Você está na página 1de 8

Faculdades Nova Esperança

Disciplina: Língua Portuguesa Optativa


Exercícios sobre gêneros textuais

Questão 1

Leia o trecho abaixo:

"A ciência mais imperativa e predominante sobretudo é a ciência política, pois


esta determina quais são as demais ciências que devem ser estudadas na
pólis. Nessa medida, a ciência política inclui a finalidade das demais, e, então,
essa finalidade deve ser o bem do homem."(Aristóteles. Adaptado)
O gênero textual utilizado pelo autor é
a) propaganda
b) enciclopédia
c) texto didático
d) texto de opinião
e) texto prescritivo

Questão 2

São Paulo, 18 de agosto de 1929.

Carlos [Drummond de Andrade],

Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio Vargas –
João Pessoa. É. Mas veja como estamos... trocados. Esse entusiasmo devia
ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que deveria ser de você. (...). Eu...
eu contemplo numa torcida apenas simpática a candidatura Getúlio Vargas,
que antes desejara tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura
(única aceitável, está claro) fica manchada por essas pazes fragílimas de
governistas mineiros, gaúchos, paraibanos (...), com democráticos paulistas
(que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocas e gaúchos.
Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a existência de males
necessários, porém me afasta do meu país e da candidatura Getúlio Vargas.
Repito: única aceitável. (cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004, p. 305 )

A carta é um gênero textual em que existe sempre um emissor (remetente) e


um receptor (destinatário). No trecho acima, a carta escrita para Carlos revela
um exemplo de

a) carta pessoal
b) carta do leitor
c) carta aberta
d) carta argumentativa
e) carta comercial
Questão 3

Eça de Queirós, um dos maiores escritores do realismo português, é conhecido


por sua prosa onde ele criou novas formas de linguagens, neologismos e
mudanças na sintaxe.
O trecho abaixo é de sua obra mais emblemática “O primo Basílio”
"Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de
fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo
louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro,
enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele
tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa
acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis
de rubis miudinhos davam cintilações escarlates."
De acordo com os gêneros textuais, a intenção do autor foi
a) relatar sobre a manhã da personagem
b) narrar os fatos habituais daquela manhã
c) descrever aspectos da personagem e de suas ações
d) apresentar o principal jornal lido pela personagem
e) dissertar sobre a roupa utilizada pela personagem

Questão 4

Qual das alternativas abaixo contém somente gêneros textuais?


a) romance, descrição, biografia
b) autobiografia, narração, dissertação
c) bula de remédio, propaganda, receita culinária
d) contos, fábulas, exposição
e) seminário, injunção, declaração

Questão 5

Projeto de Lei prevê multa e prisão para quem cria e compartilha fake
news

Pena pode chegar a até 10 anos de prisão caso o autor da notícia esteja por trás
de um grupo de disseminação de fake news
De autoria da deputada Rejane Dias, o Projeto de Lei 2389/20 altera o Código
Penal e prevê punição com detenção para aqueles que se beneficiam
compartilhando notícias falsas. A iniciativa é reduzir o número de fake news na
internet, que são compartilhadas por ingenuidade, mas também podem ser
criadas propositalmente para favorecimento de pessoas e/ou instituições.
Caso o beneficiamento da pessoa com a proliferação de fake news seja
comprovado, a PL 2389/20 prevê detenção de 2 a 4 anos. A pena pode aumentar
para até 10 anos caso o autor da notícia falsa seja o líder ou coordene um grupo
responsável pela disseminação – os famigerados bots.
“É um desserviço à população e um atentado à segurança coletiva, um gesto de
desumanidade e prejuízo frontal (…). A notícia falsa, além de afetar seriamente
a vida das pessoas, pode também ajudar a reforçar um pensamento errôneo”,
disse a deputada autora do projeto, que reforçou como a disseminação de fake
news na atual época de pandemia que estamos vivendo é perigosíssima e um
atentado à vida das pessoas.
Em análise na Câmara dos Deputados, o texto já está dando o que falar e
algumas pessoas, inclusive que trabalham com política, estão dizendo que a PL
é um complô e é tendenciosa. A pergunta é: para quem?
Para não cair em notícias falsas, confira sempre o veículo em que ela foi
publicada, se ele é renomado, por exemplo, duvide de sites poucos conhecidos
e de conteúdos compartilhados em grupos de WhatsApp, principalmente de
textos copiados e colados que não têm links ou fontes. (Por Isabella Otto, Revista Capricho)
O editorial é um gênero textual sendo um texto essencialmente

a) narrativo-descritivo
b) descritivo-narrativo
c) prescritivo-descritivo
d) dissertativo-argumentativo
e) injuntivo-opinativo

Questão 6

O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade. O cavalo contente da vida,


folgando com uma carga de quatro arrobas apenas, e o burro — coitado!
Gemendo sob o peso de oito. Em certo ponto, o burro parou e disse:
— Não posso mais! Esta carga excede às minhas forças e o remédio é
repartirmos o peso irmãmente, seis arrobas para cada um.
O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada.
— Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso tão bem
continuar com as quatro? Tenho cara de tolo
O burro gemeu:
— Egoísta, Lembre-se que se eu morrer você terá que seguir com a carga de
quatro arrobas e mais a minha.
O cavalo pilheriou de novo e a coisa ficou por isso. Logo adiante, porém, o
burro tropica, vem ao chão e rebenta.
Chegam os tropeiros, maldizem a sorte e sem demora arrumam com as oito
arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga,
dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.
— Bem feito! Exclamou o papagaio. Quem mandou ser mais burro que o pobre
burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em
excesso? Tome! Gema dobrada agora…(LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo,
Brasiliense,1994)
A fábula é um gênero textual literário que possui uma forte carga moral, sendo
uma narrativa fantasiosa que o afasta de realidade. Sobre isso, assinale abaixo
a alternativa INCORRETA sobre esse gênero textual:

a) é uma narrativa breve


b) sempre propõe algum ensinamento
c) usa animais como personagens
d) possui um entendimento rápido e fácil
e) é sinônimo de parábola
Questão 7

"Experimente o nova e deliciosa barrinha de chocolate asteca: com mais de


70% de cacau e 0% de gordura saturada."
A oração acima faz parte do gênero textual
a) notícia
b) propaganda
c) editorial
d) bilhete
e) declaração

Questão 8

Pé de moleque

Ingredientes

3 xícaras de amendoim torrado e moído


3 xícaras de açúcar
1 ½ xícaras de leite

Modo de Fazer

Leve todos os ingredientes ao fogo, mexendo sempre e até desgrudar da


panela. Em seguida, despeje em mármore e espere esfriar e endurecer. Por
fim, corte em pequenos pedaços.

As receitas culinárias são gêneros textuais que instruem as pessoas a fazerem


algo, seguindo um passo a passo. Esse tipo de gênero pertence aos textos

a) prescritivos
b) narrativos
c) descritivos
d) injuntivos
e) expositivos

Questão 9

Os gêneros textuais englobam também alguns gêneros orais. Geralmente, eles


são considerados textos expositivos que possuem o intuito de expor alguma
ideia. Das alternativas abaixo, a que não faz parte dos gêneros orais é

a) o e-mail
b) o seminário
c) a palestra
d) o colóquio
e) a entrevista
Questão 10

HAMLET observa a Horácio que há mais causas no céu e na terra do que


sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço
Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter
ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras
palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui,
e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o
que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de
uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas,
combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me
esquecesse, mas que não era verdade.
— Errou! interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua
causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria
muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando
tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-
a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e
depois.
— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião.
Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que
havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava,
paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova
é que ela agora estava tranquila e satisfeita. (A Cartomante, Machado de Assis)

O conto é um tipo de gênero textual breve, escrito em prosa e formado apenas


por uma história e um conflito. Sobre esse gênero textual, podemos afirmar que

a) é um texto essencialmente descritivo com presença de diálogos entre


personagens.
b) é um texto dissertativo e mais curto que o romance e a novela, ambos do
mesmo tipo textual.
c) é um texto narrativo e que envolve enredo, personagens, tempo e espaço.
d) é um texto opinativo formado pelos discursos direto e indireto.
e) é um texto expositivo em que um tema é apresentado ao público.
LEITURA E ANÀLISE DE TEXTOS

Céu embaixo
PAULO LEMINSKI

17
Janelas, escancaradas janelas do 17º andar, aqui vou eu, aqui vai toda essa minha
estúpida vontade de apagar a luz, única maneira decente de apagar a dor.
16
Décimo sexto andar. Até aqui, tudo bem. A temperatura está a 17 graus, o céu azul, e a
lei da gravidade continua funcionando com o costumeiro rigor. Quem partiu, tem que
chegar.
15
Ao passar pelo 15º andar, já não acho mais que quem partiu tem que. Está provado que
é possível, em certos casos, partir sem chegar a. Nesses casos, se diz, houve empate. Eu
não jogava pelo empate. Jogava pelo escândalo, vitória ou derrota. Foi vitória? Derrota?
Tem gente que prefere abrir o gás. Tem quem se dedique à pesca submarina. Em
nenhum desses casos, o fim é algo de último, a meta não é definitiva. Qual era o jogo
dela? Fosse qual fosse, amigos, amigos, jogos à parte.
14
Só quem já caiu de um 14º andar pode imaginar o que senti quando. Quando foi
mesmo? Será que foi? Ou foi um peso que tirei de cima de mim? Peso por peso, prefiro
o meu, que, pelo menos, me leva para algum lugar.
13
Pronto. Treze é meu número de azar favorito. Tenho outros números de azar. Um, dois,
três, quatro, cinco, seis, sete, por exemplo, essas coisas, enfim, que atravessam as réguas
de cálculo. De todos, 13 é o meu predileto. Que foi que fiz para merecer cair até o 13º
andar, donde se descortina um relance do Atlântico? Quem sabe eu não devia ter, vocês
sabem. Vai ver, aquela nuvem lá longe não passa de um eco de um pensamento meu. A
raiva é sábia.
12
Alguma coisa não pára de me dizer, não devia ter vindo. Eu sabia que a comida era
péssima, o atendimento sempre ficava a desejar. Mas, depois de vindo, como desvir? O
12º é sempre o mais filosófico. Aquele onde o ato de pensar fica mais ridiculamente
genérico. Cair não é genérico. Cair é a coisa mais natural do mundo. Cair é lógico.
Podem perguntar para qualquer pedra do planeta Terra.
11
O 11º andar é sempre um caso à parte. Talvez melhor dissessem um caos à parte. Mas
isto não seria correto. O correto consiste em dizer: o 13º andar, donde se descortina um
relance do Atlântico, sim, o mais correto, é deixar cair.
10
Não sei como suporto esta situação. É absolutamente ridículo. Só porque alguém saltou
do 17º andar de um edifício não quer dizer necessariamente que tenha que chegar até
um, digamos, décimo andar. O décimo andar, em casos de queda, é objeto e motivo de
lendas e chacotas entre muitos povos primitivos que, absorvidos por outros afazeres
mais prementes, deixaram-nas cair no esquecimento, onde jazem até hoje. Mas jazem
muito bem. As lendas sobre o décimo andar, ainda vai haver quem as conte. Palavra de
honra.
9
Que frio. Bem que minha mãe falou, leva um casaco. Sempre assim. A cabeça não
pensa, o corpo é que sofre. O que eu queria mesmo era ficar para sempre no 12º andar.
8
Ela, ela mora no 12º andar. Ao passar, quase dei um alô. Ela não entenderia. Telefonaria
para a mãe. Fritaria um ovo. No máximo, olharia para baixo. Ou para cima, para ver de
onde eu tinha vindo.
7
Parece mentira, mas cheguei ao 7º andar. A que ponto chegamos! Nessa velocidade, a
lembrança do 12º andar parece apenas uma lembrança. A física ensina que os corpos
têm sua queda acelerada à medida que se aproximam do destino. Não vejo por que
deveria ser diferente comigo. A lei da gravidade é a mais democrática de todas. Rege,
com idêntico rigor, gregos e troianos, jóias e paralelepípedos, impérios e pétalas de
magnólia. Sete é conta de mentiroso. Ela me mentiu. Nada mais fácil que mentir que se
ama alguém. Basta dizer: eu te amo. Quem vai saber? Como medir? Como provar? As
palavras também estão sujeitas à lei da gravidade?
6
No sexto, fica a administração. É o andar mais frio e mais distante. É onde se tramam as
grandes negociações, onde ficam os cofres com os segredos indecifráveis. Chegar ao
sexto andar é a ambição de todo corpo que cai. Os que não. A poucos é dada essa
proeza. Os que fracassam, fatalmente, continuarão caindo até o quinto, onde ficam os
infernos.
5
Do antigo inferno, o moderno só traz o nome. Na verdade, o inferno de hoje, no quinto
andar, é um dos andares mais agradáveis do edifício, dispondo de amplas instalações,
sala, cozinha, banheiro, área de serviço e quarto de empregada. Os banheiros são
revestidos de material à prova de fogo, precaução inútil, já que neste prédio raramente
ocorre algum incêndio de proporções catastróficas. Da janela do quinto andar, avista-se
o letreiro que diz, PROIBIDO CAIR.
4
Ninguém nunca soube para que servia o quarto andar. Sempre se imaginou que era uma
espécie de depósito onde se guardavam as coisas que não serviam mais para os andares
de cima, garrafas vazias, móveis usados, lâmpadas queimadas, livros já lidos, óculos
quebrados, espelhos, diários, relógios.
3
Deus queira que esta saudade do 12º permaneça acesa durante todo este andar, durante o
frio, o vento, a angústia, a raiva e a força maior deste poder que me chama.
2
Não há muito a dizer, nunca há. Meia dúzia de palavras resolvem problemas de mil anos
atrás. Fomos nos dizendo cada vez menos. Dizer sempre é uma outra coisa.
1
O chão é duro.
Por não estarem distraídos,
Clarice Lispector
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente
a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles
respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à
levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às
vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de
escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca
de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em
não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então
a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não
via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava
ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com
aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque
não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o
que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair
de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera
já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Você também pode gostar