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REFORÇO ESTRUTURAL DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO

Antônio Freitas da Silva Filho


Eduardo Antônio Lima Costa
Jardel Pereira Gonçalves
José Mendes de Araújo
José Ubiratan Cardoso de Matos
Wilma Cristina Regis Mascarenhas Cova

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA


DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

Km 03, BR 116, CEP 44.031-460, Feira de Santana, Bahia – Brasil


Email: freitasf@uefs.br - Fonefax: 0 xx 75 224 8056

RESUMO

O trabalho em questão visou proporcionar o conhecimento básico das diversas técnicas de


reforço de estruturas de concreto armado. Para tal foi elaborado um estudo experimental
considerando as seguintes técnicas:
. viga reforçada com argamassa aditivada;
. viga reforçada com chapa de aço colada;
. viga reforçada com lâmina de fibra de carbono.
Para a avaliação do desempenho das técnicas adotadas foram consideradas vigas testemunho
para ensaio à flexão e a cisalhamento. As vigas foram submetidas a ensaios de carregamento
com aplicação de carga nos terços do vão até a ruptura ou ocorrência do fenômeno de
“PEELING-OFF”. Em cada ensaio foram medidas cargas e deformações respectivas, as quais
são apresentadas através de gráficos.
Ao final do trabalho é efetuada a análise dos resultados e emitida considerações gerais em
caráter de conclusão.
1. INTRODUÇÃO

A recuperação e reforço das estruturas de concreto armado têm se tornado tema de crescente
importância para o meio técnico da Construção Civil. É cada vez mais freqüente estruturas
degradadas, independente de sua idade, por diversos agentes patológicos como: deficiências
de projeto, falhas de execução, exposição a ambientes agressivos, sobrecargas provenientes de
readequação da estrutura para novas finalidades , entre outras. Em função desta realidade, faz-
se necessário o conhecimento das diversas tecnologias existentes, visando suprir às
necessidades relativas às atividades de reforço.
Este trabalho visou proporcionar o conhecimento básico das diversas técnicas de reforço e
recuperação das estruturas de concreto e a partir de atividades de laboratório conhecer e
avaliar o desempenho de cada uma delas.

2. OBJETIVOS

O trabalho experimental em questão objetivou proporcionar o conhecimento das técnicas e


dos procedimentos para reforço das estruturas e avaliar o desempenho das diversas técnicas de
reforço em estruturas de concreto. Foram utilizadas as seguintes tecnologias:
• reforço com argamassa aditivada
• reforço com chapa de aço colada
• reforço com lâmina de fibra de carbono
Para a avaliação do desempenho das técnicas acima mencionadas foram consideradas vigas
testemunho, onde se analisou esforços de flexão e de cisalhamento.

3. METODOLOGIA DOS ENSAIOS

Para a realização do trabalho proposto foram confeccionadas vigas de concreto armado de


seção transversal (0,07 x 0,14)m e comprimento 1,30m; produzidas conforme características
relacionadas a seguir:
• Formas confeccionadas em compensado de madeira plastificado
• Seção transversal (0,07 x 0,14)m e comprimento 1,30m
• Armadura longitudinal em aço CA-50, ∅ = 6,3mm
• Estribos em aço CA-60, ∅ = 4,2mm
• Cobrimento da armadura = 10mm
• Concreto fck = 30MPa, utilizando agregado graúdo com dimensão máxima característica
de 12,5mm e abatimento = (100 ± 20)mm
• Adensamento mecânico
• Cura em câmara úmida

As técnicas de reforço utilizadas foram as seguintes:

• Viga Reforçada com Argamassa Aditivada


O reforço em questão foi executado com argamassa elaborada a partir do traço 1:3:0,50
(cimento:areia:água), com adição de sílica ativa numa proporção de 10% em relação à
massa de cimento. Para absorver os esforços de cisalhamento entre o reforço e a estrutura
foi introduzida armadura complementar na forma de estribos fixados próximo aos apoios e
com extremidade superior acima d
a linha neutra, bem como armadura longitudinal para absorver esforços de tração. A
argamassa foi submetida a cura úmida durante 7 dias.

• Viga Reforçada com Chapa de Aço Colada


Para execução deste reforço foi utilizada chapa de aço-carbono, e = 1mm, colada na face
inferior da viga, fixada com resina epóxi e parafusos tipo “parabolt” de diâmetro = ¼” e
comprimento = 2 ¼”.

• Viga Reforçada com Lâmina de Fibra de Carbono


Para os ensaios com lâmina de fibra de carbono, sistema de reforço Replark-20 com
espessura de 0,111mm, foram utilizadas três técnicas distintas:
a) Lâmina de Fibra de Carbono fixada com resina epóxi na face inferior da viga
b) Lâmina de Fibra de Carbono fixada com adesivo Mitsubishi na face inferior da viga e
nas laterais para absorver os esforços de cisalhamento
c) Lâmina de Fibra de Carbono fixada com adesivo Mitsubishi nas laterais da viga para
absorver os esforços de cisalhamento.
• Vigas Testemunhos
Foram confeccionadas duas vigas como testemunhos com as características relacionadas a
seguir:
a) Viga Testemunho de Flexão – esta viga possui estribos distribuídos ao longo de todo o
seu comprimento .
b) Viga Testemunho de Cisalhamento – esta viga possui 03 estribos ao longo da mesma,
armadura insuficiente para absorver os esforços de cisalhamento.
Os substratos das vigas submetidas a reforço foram preparados convenientemente conforme a
técnica empregada.
Para avaliação do desempenho das diversas técnicas de reforço as vigas foram submetidas a
ensaios de carregamento com aplicação de carga nos terços do vão até a ruptura ou ocorrência
do fenômeno de “peeling-off”. Em cada ensaio realizado foram medidas cargas e deformações
respectivas. No item a seguir são apresentados os diagramas carga x deformação
correspondentes.

4. RESULTADOS DOS ENSAIOS

Nos gráficos de 01 a 07 a seguir são apresentados os diagramas carga x deformação


correspondentes aos diversos ensaios.

VIGA TESTEMUNHO PARA ENSAIO À FLEXÃO

8000

7000

6000

5000
CARGA (tf)

4000

3000

2000

1000

0
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00
DEFORMAÇÃO (uS)

Gráfico 01
VIGA PARA ENSAIO À FLEXÃO REFORÇADA COM ARGAMASSA DE ALTO
DESEMPENHO

6000

5000

4000
CARGA (kgf)

3000

2000

1000

0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
DEFORMAÇÃO (uS)

Gráfico 02

VIGA PARA ENSAIO À FLEXÃO REFORÇADA COM FIBRA DE CARBONO E ANCORADA COM
FIBRA DE CARBONO

8000

7000

6000

5000
CARGA (tf)

4000

3000

2000

1000

0
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00
DEFORMAÇÃO (uS)

Gráfico 03
VIGA PARA ENSAIO À FLEXÃO REFORÇADA COM CHAPA COLADA UTILIZANDO COMPOUND E PARABOLT

8000

7000

6000

5000
CARGA (tf)

4000

3000

2000

1000

0
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO (uS)

Gráfico 04

VIGA PARA ENSAIO À FLEXÃO REFORÇADA COM FIBRA DE CARBONO COLADA COM RESINA (COMPOUND)

6000

5000

4000
CARGA (tf)

3000

2000

1000

0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00
DEFORMAÇÃO (uS)

Gráfico 05
VIGA TESTEMUNHO PARA ENSAIO DE CISALHAMENTO

8000

7000

6000

5000
CARGA (tf)

4000

3000

2000

1000

0
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00
DEFORMAÇÃO (uS)

Gráfico 06

VIGA PARA ENSAIO DE CISALHAMENTO REFORÇADA COM FIBRA DE CARBONO

12000

10000

8000

6000

4000

2000

0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00

Gráfico 07
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

1 – Resultados dos ensaios com esforços de cisalhamento


A análise dos resultados obtidos permite a seguinte conclusão:
A viga reforçada com lâmina de fibra de carbono para combater os esforços de cisalhamento
apresentou desempenho superior ao da viga testemunho, com acréscimo de carga máxima da
ordem de 6%, para praticamente a mesma deformação máxima.

2 – Resultados dos ensaios com esforços de flexão


As vigas reforçadas com chapa de aço colada com adesivo estrutural epóxico e fixada com
parabolts e com lâmina de fibra de carbono, aderida com resina mitsubish, apresentaram
desempenhos superiores ao da viga testemunho, com acréscimo de carga máxima da ordem
de, respectivamente, 12% e 60% e redução das flechas máximas de, respectivamente, 32% e
50%.

A análise das técnicas de reforço com lâmina de fibra de carbono aderida com resina epóxi e
argamassa aditivada com sílica ativa ficou prejudicada. No primeiro caso, durante o ensaio a
camada de reforço (lâmina fixada com adesivo epóxico) apresentou descolamento prematuro
devido a ruptura na interface adesivo-superfície do concreto, possivelmente devido a má
qualidade do preparo do substrato e/ou da resina. E, no segundo caso, o sistema de reforço
(argamassa aditivada armada) não funcionou perfeitamente, possivelmente devido a
deficiência da ancoragem entre a armadura de flexão e a de cisalhamento e à baixa idade da
argamassa (7 dias).

6. CONCLUSÃO

Os estudos efetuados possibilitaram o conhecimento das técnicas e dos procedimentos


utilizados para reforço de estruturas de concreto armado, bem como a avaliação do
desempenho das diversas técnicas estudadas.
A técnica de reforço com lâmina de fibra carbono aderida com resina mitsubishi, revelou-se
eficiente no aumento da capacidade de suporte tanto aos esforços de flexão quanto aos de
cisalhamento. A técnica de reforço com chapa colada com resina epóxi e parabolts apresentou
também um bom desempenho com relação a capacidade de suporte aos esforços de flexão
porém, inferior ao obtido pelo reforço com lâmina com fibra de carbono.
Com relação ao desempenho apresentado pelas técnicas de reforço com lâmina de fibra
carbono com resina epóxi e argamassa aditivada com sílica ativa, os resultados obtidos não
apresentaram crescimento em relação a viga testemunho conforme esperado, entretanto na
comunidade científica trabalhos realizados anteriormente demonstram a eficiência de tais
técnicas não só com relação ao desempenho, como também quanto a viabilidade econômica.
As técnicas estudadas demonstraram o bom desempenho de diversos materiais como
elementos de consolidação desses sistemas às estruturas de concreto reforçadas. Porém, faz-
se necessário que novos experimentos sejam realizados para garantir uma amostragem
representativa e confirmar os resultados obtidos.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPAGNOLO, João Luiz; SILVA FILHO, Luiz Carlos Pinto da; BEBER, Andriei José.
Técnicas de Reforço e Recuperação de Estruturas de Concreto Armado. Caderno LEME
08 – UFRGS. Porto Alegre, 1999.

CAMPAGNOLO, João Luiz; SILVA FILHO, Luiz Carlos Pinto da; CAMPOS FILHO,
Américo. Estudo Teórico – Experimental sobre vigas de concreto armado reforçadas.
In: CONPAT 97, Porto Alegre, RS, p.127 - 134.

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