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Costumes Japoneses que Fazem Toda a

Diferença
24/02/2014Silvia Kawanami Cultura Tradicional • Curiosidades do Japão

Confira alguns costumes japoneses interessantes


Recentemente postei um artigo com 10 hábitos japoneses que todos
deveriam seguir e aproveitando algumas dicas deixadas pelos queridos
leitores, resolvi fazer esse novo artigo, que seria como uma continuação
sobre alguns costumes e hábitos japoneses.

Na verdade, a postagem de hoje é sobre algumas coisas que vemos no


Japão, mas que não é tão comum ver em outros países. Muitas dessas
coisas são baseadas no estilo de vida no Japão e envolvem aspectos
culturais e estruturais da sociedade japonesa.

1. Espírito de Coletividade
Uma grande virtude da sociedade japonesa é o seu espírito de trabalho em
grupo. Ou seja, o foco da sociedade japonesa está na coletividade ao invés
do individualismo, como acontece nos países ocidentais. A harmonia do
grupo vem em primeiro lugar e por isso, procuram não fazer coisas que
prejudiquem o convívio na sociedade.

Na minha opinião, sem esse espírito de coletividade, o país não teria


evoluído e nem se reerguido tão rápido diante de todas as catástrofes que
já passou. E olha que foram muitas ao longos dos séculos como fome,
miséria, guerras, desastres naturais, etc
2. Paciência e Resiliência
Pra mim, essas são duas qualidades que fazem uma grande diferença em relação ao
bom convívio social. Os japoneses são no geral, muito pacientes em situações
sociais cotidianas. É raro ver algum deles dando xilique em uma fila de
supermercado ou gritando no balcão de um restaurante devido à demora de um
pedido por exemplo.
Quando ocorreu o tsunami em 2011, era comum ver pessoas em enormes
filas a espera de água e comida, que nem sempre chegava por uma razão
ou outra. E nem por isso, ocorreram saques, incêndios em ônibus ou
qualquer coisa do gênero.

A resiliência é outra característica da sociedade japonesa. Se refere à


capacidade de uma pessoa ou um povo de lidar com os problemas, vencer
obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação. E os japoneses
tem isso de sobra. Enfim, são duas grandes artes que todos deveriam
aprender com os japoneses.
3. O Espírito Ganbaru
Ganbaru é um dos verbos mais utilizados no Japão. Basicamente, ele
exprime a força de vontade para superar os problemas individuais ou
coletivos. Seja no que for, dar o melhor de si e oferecer todo o seu
potencial. Na prática, Gambaru significa ter comprometimento com sua
tarefa, sem desistir e levando-a até o fim.

Ganbaru também pode ter outras definições como persistência, tenacidade,


perseverança e trabalho duro. Esta característica permitiu que o povo
japonês superasse várias situações difíceis ao longo dos tempos, que a
transformou em um conceito de extrema importância na sociedade e
cultura japonesa.
4. A arte de atender bem o cliente
Quem já foi ao Japão, sabe bem como é ótimo atendimento de lá. Seja em
um hotel de luxo ou em uma pousada xinfrim, os clientes são recebidos
com sorrisos e saudações educadas. Atender bem é uma arte e tem até um
nome em japonês: Keigo – Este é um requisito essencial para os
japoneses que precisam lidar com o público em geral.

Outro detalhe importante é quando um cliente fica insatisfeito devido a


alguma falha no atendimento ou no serviço. Nesses casos, os atendentes
fazem de tudo para recompensar o cliente da melhor maneira possível. Só
para citar um exemplo, certa vez eu esta em um restaurante, e percebi
que havia um “pelinho” na comida.

Chamei o garçom, que imediatamente se curvou, pedindo muitas


desculpas. Disse que iria providenciar outro prato e que ambos não seriam
cobrados, ou seja, seriam uma cortesia da casa. Fiquei admirada é claro, e
percebi que no Japão, a reputação de um lugar é muito mais importante do
que qualquer prejuízo eventual.

5. Gorjetas não é um costume no Japão


Embora seja um hábito em diversos países, inclusive o Brasil, dar gorjetas
não é um costume no Japão. Aliás, dependendo da circuntância, oferecer
dinheiro a um japonês pode deixa-lo constrangido e até ofendido.
Simplesmente eles não entendem por que receber dinheiro por um serviço
pelo qual já estão sendo pagos.

Ao invés de gorjeta (chamado no Japão de kokorodzuke), os atendentes


japoneses se sentem mais gratificados com um generoso “obrigado” e
elogios ao seu serviço. Até existe o hábito de dar dinheiro de presente no
Japão, mas somente em celebrações como casamentos, aniversários,
funerais ou Otoshidama.

6. Dar o troco corretamente


No Japão, o troco é sagrado e cada centavo é devolvido corretamente. Até
hoje não entendo por que no Brasil coloca-se preços, cujo troco, mesmo
que centavos, não são devolvidos. Outro costume interessante é a
cerimônia da contagem do dinheiro que será devolvido (lembrando que isso
também faz parte do manual Keigo).

Após contar o troco, o atendente reconta as notas e moedas na frente do


cliente. E por último ainda pede para que o cliente confira mais uma vez.
Todo esse ritual é realizado para evitar ao máximo que o troco vá errado.
Mesmo com todas essas precauções, falhas humanas podem acontecer,
portanto é sempre bom checar o troco logo após recebê-lo, evitando desta
forma, dores de cabeça desnecessárias.
7. Ser pontual em seus compromissos
Se tem uma coisa que caracteriza a sociedade japonesa no geral é
a pontualidade. E não estamos falando somente em relação à serviços ou
transportes públicos. Ser pontual é uma marca registrada dos japoneses e
a grande maioria deles, procura chegar no mínimo, com 10 minutos de
antencedência aos seus compromissos.

Uma pessoa que não é pontual e costuma atrasar-se com frequência não é
bem vista. Por isso, se você resolver marcar um encontro, uma reunião ou
uma entrevista de emprego com algum japonês, procure não se atrasar e
se possível chegue com antecedência, pois caso contrário você corre o
risco de perder credibilidade.
8. Acessibilidade para os deficientes
Outra grande característica da sociedade japonesa é a preocupação que
eles tem em relação aos deficientes físicos. As calçadas e vias públicas no
geral, tem acessos que permitem uma boa mobilidade aos cadeirantes e
deficientes físicos.

Tem ainda os adesivos Shougaisha que ajudam a indentificar motoristas


ou passageiros portadores de alguma deficiência. Com isso, os demais
motoristas ficam mais atentos e cuidadosos ao volante. Coisas simples,
mas que fazem diferença quando se trata de harmoniar o trânsito em pró
do bem estar dessas pessoas.

Na maioria dos locais públicos e estações de trem, existem áreas


(escadas, elevadores, passarelas) com pisos com texturas especiais para
facilitar a mobilidade de pessoas com deficiência visual. Também há uma
gama de produtos escritos em braille que ajudam os cegos a ter uma vida
mais independente e com mais qualidade.
9. Chamar um táxi quando bêbado
Resolveu sair à noite para beber com os amigos? Se excedeu e tem
consciência de que não tem condições de voltar pra casa dirigindo?
Simples, basta chamar o Daikou Unten (代行), um serviço de táxi especial
com dois motoristas. Enquanto um se encarrega de levar você, o outro
conduzirá seu carro até a residência.

A tarifa por esse serviço não é muito além do valor de uma tarifa comum.
Os próprios restaurantes e bares se encarregam de chamar o Daiko Taxi
para o cliente quando percebem que ele não tem condições de dirigir,
afinal eles sabem que a Lei Seca Japonesa é rigorosa e se acontecer
algum acidente com um de seus clientes, eles também serão
responsabilizados com multas pesadas ou até prisão, assim como pessoas
que estiverem em um carro conduzido por um motorista embriagado.
10. Respeitando a privacidade alheia
Os japoneses de forma geral, são muito discretos e cautelosos no que se
refere a exposições públicas. Não costumam falar sobre sua vida pessoal
para desconhecidos e ao mesmo tempo não costumam interferir na vida
dos outros. Me parece que foi a forma que encontraram para preservar sua
preciosa privacidade.

Eu acho esta postura admirável, pois contribui para um relacionamento


harmonioso, sem intriguinhas desnecessárias. O lado ruim é que muitos
acabam exagerando na dose e passam a se excluir do convívio social,
mas quando essa característica é equilibrada, torna-se um exemplo de
respeito a si mesmo e ao próximo.

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