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º CICLO DE ESTUDOS
Aprender Guimarães
A Visita De Estudo na Didática da História e
como estratégia promotora da Cidade
Educadora
M
2021
Paula Alexandra Marques Ferreira
Aprender Guimarães
2021
2
3
Paula Alexandra Marques Ferreira
Aprender Guimarães
Membros do Júri
Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)
4
5
Sumário
6
3.1 Igreja de São Francisco- A importância do contacto com o Património relação com os
conteúdos programáticos da disciplina de História da Cultura e das Artes ........................... 79
3.1.1 A preparação da visita de estudo ........................................................................ 80
3.1.2 O dia: o desenrolar da visita ................................................................................ 85
3.1.3 Avaliação da visita: questionário ......................................................................... 91
3.2 Análise e reflexão dos dados obtidos.......................................................................... 92
3.3 Visita de Estudo ao Santuário e Montanha da Penha ............................................... 104
3.3.1 A preparação da visita de estudo ...................................................................... 104
3.3.2 O dia .................................................................................................................. 107
3.3.3 Avaliação da visita: questionário ....................................................................... 109
3.4 Análise e reflexão dos dados obtidos ........................................................................ 110
3.5 A visita de estudo na promoção da (s) cidade (s)educadora (s)- interpretando o
potencial da cidade de Guimarães ........................................................................................ 119
Considerações finais .................................................................................................................. 121
Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 125
Fontes ........................................................................................................................................ 128
Anexos ....................................................................................................................................... 129
Anexo 1- Guião da visita de estudo à Igreja de São Francisco .............................................. 130
Anexo 2- Autorizações para os encarregados de educação- visita de estudo à Igreja de S.
Francisco................................................................................................................................ 131
Anexo 3- Questionário sobre a visita de estudo à Igreja de S. Francisco, realizado no Google
Forms..................................................................................................................................... 133
Anexo 4- E-mails trocados com a Irmandade Nossa Senhora da Penha ............................... 137
Anexo 5- E-mails trocados com a Arriva Portugal- Empresa de Transportes ....................... 140
Anexo 6- E-mails trocados com as Vereadoras da Câmara Municipal de Guimarães........... 145
Anexo 7- E-mails trocados com a Divisão de Turismo da Câmara Municipal de Guimarães 146
Anexo 8- Autorizações para os encarregados de educação- Visita à Penha......................... 147
Anexo 9 – Exemplo de um trabalho de pesquisa sobre o Santuário da Penha .................... 149
Anexo 10- Lembranças disponibilizadas pela Câmara Municipal de Guimarães .................. 151
............................................................................................................................................... 151
Anexo 11- Convite para a atividade “Penha, Património Histórico e Natural” ..................... 152
Anexo 12- Programa da atividade “Penha, Património Histórico e Natural” ....................... 153
Anexo 13- Fotos da atividade “Penha, Património Histórico e Natural” .............................. 154
7
8
Declaração de Honra
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente
noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros
autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da
atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências
bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a
prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.
9
Agradecimentos
À minha mãe, pelo exemplo de força e determinação que representa, e pelos valores de
trabalho e humildade que sempre me transmitiu.
Às minhas irmãs, pelo exemplo e pelo apoio incondicional.
Ao meu namorado pela sua presença em todos os momentos deste ciclo da minha vida,
pela sua força e carinho.
Ao Professor Luís Alberto pela sua orientação, disponibilidade, e pelas suas opiniões e
críticas que me ajudaram a crescer ao longo do mestrado.
Ao Professor Luís Grosso Correia pelo profissionalismo, disponibilidade, pelas
significativas sugestões, palavras de incentivo e pela confiança depositada em mim e
neste tema.
À Professora Carla Sanfins pelo acompanhamento e pelos valores que me transmitiu,
destacando-se a sua preocupação e excelente relação com os alunos.
À Professora Cláudia Ribeiro pelas suas palavras de alento e afeto ao longo de todo o
Mestrado.
À minha colega de estágio e amiga Juliana Freitas, pelo companheirismo.
À Direção da Escola Santos Simões por ter aceite o Núcleo de Estágio, tornando possível
todo o percurso de estágio.
Ao Agrupamento de Escolas Santos Simões, em Guimarães, na figura do seu Diretor Dr.
Benjamim Sampaio, demais docentes e funcionários pela forma como me acolheram
fazendo-me sentir, sempre, entre amigos.
À Irmandade da Nossa Senhora do Carmo da Penha pelo auxílio prestado para a visita
de estudo, permitindo que a mesma fosse possível.
À Venerável Ordem Terceira de S. Francisco pela oportunidade da visita guiada.
À Biblioteca Municipal Raúl Brandão, que tão bem sabe tratar os seus leitores.
A todos os alunos com que trabalhei, pessoas incríveis, que me ensinaram muito e me
ajudaram a crescer enquanto profissional.
10
Resumo
A reflexão final em torno das opiniões dos alunos, que tanto valorizamos, permitiu-nos
olhar com satisfação para a realização das visitas de estudo.
11
Abstract
The present Internship Report describes the study carried out during the completation
of the pedagogical internship in the 3rd cycle of Basic Education and Secondary
Education. It intends to shed light on the work developed with a class of the Scientific-
Humanistic Course of Visual Arts. This work was structured to enhance the teaching of
the subject of History of Culture and Arts through the use of the didactic strategy of
study visits and, at the same time, to expand the interconnection of the school with the
local environment.
Drawing upon the importance of the study visits in the learning-teaching process of the
subject of History, the aim of the present investigation is two-fold: to acknowledge the
pedagogical potential of the study visits in the context of the learning outcomes of the
students; and to recognize the study visit as a promoting strategy of an Education City.
In order to accomplish this work, two study visits were prepared and carried out in two
sites of Guimarães.
The assessment of the student´s opinions about the study visits provides us with
valuable insights and enabled us to positevely evaluate this pedagogical tool.
Key-words: Education City; Study visit; Local history; Heritage; Historical Education;
Heritage Education.
12
Índice de Figuras
Figura 1- Municípios portugueses aderentes à AICE (2021)...................................................... 21
Figura 2- Municípios portugueses aderentes à AICE (2021)...................................................... 21
Figura 3- Pilares do Projeto Educativo Guimarães Cidade de Educação .................................. 24
Figura 4- As principais componentes do “Espaço Novidade” ................................................... 57
Figura 5 - As principais componentes do “Espaço Novidade” (Orion, 1989, p.13, apud Almeida,
1998, p. 69).Informação acerca da área a visitar ........................................................................ 57
Figura 6- Igreja de N. ª S.ª da Oliveira - Centro Histórico de Guimarães .................................. 66
Figura 7- Fachada Principal da Escola Santos Simões................................................................ 76
Figura 8- PowerPoint de sensibilização para a visita de estudo à Igreja do Convento de S.
Francisco: slide 1 ......................................................................................................................... 83
Figura 9- Interior da Igreja do Convento de S. Francisco, Guimarães: slide 15 ........................ 84
Figura 10- As professoras estagiárias, o guia, e os alunos, no exterior da Igreja de S. Francisco
..................................................................................................................................................... 86
Figura 11- As professoras estagiárias e os alunos no Interior da Igreja de S. Francisco .......... 88
Figura 12- Gráfico referente à questão n. º1: A organização da visita foi .............................. 93
Figura 13- Gráfico referente à questão n.º 2: O convívio entre todos foi ............................... 93
Figura 14- Conjunto de respostas à questão n.º 4: O que mais gostei ..................................... 94
Figura 15- Conjunto de respostas à questão n.º 5: O que menos gostei… ............................... 94
Figura 16- Conjunto de respostas à questão n.º 6: Um dos objetivos da visita, visava o
contacto com a arte da Igreja de São Francisco. Como se designa o período a que pertence
essa arte? .................................................................................................................................... 95
Figura 17- Conjunto de respostas à questão n.º 7: Que espaços visitaste na Igreja de São
Francisco? ................................................................................................................................... 96
Figura 18- Conjunto de respostas à questão n.º 8: Qual é o estado de conservação desses
espaços? ...................................................................................................................................... 97
Figura 19- Conjunto de respostas à questão n.º 9: Qual foi o que te despertou mais
interesse? .................................................................................................................................... 97
Figura 20- Conjunto de respostas à questão n.º 10: Consideras que a população vimaranense
valoriza a Igreja de São Francisco? Porquê? .............................................................................. 99
Figura 21- Conjunto de respostas à questão n.º 11: Esta visita correspondeu às tuas
expetativas? Porquê? ............................................................................................................... 100
Figura 22- Conjunto de respostas à questão n.º 12- Consideras que a visita de estudo ajudou
a aumentar o teu interesse pela História? Porquê? ................................................................ 100
Figura 23- Apresentação da atividade por parte das professoras estagiárias. ...................... 108
Figura 24- Gráfico referente à questão n. º1: A organização da visita foi ............................. 111
Figura 25- Gráfico referente à questão n. º2: O convívio entre todos foi ............................. 111
Figura 26- Conjunto de respostas à questão n.º 4: O que mais gostei ................................... 112
Figura 27- Conjunto de respostas à questão n.º 5: O que menos gostei ................................ 112
Figura 28- Conjunto de respostas à questão n.º 6: Que espaços visitaste na Montanha da
Penha? ...................................................................................................................................... 113
Figura 29- Conjunto de respostas à questão n.º 7: Qual é o estado de conversação desses
espaços? .................................................................................................................................... 115
Figura 30- Conjunto de respostas à questão n.º 8: Qual foi o que te despertou mais
interesse? .................................................................................................................................. 116
13
Figura 31- Diagrama relativo à Questão n.º 9: O Santuário da Penha constitui uma obra de
arquitetura, de influência: da “Art Déco”; do Barroco; ou do Românico? ............................. 116
Figura 32- Conjunto de respostas à questão n.º 10: Consideras que a população vimaranense
valoriza a Montanha da Penha? Porquê? ................................................................................ 117
Figura 33- Conjunto de respostas à questão n.º 11: Esta visita correspondeu às tuas
expetativas? Porquê? ............................................................................................................... 118
Figura 34- Conjunto de respostas à questão n.º 12: Consideras que a visita de estudo ajudou
a aumentar o teu interessa pela História? Porquê? ................................................................ 118
14
Introdução
15
Dedica-se também um subcapítulo à História Local onde teremos a possibilidade
de fazer alusão ao papel da «História Local» como mais-valia na didática da História.
Outro subcapítulo alude para a «Consciência Histórica» tida como a uma das
categorias chave da didática da História.
16
O relatório termina com algumas considerações finais, onde se salientam os
aspetos mais importantes do trabalho de investigação, bem como os seus limites e o
contributo que pode fornecer no âmbito da investigação educacional e da prática
pedagógica.
17
Capítulo 1- Enquadramento teórico
Este capítulo, permitir-nos-á ter uma base sólida para depois trabalharmos e
compreendermos os dados concretos recolhidos em contexto de investigação.
18
O propósito da cidade educadora vai para além das suas funções tradicionais
(económicas, sociais, políticas e de prestação de serviços). As cidades têm um potencial
educativo imenso, nomeadamente através das instituições e das propostas culturais que
veicula, das políticas ambientais, do tecido produtivo, do associativismo local, entre
outros, mas tornam-se efetivamente educadoras quando assumem essa intenção,
conscientes de que as suas propostas têm consequências em atitudes e convivências e
geram novos valores, conhecimentos e habilidades.
Jaume Trilla (1993) refere «se fosse possível medir o grau de educabilidade de uma
cidade – isto é, a sua capacidade ou potência educativa –, deveriam tomar-se como
indicadores não só a quantidade e qualidade das escolas que contém, mas também o
resto das instituições e meios que geram formação, e, sobretudo, deveriam analisar-se
como interatuam e são capazes de harmonizar-se todos estes agentes” (apud Machado,
2004, p. 83).
1
. Carta das Cidades Educadoras. Associação Internacional das Cidades Educadoras. 2004.
19
Definiram como objetivo comum, trabalhar conjuntamente em projetos e atividades
no sentido de melhorar a qualidade de vida dos habitantes, a partir da sua implicação
ativa, no uso e evolução da própria cidade. Para o efeito, elaboraram uma Carta2 de
princípios que regeriam o impulso educador da cidade, de caráter vinculativo, que todas
as cidades são obrigadas a subscrever aquando da formulação da sua adesão.
Esta Carta foi inicialmente designada por Declaração de Barcelona, tendo sido
atualizada no III Congresso Internacional (Bolonha, 1994) e no VIII Congresso
Internacional (Génova, 2004), passando a designar-se de Carta das Cidades Educadoras.
Foi a partir desta perspetiva que surgiu o Movimento das Cidades Educadoras, que
se formalizou como Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE) no III
Congresso das Cidades Educadoras (Bolonha, 1994). Esta conta atualmente com 495
cidades de 35 países do mundo, entre os quais se encontra Portugal3.
2
A Carta baseia-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948); no Pacto Internacional dos
Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966); na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança
(1989); na Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990) e na Declaração Universal sobre a
Diversidade Cultural (2001).
3
A lista das cidades associadas encontra-se no site da Associação Internacional de Cidades Educadoras.
20
Figura 1- Municípios portugueses aderentes à AICE (2021)
Fonte: https://www.edcities.org/pt/lista-das-cidades-associadas/
21
A representatividade da AICE em Portugal é oficializada pela Rede Territorial
Portuguesa das Cidades Educadoras (RTPCE), que iniciou os seus trabalhos em 2003, e
no início de 2005, é formada uma Comissão Coordenadora da Rede, que coordena toda
a dinâmica nacional (Frazão, 2017).
Não se trata da escola se abrir à comunidade, nem de esta se abrir à escola, mas de
a comunidade organizar um «sistema» educativo, em que a escola se integra, em função
de um projeto educativo integral e integrador. É integral porque contempla todas as
dimensões do desenvolvimento pessoal e social, e integrador dado que a intenção é a
inclusão de todos os membros da comunidade (Machado, 2004).
4
A título de exemplo: «Artes e cultura na educação na Áustria»; «As instituições culturais como
plataformas e aprendizagem ao longo da vida, criatividade e diálogo intercultural» em Dublin, ou o
programa «DESCOLA» em Lisboa, entre outras.
22
mesmas, agentes educadores, e que o seu ambiente educativo e culturalmente diverso
tem implicações no desenvolvimento pessoal e coletivo da cidadania» (p. 5).
No que diz respeito à escola, admite que esta pode e deve ser um agente
fundamental para a convivência no meio urbano e territorial, desempenhando um papel
ativo na coesão do meio envolvente, incorporando-se por exemplo “nos processos
comunitários e participativos do bairro ou do meio, estabelecendo ambientes
colaborativos entre todos os centros escolares, levando a cabo “comunidades de
aprendizagem e serviço” que vinculem as/os estudantes com outras instituições do
território» (p. 13).
23
1.1.3. Guimarães Cidade Educadora
Fonte:
https://www.cmguimaraes.pt/cmguimaraes/uploads/writer_file/document/6780/plano_de_e
ducacao_municipal.pdf
5
Projeto Educativo Guimarães Cidade Educação, Pelouro da Educação, Guimarães 2016, p. 2.
24
As ações que o município se propõe a desenvolver no âmbito de Guimarães Cidade de
Património da Humanidade visam, sobretudo:
25
26
1.2 História Local
Segundo Goubert (1988), a história local diz respeito a «uma ou poucas aldeias,
a uma cidade pequena ou média (um grande porto ou uma capital estão além do âmbito
local) ou a uma área geográfica que não seja maior do que a unidade provincial comum
(como um county inglês, um contado italiano, uma land alemã, uma bailiwick ou pays
francês)» (apud Germinari & Buczenko, 2012).
Proença (1990) indica que «no nosso País, à semelhança do que acontece por
toda a Europa, sempre existiu uma tradição de estudos históricos locais, de caráter
monográfico» (p. 139), no entanto, o renascer do interesse pela História Local que se
tem verificado, não se prende com o intuito de conferir uma maior importância à região,
mas pelo desenvolvimento de uma História Local «que visa tirar partido das novas
metodologias, utilizando novas fontes quantitativas ou qualitativas e cujos temas
poderão ter um aproveitamento didático e estimulante».
27
Os autores da obra Didáctica da História- Património e História Local apresentam
uma dupla faceta concernente à história local: a pedagógica e científica.
A defesa de uma abordagem didática de estudos locais não pretende acabar com
a construção de uma identidade nacional, mas torná-la diferente pela compreensão:
No mesmo sentido aponta Revel (1998): «Privilegiar o local não significa opor-se
ao nacional, mas sim abordá-lo por outros prismas» (apud Nikitiuk, 2002, p. 4).
28
Assim, quando a História Local é aplicada ao contexto escolar, importa chamar
atenção para o facto de não se dever considerar a História Local como uma História
fragmentada, mas, pelo contrário, o estudo da mesma tendo em conta as suas
singularidades, permite dar mais coesão e totalidade a um todo. Como notam Schmidt
e Cainelli (2009, p. 139):
Fala-se nos dias de hoje, cada vez mais, numa época de desestruturação social,
em que a sociedade atravessa uma crise de identidade, e tende a desconsiderar valores.
A identidade, compreendida como um elemento diferenciador de cada indivíduo e/ou
grupo de indivíduos num quadro de referências concretas, constrói-se a partir:
30
De facto, após a leitura do trabalho de Sílvia Araújo (2017) compreendemos que
os programas do atual Ensino Básico e Secundário lançam um repto para o
desenvolvimento do trabalho no âmbito da História Local.
Neste sentido, quando o professor opta pelo recurso à História Local deve ter em
conta a definição do significado do termo «local» nos seus parâmetros espaciais e ao
trabalhar com os alunos deve «ser capaz de criar recursos e situações de aprendizagem
passíveis de levar a História da localidade para dentro da sala de aula (ou, quiçá, levar
os alunos in loco, a conhecer o seu próprio território) aproximando-os de uma realidade
que efetivamente lhes seja próxima e verdadeira» (Araújo, 2017, p. 44).
6
A aceção de capital histórico baseia-se no conceito de capital cultural de Pierre Bourdieu. «A diferentes
capitais históricos correspondem diversas identidades nacionais» (Pais, 1999, p. 186).
32
protagonismo na destrinça da informação tornando os contributos de cada área do
saber uma amálgama de conhecimentos que, quando ocorrida dentro da escola, pode
dinamizar docentes e alunos em prol de uma partilha quase espontânea, mas
engrandecedora. Neste processo de contribuição do saber para além das escolas, as
coletividades culturais e desportivas, autarquias, museus, bibliotecas, arquivos
empresas, paróquias e outros podem ser agentes de cooperação determinantes» (p.
29).
«aproximar os jovens aos «heróis» que os manuais não referem, à História que os seus
antepassados mais próximos advogam e que parece não se encaixar na História da
Humanidade, à aldeia ou vila que parecem não encontrar lugar nos mapas preenchidos
pelas grandes cidades, nem destaque na rota dos grandes feitos mas que, efetivamente,
de forma mais ou menos notória estiveram presentes na evolução da História chegando
até aos nossos dias como arquivos pessoais e transmissíveis de um legado muitas vezes
desconhecido» (Vale, 2019, p. 30).
33
No campo da investigação em educação histórica, tem sido objeto central de
estudo, o conceito de consciência histórica «com a intenção de reunir dados empíricos
que possibilitem um melhor entendimento das ideias dos jovens acerca dos usos da
História no seu quotidiano» (Barca, 2007, p. 116).
De acordo com Glória Solé, alguns autores têm-se debruçado sobre o conceito
de consciência histórica, sendo importante distinguir a memória histórica e consciência
histórica, tidas muitas vezes como sinónimos, assim:
«O filósofo Rüsen (2007) afirma não ser fácil distinguir estes dois conceitos, o de
“memória histórica” e “consciência histórica” mas aponta algumas diferenças, embora
estas distinções não sejam lineares, pois ambas apresentam e representam o passado:
a) a memória é mais ligada a princípios práticos que norteiam a mente humana a
consciência histórica é uma representação do passado visto de uma forma mais explícita
com o presente, do passado o que é significativo para o presente e mais associado às
mudanças temporais e à busca da verdade; b) a relação entre o passado e o presente é
imediata na memória e mediada na consciência histórica; c) a memória tem mais a ver
com a imaginação, enquanto que a consciência histórica está relacionada com a
cognição; d) o passado está preso à memória, enquanto a consciência histórica aponta
para o futuro. No entanto, o autor reforça a ideia de que "A consciência histórica é uma
forma específica de memória histórica"» (2015, p. 57).
34
A pertinência da análise da consciência histórica é ainda mais sublinhada porque
compreende os estudos históricos, bem como o uso e a função da história na vida
pública e privada. Rüsen (2006, pp. 14-16) elenca três pontos que considera mais
importantes sobre a análise, função e importância da consciência histórica: em primeiro
lugar, o entendimento das três dimensões do tempo na consciência histórica evita o
preconceito académico de que a história lida unicamente com o passado. Em segundo
lugar, a consciência histórica pode ser considerada como um conjunto de operações
mentais que definem a particularidade do pensamento histórico e a função que ela
exerce na cultura humana. O autor remete-nos para a importância de se conjugar a
reflexão académica da natureza da História, e a reflexão didática do uso da história na
vida prática. No entendimento do autor: «a disciplina da história não pode mais ser
considerada uma atividade divorciada das necessidades da vida prática». Em terceiro
lugar, a consciência histórica pode exercer um papel importante nas operações mentais
que dão forma à identidade humana «capacitando os seres humanos, por meio da
comunicação com os outros, preservarem a si mesmos».
«com respeito ao processo real de instrução histórica nas escolas, a ênfase sobre o
aprendizado de história pode reanimar o ensino e o aprendizado de história enfatizado
o fato de que a história é a uma matéria de experiência e interpretação. Assim
concebida, a didática da história ou ciência do aprendizado histórico pode demonstrar
ao historiador profissional as conexões internas entre história, vida prática e
aprendizado. Isso, mais do que qualquer coisa, pode dar um novo significado à frase
historia vitae magistra» (p. 16).
Ainda com respeito à consciência histórica, José Machado Pais indica que:
35
perdurar - assegurando transmissões memoriais de uma geração a outra. No processo
de formação dos jovens interessa pesquisar as conexões possíveis entre as formas como
os adolescentes interpretam o passado, percecionam o presente e configuram o
futuro».
1.4 Património
«1 - Para os efeitos da presente lei integram o património cultural todos os bens que,
sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse
cultural relevante, devam ser objeto de especial proteção e valorização.
37
4 - Integram, igualmente, o património cultural aqueles bens imateriais que constituam
parcelas estruturantes da identidade e da memória coletiva portuguesas.
5 - Constituem, ainda, património cultural quaisquer outros bens que como tal sejam
considerados por força de convenções internacionais que vinculem o Estado Português,
pelo menos para os efeitos nelas previstos.
38
1.5 Educação Histórica e Patrimonial
39
profissionais têm vindo a mostrar a importância da educação patrimonial nas
experiências de aprendizagem dos alunos e a necessidade de uma maior reflexão
sobre a sua introdução no currículo» (p. 144).
Através de um estudo realizado por Cooper (2004), em que deu a conhecer o uso
de estratégias de ensino que envolvam experiências com significado (como visitas de
estudo a locais com valor patrimonial e museus), através da formulação de questões
abertas sobre a evidência e numa atmosfera mais informal, demonstrou que as mesmas
contribuem significativamente para o desenvolvimento do pensamento histórico das
crianças (apud Almeida & Solé, 2015, p. 239).
40
de relacionar o conhecimento histórico, adquirido num determinado momento prévio,
com o pensamento histórico deles (apud Almeida & Solé, 2015; Pinto, 2016).
41
As posições tomadas pelos alunos, devem levar-nos a pensar a prática
pedagógica nas aulas. A mudança poderia começar por aqui.
42
Pelo que atrás ficou exposto, as ideias de defesa e valorização do património, o
desenvolvimento do pensamento histórico pelo contacto e interpretação das fontes
históricas e patrimoniais, a revelação da satisfação dos jovens portugueses do contacto
com museus e lugares históricos, constituíram as premissas que nos motivaram a
preparação das visitas de estudo à Igreja de São Francisco e ao Santuário da Penha. Além
disso no programa da disciplina de História da Cultura e das Artes pretende-se
desenvolver as seguintes competências gerais7:
«O Perfil dos Alunos aponta para uma educação escolar em que os alunos desta
geração global constroem e sedimentam uma cultura científica e artística de
base humanista.
7
Programa de História da Cultura e das Artes, pp. 5 e 6.
43
Para tal, mobilizam valores e competências que lhes permitem intervir na vida
e na história dos indivíduos e das sociedades, tomar decisões livres e
fundamentadas sobre questões naturais, sociais e éticas, e dispor de uma
capacidade de participação cívica, ativa, consciente e responsável»8.
8
O Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Lisboa, Ministério da Educação, 2017, p. 10.
44
Segundo Joan Santacana Mestre:
A aprendizagem constitui uma outra premissa que devemos atentar, uma vez
que «Cuando se incrementa la actividad emocional se eleva el aprendizaje» (Mestre,
2015, p. 28),
Existem pessoas que se afirmam como lógicas, ou seja, que conseguem deixar de
parte as emoções, e examinam a realidade objetivamente. Claro está que a capacidade
emocional varia de pessoa para pessoa e depende das circunstâncias pessoais,
ambiente, e as circunstâncias em que cada momento é vivido, no entanto, existem
estudos que aferem que a razão e a emoção estão correlacionadas, acreditando-se que
as emoções têm influência sobre a razão. Posto isto, e como alude Joan Santacana
Mestre «también necesitamos “el corazón” para pensar e emitir juicios». Por vezes pode
pensar-se que reagir emocionalmente perante o património não é uma atitude correta,
mas «nada más humano, nada más necessário que el sistema emocional para gozar del
património cultural».
O nosso sistema emocional «es la guia que da luz e ilumina todos nuestros planes (…) La
emoción es el ingrediente que permite el encendido de la conducta» (Mora, 2009, apud
Santacana, 2015).
45
1.7 As visitas de estudo
46
Embora se considere esta atividade como motivadora, o autor de Visitas de
Estudo, Conceções e Eficácia na Aprendizagem aponta que pouco se sabe acerca dessa
estratégia pedagógica. O investigador J. H. Falk, que se debruça sobre o papel das visitas
de estudo na aprendizagem, questiona a efetividade desta atividade e elenca algumas
questões que se prendem com a mesma:
Seguindo esta linha de raciocínio, António Almeida (1998, p. 25) salienta o facto
de «estudos que têm procurado evidenciar ganhos educativos dos alunos por se
deslocarem a instituições diversas como museus, jardins, parques naturais, centros de
investigação científica, etc., não têm sido conclusivos acerca das vantagens cognitivas e
socio afetivas decorrentes destas deslocações».
47
1.7.1 O conceito de visita de estudo
Tendo em conta estes aspetos, recorremos a alguns autores citados por Almeida
(1998), que procedem ao esclarecimento a que aludimos. Para Krepel (1981, apud
Almeida, 1998, p. 51) «uma visita de estudo é uma viagem organizada pela escola e
levada a cabo com objetivos educacionais, na qual os alunos podem observar e estudar
os objetos de estudo nos seus locais funcionais.»
No entendimento de Brehm (1969, apud Almeida, 1998, p. 51), a visita não tem
de se realizar necessariamente a um local distante, podendo, por exemplo, visitar-se o
meio envolvente à escola.
Seguindo esta linha de raciocínio, Almeida valida as duas perspetivas
supramencionadas, e considera visita de estudo como «qualquer deslocação efetuada
por alunos ao exterior do recinto escolar, independentemente da distância considerada,
com objetivos educativos mais amplos ao do mero convívio entre professores e alunos»
(1998, p. 51).
No que diz respeito aos termos saída de campo e visita de campo, consideramos,
à luz do pensamento de Almeida (1998, p. 51) que se referem a deslocações a ambientes
48
abertos - jardins, zonas de paisagens protegidas, parque naturais, percursos urbanos -
onde o estudante estará em contacto direto com o meio ambiente que o rodeia.
A conceção de trabalho de campo é igualmente explanada, compreendendo
«algo que envolve a execução de tarefas concretas, nomeadamente a recolha de seres
vivos ou amostras de rochas, o manuseamento de instrumentos vários para recolha de
dados ou a cartografia de áreas delimitadas» (Almeida, 1998, p. 51).
No nosso entendimento, a definição de visita de estudo é mais abrangente, dado
que algumas visitas podem ou não incluir trabalho de campo.
A utilização do termo saída ou visita também pode criar alguma ambiguidade, no
entanto, como menciona Oliveira (2011, p. 20):
«quando nos referimos a saída de estudo ou visita de estudo, referimo-nos, na
prática, a situações iguais. Da mesma forma acontece quando nos referimos a
visita de campo ou a saída de campo. A diferença está em conceções que
divergem por pormenores e que levam diferentes círculos de
investigadores/autores a designarem, de forma diferente, aquilo que na prática
é igual».
Tendo em conta que o nosso caso de estudo se operou numa escola sob a tutela
da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), é o Despacho n.º 6147/2019,
de 4 de julho9, que nos permitirá compreender melhor qual é o entendimento legislativo
sobre as visitas de estudo.
O despacho resulta da desatualização e dispersão da regulamentação das
atividades – visita de estudo, intercâmbio escolar, representação de escola, passeio
escolar e geminação – sendo necessário reunir num único diploma a regulamentação
das mesmas.
Assim, no despacho supramencionado, é explicitado o conceito de visita de
estudo, a saber:
«atividade curricular intencional e pedagogicamente planeada pelos docentes
destinada à aquisição, desenvolvimento ou consolidação de aprendizagens,
realizada fora do espaço escolar, tendo em vista alcançar as áreas de
9
Despacho n.º 6147/2019 - Diário da República n.º 126/2019, Série II de 2019-07-04. Define as linhas
orientadoras a adotar pelas escolas na organização e realização das visitas de estudo e outras atividades
lúdico-formativas a desenvolver fora do espaço escolar.
49
competências, atitudes e valores previstos no Perfil dos Alunos à Saída da
Escolaridade Obrigatória e, quando aplicável, no perfil profissional associado à
respetiva qualificação do Catálogo Nacional de Qualificações» (Despacho n.º
6147/2019).
Nesta definição de conceito de visita de estudo é importante sublinhar o facto
de constituir uma atividade curricular, e por isso, deve ser planificada de modo a
corresponder aos objetivos definidos e aos conteúdos que se pretendem abordar.
Salientamos ainda, que as visitas de estudo devem promover as competências, atitudes
e valores explanados no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.10
Esta definição não deixa de estar de acordo com as que explanamos atrás,
confluindo e complementando-as em vários aspetos.
Assim, ao longo de toda a nossa investigação, o termo de visita de estudo «terá
como referencial a definição emanada pelos documentos normativos apresentados, pois
parece-nos que é clara e devidamente contextualizada com a realidade e a prática
educativas e, por outro lado, não menos importante, sendo documentos com força
jurídica, naturalmente, terão de ser respeitados e acatados pelas escolas na sua prática
quotidiana» (Oliveira, 2011, p. 22).
10
«O Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, homologado pelo Despacho n.º 6478/2017,
26 de julho, afirma-se como referencial para as decisões a adotar por decisores e atores educativos ao
nível dos estabelecimentos de educação e ensino e dos organismos responsáveis pelas políticas educativas,
constituindo-se como matriz comum para todas as escolas e ofertas educativas no âmbito da escolaridade
obrigatória, designadamente ao nível curricular, no planeamento, na realização e na avaliação interna e
externa do ensino e da aprendizagem» (Despacho n.º 6478/2017, 26 de julho).
50
A apologia à concretização de atividades fora da escola sustenta-se na máxima hear and
forget, see and remember, do and understand11 (Shilson, 1988, apud Almeida, 1998, p.
53). Tal como refere o autor, as atividades proporcionadas aos alunos devem envolver
o maior número de sentidos, e se (e só se) os estudantes forem elementos ativos no
processo, serão capazes de o compreender verdadeiramente.
Para Mouro (1987, apud Almeida, 1998, p. 53), todos os professores, quando
lecionam determinados conteúdos, sentem que o espaço físico da aula é limitador da
compreensão de determinado assunto. Assim, sentem a necessidade de prolongarem
as suas aulas «para além do espaço físico onde são habitualmente desenvolvidas as
atividades» (Almeida, 1998, p. 53).
11
Ouve e esquece, vê e lembra, faz e compreende.
51
qualquer que seja a sua especialidade, essa linguagem é utilizada contactando
diretamente o concreto que ele evoca, o que permite reativar certos conhecimentos»
(p. 54). Podemos afirmar que as visitas de estudo facilitam a assimilação de
conhecimentos, através do contacto entre o abstrato e teórico da sala de aula com o
acesso direto a conteúdos de aprendizagem proporcionados pelo meio – ou seja, o
conhecimento abstrato concretiza-se (torna-se, de certo modo, concreto).
12
Entendemos o conceito de aprendizagem significativa como um «conjunto de conhecimentos,
competências e atitudes que estes (alunos) incorporam e que são capazes de mobilizar para dar resposta
às mais diversas situações com que se deparam no seu dia-a-dia. De facto, só podemos falar efetivamente
em aprendizagem quando se opera uma mudança ou uma aquisição de algo que não se possuía» (Gomes,
2013, p. 18).
13
Neste contexto, podemos ainda relevar as considerações sobre a aprendizagem presentes no
documento O Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória: O que distingue o desenvolvimento
do atraso é a aprendizagem. O aprender a conhecer, aprender a fazer, o aprender a viver juntos e a viver
com os outros e o aprender a ser constituem elementos que devem ser vistos nas suas diversas relações e
implicações. Isto mesmo obriga a colocar a educação durante toda a vida no coração da sociedade» (2017,
p. 5).
52
Salientamos a importância da formação de alunos responsáveis e cidadãos ativos
através do «desenvolvimento de valores e atitudes de sociabilidade, cooperação,
respeito e preservação do património histórico, cultural e natural e o desenvolvimento
da capacidade de observação, pesquisa e análise, contribuindo para criar um sentido de
responsabilidade e de solidariedade, indispensável aos cidadãos do séc. XXI» (Oliveira,
2011, p. 24).
Até ao momento, debruçamo-nos sobre a perspetiva de alguns autores que
defendem a sua implementação. No nosso entendimento, é também importante relevar
para este trabalho as limitações inerentes à consecução das visitas de estudo, e que
podem pôr em causa a sua eficácia. Almeida (1998), aponta que a natureza dos
obstáculos pode ser de ordem diversa, agrupando-os em «motivos institucionais,
pessoais ou decorrentes das próprias caraterísticas dos alunos» (p. 64).
53
O tempo necessário para desenvolver esta atividade representa um outro
obstáculo, porque, regra geral, excede o tempo convencionado para uma aula. Este
facto pode provocar dissidências com outros professores, visto que «visitas de meio dia,
um dia ou mais interferem com outras disciplinas» (Almeida, 1998, p. 64), e causar
transtorno no cumprimento da planificação de aulas. Este pode ser também um motivo
para os órgãos de gestão de algumas escolas limitarem as visitas de estudo à duração
de um tempo letivo, e imporem restrições ao seu número por ano letivo. A tendência
de se considerar as visitas de estudo como um passeio também leva a que os órgãos de
gestão não sejam afetos à sua implementação.
Também é importante enunciar alguns fatores que podem ocorrer nas visitas de
estudo e que poderão ter impacto no comportamento dos alunos, comprometendo
assim os propósitos da atividade. Considera Keown (1984, apud Almeida, 1998, p. 66)
que as deslocações ao ar livre envolvem alguns fatores de distração, como a variação de
54
temperatura, vento, moscas, falta de lugar para sentar, etc., e que perturbam a eficácia
da aprendizagem.
Outro aspeto que pode impactar no comportamento dos alunos e colocar assim
em causa a eficácia das visitas, é o fator novidade que a mesma pode representar. O
investigador Falk afirma (1983, apud Almeida, 1998, p. 66) que «providenciar a criança
com novas experiências é algo inerente à filosofia das visitas». De facto, a novidade pode
ser motivadora e despoletar um comportamento «ativo, excitado e explorador»
(Almeida, 1998, p. 66), no entanto, se extrema, pode afastar a atenção dos alunos para
aquilo que deve ser considerado essencial, comprometendo assim a aprendizagem.
55
Outro aspeto a ter em conta, são os locais a visitar. Como refere Almeida (1998),
citando Mouro, «a planificação das visitas tem de passar por uma escolha criteriosa dos
locais a visitar em função de objetivos definidos e uma avaliação, no contexto específico
da avaliação contínua» (p. 51). Assim, podem ser elencados alguns locais passiveis de
visitar, tais como: «parques naturais, zonas de paisagem protegida e locais classificados,
jardins e parques urbanos, museus, monumentos, institutos de investigação e fábricas»
(Almeida, 1998, p. 51).
56
prévio, experiências em visitas de estudo e informação acerca do local a visitar- são
fundamentais para a eficácia da atividade.
57
com atividades fora da escola, adquirem experiência, e consequentemente, melhores
normas de conduta.
Deste modo, entendemos que o professor deve trabalhar com os seus alunos
alguns saberes básicos a abordar na visita de estudo para que assim «possam funcionar
como organizadores prévios do novo conteúdo a adquirir» (Almeida, 1998, p. 72).
Seguindo este raciocínio, será pertinente realizar visitas de estudo perto do fim das
unidades temáticas. Porém, alguns autores consideram que podem realizar-se no início
de uma unidade temática, servindo de motivação para um assunto.
58
integração de informações especializadas através de «excertos de pequenos textos
literários ou jornalísticos sobre o local a visitar». Monteiro (1995, p. 191) indica também
a pertinência de se assinalar «as paragens previstas durante o percurso, bem como os
aspetos que merecem ser observados: um rio, um monumento, uma atividade agrícola,
uma produção artística…».
De modo a chamar atenção para os aspetos mais pertinentes, os professores
poderão conceber algumas tarefas a cumprir durante a visita, tais como:
59
O segundo tipo de visita, intitulada de descoberta ou livre, os alunos são
participantes ativos «orientados por um guião, por fichas com informação, os alunos
progridem no local a visitar» (Monteiro, 1995, p. 192). Para a dinamização desta
atividade «um grupo de alunos pode deslocar-se com antecedência para fazer o
levantamento dos aspetos mais importantes do local a visitar» (Monteiro, 1995, p. 193),
deste modo, organizando a visita em conjunto com os professores, podem assumir o
papel de guias quando a turma realizar a deslocação.
A visita mista, envolve aspetos dos dois tipos de visita supramencionados,
«conjugando momentos de exposição e explicação por parte do professor, com
momentos de descoberta e de construção autónoma, mas orientada, do saber por parte
dos alunos» (Oliveira, 2011, p. 27).
Nos três tipos de visita por nós elencados, quer antes quer durante as mesmas,
é fundamental o professor adequar o seu discurso e tarefas às caraterísticas dos seus
alunos e às suas necessidades. Nesta linha, acrescentamos ainda Price e Hein (1991,
apud Almeida, 1998, p. 74) que referem:
«que o envolvimento do professor é fundamental para o sucesso de visitas a um
museu. Um seu estudo evidenciou que professores que desapareciam na
cafetaria, delegando as suas funções no pessoal do museu, provocavam um
efeito negativo no comportamento da turma e com repercussões na aquisição
de conhecimentos. Paralelamente verificaram que os professores que se
mantinham envolvidos transmitiam o seu interesse aos próprios alunos, o que
acabava por ter um efeito positivo nas atitudes destes».
A par de tudo o que já mencionamos, acrescentamos que na organização da
visita, devem prever-se períodos de divertimento e convívio, dado que «um objetivo
importante deste tipo de atividades é favorecer a comunicação entre os participantes,
bem como aliar o aspeto lúdico ao trabalho» (Monteiro, 1995, p. 193).
60
também para o facto de que «não deverão ser esquecidos os aspetos comportamentais:
a iniciativa e o empenhamento do aluno, a interação em grupo» (1995, p. 194) podendo
aferir-se estes através da «elaboração de grelhas de observação dos alunos» (Oliveira,
2011, p. 28).
Como assevera Monteiro (1995, p. 194) “a avaliação dos resultados é uma etapa
importante em qualquer ato pedagógico. Deverá ser feita uma avaliação coletiva de
todo o processo, identificando-se os aspetos positivos e negativos. É a análise crítica do
trabalho de organização e concretização da visita que possibilitará a introdução de
alterações em experiências futuras». Este ponto de vista é crucial, uma vez que a
avaliação permite ao professor refletir sobre as suas práticas, e, por conseguinte,
promover formas de atuação mais eficazes, se assim considerar necessário.
Depois da realização da visita de estudo:
61
históricas e patrimoniais, e deste modo, em presença das “coisas”, o contacto com a
realidade histórica faz-se através daquilo que é diretamente observado, e não por meio
de imposições magistrais (Proença, 1999).
«Como quer que seja, a representação do tempo histórico parece ser melhor
apreensível, por parte dos adolescentes, quando colocados em contacto direto
com os vestígios do passado: A visita a umas ruínas pré-históricas pode situar o
jovem numa forma de vida muito diferente da atual (…) Numa excursão, a
observação de uma calçada romana, os caminhos e estradas de então. Serve
para motivar o aluno para a compreensão de um «modo de vida» (…) A visita a
um castelo pode tornar-se sugestiva, assim como a um mosteiro (…).
Primeiramente, deve facilitar-se a observação da planta do castelo, recinto
exterior, muralha principal, fossos, torre de menagem, etc. Desta forma se
compreenderá a situação de insegurança em que vivia o homem medieval e a
necessidade de procurar proteção em torno do castelo, iniciando-se os laços
feudais. O mosteiro constituía uma unidade de exploração agrária com uma
série de terras anexas que eram cultivadas pelos camponeses (…). O estudo da
parte antiga de uma cidade, a sua situação e enquadramento, o tipo de planta
e até os nomes das ruas (e lugares) deve ser observado para compreender a
Baixa Idade Média, assim como as catedrais, sobretudo as góticas, obras de
burgueses, que habitam os ´burgos` ou cidades» (pp. 44 e 45).
14
Intitulada por Geografia, História e Paisagem: uma experiência pedagógica de integração de saberes
no âmbito de uma visita de estudo.
62
É central no nosso entendimento a questão que nos deixa José Machado Pais
para debate:
«a) Estações arqueológicas: ver e sentir o ‘‘sítio’’; observar como se vivia, como se fazia,
tanto ao nível das técnicas de construção, como decorativas e do espólio exumado.
Trabalhar numa estação arqueológica, escavando, inventariando, estudando.
b) Museus: ver o museu com espaço de confrontos dos géneros e dos tempos num
mesmo lugar. Os conceitos de museus. Trabalhar num museu: conservar, inventariar,
estudar, gerir.
c) Oficinas de artistas: o contato com a obra de arte ‘‘enquanto se faz’’ e já feita; o lado
ideia/ o lado técnico da produção artística. Ser artista.
d) Galerias de arte: contato com a gestão das artes: o lado empresarial, mas também a
empatia com os artistas (ou não), como se selecionam as obras, se aposta num artista
conhecido, etc.
15
Programa de História da Cultura e das Artes, p. 16 e 17.
63
e) Monumentos: o monumento como documento do seu tempo; aspetos concetuais e
técnicos. Trabalhar num monumento: da gestão à pedagogia e ao inventário e estudo.
(…)
f) Espetáculos: assistir a espetáculos e a ensaios, de forma a facultar o acompanhamento
do processo de criação e das fases de realização e de produção dos espetáculos, bem
como contribuir para o conhecimento das práticas e linguagens artísticas e dos seus
intérpretes.
g) Workshops: participar em workshops, orientados por criadores e/ou especialistas
que focalizam a sua atenção no estudo de um património artístico específico com o
objetivo de estimular a aprendizagem através do desenvolvimento de um trabalho
prático, no qual o aluno está diretamente envolvido.
64
2 Capítulo 2- Contexto de intervenção e de investigação
2.1 Guimarães
65
Figura 6- Igreja de N. ª S.ª da Oliveira - Centro Histórico de Guimarães
Fonte: https://www.skyscrapercity.com/threads/patrim%C3%B3nio-religioso-
em-portugal.1747467/page-4#post-117406512.
66
A cidade conheceu também novas dinâmicas ao nível da participação dos
cidadãos em todos os projetos, desencadeando uma nova consciência, a de que as
pessoas querem fazer parte dos projetos do município.
16
Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público pela Direção-Geral do Património Cultural.
67
ramos de árvores. Viviam de esmolas e eram muito estimados devido à sua piedade e
amor ao próximo.
17
Em 2009 foram descobertos, escondidos numa antiga imagem de roca na igreja franciscana, restos
humanos que seriam as relíquias de São Gualter.
68
armas reais: um escudo assente sobre a cruz da Ordem de Avis, encimado pela coroa
real. É o brasão de armas de D. João I, antes de colocar a Cruz de Avis dentro do escudo,
tendo torres na bordadura, em vez de castelos. É ladeada por dois absidíolos,
homogeneamente cobertos por abóbadas de cruzaria de ogivas e a iluminação é
efetuada por amplas janelas verticais, abertas em panos limitados por contrafortes.
69
Foram muitas as obras por que o convento passou ao longo da época moderna,
sendo uma das mais importantes, a transformação do interior da igreja, de Gótico a
Barroco.
A gigantesca nave que chegou aos nossos dias foi construída por ocasião da
grande reforma da igreja operada entre 1746 e 1749, sobressaindo-se o arco de cruzeiro
que separa o transepto do corpo da igreja, encimado pelo escudo da fantasia da Ordem
Franciscana assente numa cartela de volutas e folhas de acanto; o teto é ricamente
decorado com folhas “trompe-l´oeil”.
70
edifício encontram-se variadíssimas pinturas, em madeira e em tela, representando
santos franciscanos, ex-votos, cenas de temática religiosa e mais de duzentos retratos
dos beneméritos da Ordem, alguns de grande valor. Entre estes retratos é de salientar
a Coleção de Roquemont.
18
Albano Ribeiro Bellino (1863-1906), arqueólogo autodidata, e vogal da Comissão dos Monumentos
Nacionais contribuiu para a conservação de vários valores arqueológicos e epigráficos, de grande utilidade
para a história local e para a da diocese de Braga.
19
Corresponde à antiga Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
71
2.3 A fonte patrimonial: Breve História do Santuário da Penha
72
Ao determo-nos na cidade a olhar para a Penha, a igreja assume um papel
preponderante na imagem da referida montanha, pela “sua verticalidade simbólica, de
um forte impacto e peso visual”, acentuada ainda “pela marcada linearidade do desenho
reticulado” (Cardoso, 2011, pp. 81 e 82). Neste sentido, importa referir que: «A Igreja
da Penha constitui uma obra de influência Art Decó controlada e adaptada às suas
exigências tipológicas, institui-se como exemplo do paradigma de uma modernidade, já
pressentida nos aspetos estruturais de obras anteriores, como os Grandes Armazéns
Nascimento» (ibidem, p. 81).
Para além das caraterísticas mais evidentes, na referida igreja estão presentes
temáticas de várias origens e significados: do românico ou pré-românico (na “insólita”
fachada posterior é clara a aproximação a um desenho de capelas e igrejas românicas),
às influências islâmicas no interior da igreja (no clerestório existente sobre o espaço
central da nave, a forma das aberturas aproxima-se de formas da arquitetura islâmica),
bem como as influências góticas (como o gablete triangular da fachada principal da
igreja) levam a que se considere a Igreja da Penha como «um edifício de caráter singular,
tal qual, o arquiteto se propôs a projetar, um edifício de caráter particular e muito
próprio da situação que ocupa» (Pinheiro, 2006, p.98).
No que diz respeito aos materiais empregues, destacam-se o granito local,
predominante na imagem da igreja da Penha, e o betão:
«No monumento domina a construção de pedra, material este que se arranca
do próprio solo em que está assente. Quer no exterior, quer no interior aparece a pedra
no seu aparelho rude como elemento de construção e de decoração» (Marques da Silva,
apud Pinheiro, 2006, p. 87). Importa salientar que o projeto da igreja da Penha se cruza
no tempo com os projetos para a casa de Serralves, existindo «algumas semelhanças
formais e estilísticas, entre estes dois projetos» 20 (Pinheiro, 2005-2006, p. 101)
assumindo-se como “fundamentais no seu percurso profissional e também claramente
anunciadores de uma rutura modernista em Portugal” (ibidem, p. 102). 21
20
Estas semelhanças são explanadas na Prova Final para a licenciatura em Arquitetura (…)
21
Em 1925, Marques da Silva foi à Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais em Paris,
denotando-se a partir daí nos seus projetos «uma outra sensibilidade aos elementos, mais simples mais
igualmente expressivos numa imagem final depurada e, na maioria das vezes, dramaticamente seca»
(Pinheiro, 2005-2006, p. 100).
73
2.4 A Agrupamento de Escolas Santos Simões e o seu meio envolvente
Carateriza-se por ter uma elevada taxa de população ativa, com um forte
predomínio do setor secundário, e terciário, compreendendo por isso uma
diversificação de profissões.
74
O Agrupamento tem uma oferta formativa diversificada e ajustada às
necessidades e expetativas dos alunos e da comunidade envolvente. A oferta formativa
vai da Educação Pré-Escolar ao ensino secundário, assegurando também o ensino
articulado da música do 5.º ao 10.º ano e o percurso alternativo dos Cursos Vocacionais.
No ensino secundário existem três vias formativas, a dos cursos científicos –
humanísticos, a dos cursos profissionais com abrangência de vários currículos e o curso
artístico da música. Nos cursos científicos – humanísticos, a oferta compreende os
currículos de ciências e tecnologias, línguas e humanidades, artes visuais e
socioeconómicas. Nos cursos profissionais, a oferta está adaptada às necessidades dos
alunos e às características do tecido empresarial do Concelho de Guimarães, que
permitem a empregabilidade, com grande sucesso.
O projeto Gatil Simãozinho, tem sido reconhecido pela promoção de valores que
contribuem para a formação integral dos alunos, para além do respeito pelos animais,
pela vida e natureza.
22
As informações constantes sobre o referido Agrupamento, foram retiradas e adaptadas do seu Projeto
Educativo 2015- 2018 (pp. 4- 27).
75
Figura 7- Fachada Principal da Escola Santos Simões
Fonte: Google.23
23
https://www.google.pt/search?q=Escola+Santos+Sim%C3%B5es&tbm=isch&ved=2ahUKEwil14n3n5XzA
hXR2eAKHVcJC50Q2-
cCegQIABAA&oq=Escola+Santos+Sim%C3%B5es&gs_lcp=CgNpbWcQAzIECAAQGDoHCCMQ7wMQJ1Cx_
h1Ys_AeYL74HmgEcAB4AIABiAGIAbUIkgEDOS4zmAEAoAEBqgELZ3dzLXdpei1pbWfAAQE&sclient=img&ei
=hYdMYeWAFdGzgwfXkqzoCQ&bih=657&biw=1366.
76
2.5 Caraterização das turmas:
A turma do 9.º 3, constituída por 18 alunos, foi uma das turmas que nos marcou,
pela sua sensibilidade, altruísmo, empenho e humildade. Deparamo-nos, pela primeira
vez, com um aluno com necessidades educativas especiais, mas não adotamos nenhuma
estratégia concreta, porque o grupo de professores de educação Especial encarregava-
se da preparação das tarefas para este aluno (a título de exemplo, levava um livro de
desenhos, e pintava-o durante a aula).
24
A terminologia original das turmas foi alterada para garantir o anonimato dos alunos que participaram
neste estudo.
25
Idem.
77
No que concerne à turma do 11.º X, era constituída por 12 alunos. Nesta turma
também existia uma aluna com necessidades educativas especiais, e à semelhança do
que ocorrera na turma do 9.º 3, não adotamos nenhuma estratégia de ensino em
particular. Cumpre ressaltar, que a turma de Artes Visuais partilha as disciplinas de
formação geral (Português, Filosofia, Educação Física e Inglês) com a turma do 11.º do
Curso de Ciências e Tecnologias, as duas turmas, formam uma só, compreendendo assim
26 alunos.
O altruísmo é a palavra que melhor carateriza esta turma. Não queremos deixar
de referir a excelente relação que se criou entre as professoras e alunos.
78
3 Capítulo III- Metodologia de trabalho, instrumentos de
recolha de dados e apresentação e análise dos dados de
investigação
Com o objetivo de dar resposta às questões de partida que norteiam este trabalho,
apresentamos e analisamos as respostas dos alunos aos questionários que aplicamos
após a realização das visitas de estudo. Entendemos também, que a análise crítica que
efetuamos nos permitiu refletir sobre as nossas práticas.
79
As artes estiveram ao serviço da Igreja, que pretendia, por meio das imagens e
da imponente arquitetura, estimular os sentidos e encantamento das multidões de fiéis,
aproximando-os deste modo à fé católica.
Talha dourada esta que parece arrogar-se como testemunho dos tempos áureos
de Portugal. Esta absorção dourada de espaços expande-se dos altares laterais da nave
encontrando no retábulo de baldaquino do altar-mor e na monumentalidade e perfeição
dos azulejos a expressão máxima.
80
• Contribuir para a formação integral do aluno;
• Promover o contato direto dos alunos com o património histórico-cultural,
melhorando o seu conhecimento acerca de factos relevantes da história nacional
e do lugar onde vivem;
Tendo em conta o tempo necessário para desenvolver esta atividade que regra geral,
excede o tempo convencionado para uma aula, decidimos optar por um horário fora da
atividade letiva dos alunos participantes, para não interferir com outras disciplinas no
cumprimento da planificação de aulas.
81
Com a finalidade de reter o maior número de informações acerca do espaço a visitar,
foi do nosso interesse realizar um guião26 informativo onde constava uma breve alusão
ao contexto histórico do monumento.
Tendo em conta que a escola Santos Simões dista cerca 2 km do Centro Histórico de
Guimarães, definimos que a deslocação até ao local, seria a pé, aproveitando o percurso
pedestre do parque da cidade.
Sendo os alunos o público para quem a visita estava a ser planeada, não podiam
também deixar de ser devidamente sensibilizados para a mesma. Neste sentido, foi-lhes
apresentado no dia 19 de outubro de 2017, durante uma aula disponibilizada pelo
orientador cooperante, um PowerPoint sucinto com os principais tópicos a abordar e
algumas imagens alusivas do local a visitar.
26
Guião de visita de estudo à Igreja de S. Francisco, disponível no Anexo 1, página 130.
27
Autorizações para os encarregados de educação- visita de estudo à Igreja de S. Francisco, disponível
no Anexo 2, página 131.
82
Guimarães, a reconheceram, e evidenciaram de imediato algumas diferenças entre o
passado e o presente.
Foram também transmitidas algumas regras básicas, que por se tratar de um local
de culto, deveriam circular nos espaços fazendo o menor ruído possível e tendo sempre
83
em atenção os espaços envolventes sob pena de danificarem peças de arte e/ou outros
objetos.
Terminando, aludimos para o horário de saída da Igreja, por volta das 16h 30 da
tarde, e a chegada à escola por volta das 17h, referindo o mesmo percurso. Também
sublinhamos, uma vez mais, o facto de nos deslocarmos a pé até ao local, pelo que era
indicado vestirem-se confortavelmente.
84
Cumpre ressaltar, que a professora da disciplina de Português desta turma, ao ter
conhecimento da realização da visita, solicitou-nos a sua ida, bem como a turma toda
do 11.º ano (já foi referido anteriormente que a turma de Artes Visuais faz parte de uma
turma maior, que compreende alunos do curso de Ciências e Tecnologias). A professora
conhecia o valor patrimonial que a igreja compreendia, e interessava-lhe, sobretudo, o
painel de azulejos da capela-mor retratando Santo António pregando aos peixes, uma
vez que estava a lecionar a obra do Padre António Vieira, “Sermão de Santo António.
Pregado na cidade de S. Luís do Maranhão, ano de 1654”.
A partida da escola para o meio local, foi antecedida pela chamada e contagem
dos alunos, método a que recorremos também no final da visita.
O percurso até à Igreja foi muito agradável dado o excelente estado do tempo,
típico do verão de São Martinho. Um grupo de alunos tinha uma passada mais rápida do
que o outro, mas logo se arranjou um meio termo. Pese embora o conhecimento dos
alunos pela área envolvente à escola, era importante que ninguém se perdesse ou
ficasse para trás. Para o efeito, uma professora estagiária assumiu a vanguarda do
grupo, e a outra professora estagiária assumiu a retaguarda.
85
alunos comprometidos com a professora de Português. Antes de se ter dado início à
visita, entregamos a cada aluno um exemplar do guião de visita por nós elaborado, a
que já fizemos referência anteriormente.
Dado que a professora estagiária Paula Ferreira ia aproveitar esta visita para o
seu estudo, decidiu estabelecer algum contacto com os alunos antes, durante e após a
visita de estudo.
86
Após a intervenção da professora estagiária, a visita prosseguiu agora no interior
da igreja do convento pela mão do historiador e arqueólogo Dr. André Morais.
A entrada na igreja foi marcada pela admiração dos alunos, que apesar de serem
vimaranenses, estavam apenas familiarizados com o seu exterior. Para surpresa deles,
a igreja franciscana apresentava-se convidativa, interpelando-os através dos altares em
talha dourada e os azulejos azulados. Ouvia-se os alunos dizerem: «Que linda!»; «Não
sabia que esta igreja era tão bonita»; «É impressionante»; «Já vim aqui à missa com os
meus pais, gosto muito de aqui vir».
87
movimento e dinamismo à capela-mor, conferindo um verdadeiro efeito teatral e cénico
ao espaço envolvente. Neste espaço, uma das alunas de Artes Visuais, intercedeu
afirmando que gostava bastante das aulas de História da Cultura e das Artes, mas que
nada se comparava à presença real da arte.
88
ladrão, ocorrido em 1710, e que fez questão de nos contar por palavras suas o dito
milagre:
89
O grupo foi encaminhado para a nave central, e aqui o guia apontou para a parte
do coro alto da igreja, onde podemos observar o órgão da igreja construído antes de
1726, pelo organeiro portuense Padre Manuel Lourenço da Conceição Silva.
A visita à Igreja e Convento de São Francisco terminou por volta das 16h30, e
feita a contagem e chamada dos alunos, retornamos à Escola Santos Simões.
90
3.1.3 Avaliação da visita: questionário
28
Questionário sobre a visita de estudo à Igreja de S. Francisco, disponível no Anexo 3, página 133.
29
‘‘Só se ama o que se conhece…’’: Contributos da História local no Ensino da História’’ (2017).
91
3.2 Análise e reflexão dos dados obtidos
92
Figura 12- Gráfico referente à questão n. º1: A organização da visita foi
Figura 13- Gráfico referente à questão n.º 2: O convívio entre todos foi
93
vezes, mais importante que os conhecimentos que se adquirem, são as descobertas
mútuas que se proporcionam».
94
Atentando para a resposta a estas questões, logo percebemos que os alunos
gostaram de quase todos os aspetos respeitantes à atividade, destacando-se «o adquirir
conhecimentos artísticos sobre o local», referindo-a também como «cativante e
educativa» como se pode confirmar nas Figuras 14 e 15.
As respostas que se seguem levaram-nos a refletir sobre os aspetos que devemos ter
ainda mais em consideração durante o processo da planificação e preparação da visita,
consideremos então:
Figura 16- Conjunto de respostas à questão n.º 6: Um dos objetivos da visita, visava o contacto
com a arte da Igreja de São Francisco. Como se designa o período a que pertence essa arte?
95
Como já foi referido anteriormente, um dos objetivos principais da visita era o
contacto com a arte Barroca da Igreja de São Francisco, um dos seus expoentes
máximos. No entanto, a maioria dos alunos indicaram a arte Gótica como o objetivo da
visita.
Estes dados levam-nos a refletir sobre o que pode ter originado a incongruência
nas respostas. Como já tivemos oportunidade de apontar, elegemos a dinâmica da visita
de estudo guiada. Neste sentido, referimos a nossa principal intenção ao responsável
pela visita à Igreja para que esta fosse de encontro aos nossos objetivos.
Figura 17- Conjunto de respostas à questão n.º 7: Que espaços visitaste na Igreja de São
Francisco?
96
Figura 18- Conjunto de respostas à questão n.º 8: Qual é o estado de conservação desses
espaços?
Figura 19- Conjunto de respostas à questão n.º 9: Qual foi o que te despertou mais interesse?
97
Antes de procedermos ao balanço das respostas, é importante referir que a
questão n.º 7 “Que espaços visitaste na Igreja de São Francisco?” (Figura 17) pode
suscitar alguma ambiguidade no que diz respeito à utilização da palavra Igreja. A nossa
intenção era que os alunos referissem todos os espaços visitados para além da Igreja, e
as respostas foram nesse mesmo sentido. No entanto, a terminologia utilizada não é a
mais adequada, uma vez que os espaços que visitamos não fazem parte do edifício
Igreja, mas do Convento.
Após a leitura das respostas relativas aos espaços visitados, os alunos referiram,
para além da «igreja», a «sacristia», a «sala onde se recebe as pessoas importantes», o
«museu», o «jardim», a «parte tumular» e a «parte histórica da igreja», como se pode
verificar nos dados da figura 17. Verifica-se alguma confusão com a denominação dos
espaços, tais como: a referida «sala onde se recebe as pessoas importantes» diz respeito
ao salão nobre da instituição. No entanto, compreendemos esta alusão uma vez que era
neste salão onde se recebiam as figuras ilustres. O referido «jardim» integra os
claustros. A «parte tumular» corresponde às Capelas de S. Pedro e S. Paulo, onde se
podem encontrar as sepulturas brasonadas e epigrafadas das famílias a quem
pertenciam as referias capelas.
Outro dado que cumpre ressaltar, respeita à conservação dos espaços (Figura 18)
que os alunos reconhecem como bem conservados. De facto, o Historiador e
Arqueólogo André Morais, durante a visita mencionou essa preocupação, remetendo-
nos para algumas intervenções de restauro levadas a cabo pela Instituição, bem como
as de maior envergadura por parte da Direção-Geral do Património Cultural.
Um outro dado, e não menos importante, concerne ao interesse (Figura 19) dos
alunos pela «igreja» e a «decoração exuberante do altar», interesse esse que de certo
modo não nos surpreende, uma vez que que a Igreja apela aos sentidos através da rica
talha dourada e da beleza dos azulejos, como já mencionamos anteriormente.
98
Figura 20- Conjunto de respostas à questão n.º 10: Consideras que a população vimaranense
valoriza a Igreja de São Francisco? Porquê?
Neste contexto, é importante referirmos, uma vez mais, que as ideias de defesa,
preservação e valorização do património foram evidenciadas durante a visita de estudo,
sensibilizando-se os jovens nesse sentido. E as respostas acabam por ir ao encontro
desses valores, uma vez que a maioria dos alunos reconhece que os vimaranenses
valorizam a Igreja de S. Francisco. Os restantes alunos declararam a não valorização ou
que deveriam valorizar mais pelo «valor que lá existe», reconhecendo-a como
«histórica» e «do nosso rico património».
99
E por último, sublinhamos a relevância das duas próximas questões para o nosso estudo:
Figura 21- Conjunto de respostas à questão n.º 11: Esta visita correspondeu às tuas
expetativas? Porquê?
Figura 22- Conjunto de respostas à questão n.º 12- Consideras que a visita de estudo ajudou
a aumentar o teu interesse pela História? Porquê?
100
De uma maneira geral todos os alunos referiram que a visita de estudo
correspondeu, seguramente, às suas expetativas, e contribuiu para o aumento do
interesse pela História.
Consideramos que as respostas dos alunos muito revelam sobre a maneira como
olharam para esta atividade curricular realizada fora do espaço escolar, pelo que nos
dispomos a sintetizar algumas das principais conclusões.
Fazendo uma retrospetiva sobre o dia da visita, e das dinâmicas levadas a cabo,
percebemos que o Historiador e Arqueólogo André Morais aliou o seu vasto
conhecimento sobre a História da Igreja do Convento de S. Francisco às emoções dos
30
É importante verificar que o aluno se está a referir ao estilo Barroco, uma vez que era esse um dos
principais objetivos da visita de estudo. Neste sentido pode consultar-se o Anexo para visualizar as
respostas individuais do referido aluno.
101
alunos, ou seja, não se limitou a apontar para os elementos barrocos, foi muito além
disso. Como referimos anteriormente, as realidades patrimoniais, interpelam-nos e a
sua capacidade de emocionar prende-se com o facto de ser uma parte visível da cultura,
no entanto é importante dotá-la de significados, interpretá-la, transmitir os relatos que
os objetos encerram, ou seja, dar-lhes vida. E foi esta a preocupação do Dr. André
Morais, dar vida aos elementos em estudo tendo presente o objeto de estudo da
História, o Homem. De facto, a Igreja emanou vida quando remeteu para a vida de S.
Gualter; os grandes painéis de azulejos adquiriram vida através da explicação do
episódio do ladrão ocorrido em Guimarães. Como alude Santacana Mestre:
Tendo em conta que apenas dois alunos indicaram como o principal objetivo da
visita o período concernente à arte Barroca, entendemos que o guião de visita devia ter
compreendido propostas de trabalho, tornando os alunos participantes ativos
«orientados por um guião, por fichas com informação, os alunos progridem no local a
visitar» (Monteiro, 1995, p. 192).
102
para além de não usarem a denominação correta de alguns espaços visitados, a título
de exemplo. Como alude Monteiro quando se adota esse tipo de visita «os resultados
são pobres porque não é solicitada a participação do aluno», mas refere que a atenção
dos alunos pode ser estimulada «através de perguntas, esclarecimentos, registo de
apontamentos» (1995, p. 192).
103
3.3 Visita de Estudo ao Santuário e Montanha da Penha
31
E-mails trocados com a Irmandade Nossa Senhora da Penha, disponível no Anexo 4, página 137.
104
É importante referir que à semelhança da visita de estudo a S. Francisco foi
necessário um trabalho prévio, não só burocrático, como a elaboração das autorizações
para serem entregues aos encarregados de educação32, pedido de autorização da
escola, mas também logístico, uma vez que tivemos de contactar uma empresa de
transportes para efetuar o serviço no dia da visita de estudo33. Ainda na preparação da
visita de estudo elaboramos um programa com as informações necessárias, como o dia,
o horário, o percurso e os locais a visitar34.
Tendo conhecimento da existência de um guia da cidade de Guimarães,
resolvemos enviar um e-mail para a Câmara Municipal de Guimarães, a requerer
lembranças (como mapas e roteiros) para serem entregues no dia da visita aos alunos e
convidados35. A divisão de turismo do município respondeu prontamente,
disponibilizando o guia da cidade e saquinhos para todo o grupo36. Este guia incluía
algumas informações e imagens alusivas da montanha da Penha, bem como os
principais locais de interesse em Guimarães37.
Importa ressaltar que esta visita de estudo organizada pelas estagiárias
compreendeu o estudo do património material, nomeadamente o Santuário da Penha
e o estudo do património imaterial (peregrinações, lendas, entre outras).
Neste sentido, para uma melhor organização, e proveito desta atividade para
objeto de estudo nos relatórios de estágio, a professora estagiária Juliana Freitas
incumbiu-se do trabalho concernente ao património imaterial (trabalhou,
essencialmente com os alunos do 9.º1) e a professora estagiária Paula Ferreira
encarregou-se da parte respeitante ao património material, trabalhando, para o efeito
com os alunos do 11.º X.
O desenvolvimento do trabalho concernente ao Santuário teve como objetivo
principal a relação dos conteúdos lecionados em sala de aula, com o património local.
A nossa escolha recaiu no Módulo 9 - A Cultura do cinema, nomeadamente a parte
32
Autorizações para os encarregados de educação, disponível no Anexo 8, página 147.
33
E-mails trocados com a empresa de transportes, disponível no Anexo 5, página 140.
34
Programa da atividade, disponível no Anexo 12, página 153.
35
E-mails trocados com as Vereadoras da Câmara Municipal de Guimarães, disponível no Anexo 6,
página 145.
36
E-mails trocados com a Divisão de Turismo da Câmara Municipal de Guimarães, disponível no Anexo
7, página 146.
37
Lembranças disponibilizadas pela Câmara Municipal de Guimarães, disponível no Anexo 10, página
151.
105
respeitante à Art Déco: expressão da vida moderna nos «loucos anos 20», uma vez que
o Santuário da Penha constitui uma obra de influência da Art Déco.
Tendo em conta a importância do fator novidade abordado anteriormente e o
impacto que pode ter no comportamento, e consequentemente, na aprendizagem,
decidimos sensibilizar os alunos para a visita de estudo ao Santuário da Penha. Neste
sentido, a professora estagiária, no dia 19 de março de 2018 aproveitou cerca de trinta
minutos de uma das aulas lecionadas pela professora orientadora, para estabelecer com
os alunos um contacto prévio com informações acerca da visita de estudo, tais como, o
dia da sua realização, objetivos, o material necessário e o custo do transporte. Referiu
também que a visita de estudo ia ser avaliada através do preenchimento de um
questionário. Ainda no contexto da sensibilização para a visita, foi proposta a realização
de um breve trabalho de pesquisa acerca do Santuário da Penha e o arquiteto
responsável pelo projeto, José Marques da Silva. Acrescentamos ainda, que a realização
deste trabalho tinha um outro objetivo, o de preparar os alunos para uma breve
apresentação a realizar-se no dia de visita, na qual eles seriam os responsáveis pela
exposição deste espaço sagrado da montanha aos seus colegas e convidados. Apraz-nos
dizer que os alunos se demonstraram motivados para a realização desta atividade, e
alguns mostraram-se logo disponíveis para a referida apresentação.
Importa relevar que era vontade das professoras estagiárias que se realizasse o
tipo de visita “mista”, que envolve, como já foi referido anteriormente, momentos de
exposição e explicação por parte do professor, mas também prevê momentos em que
os alunos são participantes ativos neste processo de ensino-aprendizagem.
As informações acerca do trabalho a realizar foram registadas no quadro da sala
de aula e as dúvidas foram esclarecidas oralmente no decorrer das aulas seguintes.
Todos os alunos realizaram com sucesso a tarefa proposta, cumprindo o prazo
determinado para a entrega (estipulada para o dia 5 de abril de 2018)38, para além disso,
apresentaram ainda mais pesquisa do que a proposta, demonstrando assim o seu
empenho e interesse.
Ainda na preparação da referida visita de estudo, decidimos que a apresentação
dos alunos devia ser orientada por nós, e neste sentido, aproveitando os trabalhos
38
Exemplo de um trabalho de pesquisa sobre o Santuário da Penha, disponível no Anexo 9, página 149.
106
realizados por eles e o nosso conhecimento, providenciamos uma síntese com as
informações especializadas acerca dos locais a visitar. Este recurso apenas foi entregue
aos responsáveis pela apresentação dos espaços para que as pudessem estudar.
Outro aspeto a ter em atenção, e que estimula e motiva os alunos é a
componente lúdica que a visita de estudo envolve, neste sentido, convidamos uma
aluna do 9.º 1 para tocar flauta transversal (um breve excerto de uma peça da sua
preferência) no interior do Santuário.
3.3.2 O dia
107
interpelando-os para que não fizessem barulho, uma vez que estávamos num local de
culto. Já sentados nos bancos da igreja, pudemos desfrutar de um momento musical
proporcionado por uma aluna do 9.º ano.
108
A atividade compreendia um percurso pedestre pelo Património Histórico,
Material e Imaterial, no entanto, não é nossa intenção apresentar neste relatório esta
parte da atividade, uma vez que foi alvo de estudo aprofundado, como é representativo
disso mesmo o relatório de estágio da professora Juliana Freitas, intitulado: Lembrar
Guimarães: A História Local e o seu Património Imaterial no Ensino da História (2018).
109
3.4 Análise e reflexão dos dados obtidos
Cumpre dizer, uma vez mais, que estiveram presentes nesta atividade os alunos
do 9.º 1 e os alunos do 11.º X. Mas este questionário foi aplicado apenas aos alunos 11.º
X, uma vez que pretendíamos relacionar os conteúdos lecionados na aula com a
realidade local, designadamente o Santuário da Penha.
É essencial referir que solicitámos aos alunos para classificar alguns aspetos da
visita, sendo que 1 corresponde a Insuficiente, 2 a Suficiente, 3 a Bom, e o 4 a Muito
Bom. Comecemos então por proceder à destrinça das respostas ao referido
questionário.
110
Ora atentemos para as duas primeiras questões:
Figura 25- Gráfico referente à questão n. º2: O convívio entre todos foi
111
contribuiu para promover o espírito de camaradagem entre os estudantes, além de
desenvolver uma maior motivação para ir de encontro aos objetivos da atividade.
112
Considerando as respostas dos alunos relativamente ao que mais gostaram, podemos
aferir que a maioria gostou de tudo, merecendo destaque por parte de dois alunos a
«vista da cidade de Guimarães existente atrás do santuário da penha» e «a visita às
grutas». Notamos que estas respostas evidenciam o interesse dos alunos por elementos
naturais que acabam por não estar tão presentes no seu dia a dia, como as grutas. Para
além disso, referem a vista sobre a cidade, que de facto nos impressiona pela beleza e
harmonia.
Figura 28- Conjunto de respostas à questão n.º 6: Que espaços visitaste na Montanha da
Penha?
113
A visita de estudo compreendeu a presença nos seguintes espaços: Santuário da
Penha, Monumento aos Aviadores, Capela de São Cristóvão, Nicho de Santo Elias/Gruta
Nossa Senhora do Carmo, Monumento ao Pio IX, Capela de Santa Catarina e a Gruta da
Senhora de Lurdes. Atendendo às respostas, aferimos que dos espaços elencados,
apenas o Santuário da Penha foi referido por todos os alunos e nenhum evidenciou a
totalidade dos espaços. No nosso entendimento, importa relevar que as respostas
incompletas podem ter decorrido do facto de a visita ter compreendido alguns locais a
visitar, e isso pode ter levado a que os alunos não os fixassem todos. Também
verificamos alguma confusão no que diz respeito à designação dos espaços, como
“senhor padroeiro do sono” ou “senhor do sono”, em vez de “Santo Elias”, no entanto,
esta falta explica-se pelo facto de o santo Elias ser considerado o padroeiro do sono. O
monumento aos aviadores também foi referido como “penedo dos aviadores”, porque
este monumento apresenta-se sobre a forma de uma escultura esculpida na rocha. Um
dos alunos referiu ainda um espaço que não foi alvo de visita, o “teleférico”, e apesar de
o mencionarmos no salão nobre, o mesmo não foi alvo de uma visita física. Esta resposta
sugere que os alunos por estarem motivados acabam por prestar mais atenção às
informações que são transmitidas, não ficando limitados ao que veem. Este aspeto
também corrobora com a ideia já defendida de que as atividades proporcionadas aos
alunos devem envolver o maior número de sentidos. O facto de os alunos não
conhecerem bem a área envolvente também é uma mais-valia deste tipo de visita,
levando-os a conhecê-la.
114
Figura 29- Conjunto de respostas à questão n.º 7: Qual é o estado de conversação desses
espaços?
A maioria dos alunos reconheceu que os espaços estão em bom estado. Durante a visita
esta foi uma das preocupações das professoras estagiárias, porque percebemos desde
logo o trabalho encarecido que a Irmandade da Penha tem vindo a desempenhar na
manutenção destes espaços, e como é de suma importância conservar este lugar para
as gerações vindouras. Existe um outro dado entre as respostas que cumpre evidenciar:
«o Santuário da Penha é uma obra construída quase toda em granito da região, com o
objetivo de esta se integrar no ambiente que a rodeias» este aluno não demonstra uma
preocupação evidente em responder à questão, no entanto, apercebemo-nos da
demonstração do conhecimento acerca do material predominante no referido
santuário, a saber, «granito da região».
Esta questão acaba por ser importante porque incute nos alunos uma análise
critica acerca da preservação do património. ´
115
Figura 30- Conjunto de respostas à questão n.º 8: Qual foi o que te despertou mais interesse?
Notamos que um dos espaços que despertou mais interesse nos alunos, foi o Santuário.
De facto, a sua beleza singular e valia arquitetónica, interpela-nos, apelando aos
sentidos.
Figura 31- Diagrama relativo à Questão n.º 9: O Santuário da Penha constitui uma obra de
arquitetura, de influência: da “Art Déco”; do Barroco; ou do Românico?
116
Após a interpretação deste gráfico, entendemos que os alunos compreenderam que o
Santuário da Penha constitui uma obra de arquitetura de influência da “Art Déco” aspeto
elencado na apresentação realizada pelos alunos, mas aprofundado pela professora
estagiária, como foi referido anteriormente.
Esta resposta também pode estar relacionada com o facto de se ter abordado em sala
de aula estes conteúdos, que os alunos identificaram mais rapidamente.
Figura 32- Conjunto de respostas à questão n.º 10: Consideras que a população vimaranense
valoriza a Montanha da Penha? Porquê?
Consideremos agora a relevância das duas últimas questões para este estudo:
Figura 33- Conjunto de respostas à questão n.º 11: Esta visita correspondeu às tuas expetativas?
Porquê?
Figura 34- Conjunto de respostas à questão n.º 12: Consideras que a visita de estudo ajudou a
aumentar o teu interessa pela História? Porquê?
118
A visita parece ter correspondido às expetativas dos alunos, uma vez que todos
responderam afirmativamente à questão.
Os alunos, regra geral, parecem reconhecer que a visita de estudo ajudou a aumentar
ao interesse pela disciplina de História. Além disso, as respostas sugerem que o
património local lhes desperta a atenção, corroborando com a ideia que já expressamos
anteriormente de que é mais aprazível aos jovens aprenderem sobre o meio que lhe é
próximo pela maior identificação pessoal com o local.
119
através de visitas guiadas e gratuitas. Esta ideia vai ao encontro da ideia defendida pela
autora Helena Pinto de que: «são numerosas as atividades e programas organizados fora
do sistema de ensino oficial regulamentado e sistemático, embora com objetivos
educativos definidos, mas não podemos esquecer que é para os públicos escolares que
a maioria dos museus dirige a parte mais significativa da sua atividade cultural e
educativa» (2016, p. 349).
«Este é ainda um tesouro por descobrir, pois muitas escolas ainda não
perceberam que o sector não formal também dispõe de um dilatando Know-
how na área capaz de desencadear situações de ensino e aprendizagem mais
aliciantes» (p. 17).
Deste modo, torna-se possível aprender na cidade por meio por meio de instituições
formais e não formais de educação e de cultura existentes, constituindo um
contexto/meio educativo.
120
Considerações finais
Após este longo caminho, desde a indagação teórica subjacente a este trabalho, a
construção de instrumentos de recolha de informação, até à análise e interpretação dos
resultados obtidos, passando, claro, pelos momentos de implementação das visitas de
estudo planeadas, pensamos estar agora em condições de dar respostas às questões
que motivaram a presente investigação.
Com base nas respostas dos alunos aos questionários, podemos afirmar que as
visitas de estudo à igreja de S. Francisco e Montanha e Santuário da Penha foram bem-
sucedidas. No entanto, admitimos que existiram limitações no nosso exercício, e a
reflexão que agora trazemos, pretende ser um contributo para as práticas futuras e para
trabalhos que procurem respostas de maior alcance.
Neste sentido, reconheço que seria de todo pertinente, no decorrer de uma visita
de estudo «descrever um objeto, fazer uma entrevista, tirar fotografias, fazer um
desenho, aplicar um inquérito, fazer uma filmagem…(…) pode-se pedir a cada aluno que
eleja, livremente, o aspeto da visita que mais o tenha sensibilizado e que, sobre ele,
produza um pequeno texto - poético, literário, jornalístico - acompanhado por uma
imagem: um postal ou uma fotografia. Com estes materiais pode-se montar um painel
sobre a visita» (Monteiro, 1995, p. 192).
Assim, as minhas opções culminaram numa pequena amostra, e isso foi, no início
da consecução deste relatório um motivo de desanimo. Todavia, o trabalho tinha de
prosseguir com os dados que tinha, e assim foi. Apesar das limitações elencadas,
consegui encontrar algumas respostas que motivaram a realização deste trabalho.
122
à Montanha e Santuário da Penha também foi do agrado dos alunos, pautando-se pela
intervenção dos alunos, que sentiram de certo modo um orgulho pela responsabilidade
que lhes atribuímos de apresentar os diversos espaços.
Também notamos que a matéria lecionada ganhou outro ímpeto pela presença real
dos monumentos e objetos, referindo um dos alunos que «nos livros não conseguimos
ver tão bem os pormenores como visto no local», levando-nos a admitir que esta
estratégia didática tem potencial para quebrar o teor abstrato e teórico da sala de aula
com o acesso direto a conhecimentos proporcionados pelo meio.
Sentimos, que de alguma forma, este trabalho contribui para aproximar os alunos
à História Local da sua cidade, considerando que ao contactarem com o meio local,
designadamente, o património histórico e patrimonial, conhecem-no, compreendem-
no, apropriam-se dele e valorizam-no.
Estas aceções são ainda mais sublinhadas porque reconhecemos que esta atividade
pode contribuir para o desenvolvimento pessoal integral dos alunos. E aqui subscrevo,
as palavras de Joan Subirats39 no monográfico Cidade Cultura e Educação da AICE (2020):
«Numa ótica dos direitos humanos, a plena dignidade das pessoas requer
a garantia da capacidade de exercer o direito à educação e à participação na
vida cultural, explorando a sua interdependência. Isto implica trabalhar tanto
na educação formal, como na não formal, em ambientes propícios às artes e à
cultura, e integrar a compreensão da importância da criatividade, da
diversidade, da memória e do património enquanto elementos-chave da
aprendizagem e da construção da pessoa» (p. 6).
39
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Barcelona responsável pelo Pelouro da Cultura, Educação e
Ciência e Comunidade.
123
Apesar das limitações desta investigação, chego ao final deste trabalho com a
sensação de ter contribuído para o estabelecimento do contacto entre a escola e o meio
envolvente, levando os alunos a conhecer, como referiram, e bem, «a história» e o
«nosso rico património».
124
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Pais, J.M. (1999). Consciência Histórica e Identidade: os Jovens Portugueses Num
Contexto Europeu. Oeiras: Celta Editora.
Pimentel, A. (coord.). (2004). Programa de História da Cultura e das Artes. Cursos
Científico-Humanísticos de Artes Visuais e de Línguas e Literaturas (11º e 12º anos) e
Cursos Artísticos Especializados de Artes Visuais, Dança, Música e Teatro (10º, 11º e 12º
anos). Ministério da Educação, Departamento do Ensino Secundário. Disponível em:
http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Secundario/Documentos/Programas/histor
ia_cult_artes_10_11_12.pdf. Consultado no dia 12 de outubro de 2020.
127
Silva, M. A. C. (2012). Aprender História pelo espaço: o caso da Baixa Pombalina, em
Lisboa. (Tese de Mestrado) Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Teixeira, F. J. (2000). Convento de S. Francisco- Guimarães. Porto: Marca - Artes
Gráficas.
Telmo, I. (1989). O Património e a Escola - do passado ao futuro. Lisboa: Texto Editora.
Vale, F. A. V. do. (2019). A Visita de Estudo na Didática da História. (Tese de Mestrado).
Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Villar, M. (2001). A cidade Educadora: Nova Perspetiva de Organização e Intervenção
Municipal. Lisboa: Instituto Piaget.
Fontes
128
Anexos
129
Anexo 1- Guião da visita de estudo à Igreja de São Francisco
130
Anexo 2- Autorizações para os encarregados de educação- visita de
estudo à Igreja de S. Francisco
CONVOCATÓRIA
Exmo. Sr.(a). Encarregado (a) de Educação,
Venho, por este meio, informar, que o seu educando(a) terá uma visita de estudo à
Igreja do Convento de S. Francisco a realizar no próximo dia 31/10/2017 pelas 14:30
horas.
131
Custo da Visita de Estudo: Sem custo.
Nota: A turma será acompanhada pelas professoras de História, Carla Sanfins,
Juliana Freitas e Paula Ferreira.
-----------------------------
(Assinar, recortar e devolver a parte inferior à Professora de História)
(Nome) _________________________________________________, Encarregado(a)
de Educação de ______________________________________________, N.º
__________, do 11.º, declara que tomou conhecimento da realização de uma Visita de
Estudo à Igreja de São Francisco, e autoriza /não autoriza a participar.
▪ Autoriza a participação-------------
▪ Não autoriza a participação-------
Guimarães, ____/____/2017
132
Anexo 3- Questionário sobre a visita de estudo à Igreja de S. Francisco,
realizado no Google Forms
133
134
135
136
Anexo 4- E-mails trocados com a Irmandade Nossa Senhora da Penha
137
138
139
Anexo 5- E-mails trocados com a Arriva Portugal- Empresa de Transportes
140
141
142
143
144
Anexo 6- E-mails trocados com as Vereadoras da Câmara Municipal
de Guimarães
145
Anexo 7- E-mails trocados com a Divisão de Turismo da Câmara
Municipal de Guimarães
146
Anexo 8- Autorizações para os encarregados de educação- Visita à
Penha
CONVOCATÓRIA
147
Custo da Visita de Estudo: 3 € (Pagar no dia 9 de abril, segunda-feira).
Nota: A turma será acompanhada pelas professoras de História, Carla Sanfins, Juliana
Freitas e Paula Ferreira.
-----------------------------
(Assinar, recortar e devolver a parte inferior à Professora de História)
(Nome) _________________________________________________, Encarregado(a)
de Educação de ______________________________________________, N.º
__________, do 11.º, declara que tomou conhecimento da realização de uma Visita de
Estudo à Penha, e autoriza /não autoriza a participar.
▪ Autoriza a participação------------
▪ Não autoriza a participação------
Guimarães, ____/____/2018
148
Anexo 9 – Exemplo de um trabalho de pesquisa sobre o Santuário da
Penha
149
150
Anexo 10- Lembranças disponibilizadas pela Câmara Municipal de
Guimarães
151
Anexo 11- Convite para a atividade “Penha, Património Histórico e
Natural”
152
Anexo 12- Programa da atividade “Penha, Património Histórico e
Natural”
153
Anexo 13- Fotos da atividade “Penha, Património Histórico e
Natural”
154
155
156