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FUNARI, Raquel dos Santos. Cleópatra. História e-História, v. 2010, p. 1-2, 2010.

Cleópatra

Schwentzel, Christian-Georges, Cleópatra. Porto Alegre, LPM, 2009, 128 pp., ISBN 13

978.85.254.1828-9.

Resenhado por Raquel dos Santos Funari1

Existiria personagem mais fascinante do que Cleópatra? Christian-Georges Schwintzel

não hesita em compará-la aos dois nomes maiores do mundo Greco-romano, Alexandre e Júlio

César, e, em pleno século XXI, a rainha egípcia continua muito popular. A publicação deste

volume, na forma de livro de bolso, vendido em bancas de jornal, atesta essa difusão. Que livro

erudito, sobre uma personagem do mundo antigo, se encontra nas ruas, a 12 reais? Pois este é o

caso. Isto é muito bom, tanto para o público em geral, como para os estudiosos. O volume será

particularmente útil para os cursos superiores de História e para a formação dos futuros

professores e constitui, portanto, um instrumento útil para o ensino de História.

O autor começa com os ptolomeus, ancentrais de Cleópatra, a partir de Ptolomeu I,

fundador da dinastia dos lágidas, general macedônico, companheiro de Alexandre o Grande, que

se apoderou da antiga satrapia persa do Egito. O apogeu do Egito ptolomaico (283-203 a.C.) foi

seguido pelo declínio (203-80 a.C.) e pela entrada do reino na esfera de influência de Roma. Um

1
Pesquisadora colaboradora do Departamento de História da Unicamp, em pesquisa de pós-doutoramento
supervisionada pelo Prof. Dr. Paulo Celso Miceli.
capítulo é dedicado ao enlace entre Cleópatra e Júlio César, cujos interesses não coincidiam com

os dos ditadores do século XX ou XXI e, portanto, podia “perder tempo”, nas palavras do autor,

com um romance. Cleópatra em Roma (46-44 a.C.) mostra o fascínio de uma rainha egípcia e

grega na capital do império romano e como César, ao reconhecer o filho com a rainha como

legítimo, estabelecia as bases para uma monarquia.

Em seguida, apresenta-se a seqüência e o romance, ainda mais intenso, entre Cleópatra e

Marco Antônio, representados como Afrodite (ou Vênus, a deusa do Amor) e Dioniso (ou Baco,

o deus do Vinho). Cleópatra soube construir alianças a partir da sua diplomacia e do seu poder de

sedução, ao atrair uma parte do oriente para sua esfera e em benefício do pretendente imperial, o

antigo legado de Júlio César, Marco Antônio. A morte de Cleópatra e Marco Antônio em 30 a.C.

põe fim à vida dos grandes personagens, mas não à sua fama, que não só perdurou, como se

ampliou, com o passar dos séculos. O autor trata da rainha e da ideologia imperial, da sua vida

luxuosa e das suas imagens. Cleópatra foi denominada como uma diva revolucionária (théa

néotéra), cultuada em vida. Ela aparece representada como Isis/Hathor, divindades egípcias

milenares, mesmo que fosse, claro, grega. Mais do que isso, teve uma devoção popular póstuma.

Conseguiu, portanto, unir gregos e egípcios, como nunca antes havia ocorrido. Seu fascínio e

carisma superaram todos os limites e não por acaso se tornou símbolo duradouro do poder

feminino.

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