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IDENTIDADE DOCENTE EJA

Katia Aparecida Lourenço ¹


Maria Elizabethe Azevedo de Soares
Marylei da silva Amora
Mayara Dorneles de Oliveira da Costa
Débora Carias Alves ²

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo relatar a identidade docente EJA, caracteriza as principais
características de um docente profissional do EJA, que tem como envolver os alunos dentro de seu
planejamento de aula, propondo-os que compartilhe seus conhecimentos e ideias para a sala de
aula. Nóvoa vai destacar que o transbordamento da aula é a área que faz parte do social, dentro
das finalidades escolares. Um dos elementos obrigatórios é a formação do professor que para
atuar é necessário a graduação completa do ensino superior. O professor não deve ser apenas o
mediador, mas aquele que forma profissionais que sabe compartilha suas ideias e seus
conhecimentos. O aluno precisa sentir-se motivado para aprender. Carneiro Júnior fala que se
sentiu inseguro e desafiado a adaptar-se à aprendizagem que garantirá o direito de educação do
aluno. Tardif descreve que para todos esses saberes docentes é necessário que haja envolvimentos
nas questões de formação profissional específica das leituras, didáticas, práticas curriculares e
experiências social e cultural. O papel do professor é sempre motivar, compartilhar experiências,
oportunizar aos alunos que compartilhe suas informações e que exponha suas opiniões e ideias. A
sala de aula deve ser vista como um espaço que “[...] vínculos de amizade, cooperação e confiança
se constroem e se consolidam, animando o processo de ensinar e aprender” (BRASIL, 2006, p. 3).
Sabe-se que o professor vai muito além da sala de aula, é preciso ir além das questões conteudistas
e didáticas. O professor precisa quebrar preconceitos e criar amizade entre todos.

Palavras-chave: Identidade. Formação. Professor.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo abordará o tema identidade docente EJA, apresentará um possível perfil de
professor e a sua identidade profissional para atuação nesse contexto. Cabe ainda, comentarmos que
é preciso revisar teorias e práticas pedagógicas para que o processo de desenvolvimento do aluno
venha ser concluído. Um certo questionamento inicial de Carneiro Júnior fundamentará as falas
descritas neste trabalho acadêmico.
A formação docente para EJA está relacionada com saberes, conhecimentos, aprendizados
que desenvolvem a carreira na atuação de professor. Outro importante aspecto é as diretrizes
nacionais curriculares para a EJA referente à formação de professores que estabelece instituições
formadoras. Dentro desta etapa será abordado alguns aspectos de saberes através de autores como
Tardif (2002), Freire (1996) e Nóvoa (2009).
O papel do professor quando desenvolve suas atividades com a turma da EJA, passam a
admitir vários papéis, que as vezes retiram a condição de docente e leva a abranger distintas funções
para as atividades planejadas e as metodologias propostas desempenhem com seus desígnios. É
importante destacarmos que uma rotina adequada é aquela que harmoniza o tempo disponível com
as atividades necessárias, num espaço físico facilitador.
1 Katia Aparecida Lourenço
2 Débora Carias Alves
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Pedagogia (Código da Turma) – Prática do Módulo I –
10/07/2023
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A escolha do tema para este artigo consiste em descrever a identidade docente EJA. A ideia
é apresentar um perfil de professor dentro da área profissional.
A problematização deste artigo é “Qual a identidade docente do EJA?”.
Os objetivos são: delinear a identidade do professor da EJA; apresentar a formação docente
da EJA; estudar o papel do professor da EJA.
A pesquisa será bibliográfica fundamentada por autores como Nóvoa (2009), Caldeira
(2000), Carneiro (2015), Tardif (2002) Prof. Pablo (2021) e Brasil (2006).

2. A IDENTIDADE DO PROFESSOR DA EJA

A identidade do professor docente para perfil de EJA está associado a formação de


professores, com a forma de como se envolvem na vida cultural e como percebem o papel da
escola. Assim, aprendemos sobre um possível perfil de professor e a sua identidade profissional
para atuação na EJA, a educação passou por reconfigurações, envolvendo o papel da escola e do
professor nas últimas décadas.
Sobre este aspecto, Nóvoa (2009) fala de um “transbordamento da escola” por assuntos de
outras áreas sociais, por exemplo, que antigamente não era considerada dentro das finalidades
típicas escolares. Podemos admitir que a educação escolar, sobretudo realizada nas redes públicas,
por exemplo, passa a operar como instituição parceira na gestão das demandas sociais de um país
como o Brasil. Ao analisar o processo de formação da identidade docente de professores que atuam
na EJA, precisamos considerar que:

Como sujeito sociocultural, o/a professor/a constrói sua identidade profissional a partir de
inúmeras referências. De um lado, estão a significação social da profissão e as relações com
as instituições escolares, com outros docentes, com as associações de classe etc. De outro
lado, está o significado que cada professor/a confere ao seu trabalho docente, o que inclui
desde sua história familiar, sua trajetória escolar e profissional, até seus valores, interesses e
sentimentos, suas representações e saberes, enfim, o sentido que tem em sua vida o ser
professor/a (CALDEIRA, 2000, p. 2).

De tal modo, a identidade docente dos professores da EJA costuma produzir a partir de
referências culturais que constituem ao longo da vida tanto no ambiente escolar em que convivem
quanto em outros ambientes de sua vida social, a partir de correspondências culturais em que se
submergem. Cabe ainda, comentarmos que muitas ocasiões o professor ao admitir uma turma da
EJA terá que rever seus próprios protótipos educacionais, revisitando teorias e suas práticas
pedagógicas para consentir os processos de seus alunos e os contextos em que se inserem. A partir
do relato de Carneiro Júnior (2015, p.3) que atuou como professor do EJA percebemos esta situação
em uma unidade prisional no Estado de Goiás:

O que estou fazendo aqui? O que ofereço a estes sujeitos privados de liberdade de diferente
para que possam olhar o mundo de outra forma? Por que devo ensinar isso e não aquilo? O
que ensinar? Que material didático usar? Como eles estão aprendendo? As reflexões
freirianas enriqueceram minha maneira de enxergar e transformar minha prática docente
neste lugar (CARNEIRO JUNIOR, 2015, p. 3).

Os questionamentos iniciais de Carneiro Júnior para pessoas privadas de liberdade, nos


demonstra o quanto se sentiu inseguro, num primeiro momento, e desafiado a adaptar-se em vista a
promover que a aprendizagem ocorresse, garantindo o direito a educação para seus alunos. O
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professor relata, ainda, que encontrou na obra Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, a base
para se atualizar e dar seguimento a suas atividades docentes nessa casa prisional.

2.1 A FORMAÇÃO DOCENTE PARA EJA

A formação de um professor está relacionada com saberes, experiências, práticas e


conhecimentos que vem desenvolvendo em sua carreira na atuação de professor. A partir de Tardif
(2002) sabe-se que para todos esses saberes docentes é necessário que haja envolvimentos nas
questões de formação profissional específica das leituras, didáticas, práticas curriculares e
experiências social e cultural.
Para abrangermos este processo de compor saberes de um professor de jovens e adultos,
pode-se utilizar uma trajetória que vem com as primeiras experiências como professor em sua vida
escolar, envolvendo uma busca pela formação docente, encontrando oportunidades e troca de
experiências que ele irá vivenciar. Entenda como esses saberes preparam o docente para a EJA são
constituídos na Figura 1:
OS SABERES DO PROFESSOR DA EJA

1. Experiências
pessoais na 2. Formação inicial:
9. Vivências no
escolarização inicial graduação,
exercício da
magistério, curso
profissão
normal

3. Formação
8. Troca com
continuada
colegas
Professor da
EJA

7. Troca com alunos 4. Experiências com


a aplicação de
teorias

6. A forma como o 5. Vivências culturais


docente vê e age sobre e pedagógicas fora da
o mundo escola

FONTE: Adaptada de Freire (1996); Nóvoa (2009); Tardif (2002)

Todos os nove pontos apresentados na imagem atuam diretamente na formação deste


professor que atuará na EJA, porém, destacamos que a sua leitura de mundo e as vivências culturais
que pôde participar fora da escola e que fornecem uma base para que exerça uma educação social
são fundamentais para que ele saiba como agir junto aos desafios, problemas e conflitos que esses
alunos muitas vezes trazem consigo. Outro importante aspecto proposto pelas diretrizes nacionais
curriculares para a EJA referente à formação de professores, estabelece que as instituições
formadoras deverão adotar uma metodologia e desempenhe sua investigação. Só pode auxiliar na
formação teórico-prática dos professores em vista de um ensino mais rico e empático. Assim, o
professor da EJA é também um pesquisador, comprometido constantemente com a busca de seu
aprimoramento e com os temas que envolvem o perfil de seus alunos, suas culturas e demandas
sociais pertinentes.

2.2 OS PAPÉIS DO PROFESSOR DA EJA


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O professor quando desenvolve suas atividades com a turma da EJA, passam a admitir
vários papéis, que as vezes retiram a condição de docente e leva a abranger distintas funções para as
atividades planejadas e as metodologias propostas desempenhem com seus desígnios. Vejamos
alguns desses papéis na Figura 2:

FIGURA 2: OS PAPÉIS DO PROFESSOR DA EJA

Promotor da Organizador Fortalecer as


aprendizagem do tempo relações
conjunta

Proporcionar Criador de
encontros rotinas

FONTE: adaptada de BRASIL (2006)

O papel do professor vai muito além da pedagogia tradicional. A sala de aula é um encontro
entre alunos e professores que tem como objetivo a troca de experiências, diálogo, socialização,
opiniões, respeito e conhecimentos. A sala de aula deve ser vista como um espaço que “[...]
vínculos de amizade, cooperação e confiança se constroem e se consolidam, animando o processo
de ensinar e aprender” (BRASIL, 2006, p. 3). Partindo desse pressuposto, a postura do professor se
redefini, passando a submergir mais os alunos jovens e adultos em suas aulas e tudo que propõe a
ser aprendido. Entenda o descrevo de uma professora da EJA que aponta tornar a sala de aula em
um encontro de aprendizagem:

No horário da aula, a professora Neusa chega, cumprimenta seus alunos e pede para que
organizem as mesas e cadeiras em roda, pois vão começar a aula discutindo uma notícia
que ela trouxe. Em primeiro lugar, a professora verifica se estão todos ali. Uma aluna diz
que algumas pessoas chegarão atrasadas por causa da chuva forte que caiu, mais uma vez, à
tarde. Neusa, então, explica ao grupo que a notícia que trouxe é exatamente sobre as chuvas
que têm castigado as pessoas da cidade. Ela começa por perguntar se entre os alunos, há
alguém que tenha sofrido com a chuva. Vários alunos passam a dar seus depoimentos,
falando sobre problemas com o trânsito e com as enchentes. A partir daí, a professora
convida os alunos a pensar sobre as causas das enchentes: falam de lixo, entupimento de
bueiros e canalização de rios. No final da aula, ela lê a notícia que trouxe e pede para que
cada um escreva um pequeno texto comentando o que pode ser feito para diminuir o
problema das enchentes (BRASIL, 2006, p. 4).

O professor que se coloca como promotor da aprendizagem conjunta é aquele que se permite
também aprender ao longo do processo, se isentando do papel de conhecedor de tudo e colocando-
se como um facilitador e potencializador das aprendizagens dos alunos. Para isso, se vale dos
princípios andragógicos que aprendemos anteriormente, sobretudo das experiências, curiosidade e
motivações de seus alunos e do diálogo e da escuta como ferramentas essenciais.
O professor da EJA deve sempre lembrar que os conteúdos a serem trabalhados na escola
devem favorecer o aprimoramento, o aprofundamento, a ressignificação do corpo de conhecimentos
que o aluno jovem e adulto já possui, seja em relação à língua, à matemática, à história, à arte etc. O
professor da EJA também é visto como aquele que fortalece o grupo em que trabalha. Está nas mãos
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do professor ajudar a quebrar as barreiras dos preconceitos e criar situações de estreitamento de


amizade entre todos. Como podemos verificar, os papéis que o professor da EJA assume sobre si
vão muito além das questões conteudistas e didáticas, pois se desdobram também sob habilidades
sociais e comportamentais específicas.
O professor deve ser um organizador de seu tempo em suas aulas, precisando consentir às
condições da BNCC e das DCNEJA que delimitam seu trabalho.
Para atingir seus objetivos e desenvolvimento das tais habilidades é necessário que o
professor ajuste seu cronograma e planeje suas aulas. Promovendo atividades que envolva os alunos
para que eles venham obter interesse e comprometimento. Dentro da rotina profissional o professor
deve ter momentos como roda de conversas com a turma, para construir alguns aspectos para
compor a rotina da EJA segue abaixo os seguintes tópicos:
 A leitura feita pelo professor;
 A leitura feita pelo aluno;
 O convite ao registro das descobertas, do construído e aprendido;
 O registro em diferentes linguagens: o texto, o desenho, os esquemas, a fala;
 O contato individual com as situações de aprendizagem e o encontro com os
parceiros (duplas, trios ou pequenos grupos).
É importante destacarmos que uma rotina adequada é aquela que harmoniza o tempo
disponível com as atividades necessárias, num espaço físico facilitador. Um espaço físico facilitador
é aquele que se ajusta à proposta, ao método didático que será utilizado.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para o processo de construção desse artigo, foi utilizado a pesquisa bibliográfica. A leitura e
citação de alguns autores como: Caldeira, Tardif, Nóvoa, Brasil e Carneiro foram os que
fundamentaram todo este artigo.
Segundo Gil (2002) a pesquisa bibliográfica entende-se a leitura, a análise e a interpretação
de material impresso. Entre eles podemos citar livros, documentos mimeografados ou fotocopiados,
periódicos, imagens, manuscritos, mapas, entre outros.
A leitura do livro Educação de Jovens e Adultos escrito pelo Prof. Pablo (2021), foi a base
de todo este artigo, onde conseguimos adquirir conhecimentos ricos que envolvem o EJA, assim,
complementando com ideias e interpretações das leituras contidas neste livro.
A forma falada sobre a identidade do professor da EJA tem grande conexão com o ser
professor de forma criativa, profissional e emocional, pois trabalhar com alunos é estar todo os dias
planejando e incentivando-os a estarem desenvolvendo as suas habilidades e conhecimentos, assim,
aprendendo em conjunto na forma de troca de conhecimentos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram através de pesquisas bibliográficas onde nos apresentaram


dados coletados a partir de leituras de artigos e autores que fundamentaram todo o processo deste
trabalho. Também foi descrito aqui com as palavras das acadêmicas que complementaram o artigo
com o seu processo de compreendimento.
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Toda experiência que se obteve pela pesquisa nos faz acender, colaborar e aperfeiçoar todas
as vivências observadas pela fase escolar, analisando cada professor, observando suas atitudes, seu
jeito de trabalhar e hoje como docentes procuramos sempre fazer o melhor para que sejamos
profissionais.

5. CONCLUSÃO

Foi apresentado aqui a delineação da identidade do professor da EJA, fundamentando com


os autores Nóvoa (2009), Caldeira (2000) e Carneiro Júnior (2015), com interpretação aqui
descritas pelas acadêmicas.
Foi proporcionado aqui a formação de professor da EJA, delineando a importância da
formação para ser um excelente profissional e expondo alguns aspectos importantes para a
qualificação.
No último tópico deste artigo estudamos sobre o papel do professor da EJA, discorremos
sobre a importância do papel do professor, os eixos importantes de planejar suas aulas com a
participação dos alunos promovendo uma aula motivadora.
Este trabalho nos proporcionou informações enriquecedoras que evoluíram os nossos
conhecimentos sobre a docência da EJA, fez-nos lembrar o quão importante é estar em conjunto
com o aluno e compartilhando experiências e novas práticas, motivando-os sempre que for
necessário para se obter um excelente trabalho profissional.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Trabalhando com a educação de jovens e adultos: a sala de


aula como espaço de convivência e aprendizagem. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2006.
(Caderno 2). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja_caderno2.pdf. Acesso
em: 10 jun. 2021.

CALDEIRA, A.M. S. A história de vida como instrumento para compreensão do processo de


construção da identidade docente. In: ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Prática de
Ensino, 10., Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro,
2000, [CD-ROM].

CARNEIRO JÚNIOR, N. Educação nas prisões: os desafios políticos e educacionais no


cotidiano e na identidade do professor da EJA no sistema prisional no estado de Goiás. In:
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES DA EJA, 5., 2015,
Campinas. Anais [...]. Campinas: Unicamp, 2015. Disponível em:
http://sistemas3.sead.ufscar.br/snfee/index.php/snfee/article/view/50. Acesso em: 05 set. 2023

NÓVOA, A. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

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