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2.

Poluição Hídrica (Água):


2.1. Introdução:
A água ocorre em quase toda a superfície do planeta, sendo que 97,5% é salgada
e apenas 2,5% é doce, utilizável. Deste percentual de água doce, a maior parte
(69,8%) está em calotas polares e em geleiras. Apenas 0,3% da água está em rios
e lagos, 29% em águas subterrâneas e 0,9% em outras fontes.

A água não é um recurso infinito como se acreditava no passado. Na verdade,


muitos países já enfrentam crises de abastecimento de água.
2. Poluição Hídrica (Água):
2.2. Definição:
Corresponde ao processo de poluição, contaminação ou deposição de rejeitos na
água dos rios, lagos, córregos, nascentes, além de mares e oceanos. Trata-se de
um problema socioambiental de elevada gravidade, pois, embora a água seja um
recurso natural renovável, ela pode tornar-se cada vez mais escassa, haja vista
que apenas a água potável é própria para o consumo.
2.3. Classificação dos corpos d’águas (Art. 2 Res. CONAMA
nº 357/2005)

I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰;


II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior
a 30 ‰;
III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰;

Água doce Água salobra Água salgada


‰ = décima parte de 1%
2.3. Classificação dos corpos d’águas (Art. 2 Res. CONAMA
nº 357/2005)

IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com


movimento lento ou estagnado;
V - ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais
moventes;

Ambiente lêntico (lagos e lagoas) Ambiente lótico (rios e riachos)


2. Poluição Hídrica (Água):
2.3.1. Classificação dos corpos aquáticos superficiais de acordo com
as exigências e os usos predominantes (Art. 4 Res. CONAMA nº
357/2005).
2.3. Resolução do CONAMA nº 357/2005

2.3.2. Classes de enquadramento dos corpos d’água.


O enquadramento é o estabelecimento de nível ou metas de
qualidade de água a serem alcançadas ou mantidas em um
determinado corpo d’água ao longo do tempo, de acordo com os
usos pretendidos.
2.3.2. Classes de enquadramento das águas doces e usos
(CONAMA nº 357/2005)
Fonte: ANA (2013)

CLASSES DE ENQUADRAMENTO DAS ÁGUAS DOCES


USOS DA ÁGUAS DOCES
ESPECIAL 1 2 3 4
PRESERVAÇÃO DO EQUILÍBRIO NATURAL Mandatário de UC
DAS COMUNIDADES AQUÁTICAS de proteção integral
PROTEÇÃO DAS COMUNIDADES Mandatário em
AQUÁTICAS terras indígenas

RECREAÇÃO DE CONTATO PRIMÁRIO

AQUICULTURA

Após tratamento Após tratamento Após tratamento


ABASTECIMENTO PARA CONSUMO
Após desinfecção simplificado convencional convencional ou
HUMANO
avançado

RECREAÇÃO DE CONTATO SECUNDÁRIO

PESCA

Hortaliças Hortaliças,
Culturas arbóreas,
consumidas cruas frutíferas, parques
IRRIGAÇÃO cerealíferas e
ou frutas ingeridas jardins e campos de
forrageiras
com película esporte

DESSENDENTAÇÃO DE ANIMAIS

NAVEGAÇÃO

HARMONIA PAISAGÍSTICA
2.3.2. Classes de enquadramento das águas doces e usos
(CONAMA nº 357/2005)
)
Classe Especial Classe 1

Terras indígenas Recreação

Unidade de Conservação de Proteção Integral


Atividades esportivas Cultivo de hortaliças
2.3.2. Classes de enquadramento das águas doces e usos
(CONAMA nº 357/2005)
Classe 2 Classe 3

Esqui aquático
Cultura arbóreas
Culturas arbórea Pesca amadora

Aquicultura
Dessedentação de animais Recreação de contato secundário
2.3.2. Classes de enquadramento das águas doces e usos
(CONAMA nº 357/2005)

Classe 4

Culturas arbóreas

Navegação Harmonia paisagística


2.3.3. Alguns parâmetros analisados nas classes de
enquadramento das águas doces e usos (CONAMA nº
357/2005)

Além destes parâmetros, na classe especial são analisados:


temperatura da água, amônia, toxidade, algas, clorofila, coliformes
termotolerantes, sólidos em suspensão e patógenos.
Você sabia?
Que a DBO é uma sigla que significa Demanda Bioquímica de
Oxigênio?
Na prática, corresponde a quantidade de oxigênio consumido pelos
organismos decompositores na degradação da matéria orgânica no
meio aquático por processos biológicos.
Assim quanto maior o grau de poluição, maior a DBO. Os esgotos
domésticos possuem uma DBO da ordem de 300mg/L, ou seja, um
litro de esgoto consome aproximadamente 300 mg de oxigênio em
cinco dias.
Resolução CONAMA nº 430 de 03/05/2011

Art. 1: Dispõe sobre as condições, parâmetros, padrões e diretrizes


para gestão do lançamento de efluentes em corpos d’água
receptores, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março
de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.

Paragrafo único: O lançamento indireto de efluentes no corpo receptor deverá


observar o disposto nesta Resolução [...].”
Resolução CONAMA nº 430 de 03/05/2011

Art. 3: Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser


lançados diretamente nos corpos receptores após o devido
tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e
exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis.

Paragrafo único: O lançamento indireto de efluentes no corpo receptor deverá


observar o disposto nesta Resolução [...].”
Resolução CONAMA nº 430 de 03/05/2011

Art. 4:
V - Efluente: é o termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de
diversas atividades ou processos;
VI - Emissário submarino: tubulação provida de sistemas difusores destinada ao
lançamento de efluentes no mar, na faixa compreendida entre a linha de base e o
limite do mar territorial brasileiro;
VII - Esgotos sanitários: denominação genérica para despejos líquidos residenciais,
comerciais, águas de infiltração na rede coletora, os quais podem conter parcela de
efluentes industriais e efluentes não domésticos;
IX - Lançamento direto: quando ocorre a condução direta do efluente ao corpo
receptor;
X - Lançamento indireto: quando ocorre a condução do efluente, submetido ou não
a tratamento, por meio de rede coletora que recebe outras contribuições antes de
atingir o corpo receptor;
Resolução CONAMA nº 430 de 03/05/2011

Art. 5:
Os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor características de qualidade
em desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do
seu enquadramento.

Art. 6:
Excepcionalmente e em caráter temporário, o órgão ambiental competente poderá,
mediante análise técnica fundamentada, autorizar o lançamento de efluentes em
desacordo com as condições e padrões estabelecidos nesta Resolução.

Art. 8:
É vedado, nos efluentes, o lançamento dos Poluentes Orgânicos Persistentes-POPs,
observada a legislação em vigor.
Resolução CONAMA nº 430 de 03/05/2011

Art.11:
Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de efluentes ou disposição de
resíduos domésticos, agropecuários, de aquicultura, industriais e de quaisquer
outras fontes poluentes, mesmo que tratados.

Art. 13:
zona de mistura serão admitidas concentrações de substâncias em desacordo com
os padrões de qualidade estabelecidos para o corpo receptor, desde que não
comprometam os usos previstos para o mesmo.
2. Poluição Hídrica (Água):
2.4. Classificação:
A. Eutrofização:
Fenômeno que ocorre como consequência do aumento da quantidade de nutrientes no
ambiente aquático. Pode ocorrer por causas naturais ou por atividade antrópica
(resultado da ação humana). Provoca danos graves no ambiente aquático, tais como
mortandade das espécies que ali vivem e proliferação de algas e cianobactérias, que
podem produzir substâncias nocivas à saúde.
A.1. Etapas da Eutrofização:
✓ Liberação excessiva de nutrientes no corpo
aquático;
✓ Aumento da população de algas cria uma
cortina verde na superfície do corpo d’água,
impedindo a passagem da luz e promovendo a
falta de oxigênio;
✓ Assim, as algas e plantas que ficam no fundo
não conseguem fazer a fotossíntese e o nível
de oxigênio dissolvido torna-se cada vez
menor, causando a morte de muitos
organismos aquáticos, como bactérias
aeróbicas;
✓ O processo de decomposição dos organismos
também utiliza oxigênio. Então, quando essa
quantidade de oxigênio dissolvido não
consegue mais ser medida, é considerado que
o lago ou lagoa chegou ao estado de anoxia.
Eutrofização Eutrofização
Natural Artificial

Processo de
eutrofização no Rio
Potengi, Natal RN.
2. Poluição Hídrica (Água):
2.4. Classificação:
B. Assoreamento:
É o acúmulo de sedimentos (areia, terra, rochas), lixo e outros materiais levados até o leito
dos cursos d'água pela ação da chuva, do vento ou do ser humano. Trata-se de um
processo natural que pode ser intensificado pela ação humana. Em alguns casos, o curso
d'água pode até deixar de existir em decorrência desse fenômeno.
B.1. Causas do assoreamento:
✓ A retirada da mata ciliar nas margens dos rios, pois sem a cobertura vegetal, o
solo e as rochas que estão nas margens são carregados com facilidade para o
fundo dos rios;
✓ A deposição de lixo, resíduos da construção civil e esgoto aumenta a carga de
detritos nos rios, que são acumulados no fundo desses cursos d'água;
✓ Nos locais onde o fluxo de água é mais lento, como nas regiões mais planas e
nos locais onde ocorreu a construção de barragens (para a instalação de usinas
hidrelétricas, por exemplo), o depósito de sedimentos nos leitos dos rios
intensifica-se.
B.2. Consequências do assoreamento:
✓ Diminuição da biodiversidade. Devido a redução do volume, a água torna-se turva e
impossibilita a entrada de luz, dificultando a fotossíntese e impedindo a renovação do
oxigênio para algas e peixes. Por essa razão, em muitos casos, extingue-se a vida nesse
curso d'água;
✓ As enchentes dos rios são intensificadas pelo assoreamento. Como o leito do rio está
ocupado por detritos, quando ocorrem chuvas intensas, a água transborda e pode
causar verdadeiras tragédias com desabamento de encostas, dependendo do local
onde está situado o curso d'água;
✓ Na zona urbana, pode ocorrer escassez ou ausência de água para o abastecimento de
cidades, pois, além da diminuição da capacidade hídrica do rio, muitas vezes, o lixo e o
esgoto depositados nesses cursos d'água deixam a água imprópria para o consumo;
B.2. Consequências do assoreamento:

✓ No campo, o assoreamento dos rios pode limitar o fornecimento de água para as


atividades de agricultura e pecuária;
✓ Dificulta ou impede a navegação. Quando os sedimentos acumulam-se nos leitos dos
rios, eles ficam mais rasos, o que dificulta a circulação de embarcações.
B.3. Soluções para o problema do assoreamento:
✓ Evitar e controlar erosões no solo, utilizar práticas agrícolas adequadas, além de
manter as matas ciliares intactas é a melhor receita para evitar o assoreamento;
✓ Reflorestamento das áreas próximas às margens dos cursos d'água, além da utilização
de técnicas como curvas de nível no terreno, planejamento de construções e sistemas
de drenagem;
✓ Impedir o lançamento do esgoto e o depósito de lixo e detritos nos rios, bem como
limitar o represamento dos cursos d'água.
3. Poluição térmica
3.1. Definição:
É o resultado do aquecimento das águas naturais pela introdução
da água quente utilizada na refrigeração de centrais elétricas,
usinas nucleares, refinarias, siderúrgicas e indústrias diversas.
Sabe-se que os peixes necessitam de oxigênio (O2) dissolvido na
água para sobreviverem. A quantidade de O2 é afetada pela água
aquecida, uma vez que, a solubilidade de um gás em um líquido
diminui à medida que a temperatura aumenta.

Peixes mortos são frequentemente encontrados nas encostas de rios poluídos termicamente.
3.2. Solução para o problema da poluição térmica:

✓ Mudar os procedimentos usados pela Indústria. Uma alternativa, seria


armazenar a água aquecida eliminada durante o processo até que a mesma
estivesse em temperaturas inferiores, para só então, lançá-la nos rios.

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