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BLOCO II

Parte da Professora
Heloísa Teixeira Firmo

hfirmo@poli.ufrj.br

Resumo ARH – Gabo Weby 59


6. Introdução à Gestão de Recursos Hídricos
6.1 Água – Ela sempre esteve presente

A Água que você não vê

Você consome sem perceber. Veja o quanto de água potável é necessário


para produzir itens do seu cotidiano.

Infográfico: Planeta Sustentável/ABRIL Fonte: Sabesp

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Tipos de Usos da Água

Requisitos de
Forma Finalidade Tipo de Uso Uso Consuntivo Efeitos nas Águas
Qualidade
Com derivação de Abastecimento Abastecimento Baixo, de 10%, sem Altos ou médios, Poluição orgânica e
águas urbano doméstico, industrial, contar as perdas nas influindo no custo do bacteriológica
comercial e público redes tratamento

Abastecimento Sanitário, de processo, Médio, de 20%, Médios, variando com Poluição orgânica,
industrial incorporação ao variando com o tipo o tipo de uso substâncias tóxicas,
produto, refrigeração de uso e de indústria elevação de
e geração de vapor temperatura

Irrigação Irrigação artificial de Alto, de 90% Médios, dependendo Carreamento de


culturas agrícolas do tipo de cultura agrotóxicos e
segundo diversos fertilizantes
métodos

Abastecimento Doméstico ou para Baixo, de 10% Médios Alterações na


dessedentação de qualidade com efeitos
animais difusos

Aquicultura Estações de Baixo, de 10% Altos Carreamento de


piscicultura e outras matéria orgânica

Sem derivação de Geração hidrelétrica Acionamento de Perdas por evaporação Baixos Alterações no regime
águas turbinas hidráulicas do reservatório e na qualidade das
águas

Navegação fluvial Manutenção de Não há Baixos Lançamento de óleo e


calados mínimos e combustíveis
eclusas

Recreação, lazer e Natação e outros Lazer contemplativo Altos, especialmente Não há


harmonia paisagística esportes com contato recreação de contato
direto, como iatismo e primário
motonáutica

Pesca Com fins comerciais Não há Altos, nos corpos de Alterações na


de espécies naturais água, correntes, lagos, qualidade após
ou introduzidas ou reservatórios mortandade de peixes
através de estações de artificiais
piscicultura
Assimilação de Diluição, Não há Não há Poluições orgânicas,
esgotos autodepuração e físicas, químicas e
transporte de esgotos bacteriológicas
urbanos e industriais

Usos de preservação Vazões para assegurar Não há Médios Melhoria da qualidade


o equilíbrio ecológico da água

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6.2 Pegada Hídrica

6.2.1 Introdução
A pegada hídrica de um produto é um indicador empírico de quanta água é
consumida, quando e onde, medida ao longo de toda a cadeia de abastecimento do
produto. Assim, a pegada hídrica é um indicador multidimensional, mostrando
volumes, mas também explicitando o tipo de uso da água (evaporação de águas
pluviais, águas superficiais ou subterrâneas, ou poluição da água ) e a localização e
o momento do uso da água.

A pegada hídrica pode ser um indicador na avaliação do ciclo de vida (ACV) de um


produto ao lado de outros indicadores, como o carbono emitido.

A água é conhecida por ser um recurso renovável, pois circula pelo meio ambiente.
Então, por que nos preocupamos em criar uma pegada hídrica? Para quase todos os
fins humanos, como beber, irrigar, produzir energia, transportar, cozinhar, lavar,
etc., é necessária água doce. A água salgada, que domina a superfície terrestre e os
recursos hídricos disponíveis, não pode ser utilizada para estes fins. Embora a água
doce seja um recurso renovável, não é ilimitada e representa apenas cerca de 3%
dos recursos hídricos do planeta. A maior parte destes 3% não são diretamente
acessíveis; a água dos lagos e rios representa menos de 0,01% dos recursos hídricos
globais. Num determinado período, a precipitação é sempre limitada a uma
determinada quantidade e a água pode escassear. O mesmo se aplica à quantidade
de água que recarrega as reservas subterrâneas e que flui através de um rio.
Nestes períodos, não se pode utilizar mais água do que a quantidade que está sendo
recarregada no corpo. Como a humanidade depende fortemente da água doce, criar
uma pegada hídrica pode ajudar a identificar produtos cuja produção pode ser
arriscada num determinado local e num determinado período de tempo. A pegada
hídrica da humanidade excedeu os níveis sustentáveis em vários locais e está
distribuída de forma desigual entre as pessoas. A pegada hídrica pode ajudar a
alcançar um uso mais sustentável e equitativo da água doce.

6.2.2 Aplicações das Pegadas Hídricas


Como já mencionado, o conceito de pegada hídrica não pode ser utilizado apenas
para produtos (como é o caso da água virtual), mas também pode ser aplicado a
pessoas, empresas, comunidades, nações, áreas geograficamente delimitadas e à
humanidade como um todo.

Possíveis aplicações são:

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Etapa do Processo
A pegada hídrica de uma única etapa do processo é o alicerce básico para todas
as contagens da pegada hídrica.

Produto
É o agregado das pegadas hídricas de todas as etapas do processo necessárias
para produzir um produto intermediário ou final.

Pessoa / Consumidor
Soma de todas as pegadas hídricas dos produtos consumidos por essa pessoa.

Comunidade
Soma das pegadas hídricas dos produtos consumidos por todos os consumidores
que fazem parte da comunidade.

Produtor / Empresa
Soma das pegadas hídricas dos produtos que o produtor/empresa entrega.

Área Delimitada Geograficamente


Soma das pegadas hídricas de todos os processos que ocorrem naquela área.

Nação
A soma das pegadas hídricas de todas as atividades dentro de uma nação (toda a
água doce usada para produzir os bens e serviços consumidos pelos habitantes da
nação). Isto é tanto interno quanto externo de uso da água.

Humanidade
A pegada hídrica total da humanidade é igual à soma das pegadas hídricas de
todos os consumidores e, portanto, de todos os bens e serviços de consumo final
consumidos anualmente e também igual à soma de todos os processos que
consomem água e poluem no mundo.

Dependendo da aplicação, diferentes unidades são calculadas com a pegada hídrica:

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Escopo Unidades

Etapa do Processo Volume por unidade de tempo

Volume por unidade de produto (por exemplo, unidade de


Produtos
massa, dinheiro, energia, por peça)

Pessoa/Consumidor Volume por unidade de tempo per capita

Volume por unidade de tempo / Volume por unidade de


Produtor/Negócio
tempo dividido pelo volume de negócios

Área Geograficamente Delimitada Volume por unidade de tempo

Nação Volume por unidade de tempo per capita

6.2.3 Componentes da Pegada Hídrica


Existem vários padrões para pegadas hídricas. Provavelmente o padrão mais
conhecido é o Padrão Global de Pegada Hídrica desenvolvido pela Water Footprint
Network (WFN). A Organização Internacional de Normalização (ISO) está atualmente
a trabalhar numa norma processual sobre como incorporar a pegada hídrica numa
Análise do Ciclo de Vida de um produto (ACV). Este padrão ISO estará vinculado ao
Padrão Global de Pegada Hídrica. Embora a ISO 14.046 ainda seja um rascunho e se
espera que se torne uma norma em 2014, o grupo de trabalho WULCA (um grupo de
investigadores da América do Norte, Europa e Austrália) está atualmente a
trabalhar numa metodologia para esta norma.

O Padrão Global de Pegada Hídrica considera:

Uso direto (para um consumidor: a água que é consumida diretamente, por exemplo,
para beber e lavar) e indireto (a água necessária para a produção dos produtos que um
consumidor consome).

Consumo de água e poluição da água.

Ao lado da pegada hídrica azul também há pegada hídrica verde e cinza.

A pegada hídrica total é a soma do consumo de água azul, verde e cinza.

6.2.4 Pegada Hídrica Azul


A pegada hídrica azul é o consumo de água doce inválida ou subterrânea e leva em
consideração:

Água que evapora e transpira

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Água incorporada ao produto

Água que não retorna à mesma área de captação (mas pode retornar ao mar
ou a outra área de captação)

Água que não retorna no mesmo período (pode ser retirada no período seco
e devolvida no período chuvoso)

A evapotranspiração geralmente ocupa a parte mais significativa da pegada hídrica


azul.

6.2.5 Pegada Hídrica Verde


A pegada hídrica verde é o consumo de água que se refere à precipitação em terra
que não escoa nem recarrega as águas subterrâneas, mas é armazenada no solo
ou permanece temporariamente na superfície do solo ou da vegetação. A água verde
é geralmente usada para o crescimento das culturas. A pegada verde inclui:

Água que evapora e transpira dos campos e plantações

Água incorporada na colheita ou madeira

6.2.6 Pegada Hídrica Cinzenta


A pegada hídrica cinza é um indicador do grau de poluição da água doce que pode
estar associado a uma etapa do processo, produto ou consumidor, etc. É o volume
de água doce necessário para assimilar a carga de poluentes com base nas
concentrações naturais de fundo e no ambiente existente. padrões de qualidade da
água.

Componentes de uma pegada hídrica. A parte não consuntiva das captações de água (fluxo de retorno)
não faz parte da pegada hídrica. Fonte: HOEKSTRA et al. (2011)

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6.2.7 Água Virtual
Em termos da água utilizada para fabricar um produto, a pegada hídrica também
pode ser referida como o conteúdo virtual de água do produto. Água virtual é a
quantidade total de água que foi usada para produzir um bem, bem como a água
indiretamente usada (por exemplo, a água necessária para produzir a ração de um
animal ao calcular a pegada hídrica da carne do animal). É denominado virtual
porque o bem final não contém mais a quantidade total de água que foi utilizada para
produzi-lo. As duas diferenças entre a água virtual e a pegada hídrica são:

1. A água virtual refere-se apenas ao conteúdo de água, enquanto a pegada


hídrica é um indicador multidimensional. Ao lado do volume também
identifica onde está localizada a pegada hídrica, qual fonte de água é
utilizada e quando a água é utilizada. As informações adicionais são cruciais
para avaliar os impactos da pegada hídrica de um produto. Além disso, o
conceito de pegada hídrica tem uma aplicação mais ampla.

2. Enquanto a água virtual só pode ser calculada para um produto, a pegada


hídrica também pode ser calculada para um consumidor, observando as
pegadas hídricas dos bens e serviços consumidos, ou de um produtor
(empresa, fabricante, prestador de serviços), observando a pegada hídrica
dos bens e serviços produzidos pelo produtor. Também pode ser calculado
para uma comunidade, área, nação ou humanidade.

6.2.8 Exemplos de Pegada Hídrica

Produtos

Comparando os produtos agrícolas, os produtos de origem animal geralmente têm


uma pegada hídrica maior do que os produtos agrícolas, tanto em litros por tonelada

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como por caloria. A pegada hídrica média por caloria da carne bovina é vinte vezes
maior do que a dos cereais ou raízes ricas em amido. Essa grande diferença se deve
a vários fatores. Em primeiro lugar, os animais precisam de mais tempo para
crescer e depois precisam de ser alimentados: 98% da pegada hídrica dos animais
refere-se à alimentação dos animais (HOEKSTRA 2012).

Pegada Hídrica Nacional

Pegada hídrica média nacional per capita (m³/ano per capita) no período entre
1996 e 2005. Países em verde tem a pegada hídrica média menor que a média
global. Países em amarelo e vermelho têm pegada hídrica média acima da média
global. (HOEKSTRA e MEKONNEN, 2012)

Tradicionalmente, os planos hídricos nacionais são elaborados para planear o


fornecimento de água suficiente a todos os utilizadores de água. No entanto, esta
visão nacional negligencia a “água importada” que está associada a um produto
produzido fora do país. A externalização da pegada hídrica de uma nação através da
importação de muitos produtos com “uso intensivo de água” ameaça a
sustentabilidade do consumo nacional, pois podem estar associados ao
esgotamento e à poluição do país produtor. Além disso, isto pode aumentar a
dependência de recursos estrangeiros de água doce.

O consumo de produtos agrícolas determina em grande parte a pegada hídrica


global relacionada ao consumo, contribuindo com 92% para a pegada hídrica total.
O consumo de produtos industriais e o uso doméstico de água contribuem com 4,7%
e 3,8%, respectivamente.

A pegada hídrica total por ano per capita varia, entre outros, de acordo com
diferenças nos padrões de consumo: países com elevado consumo de carne bovina
– um dos produtos com elevada utilização intensiva de água – normalmente também

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têm uma pegada hídrica nacional mais elevada. Também pode variar devido ao
consumo de água e à poluição por unidade de produto por país, por exemplo, nos
EUA, a pegada hídrica média de um kg de carne bovina consumida é de 14.500
m³/ton, enquanto no Reino Unido é de 9.900 m³/ton. (MEKONNEN & HOEKSTRA 2011).

6.2.9 Somos Sustentáveis? – Avaliando a Pegada Hídrica


A própria Pegada Hídrica fornece-nos meros fatos sobre a quantidade, localização,
tempo e tipo de fonte de água.

No entanto, a informação importante que queremos obter do cálculo da Pegada


Hídrica é descobrir se o impacto da Pegada Hídrica é sustentável! Isto é feito com a
ajuda da Avaliação de Sustentabilidade da Pegada Hídrica.

Uma Avaliação da Pegada Hídrica é realizada da seguinte forma:


1. Contabilidade da Pegada Hídrica (= cálculo de quantidade, localização,
horário e fonte de água);
2. Avaliação de Sustentabilidade da Pegada Hídrica (ambiental, social,
econômica);
3. Formulação de resposta à pegada hídrica.

A gravidade do impacto ambiental do consumo e da poluição da água pode ser


avaliada comparando a pegada hídrica de um produto/pessoa/nação, etc., com a
disponibilidade de água nas massas de água afetadas no local e no momento da
retirada. Os Mapas de Risco Hídrico podem ser usados como base de comparação.
Também é informativo avaliar se um determinado produto/pessoa/nação, etc.
contribui para pontos críticos específicos de escassez ou poluição de água, mas
também se contribui desnecessariamente para a pegada hídrica global da
humanidade.

Uma Avaliação de Sustentabilidade da Pegada Hídrica não avalia apenas o impacto


ambiental de um produto/pessoa/nação, etc., mas também o impacto social e
econômico. Ao avaliar o impacto, podem ser formuladas estratégias de resposta
para visar diretamente as atividades que levam à escassez e à poluição da água.
Desta forma, a avaliação da pegada hídrica pode ser usada para melhorar a proteção
das fontes de água e a sustentabilidade do uso da água.

Texto disponível em: https://sswm.info/es/node/7612

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Fluxos de Água Virtuais Líquidos Globais – Total (em bilhão m³)

A figura mostra que a UE como um todo recebe uma enorme quantidade de água de todo
o mundo, incluindo países em desenvolvimento, como a China, o Brasil e a Índia, e países
desenvolvidos como os EUA. Em contraste, a China é um grande exportador líquido de água
virtual para muitos países diferentes, incluindo a UE, os EUA e o Japão. É bem sabido que
o crescimento económico da China depende fortemente das exportações. Sendo a fábrica
mundial, as exportações da China não se baseiam apenas em produtos industriais, mas
também requerem insumos significativos da agricultura, tais como produtos têxteis e
vestuário, pelo que o teor virtual de água das exportações da China é muito elevado. A
figura também mostra que os EUA estão a desempenhar um papel significativo tanto na
importação como na exportação de água virtual. Os EUA recebem uma grande quantidade
de água virtual da China, Canadá e Brasil, mas também exportam água virtual para o Japão,
a UE e o México. No entanto, em termos de fluxos líquidos totais de água virtual, os EUA
ainda são considerados importadores líquidos de água virtual. Como diferentes tipos de
água têm características próprias e podem servir para finalidades diferentes,
desagregamos ainda mais entre fluxos globais virtuais de água azul, verde e cinza. A
maioria dos estudos de pegada hídrica concentra-se na água azul (por exemplo, Duarte et
al., 2002; Feng et al., 2011b; Leistrtz et al., 2002; Lenzen e Foran, 2001) porque ela pode ser
usada para qualquer atividade de produção e, portanto, tem alta custos de oportunidade.

6.3 Disponibilidade de Água X Demanda no Brasil

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Quantidade de Água

Em termos globais, o Brasil possui uma boa quantidade de água. Estima-se


que o país possua cerca de 12% da disponibilidade de água doce do planeta.
Mas a distribuição natural desse recurso não é equilibrada. A região Norte,
por exemplo, concentra aproximadamente 80% da quantidade de água
disponível, mas representa apenas 5% da população brasileira. Já as regiões
próximas aos Oceano Atlântico possuem mais de 45% da população, porém,
menos de 3% dos recursos hídricos do país.

A Agência Nacional de Águas (ANA) acompanha a situação da quantidade de


água e realiza o monitoramento hidrometeorológico a partir da operação
contínua da Rede Hidrometeorológica Nacional. A ANA levanta dados
importantes que acompanham o volume das águas superficiais e
subterrâneas, a capacidade de armazenamento de reservatórios e as
precipitações de chuvas. Essas informações são fundamentais para a gestão
das águas e podem ser acessadas por qualquer cidadão brasileiro que tenha
interesse em saber as condições das águas no território nacional.

6.3.1 Leitura Recomendada: Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil - ANA

1 Ciclo da Água
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A chuva é a principal responsável


pela entrada de água no ciclo
hidrológico. Quando precipita, parte dela
escoa pelos rios, parte infiltra nos solos
e o restante evapora. A vegetação tem
um papel importante neste ciclo, pois uma parte da água que cai é absorvida pelas
raízes e acaba por voltar à atmosfera pela transpiração ou pela simples e direta
evaporação, além de influenciar no escoamento e na infiltração. Ao longo do trajeto,
a água é utilizada de diversas maneiras, encontrando o mar ao final, onde evapora
e condensa em nuvens que seguirão com o vento, reiniciando o ciclo.

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2 Qualidade e Quantidade de Água
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Estações de monitoramento de
parâmetros da água são dispostas no
território nacional de maneira estratégica,
formando as redes de monitoramento,
para medir a quantidade e a qualidade da
água disponível para os diversos usos. A disponibilidade é resultado das
características da bacia hidrográfica e pode ser afetada pela presença de
infraestrutura hídrica, poluição e eventos críticos relacionados ao clima.

3 Usos da Água
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A água é insumo essencial para


diversos fins como industrial, agrícola,
humano, animal, transporte, lazer e
geração de energia. Cada uso da água
possui peculiaridades ligadas à
quantidade e à qualidade, e altera e/ou
depende das condições das águas
superficiais e subterrâneas. Os usos podem ser classificados em consuntivos (que
consomem água) e não consuntivos (não consomem diretamente, mas dependem
da manutenção de condições naturais ou de operação da infraestrutura hídrica).

4 Gestão da Água
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A água é um recurso natural
limitado, dotado de valor econômico e
essencial para a vida de todos os seres
vivos. Por ser um bem de domínio
público, o governo federal e os
governos estaduais e distrital são os
responsáveis por regular o seu acesso
e implementar uma série de instrumentos de gestão, promovendo o uso múltiplo e
sustentável em benefício das atuais e futuras gerações.

5 Segurança Hídrica
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A Segurança Hídrica existe quando há


disponibilidade de água em quantidade e
qualidade suficientes para o atendimento
às necessidades humanas, à prática das
atividades econômicas e à conservação
dos ecossistemas aquáticos,
acompanhada de um nível aceitável de
risco relacionado a secas e cheias.

6 PNRH: do Conjuntura ao Plano de


Ações
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O Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) é a principal referência para a


gestão das águas do Brasil, tendo a ANA papel central na sua implementação. Ao
integrar em documento único, a visão do governo, dos setores usuários e de
diferentes atores da sociedade, busca consolidar e direcionar as ações estratégicas

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voltadas ao
fortalecimento do
SINGREH, à melhoria
das condições de
qualidade e
quantidade de água,
à implementação dos
instrumentos de gestão e ao estabelecimento das interfaces com as diversas
políticas relacionadas aos recursos hídricos.
O PNRH corresponde, portanto, à Agenda da Água no Brasil e ao instrumento
estratégico para a compatibilização dos usos múltiplos e garantia da segurança
hídrica no País.

6.3.2 Grau de Segurança Hídrica

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A Segurança Hídrica é fundamental para um desenvolvimento sustentável e ela
existe quando há água disponível em quantidade e qualidade suficientes para
atender às necessidades humanas e econômicas e à conservação dos ecossistemas
aquáticos, com um nível aceitável de risco relacionado a secas e cheias.

O Brasil é um país caracterizado por grande diversidade climática, de ecossistemas


e de uso e ocupação da terra, o que resulta em desafios para o estabelecimento de
indicadores de segurança hídrica. O PNSH inova ao apresentar um Índice de
Segurança Hídrica (ISH) que considera as quatro dimensões do conceito de
segurança hídrica (humana, econômica, ecossistêmica e de resiliência), agregadas
para compor um índice global para o Brasil, representativo da diversidade do
território nacional.

O ISH foi calculado para os anos de 2017 e 2035. Ambos consideram apenas a
infraestrutura hídrica existente e se diferenciam pela incorporação das demandas
setoriais de uso da água no cenário futuro. Predominam no cenário de 2035 áreas
com menor segurança hídrica na região Nordeste, enquanto as áreas com maior
segurança hídrica possuem uma combinação entre uma disponibilidade hídrica
natural mais elevada e uma pequena pressão de demandas.

Mais informações em: https://pnsh.ana.gov.br/seguranca

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6.3.3 Demandas por Água

Demanda para Consumo Animal

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A figura acima apresenta a intensidade do uso da água para abastecimento
animal nos municípios brasileiros, ilustrando em quais regiões predominam as
retiradas por tipo de rebanho. Observa-se a importância de caprinos e ovinos no
Semiário brasileiro; de aves e suínos no Centro-Sul (muitas vezes, em regime de
confinamento); e de bovinos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Estados do Centro-
Oeste e da fronteira agropecuária no Norte (Pará e Rondônia). No Sul e na região do
Triângulo Mineiro observa-se maior coexistência de diferentes classes de
rebanhos. A figura também ilustra a proporção atual dos rebanhos no total do
abastecimento animal no país, onde se observa a preponderância do rebanho bovino
na composição da demanda (88%), seguido pelos suínos (5%) e aves (2%).

O infográfico abaixo apresenta espacialmente e graficamente a síntese dos


resultados obtidos para o abastecimento animal (1931-2030). Entre 2017 e 2030,
nota-se a perspectiva de expansão dos rebanhos e, consequentemente, do uso da
água em direção à Amazônia Legal, enquanto o uso tende a diminuir em diversos
municípios do Centro-Sul. O gráfico também apresenta a série histórica das vazões
de retirada, consumo e retorno para todo o país. Ainda, é apresentada uma tabela
com os dez municípios com retiradas mais relevantes em 2017.

Síntese da Série de Vazões 1931 a 2030 – Abastecimento Animal

Resumo ARH – Gabo Weby 77


Embora Corumbá/MS e São Félix do Xingu/PA destaquem-se
com altas demandas, reflexo da elevada concentração de
rebanhos bovinos, o uso da água para abastecimento animal é
disperso pelo território nacional. É notável, entretanto, a
concentração em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia
e Pará, assim como no tradicional polo de produção do Rio
Grande do Sul.

Resultados mais detalhados podem ser acessados em www.snirh.gov.br e


www.ana.gov.br/metadado

Agricultura Irrigada

Resumo ARH – Gabo Weby 78


A agricultura irrigada demandou 1.083,6 m³/s em 2017 no Brasil, respondendo
por 52% de toda a vazão retirada e 68,4% da vazão consumida - desconsiderando a
evaporação líquida de reservatórios artificiais.

A figura anterior apresenta um panorama de concentração de áreas irrigadas


com a localização e características dos principais polos de irrigação no contexto
nacional. Apresenta também, de forma gráfica, a distribuição da área e da demanda
de retirada em quatro agrupamentos: arroz inundado, cana-de-açúcar, outras
culturas em pivôs centrais e outras culturas e sistemas. Nota-se as diferentes
proporcionalidades entre área e demanda, reflexo de diferentes intensidades de uso
da água.

A figura seguinte apresenta um resumo da evolução das retiradas para a


agricultura irrigada no Brasil.

Série de Vazões 1931 a 2030 – Agricultura Irrigada

Na perspectiva territorial, nota-se o predomínio da atividade no Sul em 1940, e


de forma mais difusa em São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina.
Atualmente a atividade ocorre em todo o País, concentrada nos tradicionais polos
do Sul e polos mais recentes no Oeste Baiano, no Triângulo e Noroeste Mineiro, no
Semiárido, no Tocantins e em São Paulo.

O gráfico a seguir apresenta a série de vazão retirada para irrigação entre 1931
e 2030. A atividade vem crescendo a taxas elevadas, notadamente a partir da década
de 1970. O potencial de expansão é elevado, sendo prevista a incorporação de 3
milhões de hectaresno horizonte 2030.

Resumo ARH – Gabo Weby 79


As maiores oscilações médias anuais na demanda do gráfico acima justificam-
se por anomalias climáticas, ou seja, picos representam anos mais secos em
importantes polos de agricultura irrigada (maior necessidade de suplementação) e
decréscimos representam anos mais úmidos (menor necessidade de irrigar).

Destacam-se com elevadas demandas tradicionais municípios


de produção de arroz no Rio Grande do Sul - cultura que
associada ao sistema por inundação apresenta elevadas
demandas unitárias de água. Petrolina/PE e Juazeiro/BA -
Municípios limítrofes - também apresentam grandes áreas
irrigadas, principalmente em perímetros públicos, e elevadas
demandas unitárias de água, em função de sua localização no
Semiárido. Barreiras/BA localiza-se no Oeste Baiano - região
de Cerrado marcada por um forte período seco, quando a
prática agrícola só se viabiliza com irrigação.

Resultados detalhados de séries históricas de usos consuntivos, para todos os


municípios, podem ser acessados em www.snirh.gov.br/usos-da-agua.

Resumo ARH – Gabo Weby 80


Área Irrigada por Município

Demanda de Água por Região Geográfica

6.4 Principais Questões Nacionais

Escassez de água, em especial no Nordeste e Semiárido

Resumo ARH – Gabo Weby 81


Poluição das águas nas regiões mais desenvolvidas e regiões metropolitanas

Uso irracional e desperdício de água nos sistemas de abastecimento urbano,


industrial e agrícola

Inundações nas áreas com grandes aglomerações urbanas e ribeirinhas

Secas regionais

Águas subterrâneas: levantamento quali-quantitativo, potencial hídrico/estágio


de explotação, integração com as águas superficiais e conflito regulatório com
águas superficias

Ausência ou fragilidade da gestão integrada dos recursos hídricos

Conflitos decorrentes do uso competitivo da água inter e intra-setorial

Região Norte Pressões ambientais

Região Sul Grande demanda por irrigação

Região Sudeste Urbanização / Qualidade da água

Região Nordeste Escassez

Região Centro-Oeste Expansão da fronteira agrícola

Ações para Segurança Hídrica

Resumo ARH – Gabo Weby 82


7. Gestão de Recursos Hídricos

Resumo ARH – Gabo Weby 83


8. Mercado de Energia Elétrica – Demanda
8.1 Potência e Energia

Potência Demanda INSTANTÂNEA (KW, MW, GW)

Energia Demanda AO LONGO DO TEMPO (KWh, MWh, GWh)

8.2 Tipos de Consumidores

Residenciais
Casas, apartamentos.

Comerciais
Lojas (horário comercial de funcionamento - varia conforme o consumidor).

Públicos
Prédios públicos, iluminação nas ruas.

Industriais
O ideal seria funcionar 24 horas por dia. O consumidor industrial precisa de
energia 24h/dia no máximo de suas máquinas, a não ser que haja ociosidade. Ex.:
indústria de alumínio - 80% do alumínio é energia elétrica.

Cada tipo de consumidor tem um comportamento, um perfil de consumo. A


maneira como se comportam define as características básicas do mercado.

Indústria de Eletrointensivos
São consideradas como atividades industriais eletrointensivas as indústrias de
cimento, ferro-gusa e aço, ferro-ligas, não-ferrosos e outros da metalurgia,
química, papel e celulose. São indústrias que possuem elevado consumo de
energia elétrica em sua produção.
Ex.: Volta Redonda - na década de 40, Getúlio fez uma das maiores siderúrgicas
do mundo, a CSN. Aquela cidade, antes residencial e comercial, passou a ter
altíssimo consumo de energia. As características básicas de consumo de Volta
Redonda foram alteradas.

Resumo ARH – Gabo Weby 84


8.3 Características Básicas do Mercado

Quantificando a demanda, pode-se quantificar a oferta.

“Mercado estruturado pela demanda” → energia elétrica. A concessionária


tem que fornecer a energia para o consumidor. Não devem acontecer falhas.

A presença da energia elétrica aumenta a qualidade de vida das


pessoas, permite a chegada da informação aos lugares.

8.3.1 Consumo e Demanda


Consumo é a energia consumida num intervalo de tempo, ou seja, o produto da
potência (kW) da carga pelo número de horas (h) que a mesma foi ligada.

Resumo ARH – Gabo Weby 85


Analisando graficamente o exemplo das lâmpadas coloridas de 100W no período
de 3 horas, tem-se:

Ao ligar vários aparelhos ao mesmo tempo, ocorre um pico de demanda,


que deve ser atendida instantaneamente.

A energia gerada ao longo do tempo tem que ser suficiente para atender a
essa demanda instantânea.

Ao mesmo tempo que se atende a demanda de energia elétrica ao longo do


tempo, também deve-se atender a demanda instantânea.

Consumo de Energia Elétrica por Equipamento

Fonte: EPE Plano


Decenal de Energia
2017.

O consumo de energia elétrica por equipamento tende a aumentar


conforme aumenta o número de pessoas que adquirem esses aparelhos.

Nota-se pela figura acima que o consumo de energia de lâmpadas


diminuiu. Isso se deve à gradual troca de lâmpadas incandescentes ou
florescentes por lâmpadas LEDs, que consomem menos.

Resumo ARH – Gabo Weby 86


8.3.2 Parâmetros Quantificadores do Mercado

Demanda Máxima Demanda máxima no intervalo de tempo considerado.

Demanda Média É a média da demanda no intervalo de tempo considerado.

Demanda média
Fator de Carga =
Demanda máxima

8.3.3 Curva Representativa

A curva representativa pode ser diária, mensal, anual etc. O mais


comum é que seja diária.

Curva de carga diária do Brasil (2002).

a) Curva azul: meia-noite as pessoas estão indo dormir e, consequentemente, a


carga diminui. A partir de 06:00, as pessoas estão acordando e a carga começa
a subir. Em seguida, elas vão aos seus destinos (escola, trabalho), fazendo com
que a carga aumente ainda mais. No horário do almoço, a carga diminui, tendo
em vista que as pessoas param de usar os equipamentos de onde estão e se
direcionam para outro estabelecimento para almoçar. Em seguida, o consumo
volta a aumentar. No fim do dia, quando as pessoas voltam para casa, ocorre
um pico de demanda decorrente da ligada abrupta de vários aparelhos ao
mesmo tempo.

Resumo ARH – Gabo Weby 87


No pico da curva é o momento em que acontece a máxima demanda, que deve
ser atendida instantaneamente.

b) Curva verde: como em dia de jogo é feriado, as pessoas não vão para à escola
ou ao trabalho. Por isso, a curva já começa abaixo da curva de um dia típico. No
início do jogo, a demanda começa a diminuir, o que pode ser explicado pelo fato
de que as pessoas se reúnem em um só lugar para assistir ao jogo e desligam
os aparelhos de onde estavam anteriormente. Após o fim do 1º tempo e início
do intervalo do jogo, as pessoas vão rapidamente fazer outra atividade, seja ir
ao banheiro, abrir a geladeira etc., causando uma subida repentina curva de
carga. Começa o 2º tempo do jogo e novamente as pessoas se reúnem num
mesmo lugar, diminuindo a demanda. Termina o jogo e todos voltam a fazer
seus afazeres do dia, o que faz com que a partir de então a curva de carga num
dia de jogo no Brasil se assemelhe à curva de um dia típico.

c) Rampa de 7.305MW em 18 min: esse aumento repentino num curto espaço de


tempo muitas vezes pode ser difícil de ser atendido.

As Usinas Hidrelétricas com reservatório, principalmente, conseguem atender muito


rapidamente um aumento instantâneo da demanda. Isso porque aumenta-se o
distribuidor da turbina, permitindo mais entrada de água e, consequentemente, mais
geração de energia elétrica.

Curva de carga no Brasil num dia de jogo de Copa do Mundo em 2006.

A curva de carga residencial possui oscilações maiores, enquanto a curva industrial


tende a ser mais uniforme.

Resumo ARH – Gabo Weby 88


Curva de carga: residencial (linha pontilhada) e industrial (linha contínua).

Carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) num dia de jogo de Copa do Mundo em 2018.

8.4 Mercados Interligados

Fonte: Palestra
Roberto Araújo,
2012.

Resumo ARH – Gabo Weby 89


O mercado de energia no Brasil é interligado, o que significa que quando uma
região possui alta demanda de energia e não consegue suprir, outra região que
possui alta oferta transmite essa energia para a região que tem pouca.

As regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, no início e no final do ano


possuem maior índice de chuvas, o que possibilita o enchimento dos
reservatórios das Usinas Hidrelétricas e maior geração de energia. Por outro
lado, no meio do ano, essas regiões são mais secas e, consequentemente, suas
capacidades de geração são menores.

A região Sul possui


um índice de geração
de energia elétrica
mais ou menos
constante ao longo do
ano, graças à Usina
Hidrelétrica de Itaipu.

Resumo ARH – Gabo Weby 90


Fonte: ONS, palestra
em evento da ABRH,
2019.

Resumo ARH – Gabo Weby 91


Se for decidido usar a água do reservatório para geração de energia por via
hidrelétrica e posteriormente chover, a decisão foi acertada, pois o volume do
reservatório poderá ser restabelecido.

Se for decidido usar a água do reservatório para geração de energia por via
hidrelétrica e posteriormente não chover, a decisão foi arriscada, pois o volume
do reservatório não será restabelecido e haverá risco de déficit.

Se for decidido não usar a água do reservatório para geração de energia por via
hidrelétrica, mas gerar energia por via térmica, e posteriormente chover, a
decisão foi equivocada, pois o reservatório, a princípio cheio, verterá, e o
combustível das usinas térmicas estará sendo desperdiçado.

Se for decidido não usar a água do reservatório para geração de energia por via
hidrelétrica e posteriormente não chover, a decisão foi acertada, pois o volume do
reservatório se manterá e, consequentemente, diminuir-se-á o risco de déficit.

Resumo ARH – Gabo Weby 92


Na geração de energia, é importante que a tensão seja elevada por meio dos
transformadores a fim de evitar perdas na transmissão. Chegando próximo aos
centros de consumo, tem-se as subestações que diminuem essa tensão.

Resumo ARH – Gabo Weby 93


8.5 Projeção da Demanda

Evolução do PIB

Extensão de séries históricas

Plano Decenal de Energia Elétrica (EPE)

Plano de diretor de desenvolvimento X aumento da oferta


(EPE);históricas;

Setor industrial: Consumo final de energia por segmento

Fonte: EPE - Plano Decenal de Energia 2017.

Projeção do consumo do Brasil na rede para os próximos 15 anos no cenário de referência

Resumo ARH – Gabo Weby 94


Evolução do consumo industrial brasileiro na rede para o cenário de referência

Resumo ARH – Gabo Weby 95


Capacidade Instalada no SIN no final de maio de 2018

Fonte: EPE - Plano Decenal de Energia 2027.

Resumo ARH – Gabo Weby 96


Atendimento à Demanda Máxima do SIN

Fonte: EPE - Plano Decenal de Energia 2026.

“[…] despachado pelo modelo Newave para cada cenário de afluência, há a necessidade de
uma geração complementar para o atendimento à demanda máxima, identificada pela área
superior do Gráfico 34. Essa complementação se amplia a cada ano em função da entrada
significativa das opções de expansão renovável (principalmente eólica e solar), que
possuem maior vocação para o suprimento à carga média de energia e menor
controlabilidade para o atendimento de potência. Tal necessidade é, também, fortemente
afetada pela redução na capacidade de regularização dos reservatórios das UHE, o que
reduz a capacidade de modulação e aumenta as perdas de potência por deplecionamento.”
- EPE Plano Decenal de Energia 2026.

Geração das Fontes Não Controláveis - NE

Fonte: EPE - Plano Decenal de Energia 2027.

Resumo ARH – Gabo Weby 97


“Outra possível causa de vertimento em escala horária, ilustrada no Gráfico 37 para o
período de junho de 2026, é a alta contribuição eólica nos momentos de carga leve. Essa
contribuição, associada a restrições de defluência mínima das UHE, metas de geração
termelétrica (estabelecidas em escala mensal e semanal) e limites de intercâmbio, pode
resultar na impossibilidade do escoamento de todo o excedente para as outras regiões do
SIN. Vale destacar, mais uma vez, a importância da avaliação horária não só para
representar adequadamente o sistema gerador, como também para a avaliação do sistema
de transmissão, fundamental para a otimização da operação energética.” - EPE - Plano
Decenal de Energia 2026.

Risco de Déficit de Potência na Expansão para o Atendimento apenas à Carga de Energia

Com a diminuição das Usinas Hidrelétricas com reservatório, aumenta-se o risco


de déficit no atendimento à carga.

Além de tecnologias voltadas para o atendimento à demanda máxima, devem ser buscadas
também tecnologias para prover a flexibilidade necessária para o atendimento a qualquer
hora do dia e em resposta à variação instantânea da carga e demanda no curto prazo.
Nessas condições, dentre as opções de geração e soluções tecnológicas candidatas no
horizonte decenal, pode-se destacar:

Usinas termelétricas de partida rápida

Repotenciação ou instalação de unidades geradoras adicionais em


usinas hidrelétricas existentes

Usinas hidrelétricas reversíveis

Resumo ARH – Gabo Weby 98


Gerenciamento pelo lado da demanda

Armazenamento químico de energia (baterias)

Esquematização da uma Usina Hidrelétrica Reversível

Se houver energia eólica ou solar disponível, pode-se bombear a água de um


reservatório que se encontra num patamar inferior para outro que está num
patamar superior, fazendo com que assim seja armazenada energia potencial
gravitacional, a qual poderá posteriormente ser usada para geração de energia
elétrica em momento em que não houver vento nem sol, ou quando a demanda
instantânea estiver muito alta e precisar urgentemente ser atendida.

“No horizonte de estudo do PDE, a introdução dos medidores inteligentes e da tarifação


dinâmica possuem potencial para a criação de redes inteligentes - ou smart grids - que
irão alterar o planejamento da expansão do Brasil. A smart grid é um sistema elétrico
fortemente interligado com automação e telecomunicações, que permite o melhor
aproveitamento e integração de novas tecnologias, como por exemplo, a geração
distribuída, a resposta da demanda, o armazenamento e os veículos elétricos. Na Figura 2
pode-se observar a entrada destes novos elementos na rede elétrica atual, a partir da

Resumo ARH – Gabo Weby 99


visão da EPRI - Eletric Power Research Institute e da distribuidora KCP&L - Kansas City
Power and Light Company.

Smart Grid na Rede Elétrica

Resumo ARH – Gabo Weby 100


9. Mercado de Energia Elétrica – Oferta
9.1 Mercado de Energia Elétrica: Oferta

Matriz Energética Mundial 2016 Matriz Energética Brasileira 2017

Fonte: EPE, 2019. Fonte: BEN, 2018.

Capacidade Instalada no SIN no final de maio de 2018

Fonte: EPE Plano Decenal de Energia 2027

A hidroeletricidade ainda é a principal fonte de energia.

Resumo ARH – Gabo Weby 101


Balanço Energético SIN – Jan 2009 a Out/2019

Ano Hidráulica Térmica Eólica Solar

Out
73,50% 16,60% 9,10% 0,70%
2019

2018 73,70% 17,30% 8,30% 0,50%

2017 71,90% 20,60% 7,20% 0,10%

2016 75,80% 18,50% 5,70% 0,00%

2015 71,10% 25,30% 3,70% 0,00%

2014 72,30% 25,90% 1,80% 0,00%

2013 78,60% 20,70% 0,80% 0,00%

2012 85,80% 13,60% 0,60% 0,00%

2011 91,70% 8,50% 0,40% 0,00%

2010 89,00% 10,90% 0,30% 0,00%

2009 93,50% 6,60% 0,20% 0,00%

Fonte: ONS, Palestra em evento da ABRH 2019

O Brasil está passando por uma mudança no paradigma na geração de energia.

Em 9 anos, a produção de energia eólica aumentou 23 vezes.

Fonte: Apresentação TCC João G. Angstmann

Resumo ARH – Gabo Weby 102


Todavia, a energia eólica possui um grande problema: ela é
intermitente e altamente volátil ao longo do dia.

Amostra da variação horária da velocidade do vento em um sítio eólico durante o dia

Fonte: BOUBENIA et al., 2017

Evolução da Geração Hidroelétrica

Transição da Expansão: Reservatórios → Usinas a Fio d’Água

Destacados apenas reservatórios com volumes úteis maiores que 5.000 hm³ que correspondem a
cerca de 76% do volume útil total atual.

Fonte: ONS, Palestra em evento da ABRH 2019

Resumo ARH – Gabo Weby 103


Grau de Regularização

*Estão abatidas a inflexibilidade térmica e a geração das usinas não simuláveis individualmente.

Fonte: ONS, Palestra em evento da ABRH 2019

Ao considerarmos a inflexibilidade média anual da geração da Amazônia, bem como todas


as usinas a fio d’água do SIN, o grau de regularização ao final de 2023 poderá se elevar
para algo em torno de 8 meses, sendo este um crescimento virtual da capacidade de
armazenamento pelo efeito da não despachabilidade dessa geração.

Geração Eólica NE (Fonte Intermitente e Não Controlável)

Variabilidade Semanal / Diária – Outubro 2019

Fonte: ONS, Palestra em evento da ABRH 2019

Resumo ARH – Gabo Weby 104


Energia Armazenada SE/CO – Histórico 2001-2019

Perda de Regularização → Maior dependência da próxima estação chuvosa

Fonte: ONS, Palestra em evento da ABRH 2019

Energia Armazenada Nordeste – Histórico 2001-2019

Perda de Regularização → Maior dependência da próxima estação chuvosa

Fonte: ONS, Palestra em evento da ABRH 2019

Resumo ARH – Gabo Weby 105


9.2 Características dos Aproveitamentos Hidrelétricos

9.3 Tipos de Aproveitamentos Hidrelétricos

Resumo ARH – Gabo Weby 106


10. Circuito Hidráulico de Geração em Usinas
Hidrelétricas
10.1 Circuito Hidráulico de Geração

Um circuito hidráulico de geração pode ser composto das seguintes estruturas:

Canal/conduto de adução

Tomada d’água

Conduto adutor

Chaminé de equilíbrio

Conduto ou túnel forçado

Casa de força

Canal ou túnel de fuga

As dimensões do circuito hidráulico de geração são determinantes para a concepção do


arranjo geral da usina.

As estruturas que compõem o circuito hidráulico de geração deverão ser dispostas de


forma a definir um conjunto o mais curto possível e que resulte em menores volumes de
obras.

O arranjo do circuito hidráulico de geração depende, basicamente, das características


topográficas e geológicas do local, da vazão máxima turbinada e do deplecionamento
máximo do reservatório.

Um circuito hidráulico mais curto tem menos perdas de carga.

10.1.1 Alguns arranjos típicos

A) Circuitos hidráulicos de geração para aproveitamentos em que o desnível é


causado essencialmente pela barragem:

A.I - Aproveitamento de baixa queda, com tomada d’água e casa de força integradas
na mesma estrutura, não existindo condutos forçados;

Resumo ARH – Gabo Weby 107


UHE Esperança
Fonte: Manual Inventário, ELB.

A.II - Aproveitamento de queda média ou baixa, com tomada d’água do tipo gravidade
fazendo parte do barramento, e com condutos forçados parcial ou totalmente
embutidos no concreto da tomada d’água.

UHE Água Vermelha


Fonte: Manual Inventário, ELB.

𝑃 = 9,81 ∗ 𝜂total ∗ 𝑄 ∗ 𝐻𝑙 (em kW)

𝐻𝑙 (queda líquida) = 𝐻𝑏 − perdas de carga

𝐻𝑏 (queda bruta) = 𝑁𝐴normal montante − 𝑁𝐴normal jusante

B) Circuitos hidráulicos de geração para aproveitamentos comportando derivação:

Resumo ARH – Gabo Weby 108


B.I - Aproveitamentos com derivação em canal, com canal de derivação, tomada
d’água, conduto ou túnel forçado, casa de força e canal de fuga.

UHE Erveira
Fonte: Manual Inventário, ELB.

C) Circuitos longos:

C.I - Aproveitamentos com derivação em conduto fechado, com canal de


aproximação, tomada d’água, conduto adutor de baixa pressão em túnel ou externo,
chaminé de equilíbrio, casas de válvulas, conduto ou túnel fechado, casa de força
subterrânea ou externa e canal ou túnel de fuga.

Aproveitamento com derivação em conduto fechado (UHE Capivari Cachoeira)


Fonte: Manual Inventário, ELB.

Resumo ARH – Gabo Weby 109


10.2 Chaminé de Equilíbrio

É muito comum em regiões de acesso mais difícil a demanda por energia ser atendida no
momento em que é requisitada.

Às vezes, um ponto ou mais da linha de transmissão pode ser danificado, seja pelo vento,
chuva, raio etc., impedindo a distribuição da energia elétrica para essa região. Nesse ponto,
os disjuntores desarmam a linha de transmissão.

Quando a turbina está girando, há um esforço muito alto para que se possa gerar energia
elétrica através da conversão da energia mecânica. Quando a demanda por energia
elétrica deixa de existir, a turbina gira em falso e isso é muito perigoso. Por isso, deve ser
interrompido logo que possível.

Quando o distribuidor da turbina é fechado para que ela não fique funcionando em falso, a
água para de passar e vai gerando uma onda de sobrepressão muito grande na tubulação
na direção do reservatório (direção negativa). A chaminé de equilíbrio, que é um “poço” que
está sob pressão atmosférica, permite que essa água sob pressão consiga sair da
tubulação quando o distribuidor da turbina é fechado.

Essa parada repentina na turbina é chamada de Golpe de Aríete.

O Golpe de aríete designa as variações


de pressão decorrentes de variações
da vazão, causadas por alguma
perturbação, voluntária ou involuntária,
que se imponha ao fluxo de líquidos em
condutos, tais como operações de
abertura ou fechamento de válvulas,
falhas mecânicas de dispositivos de
proteção e controle, parada de turbinas
hidráulicas e ainda de bombas causadas
por queda de energia no motor, havendo,
no entanto, outros tipos de causas. De
forma resumida, o golpe de aríete é o
fenômeno oscilatório amortecido que
ocorre sempre que a velocidade do
escoamento é modificada quando se atua
no distribuidor da turbina.

Resumo ARH – Gabo Weby 110


A chaminé de equilíbrio permite o alívio da sobrepressão e,
consequentemente, protege toda a tubulação que se encontra entre o
reservatório e a chaminé. O ideal é que ela esteja o mais próximo
possível da casa de força para reduzir o comprimento do conduto
forçado e diminuir os efeitos do golpe de aríete.

A chaminé de equilíbrio é um reservatório de eixo vertical, normalmente posicionado no


final da tubulação de adução de baixa pressão e a montante do conduto forçado, com as
seguintes finalidades:
a) em parada brusca da turbina (sobrepressão):
amortecer as variações de pressão, que se
propagam pelo conduto forçado, o golpe de
aríete;
b) em partida brusca da turbina (subpressão):
armazenar água para fornecer ao conduto
forçado o fluxo inicial provocado pela nova
abertura da turbina, impedindo a entrada de ar
no mesmo, até que se estabeleça o regime
contínuo.

10.3 Tomada d’Água

É a estrutura responsável por captar a água e levá-la para o circuito de


geração de energia ou diretamente para a casa de força.

Resumo ARH – Gabo Weby 111


Os tipos de tomada d’água mais usuais são:

GRAVIDADE
Tomadas d’água do tipo gravidade são integradas à barragem e
a adução é feita para condutos forçados externos.

Uma variação é o tipo gravidade aliviada, normalmente apoiada em maciço


rochoso. Este tipo de tomada d’água tem basicamente o mesmo perfil da tomada
tipo gravidade e a adução é feita para túneis, sejam eles forçados ou não. O
espaçamento entre as unidades é aumentado para garantir a estabilidade da
escavação subterrânea.

Nesse caso, a obra é feita encostada na rocha.

Resumo ARH – Gabo Weby 112


TORRE
Tomadas d’água tipo torre são geralmente empregadas em
aproveitamentos onde se utiliza o túnel de desvio também para
adução.
A vantagem da tomada d’água por torre é o fato de pegar água
próximo à superfície, que em geral é de melhor qualidade.

Barragem Presa de Tous - Valência, Espanha.

INTEGRADO À CASA DE FORÇA

A potência instalada de uma UHE não recebe interferência da profundidade da


tomada d’água, pois só depende do nível da água à montante e à jusante.
Entretanto, a energia gerada recebe, pois se o nível d’água estiver abaixo da
tomada d’água, não se poderá gerar energia.

10.3.1 Finalidades

Captar e conduzir a água aos órgãos adutores e daí às turbinas.

Impedir a entrada de corpos flutuantes, que possam danificar as turbinas.

Fechar a entrada quando necessário.

Deve ter forma que reduza as perdas de carga ao mínimo possível em todos os trechos.

É aconselhável o estudo em modelo reduzido da forma da tomada em planta e ângulo


com leito do rio, para evitar formação de turbilhões e contrações que causem perda de
carga, depósitos de areia e de lodo e erosões nas beiras e no fundo.

Resumo ARH – Gabo Weby 113


10.3.2 Tipos

A) Quanto à profundidade:

Pequena
Sujeitas a fluxo de corpos flutuantes perto da superfície; grades
devem ser limpas frequentemente.

Grande

Pressão da água é maior; comportas devem ser mais pesadas;


geralmente não existe perigo de entupimento das grades
(dispositivos de limpeza podem ser mais simples).

B) Quanto à localização:

Incorporada à barragem;

Em estrutura independente (torre de tomada);

De ombreira;

10.3.3 Dimensionamento

Para vazão de projeto e uma velocidade entre 1,0 e 1,5 m/s, são calculadas as
perdas de carga:

Inicial - devido à aceleração da água;

Nas grades;

Nas ranhuras dos stop-logs.

10.3.4 Equipamentos das Tomadas d’Águas

Grades
Barrar a entrada de materiais que possam danificar as turbinas.

Resumo ARH – Gabo Weby 114


• São geralmente construídas de barras chatas de
aço;
• Tem inclinação com a horizontal de até 75º;
• Distância livre entre as barras depende do tipo e
das dimensões físicas das turbinas e,
consequentemente, das passagens livres entre as
pás do rotor;
• Velocidades típicas nas grades: 1,0 a 1,5 m/s.

Comportas
Servem de fechamento da entrada da água aos órgãos
adutores e às turbinas, em caso de revisão ou conserto.

• Mais usadas: planas, do tipo vagão e em aço soldado;


• São movimentadas por meio de guinchos mecânicos ou
por servomotores acionados por óleo sob pressão.

Stop-logs (comportas de emergência)

• As ranhuras dos stop-logs são


situadas a poucos metros a
montante das compostas principais;
• Finalidade: possibilitar revisão e
eventuais consertos nas comportas
com o reservatório cheio;
• Compostas de um certo número de
elementos horizontais separados
para diminuir o peso unitário e
consequentemente o tamanho e a
capacidade do guindaste pórtico da
manobra.

10.4 Canais e Condutos

Chamamos órgãos adutores, ou adutoras, todas as construções que ligam a tomada d’água
às turbinas. Essa ligação pode ser feita por:

Resumo ARH – Gabo Weby 115


Canais ou túneis com lâmina d’água livre.

Tubulações.

Túneis sob pressão.

A escolha do tipo vai depender de condições topográficas e do tipo de usina.

As tubulações adutoras são usadas onde canais abertos não são aplicáveis, por exemplo:

Em usinas com oscilação grande do NA no reservatório.

Devido a condições topográficas e geológicas.

10.4.1 Canal X Conduto Fechado

Depende de análise econômica, levando também em conta a eventual utilização do


material escavado na construção de barragens de aterro.

De modo geral, a derivação em canal é recomendada para aproveitarmos com


pequenas depleções do reservatório e quando a topografia é suave.

A solução em conduto fechado é quase sempre recomendada quando o caminho


mais curto entre o reservatório e a casa de força for caracterizado por topografia
montanhosa e com cobertura de rocha maior que três vezes o diâmetro do túnel.

Aproveitamento com derivação em canal pode exigir uma


estrutura de controle extra (câmara de carga), enquanto que com
derivação em túnel exige câmara de carga ou chaminé de
equilíbrio e válvulas.

Câmara de carga da UHE Santa Clara.

Resumo ARH – Gabo Weby 116


Canal de adução: o canal de adução por ser classificado em:

a) Canal de aproximação: curto, sem necessidade de dimensionamento, tem


apenas a velocidade do escoamento verificada se esta é maior que a
mínima, da ordem de 1,0 a 1,5 m/s;
• A velocidade tem que ser baixa para minimizar a perda de carga.

b) Canal de derivação: muito longo, em geral ligando dois rios ou dois pontos
do mesmo rio, tipicamente acompanhando curvas de nível e escavado em
ombreira, em alguns casos com aterro lateral.

10.4.2 Dimensionamento

A escolha da seção típica mais adequada para o canal vai depender das condições
topográficas e geológicas-geotécnicas da ombreira em cada local onde o canal
será implantado.

Poderão ser adotados canais trapezoidais, em solo, ou retangulares, em rocha,


com ou sem revestimento.

Definir a inclinação dos taludes, com base nas características geotécnicas do


material do terreno, que garanta a estabilidade do canal.

Fixar, inicialmente, a lâmina d’água máxima ℎ no canal igual a 1,0 m.

• Subtraindo-se da elevação do NA mínimo do reservatório determina-se a


cota do fundo do canal.
• Fixar a velocidade máxima admissível no canal, para escoamento com o
tirante de 1,0 m, a partir, também, das características geotécnicas do
material do terreno; essa velocidade deve ser compatível com a velocidade
do escoamento a jusante da tomada d’água.
• Estimar a largura necessária do canal (𝑏), a partir da vazão de projeto, da
velocidade máxima admissível e da lâmina d’água fixada, com base na
Equação da Continuidade, como apresentado a seguir.

𝑄máx = 𝑉máx ∗ 𝐴 →

2
𝑄máx = 𝑉máx (𝑏ℎmáx + 𝑚ℎmáx )→

2
𝑄máx − 𝑉máx 𝑚ℎmáx
𝑏=
𝑉máx ℎmáx

Resumo ARH – Gabo Weby 117


Para canais retangulares, 𝑚 = 0.

Verificar a viabilidade da execução do canal com a largura necessária calculada,


tendo em vista os equipamentos de escavação normalmente utilizados pelos
empreiteiros. Caso a largura do canal seja excessiva, ou se as condições
geológico-geotécnicas não forem favoráveis à execução do canal com tal largura,
deve-se cogitar de solução alternativa como as descritas a seguir:
• Verificar a possibilidade de aumentar o tirante d’água máximo fixado o que
possibilitará diminuir a largura do canal.
• Verificar a hipótese de usar uma largura menor. Nesse caso, como a
velocidade será maior, deve-se revestir o canal com material compatível
com a velocidade máxima.

A capacidade de vazão do canal deverá ser verificada utilizando-se a fórmula de


Manning, como descrito a seguir.

𝐴𝑆 1/2 𝑅 2/3
𝑄=
𝑛

• 𝑄 → vazão em m3 /s;
• 𝐴 → área molhada em m²;
• 𝑆 → declividade do canal em (m/m);
• 𝑅 → raio hidráulico (m) = área molhada / perímetro molhado;
• 𝑛 → coeficiente de rugosidade do canal.

COEFICIENTES DE RUGOSIDADE TÍPICOS

Natureza das Paredes 𝑛


Cimento liso 0,010
Argamassa de cimento 0,011
Pedras e tijolos rejuntados 0,013
Tijolos rugosos 0,015
Alvenaria ordinária 0,017
Canais com pedregulhos finos 0,020
Canais com pedra e vegetação 0,030
Canais em mau estado de conservação 0,035

Resumo ARH – Gabo Weby 118


A declividade do canal deve ser mínima e constante. Recomenda-se adotar um
caimento de 0,4 m a cada 1.000 m de canal (declividade = 0,0004).

Equação de Manning-Strickler

A) Para cálculos de perdas de carga distribuídas (atrito):

1 2/3 1/2
𝑉= 𝑅 𝐼
𝑛

• 𝑉 → velocidade média na seção, em m/s;


• 𝑅 → raio hidráulico = 𝐴𝑚 /𝑃𝑚 , em m;
• 𝐼 → declividade do canal, em m/m;
• 𝐴𝑚 → área molhada, em m2 ;
• 𝑃𝑚 → perímetro molhado, em m;
• 𝐿 → comprimento do canal, em m;
• 𝑛 → coeficiente de rugosidade;
• ℎ𝑓 → perda de carga contínua no canal, em m.

B) Estimativa das perdas de carga localizadas = cte * energia cinética


escoamento:
• Perda na aproximação;
• Perda na grade da tomada d’água;
• Perda em canais.

𝑉2
ℎ𝑖 = 𝐾𝑖
2𝑔

• ℎ𝑖 → perda de carga em algum ponto do circuito hidráulico (m);


• 𝑉 → velocidade do escoamento (m/s);
• 𝑔 → aceleração da gravidade (m/s2 );
• 𝐾𝑖 → coeficiente de perda de carga, que varia para cada caso.

10.4.3 Arranjos com túnel de adução

Quando a casa de força da PCH não é incorporada ao barramento, poderá ser


cogitada a adução das vazões através de túnel, como exposto anteriormente no
item Arranjo e Tipo das Estruturas.

Essa opção, normalmente, será considerada nos seguintes casos:

Resumo ARH – Gabo Weby 119


• Quando a topografia for desfavorável à adução em canal ou conduto de baixa
pressão;
• Quando a rocha no trecho a ser atravessado pelo túnel se mostrar de boa
qualidade, de baixa permeabilidade e sem suspeita de ocorrência de
materiais erodíveis ou solúveis;
• Quando houver suficiente cobertura de rocha ao longo da diretriz prevista
para o túnel;
• Quando houver solução econômica para a implantação de uma chaminé de
equilíbrio (se esse dispositivo se mostrar necessário).

O mais comum nestes casos é ter o túnel de baixa pressão, com pequena
declividade e a chaminé de equilíbrio e o túnel de alta pressão ou conduto forçado
a céu aberto até a casa de força.

Em alguns casos não se caracterizam os trechos de baixa e de alta pressão, com


o ângulo de mergulho do túnel sendo ditado pela busca de cobertura de rocha
mais favorável.

Resumo ARH – Gabo Weby 120


Caso a alternativa de construção de um canal de adução em superfície livre não
seja viável, deve-se utilizar uma tubulação em baixa pressão como meio de
ligação entre a tomada d’água e a entrada do conduto forçado.

A velocidade do escoamento será calculada utilizando-se a Equação da


Continuidade:

𝑄 4𝑄 𝑄
𝑉= = 2
= 1,2732 2
𝐴 𝜋𝐷 𝐷

Fórmula de Darcy

PARA A PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA (ATRITO) EM TÚNEIS

𝐿 𝑉2
ℎ𝑓 = 𝑓
𝐷 2𝑔

• ℎ𝑓 → perda de carga no túnel (m);


• 𝑓 → coeficiente de Darcy-Weisbach;
• 𝐿 → comprimento do túnel (m);
• 𝐷 → diâmetro de referência (base ou altura da seção arco-retângulo)(m);
• 𝑉 → velocidade média do escoamento no túnel (m/s);
• 𝑔 → aceleração da gravidade (m/s 2 ).

Resumo ARH – Gabo Weby 121


11. Teorema de Bernoulli, Perdas de Carga em UHEs
11.1 Equação de Bernoulli

O regime permanente é caracterizado pelo fato de que a massa (ou o peso)


do fluido que atravessa uma seção qualquer da corrente é sempre a mesma.

Equação da Continuidade

𝐴1 𝑉1 = 𝐴2 𝑉2 = ⋯ = 𝑄

11.1.1 Teorema de Bernoulli

No movimento em regime permanente de uma partícula de um líquido perfeito,


homogêneo e incompressível, a soma das alturas representativas da sua posição
acima de um plano de referência, da sua pressão e da sua velocidade é constante
ao longo da trajetória.

𝑝 𝑉2
𝑧+ + = constante
𝛾 2𝑔

Resumo ARH – Gabo Weby 122


𝑝1 𝑉12 𝑝2 𝑉22
𝑧1 + + = 𝑧2 + + =⋯
𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔

As equações de Bernoulli e da continuidade permitem resolver quase todos


os problemas do movimento dos líquidos em regime permanente.

A equação de Bernoulli tem uma interpretação geométrica muito simples, pois


permite transformar as relações de energia em relações de altura.

Efetivamente, todos os termos da equação têm dimensão linear, pois:


• 𝑧 → é a cota da partícula acima do plano de referência;
𝑝
• → é a pressão existente nesse ponto, expressa em altura do líquido (altura
𝛾
piezométrica);
• 𝑉 2 /2𝑔 → é a altura representativa da velocidade (taquicarga) de que está
animada a partícula.

Essas grandezas lineares são chamadas cargas e a sua soma é chamada


carga real ou efetiva.

𝑝 𝑉2
A soma 𝑧 + 𝛾 + 2𝑔 = 𝐻 define a altura 𝐻
acima de um plano de referência,
denominado plano de carga total ou plano
de carga dinâmico e que pode ser
determinada em cada caso, conhecendo
as três parcelas numa seção qualquer,
por exemplo, a posição da partícula, a
pressão e a velocidade no instante 𝑡 = 0.

A representação gráfica do teorema é


muito simples, como pode ser visto ao
lado.

Resumo ARH – Gabo Weby 123


A posição do plano de referência é arbitrária, mas o plano dinâmico deve ser
especificamente determinado em cada problema, pois as grandezas 𝑝/𝛾 e 𝑉 2 /2𝑔
são próprias das condições do movimento.

𝑝
• (𝑧 + 𝛾 ) → linha piezométrica ou de pressão ou greide hidráulico ou ainda cota
piezométrica.

𝑝 𝑉2
• 𝑧 + 𝛾 + 2𝑔 → linha de energia ou de carga total e se encontra sobre o plano de
carga dinâmico.

Qualquer modificação em uma das variáveis implica na modificação de, ao


menos, uma das outras.

Se, por exemplo, no início do movimento, a partícula se encontrar sobre o plano de


carga, existe aí apenas a altura 𝑧; mas, à medida que a partícula desce, aumentam
𝑝/𝛾 e 𝑉 2 /2𝑔.

Sobre o plano de referência 𝑧 = 0 podendo mesmo, se 𝑝 = 0, ter toda a altura 𝐻


transformada em 𝑉 2 /2𝑔.

Se o líquido possuir superfície livre, sendo 𝑧0 a cota do ponto sujeito à pressão


atmosférica:
𝑝atm 𝑉 2
𝐻 = 𝑧0 + +
𝛾 2𝑔

Se for considerado pressões relativas, o plano dinâmico fica acima da superfície


livre em 𝑉 2 /2𝑔.

11.2 Perda de Carga

O Teorema de Bernoulli foi deduzido considerando o líquido perfeito, não sendo


considerado, portanto, o atrito devido à viscosidade, assim como outras causas que
determinam uma degradação da energia mecânica, pela sua transformação em calor.

Esses fenômenos não podem ser desprezados no estudo do


movimento dos líquidos reais e as equações, válidas
anteriormente, devem ser modificadas.

Resumo ARH – Gabo Weby 124


A representação gráfica do Teorema considerando a perda de carga é feita de modo
idêntico, mas levando em conta o novo termo ℎ𝑝 .

11.3 Aplicação do Teorema de Bernoulli

11.3.1 Regras para Aplicação do Teorema de Bernoulli

Fazer um esboço do problema a tratar, indicando as cotas e dimensões


conhecidas, assim como a direção do escoamento.

Escolher e indicar as seções a que vai ser aplicado o teorema.

Escolher um plano de referência.

Determinar o plano de carga dinâmico.

Escrever o teorema para as seções escolhidas,


inclusive os termos nulos.

Resolver a equação, calculando separadamente e em


altura cada termo até o fim.

11.3.2 Exemplos de Aplicação do Teorema de Bernoulli

𝑉2
𝐻=𝑧+ + ℎ𝑝
2𝑔

Exemplo 1

Resumo ARH – Gabo Weby 125


Exemplo 2

Exemplo 3

Exemplo 4

Se o ponto B não
é o extremo do
conduto, a
pressão aí não é
nula. 𝑝 𝑉2 𝑉2
𝐻 − (𝑧 + ) = 𝐾0 + + 𝐽𝑙
𝛾 2𝑔 2𝑔

Exemplo 5

Aplicação do
Teorema de
Bernoulli em
condutos sob
pressão.

𝑝1 𝑝2
ℎ𝑝 = (𝑧1 + ) − (𝑧2 + )
𝛾 𝛾

Resumo ARH – Gabo Weby 126


Exemplo 6

Condutos
sob pressão
com trechos
de
diâmetros
diferentes e
perdas
localizadas.

Conduto com diâmetro variável, com um registro intercalado em um dos trechos,


e terminado por um bocal.

Aplicando-se o Teorema de Bernoulli ao nível de reservatório e ao jato que sai do


bocal, tem-se:

𝑉2
ℎ= + ℎ0 + ℎ1 + ℎ2 + ℎ3 + ℎ4 + ℎ5 + ℎ6 + ℎ7 + ℎ8
2𝑔

𝑉2
• → taquicarga correspondente à velocidade do jato;
2𝑔
𝑉2
• ℎ0 → perda de carga na entrada da canalização = 𝐾0 2𝑔 ;
• ℎ1 → perda de carga no conduto AG;
• ℎ2 → perda de carga no aumento da seção;
• ℎ3 → perda de carga no trecho CE;
• ℎ4 → perda de carga na redução de seção;
• ℎ5 → perda de carga no trecho EF;
• ℎ6 → perda de carga no registro F;
• ℎ7 → perda de carga no trecho FG;
1 𝑉2
• ℎ8 → perda de carga no bocal (𝑐 2 − 1) 2𝑔 .
𝑣

11.4 Perda de Carga em Circuitos Hidráulicos de Geração em Usinas


Hidrelétricas

Após o conhecimento definitivo das dimensões físicas das estruturas que compõem o
circuito de adução, pode-se estimar o valor total das perdas de carga e,
consequentemente, determinar o valor final da queda líquida.

Resumo ARH – Gabo Weby 127


Em seguida, deve ser recalculado o valor da potência instalada na hidrelétrica.

11.4.1 Estimativa das Perdas de Carga

As perdas de carga são estimadas por uma equação do tipo a seguir especificado,
a qual é o produto de uma constante, calculada para cada caso particular, pela
energia cinética do escoamento.

𝑉2
ℎ=𝐾
2𝑔

• ℎ → perda de carga em algum ponto do circuito hidráulico de adução (m);


• 𝑉 → velocidade do escoamento (m/s);
• 𝑔 → aceleração da gravidade (m/s²);
• 𝐾 → coeficiente de perda de carga, que varia para cada caso.

A) Perda na Aproximação
A perda de carga no canal de aproximação pode ser estimada através da fórmula
apresentada a seguir.

𝑉2
ℎ𝑐𝑎 = 𝐾𝑐𝑎
2𝑔

• ℎ𝑐𝑎 → perda de carga no canal de adução (m);


• 𝑉 → velocidade do escoamento (m/s);
• 𝑔 → aceleração da gravidade (m/s²);
• 𝐾𝑐𝑎 → coeficiente de forma do canal de aproximação, que varia entre 0,01 e 0,1.

B) Perda na Grade da Tomada d’Água


A perda de carga na grade da tomada d’água pode ser estimada utilizando-se a
fórmula de Kirschmer:

𝑒1 4/3 𝑉𝑔2
ℎ𝑔 = 𝐾𝑔 ( ) sin 𝜃1
𝑒2 2𝑔

• ℎ𝑔 → perda na grade (m);


• 𝑒1 → espessura ou diâmetro das barras;
• 𝑒2 → espaçamento entre as barras;
• 𝜃1 → inclinação da grade;
• 𝑉𝑔 → velocidade junto à grade (m/s);
• 𝐾𝑔 → coeficiente de perda de carga cujo valor depende das dimensões da grade.
No quadro a seguir, apresentam-se os valores mais comuns.

Resumo ARH – Gabo Weby 128


(*) b = largura das barras.

C) Perda em Canais
Para os canais de seção uniforme com escoamento em superfície livre, sem
curvas acentuadas (em cotovelo), deve ser computada somente a perda de carga
devido ao atrito (ℎ𝑎 ). Deve-se utilizar a fórmula de Manning:

1 2/3 1/2
𝑉= 𝑅 𝐽 ℎ𝑎 = 𝐽 ∗ 𝐿
𝑛

COEFICIENTES DE RUGOSIDADE TÍPICOS

Natureza das Paredes 𝑛


Cimento liso 0,010
Argamassa de cimento 0,011
Pedras e tijolos rejuntados 0,013
Tijolos rugosos 0,015
Alvenaria ordinária 0,017
Canais com pedregulhos finos 0,020
Canais com pedra e vegetação 0,030
Canais em mau estado de conservação 0,035

D) Perda em Conduto sob Pressão


A perda de carga em conduto sob pressão consiste no somatório das seguintes
perdas: na entrada do conduto, devido ao atrito, em curvas, em reduções cônicas
e em bifurcações.

D.I) Perda na Entrada do Conduto (ℎ𝑒 )

𝑉2
ℎ𝑒 = 𝐾𝑒
2𝑔

• 𝑉 → velocidade média imediatamente a jusante da entrada (m/s);


• 𝐾𝑒 → coeficiente variável em função da forma da boca do conduto.

Resumo ARH – Gabo Weby 129


D.II) Perda por Atrito (ℎ𝑎 )

𝐿 𝑉2
Fórmula de Darcy-Weisbach ℎ𝑎 = 𝑓
𝐷 2𝑔

• 𝑓 → coeficiente de atrito;
• 𝐿 → comprimento da tubulação;
• 𝐷 → diâmetro da tubulação;
• 𝑉 → velocidade em m/s.

D.III) Perda nas Curvas (ℎ𝑐 )

𝑉2
ℎ𝑐 = 𝐾𝑐
2𝑔

• 𝑉 → velocidade média imediatamente a jusante da entrada (m/s);


• 𝐾𝑐 → coeficiente que varia com o valor do ângulo de deflexão da curva, isto
é, o ângulo de mudança de direção entre as partes retas de montante e de
jusante de curva, como apresentado no quadro a seguir.

Ângulo de deflexão Kc
< 10° 0
10° a 15° 0,03
15° a 30° 0,06
30° a 45° 0,09
> 45° 0,13

Resumo ARH – Gabo Weby 130


Esses valores são válidos para curvas nas quais:

𝑅
≥2
𝐷

• 𝑅 → raio da curva (m);


• 𝐷 → diâmetro do conduto (m).

D.IV) Perda nas Reduções Cônicas (ℎ𝑟 )

𝑉2
ℎ𝑟 = 𝐾𝑟
2𝑔

• 𝑉 → velocidade média no conduto, a jusante da redução (m/s);


• 𝐾𝑟 → coeficiente de perda de carga nas reduções cônicas, que varia de 0,005
a 0,010.

D.V) Perda nas Bifurcações (ℎ𝑏 )

𝑉2
ℎ𝑏 = 𝐾𝑏
2𝑔

• 𝑉 → velocidade média no conduto, a montante da bifurcação (m/s);


• 𝐾𝑏 → coeficiente de perda de carga nas bifurcações, que depende da relação
entre a área da seção de escoamento do conduto de “entrada” e a área da
seção de escoamento dos braços de “saída”, bem como da deflexão de cada
um dos braços em relação ao alinhamento do tronco principal.

Para deflexão de 30º ou ângulo de 60º entre os braços e relação,


recomenda-se adotar:
• 𝐾𝑏 = 1,20 → escoamento para uma unidade;
• 𝐾𝑏 = 0,25 → escoamento para duas unidades.

Assim,

ℎt = ∑ ℎ𝑙 + ∑ ℎ𝑎

• ℎ𝑡 → perda de carga total (m);


• ℎ𝑙 → perdas localizadas (m);
• ℎ𝑎 → perdas por atrito (m).

Resumo ARH – Gabo Weby 131


11.4.2 Determinação Final da Queda Líquida e da Potência Instalada

𝐻𝐿 = 𝐻𝐵 − 𝐻𝑡

𝑃 = 9,81 ∗ 𝑟𝑡 ∗ 𝑟𝑔 ∗ 𝑄 ∗ 𝐻𝐿

• 𝑃 → potência instalada da UHE;


• 𝐻𝐿 → queda líquida total da UHE (m);
• 𝐻𝐵 → altura bruta (𝑁𝐴montante − 𝑁𝐴jusante );
• 𝑄 → vazão de projeto da UHE (m³/s);
• 𝑟𝑡 → rendimento da turbina;
• 𝑟𝑔 → rendimento do gerador.

11.4.3 Exemplo
Determinar a potência a ser instalada em um aproveitamento hidrelétrico com 25
m de queda bruta e uma descarga de projeto de 3 m³/s, sabendo-se que o
rendimento do grupo turbina-gerador vale 0,85, a unidade turbogeradora é
alimentada por um sistema adutor constituído de um canal entre a barragem e a
câmara de carga e de uma tubulação forçada em aço alimentando uma única
unidade geradora, entre a câmara de carga e a casa de máquinas, apresentando as
seguintes dimensões:

Tomada d’água do canal:


• Grade constituída com barras de ferro redondas, 3/8” diâmetro, espaçadas
de 30 mm, inclinadas de 85º em relação ao piso da tomada d’água, cobrindo
uma área bruta de 1,0 m de altura x 2,0 m de largura.

Canal:
• Em concreto, com acabamento de argamassa de cimento na proporção 1:3,
seção retangular uniforme, com área útil de 1,0 m de altura x 2,0 m de largura,
500 m de comprimento e com curvas suaves.

Tomada d’água da tubulação forçada, na câmara de carga:


• Grade construída com barras de ferro com arestas vivas, de seção retangular
10 mm x 60 mm, espaçadas de 35 mm, inclinadas de 90º em relação ao piso
da tomada d’água, cobrindo uma área bruta de 2,0 m de altura x 1,5 m de
largura.
• Boca da tubulação forçada em forma de campânula.

Tubulação forçada:
• Construída em chapa de aço soldada, diâmetro nominal 36” (91,44 cm
externo), espessura de parede 1/4” (0,635 m) e 40 m de comprimento.

Resumo ARH – Gabo Weby 132


Resolução:

1) Cálculo das perdas de carga no sistema adutor:

1.A.: Perda de carga na tomada d’água do canal

Perda de carga inicial:

𝑉2
ℎ𝑖′ = 𝐾𝑖 𝐾𝑖 = 0,10
2𝑔

Descarga:

𝑄 = 3,0 m3 /s

Área de escoamento:

𝐴 = 1 ∗ 2 = 2,0 m²

Velocidade da água:

𝑄 3,0
𝑉= = = 1,5 m/s
𝐴 2,0

Perda de carga:

1,52
ℎ𝑖′ = 0,10 ∗ → ℎ𝑖′ = 0,012 m
2 ∗ 9,81

1.B.: Perda de carga na grade (fórmula de Kirshmer)

𝑒1 4/3 𝑉2
ℎ𝑔′ = 𝐾𝑔 ( ) sin 𝜃1 ∗
𝑒2 2𝑔

Descarga:

𝑄 = 3,0 m3 /s

Área bruta da grade:

𝐴 = 1 ∗ 2 = 2,0 m²

Inclinação da grade:

Resumo ARH – Gabo Weby 133


𝜃1 = 85°

Velocidade da água a montante da grade:

𝑄 3,0
𝑉𝑔 = = = 1,5 m/s
𝐴𝑔 2,0

Espessura das barras (diâmetro):

(3/8′′) 𝑒1 = 9,53 mm

Espaçamento entre as barras:

𝑒2 = 30 mm

Coeficiente de perda de carga (ver Tabela Manual PCH):

𝐾𝑔 = 1,79

Perda de carga:

9,53 4/3 1,52


ℎ𝑔′ = 1,79 ( ) sin 85° ∗ → ℎ𝑔′ = 0,044 m
30 2 ∗ 9,81

1.C.: Perda de carga no canal (por atrito)

Dados:
• 𝐿 = 500 m = 0,5 km
• 𝑄 = 3,0 m3 /s
• 𝑛 = 0,011 (revestimento com argamassa de cimento 1:3)
• 𝑦 = 1,0 m
• 𝑏 = 2,0 m

Área da seção molhada:

𝐴𝑚 = 1,0 ∗ 2,0 = 2,0 m²

Perímetro molhado:

𝑃𝑚 = 2,0 + 2 ∗ 1,0 = 4,0 m

Raio hidráulico:

Resumo ARH – Gabo Weby 134


𝐴𝑚 2,0
𝑅ℎ = = = 0,5 m
𝑃𝑚 4,0

Calculando-se a velocidade da água no canal, tem-se:

𝑄 3,0
𝑉= = = 1,5 m/s
𝐴 2,0

Pela fórmula de Manning, encontra-se a declividade:

1 2/3 𝑛𝑄
𝑄= 𝐴𝑚 𝑅ℎ 𝐽1/2 → 𝐽1/2 = 2/3

𝑛 𝐴𝑚 𝑅ℎ

0,011 ∗ 3 ∧2
𝐽1/2 = → 𝐽1/2
≈ 0,02619 → 𝐽 ≈ 0,00069 m/m
2 ∗ 0,52/3

Sendo assim, e adotando 𝐽 ≈ 0,7 m/km, tem-se:

m
ℎ𝑎′ = 𝐽 ∗ 𝐿 = 0,7 ∗ 0,5 km → ℎ𝑎′ = 0,350 m
km

2) Cálculo das perdas de carga na tubulação forçada:

2.A.: Perda de carga inicial

𝑉2
ℎ𝑖′′ = 𝐾𝑖
2𝑔

Descarga:

𝑄 = 3,0 m3 /s

Tomada em forma de campânula:

𝐾𝑒 = 0,04

Diâmetro interno da tubulação:

𝐷 = 91,44 − 2 ∗ 0,635 = 90,17 cm

Área interna da seção transversal:

𝜋𝐷2 𝜋 ∗ 0,90172
𝐴= = ≈ 0,6386 m²
4 4

Resumo ARH – Gabo Weby 135


Velocidade da água no interior da tubulação:

𝑄 3,0
𝑉= = = 4,70 m/s
𝐴 0,6386

A perda de carga na entrada da tubulação será:

4,702
ℎ𝑒 = 0,04 ∗ → ℎ𝑒 = 0,045 m
2 ∗ 9,81

2.B.: Perda de carga por atrito

Dados:
• Tubulação nova em chapas de aço soldadas: 𝐾𝑎 = 0,32
• Comprimento da tubulação: 𝐿 = 40 m = 0,040 km
• 𝑉 = 4,70 m/s (já calculado)
• 𝐷 = 90,17 cm (já calculado)

Pela fórmula de Scobey:

4,701,9
𝐽 = 410 ∗ 0,32 ∗ = 17,553 m/km
90,171,1

OBS.: Nas tarefas, usar a fórmula de Darcy.

Perda de carga:

m
ℎ𝑎′′ = 𝐽 ∗ 𝐿 = 17,553 ∗ 0,040 km → ℎ𝑎′′ = 0,702 m
km

3) Perda total de carga no sistema adutor:

ℎ𝑡 = ℎ𝑖′ + ℎ𝑔′ + ℎ𝑎′ + ℎ𝑖′′ + ℎ𝑔′ + ℎ𝑒 + ℎ𝑎′′ →

ℎ𝑡 = 0,012 + 0,044 + 0,350 + 0,005 + 0,023 + 0,045 + 0,702 →

ℎ𝑡 = 1,181 m

Que representa 4,7% da queda bruta.

4) Cálculo da Potência Instalada da PCH:

Resumo ARH – Gabo Weby 136


Lembrando que são 25 m de queda bruta, uma descarga de projeto de 3 m³/s e
que o rendimento do grupo turbina-gerador vale 0,85.

4.A.: Cálculo da Queda Líquida

• 𝐻𝐵 = 25 m (queda bruta)
• ℎ𝑡 = 1,181 m

𝐻𝐿 = 𝐻𝐵 − ℎ𝑡 = 25 − 1,181 = 23,819 m

4.B.: Cálculo da Potência Instalada

• 𝑄 = 3,0 m3 /s
• 𝐻𝐿 = 23,819 m
• 𝑟𝑡 ∗ 𝑟𝑔 = 0,85

𝑃 = 9,81 ∗ 𝑟𝑡 ∗ 𝑟𝑔 ∗ 𝑄 ∗ 𝐻𝐿 →

𝑃 = 9,81 ∗ 0,85 ∗ 3 ∗ 23,819 →

𝑃 = 596 kW

Resumo ARH – Gabo Weby 137


12. Vertedores
Estrutura extravasora de cheias, que permite a passagem
da água para jusante.

Garantia de integridade de uma barragem, para as vazões máximas ocorridas,


sendo um importante dispositivo de segurança.

12.1 Principais Estruturas

12.2 Dimensionamento

12.3 Estrutura de Controle

12.4 Geometria

Resumo ARH – Gabo Weby 138


13. Exemplos Aplicados
13.1 Exercício com Pequena Central Hidrelétrica

Uma vila de pescadores situada em uma região isolada (fora do Sistema Interligado
Nacional) conta com um sistema de geração eólica para atender à carga composta de
equipamentos tais como freezer, máquinas de fazer gelo para armazenar o pescado, além
de lâmpadas fluorescentes. A figura a seguir apresenta duas curvas: a curva de carga da
vila e a de geração (potência gerada) pela usina eólica.

Você foi contratado(a) para fazer um projeto de uma Micro Central Hidrelétrica (MCH) em
um rio localizado próximo à vila, que gerará potência capaz de complementar a geração
eólica, de forma a atender à curva de carga.

a) Calcule o nível d’água mínimo de montante necessário para que o sistema “MCH +
Eólica” atenda à carga plenamente (sem déficit).
Dados:
• 𝑄95 = 0,5 m3 /s (adotar essa como vazão de projeto);
• Sistema de adução formado por tomada d’água, canal retangular e dois condutos
forçados de 0,3 m de diâmetro cada;
• Comprimento do canal: 30,00 m;
• Base do canal: 1,00 m;
• Altura do tirante de água: 0,60 m;
• Comprimento dos condutos: 60,00 m;
• Rendimento do grupo turbina gerador: 0,60;
• Coeficiente de Manning do canal: 0,035;
• Coeficiente de atrito do conduto: 0,03;
• Somatório das perdas localizadas: 1,20 m;
• Nível d’água de jusante: 46,00 m.

Resumo ARH – Gabo Weby 139


b) Dimensione (isto é, calcule a largura) do vertedor dessa MCH para:
• Cota da soleira = NA de montante;
• Vazão de projeto = 180 m³/s;
• NAmax maxmorum situado a 1,80 m acima do NA de montante.
• Coeficiente de vazão do vertedor = 1,5;
• Desprezar amortecimento, uma vez que não há reservatório.

Resolução:

Letra A

1) Perda de Carga:

1.A.: No conduto
Área em cada conduto:

𝜋𝐷2 0,32
𝐴= =𝜋∗ ≈ 0,0707 m²
4 4

Como são dois condutos forçados, a vazão em cada um será:

0,5
𝑄= = 0,25 m3 /s
2

Tem-se assim a velocidade da água em cada conduto:

𝑄 0,25
𝑄 = 𝑉𝐴 → 𝑉 = = ≈ 3,54 m/s
𝐴 0,0707

Perda de carga no conduto:

𝐿 𝑉2 60 3,542
ℎ=𝑓 → ℎ = 0,03 ∗ ∗ → ℎconduto ≈ 3,83 m
𝐷 2𝑔 0,3 2 ∗ 9,81

1.B.: No canal

Área molhada do canal:

𝐴𝑚 = 1 ∗ 0,60 = 0,60 m²

Perímetro molhado do canal:

𝑃𝑚 = 1,00 + 2 ∗ 0,60 = 2,20 m

Resumo ARH – Gabo Weby 140


Raio hidráulico:

𝐴𝑚 0,60
𝑅ℎ = = ≈ 0,273 m
𝑃𝑚 2,20

Velocidade da água no canal:

𝑄 0,5
𝑄 = 𝑉𝐴 → 𝑉 = = ≈ 0,83 m/s
𝐴 0,60

Pela fórmula de Manning, encontra-se a declividade:

1 2/3 𝑛𝑉
𝑉= 𝑅 √𝑆 → √𝑆 = 2/3 →
𝑛 𝑅

0,035 ∗ 0,83 ∧2
√𝑆 = → √𝑆 ≈ 0,069 → 𝑆 ≈ 0,0048 m/m
0,2732/3

Perda de carga no canal:

m
ℎ = 𝑆 ∗ 𝐿 = 0,0048 ∗ 30 m → ℎcanal = 0,144 m
m

1.C.: Perda de Carga Total

ℎtotal = ℎconduto + ℎcanal + ℎlocalizada →

ℎtotal = 3,83 + 0,144 + 1,20 ≈ 5,17 m

2) Potência:
Maior potência complementar:
• Entre 6h e 9h: Δ𝑃máx = 365 − 130 = 235 W = 0,235 kW

3) Nível d’água:

𝑃 = 9,81 ∗ 𝑄 ∗ 𝜂 ∗ 𝐻𝐿 →

0,235 = 9,81 ∗ 0,5 ∗ 0,6 ∗ (𝑁𝐴montante − 46 − 5,17) →

𝑁𝐴montante ≈ 51,25 m

LETRA B

180
𝑄 = 𝐶 ∗ 𝐿 ∗ 𝐻 3/2 → 𝐿 = → 𝐿 ≈ 49,7 m
1,5 ∗ 1,803/2

Resumo ARH – Gabo Weby 141


13.2 Exercício Vertedor – Oroville Dam

A figura abaixo ilustra o sistema de restituições de vazões da usina Hidrelétrica de Oroville,


na Califórnia, Estados Unidos. Essa UHE sofreu um acidente em fevereiro de 2017, quando
uma parte da calha de seu vertedor principal (VP) passou por um processo de
desmoronamento parcial, o que obrigou a manobras para restituição de vazões, que
utilizaram um vertedor de emergência (VE), com elevadas erosões à jusante da barragem.
A população teve de ser evacuada a fim de evitar danos maiores aos residentes.

Dica

21,5 = 2,8
31,5 = 5,2
41,5 = 8,0
51,5 = 11,2
61,5 = 14,7
71,5 = 18,5
81,5 = 22,6
91,5 = 27,0
101,5 = 31,6

Estime o nível d’água mínimo no reservatório para escoar uma vazão total nos dois
vertedores (VP + VE) de 6.200 m³/s. Tanto VP quanto o VE são do tipo soleira livre, isto é,
não possuem comportas.

Dados:

Vertedor Principal (VP) Vertedor de Emergência (VE)


Cota da soleira (m) 404,00 409,00
Largura (m) 80,00 520,00
Coeficiente de vazão 1,65 1,30

Resolução:

1) Equação do Vertedor:

𝑄 = 𝐶 ∗ 𝐿 ∗ 𝐻 3/2

2) Vertedor Principal (VP):

𝑄𝑃 = 1,65 ∗ 80 ∗ (𝑁𝐴 − 404)3/2 → 𝑄𝑃 = 132 ∗ (𝑁𝐴 − 404)1,5

Resumo ARH – Gabo Weby 142


3) Vertedor de Emergência (VE):

𝑄𝐸 = 1,30 ∗ 520 ∗ (𝑁𝐴 − 409)3/2 → 𝑄𝐸 = 676 ∗ (𝑁𝐴 − 409)1,5

4) Vazão Total:

𝑄𝑃 + 𝑄𝐸 = 6.200 m3 /s →

6.200 = 132 ∗ (𝑁𝐴 − 404)1,5 + 676 ∗ (𝑁𝐴 − 409)1,5

Usando 𝑁𝐴mín − 409 = 𝑥, temos que:

6.200 = 132 ∗ (𝑥 + 5)1,5 + 676 ∗ (𝑥)1,5

5) Por tentativa:

• Para 𝑥 = 2 → 132 ∗ (7)1,5 + 676 ∗ (2)1,5 ≈ 4.357 m3 /s


• Para 𝑥 = 3 → 132 ∗ (8)1,5 + 676 ∗ (3)1,5 ≈ 6.499 m3 /s

• Para 𝑥 = 2,87 → 132 ∗ (7,87)1,5 + 676 ∗ (2,87)1,5 ≈ 6.201 m3 /s (OK!)

Assim, tem-se que:

𝑁𝐴mín − 409 = 𝑥 → 𝑁𝐴mín = 409 + 2,87 → 𝑁𝐴mín = 411,87 m

Resumo ARH – Gabo Weby 143


14. Exercícios do Bloco II
01. Pode-se afirmar que o maior consumo de água do tipo consuntivo no Brasil é:
(A) Geração de energia em hidrelétricas;
(B) Irrigação;
(C) Industrial;
(D) Estações de tratamento de esgotos;
(E) Abastecimento de água;

02. A obtenção de recursos financeiros para o financiamento de programas e intervenções


contemplados nos Planos de Recursos Hídricos é:
(A) Um dos objetivos da cobrança do uso de recursos hídricos;
(B) O único objetivo da cobrança do uso de recursos hídricos;
(C) Um dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, mas não pode ser um
dos objetivos da cobrança do uso de recursos hídricos, pois tais recursos
financeiros devem vir de emendas ao Orçamento Geral da União;
(D) Um dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, mas não pode ser um
dos objetivos da cobrança do uso de recursos hídricos, pois tais recursos
financeiros devem vir da compensação financeira da geração de energia elétrica, de
que trata a Lei 9.648/98;
(E) Um dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, mas não pode ser um
dos objetivos da cobrança do uso de recursos hídricos, pois tais recursos
financeiros devem vir do erário público;

03. Referente à Lei 9.433 – Política Nacional de Recursos Hídricos, assinale a alternativa
incorreta. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:
a) Comitês de Bacias Hidrográficas;
b) Conselho de Recursos Hídricos dos Estados;
c) Agência Nacional de Águas;
d) Conselho Nacional do Meio Ambiente;
e) Agências de Água;

04. As entidades que implementam os instrumentos da Lei das Águas no Brasil são:
a) As Agências de Bacias;
b) Os Comitês de Bacias Hidrográficas;
c) A ANA e as entidades estaduais;
d) Os Conselhos de Recursos Hídricos;
e) O governo do Estado;

05. A partir da leitura, assinale abaixo a sequência que preenche corretamente as lacunas:

A Lei nº9.433/1997 consolida, em termos legais, os sistemas de


__________ sobre recursos hídricos como instrumento ____________ à
gestão das águas e à implementação da Política de Recursos Hídricos.
Resumo ARH – Gabo Weby 144
(...) O SNIRH é um dos instrumentos de _____________ previstos na Lei
nº 9.422/1997, que institui a PNRH. (...) Do ponto de vista da concepção
e estruturação do SNIRH, é importante frisar que, além das explícitas
necessidades específicas de _____________ e _____________ das bacias,
devem ser consideradas questões de exequibilidade e adaptabilidade
dos bancos de dados implantados, a publicação das informações
adquiridas, uma vez que as decisões de gestão em recursos hídricos
requerem o adequado suporte de dados e ____________ sistematizados
e disponíveis aos atores e segmentos interessados.

a) Monitoramento, gerenciamento, gestão, gerenciamento, monitoramento,


informações.
b) Informações, essencial, gestão, monitoramento, gerenciamento, informações.
c) Auxílio, gestão, gestão, monitoramento, gerenciamento, informações.
d) Gestão, auxílio, gestão, agendamento, retrocesso, tabelas.
e) Gerenciamento, monitoramento, gerenciamento, gestão, monitoramento,
informações.

06. Uma indústria química deseja construir uma fábrica às margens do rio Tocantins, de
onde retirará a água para utilizar em suas atividades e onde lançará seu efluente. Para
poder se instalar às margens desse rio será necessário:

I – que a indústria solicite à ANA outorga de captação de água;


II – que a indústria solicite à ANA outorga para diluição de seus efluentes;
III – que a indústria pague pela vazão outorgada;
IV – que o pedido de outorga esteja de acordo com o enquadramento aprovado para o
rio;
V – que as atividades da indústria sejam compatíveis com aquelas previstas no Plano
de Bacia do rio Tocantins;

a) Estão corretas apenas as alternativas I, III, IV e V;


b) Estão corretas apenas as alternativas II, III, IV e V;
c) Estão corretas apenas as alternativas I, III e IV;
d) Estão corretas todas as alternativas acima;
e) Estão corretas apenas as alternativas I, II e III.

07. O rio Fontes, desenhado abaixo, possui três usuários cujas outorgas para captação já
estão autorizadas. O usuário 1 é um agricultor que necessita de água para irrigação, o
usuário 2 é uma fábrica de refrigerante, e o 3, uma captação para abastecimento de
água de uma cidade. Um novo usuário solicitou outorga ao órgão competente. Sabe-se
que em termos quantitativos o rio está em seu limite de exploração.

Resumo ARH – Gabo Weby 145


Dentre os usuários de água abaixo, assinale aquele que poderia conseguir a outorga
no novo ponto de captação.
a) Indústria siderúrgica;
b) Usina hidrelétrica;
c) Indústria de alimentos;
d) Agricultor irrigante;
e) Abastecimento de água de um povoado;

08. Os volumes vazios (também denominados volumes de espera) que são mantidos em
um grande número de reservatórios das usinas do sistema hidrelétrico brasileiro
durante os meses das estações chuvosas têm a função de:
a) Regularizar a produção de energia para ajustar à demanda.
b) Receber e armazenar temporariamente as cheias excepcionais (período de retorno
igual ou maior a 1.000 anos).
c) Promover o equilíbrio ambiental, em termos de flora e fauna no entorno do lago
formado pelo reservatório.
d) Permitir a pesca e o turismo durante as estações chuvosas, por meio da ampliação
do perímetro molhado do lago e melhoria das condições de acesso ao lago.
e) Receber e armazenar temporariamente as cheias ordinárias, minimizando a
frequência e a magnitude das inundações no vale a jusante da usina.

09. Assinale a opção que contém a melhor justificativa para que o sistema interligado
brasileiro seja operado de forma coordenada e otimizada.
a) Haveria perturbações e variações de tensão de maiores dimensões na rede básica
de transmissão caso as regiões fossem operadas de forma isolada.
b) A interligação elétrica entre as regiões do país permite explorar as diversidades
hidrológicas entre as bacias hidrográficas.
c) Os sistemas integrados permitem racionalização nas despesas de mão-de-obra
operacional e equipe técnica.
d) A interligação diminui ingerências políticas na coordenação da operação, as quais
seriam inevitáveis nas operações regionais.

Resumo ARH – Gabo Weby 146


e) Razões históricas justificam a operação interligada, uma vez que as empresas
verticalizadas no período pré-desregulamentação já praticavam a operação
interligada.

10. Assinale a opção que não contém uma ou mais variáveis e/ou componentes
diretamente relacionados à produção de energia durante a operação de uma usina
hidrelétrica.
a) Curva de rendimento das turbinas, altura de queda, cota do canal de fuga.
b) Altura de queda, cota do nível d’água do reservatório, vazão de turbinamento.
c) Grau de abertura dos distribuidores, eficiência dos geradores, perda de carga no
conduto adutor.
d) Grau de cavitação na superfície do vertedor, grau de dissipação de energia na bacia
de dissipação, cota de coroamento da barragem.
e) Altura de queda, vazão de turbinamento e curva de rendimento das turbinas.

11. Assinale a alternativa correta:


demanda média potência firme
a) Fator de carga = carga ligada
; Fator de capacidade de uma UHE = potência instalada
demanda média potência firme
b) Fator de carga = demanda máxima ; Fator de capacidade de uma UHE = potência instalada
demanda média potência média
c) Fator de carga = ; Fator de capacidade de uma UHE =
demanda máxima potência instalada

demanda mínima potência firme


d) Fator de carga = demanda máxima ; Fator de capacidade de uma UHE = potência máxima
carga ligada potência firme
e) Fator de carga = demanda máxima ; Fator de capacidade de uma UHE = potência instalada

12. Assinale a alternativa errada:


a) Cavitação é o nome que se dá ao fenômeno de vaporização de um líquido pela
redução da pressão, a uma temperatura constante.
b) Para todo fluido no estado líquido pode ser estabelecida uma curva que relaciona a
pressão à temperatura em que ocorre a vaporização. Por exemplo: na pressão
atmosférica a temperatura de vaporização da água é de cerca de 100ºC. Contudo a
uma pressão menor, a temperatura de vaporização também se reduz.
c) É fato sabido e previsível com a ajuda do Teorema de Bernoulli, que um fluido
escoando ao ser acelerado tem uma elevação de pressão para que sua energia
mecânica se mantenha constante.
d) Os danos causados pela cavitação em componentes de turbinas hidráulicas têm
envolvido não apenas custos elevados de reparo, mas considerável perda de
energia gerada por indisponibilidade das máquinas, limitação da flexibilidade
operacional do sistema e redução da vida útil dos equipamentos afetados.
e) Hoje no país 75% das companhias geradoras de energia elétrica através de Usinas
Hidrelétricas estão operando com algum tipo de problema de cavitação em seus
equipamentos.

Resumo ARH – Gabo Weby 147


13. Assinale a alternativa que não corresponde a um circuito hidráulico possível de
geração de uma usina hidrelétrica (as estruturas hidráulicas estão em ordem, de
montante para jusante).
a) Canal de aproximação, tomada d’água, conduto a baixa pressão, conduto forçado,
casa de força, canal de fuga;
b) Tomada d’água, casa de força;
c) Canal de aproximação, conduto a baixa pressão, chaminé de equilíbrio, conduto
forçado, casa de força, canal de fuga;
d) Canal de adução, tomada d’água, canal, câmara de carga, conduto forçado, casa de
força, canal de fuga;
e) Tomada d’água, conduto a baixa pressão, conduto forçado, casa de força, canal de
fuga;

14. Em relação a um circuito hidráulico de adução, são feitas as seguintes afirmações:

I – Calculam-se as perdas de carga localizadas (na grade, na aproximação, nas


bifurcações) e as perdas de carga por atrito tanto no canal quanto na tubulação forçada;
II – Calculam-se as perdas de carga por atrito (na grade, na aproximação, nas
bifurcações) e as perdas de carga localizadas tanto no canal quanto na tubulação
forçada;
III – Quanto maior a velocidade, maiores as perdas de carga localizadas;
IV – Quanto maior a velocidade, menores as perdas de carga localizadas;
V – O valor das perdas é deduzido da queda bruta para se calcular a potência instalada
na usina hidrelétrica.

Pode-se dizer que:


a) As alternativas I, IV e V estão corretas.
b) As alternativas I, III e V estão corretas.
c) As alternativas III e V estão corretas.
d) As alternativas II, III e V estão corretas.
e) As alternativas I e III estão corretas.

15. O vertedor é um importante dispositivo de segurança, cuja função é garantir a


integridade da barragem e das demais estruturas de uma usina hidrelétrica. Em relação
a essa importante estrutura, são feitas as seguintes afirmações:

I – O vertedor é constituído por 4 estruturas básicas: estrutura hidráulica de


aproximação; estrutura de controle (crista livre ou comporta); rápido e estrutura de
dissipação;
II – Pode apresentar comportas ou pode funcionar com lâmina livre;
III – É projetado para escoar cheia de tempo de recorrência de 10 mil anos amortecida
no reservatório da barragem;

Resumo ARH – Gabo Weby 148


IV – É projetado para escoar cheia de tempo de recorrência de 10 mil anos;
V – A vazão escoada pelo vertedor depende da sua largura, do coeficiente de vazão e
da carga hidráulica (H) sobre a soleira.

Das afirmativas acima, pode-se dizer que:


a) A afirmativa I está correta.
b) Todas as afirmativas estão corretas.
c) As afirmativas I, II, III e V estão corretas.
d) As afirmativas I, II, IV e V estão corretas.
e) As afirmativas IV e V estão corretas.

16. Na coluna da esquerda, estão as regiões do Brasil. Na coluna da direita, os principais


problemas relativos aos recursos hídricos. Faça a correspondência adequada entre as
duas colunas:
A – Norte ( ) Escassez
B – Sudeste ( ) Expansão da fronteira agrícola
C – Nordeste ( ) Pressões ambientais
D – Centro-oeste ( ) Poluição
E – Sul ( ) Irrigação

17. Analise as afirmações:

I – Usinas hidrelétricas permitem transformar energia hidráulica em energia mecânica


e energia mecânica em elétrica;
II – O termo potencial hidráulico significa a energia cinética ou potencial da água dos
rios e lagos que se concentra nos aproveitamentos hidrelétricos;
III – Chama-se período crítico o período em que os reservatórios do sistema partindo
cheios e sem reenchimentos totais intermediários sejam deplecionados ao máximo (de
uma usina/ do sistema);
IV – O diagrama de Rippl permite calcular o volume útil de um reservatório de uma
usina com regularização de vazão;

Pode-se dizer que:


a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) As afirmativas I, II e III estão corretas.
c) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As afirmativas I, III e IV estão corretas.

Resumo ARH – Gabo Weby 149


18. Observe o gráfico abaixo, correspondente a um local para implementação de uma usina
hidrelétrica:

Observando-se o gráfico acima, não se pode afirmar que:


a) Para a usina ser a fio d’água, sua potência instalada deve ser de, no máximo, 150
MW;
b) Se a potência instalada for maior do que 300 MW, há necessidade de
complementação por outra fonte de energia (usina termelétrica, por exemplo);
c) É possível fazer uma usina com regularização de vazões, caso a potência instalada
da usina seja inferior a 280 MW;
d) A usina a ser instalada deve trabalhar na base da curva de carga do mercado local;
e) É possível fazer uma usina com regularização de vazões.

19. Assinale a alternativa que não corresponde à política nacional de recursos hídricos:
a) A outorga e a cobrança são alguns de seus instrumentos;
b) A bacia hidrográfica é a unidade de gestão;
c) A gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada;
d) O enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos
preponderantes;
e) Em situação de escassez, a prioridade deve ser dada ao consumo humano e à
dessedentação de animais.

Resumo ARH – Gabo Weby 150


20. Ambas as curvas de carga abaixo correspondem às curvas de carga da cidade de
Torres. A curva A foi traçada em 1970, e a curva B, em 1990.

Observando as curvas acima, pode-se afirmar que:


a) Nada se pode afirmar sobre o processo de industrialização de Torres;
b) Em 1970, a cidade era predominantemente industrial e, em 1990, devido ao
surgimento de um novo polo industrial a 200 km dali, a cidade passou a ser
predominantemente residencial;
c) Torres era uma cidade residencial na década de 70, mas, com a instalação de
grandes indústrias na região, a cidade tornou-se uma cidade industrial;
d) Torres sempre foi industrial, apenas o seu consumo aumentou de 1970 para 1990;
e) Torres sempre foi residencial, apenas se pode afirmar que houve um aumento no
consumo de energia entre 1970 e 1990.

Resumo ARH – Gabo Weby 151


21. Para a operação de uma usina hidrelétrica em um curso d’água onde há navegação
fluvial, assinale a opção que apresenta o maior número de variáveis de interesse ao
controle operacional do reservatório/usinas para garantir as condições requeridas
pela navegação:
a) Nível de montante do reservatório e pressão da entrada das turbinas.
b) Pressão junto à tomada d’água e pressão nas comportas de fundo.
c) Nível d’água sobre a soleira do vertedor e nível d’água na bacia de dissipação.
d) Altura de queda e pressão nas saídas das turbinas.
e) Nível d’água no lago do reservatório e vazão defluente a jusante do reservatório.

22. Das opções abaixo, indique a situação em que não há conflito potencial entre os usos
múltiplos em um reservatório durante sua operação em um período caracterizado
como escassez hídrica:
a) Geração hidrelétrica e irrigação com retirada de água do reservatório.
b) Abastecimento de água com retirada de água do reservatório e geração hidrelétrica.
c) Navegação fluvial a montante e a jusante do reservatório e geração hidrelétrica.
d) Recreação no entorno do lago e geração hidrelétrica.
e) Navegação fluvial e manutenção da qualidade da água, ambas a jusante do
reservatório.

23. Praticamente todas as atividades produtivas que geram desenvolvimento e renda em


uma região fazem uso da água em seu ciclo produtivo, e boa parte destas atividades
faz um uso consuntivo deste recurso. Constituem, respectivamente, um uso não
consuntivo e um uso consuntivo:
a) Geração hidrelétrica; navegação fluvial.
b) Recreação; abastecimento industrial.
c) Dessedentação de animais; pesca.
d) Abastecimento humano; assimilação e transporte de esgoto e resíduos líquidos.
e) Geração termelétrica a vapor com óleo combustível; irrigação.

24. O vertedor é um importante dispositivo de segurança, cuja função é garantir a


integridade da barragem e das demais estruturas de uma usina hidrelétrica. Em relação
a essa importante estrutura, são feitas as seguintes afirmações:

I - O vertedor é constituído por 4 estruturas básicas: estrutura hidráulica de


aproximação; estrutura de controle; rápido e estrutura de dissipação;
II – Pode apresentar comportas ou pode funcionar com lâmina livre;
III – A dissipação de energia é feita sempre por intermédio de um salto de esqui;
IV – A vazão escoada pelo vertedor é calculada multiplicando-se a sua largura pelo seu
coeficiente de vazão.

Das afirmativas acima, pode-se dizer que:


a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

Resumo ARH – Gabo Weby 152


b) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
c) Apenas a afirmativa I está correta.
d) Todas as afirmativas estão corretas.
e) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.

25. Na política nacional de recursos hídricos, em que se constitui o instrumento de


enquadramento? De que forma ele poderá contribuir para os objetivos da política
nacional de recursos hídricos?

26. Em uma usina hidrelétrica, o nível d’água (NA) do reservatório está na cota 100,00m e
o NA do ponto de restituição, a jusante, na cota de 40,00m. Sendo de 2,00m a perda de
carga no canal de adução, de 5,00m a perda de carga nos condutos forçados e de 1,50m
a perda de carga na restituição ao rio, pede-se:
a) A queda bruta;
b) O rendimento hidráulico do aproveitamento;
c) Croquis do corte longitudinal, incluindo as grandezas.

27. Uma usina hidrelétrica é denominada “usina a fio d’água” quando:


a) É incapaz de regularizar as vazões do curso d’água.
b) Produz totais de energia anuais iguais ou inferiores a 500 GWh.
c) Existe derivação do curso d’água natural para produção de energia hidráulica.
d) O fluxo d’água é revertido em direção contrária ao sentido natural, durante as horas
de pico de demanda do sistema ao qual a usina está conectada.
e) Se localiza na extremidade de montante de um curso d’água.

28. Considere um reservatório com capacidade de 10.000 m³. Às 10 horas, o volume de água
armazenada é de 5.048 m³. As vazões de entrada (QE) e de saída (QS), observadas no
reservatório, foram as apresentadas na tabela abaixo.

Período (h) QE (m³/s) QS (m³/s)


10 - 12 0,50 0,75
12 - 14 0,65 0,65
14 - 16 1,20 0,50
16 - 18 0,60 0,30
18 - 20 1,40 0,20
20 - 22 1,00 0,20

Portanto, pode-se afirmar que o reservatório começará a verter água a partir das:
a) 15:36 h
b) 17:35 h
c) 20:10 h
d) 11:34 h
e) 18:15 h

Resumo ARH – Gabo Weby 153


29. Defina o fenômeno da cavitação e os principais problemas que esse fenômeno pode
causar em usinas hidrelétricas.

30. Cite 3 fundamentos da política nacional de recursos hídricos.

31. Na política nacional de recursos hídricos, em que se constitui o instrumento da outorga?


De que forma ele poderá contribuir para os objetivos da política nacional de recursos
hídricos? Como ele está relacionado com o instrumento do enquadramento?

32. A equação de vazão de um vertedor em uma usina hidrelétrica é dada por uma fórmula
do tipo:
𝑄 = 𝐶 ∗ 𝐿 ∗ 𝐻 3/2

• 𝑄 → vazão em m3 /s
• 𝐶 → coeficiente de descarga (pode variar entre 1,65 e 2,25)
• 𝐿 → largura efetiva do extravasor (m)
• 𝐻 → carga no extravasor (distância, em metros, da crista da soleira do extravasor ao
nível das águas do reservatório)

Cite três fatores que podem influenciar no valor do coeficiente de descarga do vertedor,
𝐶.

33. Analise as afirmativas abaixo, referentes ao cálculo do valor do diâmetro econômico


dos condutos forçados no projeto de uma usina hidrelétrica (UHE):

I – O diâmetro econômico é aquele que otimiza a relação custo-benefício de uma UHE.


II – O diâmetro econômico é aquele que permite a geração de maior quantidade de
energia na UHE.
III – O diâmetro econômico é o diâmetro limite para o qual um aumento de sua
dimensão, que significaria aumento das perdas hidráulicas, promove maior benefício
energético sem que isso compense o acréscimo de custo associado.
IV – O diâmetro econômico é o diâmetro limite para o qual um aumento de sua
dimensão, que significaria redução das perdas hidráulicas e, consequentemente, maior
potência instalada, promove aumento do benefício energético sem que isso compense
o acréscimo de custo associado.
V – O diâmetro econômico é aquele que apresenta o menor custo associado.

Pode-se dizer que:


a) Apenas as alternativas III e V estão corretas.
b) Apenas as alternativas II, III e V estão corretas.
c) Apenas as alternativas I e V estão corretas.
d) Apenas as alternativas I e IV estão corretas.
e) Apenas as alternativas I, IV e V estão corretas.

Resumo ARH – Gabo Weby 154


34. Quanto ao instrumento da cobrança, no estado do Rio, mais especificamente, na bacia
do rio Paraíba do Sul, pode-se afirmar que seu valor é baseado em parcelas que levam
em conta:
a) A captação, o consumo e o lançamento apenas.
b) A captação e o consumo apenas.
c) A captação e o lançamento apenas.
d) A captação apenas.
e) O consumo e o lançamento apenas.

35. A figura abaixo apresenta um corte da barragem com a tomada d’água, o conduto
forçado e a casa de força da usina hidrelétrica de Itaipu. Nota-se que a tomada d’água
encontra-se em pequena profundidade.

Pergunta-se:
a) Quais as vantagens e desvantagens de se construir uma tomada d’água no fundo ou
na superfície.
b) Há interferência no total de energia gerado? Justifique sua resposta.

36. O fator de carga da cidade de Itaorna, em Minas Gerais, era, na década de 80, de 0,8.
Em 2006, esse valor passou para 0,6. Essa mudança no fator de carga pode ser
explicada por:
a) Itaorna sempre foi industrial, apenas se pode afirmar que houve um aumento no
consumo de energia elétrica entre 1980 e 2006.
b) Itaorna era uma cidade residencial na década de 80, mas, com a instalação de
grandes indústrias na região, a cidade tornou-se uma cidade industrial.
c) Na década de 80, a cidade de Itaorna era predominantemente industrial e, em 2006,
devido a transferência maciça de indústrias para outras regiões, o perfil de
consumo de energia elétrica passou a ser predominantemente residencial.

Resumo ARH – Gabo Weby 155


d) Itaorna sempre foi residencial, apenas se pode afirmar que houve um aumento no
consumo de energia elétrica entre 1980 e 2006.
e) Nada se pode afirmar sobre a mudança no consumo de energia elétrica na cidade.

37. O gráfico abaixo apresenta a curva de permanência da potência disponível em um


aproveitamento hidrelétrico projetado para atender a um mercado isolado.

Sabendo que a demanda máxima do mercado é de 90 MW, pede-se:


a) A potência firme do aproveitamento hidroelétrico projetado.
b) A usina projetada deverá operar a fio d’água ou com reservatório de regularização
de vazões? Justifique sua resposta.

38. Não constitui fundamento da Lei 9.433:


a) Em situação de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o saneamento e
a geração de energia elétrica.
b) A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
c) A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional
de Recursos Hídricos.
d) A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
e) A água é um bem de domínio público.

39. Uma usina hidrelétrica possui 1 tomada d’água, 1 canal e 3 condutos forçados em túneis
abertos em tocha (f=0,02) com 600m de extensão e 4,0m de diâmetro cada. A perda de
carga na primeira parte da adução (tomada d’água e canal) é de 2,0m. A vazão de projeto
é de 120 m³/s. O reservatório está na cota 160,00m e a restituição na cota 100,00m.
Sendo de 0,90 o rendimento eletromecânico, qual a potência instalada?

Resumo ARH – Gabo Weby 156


40. O gráfico a seguir apresenta as curvas de vazões afluentes e efluentes na hidrelétrica
de Sobradinho, para uma cheia, no rio São Francisco.

Se essa é a cheia com tempo de recorrência de 10.000 anos e supondo-se que o


vertedouro tenha sido dimensionado corretamente, qual a vazão de projeto dessa
estrutura? Justifique sua resposta.

41. “Esse é um exemplo de um tipo de arranjo das estruturas em que é fundamental o


cálculo correto do diâmetro econômico do conduto forçado”. Defina diâmetro
econômico e justifique a afirmativa anterior.

42. O que é golpe de aríete? Em uma usina hidrelétrica, em quais situações pode ocorrer
um golpe de aríete?

43. O que pode ser feito para minimizar os efeitos de um golpe de aríete?

44. Descreva uma curva de carga diária típica do mercado consumidor de energia elétrica
no Brasil. Desenhe a curva e descreva suas principais características.

45. O diagrama ao lado representa o


processo decisório no Sistema
Interligado Nacional.

As letras A, B, C e D correspondem a
resultados das decisões tomadas no
instante 1, antes de serem conhecidas
as afluências (vazões) futuras nos
reservatórios do Sistema Interligado
Nacional brasileiro. Qual (ou quais)

Resumo ARH – Gabo Weby 157


desse(s) resultado(s) demonstra(m) que a decisão tomada no instante 1 foi acertada?
Justifique sua resposta.

46. Na política de gestão de recursos hídricos brasileira, em que consiste a outorga?

47. Cite dois objetivos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

48. Uma usina hidrelétrica foi construída no rio Correntoso, conforme o arranjo da figura
abaixo. Observe que a água do rio é desviada em uma curva, sendo que a vazão
turbinada segue o caminho A enquanto o restante da vazão do rio (se houver) segue o
caminho B, pela curva. A usina foi dimensionada para turbinar uma vazão no mínimo
igual à Q90. Por questões ambientais, o IBAMA está exigindo que seja mantida uma
vazão não inferior a 30 m³/s na curva do rio que fica entre a barragem e a usina. Para
manter a vazão ambiental na curva do rio é necessário, por vezes, interromper a
geração de energia elétrica, isto é, a manutenção da vazão ambiental tem prioridade
sobre a geração de energia. Considerando que a curva de permanência a seguir
corresponde a um período de tempo de um ano, pergunta-se:

Resumo ARH – Gabo Weby 158


a) Quantos dias por ano, a usina não gerará energia?
b) 2 novos usuários desejam pedir outorga ao órgão regulador estatal para se
instalarem no trecho B. Dê exemplos de 2 tipos de usos que o órgão regulador
poderá permitir.

49. A figura abaixo ilustra o circuito de adução da Pequena Central Hidrelétrica (PCH)
Bonfante.

Dados:
• Vazão turbinada total = 24 m3 /s
• Coeficientes de perda de carga:
✓ Entrada 𝐾𝑒 = 0,15;
✓ Curva < 50°, 𝐾𝑐 = 0,2;
✓ Curva > 50°, 𝐾𝑐 = 0,5;
✓ Logo após a curva de 70°, há bifurcação para 2 condutos forçados. Adotar 𝐾𝑏 =
0,4;
✓ Coeficiente de Manning = 0,11;
✓ Rendimento da turbina = 93%;
✓ Rendimento do gerador = 97%;
✓ Coeficiente de atrito nos condutos = 0,03;
• Desprezar perdas de carga localizadas cujos coeficientes não tenham sido dados.

A figura a seguir corresponde ao diagrama de carga (curva de demanda) do mercado


de energia elétrica que a PCH Bonfante deverá atender. Com os dados fornecidos,
responda ao que se pede.

Resumo ARH – Gabo Weby 159


a) Qual a potência instalada da usina?
b) Sabendo-se que o fator de capacidade da PCH a fio d’água é de 0,5, a pequena
central hidrelétrica projetada deverá operar a fio d’água ou com reservatório de
regularização de vazões? Justifique sua resposta.
c) Seria possível aumentar o fator de capacidade da PCH Bonfante? Justifique sua
resposta.
d) A partir da figura com o circuito hidráulico de adução da PCH, pode-se observar que
esse é um arranjo onde um dimensionamento adequado do diâmetro é fundamental.
Explique as razões para isso e defina diâmetro econômico de uma usina
hidrelétrica.

e) Sabendo-se que a cota da soleira do vertedor da PCH Bonfante = N.A.res = 252,00 m;


que o reservatório amortece 10% da sua vazão de projeto que é de 6.900 m³/s e que
a largura efetiva do vertedor é de 130,00 m, determine o NA maxmax da água no
reservatório.

Resumo ARH – Gabo Weby 160


50. Uma usina hidrelétrica (UHE B) apresenta um reservatório com capacidade para 10.000
hm³. Durante determinado período, o volume inicial do reservatório era de 90% e, ao
final, o reservatório estava com 80% da sua capacidade. Ainda neste período, o volume
correspondente às perdas por evaporação foi de 100 hm³, enquanto o volume vertido,
por restrições sanitárias, correspondeu a 300 hm³. Essa usina possui uma hidrelétrica
a montante (UHE A) e outra a jusante (UHE C) que, durante este período, não realizaram
vertimentos e turbinaram o equivalente a 500 e a 600 hm³, respectivamente.
Considerando desprezíveis as perdas por infiltração no reservatório, as perdas no
percurso entre as usinas, as vazões laterais afluentes e o tempo de viagem da água,
calcule o volume de água turbinado na UHE B.

51. A partir da notícia abaixo e das aulas, dê 4 exemplos de conflitos de usos de recursos
hídricos que podem surgir decorrentes do baixo nível dos reservatórios no Sudeste e
no Centro-Oeste brasileiros. Justifique sua resposta.

Tempo seco afeta nível de represas de hidrelétricas no


Sudeste e Centro-Oeste
Plantão | Publicada em 21/09/2010 às 20h57m
Jornal Nacional

SÃO PAULO – Os reservatórios de água de duas regiões brasileiras estão sofrendo


os efeitos do tempo seco e da estiagem prolongada. As principais hidrelétricas das
regiões Sudeste e Centro-Oeste operam com quase metade da capacidade das
represas.
Na usina de Marimbondo, na divisa de São Paulo e Minas Gerais, o nível é o mais
baixo dos últimos nove anos. O Rio Grande está tão raso, que os pescadores
procuram os peixes entre as pedras.
A represa está com menos de 30% do volume total. Por onde antes só se passava
de barco, agora é possível caminhar. A água já recuou mais de 50 metros.

52. Cite duas formas de se dissipar a energia em um vertedouro e explique como essa
dissipação é feita e porque é necessária.

53. A figura a seguir ilustra o circuito de adução da Usina Hidrelétrica (UHE) Itaúba situada
em um meandro do Rio Jacuí.

Resumo ARH – Gabo Weby 161


Dados da UHE:
• Entrada em operação: setembro de 1978;
• Turbina tipo: Francis, eixo vertical;
• Número de unidades: 4;
• Rendimento da turbina: 92%;
• Rendimento do gerador: 97%;
• Nível d’água de montante: 634,00 m;
• Nível d’água de jusante: 542,00 m;
• Vazão por unidade: 167 m³/s;
• A perda de carga do circuito hidráulico de geração é estimada em 10%;
• Fator de capacidade da UHE = 0,50.

Pede-se:
a) A potência instalada da hidrelétrica;
b) A usina é de represamento, de derivação ou de desvio?
c) A potência firme da hidrelétrica;

Resumo ARH – Gabo Weby 162


d) As figuras a seguir apresentam a demanda a ser atendida pela UHE Itaúba,
considerando-se um mercado isolado de energia. O primeiro gráfico, consta da
curva de demanda quando ela foi construída, em 1978, e o segundo gráfico foi
elaborado a partir de projeções de demanda 2020.

Baseado nessas curvas, pergunta-se:


d.1.: A UHE em 1978 atendia ao mercado ou necessitava de complementação?
Justifique sua resposta.
d.2.: E em 2020? Justifique sua resposta.
d.3.: O que aconteceria com a energia e a potência geradas se a usina fosse ligada
ao SIN (Sistema Interligado Nacional)? As respostas aos itens d.1. e d.2. seriam
diferentes nesse caso? Por quê?
d.4.: Observando os dois gráficos, o que se pode afirmar sobre o desenvolvimento
urbano da cidade de Itaúba? Justifique sua resposta.

Resumo ARH – Gabo Weby 163


54. A figura a seguir apresenta a curva de permanência de vazões decrescentes genérica
construída com os dados de vazões observados na foz de uma bacia hidrográfica. A
tabela mostra os dados de frequência simples usados para obtenção da curva de
permanência.

Intervalo de Vazão (m³/s) Frequência Simples


0 - 10 110
10 - 20 190
20 - 30 300
30 - 40 300
40 - 50 350
50 - 60 150
60 - 70 80
70 - 80 20

Com base nesses dados, qual o valor da vazão que tem permanência de 70% (Q70), em
m³/s?

55. Preencha corretamente as lacunas, de acordo com a função correspondente das


diversas instituições atuantes na Política Nacional de Recursos Hídricos:

(A) Conselho Nacional de Recursos Hídricos


(B) Agência de Águas
(C) ANA – Agência Nacional das Águas
(D) Comitês de Bacias
(E) MMA/SRH (Ministério do Meio Ambiente/Secretaria de Recursos Hídricos)

( ) outorgar e fiscalizar o uso de recursos hídricos de domínio da União;


( ) formular a Política Nacional de Recursos Hídricos e subsidiar a formulação do Orçamento
da União;
( ) a aprovação do Plano da Bacia;
( ) dirimir conflitos em última instância;
( ) “braços executivos” do(s) seu(s) correspondente(s) comitês;

56. Os itens de 1.1 a 1.20 a seguir contêm afirmações verdadeiras (V) ou falsas (F). Você
deve julgar essas afirmações e escrever nos parênteses ao lado de cada afirmação V,
se julgar verdadeira, e F, se julgar falsa.

I. O efeito da regularização de vazões sobre a curva de permanência é torná-la


mais horizontal, com valores mais próximos da média a maior parte do tempo.
( )

Resumo ARH – Gabo Weby 164


Considerando dois empreendimentos hidrelétricos, A e B, sendo A uma usina
embasada na geração a fio d’água e B uma usina a reservatório, julgue os itens de II a
IV.

II. No empreendimento A, o reservatório deve ter capacidade muito reduzida de


acumulação de água. ( )

III. Nos dois empreendimentos, a geração de energia firme deve ser bastante
elevada, aproximando-se da máxima potência no empreendimento A. ( )

IV. A construção da usina B em situação geográfica a montante é benéfica à usina


A. ( )

V. Cavitação é o nome que se dá ao fenômeno de vaporização de um líquido pela


redução da pressão, a uma temperatura constante. ( )

VI. Para o planejamento da operação das usinas hidrelétricas integrantes do SIN


(Sistema Interligado Nacional), o ONS (Operador Nacional do Sistema) elabora
estudos para a determinação dos volumes de espera em reservatórios para o
controle de cheias. A alocação desses volumes de espera, por estes ocuparem
a borda livre dos reservatórios, não geram impactos na operação energética do
SIN, visto que não restringe a capacidade máxima de armazenamento dos
reservatórios das usinas. ( )

VII. Considerando-se as principais fontes de geração de energia elétrica no Brasil


(hidráulica, nuclear, carvão e óleo), pode-se dizer que, apesar de ter uma
capacidade instalada em torno de 70% do total, as hidrelétricas são
responsáveis por aproximadamente 50% da energia gerada anualmente, devido
a problemas frequentes de hidrologias desfavoráveis. ( )

VIII. A energia firme de um sistema gerador corresponde à máxima quantidade de


energia que este sistema é capaz de gerar durante o período de ponta de
consumo. ( )

IX. Parte da demanda de energia é suprida pelas hidrelétricas, aumentando-se o


vertimentos de seus reservatórios, de modo a garantir o nível mínimo dos
mesmos. ( )

X. As usinas térmicas têm um importante papel no


Sistema Interligado Nacional, aumentando a garantia do
sistema quando há riscos de geração futura. ( )

XI. A figura ao lado mostra uma tomada d’água do tipo


torre. ( )

Resumo ARH – Gabo Weby 165


XII. Tomadas d’água mais profundas são melhores porque a queda é maior e,
consequentemente, a potência também. ( )

XIII. Com respeito ao método do diagrama de Rippl ou curva de massa de descargas,


pode-se afirmar que a tangente à curva em qualquer ponto é a vazão naquele
instante. ( )

As questões XIV a XX são sobre gestão de recursos hídricos:

XIV. A obtenção de recursos financeiros para o financiamento de programas e


intervenções contemplados nos Planos de Recursos Hídricos é um dos objetivos
da outorga do uso de recursos hídricos. ( )

XV. Em relação à gestão dos recursos hídricos no Brasil, pode-se dizer que a
outorga é um ato administrativo de autorização que pode estabelecer as vazões
de captação, de consumo e de diluição que serão atribuídas ao outorgado. ( )

XVI. O estudo de enquadramento em um rio é elaborado de forma a definir uma


determinada classe em que toda a bacia hidrográfica será enquadrada. ( )

XVII. O mundo tem, na data em que esta questão foi formulada, 7 bilhões de habitantes
e uma disponibilidade máxima de água para consumo em todo o planeta de
11.000 km³/ano. Admitindo-se um consumo médio anual per capita de 800 m³;
mantendo-se os padrões de consumo e a disponibilidade hídrica comentada
anteriormente, a população poderia, no máximo, triplicar de tamanho. ( )

XVIII. A navegação fluvial é um uso que não conflita com outros, por não retirar água
do corpo hídrico. ( )

XIX. É possível fazer rebrotar olhos d’água em regiões de bacias hidrográficas por
intermédio da adoção de mudanças na forma de se realizar o manejo do solo.
( )

XX. O enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo os usos


preponderantes da água é um instrumento do CNRH – Conselho Nacional de
Recursos Hídricos que, entre outras coisas, visa determinar quais os usos
d’água serão permitidos e outorgados para cobrança. ( )

57. Considere um vertedor com estrutura de dissipação de energia composta de uma bacia
de dissipação por ressalto hidráulico construída em um canal retangular cuja base é
de 18 m, por onde escoa a vazão de 160,0 m³/s. Sabe-se que a altura da lâmina d’água
do escoamento a montante do ressalto hidráulico é de 𝑦1 = 0,8 m. O escoamento a
jusante do ressalto hidráulico tem altura de lâmina d’água 𝑦2 = 3,4 m. Qual é a potência
dissipada, em kW, no ressalto hidráulico?

Resumo ARH – Gabo Weby 166


𝑃dis = 9,8 ∗ 𝑄 ∗ ℎperda

• 𝑄 → vazão (m3 /s)


• 𝑃dis → potência dissipada no ressalto hidráulico
• ℎperda → perda de carga no ressalto hidráulico (m)

58. A usina hidrelétrica Ponte de Pedra, reproduzida esquematicamente abaixo, é uma


usina de desvio, cujo circuito de geração é composto de canal, tomada d’água, 3
condutos forçados e casa de força. O nível d’água à jusante da casa de força é de 177,25
metros. Sabendo-se que o nível d’água no reservatório é de 424,00 m, que a vazão de
projeto é de 82 m³/s e que o rendimento do grupo turbina-gerador vale 0,9, pede-se:

Dados:
• 𝑛 = 0,012;
• 𝑓 = 0,02;
• Comprimento do canal = 4 km;
• Comprimento dos condutos forçados = 200 m;
• Coeficiente de vazão do vertedor 𝐶 = 2,0.

a) Dimensione o canal de adução trapezoidal, admitindo-se uma velocidade máxima


de 1,5 m/s, altura de 4,0 m e taludes laterais 1:1.
b) Sabendo-se que os condutos têm diâmetro de 2,4 m cada e desprezando-se as
perdas de carga localizadas, calcule a potência instalada da hidrelétrica.
c) Uma cidade como Campos, no norte do estado do Rio, possui 463.000 habitantes.
Admitindo-se 4 moradores por residência, um fator de capacidade na usina de 0,6
e um consumo médio de 200 kWh/mês por residência, calcule quantas cidades como
Campos a usina hidrelétrica de Ponte de Pedra poderia atender.
d) Estudos hidrológicos indicaram que a cheia decamilenar na hidrelétrica vale 11.200
m³/s. Sabendo-se que o reservatório amortece 30% da cheia de projeto, calcule a
cota de crista da barragem, para uma borda livre de 1,0 m e largura do vertedor de
120 m. Admita que a soleira do vertedor se encontra na mesma cota do nível do
reservatório.

Resumo ARH – Gabo Weby 167


e) Cite os dois principais problemas ambientais que uma usina desse tipo pode
acarretar, tanto na construção quanto na operação da usina.

59. A construção de grandes barragens provoca o rompimento de um equilíbrio


geomorfológico longitudinal de um rio, alterando o ambiente de lótico para lêntico. Esse
tipo de interferência gera uma série de efeitos em cadeia. Um exemplo de alteração
hidrológica-geomorfológica em um setor de um rio represado é a(o):
(A) Aumento da deposição de carga sólida no setor a montante da barragem.
(B) Alteração térmica da água no setor a jusante da barragem.
(C) Redução do nível piezométrico no setor a montante da barragem.
(D) Regularização das vazões afluentes no setor a montante da barragem.
(E) Maior disponibilidade de água subterrânea no setor de jusante da barragem.

60. A região metropolitana de São Paulo (RMSP)


apresenta demandas crescentes de água e
precisará ampliar a importação desse recurso de
outros mananciais, dentre eles possivelmente do
Rio Paraíba do Sul. Considerando a situação atual
de disponibilidade e demanda nessa bacia, avalie
as possíveis consequências dessa importação
para a RMRJ e descreva, justificando, ao menos
duas possíveis consequências para a Região
Metropolitana do Rio de Janeiro e seus
moradores.

61. A seguir são apresentadas a curva de permanência das potências geradas na Pequena
Central Hidrelétrica (PCH) a fio d’água Cachimbo (potências geradas X porcentagem
dos dias do ano).

Dados: adução por dois condutos forçados de comprimento igual a 140,00 m e diâmetro de
2,20 m cada, coeficiente de atrito nos condutos igual a 0,025; rendimento da turbina = 0,87;

Resumo ARH – Gabo Weby 168


nível d’água de montante = 128,00 m; nível d’água de jusante = 109,40 m; desprezar todas
as perdas de carga localizadas.

a) Qual a potência firme?


b) Qual é o fator de capacidade?
c) Para a velocidade no conduto igual a 6 m/s, calcule a queda líquida;
d) Calcule o rendimento do gerador;
e) A figura a seguir representa a curva de carga média diária do Centro de Tecnologia
(CT) da UFRJ. Faça uma estimativa aproximada do fator de carga do CT.

f) A PHC Cachimbo atenderia sozinha à demanda do CT ou necessitaria de


complementação? Justifique sua resposta.

62. Leia o texto a seguir.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco foi criado por decreto
presidencial em 5 de junho de 2001. O comitê tem 62 membros titulares e
expressa, na sua composição tripartite, os interesses dos principais atores
envolvidos na gestão dos recursos hídricos da bacia. Em termos numéricos, os
usuários somam 38,7% do total de membros, o poder público (federal, estadual
e municipal) representa 32,2%, a sociedade civil detém 25,8% e as
comunidades tradicionais 3,3%.

O texto apresentado remete ao seguinte fundamento da Política Nacional de Recursos


Hídricos, instituída pela Lei nº9.433, de 8 de janeiro de 1997: (Assinale apenas UMA das
alternativas a seguir.)
(A) A água é um bem de domínio público.
(B) A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
(C) A gestão deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
(D) A gestão deve ser descentralizada e ter a participação do poder público, dos
usuários e das comunidades.

Resumo ARH – Gabo Weby 169


(E) A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional
de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos.

63. Na figura a seguir são representadas as vazões ao longo do tempo em duas seções
diferentes do rio São Francisco, uma à montante do reservatório de Sobradinho e outra
à jusante da barragem de Sobradinho.

Sobre essa figura, considere as seguintes afirmativas:

1. A diferença de vazão de montante para jusante mostra que mais água chega a
Sobradinho do que sai dele, indicando que a irrigação é a grande consumidora dessa
diferença.
2. A diferença de vazão de montante para jusante mostra que mais água chega a
Sobradinho do que sai dele, indicando que a geração de energia é a grande
consumidora dessa diferença.
3. As curvas mostram o grande potencial de regularização das vazões que possui o
reservatório de Sobradinho.
4. As curvas mostram que na época das chuvas mais água chega a Sobradinho do que
sai, e na época das estiagens mais água sai de Sobradinho do que chega.

Assinale a alternativa correta:


(A) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
(B) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
(C) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
(D) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
(E) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

64. A figura abaixo representa o perfil de um vertedor sem comportas e com vão de 48
metros de largura. A profundidade no reservatório (𝐻𝑑 ) é de 25 metros. A cota de fundo
do reservatório é a mesma do canal à jusante do vertedor que é igual a 422,10 m. A
largura do canal de jusante é igual à largura do vertedor. Há formação de um ressalto

Resumo ARH – Gabo Weby 170


hidráulico completamente, dissipando energia. A seção 2 é um canal com escoamento
fluvial, com curva chave dada por:

𝑄 = 38,61 𝑁𝐴0,477

Onde 𝑄 é vazão em m³/s e 𝑁𝐴 é nível d’água em metros. Sabe-se que o reservatório


amortece 30% da vazão máxima afluente, que é de 990 m³/s.

• Coeficiente de vazão do vertedor = 1,8.

𝑃dis = 9,8 ∗ 𝑄 ∗ ℎperda

• 𝑄 → vazão (m3 /s)


• 𝑃dis → potência dissipada no ressalto hidráulico
• ℎperda → perda de carga no ressalto hidráulico (m)

Calcule a potência dissipada no ressalto, em kW.

65. Sobre a Gestão de Recursos Hídricos hoje no Brasil:


a) Cite 2 objetivos da Lei 9.433/1997, que institui a política de recursos hídricos no país;
b) Descreva um conflito típico entre usuários de recursos hídricos no Brasil. Justifique
sua resposta.

66. Aponte a alternativa INCORRETA em relação à determinação de volumes de


reservatórios com o uso do diagrama de Rippl.
(A) Desconsidera a sazonalidade das vazões.
(B) É um modelo determinístico baseado na série histórica de vazões do rio.
(C) Perdas por evaporação são desconsideradas e, portanto, esse modelo não deve ser
utilizado em bacias no semiárido.
(D) Permite apenas uma regra de regularização.
(E) Não associa riscos a um determinado volume.

Resumo ARH – Gabo Weby 171


67. As vazões de um rio variam ao longo do tempo. A Data Vazão (m³/s)
análise percentual da ocorrência da vazão é
02/02/2018 70
denominada Curva de Permanência, que é um dos
21/05/2018 30
parâmetros para se analisarem as características de
um rio a ser utilizado para geração de energia 12/07/2018 20

elétrica. O quadro ao lado traz uma série histórica de 03/04/2018 90

vazões de um rio. A partir do exposto, assinale a 02/01/2018 50


alternativa que apresenta o valor da vazão Q90:
(A) 120 m³/s
(B) 80 m³/s
(C) 60 m³/s
(D) 25 m³/s
(E) 15 m³/s

68. O Comitê de Bacia Hidrográfica, que tem como objetivo o gerenciamento dos recursos
hídricos é:
(A) Um ministério.
(B) Uma ONG que delibera em nível nacional ou regional.
(C) Um órgão colegiado, consultivo deliberativo de nível nacional ou regional,
estratégico.
(D) Uma secretaria de estado.
(E) Uma secretaria de município.

69. Considerando a presença da água na natureza e seu ciclo hidrológico, são afirmativas
corretas, EXCETO:
(A) A água atinge quase quatro quintos da superfície terrestre.
(B) A água subterrânea vem sendo acumulada no subsolo há séculos e somente uma
fração desprezível é acrescentada anualmente pelas chuvas ou retirada pelo
homem.
(C) Entre 70% e 75% da precipitação pluviométrica volta à atmosfera como
evapotranspiração.
(D) Somente cerca de 20% do volume total de água podem ser aproveitados para nosso
consumo.
(E) Com aquecimento global, o volume armazenado nas geleiras tem diminuído.

70. O rompimento da barragem de rejeitos minerais de Fundão, situada em Mariana/MG, e


o galgamento da barragem de Santarém, e rio Doce, resultou em um desastre
ambiental de grande magnitude e repercussão, liberando um volume estimado de 34
milhões de m³ de rejeitos de mineração, causando diversos impactos socioeconômicos
e ambientais na bacia do rio Doce. A figura a seguir mostra o perfil longitudinal do curso
d’água afetado pelo rompimento da Barragem de Fundão.

Resumo ARH – Gabo Weby 172


Fonte: Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil – Informe 2016. ANA

No entanto, o volume de rejeitos que atingiu o mar mostrou-se menor que o esperado.
Com base na figura acima, assinale a alternativa correta que justifique este fato.
(A) A distância elevada até a foz.
(B) A baixa pluviosidade na época do desastre.
(C) As cidades que barraram os rios.
(D) A quantidade de afluentes que diluíram os rejeitos.
(E) As usinas hidrelétricas que retiveram parte dos rejeitos.

71. O desafio de atender à demanda com uma matriz de energia elétrica que apresenta um
número muito maior de fontes energéticas não controláveis torna necessário um
aumento da capacidade de armazenamento de energia. Sobre as tecnologias
específicas para o aumento da capacidade do sistema, visando a complementação de
potência, uma das alternativas mais promissoras são as usinas hidrelétricas
reversíveis. Descreva seu funcionamento e como esse tipo de usina pode contribuir
para o armazenamento de energia elétrica.

72. Com auxílio da equação de Bernoulli, descreva em que consiste o fenômeno da


cavitação em usinas hidrelétricas e descreva que consequências a cavitação pode
trazer para o funcionamento dos equipamentos dessas usinas.

73. A tabela a seguir mostra a vazão de um rio, em m³/s, em seção em que se pretende
implantar um reservatório de uma pequena central hidrelétrica.

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

100 90 50 25 15 8 5 4 9 20 50 80

Considerando que cada mês tem 30 dias, calcule a capacidade mínima que esse
reservatório terá para regularizar 50% da maior vazão teoricamente possível.

Resumo ARH – Gabo Weby 173


74. A Usina Hidrelétrica Karakaya, na Turquia, apresenta vertedor com comportas e casa
de força integrados, conforme figura e seção transversal de bloco da estrutura.

UHE Karakaya; seção transversal de barragem, casa de força e vertedouro.


Fonte: Projeto de Usinas Hidrelétricas, Geraldo Magela Pereira.

Dados:
• Soma de todas as perdas de carga (localizadas e distribuídas) fora do trecho AB (isto é,
antes do ponto A e depois do ponto B) vale 1,0 m;
• Vazão máxima total da UHE: 1.470 m³/s;
• Rendimento da turbina: 0,96;
• Rendimento do gerador: 0,88;
• Número grupos turbina-gerador: 6;
• Coeficiente de perda de carga localizada na curva de 90°: 0,20;
• Coeficiente de atrito no conduto: 0,027;
• Raio externo da curva de 90°: 15,0 m.

Pede-se:
a) Dimensione o diâmetro dos condutos de forma a minimizar as perdas de carga (4,5 m/s <
𝑣 < 6,0 m/s), onde 𝑣 é a velocidade em cada conduto.
b) Estime a potência instalada da UHE em MW.
c) Admitindo-se que a cheia de projeto do vertedor é de 25.700 m³/s e que o reservatório é
capaz de amortecer 30% dessa cheia, estime a largura útil do vertedor da UHE Karakaya,
para nível máximo maximorum no reservatório de 697,50 m e coeficiente de vazão igual a
1,8.
d) Descreva o tipo de dissipação de energia empregado no vertedor Karakaya. Qual o outro
tipo de dissipação de energia usual em vertedouros? Por que você acha que o projetista
escolheu esse tipo de dissipação de energia no vertedor da UHE Karakaya?

Resumo ARH – Gabo Weby 174


Resumo ARH – Gabo Weby 175

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