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Buraco negro: entenda como será a pesquisa de

brasileiros com o telescópio James Webb


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Um grupo de pesquisadores brasileiros vai pesquisar buracos negros com o uso de


imagens geradas pelo telescópio James Webb, o maior e mais caro já posto em órbita. O
instrumento enviou nesta segunda-feira as primeiras imagens geradas do espaço e,
entre abril e julho do próximo ano, fará fotografias que serão usadas em um estudo sobre
presença de hidrogênio em três galáxias com núcleo ativo.

Estudo sobre buraco negro: Pesquisadores brasileiros já têm data para usar
telescópio James Webb
Telescópio: Novas imagens do James Webb mostram pontos nunca antes vistos
do universo

A investigação científica é desenvolvida pelo Grupo de Astrofísica da Universidade


Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com pesquisadores da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Johns Hopkins, dos Estados
Unidos.

Intitulado "Suprimindo a formação estelar: desvendando ventos moleculares em núcleos


ativos de galáxias", o projeto vai investigar o papel de ventos de gás molecular e da
radiação no entorno de buracos negros supermassivos no centro de três galáxias.

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— Com o James Webb conseguiremos observar não somente a quantidade de gás, mas
como ele está distribuído na galáxia e, principalmente, como ele se move — disse o
coordenador do projeto, o astrofísico Rogemar André Riffel, da UFSM, em entrevista ao
GLOBO.

Atraso de anos: Saiba quem consertou o telescópio James Webb quando tudo
parecia perdido
Leia mais: Primeiras imagens do telescópio James Webb revelam galáxias pouco
após o Big Bang

A cinemática do gás molecular será estudada a partir da emissão da molécula do


hidrogênio, que é abundante nas três galáxias, que são relativamente próximas e estão
situadas entre 300 e 600 milhões de anos luz de distância uma da outra.

Os pesquisadores querem entender o motivo pelo qual há abundância de hidrogênio


nessas galáxias. E a observação dessas moléculas é possível apenas com um
telescópio como o James Webb.

Grupo de pesquisadores da UFSM acompanhou a divulgação das primeiras imagens do


James Webb — Foto: Arquivo pessoal

A equipe foi selecionada pelo Space Telescope Science Institute, operado pela agência
espacial americana (Nasa), em março do ano passado. Riffel está otimista com as
possibilidades que o James Webb proporciona ao estudo científico.

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— Eu não diria que as imagens [divulgadas ontem] são melhores que o esperado,
porque a expectativa já estava lá em cima, já sabíamos que viria algo extraordinário, e foi
isso. É fantástico, não só as imagens mas também todos os dados por trás delas. Os
cientistas agora vão analisar a quantidade de luz emitida por cada pedacinho dessas
imagens, os espectros e observar como estão se movendo — afirmou.

Instrumentos reservados
O projeto coordenado por Riffel já tem data para acessar o telescópio. A previsão é de
que o James Webb fique disponível para os pesquisadores brasileiros entre abril e julho
do ano que vem.

Nebulosa do Anel Sul, Quinteto de Stephan: Saiba o que mostram as imagens


do telescópio James Webb
Compare: Nasa mostra diferença na qualidade de imagens do James Webb em
relação ao Hubble

Riffel explica que seu projeto foi aprovado para o ciclo 1 do telescópio. No momento, o
James Webb está no ciclo 0, no qual o equipamento é usado pelos times que
desenvolveram seus instrumentos.

Depois desta primeira etapa, o telescópio será aberto para outros pesquisadores,
quando o James Webb fará as imagens solicitadas pelos brasileiros. Mas a ordem de
prioridade ainda pode mudar. A fila é determinada de modo a economizar energia do
telescópio e a sequência de projetos depende disso.

— Todo o controle do James Webb é feito remotamente, por técnicos e engenheiros. Nós
submetemos a proposta com todo o detalhamento de quantos segundos cada
instrumento deve ficar em cada configuração, tudo especificado sobre o que queremos
observar. E isso é feito de forma automática e nós observamos o resultado depois. A
análise será feita aqui na universidade — explicou Riffel.

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