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Cleópatra
Schwentzel, Christian-Georges, Cleópatra. Porto Alegre, LPM, 2009, 128 pp., ISBN 13
978.85.254.1828-9.
não hesita em compará-la aos dois nomes maiores do mundo Greco-romano, Alexandre e Júlio
César, e, em pleno século XXI, a rainha egípcia continua muito popular. A publicação deste
volume, na forma de livro de bolso, vendido em bancas de jornal, atesta essa difusão. Que livro
erudito, sobre uma personagem do mundo antigo, se encontra nas ruas, a 12 reais? Pois este é o
caso. Isto é muito bom, tanto para o público em geral, como para os estudiosos. O volume será
particularmente útil para os cursos superiores de História e para a formação dos futuros
fundador da dinastia dos lágidas, general macedônico, companheiro de Alexandre o Grande, que
se apoderou da antiga satrapia persa do Egito. O apogeu do Egito ptolomaico (283-203 a.C.) foi
seguido pelo declínio (203-80 a.C.) e pela entrada do reino na esfera de influência de Roma. Um
1
Pesquisadora colaboradora do Departamento de História da Unicamp, em pesquisa de pós-doutoramento
supervisionada pelo Prof. Dr. Paulo Celso Miceli.
capítulo é dedicado ao enlace entre Cleópatra e Júlio César, cujos interesses não coincidiam com
os dos ditadores do século XX ou XXI e, portanto, podia “perder tempo”, nas palavras do autor,
com um romance. Cleópatra em Roma (46-44 a.C.) mostra o fascínio de uma rainha egípcia e
grega na capital do império romano e como César, ao reconhecer o filho com a rainha como
Marco Antônio, representados como Afrodite (ou Vênus, a deusa do Amor) e Dioniso (ou Baco,
o deus do Vinho). Cleópatra soube construir alianças a partir da sua diplomacia e do seu poder de
sedução, ao atrair uma parte do oriente para sua esfera e em benefício do pretendente imperial, o
antigo legado de Júlio César, Marco Antônio. A morte de Cleópatra e Marco Antônio em 30 a.C.
põe fim à vida dos grandes personagens, mas não à sua fama, que não só perdurou, como se
ampliou, com o passar dos séculos. O autor trata da rainha e da ideologia imperial, da sua vida
luxuosa e das suas imagens. Cleópatra foi denominada como uma diva revolucionária (théa
néotéra), cultuada em vida. Ela aparece representada como Isis/Hathor, divindades egípcias
milenares, mesmo que fosse, claro, grega. Mais do que isso, teve uma devoção popular póstuma.
Conseguiu, portanto, unir gregos e egípcios, como nunca antes havia ocorrido. Seu fascínio e
carisma superaram todos os limites e não por acaso se tornou símbolo duradouro do poder
feminino.