiros aparelhos de remo seco desenvolvidos.


a. Ergômetro. b. Concept 2.

Fonte: Flood et al.

Em 1982 antigos remadores olímpicos se reuniram e organizaram


competições de remo indoor, que evoluíram para o Campeonato Mundial de Remo
Indoor. Em 2010 o torneio concluíu 20 anos desde a sua primeira atividade,
contando com mais de 2200 competidores. (FLOOD et al., 2012)

2.2 ESPORTES NÁUTICOS NO RIO GRANDE DO SUL

As práticas esportivas no Rio Grande do Sul iniciam com a chegada dos


imigrantes no século XIX, advindos da Europa. Por suas características hídricas
únicas, a margem oeste de Porto Alegre tornou-se um espaço propício para práticas
esportivas náuticas. Através das importações de instrumentos e de contatos
culturais com a Europa, por meio dos clubes de regatas, destacou-se o remo como
atividade a ser realizada pela população (SILVA; MAZO, 2017).

2.2.1 Evolução da Regatas em Porto Alegre

O remo enquanto esporte ganha força na Inglaterra, no século XIX, trazendo


a prática do esporte e das regatas para Porto Alegre. As competições tomaram lugar
na cidade, delineando, assim, uma questão identitária pelos integrantes dos clubes
de regatas. O cenário portuário Rio Grandense provou-se propício às disputas de
remo, com a primeira competição acontecendo na cidade de Rio Grande, utilizando-
se de barcos de pescadores. Nesse momento, os barcos deixam de ter o foco
somente das atividades laborativas, e passando a ganhar novos significados, como
a diversão (SILVA; MAZO, 2017).
25

Já em Porto Alegre, os primeiros registro que se têm das regatas, são do


jornal “ O Imparcial”, em 1852, que trazia a notícia de uma competição entre barcos,
promovida pela Marinha, no Lago das Pedras Brancas - entre Porto Alegre e Pedras
Brancas (atual cidade de Guaíba). Ainda de maneira incipiente na capital gaúcha, o
remo vai ganhando espaço no cenário brasileiro, com diversos clubes de regatas
sendo abertos no Rio de Janeiro e competições náuticas tornando-se comuns nesta
cidade (SILVA; MAZO, 2017).

Em Porto Alegre, faz-se novamente uma competição de regatas, em 1863,


entre quatro remadores de canoas. Os vencedores desta competição foram
celebrados no baile público realizado na Praça da Matriz. Nesse momento, os
esportes que mais atraiam a atenção do público eram o prado e as competições nos
hipódromos. Em 1865, foi realizada em Rio Grande uma regata em homenagem ao
Imperador Dom Pedro II, que assistiu a bordo do vapor “Gerente”, ao lado de
autoridades civis, eclesiásticas e militares. Essa foi considerada a primeira regata
oficial disputada nas cidades do Rio Grande do Sul (SILVA; MAZO, 2017).

O primeiro clube de remo sul-rio-grandense que se tem notícias foi fundado


em Pelotas, em 1875, bem como associações de regatas, ciclismo, esgrima, remo e
tiro, a maioria associada aos imigrantes alemães que iam chegando nos meados do
século XIX, formando associações esportivas, como o Clube Germânia, o Club
Alemão de Ginástica e o Club de Regatas Alemão (SILVA; MAZO, 2017).

Especula-se que o pioneirismo do remo pelotense e as regatas de Nossa


Senhora dos Navegantes propulsionou a fundação do Clube de Regatas Porto-
Alegrense, em 1884. Assim, em 1885, o clube organizou sua primeira regata, para o
sétimo centenário de Dom Affonso Henriques, com inscrições abertas a quem
desejasse participar. As regras da regata foram publicadas no Jornal do Comércio,
informando que era o representante da embarcação que deveria fazer sua inscrição,
bem como que apenas o timoneiro poderia se dirigir aos juízes na disputa. Na
regata, tal como no turfe, foi adotado o sistema de apostas no barco vencedor,
assumindo também um caráter de jogo de azar, apresentando características de
jogos modernos e destacando as regatas em Porto Alegre, como algo identitário da
cidade (SILVA; MAZO, 2017).

Assim, logo após o sucesso do evento, os clubes de remo, ainda em 1894,


fundaram o Comitê de comunicação interna. Para se oporem aos clubes de origem
26

alemã e sua hegemonia, um grupo de luso brasileiros fundou o Grêmio de Regatas


Almirante Tamandaré (GRAT), cujo idioma oficial era o português, defendendo uma
identidade luso-brasileira dentro do espectro das regatas em Porto Alegre. Dois anos
após, foi instaurado o “Club” de Regatas Almirante Barroso (CRAB), com a proposta
de convivência desses dois grupos, os luso-brasileiros e os teuto-brasileiros, com o
único objetivo de praticar o esporte (SILVA; MAZO, 2017).
Desde 1900, o remo, bastante popular já em diversos países, passa a ser um
esporte olímpico, ganhando maior visibilidade também em Porto Alegre, já sendo
bastante popular nas cidades portuárias de Rio Grande, Pelotas e do Rio de Janeiro.
Inclusive, muitos dos clubes de futebol do Rio de Janeiro originam-se de seus clubes
de regatas, tamanho era a popularidade do esporte no início do século XX. Em 1906
funda-se o Ruder Verein Germania (RVG) e, como os demais clubes a se
destacarem em Porto Alegre, surge o Clube dos Guris, criado por Carlos Arnt, Hugo
Deppermann, Arno Deppermann, Hugo Berta, Arnaldo Bercht e Emílio Bercht, clube
que viria a ser conhecido como Grêmio Náutico União (SILVA; MAZO, 2017). Devido
ao advento da Primeira Guerra Mundial, muitos dos grupos teutos de remo de Porto
Alegre foram obrigados a mudarem seus nomes, sendo identificado como Grêmio
Náutico União, de acordo com informações do site do GNU.10
Em 1907, assim, foi idealizada a Federação Rio-Grandense de Remo, que se
iniciou a partir do Grêmio de Natação e Regatas Almirante Tamandaré (GRAT),
instalando-se uma organização dos remos na cidade. Já em 1909, dois clubes
possuíam salas de ginásticas para remadores e nadadores, o GRAT e o Clube
italiano Canottieri Duca degli Abruzzi (CICDA). Nesse momento, além desses dois
clubes mencionados, Porto Alegre conta com outros clubes de regatas, membros da
federação, como o Ruder Almirante Tamandaré (RCPA), Ruder Verein Germania
(RVG), e o Grêmio Naútico Rio-grandense (GNR) (SILVA; MAZO; CARNEIRO,
2017).

Em 1910 acontece o primeiro campeonato de Porto Alegre, com os clubes


federados. A organização da competição foi realizada dentro das normas previstas
pela federação, com apoio das autoridades, com barcos de policiamento para
impedir acesso de embarcações estranhas a competição. Diferente da regata
realizada em 1885, aberta ao povo e a quem quisesse chegar com os seus barcos,

10
Disponível em: https://gnu.com.br/institucional/historia/
27

agora o tom federado dá um tom mais classista e elitista na sua configuração


(SILVA; MAZO; CARNEIRO, 2017).

Assim, a relação do remo com a cidade de Porto Alegre está estabelecida,


através das águas do Guaíba, como cenário principal para a sua atividade e
atribuindo uma identidade ao lago como pertencente das realizações esportivas de
Porto Alegre, sendo um espaço vivo e ocupado pela população. Os clubes de
regatas, como GNU, evoluíram para grandes clubes de Porto Alegre. Desta
maneira, o remo assume a criação de espaços na cidade de lazer e socialização,
apesar de um viés elitista e com pouco acesso a toda população. O esporte remo
perdeu seu significado ao ser desvinculado de sua história e se tornar apenas uma
atividade física, não tendo mais o viés de ser uma das poucas formas de estar em
um ambiente de cultura e confraternização.

2.3 LEVANTAMENTO URBANÍSTICO

É realizado um levantamento da área no qual pretende-se posicionar o


produto em desenvolvimento. O local escolhido é a área da orla do Guaíba por ser
um ponto característico da cidade de Porto Alegre e por atualmente protagonizar as
práticas esportivas ao ar livre na cidade, configurando um espaço de entretenimento
na capital. A revitalização que sofre atualmente corrobora à implementação de
equipamentos a áreas externas, garantindo acesso aos frequentadores da orla que
visam manter uma rotina saudável e vivenciar momentos de lazer.

2.3.1 Área da orla do Guaíba

O Lago Guaíba está histórica e culturalmente ligado à cidade de Porto Alegre.


Principal atrativo dos primeiros colonizadores açorianos, o porto continua com
grande importância no desenvolvimento econômico da cidade e região. Apesar disto,
o lago começou a perder sua atratividade cultural e de lazer, principalmente pelas
barreiras físicas impostas a partir dos anos 40 com o Cais do Porto e o Muro Mauá,
propiciando assim o início da sua segregação com o restante da cidade. O lago
Guaíba tem sido vítima do abandono do poder público que somado à inconsciência
28

coletiva, resulta em problemas sócioambientais onde os cidadãos se veem


diretamente afetados. (GEHRKE et al, 2011)

A história de Porto Alegre, é altamente atravessada pelas suas águas. Em


uma posição privilegiada, vê-se a cidade iniciando sua existência nas margens do
lago Guaíba. Percebe-se que os pontos de referência da cidade - como o Mercado
Público, Santa Casa de Misericórdia, a Praça da Matriz – todos localizados na zona
“central” de Porto Alegre, posicionam-se às margens do Lago Guaíba (MACHADO,
2004).

Assim, temos as bordas do Guaíba, como ponto geográfico, das próprias


fronteiras da cidade de Porto Alegre, que faz seu desenho e constituição, através
dos limites das águas. Uma breve história da relação com o lago marca o
desenvolvimento de Porto Alegre. Em 1914, foi elaborado o primeiro plano para
Porto Alegre, onde foi prevista uma boulevard, nas margens do Guaíba, o que
acabou por não acontecer, mas já era o movimento da cidade, desenhando-se nas
margens do lago (MACHADO, 2004).

Em 1959 veio o primeiro plano diretor da cidade, e permaneceu até 1979,


prevendo regiões estratégicas da cidade, como as margens do Guaíba, entre outros
pontos, o que se seguiu, com grandes mudanças na orla do Guaíba, através do
grande aterro que se deu na década de 1960. Dessa forma, as grandes mudanças
que a cidade teve e sua profunda ligação com as águas do Guaíba são de
importante impacto para a identidade da cidade e para o seu significado com os
Porto-alegrenses (MACHADO, 2004).

A cidade constitui-se nas suas margens, crescendo a partir dos limites


naturais que o lago impôs, relacionando-se com ele, através de esportes náuticos,
que perpassaram a identidade da cidade, como a vela, o remo, tendo na história do
esporte, uma intensa ligação com a identidade da cidade.

2.3.2 Revitalização do espaço

De acordo com Antoceviz et al. (2017), propõe-se uma maneira de trabalhar


com os aspectos da revitalização da orla do Guaíba, através dos grupos de usuários
do espaço urbano, enfatizando as edificações, propostas urbanas, o uso do espaço
29

público pela população de maneira diversa da área em torno do lago Guaíba. A área
portuária do Cais Mauá vem sofrendo sucessivos processos de segregação do
espaço público, distanciando a população cada vez mais da orla, das docas e de
aproveitar as margens do Guaíba na sua maior totalidade. Historicamente, com a
construção do muro do Mauá, em virtude da enchente de 1941, que assolou a
cidade, a ligação da cidade com o Lago Guaíba vem sofrendo sucessivas mudanças
e afastamentos (ANTOCHEVIZ, 2017).

A prefeitura de Porto Alegre, em 2010, propôs o projeto de revitalização,


levando em conta todos esses processos de abandono que a orla foi sofrendo ao
longo das últimas décadas. As diretrizes da prefeitura dividiram o processo de
revitalização e três setores distintos. O setor 1: que vai da área da Rodoviária ao
Mercado Público, o setor 2: que abrange os armazéns - entre a área do Mercado
Público até a praça Brigadeiro Sampaio, paralela à Avenida Mauá e o setor 3:
aquele correspondente ao Gasômetro em si, com a Marina Pública e o centro
cultural da Usina do Gasômetro (PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE,
2010).

Para fins desse trabalho, o foco se dá na revitalização do espaço três, previsto


pela Prefeitura. Além de dividir nos setores anteriormente citados, a Prefeitura de
Porto Alegre, propôs diretrizes, que foram avaliadas como fundamentais para o
processo de revitalização:

a. incentivar o uso dos setores com a criação de uma área de


circulação de pedestres no Guaíba;
b. proporcionar a reintegração da população com a orla, por meio de
atividades relacionadas com o uso da água;
c. proporcionar a valorização e a preservação dos espaços abertos,
privilegiando a vegetação e a paisagem;
d. otimizar a implantação de atividades que explorem a conexão visual
com o Guaíba (ex.: bares e restaurantes);
e. ser de livre acesso à população, com usos públicos;
f. reciclar o uso dos armazéns preservando as edificações existentes,
favorecendo a cultura e o turismo (PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO
ALEGRE,2010).

As diretrizes apontadas pela prefeitura estão de acordo com o que está sendo
proposto no desenvolvimento do projeto, como a possibilidade de realizar a prática
do remo seco na beira do Guaíba, sendo o equipamento de uso público e gratuito,
retomando um exercício de uma prática esportiva que é significativa para a cidade.
30

Segundo o ponto b, que prevê a reintegração da população com a orla, tem-se


a possibilidade de realizar exercícios ao ar livre, na beira do lago, de uma maneira
muito única e representante de uma história da cidade, com uma significação
própria. A ligação da cidade com o lago, e seu uso para esportes é constituinte da
identidade de Porto Alegre. Assim, ao posicionar atividades ao ar livre, que
conectam com a história da cidade, considerando a intensa relação que a população
tem com o lago, o projeto de remo seco contribuirá com as prerrogativas previstas
pela Prefeitura para a revitalização do espaço urbano da orla do Guaíba.

Outro ponto que pode ser contemplado é de ser um espaço público, com livre
acesso da população, ainda promovendo saúde e proporcionando a valorização dos
espaços abertos, como maneira de integração da população com a orla. Esse
processo de integração, acontece através da realização de exercícios ao ar livre,
permitindo que os cidadãos de Porto Alegre se reapropriem do espaço dessa área
urbana, de maneira diversa. A orla passa a ser um local de fonte de saúde, de lazer,
ocupado e utilizado pela população.

2.3.3 AAL - Academias ao ar livre

Segundo dados do guia "Academias ao Ar Livre: Orientações para a Gestão


Municipal" do estado de Minas Gerais (2017), mostra-se necessário o uso de
recursos para ajudar a combater o sedentarismo e doenças a ele associadas, dessa
forma identificou-se uma oportunidade de implementação das academias ao ar livre.
As academias ao ar livre (AAL) são equipamentos de ginástica instalados em
espaços públicos, com condições adequadas de acessibilidade, buscando fomentar
a prática regular de atividade física pela população, não visando lucro nessa
atividade. Além disso, a implementação desse tipo de equipamento fomenta uma
ressignificação da área, difundindo a cultura da prática de atividades físicas .
De acordo com o mesmo documento, a implementação de equipamentos
esportivos em área externa promove uma convergência de ações no determinado
local, bem como a mobilização comunitária em torno disso. A prática do exercício
físico torna-se participativa na região, oferecendo benefícios físicos e psicossociais
aos praticantes, como a melhora da resistência física, força muscular, controle da
31

pressão arterial, aumentando o bem estar, melhorando a auto-imagem e a auto


estima do indivíduo, na respectiva ordem.
O número de equipamentos de ginástica de uso público teve expressivo
crescimento nos últimos anos, tornando o seu uso cada vez mais importante no
tempo de lazer das pessoas. Porém, observa-se que o fornecimento desse tipo de
aparelho não é suficiente se não houver uma aplicação em ambiente adequado à
proposta e manutenção constante. (CASTAÑON et. al, 2016). Dessa forma,
constata-se que não basta apenas projetar o equipamento para o usuário, mas
também levar em consideração o espaço no qual vai ser inserido e que tipo de
mecanismos são requeridos para atuar em ambiente externo com boa
funcionalidade.

2.4 A BIOMECÂNICA DO ESPORTE

O termo biomecânica pode ser dividido em duas partes: o prefixo bio, que
indica relação com sistemas vivos ou biológicos, e a palavra raiz mecânica, que
sugere a análise das forças e seus efeitos. Dessa forma, pode-se definir como o
estudo das forças e de seus efeitos nos sistemas vivos, quando voltada ao esporte e
exercício, considera-se apenas humanos envolvidos na atividade (MCGINNIS,
2013).
De acordo com McGinnis (2013), a meta mais relevante na biomecânica é o
desempenho no treinamento do exercício, e isso pode ocorrer através do
aperfeiçoamento da técnica, por meio da análise desses movimentos mecânicos. A
melhora de equipamentos por meio do design também é vista como uma alternativa
para se alcançar esse objetivo, como verificado no exemplo do projeto do dardo que
ocorreu em 1953, no qual teve a área da sua superfície aumentada, garantindo
maior sustentação e o fazendo ir mais longe. Tendo em vista os conhecimentos da
biomecânica e de sua aplicação nos esportes e exercícios, pode-se analisar seus
aspectos no remo.
O curso do remo é uma ação muscular coordenada que requer a aplicação
repetitiva, máxima e suave da força, havendo quatro componentes chave para o seu
percurso básico: a entrada, a propulsão, o final e a recuperação. O movimento
resultante da puxada é traduzido na propulsão do barco. Há uma ligeira diferença de
32

contribuição de força entre membros superiores no deslocamento, mas nas pernas e


nas costas se mantém essencialmente a mesma. (MAZZONE, 1988).
O trajeto do remo será analisado de forma minuciosa através da cinesiologia,
que descreve e analisa os músculos responsáveis pelos movimentos,
compreendendo as forças que atuam sobre corpo (LIMA et al, 2006, p. 21). A partir
dessa área de estudo, o curso do remo pode ser dividido em quatro grandes etapas,
analisadas por MAZZONE (1998), são elas:
1. Entrada: é definida como a primeira fase da geração de força e a última
etapa da fase de recuperação. Começa por segurar o cabo do remo uniformemente
com ambas as mãos, enquanto o assento desliza para a frente a fim de que os
joelhos fiquem dobrados junto ao peito e diretamente alinhados com a região do
calcanhar do pé. Os braços são esticados para frente e o corpo inclina-se levemente
à frente do quadril.
Um dos principais grupos de músculos das costas, os eretores da espinha (1),
são relaxados para permitir a flexão do tronco, que ocorre através da musculatura
abdominal (2). Nesse mesmo movimento, os músculos psoas menor (3), maior (4) e
ilíaco (5), flexionam o quadril. O sartório (6) juntamente com músculos da região
glútea rotacionam as coxas lateralmente, possibilitando que o corpo do remador se
incline entre as coxas em vias de obter o máximo alcance. A região glútea está
relaxada e fornecerá estabilização e extensão do quadril. Os isquiotibiais (7),
localizados na posterior da coxa, juntamente com o gastrocnêmio (8) contraem-se
para que o joelho dobre. Os quadríceps (9) alongam-se devido à flexão do joelho, ao
mesmo tempo que o quadril se curva. Os tornozelos estão em dorsiflexão,
alongando o gastrocnêmio, completando assim a fase da entrada MAZZONE (1998).
Observa-se, dessa forma, que na entrada o remador encontra-se em uma
máxima flexão de joelhos e quadris, exigindo plasticidade da musculatura do
quadríceps e dos glúteos, bem como é executado o movimentos dos braços para
cima.
Os membros superiores precisam inserir os remos na água, realizando um
movimento suave e coordenado. Os cotovelos encontram-se estendidos pelo tríceps
braquial (10), enquanto os músculos flexores da mão e polegar (11) permitem que o
cabo do remo seja segurado pelo usuário. Os remos são rotacionados através dos
pulsos e as pás do instrumento são colocadas na água por meio do músculo do
33

ombro, o deltóide (12). A visualização completa dos músculos utilizados no


movimento pode ser conferida na Figura 3.

Figura 3 - Músculos trabalhados no movimento de entrada do remo.

Fonte: Autora; adaptado de Mazzone (1988).

É relevante salientar que a velocidade do barco não é constante durante o


movimento do remo. O barco irá acelerar na primeira etapa da fase de recuperação
e irá desacelerar bruscamente quando se aproximar da entrada, dessa forma,
averigua-se que a velocidade nessa etapa é menor.
2. Propulsão: os pés devem estar firmemente pressionados contra o apoio
deles até que as pernas estejam quase que totalmente estendidas. Os membros
inferiores devem ser puxados na direção do abdômen, gerando uma angulação de
90° entre o tórax e o trilho.
2.1 Primeira etapa da propulsão: exige força máxima dos membros inferiores.
Os joelhos estendem-se pela ação do quadríceps e os pés têm uma flexão plantar,
direcionando-se para baixo, pela atividade dos gastrocnêmios (13) e músculos
sóleos (14), conforme ilustrado na Figura 4. Na sequência os músculos
estabilizadores da coluna e abdômen contraem-se, realizando uma tensão
isométrica, sustentando, assim, a parte inferior das costas. A totalidade dos
músculos dos ombros estão contraídos, incluindo o redondo maior e menor (15), já a
34

escápula, osso localizado na parte póstero-lateral do tórax, se estabiliza pela


musculatura do serrátil anterior (16) e trapézio (17).

Figura 4 - Músculos trabalhados no movimento da primeira etapa da propulsão.

Fonte: Autora; adaptado de Mazzone (1988).

2.2 Meio da propulsão: De acordo com a Figura 5, enquanto os joelhos


terminam de distender, o quadril também se estende devido à contração dos glúteos
e músculos isquiotibiais (18). O alongamento das costas verifica-se pela contração
do músculo eretor da espinha. Na região do tronco, a flexão dos cotovelos dá-se
através do bíceps braquial (19) e músculo braquiorradial (20).

Figura 5 - Músculos trabalhados no movimento do meio da propulsão.

Fonte: Autora; adaptado de Mazzone (1988).


35

2.3 Fim da propulsão: Os joelhos estão em sua máxima extensão ao mesmo


tempo que os tornozelos encontram-se em flexão plantar. Além disso, a extensão
lombar e do quadril estão quase completas. Pode-se observar na Figura 6, a seguir,
que musculatura do tronco está contraída com muita força para terminar a propulsão
e os flexores do cotovelo, no caso o músculo braquiorradial, braquial (21) e bíceps
braquial, são importantes para realizar o deslocamento do remo até o corpo ao
passo que os flexores (22) e extensores ulnares do carpo do antebraço (23)
estabilizam e conduzem o punho, bem como o ombro que é estendido e aduzido.
Também é rotacionado pelo peitoral maior (24) e grande dorsal (25), o redondo
menor (26) , deltóide posterior (27) e a cabeça longa do bíceps estão tencionando a
articulação do ombro. A escápula é rotada para baixo pelo peitoral menor (24) e é
arrastada para trás pelo trapézio (28).

Figura 6 - Músculos trabalhados no movimento do fim da propulsão.

Fonte: Autora; adaptado de Mazzone (1988).

3. Final: os braços são puxados até o abdômen, com as pernas totalmente


estendidas e o tronco inclinado para trás, ligeiramente acima de 90°. Os joelhos e
tornozelos permanecem constantes à medida que o quadril finaliza uma extensão
completa. O extensores da coluna (29) continuam contraídos e a parte superior dos
braços rotacionam pela contração do latíssimo do dorso (30), enquanto o tríceps
(31) distende os cotovelos suavemente para baixar as mãos a fim de garantir a
retirada do remo da água. Observam-se os movimentos citados na Figura 7 que
segue:
36

Figura 7 - Músculos trabalhados no movimento final do remo.

Fonte: Autora; adaptado de Mazzone (1988).

4. Recuperação: os braços estão estendidos e as pernas dobradas com o


torso inclinado para frente a partir do quadril. Enquanto esse movimento é realizado,
deve-se deslizar para frente a fim de começar a entrada novamente, no qual os
membros superiores devem passar pelos joelhos antes que eles dobrem.
A Figura 8 ilustra os movimentos no qual os braços são afastados do corpo
pelo tríceps até que os cotovelos atinjam extensão máxima. Os deltóides anteriores
(32) contraem-se juntamente com o coracobraquial (33) e bíceps, elevando os
membros superiores enquanto passam pelos joelhos estendidos. Os músculos
abdominais (34) flexionam a coluna, e uma vez que as mãos tenham passado pelos
joelhos estendidos, o banco começa a realizar o seu movimento para frente em
direção a dorsiflexão do tornozelo, deslocamento para cima, e flexão dos quadris e
joelhos. Imediatamente antes dos joelhos alcançarem a máxima flexão, os punhos
se flexionam e as mãos giram os remos para a posição de entrada novamente.

Figura 8 - Músculos trabalhados no movimento da recuperação.

Fonte: Autora; adaptado de Mazzone (1988).


37

2.5 DIFERENÇA ENTRE O REMO SECO E O REMO NA ÁGUA

Segundo Flood et al. (2012) o remo seco é utilizado na preparação de


competições do esporte remo, principalmente o Concept 2, marca mais popular no
mercado atualmente, devido a sua performance, entretanto não atende a todos os
requisitos para que simule o exato movimento do remo na água. Dessa forma,
busca-se revisar a ergonomia e adicionar acessórios que melhorem a tarefa,
tornando essa a principal demanda em um remo ergômetro, algo que vem sido
criticado em muitos similares existentes.
Dois modelos de equipamentos ganharam popularidade com quem rema em
água, o modelo Concept 211 e o Water Rower12, que utilizam uma única manopla
conectada a uma corrente ou corda que pode ser puxada em linha reta. Mesmo que
a maioria dos mecanismos de puxar a pega permita alguma liberdade para a
movimentação das mãos em qualquer direção, os padrões do movimento delas são
diferentes do realizado no remo na água, compensando raramente, devido ao fato
de que o remo indoor não pode simular essa trajetória essencial. Consequentemente
existem diferenças substanciais entre o remo indoor e o remo na água a respeito
dos movimentos dos braços, ombros, tronco e, em menor grau, dos membros
inferiores. As máquinas de remo seco de tração reta fornecem uma melhor
aproximação dos movimentos do corpo, porém sempre vão ser uma barreira para
simular um remo na água (FLOOD et al., 2012).
Tendo em vista que os remadores buscam uma máquina que maximize os
benefícios do remo indoor podendo realizar uma proposta de treino fiel ao
desempenhado em água, deve-se realizar a troca dos populares equipamentos de
manopla com tração reta aos mais representativos que são de puxada circular, com
duas pegas, uma para cada mão. Essas têm maior capacidade de transferir as
adaptações fisiológicas do remo na água ao remo seco. Historicamente, os
equipamentos com esse perfil eram os mais populares, como a já citada
Narragansett, mesmo que o número produzido fosse pequeno. Para dar
continuidade a esse tipo de mecanismo, a empresa australiana Oartec produziu
recentemente um simulador de remo, representado na Figura 9, que tem esse
sistema de puxar circular e usa resistência a ar , similar a do Concept 2. Esse

11
Disponível em: https://www.concept2.com/indoor-rowers
12
Disponível em: http://world.waterrower.com
38

equipamento, desde seu lançamento, atraiu remadores de água e técnicos, mesmo


tendo um custo elevado se comparado aos já existentes de tração reta, que são os
mais populares atualmente. Esse fenômeno adquiriu espaço devido à possibilidade
de configuração das pegas, que podem realizar uma trajetória vertical e horizontal,
como os remos na água, sendo até possível de rotacioná-las. Essas características
fazem com que esse simulador se aproxime muito do remo na água. (FLOOD et al.,
2012).
Figura 9 - Simulador de remo da empresa Oartec.

13
Fonte: site de treinamento físico Coach.

Pode-se perceber diferenças relacionadas à aplicação de força em alguns


músculos, isso porque quando se usa um equipamento de remo indoor, o remador
tem que mover quase todo o peso do corpo para frente e para trás enquanto a
máquina permanece parada, diferentemente do barco, que tem a sua massa leve
(17kg), exigindo menos energia para puxar (FLOOD et al., 2012).
Conforme Flood et al. (2012), remadores de água sugerem que habilidades
técnicas não são muito relevantes quando se usa o remo seco, entretanto usuários
que não remam com frequência enfrentam dificuldades quando iniciam o treino do
remo indoor. Há similaridade entre o movimento dos membros inferiores no remo
seco e no remo na água, ambos os tipos proporcionam boa suspensão do peso
corporal no cabo e excelente coordenação entre os segmentos do corpo. Assim,
padrões de força aplicada ao cabo dos remos e pega do remoergômetro são
similares, ao mesmo tempo que possuem diferenças relevantes entre o barco e o
remo seco.
A falta de qualquer exigência para girar a parte superior do corpo durante o
uso do remo com tração em linha reta altera as semelhanças neuromusculares entre
o remo na água e remo indoor . Essas diferenças são vislumbradas na utilização dos
membros inferiores no treino do remo na água, resultando em uma contribuição de
13
Acesso:http://www.coachmag.co.uk/equipment/gym-equipment/677/high-tech-home-gym-kit
39

forças diferentes nas pernas direita e esquerda, dependendo do lado que o atleta
rema. Constata-se que o equipamento deve replicar a velocidade do cabo e
resistência ao movimento existente de quando se está na água, a fim de criar uma
aproximação real das habilidades neuromusculares existentes naquela situação.

2.6 TECNOLOGIA APLICADA NO DESIGN DE EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS

De acordo com o caderno do professor do Prêmio Jovem Cientista de 2012:


Inovação Tecnológica nos Esportes, a concepção de um produto esportivo exige que
a escolha do material adapte-se perfeitamente ao conjunto de atributos esperados
pelo equipamento em desenvolvimento, como enquadramento nos padrões e regras
da modalidade esportiva e o bom desempenho, bem como o respeito ao meio
ambiente. Assim, observa-se que a adequada seleção de materiais é uma
importante tarefa, como também evidenciar as vantagens físicas do novo
equipamento em relação aos existentes. A estética do equipamento tem uma
relação muito próxima à ergonomia, pelo equipamento esportivo ser considerado
uma extensão do atleta e ter que se ajustar aos movimentos humanos para cumprir
a sua função. Busca-se no desenvolvimento de um produto esportivo reduzir o
número de componentes e facilitar o uso e a montagem por meio de peças de
encaixe. Também é de extrema relevância os aspectos intangíveis do equipamento
em desenvolvimento, como a cor, forma, textura, olfato e som, que são provenientes
das necessidades dos usuários e de suas vivências com outros instrumentos
similares.
Para implementação de novas tecnologias no processo de produção e
produto, testes e ensaios devem ser realizados para a validação. Infere-se que a
inovação pode estar presente nas diversas etapas de desenvolvimento do produto
esportivo, desde a seleção do material, como na avaliação de desempenho do
atleta, implementando sistemas de GPS14, rastreamento, escaneamento 3D, entre
outros, dessa forma, cabe saber conciliar esses aspectos com o desenvolvimento do
projeto para um resultado que satisfaça as necessidades do usuário, promovendo
uma performance satisfatória para o esportista (CADERNO DO PROFESSOR
PRÊMIO JOVEM CIENTISTA, 2012).

14
GPS: Sistema de Posicionamento Global
40

3 LEVANTAMENTO DE DADOS

O levantamento de dados visa coletar informações dos usuários, para que


posteriormente sejam transformadas em necessidades que irão originar os requisitos
de produto e parâmetros projetuais.

3.1 PERFIL DO USUÁRIO

Nesta etapa de projeto busca-se identificar as necessidades do usuário


principal, que engloba os frequentadores das academias ao ar livre (AAL), bem
como as pessoas que utilizam áreas ao ar livre para a prática de atividades físicas e
momentos de lazer. Foram realizadas entrevistas por meio do storytelling com os
instrutores e alunos de um estúdio funcional que possui em seu espaço dois
equipamentos de remo seco Concept 2, Modelo D e que se utilizam destes como
instrumento para a prática do treino. Também foi considerada a entrevista
anteriormente realizada com o professor de remo do GNU, que explicou como era
dada a interação de quem já remava com o equipamento.

3.1.1 Pesquisa de campo

A fim de entender o comportamento do usuário e elencar os principais


problemas relacionados ao uso dos equipamentos localizados em área externa e
dos equipamentos de remo seco, foram utilizados dois métodos distintos buscando
coletar o máximo de informações para o projeto: as entrevistas com especialistas e
questionário in Loco.

3.1.1.1 Entrevistas com especialistas

A entrevista com os profissionais da Educação Física foi realizada no Estúdio


Pretto de Treinamento Funcional, localizado no bairro Moinhos de Vento em Porto
Alegre. Lá identificou-se que os alunos que já usavam o equipamento de remo seco
conseguiam desenvolver a atividade de forma satisfatória, porém os que tinham o
primeiro contato com o exercício a ser desenvolvido demoravam um determinado
tempo até que fosse possível realizar a sequência de movimentos, estes contando
41

sempre com o acompanhamento do profissional ao lado. Segundo o professor


Francisco Filho, o remo é um esporte completo, sem impacto nas articulações e que
trabalha uma variedade de músculos em um só exercício, confirmando a análise
teórica vista no relatório. De acordo com o mesmo profissional, a busca do uso por
esse tipo de equipamento tem aumentado, sempre havendo pedido dos alunos que
incluam o seu nos treinos, porém o professor afirma que a utilização inicial deste
aparelho é mais difícil do que de outros encontrados nas academias, pelo fato de
trabalhar uma ampla musculatura e de ter movimentos diversos, dessa forma indica-
se já haver algum condicionamento físico para a prática nesse aparelho, como
também alguma instrução para facilitar o seu manuseio que, com o decorrer do uso,
a prática vai sendo adquirida.
O treinador de remo do GNU, Manoel Azzi, em entrevista, afirmou que o remo
ergômetro Concept 2 é usado pelos alunos e atletas para condicionamento físico e
fortalecimento dos músculos, podendo dosar a carga exercida, porém não serve
para simular com veracidade o movimento existente na água, não havendo o
desequilíbrio que existe no barco, nem um movimento fiel dos membros superiores,
que é dado em apenas uma direção, não simulando o arco que é realizado quando
dentro da água. Isso dificulta analisar com precisão a força exercida pelos membros,
pois, conforme Flood (2012), o peso deslocado no remo seco corresponde à
totalidade do peso do corpo, e com o remo na água, o que se desloca é o barco,
sendo uma carga bem mais leve e exigindo menos força de quem rema.

3.1.1.2 Questionário com frequentadores de academias ao ar livre

Foi realizado um questionário com frequentadores de academias ao ar livre,


abordando a interação do usuário com os equipamentos. Este pode ser verificado na
íntegra no APÊNDICE C. Seis pessoas participaram do questionário realizado
durante um domingo à tarde em duas academias ao ar livre existentes ao longo da
orla do Guaíba, uma localizada na praça Júlio Mesquita em frente ao Gasômetro e a
outra situada perto da Rótula das Cuias. A partir disso, foi possível inferir alguns
aspectos relevantes na relação do usuário com os equipamentos de academia
localizados em área externa.
A amplitude das idades coletadas dos usuário é grande, abrangendo desde
jovens de 26 anos a idosos de 81. O senhor de maioridade que respondeu ao
42

questionário não estava sozinho, necessitava de um acompanhante para a


realização das atividades físicas. Exercia elas de forma lenta, buscando apenas
manter uma rotina saudável e vivenciar momentos de lazer, no qual o que prevalecia
era a interação social. Quando questionado sobre a frequência da utilização dos
aparelhos, disse ir duas vezes na semana e permanecer no período de 15 a 30
minutos no ambiente. Afirmou usar esse recurso das AAL há apenas 2 meses,
porém, por estarem localizadas em espaço aberto, deixaria de frequentar nos dias
de muito frio.
Analisando de forma geral as respostas obtidas no questionário realizado,
pode-se afirmar que a maioria dos usuários utiliza os equipamentos posicionados
em área externa buscando manter uma rotina saudável e visando ter alguma
interação social, porém os jovens entrevistados argumentaram que também
utilizariam equipamentos como esses com o intuito de fortalecimento muscular e
ganho de massa magra, porém como não há variação de carga neles, torna-se
inviável essa alternativa. A maioria dos entrevistados reside próximo ao local, o que
possibilita haver uma média de frequência de duas vezes na semana e que o
período no qual as mais utilizam é na manhã, que ainda é dia, não tornando essa
atividade perigosa, devido à insegurança da cidade. Mesmo a entrevista tendo sido
realizada no período da tarde, os frequentadores afirmam que durante a semana é
mais indicado frequentar o local durante o período de dia, mas nos finais de semana,
principalmente aos domingos, em que a orla é fechada exclusivamente para permitir
a prática de atividades física, é tranquilo ficar até mais tarde. Os entrevistados
afirmam ficar em média de 30 minutos a 1 hora realizando atividades nos aparelhos
das AAL, porém alegam não notar muita diferença em seus condicionamentos
físicos, acreditando ser uma atividade realizada apenas para deixar o sedentarismo
de lado, apesar disso, todos recomendariam o uso dos equipamentos. Os mais
idosos afirmaram ter uma dificuldade inicial para entender o funcionamento dos
equipamentos, mas após o seu uso, tornou-se uma atividade fácil de ser realizada. A
média do período em que esses equipamentos já estão sendo utilizados é de quatro
meses e a única reclamação que surgiu foi diante da manutenção dos
equipamentos, que com o tempo vão enferrujando e perdendo a tinta, tornando isso
um critério de afastamento de uso.
43

3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES DOS USUÁRIOS

É possível identificar que o público alvo deste projeto abrange homens e


mulheres de idades variadas, sendo necessário utilizar o grupo de 18 a 79 anos do
PANERO (2002) para que seja possível realizar as análises ergonômicas do uso do
equipamento de remo seco posteriormente. Praticam exercícios físicos regularmente
e frequentam as academias ao ar livre (AAL), particularmente em área próxima a
orla do Guaíba. Buscam através do uso desses equipamentos manter uma rotina
saudável, como também o fortalecimento muscular, e uma interação social. Foram,
dessa forma, identificadas como necessidades dos usuários das AAL: promover
maior fortalecimento muscular, ter conforto ao utilizar o equipamento, ter
durabilidade e manutenção acessível e tornar fácil o entendimento do equipamento.
Na entrevista com os usuários que já utilizam o equipamento de remo seco
em ambiente fechado, foi reconhecido como necessidade haver um equipamento
que estimule de forma eficaz a utilização de força, bem como levar em consideração
o conforto do equipamento, que não dê dor aos glúteos e que tenha uma pega que
não machuque tanto as mãos e, para os especialistas, um aparelho que possa
simular de forma mais verídica o movimento realizado em água, sendo este, de
forma fluída.
Seguem listadas no Quadro 1, para melhor compreensão, as necessidades
dos usuários identificadas por meio de questionário e entrevista.

Quadro 1 – Necessidades do usuário.

Necessidade dos Usuários

Promover maior fortalecimento muscular

Ter conforto ao utilizar o equipamento

Ter durabilidade e manutenção acessível

Tornar fácil o entendimento do equipamento

Possibilitar movimento fluído

Simular o remo em água

Fonte: Elaborado pela autora.


44

4 LEVANTAMENTO DE SIMILARES DO PRODUTO

Segundo Platcheck (2012), o levantamento de similares é uma análise


sincrônica, no qual se reconhecem os produtos que atuam no mesmo campo de
mercado, objetivando tomar conhecimento dos tipos componentes utilizados e
características comuns entre eles, visando evitar reinvenções.

4.1 ANÁLISE DE SIMILARES

Foi realizada a análise de similares, tanto de equipamentos de remo


existentes em academias ao ar livre, como os de remo seco, que foram
decompostos em estruturas básicas para que pudessem ser comparadas. Também
foi efetuada a análise de equipamentos que permitem simular no remo seco a
técnica do remo na água. As pesquisas foram elaboradas com base na proposta do
projeto, que busca oferecer aos usuários frequentadores das academias ao ar livre a
chance de utilizar um equipamento que simule o remo em água e que possa atender
as necessidades e demandas do público alvo.

4.1.1 Categoria 1 - Modelo de remo das academias ao ar livre

A figura 10 mostra equipamentos de remo projetados para ambientes externos.


Foram selecionados modelos de diferentes materiais e estética para uma
comparação mais vasta.
45

Figura 10 - Similares de equipamentos de remo encontrados nas AAL e suas características.

Fonte: Elaborado pela autora.


46

A partir da análise das informações coletadas dos equipamentos de remo


projetados para ambientes abertos, percebe-se que permitem trabalhar apenas a
musculatura dos membros superiores, por terem o assento fixo, como visto nos
primeiros remos existentes, diferentemente da configuração utilizada atualmente.
Nota-se também a predominância do uso do material aço inox e galvanizado na
estrutura do aparelho que é fixada no chão através de parafusos. O polímero
aparece na produção dos componentes do remo, como o assento e as pegas.

4.1.2 Categoria 2 - Modelo simulador do remo na água

Em relação aos equipamentos que simulam o movimento do remo na água de


forma em que é possível trabalhar a técnica, foram encontradas quatro propostas
distintas apresentadas na figura 11: o tanque de remo seco Swingulator (a), a
bicicleta de remo (b), estação de remo para as docas (c) e o simulador de remo
Oartec (d).

Figura 11 - Equipamentos similares de técnica do remo na água.

Fonte: Elaborado pela autora.


47

Constatou-se que, no caso do Swingulator, há um acréscimo de acessórios


que quando acoplados ao remo seco Concept 2, simulam de forma real o movimento
realizado pelos membros superiores e inferiores em um barco, ocupando um espaço
menor que um tanque. Já no similar da bicicleta de remo é interessante avaliar o
mecanismo trabalhado, que no caso, permite a flexão dos joelhos, assemelhando-se
ao movimento realizado no barco de remo, porém o corpo não é empurrado para
trás, há uma haste no eixo central da bicicleta que avança o seu quadro e permite
que isso ocorra. A manopla também é interessante de se observar, dado que possui
um formato mais curvilíneo, distinguindo-se dos outros tipos encontrados durante a
pesquisa. Pode-se perceber que a estação de remo nas docas é uma estrutura
rígida, fixada nas docas, similar às das AAL, e permite que remos sejam colocados
nela, realizando o movimento muito próximo ao de estar no barco. Não se pode
afirmar que é igual, pois ainda se está em uma estrutura rígida que, diferentemente
do barco, não trabalha com a instabilidade, nem com a questão de que o peso que
continua sendo empurrado é o do corpo do remador, e não o do barco. O simulador
de remo Oartec, já mostrado anteriormente no relatório, trabalha com um sistema de
puxar circular, possibilitando a configuração do movimento das pegas, que podem
realizar uma trajetória vertical e horizontal, como os remos na água, sendo até
possível de rotacioná-las.

4.1.3 Categoria 3 - Modelo remo indoor

Realizou-se uma análise comparativa dos similares de remo seco que foi
dividido pelas partes dos componentes funcionais mais relevantes do equipamento,
visando ter uma clara percepção de seus mecanismos.
Figura 12 - Análise comparativa dos equipamentos similares de remo seco.
48

Similares de Remo Seco (Área Interna)


Máquina de Remo Apollo AR Máquina de Remo Concept 2 Máquina de Remo Kettler Kadett Máquina de Remo Magnética
Modelo D Dobrável Goplus

Pedais giratórios, permitindo o


ajuste dos pés a cada
Altura com 7 pontos de Permitem que os pés dos braçada, gerando menor
Altura e cinta ajustável para usuários girem natural- tensão nos tornozelos. São de
ajuste e cinta regulável para
Apoio para os pés garantir boa fixação e
garantir boa fixação e mente durante o movimen- ABS com tiras de velcro e
conforto à posição dos pés. to de remo. protetores de calcanhar,
conforto à posição dos pés.
proporcionando estabilidade
nos pés.

Formato curvelíneo e Material borracha semi-dura,


material antiderrapante. pois um assento muito macio O assento é feito de espuma
Abertura côncava na parte pode resultar em redução da O assento tem estofamento de alta densidade e uma
Assento posterior e altura que circulação sanguínea. Abertura espesso. superfície antiderrapante.
facilite a entrada e saída côncava na parte posterior. Altura : 25,5 cm do chão.
do aparelho. Altura do assento: 36 cm .

A pega coberta por uma


borracha apresenta uma
Desing ergonômico curva de 10 graus que As alças são feitas Barra simples e reta, com
Tipo de Pega que previne tensão permite uma remada com de plástico. grossos punhos de espuma.
nos braços. posição natural do braço
e da mão.

214 cm x 55 cm x 54 cm 244 cm x 61cm 150 cm x 170 cm x 46 cm


Peso Máx: 150 kg Peso Máx: 227 kg Peso Máx: 129 kg
Dimensões e Peso
Máximo do Usuário
178 cm x 53 cm x 48 cm
Peso Máx: 100 kg

Quadro de aço e as partes


Estrutura de aço de alto internas e de proteção de
Restos de material da Pernas frontais de
carbono revestido e plástico. Acabamento de
Material da Estrutura construção nos Estados alumínio e traseiras
carcaça de resina
Unidos (madeira 2” x 4”). de aço. pintura resistente à corro-
moldada por injeção. são.

Resistência de fluídos ajustável. Resistência magnética manual.


Rotores com pás triplas na parte O amortecedor em espiral Pistão hidráulico que Freio magnético preso ao botão
interna do tanque, proporcionan- permite ajustar facilmente o fornece 12 níveis de resistência por um fio de aço.
Sistema de Resistência do captura instantânea da água e O botão gira, a pastilha de freio
fluxo de ar desejável para diferentes de resistên-
resistência consistente durante criar resistência. cia ajustável. magnético se aproxima ou afasta
todo o curso. do volante, criando a resistência.

Trilho em aluminio anodizado Monotrilho com uma Os rolamentos vedados O trilho da máquina não é
extra-longo, facilitando para cápsula de aço inoxidá- com esferas eliminam a horizontal, é ligeiramente
Sistema para deslizar
usuários de alta estatura. vel. O carrinho do necessidade de lubrifica- oblíquo. Integra três conjuntos
o banco Rolamentos Delrin ® embaixo assento tem roletes que o ção, garantindo um de rodas com rolamentos de
do banco. permitem deslizar. movimento suave. esferas vedados.

Corda elástica, Corrente de aço niquelado. Braços de aço de alto carbono revestido.
Cinta de nylon resistente,
geralmente de borra- gerando menos ruído
Sistema para puxar a pega cha, com uma cobertura durante o uso e também
de tecido. não requer lubrificação.

Fonte: Elaborado pela autora.


49

Na análise comparativa dos equipamentos similares de remo seco atentou-se


que apenas um dos modelos não utiliza a manopla de tração reta e possibilita que
cada braço do equipamento proporcione uma resistência diferente aos membros
superiores do usuário. A configuração do apoio para os pés e do assento permanece
correlata entre os remos indoor avaliados. Nota-se que o trilho, sistema usado para
deslizamento do banco, requer constante manutenção, isso entre todos os
avaliados, levantando um ponto a ser observado, já que o equipamento que está
sendo projetado neste relatório ficará localizado em área externa. Para a pega, no
sistema de puxar, vários materiais distintos habilitados a realizar essa tarefa foram
encontrados, tais como: corda elástica, corrente de aço niquelado, aço de alto
carbono revestido e nylon resistente.

4.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DAS FUNÇÕES BÁSICAS DO PRODUTO

Considerando a análise dos similares do produto, foram levantados os


componentes estruturais encontrados nos equipamentos de remo seco de área
interna, por possuírem um maior número de componentes que satisfazem as
necessidades dos usuários anteriormente levantadas. Dessa forma, criou-se uma
figura (Figura 13) que pudesse melhor dispor os componentes do remo seco indoor,
a fim de facilitar o entendimento de seus funcionamentos.

Figura 13 - Componentes estruturais do remo indoor.

Fonte: Elaborado pela autora.


50

A partir dessa disposição vista na figura anterior, pode-se melhor relacionar o


componente com a função exercida, facilitando a compreensão da vinculação dos
mecanismos entre si.

4.2.1 Aspectos dos sistemas de resistência

A determinação de qual sistema de resistência aplicar no equipamento


simulador de remo seco depende de diversos fatores, entre eles, as especificações
do local no qual será inserido, a facilidade de manutenção, suas características
próprias de funcionamento perante a necessidade do usuário e a confiabilidade dos
sistemas existentes no equipamento. Destaca-se, dessa forma, na figura 14, os
aspectos de quatro tipos diferentes de sistemas de resistência identificados em
produtos similares de remo seco de área interna, a fim de melhor compreensão e
análise.

Figura 14 - Comparação dos sistemas de resistência dos equipamentos de remo seco.

Fonte: Elaborado pela autora. Site Rowing Machine King que compara informações dos
15
equipamentos de remo a seco .

15
Disponível em: http://www.rowingmachineking.com/rowing-machine-resistance-types/.
51

Considerando as informações encontradas na figura anterior, pode-se


analisar que o sistema do pistão hidráulico proporciona independência para cada
braço do usuário, conseguindo se aproximar mais à proposta de simular a técnica do
movimento do remo na água, porém o sistema de propulsão que aparenta melhor
adaptação aos critérios de manutenção exigidos no ambiente externo é o de ar. Já
em relação a força exercida, a máquina de remo magnética e a do pistão hidráulico
mostram suas vantagens, por permitirem regular a força que se quer exercer,
podendo sempre se aproximar mais da desempenhada no barco. E, por fim, em
relação ao ruído, por se tratar de um equipamento que será localizado em ambiente
externo, essa característica não irá interferir de forma significativa, porém levando
em consideração as informações expostas, o de água é o que mais remete à
situação de estar no barco exercendo o movimento, pelo barulho que se cria ao girar
a ventoinha dentro do suporte da água.

4.2.1.1 Grupo focal - Sistemas de resistência do remo indoor

O objetivo central do grupo focal é avaliar um determinado assunto, produto


ou atividade por meio de ideias e percepções dos participantes (DIAS, 2000). Nesta
prática foram apresentados sistemas de resistência existentes em equipamentos
esportivos e explicou-se a funcionalidade e particularidades de cada um. Três
critérios foram analisados para cada mecanismo: utilização (do usuário),
manutenção e confiabilidade, nos quais foram pontuados de 1 a 5, sendo 1 a pior
avaliação e 5 a melhor, na respectiva ordem. Essa atividade foi realizada a fim de
criar uma hierarquia a partir da contagem final das notas fornecidas pelos
participantes para selecionar o sistema de resistência que está mais de acordo com
os parâmetros projetuais, definindo assim o mais habilitado para ser aplicado no
produto final.
Foi elaborado um quadro com os possíveis sistemas de resistência a serem
aplicados no equipamento de remo desenvolvido neste projeto, tendo como base os
já identificados em similares. Com seis designers e um engenheiro elétrico criou-se
o grupo focal para avaliar os mecanismos expostos, pontuando as características de
acordo com a importância nos dispositivos em questão, a partir do que foi entendido
pelos participantes durante a explicação do funcionamento dos sistemas, como
52

apontado anteriormente. Os sistemas analisados foram: resistência à água, a ar,


pistão hidráulico, magnético e disco de inércia, como representado na Figura 15, e
as características avaliadas referiam-se à utilização, manutenção e confiabilidade.
Pode-se acessar no APÊNDICE D o documento completo que foi utilizado na
dinâmica.

Figura 15 - Representação gráfica de possíveis sistemas para equipamento de remo seco localizado
em área externa.

Fonte: Elaborado pela autora.

A partir da média dos pontos dados pelos integrantes do grupo focal a


respeito da relação dos sistemas de resistência já referidos e dos critérios de
avaliação expostos, como pode ser visto na figura 16, foi possível verificar que o de
resistência a ar é o mais propício para ser aplicado no equipamento localizado em
área externa, tendo obtido a maior pontuação no quesito da manutenção e
confiabilidade e empatando com o de água no quesito da utilização, obtendo a
média de 3,7 pontos, 3,2 e 3,5, respectivamente. As respostas individuais dos
participantes do grupo focal encontram-se no APÊNDICE E.
53

Figura 16 - Média dos resultados obtidos no grupo focal relativo aos sistemas de resistência a serem
aplicados no simulador de remo em área externa.

Fonte: Elaborado pela autora.

4.3 ANÁLISE ERGONÔMICA DO USO DO PRODUTO

A análise ergonômica da tarefa será dada a partir do conhecimento de dois


tipos de dimensões corporais, as estruturais e funcionais, que, respectivamente,
incluem as medidas do corpo em posições padronizadas, estáticas, e medidas
tomadas em um movimento associado a determinada tarefa, dinâmicas (PANERO,
2002). O projeto usará o percentil 5 e 95, referente a dados de pessoas com
menores e maiores dimensões corporais, na devida ordem, visando atender tanto
aos usuários com menor grau de alcance, quanto aos com maior, havendo uma
regulagem que facilite o acesso do usuário a partes do produto, como a pega do
equipamento ou a distância entre o assento e o apoio para os pés, isso devido ao
público alvo do projeto abranger uma amplitude grande de idades. Cabe-se salientar
que o corpo humano nunca está totalmente imóvel, devendo assim conciliar a
natureza estática dos dados com a realidade dinâmica dos movimentos corporais, os
54

relacionados às exigências biodinâmicas envolvidas. A tabela com as medidas


estruturais do corpo humano no percentil trabalhado pode ser visualizada no
APÊNDICE F, objetivando auxiliar o dimensionamento do produto e seus
componentes.
Panero (2002) afirma que também deve-se considerar o grau de abertura ou
rotação das articulações, impactando a relação das pessoas com ambientes e
objetos. A movimentação total é medida pelo ângulo formado entre duas posições
mais extremas, dada as restrições normais das estruturas óssea e muscular,
respeitando o sexo do indivíduo, entre outros fatores. Dividem-se em três tipos as
articulações móveis, a primeira caracteriza-se pela liberdade de movimento em uma
única direção, denominada articulação em dobradiça, como o joelho e cotovelo. O
segundo tipo, articulação em pivô, envolve movimento em dois planos, como o
realizado pelo pulso, e o terceiro, por fim, permite movimentos de rotação, como os
vistos no ombro e quadril. Essas informações mostram-se pertinentes no projeto de
um equipamento no qual desenvolverá sua função a partir dos movimentos dos
usuários e que necessitará ter sua configuração estrutural de forma que atenda a
essas medidas, não proporcionando descômodo a quem o utilizará.
De acordo com Panero (2002), quando o corpo se encontra sentado,
aproximadamente 75% do peso é apoiado em uma área pequena, gerando pressões
que podem ocasionar fadiga e desconforto, dessa forma vê-se necessário o uso
adequado de dados antropométricos para projetar, aliviando tensões
desnecessárias. O processo de estabilização corporal não envolve apenas a
superfície do assento, mas também as pernas, pés e costas em contato com outras
superfícies, e caso não existam esses outros pontos de contato, o corpo adicionará
uma força muscular para poder manter o equilíbrio. Mostra-se assim importante
desenvolver no equipamento pontos de contato dos membros do corpo com
superfícies para que a força muscular exigida possa ser uniformemente distribuída,
já que durante a atividade do remo, mesmo tendo o corpo em movimento, o usuário
encontra-se sentado enquanto desenvolve a atividade física e trabalha a sua
musculatura.
A ergonomia a ser analisada é a do movimento do remo no remoergômetro,
no qual será dividida entre a fase da entrada, propulsão, final e recuperação, na
devida ordem. O movimento da propulsão a ser analisado é o que mostra o
deslocamento dos membros inferiores, enquanto há o alongamento dos membros
55

superiores, isso pelo fato do remoergômetro não simular movimentos dos braços e
mãos quando o remo entra na água.

Figura 17 - Análise ergonômica do movimento da entrada.

Fonte: Elaborada pela autora.


56

Figura 18 - Análise ergonômica do movimento de propulsão.

Fonte: Elaborada pela autora.

Figura 19 - Análise ergonômica do movimento final.

Fonte: Elaborada pela autora.


57

Figura 20 - Análise ergonômica do movimento de recuperação.

Fonte: Elaborada pela autora.

De acordo com o movimento do corpo realizado nas seguintes fases


analisadas nas Figuras 17, 18, 19 e 20 pode-se afirmar que quando comparadas as
angulações identificadas no movimento real com as propostas por Panero (2002),
todas encontram-se em posição adequada, dentro da amplitude de angulação
proposta para as articulações motoras, sem causar dano ao corpo. Isso, levando em
consideração o ângulo de flexão máximo e mínimo dos membros, notando-se que os
da imagem real estão dentro da amplitude falada.
58

5 REQUISITOS DE PROJETO

Os requisitos de projeto foram definidos com base na coleta de dados junto


ao usuário e suas necessidades. A análise de similares do produto também auxiliou
nesse processo. Na coleta de dados, foram consideradas as entrevistas nas AAL, a
conversa com profissionais no estúdio de funcional e a visita ao GNU. A análise de
similares contribuiu com os aspectos técnicos, podendo verificar os componentes
dos diferentes tipos de remo seco, bem como a estrutura dos equipamentos de
academias ao ar livre que existem atualmente.

5.1 REQUISITOS DE PROJETO ORDENADOS POR PRIORIDADE

Como forma de hierarquização dos requisitos levantados, será aplicado o


Diagrama de Mudge, que consiste em atribuir um certo valor de acordo com o grau
de importância relativo obtido pela comparação de todas as funções entre si
(SCHUSTER, 2014). No diagrama a seguir da figura 21, foi utilizada a pontuação de
1, 3 e 9 para caracterizar pouco importante, moderadamente importante e muito
importante.

Figura 21 - Diagrama de Mudge (Requisitos de projeto)

Fonte - Elaborada pela autora.


59

A partir do diagrama de Mudge, pode-se organizar os requisitos de projeto na


seguinte ordem de importância:
1. Proteger os componentes do mecanismo;
2. Possibilitar dimensões adaptadas aos diferentes usuários;
3. Utilizar materiais resistentes às intempéries;
4. Explicar o modo de funcionamento do equipamento;
5. Permitir angulação das mãos;
6. Utilizar mecanismo que varie a carga trabalhada;
7. Usar elementos mecânicos que imprimam rotação.

5.2 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS PROJETUAIS

A partir das necessidades dos usuários e dos requisitos de projeto, os


parâmetros projetuais foram estabelecidos, a fim de definir objetivos técnicos a
serem cumpridos. Segundo Baxter (2011) definir estas especificações é de extrema
importância para monitorar a qualidade do projeto, direcionando o desenvolvimento
do produto.
Pode-se levantar como parâmetros projetuais as seguintes orientações:
desenvolver estrutura que não permita que os mecanismos fiquem expostos, mas
tenham fácil acesso, permitir regulagem do banco e do apoio para os pés, aplicar
peças em aço carbono, ter placa informacional sobre o uso do equipamento, possuir
manopla que se desmembre ao meio, utilizar mecanismo de resistência a ar e dispor
de engrenagens e rolamentos. A seguir relacionam-se os requisitos de projeto com
os parâmetros projetuais:
60

Quadro 2 – Requisitos de projeto relacionados aos parâmetros projetuais.


Requisitos de Projeto Parâmetros Projetuais
Proteger os componentes do mecanismo; Desenvolver estrutura que não permita que os
mecanismos fiquem expostos, mas tenham fácil
acesso;
Possibilitar dimensões adaptadas aos diferentes Permitir regulagem do banco e do apoio para os
usuários pés;
Utilizar materiais resistentes às intempéries; Aplicar peças em aço carbono;
Explicar o modo de funcionamento do Ter placa informacional sobre o uso do
equipamento; equipamento;
Permitir angulação das mãos; Possuir manopla que se desmembre ao meio;
Utilizar mecanismo que varie a carga trabalhada; Utilizar mecanismo de resistência a ar;
Usar elementos mecânicos que imprimam Dispor de engrenagens e rolamentos.
rotação.
Fonte: Elaborado pela autora.
61

6 CONCEITO DO PRODUTO

O pensamento conceitual no projeto é voltado à capacidade de resumir as


ideias a um tipo de representação pictórica para esclarecer algumas perspectivas,
apresentando novas visões e registrando de forma permanente os insights, podendo
os externalizar (MORRIS, 2009). O conceito do produto definirá aspectos que devem
ser identificados pelo usuário no equipamento em desenvolvimento. Nessa etapa
eles serão manifestados de forma descritiva e posteriormente, na geração de
alternativas, essas definições tomarão uma forma ilustrativa.
Com base nos requisitos de projeto levantados, o trabalho visa o
desenvolvimento de um equipamento de remo seco para áreas externas, atendendo
às necessidades dos usuário. O equipamento será de fácil uso, intuitivo. Este,
contém um sistema de resistência de ar, que deve garantir um movimento fluído a
quem usa. Esse sistema tem que ser protegido, a fim de que evite acidentes com
pessoas que se encontram próximas ao produto.
A estrutura formal do produto deverá estar de acordo com as diferentes
dimensões antropométricas apresentadas pelos usuários, buscando ser ergonômico.
O equipamento será fixo e, quanto ao seu perfil estético, deverá ser composto por
formas simples e orgânicas que tragam aspectos associados à modernidade. As
cores utilizadas devem remeter o usuário a ambientes ao ar livre, simbolizando o
contato com a natureza. Através da escolha dos materiais, valores intangíveis como
conforto e contemporaneidade serão transmitidos.
62

7 DESENVOLVIMENTO CRIATIVO

De acordo com Back et al. (2008) entende-se por criatividade a habilidade de


surgir novas ideias a fim de resolver o problema proposto ou de sugerir soluções
para a concepção de um produto. Isso pode ser realizado através da utilização de
métodos intuitivos e sistemáticos de geração de concepções de produto. Este
trabalho aplicou os métodos citados visando estimular a criatividade, são eles:
brainstorming, painéis semânticos e matriz morfológica, baseando-se nas
metodologias de Back et al. (2008), Baxter (2011) e Platcheck (2012).

7.1 BRAINSTORMING

Identificada como uma técnica de desbloqueio mental, o brainstorming visa


produzir o maior número possível de ideias originais para solucionar um problema
(PLATCHECK, 2012). Neste trabalho o brainstorming foi desenvolvido pela autora a
partir das necessidades dos usuários identificadas no projeto. A figura 22 mostra
associações de termos gerados a partir do que representa o bom funcionamento,
interação e contato com a natureza para a estética do produto ser idealizada.

Figura 22 – Brainstorming I: necessidades dos usuários.

Fonte: Elaborado pela autora.


63

A partir dessa técnica é possível transpor requisitos estéticos e simbólicos em


atributos formais do produto, sendo estes muitas vezes não mensuráveis. O
simbolismo trabalha com o que se quer transmitir para atender os desejos dos
usuários. (SAPPER, 2015). As figuras 23 e 24 relacionam diferentes termos como
segurança no ambiente, ser confortável, de fácil interpretação, gerar
desenvolvimento físico e ter fluidez no movimento, a fim de melhor ilustrá-los para o
aspecto formal do produto em desenvolvimento.

Figura 23 – Brainstorming II: necessidades dos usuários.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 24 – Brainstorming III: necessidades dos usuários.

Fonte: Elaborado pela autora.


64

É possível constatar que as palavras no brainstorming percorrem diferentes


áreas a fim de gerar um maior número de correlações possíveis para melhor
compreender o usuário e inovar em alguns aspectos projetuais, não embasando-se
apenas em similares já existentes, visando uma maior liberdade de criação.

7.2 CRIAÇÃO DE PAINÉIS SEMÂNTICO

De acordo com BAXTER (2011), a criação de painéis de imagens visuais


auxilia na transmissão dos sentimentos e emoções que querem ser passados pelo
produto em desenvolvimento. É indicado seguir um procedimento de construção de
três painéis, são eles: estilo de vida, expressão do produto e tema visual.

7.2.1 Painel estilo de vida: A partir desse painel, figura 25, busca-se explorar o estilo
de vida do público usuário do produto. As imagens devem refletir os valores sociais
e pessoais, além de representar o estilo de vida dos consumidores. Também busca-
se retratar os outros tipos de produtos utilizados por esse grupo, que devem se
compor com o objeto a ser projetado. O simbolismo do produto deve explorar faixa
de consumidores e procurar valores comuns entre eles (BAXTER, 2011).

Figura 25 - Painel estilo de vida.

Fonte: Elaborado pela autora.


Neste painel é possível visualizar o que os usuários deste projeto valorizam,
como o cuidado com o corpo, contato consigo, alimentação saudável, atividades ao
65

ar livre, interação com outras pessoas. Também é possível identificar em alguns


grupos a aproximação existente com alguns equipamentos de academia ao ar livre,
bem como com o esporte remo e a ocupação de áreas da cidade que proporcionam
contato com a natureza para momentos de lazer. Observam-se pessoas de
diferentes faixas etárias, compartilhando, entretanto, os mesmos valores pessoais e
sociais.

7.2.2 Painel expressão do produto: Com base no painel estilo de vida, o painel
expressão do produto, figura 26, busca identificar uma expressão para o produto,
sendo ele uma síntese do estilo de vida dos consumidores, representando a emoção
sentida quando o produto é visto pela primeira vez (BAXTER, 2011).

Figura 26 - Painel expressão do produto.

Fonte: Elaborado pela autora.

Este painel visa transmitir o sentimento de conforto, bem estar, qualidade de


vida, contato com a natureza, interação entre as pessoas, bom funcionamento,
fluidez, intuitividade e liberdade de movimento a quem usa.
66

7.2.3 Painel do tema visual: Tendo já organizado o painel de expressão do produto,


volta-se então ao do tema visual, figura 27. Este visa apresentar produtos que
estejam de acordo com o espírito pretendido para o novo produto, voltando-se a
produtos bem sucedidos.

Figura 27 - Painel do tema visua

Fonte: Elaborado pela autora.

Esse painel foi elaborado a partir de produtos e construções que remetem à


modernidade, a atividades ao ar livre e que são produzidos a partir de materiais de
boa durabilidade em áreas externas e suas formas são simples e orgânicas.

7.3 MATRIZ MORFOLÓGICA

O método da matriz morfológica consiste em uma pesquisa de diferentes


comparações de elementos ou parâmetros, objetivando encontrar uma nova solução
criativa para o problema. (BACK et al, 2008). Neste projeto a matriz foi composta por
desdobramentos das práticas realizadas durante a utilização dos equipamentos de
remo seco, figura 28, bem como requisitos dos usuários.
67

A primeira e segunda coluna da matriz mostram que o movimento realizado


quando se utiliza o remo seco foi decomposto em pequenas ações que estão
vinculadas aos componentes do produto, visando assim facilitar o desenvolvimento
das alternativas para os subsistemas. A partir das soluções apresentadas pela
matriz, deu-se início à geração de alternativas escolhendo alguns elementos que
pudessem cumprir com os parâmetros projetuais, estes estão destacados em
vermelho.
Figura 28 - Matriz Morfológica.
68

Acomodar os pés

Acomodar usuário
sentado
Acomodação
Acomodar as mãos

Oferecer conforto

Deslocar Manopla

Deslocar Assento
Locomoção
Propiciar inclinação do
tronco do usuário
Promover livre movimento De forma circular Veticalmente Horizontalmente Juntas Separadas

das mãos
Proporcionar contato
Mais de um usuário por Mais de um usuário por
Usuários um de frente para Usuários um ao lado
equipamento: um atrás equipamento: em roda
o outro do outro
do outro

entre os usuários
Material resistente
Proporcionar relação entre o
Interação equipamento e o ambiente externo
Elementos que se
integrem com o espaço

Recurso digital Material gráfico


Proporcionar facíl entendimento do Usar ícones

Painel explicativo Usar cores para indicar

uso do equipamento pelo usuário


Proporcionar segurança do
usuário: absorver impacto
Segurança
Proporcionar segurança do
equipamento: sistema de travas
Estrutura moderna Elementos que remetam
à natureza

Atrair frequentadores da orla Funcionalidade Distração

Atratividade
Atrair esportistas Funcionalidade Manutenção Material resistente Conforto

Força Gerar resistência no equipamento


Fonte: Elaborado pela autora.
69

8 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

A geração de alternativas trata da concepção de ideias para configurações


que visam solucionar um problema de projeto. Isso se dá através do uso de técnicas
de representação bi e tridimensional, como sketches, modelos físicos e digitais
(PLATCHECK, 2012). O projeto em questão utilizou os métodos de desenvolvimento
criativo vistos anteriormente como embasamento para elaboração das alternativas
estruturais, como também do desenvolvimento das peças e componentes.

8.1 ALTERNATIVAS ESTRUTURAIS

Na etapa da geração de alternativas estruturais foram utilizados como


referência os manuais e esquemas de montagem e manutenção do equipamento de
remo seco Concept 2 - Modelo A, que se encontra no ANEXO C. Esse modelo
funciona com sistema de resistência a ar, estando de acordo com o método de
alterar a carga escolhido anteriormente, através do grupo focal, para ser aplicado no
produto em desenvolvimento. Também embasou-se na análise estrutural das
funções básicas do produto, nos similares e na matriz morfológica, previamente
vistos.

8.1.1 Alternativa estrutural 01

A primeira alternativa estrutural, figura 29, é composta por um sistema que


utiliza elementos de uma bicicleta viabilizando o retorno do movimento pelo uso da
catraca em uma roda. Na roda também são implementadas chapas que formam uma
ventoinha, tendo assim, um sistema de resistência a ar que é posicionado
verticalmente. Para que a catraca gire e o movimento realizado no equipamento
ocorra, uma correia percorre a catraca e outras engrenagens que a deixam sempre
esticada. O percurso vai desde a catraca ser puxada através da manopla até o
encontro com a corda elástica, que auxilia o movimento de retorno. O banco desliza
solto sobre o trilho, acompanhando o movimento do usuário, não estando
relacionado com os componentes mecânicos do sistema de resistência a ar.
70

Figura 29 - Primeira alternativa estrutural: ventoinha na vertical, vista lateral direita .

Fonte: Elaborado pela autora.

8.1.2 Alternativa estrutural 02

A segunda alternativa estrutural, figura 30, é composta pelo mesmo


mecanismo da opção anterior, porém a configuração dele encontra-se diferente. O
sistema de resistência a ar concebido a partir da roda da bicicleta está posicionado
horizontalmente, permitindo maior visibilidade do usuário ao ambiente em que se
encontra, pelo fato do sistema estar posicionado na parte inferior do equipamento.

Figura 30 - Segunda alternativa estrutural: ventoinha na horizontal, visto superior e lateral direita.

Fonte: Elaborado pela autora.


71

8.1.3 Alternativa estrutural 03

A terceira alternativa estrutural, figura 31, contempla um mecanismo mais


simplista, que envolve bandas elásticas e molas, como as utilizadas em pilates,
visando diminuir a necessidade de manutenção.

Figura 31 - Terceira alternativa estrutural: bandas elásticas e molas, vista lateral direita.

Fonte: Elaborado pela autora.

8.2 ANÁLISE E SELEÇÃO DAS ALTERNATIVAS ESTRUTURAIS

A fim de selecionar a melhor alternativa estrutural, a matriz pugh foi aplicada.


Um modelo de referência é escolhido e comparado com as opções geradas, nesse
caso foi o remo seco Concept 2, já citado anteriormente.

Quadro 3 - Matriz de Pugh.

Fonte: Elaborado pela autora.

A partir da matriz de Pugh foi possível selecionar a alternativa no qual


funcionamento e que mais contempla as necessidades dos usuários. Na segunda
alternativa, com o sistema de resistência a ar posicionado horizontalmente seria
72

mais fácil da correia sair do eixo da roda dentada e o mecanismo parar de funcionar,
apesar de favorecer na questão de não ter nenhuma parte do equipamento na frente
do usuário, interferindo na vista. No quesito de manutenção, todas as opções teriam
fácil reparo e na fluidez a terceira opção é a pior, por não operar com um sistema de
resistência a ar, mas sim molas. A alternativa escolhida foi a primeira opção, que
garante fluidez e um melhor posicionamento do mecanismo.

8.3 CONFECÇÃO DO MODELO

Segundo PLATCHECK (2012) os modelos cumprem a função de reproduzir


os aspectos formais do objeto a fim de certificar se a representação nos sketches
corresponde ao modelo volumétrico. Assim sendo, é possível ir corrigindo o esboço
e adaptando o modelo físico, até alcançar uma representação bidimensional e
tridimensional que correspondam ao modelo planejado. Nesta etapa do trabalho foi
desenvolvido o modelo operacional que representa o funcionamento do produto e
seus subsistemas, sendo este confeccionado em dimensão natural.
A fim de validar o desempenho do produto foi criado um modelo a partir da
alternativa estrutural selecionada, a primeira. O sistema de resistência a ar escolhido
através do grupo focal para ser utilizado no equipamento, na etapa anterior do
projeto, contou com seis peças em sua composição inicial, tais como: roda livre de
bicicleta aro 20 com sistema de catraca, suporte para essa roda, cinta para as pás
que geram resistência, pás a serem posicionadas internamente nos aros da roda,
potes e pás para a superfície externa, respectivamente. Elas podem ser identificadas
na figura 32, a seguir:

Figura 32 - Peças que compõem o modelo do sistema de resistência a ar do equipamento de remo


seco.

Fonte: Elaborado pela autora.


73

Tendo os componentes necessários para a construção do modelo, encaixou-


se a roda em seu suporte e a cinta a envolvendo, para, assim, posicionar as pás.
Foram elaboradas chapas rectangulares de papel bismark 2,5mm para a região
externa da roda, bem como componentes fechados de polipropileno para testar qual
o modelo que geraria maior resistência quando alocado na roda. Para isso, foram
criados parâmetros arbitrários em relação ao número dos elementos e suas
posições, possibilitando então os testes. O primeiro formato das pás também foi
definido aleatoriamente e, ao longo do processo de testes, foi sendo desenvolvido
uma configuração que melhor convém com a estrutura da roda previamente
estabelecida, conforme pode-se ver na figura 33. Para garantir validade nos ensaios,
objetivou-se aplicar a mesma força para a roda girar em todas as tentativas e
cronometrou-se o tempo que levava até ela parar de rodar com as diferentes
superfícies que estavam sendo testadas.

Figura 33 - Evolução da forma das pás internas.

Fonte: Elaborado pela autora.

Primeiramente 12 pás retangulares foram encaixadas externamente na roda.


Em seguida, foram adicionadas 12 pás internas, colocadas nos aros. Na sequência
aumentou-se para 21 o número de peças nos aros e por fim, retiraram-se os
elementos e foram deixadas apenas 12 peças internas, conforme ilustra a figura 34
que segue:
74

Figura 34 - Teste de resistência a ar em relação ao formato e quantidade de peças na roda.

Fonte: Elaborado pela autora.

A figura 35 mostra que em seguida, retirou-se todas a peças e foi dobrado o


número de pás na cinta, passando a ser 24. Novamente, foram adicionadas 12
chapas internas, totalizando 36 superfícies para gerar resistência. Na sétima
testagem o limite de área do modelo foi atingido, tendo 24 pás externas e 21
internas, num total de 45 lâminas gerando barreira ao ar. Enfim, todas as peças
externas foram retiradas mais uma vez e testou-se apenas as internas, sendo elas
21 unidades.

Figura 35 - Continuação do teste de resistência a ar em relação ao formato e quantidade de peças na


roda.

Fonte: Elaborado pela autora.

Para dar continuidade nos ensaios trocou-se o formato da estrutura que se


encaixa, sendo ela um pote plástico no formato cúbico com um dos lados abertos.
Preliminarmente foram acoplados 12 potes à cinta. Suas aberturas encontravam-se
75

viradas para cima. Após realizado o teste com o cronômetro, modificou-se a posição
dos potes, sendo eles colocados de lado, todos com a abertura virada para o mesmo
sentido. Por fim, alternou-se o lado das aberturas, intercalando o seu direcionamento
com o outro lado. Pode-se verificar o teste na figura 36 que segue:

Figura 36 - Teste de resistência a ar envolvendo peças de área fechada e alternância de posição.

Fonte: Elaborado pela autora.

Criou-se um quadro (4) com os valores obtidos nos testes realizados


anteriormente, para melhor visualização e comparação dos resultados, que pode ser
visualizado na sequência. Tendo visto os tipos de superfícies acopladas na roda, foi
cronometrado o tempo que ela levava até parar de girar. Isso foi feito em todas as
situações citadas anteriormente e cada uma teve duas repetições além da operação
original, para que, fosse calculada uma média dos valores em cada situação e no fim
comparadas entre si. A média que obteve o menor valor foi o resultado escolhido,
pois significou que a roda parou de girar em um menor tempo, isso devido à
resistência a ar gerada pelas estruturas que estavam sendo testadas. Dessa forma,
pôde-se visualizar que a disposição de peças que melhor funcionou foi a de 12 pás
externas e internas, totalizando 24 no total. No quadro também encontram-se
assinalados por cores o segundo e terceiro melhor desfecho. Esses resultados
foram obtidos através de ensaios e comparação, tendo parâmetros previamente
estabelecidos, como o formato da estrutura, a quantidade, o posicionamento, o
material e o impulso dado à roda para o movimento ser realizado, a partir disso,
tendo o tempo cronometrado e criando repetições para a amostragem ter maior
76

confiabilidade. Os testes justificam a escolha das quantidades das pás e do formato


retangular.

Quadro 4 - Quadro comparativo dos resultados obtidos após cronometrar o tempo que levou para o
movimento da roda parar, tendo acoplado em si diferentes peças para gerar resistência.

Fonte: Elaborado pela autora.

A partir dos testes realizados foi possível inferir que o formato da peça, a
quantidade e a disposição influencia no resultado. Outro aspecto que também pode
ser associado é a escolha do material, que influi na resistência gerada, devido às
suas propriedades. É possível depreender que as medições realizadas não tenham
uma precisão exata pela forma com a qual foram realizadas, podendo ter uma leve
distorção de intensidade no impulso gerado pelo operador, porém como foram
realizadas duas repetições além do procedimento inicial, atingiu-se uma média que
pode ser considerada como resultado válido. O fato dos testes terem sido realizados
apenas com o sistema de resistência a ar fora da estrtutura que o protege
77

impossibilita retratar com total fidelidade de como será a circulação do ar com a


carcaça, mas pôde retratar que tipo de superfície melhor atuou para que o sistema
parasse de rodar em menos tempo.

Após ser estabelecido quais peças se acoplariam à roda, montou-se o


sistema de resistência de ar que será utilizado no equipamento desenvolvido neste
projeto. Tendo isso definido, pôde-se começar a analisar como seriam
implementados os outros elementos que compõem o equipamento. A partir do
similares notou-se que para o mecanismo funcionar deve existir um elemento que
movimente o sistema de resistência a ar ao puxá-lo, tal como itens que estruturem
os demais componentes. A figura 37 abaixo pode ilustrar a situação citada
anteriormente, identificando os itens que estão compondo o equipamento.

Figura 37 - Modelo do sistema de resistência a ar.

Fonte: Elaborado pela autora.

Ao montar o modelo torna-se visível em que local devem ser inseridas as


engrenagens e a quantidade necessária para que a correia tenha um caminho a
percorrer sem que fique solta e permita que o conjunto do sistema opere
devidamente. Também pode-se inferir que ao construir o modelo fica mais aparente
o local no qual os mecanismos realmente devem estar posicionados para, assim,
projetar a carcaça do equipamento, prevendo já esses parâmetros pré-
estabelecidos, como também ter conhecimento do tamanho que o suporte do
78

sistema deve ter para sustentar o movimento que será realizado ao acionar o
sistema de resistência de ar. A correia utilizada é presa a um fio de nylon que tem
uma pega na sua extremidade e é puxado para realizar o movimento do remo. Da
mesma forma a correia é unida a uma corda elástica presa a uma estrutura fixa,
garantindo, assim, um movimento fluído que também ocorre devido à performance
da catraca da roda que permite esse tipo de deslocamento. Esse funcionamento
citado pode ser constatado na figura 38 que segue:

Figura 38 - Modelo funcional do equipamento de remo seco.

Fonte: Elaborado pela autora.


79

9 DESENVOLVIMENTO

Tendo já solucionado o posicionamento dos componentes mecânicos e a


estrutura funcional, na etapa do desenvolvimento trabalhou-se com as alternativas
estéticas. Utilizou-se dos painéis semânticos desenvolvidos anteriormente, da matriz
morfológica e do brainstorming para auxiliar o desenvolvimento criativo. As figuras
39, 40, 41, 42, 43 e 44 representam alternativas aos componentes do equipamento,
como a manopla, assento e apoio para os pés.
A figura 39 a seguir apresenta soluções para fixar os pés nos apios
posicionados lateralmente ao trilho do equipamento. Os desenhos foram gerados a
partir de duas alternativas presentes na matriz morfológica na categoria de
acomodar os pés. A opção final foi selecionada a partir de um grupo focal formado
por três designers que elegeram o uso elástico como forma mais adequada de
solucionar o problema desse componente do equipamento, pois permite que os
diversos tamanhos de pés sejam facilmente acomodados, de forma que proporcione
conforto e praticidade.

Figura 39 - Sketches das alternativas para o apoio dos pés.

Fonte: Elaborado pela autora.


80

A figura 40 mostra a alternativa final do assento do equipamento que tem em


sua parte posterior uma abertura que permite a inclinação do usuário, bem como
utiliza de mecanismos de encaixe que possibilitam regular a altura do banco.

Figura 40 – Sketches das alternativas para o banco .

Fonte: Elaborado pela autora.

A partir da manopla busca-se permitir uma melhor liberdade de movimento


dos membros superiores dos usuários, possibilitando que as mãos criem uma
angulação vista durante a prática na água. Como constatado na matriz morfológica
quando se trata do livre movimento das mãos, elas podem realizar o deslocamento
separadas ou juntas, gerando a possibilidade de trabalhar melhor a técnica, como
também a força, respectivamente. A figura 41 ilustra o desenvolvimento das
alternativas que precedem o resultado final.
81

Figura 41 – Sketches das alternativas para a manopla .

Fonte: Elaborado pela autora.

A figura 42 apresenta a solução final do apoio para os pés com uma


alternativa adicional de regulagem de angulação que, junto ao grupo focal, foi
descartada para evitar o acréscimo de mais um mecanismo que tem baixa
relevância quando analisado os requisitos de projeto.

Figura 42 - Sketches das alternativa final da regulagem do apoio para os pés.

Fonte: Elaborado pela autora.


82

As figuras 43 e 44, respectivamente, mostram as possibilidades geradas para


o mecanismo de regulagem do banco, bem como as formas de fixação do apoio
para os pés na estrtutura do equipamento.

Figura 43 - Sketches das alternativas de regulagem da altura banco .

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 44 – Sketch final da alternativa do apoio para os pés com as devidas regulagens.

Fonte: Elaborado pela autora.


83

A partir das alternativas geradas, com o auxílio das ferramentas de


desenvolvimento criativo, foi determinado o formato final do equipamento com seus
componentes pelo grupo focal. O brainstorming e mapas mentais serviram para
alcançar aspectos mais intangíveis do produto, visando atender às necessidades
dos usuários previamente levantadas.
84

10 DETALHAMENTO DO PRODUTO

O projeto obteve como resultado um equipamento de remo seco para ser


posicionado em áreas externas, com um perfil estético de formas simples e
orgânicas (figura 45), satisfazendo ao conceito trabalhado durante o processo de
desenvolvimento, e sendo caracterizado por permitir um movimento fluído ao usuário
na prática do exercício. A solução final adveio dos requisitos e parâmetros projetuais
levantados ao longo do trabalho, considerando as medidas antropométricas do
público alvo. A validação do produto final foi realizada por meio de testes e
verificações, na construção do modelo, que garantiram a viabilidade funcional do
mesmo.

Figura 45 - Modelo final do equipamento de remo seco para áreas externas.

Fonte: Elaborado pela autora.

A parte estética foi certificada através da apresentação do modelo virtual a


usuários de AAL e esportistas, bem como a confecção de um protótipo em escala
reduzida, 1:12, produzido através de impressão 3D com filamento ABS (figura 46).
85

Figura 46 - Protótipo em escala reduzida 1:12 feito em impressão 3D.

Fonte: Elaborado pela autora.

O equipamento é dividido em subsistemas, contendo seis partes principais:


(A) trilho, (B) sistema de resistência de ar, (C) banco, (D) apoio para os pés, (E)
manopla, e (F) caixa de proteção do sistema de resistência (figura 47):

Figura 47 - Componentes principais do modelo final .

Fonte: Elaborado pela autora.


86

O trilho possui uma forma orgânica e um trecho retangular que possibilita o


deslocamento do banco, tendo duas fendas laterais a fim de que as rodas
permaneçam no eixo. Em suas bases há quatro furos de 10mm de diâmetro que
permitem a passagem de parafusos, a fim de fixar o equipamento no chão. Na parte
inferior do trilho há uma tubulação no qual a corrente que vai da manopla, passando
pelo sistema de resistência a ar, encontra a corda elástica que permite impulsionar o
movimento de volta, conforme pode ser visto na figura 48, a seguir. O processo de
produção se dá através da conformação sob pressão das chapas de aço carbono
SAE 100816 e a junção das mesmas através da sodagem MIG, soldagem de metal
por arco elétrico e gás de proteção (Ashby, 2011). A fixação da estrtutura no chão
ocorre através de furação e uso de uniões rocadas.

Figura 48 -Trilho do equipamento e correia com elástico.

Fonte: Elaborado pela autora.

O uso do sistema de resistência de ar em um equipamento de academia ao ar


livre é um diferencial, pois os aparelhos já analisados em similares anteriormente
trabalham apenas com o peso do corpo do usuário, dessa forma o sistema aplicado
auxilia em um desenvolvimento mais eficiente da musculatura. Esse sistema

16
Norma de entidade americana que classifica os materiais.
87

funciona através de um mecanismo no qual uma corrente de transmissão simples de


rolos percorre uma catraca e quatro engrenagens até se unir a uma corda elástica,
que auxilia o impulso para o movimento de volta. A catraca proveniente de uma roda
de bicicleta aro 20 permite o retorno da correia, que associada à corda elástica e à
manopla garante um movimento fluído. O deslocamento da correia pelos
componentes mecânicos faz com que a roda de aro 20 adaptada com 12 pás
retangulares externas e internas rotacione, gerando assim a resistência, que se dá
através do atrito com o ar (figura 49 a). As pás, tanto internas, quanto externas,
foram projetadas para serem encaixadas em uma roda de aro 20 e, posteriormente,
soldadas, a fim de evitar qualquer tipo de deslocamento das peças. Há duas chapas
que estruturam todo o sistema e, através de um eixo (parafuso passante sem
cabeça), consegue-se relacionar a parte funcional interna do produto com a parte
estrutural externa, a carcaça (figura 49 b). Todas as engrenagens são fixadas
através de parafusos sextavados passantes com cabeça e de porcas.17 Todo o
sistema está estruturado na parte anterior do equipamento. As lâminas que formam
a ventoinha são produzidas através da estampagem e posteriormente soldadas aos
aros da bicicleta.

Figura 49 - Sistema de resistência a ar estruturado.

Fonte: Elaborado pela autora.

17
Definição do tipo de parafusos foi extraído do Portal Metálica. Disponível em:
http://wwwo.metalica.com.br/artigos-tecnicos/parafusos.
88

O assento tem uma forma orgânica para melhor acomodar o usuário e uma
abertura atrás para permitir o movimento realizado no remo seco que requer o
inclinamento do tronco para trás. O banco foi projetado para permitir a regulagem da
altura, tornando o equipamento mais ergonômico e isso foi possível através de um
sistema de encaixe. As duas partes desse componente encontram-se fechadas no
modelo padrão, porém, quando necessário, pode-se levantar as alças laterais (que
são articuladas através de pinos) e elevar a parte superior, encaixando, assim, as
duas peças. As presilhas laterais se fecham nos sulcos existentes na parte inferior, a
fim de garantir maior segurança e estabilidade, sendo a altura regulada já pré-
definida pelo posicionamento dessas aberturas. As rodas com rodízios são fixadas
na parte inferior do banco (figura 50)

Figura 50 - Regulagem altura banco e seus componentes.

Fonte: Elaborado pela autora.

O apoio para os pés é um componente que fixa os pés do usuário junto ao


trilho a fim de orientar a posição que deve se estar para realizar o movimento da
remada corretamente (figura 51). O componente tem comprimento e altura ajustável
que é possibilitado pela utilização de um elástico na parte central e superior do
89

mesmo. A medida mínima e máxima foi estabelecida a partir do percentil 5 e 95


retirados do Panero (2002), e essas informações antropométricas encontram-se no
APÊNDICE F. Esse objeto está posicionado nos dois lados do trilho na parte anterior
e é fixado através de parafusos passantes hexagonais e porcas em uma superfície
inclinada nas laterais.

Figura 51 - Apoio para os pés e seus componentes

Fonte: Elaborado pela autora.

A manopla está conectada à correia que passa pelo sistema de resistência e


junta-se à corda elástica. A fim de proporcionar uma melhor simulação do esporte
remo, em que em um barco para uma pessoa ("single skiff") dois remos são
utilizados e a angulação do cabo com a mão é relevante18, foi projetada uma pega
que pode ser dividida ao meio e se transformar em dois cabos distintos (figura 52),
permitindo representar a situação citada anteriormente, como também a de estar
com apenas um remo (as duas mãos segurando um único eixo). Esse cenário é
visto quando o barco tem espaço para mais de um remador e os remos são

18
Informação coletada em entrevista com o professor Manoel Azzi no Grêmio Náutico União (GNU),
sede Ilha do Pavão, na fase de pré-projeto em 13 de abril de 2018.
90

intercalados, tendo cada esportista apenas um remo que é direcionado para um dos
lados do barco.

Figura 52 – Manopla dividida ao meio.

Fonte: Elaborado pela autora.

A caixa de proteção do sistema de resistência (figura 53) tem a função de


preservar o sistema, abrigando-o contra as intempéries e, assim, conservando os
componentes metálicos por uma maior duração. Também visa resguardar os
usuários ao prevenir acidentes que ocorrem quando se tem um contato direto com o
sistema de resistência a ar em movimento. A caixa possui duas aberturas cilíndricas
internas que permitem que ela seja acoplada através do eixo ao sistema de
resistência, isso é possível por ser de um material polimérico que possui menor
densidade que o metal. Quando se encontra em contato na parte externa com o
trilho há a aplicação de uma camada de adesivo bicomponente à base de resina
epóxi19 para melhor fixação. Também tem em sua superfície aberturas de 4mm de
espessura que permitem com que o ar atravesse a carcaça (essa medida foi

19
Disponível em: https://www.extra.com.br/Papelaria/ArtePintura/Colasartesanato/Cola-Epoxi-Scotch-
Mix-Incolor-15-min-Item-
9297968.html?gclid=Cj0KCQiA_s7fBRDrARIsAGEvF8ToRIz8C7S5Wuv7bBZeuvJrQ6mZtBKM_NozX
D_DRhflP_r1UQ-
91

projetada para evitar que dedos de crianças pudessem passar por ela e atingir o
sistema). Na parte inferior há uma abertura que permite uma maior entrada de ar na
estrtutura, bem como facilita a manutenção (essa região fica de difícil alcance para
os usuários, visando prevenir acidentes).

Figura 53 - Caixa de proteção do sistema de resistência.

Fonte: Elaborado pela autora.

A escolha dos materiais do equipamento priorizou características como


resistência à corrosão, por se tratar de instalação em ambiente externo, fácil
conformação, facilitando o processo de fabricação e baixo custo. O aço carbono foi
selecionado para os componentes mecânicos do sistema de resistência a ar, como
as engrenagens, parafusos e roscas e para todas as peças estruturais do sistema de
resistência, isso por ser um material forte, duro, fácil de ser conformado e barato
(Ashby, 2011).

O trilho que corresponde à grande parte da estrutura do produto é de aço


carbono pintado, resistindo melhor à corrosão. O apoio para os pés, o banco, e a
caixa de proteção do sistema de resistência são de ABS, polímero rígido, resiliente,
92

fácil de moldar e resistente à radiação UV. Esse polímero tem densidade de 1,01-
1,21 Mg/m³, sendo ele menos denso em comparação ao aço carbono de 7,8-7,9
Mg/m³ (Ashby, 2011).

Por fim, o elástico do apoio para os pés e a manopla são produzidos a partir
do elastômero propileno-etileno (EP, EPM, EPDM), visando garantir melhor
aderência da pega ao usuário e dos pés ao local destinado a eles, sendo estas as
propriedades físicas apresentadas: mínima deformação por compressão, boa
resistência a intempéries e UV (Ashby, 2011).

Quanto ao posicionamento do produto, ele pode ser facilmente introduzido à


qualquer ambiente de área externa pública (figura 54). Foi determinado ser em local
público a fim de garantir o acesso da população à prática de atividades físicas. Uma
vez que instalado em bem de uso comum do povo (o espaço três da orla do guaíba),
a manutenção deverá ser feita pelo município de Porto Alegre, seja através de
gastos de natureza orçamentária (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e
Esporte) seja através de parceria público privada. Podem ser instalados quantos
equipamentos forem desejados, desde que seja respeitada a relação entre as
medidas dos equipamentos e a área livre que deve ser mantida entre eles20.
Correlacionando os dados obtidos no manual do remo seco Concept 2, Modelo D,
com as informações técnicas do produto desenvolvido neste projeto, calcula-se que
o espaçamento entre os equipamentos deve ser de 560 mm (esse valor equivale à
distância do eixo central de um dos equipamentos até o eixo central do outro).

20
Informação extraída do manual para os usuários do remo seco Concept 2, Modelo D. Disponível
em: https://www.concept2.com/files/pdf/us/indoor-rowers/DE_UsersManual.pdf
93

Figura 54 – Ambientação dos equipamentos .

Fonte: Elaborado pela autora.

O equipamento dispõe de instruções de uso que permitem aos usuários uma


melhor visualização do funcionamento do remo seco (figura 55), visando satisfazer a
necessidade dos usuários de que a utilização do produto fosse de fácil interpretação.
Esse conteúdo informacional é fixado ao equipamento através de adesivagem,
constando nele uma explicação de como ajustar os componentes do equipamento e
quais movimentos são realizados durante o uso do aparelho. A fim de melhor
compreender como expor esse tipo de informação, foi realizada uma breve análise
de similares, conforme mostra o APÊNDICE G.
94

Figura 55 – Conteúdo informacional sobre o uso do equipamento de remo seco.

Fonte: Elaborado pela autora.


95

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista os aspectos abordados neste projeto, como a falta de acesso


ao esporte e ao investimento no desenvolvimento de equipamentos esportivos, esse
trabalho mostra um fator que ganha atenção nos dias atuais. Ao longo das
entrevistas e questionários realizados, pôde-se ver a carência dos usuários perante
a existência de equipamentos situados ao ar livre e que garantam um desempenho
adequado a quem os utiliza.
A partir do reconhecimento das necessidades dos usuários foi possível
desenvolver alternativas durante o processo criativo que estivessem de acordo ao
estilo de vida desse público que gosta de se manter ativo e estar em contato com a
natureza. Obteve-se também os parâmetros projetuais que direcionaram os
aspectos mais técnicos do desenvolvimento do produto. O fato dele ser posicionado
em áreas externas criou um desafio, visto que fica exposto às intempéries, dessa
forma o designer tem o papel de entender os materiais e suas propriedades e
selecionar adequadamente, visando um bom desempenho do equipamento. A
construção do modelo operacional durante a fase de criação também teve um
importante papel, pois permitiu que fosse identificado em que lugar os componentes
mecânicos deveriam estar e, só a partir disso, tornou-se possível pensar em
soluções estéticas.
Quanto ao processo de desenvolvimento do produto, mostrou-se fundamental
a utilização de uma metodologia bem estruturada, oferecendo ferramentas
adequadas para cada etapa trabalhada. A metodologia auxilia a cumprir os objetivos
específicos do trabalho, como visto quando se abordou a necessidade da
construção de um modelo e do entendimento das necessidades dos usuários.
Conclui-se que a partir do uso das ferramentas e metodologia escolhida,
pôde-se obter um resultado satisfatório para o problema abordado. As necessidades
dos usuários e os requisitos de projeto foram integrados à concepção do produto, o
que favorece uma solução satisfatória, sendo um equipamento que possibilita um
movimento fluído cumprindo com o seu propósito de ter livre acesso pelo público.
96

REFERÊNCIAS

Academias ao ar livre: Orientação para a Gestão Municipal do estado de Minas


Gerais, 2017. Disponível em:
http://www.esportes.mg.gov.br/publicacoes/cartilhas/guia-academia.pdf. Acesso em
15 jun. 2018.

ANTOCHEVIZ, Fabiana Bugs; REIS, Antônio Tarcísio da Luz; LIMBERGER,


Lucienne Rossi Lopes. Cais Mauá: percepção dos usuários da cidade, diretrizes e o
projeto de revitalização para a área. Ambient. constr., Porto Alegre , v. 17, n. 3, p.
199-218, Julho 2017.

ASHBY, Michael. Materiais e design: arte e ciência da seleção de materiais no


design de produto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

BACK, Nelson et al. Projeto integrado de produtos: Planejamento, concepção e


modelagem. Barueri: Manole, 2008.

BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos - 3.
ed. São Paulo: Blucher, 2011.

BURDEK, Bernhard E. Design: história, teoria e prática do design de produtos. São


Paulo: Blucher, 2010.

Caderno do Professor do Prêmio Jovem Cientista 2012: Inovação Tecnológica nos


Esportes/ Prêmio Jovem Cientista - Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho,
2012.

CASTAÑON, José Alberto Barroso et al. Academias ao Ar Livre: uma análise dos
espaços públicos. Blucher Engineering Proceedings, v. 3, n. 3, p. 126-137, 2016.
Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/engineeringproceedings/conaerg2016/7011.pdf>. Acesso em 19
jun. 2018.
97

CHEDIEK, Jorge. Nações Unidas no Brasil, 2015. Disponível em :


https://nacoesunidas.org/pnud-apoia-politicas-para-o-esporte-como-fator-de-
desenvolvimento-humano/.

Depoimento de Roberto SHULZ. Projeto garimpando memórias, entrevista E-13.


Porto Alegre – UFRGS, 2002.

DIAS, Cláudia Augusto. Grupo focal: técnica de coleta de dados em pesquisas


qualitativas. Informação & Sociedade, v. 10, n. 2, 2000.

FLOOD et al. The complete guide to indoor rowing. London: Bloomsbury, 2012.

GEHRKE, Amanda Elisa Barros; RUGE, Diana; FEDRIZZI, Beatriz. Percepção


ambiental dos frequentadores da orla do lago Guaíba na cidade de Porto
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2011. Disponível em:<http://www.elecs2013.ufpr.br/wp-
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SCHUSTER et al. Aplicação do diagrama de Mudge e QFD utilizando como exemplo


a hierarquização dos requisitos para um carro voador. 2014. Disponível em:
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LIMA et al. Cinesiologia e Musculação. Porto Alegre: Artmed Editora S.A., 2006.

MACHADO, Andréa Soler. A borda do rio em Porto Alegre: arquiteturas imaginárias,


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MCGINNIS, Peter M. Biomecânica do esporte e do exercício-3. Artmed Editora,


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MINAS GERAIS. SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTES. Academias ao Ar


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Acesso em 20 mai. 2018

PANERO, Julius. Dimensionamento humano para espaços interiores: Um livro de


consulta e referência para projetos. Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 2002.

PLATCHECK, Elizabeth Regina. Design industrial: metodologia de EcoDesign


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PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. SECRETARIA DO


PLANEJAMENTO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. A Reintegração do Guaíba
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QUESENBERY et al. Storytelling for user experience. Rosenfeld media, LLC, 2010.

ROCCO, A. M.; SILVEIRA, A. D. Ferramental para eficiência em vendas. In:


Congresso de Admi- nistração e Gerência, 2008, Cascavel. Anais... Cascavel:
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SANTIAGO, Paulo Roberto. Brasil precisa investir no desenvolvimento de


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https://jornal.usp.br/atualidades/brasil-precisa-investir-no-desenvolvimento-de-
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SAPPER, Stella Lisboa. A Transposição dos Requisitos Estéticos e Simbólicos de


projeto em Atributos Formais do Produto. Porto Alegre, 2015.
99

SILVA, Carolina Fernandes da; MAZO, Janice Zarpellon. Vestígios das Práticas
Náuticas no Rio Grande do Sul: as primeiras competições de remo. in: Licere, Belo
Horizonte,v.20, n.2, jun/2017.

SILVA, Carolina Fernandes da; MAZO, Janice Zarpellon; CARNEIRO, Mayara da


Silva Miranda Araujo. Esportes Naúticos, identidades culturais e o positivism no Rio
Grande do Sul. In: Pensar a Prática, Goiânia, v.20, n.4, out./dez, 2017.

SOUSA, Luciano Luiz de; Fatores de abandono dos atletas na prática do remo
competitivo. Porto Alegre – UFRGS: Monografia, 2010.

TOIGO et al. A evolução dos equipamentos de remo: Do carrinho móvel ao remo de


cutelo. Porto Alegre – UFRGS, 1999.
100

ANEXO A - SOLICITAÇÃO PARA VISITAÇÃO DO GNU


101

ANEXO B - BILHETE PARA ACESSO AO GNU


102

ANEXO C - ESQUEMAS DE MONTAGEM E MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO


DE REMO SECO CONCEPT 2 - MODELO A
103

APÊNDICE A - ENTREVISTA DA PRÉ-PESQUISA NA ÍNTEGRA

Clube Veleiros do Sul

Em visita ao Clube Veleiros do Sul, situado na Av. Guaíba, 2941 - Vila


Assunção, Porto Alegre, no dia 9 de abril de 2018, foi possível realizar uma
entrevista com o profissional de educação física e professor da Escola de Vela
Minuano Ricardo Titoff Salvador. Obteve-se informações relevantes para o
entendimento da prática da vela, tal como o manuseio dos equipamentos dos barcos
e o treino preparatório para simular a situação do esporte e trabalhar a mesma
musculatura utilizada de quando se veleja. Levantou-se a necessidade de um
simulador para velejar e de um para o remo de canoa havaiana, esporte também
praticado pelo entrevistado.
O Clube tem posse de diferentes tipos de barcos, mas os mais citados foram
o A classe 420, para dois tripulantes, o A classe snipe, que é o considerada a
categoria mais técnica e tradicional de vela, também para dois esportistas, e o A
classe laser, que é o modelo olímpico mais popular e é tripulado apenas por um
velejador. O preparo físico, como é realizado atualmente, conta com o uso de uma
bola de pilates, para promover o movimento instável do barco, uma cinta para
prender os pés contra um espaldar e um instrumento para puxar simulando o cabo
da vela. Também é trabalhado o movimento do corpo para trás e de se abaixar para
passar para o outro lado do barco. Foi relatado que para os iniciantes na prática
náutica há aulas teóricas e práticas.
Ao ser questionado sobre o porquê da procura por esportes dessa natureza, o
professor afirmou que isso se dá primeiramente pela sociabilização e pelo meio em
que é praticado, percorrendo paisagens naturais.

Clube Grêmio Náutico União

No dia 13 de abril de 2018 ocorreu a entrevista com o professor da escola de


remo Manoel Azzi do Grêmio Náutico União na sede da Ilha do Pavão, Avenida
Mauá 1050, armazém C3, doca 2. Para ter acesso à ilha, barcas fazem o transporte
de alunos e funcionários, com origem no cais. A ida ao clube proporcionou um
melhor entendimento da prática do esporte e do preparo físico necessário para
104

atletas obterem um bom desempenho. A visita foi dividida em três momentos:


entendimento do esporte e suas informações essenciais, ida à garagem, local no
qual os barcos ficam armazenados, e academia, espaço com os equipamentos de
preparo físico, incluindo o remo ergométrico, e de treinamento técnico.
De acordo com o entrevistado, trata-se de um esporte caro, pois o material
utilizado de qualidade superior é importado, tendo equipamentos chegando à
R$300.000. Ao ingressar em uma escola de remo, o primeiro contato é dado no
tanque de aprendizagem, que é um simulador em uma piscina oca, proporcionando
a circulação da água, que serve para treinar o movimento realizado no barco. Neste
equipamento o pé é preso na braçadeira e os membros superiores manipulam o
remo, que quando simples tem um maior comprimento e é utilizado apenas um. O
tanque da escola visitada não possui um condutor de água para que quando ela
circule seja trabalhada a velocidade do remador com seu equipamento. O equilíbrio
necessário para a prática do esporte não está no posicionamento do corpo, mas sim
nos remos, com o movimento dos braços e mãos.
A experiência inicial em um barco a remo é dada em um barco escola, o
canoe, representado na figura 1, que tem dimensões maiores para proporcionar
estabilidade ao usuário. Esse modelo é de fibra de vidro, se tornando um pouco
mais pesado, tem palamenta dupla, dois remos, e é para o uso de uma pessoa só,
visando treinar as manobras e deslocamento básico, tratados no nível um da escola
de remo, tendo duração de aproximadamente um a dois meses. Quando já adquirida
prática, o aluno segue ao segundo nível, no qual passa a utilizar equipamentos com
dimensões encontradas em barcos de competição. O skiff, figura 2, é um barco mais
instável, mas que proporciona maior velocidade, sendo também de palamenta dupla
para só uma pessoa. Já o double skiff, é um pouco mais largo e serve para dois
remadores, necessitando, nesses casos, o trabalho em equipe. O barco denominado
four skiffs é projetado para quatro remadores, porém dentro dessa categoria há uma
divisão: o 4+ e o 4-,com e sem timoneiro, respectivamente, sendo o timoneiro, a
pessoa que governa o barco. Em equipamentos para essa quantidade de
esportistas, o posicionamento de cada um é importante, sendo necessário que
remem cada um para um bordo, intercalando entre si. No remo, ao contrário de
outros esportes náuticos o boreste e bombordo têm o sentido invertido, pelo fato de
que se rema de costas,para garantir maior velocidade, tornando o bombordo o lado
direito e o boreste, lado esquerdo do barco. Na escola do GNU, quem chega ao
105

terceiro nível já é considerado atleta, sendo exigido um maior número de treinos e


preparo físico para poder realizar a prática esportiva na competência necessária.
Os jovens que são atletas passam a utilizar a sala de musculação que contém
equipamentos que trabalham mais os membros inferiores, pois no remo, de acordo
com o entrevistado, 86% do esforço necessário é dado nos membros inferiores e,
apenas 14% nos membros superiores e tronco. Os equipamentos utilizados são os
flexores, extensores e supino, visando sempre o equilíbrio da musculatura. O remo
ergométrico, Concept 2, é usado para condicionamento e fortalecimento dos
músculos, podendo dosar a carga exercida, porém não há o desequilíbrio que existe
no barco e o movimento dos membros superiores se dá em apenas uma direção,
não simulando o arco que é realizado quando dentro da água. A carga é regulada de
1 a 10, a partir da entrada de ar, que quanto maior, mais força deve ser exercida e o
assento do carrinho do equipamento deve ter uma abertura atrás devido ao
movimento exercido pelo tronco, tornando-se ergonômico. Não há regulagem no
tamanho dos bancos, nem na altura, porém as braçadeiras têm ajustes.
106

APÊNDICE B - QUADROS DO CRONOGRAMA

Cronograma de trabalho do TCC 1.

Fonte: Elaborado pela autora.


107

Cronograma de trabalho do TCC 2

Fonte: Elaborado pela autora.


108

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO COM USUÁRIOS DE AAL


109
110

APÊNDICE D - QUADRO DE SISTEMAS DE RESISTÊNCIA UTILIZADO EM


GRUPO FOCAL
111

APÊNDICE E - RESPOSTAS GRUPO FOCAL

Nome participante: Aline Reis Kauffmann


112

Nome participante: Camila Civardi Rissato

Nome participante: Camila Vieira Ghisleni


113

Nome participante: Emilio Bier Marostega

Nome participante: Hígor Potrich Benites


114

Nome participante: Flávia Pereira Strattmann

Nome participante: Luis Augusto Kuwer Bugin


115

APÊNDICE F - MEDIDAS ERGONOMIA PANERO (2002)


116
117

APÊNDICE G - ANÁLISE DE SIMILARES: INFORMATIVO USO DE


EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA
118

APÊNDICE H - DETALHAMENTO TÉCNICO


1
2

3 11 17
4
6
18
7 19
20
21
8
15
9
22
5

12 10 16

23
11 24

ITEM QTDE DESCRIÇÃO MATERIAL 15 8 porca 8 mm aço carbono

14 13 1 1 cinta externa polímero ABS 16 1 manopla propileno etileno


propileno etileno
2 1 caixa de proteção do sistema polímero ABS 17 2 suporte pé
/ ABS
3 1 aço carbono com
eixo 10mm aço carbono 18 1 trilho pintura
15 4 5 porca 10mm aço carbono 19 1 parte superior assento polímero ABS
5 1 suporte lateral aço carbono 20 2 presilha assento polímero ABS
6 12 pá externa aço carbono 21 8 pino presilha alumínio
7 1 aro 20 bicicleta aço carbono 22 1 parte inferior assento polímero ABS
8 12 pá interna aço carbono 23 4 roda assento poliuretano
9 1 catraca aço carbono 24 3 parafuso 10mm sem porca aço carbono
10 4 engrenagem eixo 8mm aço carbono
11 8 parafuso 8mm aço carbono
12 1 corrente aço carbono
13 1 corda elástica propileno etileno
14 1 suporte lateral com furação aço carbono UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA 1:6
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - LISTA DAS PEÇAS E COMPONEN- MILÍMETROS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:4
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
5 mm

100 mm

20 mm
19 mm

Observações
1. Peça fabricada em elastômero propileno-etileno.

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FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:2
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - MANOPLA I MILÍMETROS
.
5 mm

20 mm
100 mm

20 mm
18 mm

5 mm

Observações
1. Peça fabricada em elastômero propileno-etileno.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:2
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - MANOPLA II MILÍMETROS
Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

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FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:4
TÍTULO UNIDADES
RODA ARO 20 - COMPONENTE SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
74 mm 68 mm

8 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:4

TÍTULO UNIDADES
SUPORTE LATERAL COM FURAÇÃO - COMPONENTE MILÍMETROS
SISTEMA DE RESISTÊNCIA
10 mm

117 mm 4 mm

233,5mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

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FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:4

TÍTULO UNIDADES
SUPORTE LATERAL - COMPONENTE SISTEMA DE MILÍMETROS
RESISTÊNCIA
73 mm

13 mm

8 mm

10 mm
4 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

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FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:2

TÍTULO UNIDADES
ENGRENAGEM FURO 8MM - COMPONENTE SISTEMA DE MILÍMETROS
RESISTÊNCIA
53,4 mm

10,4 mm

39,6 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

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FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:2

TÍTULO UNIDADES
CATRACA - COMPONENTE SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
70 mm
3 mm

4 mm
13 mm
2 mm
30 mm
4,5 mm

3 mm 13 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:1
TÍTULO UNIDADES
PÁ EXTERNA - COMPONENTE SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
70 mm

3 mm

20 mm

8 mm

3 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:1
TÍTULO UNIDADES
PÁ INTERNA - COMPONENTE SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
15,5 mm

8 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:1
TÍTULO UNIDADES
PORCA 8MM - COMPONENTE SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
11,2 mm

8 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:1
TÍTULO UNIDADES
PARAFUSO 8MM - COMPONENTE SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
15,6 mm

10 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:1
TÍTULO UNIDADES
PORCA 10MM - COMPONENTE SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
160 mm

10 mm

Observações
1. Peça fabricada em aço carbono.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:2
TÍTULO UNIDADES
EIXO - COMPONENTE SISTEMA DE RESISTÊNCIA MILÍMETROS
R65.91

8.00
225.20
235.20

219.25
99.25
100.00

40.00
35.00

25.00

7.00
40.50

30.00

4.00
10.00

36.57
35.00

Observações
1. Assento fabricado em ABS.
2. Rodas com rodízios fabricadas em ABS.
335.20 3. Encaixe rodas fabricado em aço carbono pintado.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL


FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:4
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - BANCO INFERIOR COM RODAS COM RODÍZIO MILÍMETROS
166.93
100.00

166.93
690.00

650.00

Observações
1. Fabricado em ABS.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:4
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - CIRCUNFERÊNCIA EXTERNA CAIXA MILÍMETROS
36.00

260.00
246.00

8.00

650.00

636.00

550.00

20.00

Observações
1. Fabricado em ABS.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:6
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - CAIXA DE PROTEÇÃO DO SISTEMA MILÍMETROS
347.74

342.00

R12.37
335.20

48.70

R286.43

15.00
38.80

R82.61 100.00

Observações
1. Assento fabricado em ABS.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:4
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - BANCO SUPERIOR MILÍMETROS
2498.98

10.00
73.00

150.00
275.00

3.00
303.82
2144.27

11.94 435.00

55° 59.00

35.00

70.00
R66.96
R50.00
.58

19.78

162.90
94°
55°
47°
R20.00
R158.46

437.21
380.00

22.93

131°

34.20
142° R40.00 50°

30.00
17.96

R40.00

125°
30.00

R40.00 R40.00
150.00
R50.00 52.06

1512.32

Observações
1. Assento fabricado em aço carbono 1008.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:8
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - ESTRUTURA TRILHO MILÍMETROS
10.00

6.20

107.76

122.97
10.01

2.00
38.34

77.43
40.28
30.00

7.02

98.25 46.73 75.01

Observações
1. Estrutura fabricada em ABS.
2. Parte elástica fabricada em propileno etileno.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE O SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA - DESIGN DE PRODUTO - TCC II
AUTORA ESCALA
ISABEL MARAZITA LOTTI 1:2
TÍTULO UNIDADES
REMO SECO - SUPORTE PÉ MILÍMETROS

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