Você está na página 1de 38

#14 | 01 a 05/04 | 2019

1
#14 | 01 a 05/04 | 2019

EDITOR CHEFE
Arno Alcântara

REDAÇÃO E CONCEPÇÃO
Marcela Saint Martin

DIREÇÃO DE CRIAÇÃO
Matheus Bazzo

DESIGN E DIAGRAMAÇÃO
Jonatas Olimpio

Material exclusivo para assinantes do


Guerrilha Way.

Transcrição das lives realizadas no


Instagram do Dr. Italo Marsili dos dias
01/04/2019 a 05/04/2019

2
#14 | 01 a 05/04 | 2019

COMO É A SEMANA GW
1º - Assista, de preferência ao vivo, às lives
diárias pelo YouTube ou Instagram, às 12h52.
2º - Na segunda-feira, você recebe no portal GW
o material referente às lives da semana anterior.
3º - Leia o seu Caderno de Ativação. A leitura
do CA não leva mais do que 15 minutos.
4º - Confira no LIVES a visão geral da semana e
os resumos. Separe uns 20 minutos para isso.
As transcrições também estarão lá.

ENTENDA O SEU
MATERIAL
O Caderno de Ativação o ajudará a incorporar
conteúdos importantes. É um material para
FAZER.
No LIVES estão as transcrições, os resumos e a
visão geral das lives da semana. É um material
para se TER.
Se quiser imprimir, utilize a versão PB,
mais econômica.
Imprima e pendure o seu PENDURE ISTO.

3
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Índice
A Semana
numa Tacada Só 05
Resumos
da Semana 06
Difamação e fracassolatria:
saia dessa AGORA 11

Viva a vida na
primeira pessoa! 19

Tome CONSCIÊNCIA e
organize a sua VIDA! 31

4
#14 | 01 a 05/04 | 2019

A SEMANA NUMA
TACADA SÓ
Live #44 | 01/04/2019 - Instagram
DIFAMAÇÃO E FRACASSOLATRIA: SAIA DESSA
AGORA!
O hábito da difamação é um ralo por onde a essência
da sua vida está se perdendo.

MFM Live #189 | 12/09/2018 - Youtube


VIVA A VIDA NA PRIMEIRA PESSOA!
Viver com veracidade é saber-se autor dos seus pró-
prios atos e tomar posse da vida, sabendo exatamente
quem a viveu.

MFM Live #230 | 21/12/2018 - Youtube


TOME CONSCIÊNCIA E ORGANIZE A SUA VIDA!
A exposição maciça à beleza e à ordem do mundo ex-
terior são o antídoto contra a desorganização da vida
e a inconstância em nossos projetos.

5
#14 | 01 a 05/04 | 2019

RESUMOS DA
SEMANA
Live #44 | 01/04/2019 - Instagram
DIFAMAÇÃO E FRACASSOLATRIA: SAIA DESSA
AGORA!
(Esta é a live escolhida para o seu Caderno de Ativação
desta semana. Não deixe de conferi-lo no Portal GW!)

Se algumas coisas na vida demandam tempo, há outras


que precisam ser feitas de imediato, sem hesitação e
de maneira definitiva, porque são pré-requisitos para
que se possa fazer tudo o mais. Este é o caso do pés-
simo hábito de falar mal dos outros, difamar, levantar
suspeitas que comprometam a reputação alheia.

É aquele comentário espertinho que pretende divertir


os outros à custa de manchar a imagem de alguém; é
aquela fofoca disfarçada de informação neutra, mas
que acaba atingindo a reputação de outrem; é aquela
piadinha que põe em evidência um deslize do vizinho.

A difamação é nociva tanto para quem a dissemina


quanto para a vítima. O difamador perverte-se, alheia-
-se da substância da sua própria vida. A vítima, por
sua vez, pode ser efetivamente prejudicada em sua
vida profissional, social ou familiar por causa de um
boato que se disseminou.

A condição n. 1 para a maturidade é cortar esse mal

6
#14 | 01 a 05/04 | 2019

pela raiz, deixando de cultivar dentro da própria alma


o veneno da difamação. Não se pode progredir verda-
deiramente, construindo uma vida que frutifique para
si e para os outros, sem antes resolver esta questão
absolutamente primária da vida moral.

MFM Live #189 | 12/09/2018 - Youtube


VIVA A VIDA NA PRIMEIRA PESSOA!

O arrependimento mais comum das pessoas que se


encontram no leito de morte é ter faltado com a ver-
dade da vida. Por assim dizer, é como se a pessoa ti-
vesse vivido no automático, sem preencher a vida com
a substância da sua pessoa, e, chegado o momento
final, ela não reconhece aquela vida como tendo sido
sua.

Viver uma vida veraz significa abraçar a realidade em


sua totalidade, não fugindo ao chamado da circuns-
tância concreta onde estamos instalados, e aí mesmo
cumprir com o dever — sendo pai e mãe, se essa for a
sua circunstância; trabalhando direito, servindo aos
outros e sendo útil, sem reclamar; instalando-se com
os dois pés na concretude da vida, sem escapar para
o mundo mental da vida que se gostaria de ter, dei-
xando escoar a vida que se tem.

Em última análise, viver com veracidade é viver a par-


tir da parte mais alta do seu ser, construindo ativa-
mente a sua personalidade. Isso é o oposto de viver a
partir das suas fraquezas, dos seus defeitos e imper-
feições, que jamais lhe dirão verdadeiramente quem
você é. Estamos na vida como capitão do navio, e não
como marujo. Deixar de sê-lo por covardia, por pre-
7
#14 | 01 a 05/04 | 2019

guiça, por fuga da responsabilidade, é a grande tragé-


dia da vida humana.

MFM Live #230 | 21/12/2018 - Youtube


TOME CONSCIÊNCIA E ORGANIZE A SUA VIDA!

Muitas pessoas se queixam de que não conseguem se


organizar, não conseguem dar continuidade aos seus
projetos, não terminam o que começam. Muitos pro-
curam cursos, workshops, livros sobre motivação, so-
bre organização, sobre “encontrar o propósito”, mas
aquilo não surte um efeito profundo sobre a vida do
sujeito, não tem um efeito duradouro.

O problema é que as pessoas em geral tentam se or-


ganizar a partir da parte mais baixa do seu mundo
interior, sem nunca experimentar o movimento inver-
so, de organizar-se a partir da parte superior. O fato
é que, muitas vezes, essa parte superior encontra-se
atrofiada, e a pessoa terá de despertá-la.

Isso se faz, em primeiro lugar, minimizando o poder


da nossa parte inferior. Daí a insistência nas palavras
de ordem “não reclamar”, “trabalhar, ser útil”, “tomar
banho frio” — porque isso nos ajuda a dar menos aten-
ção à nossa parte inferior.

Por fim, para conseguir a constância em nossos pla-


nos, em qualquer domínio, é necessário expor-se
maciçamente a coisas belas. A beleza e a ordem do
mundo exterior informam a ordem do nosso mundo
interior, ajudando-nos a nos organizar e a agir a partir
da nossa parte mais alta. Pode parecer inusitado, mas
contemplar a beleza — seja a beleza natural, a beleza

8
#14 | 01 a 05/04 | 2019

de obras de arte, da arquitetura etc. — é fundamental


para que tenhamos constância em nossos melhores
projetos. Sem a referência constante da beleza, não é
de surpreender que a vida se deforme.

9
#14 | 01 a 05/04 | 2019

LIVES DA
SEMANA

10
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Live #44 | 01/04/2019 - Instagram

DIFAMAÇÃO E FRACASSOLA-
TRIA: SAIA DESSA AGORA!
Eu li hoje um texto de um amigo meu, o Ícaro de Carva-
lho, que falava de coisas muito parecidas com as que
vou falar aqui. No texto, ele escreve que, após elogiar
uma concessionária de carros importados, o motoris-
ta do Uber em que ele estava soltou: “Isto aí é a maior
lavagem de dinheiro”. “Como você sabe que é lavagem
de dinheiro?”, perguntou Ícaro. “Só pode ser”, finalizou
o motorista, “a gente estudou no mesmo colégio; eu es-
tou aqui dirigindo Uber e o cara está lá vendendo carro
importado: só pode ser lavagem de dinheiro”.

Isso é muito engraçado. Eu convivo com duas pessoas


da minha família que têm mania de falar que as coisas
são lavagem de dinheiro. Não faz muito tempo, pergun-
tei para uma delas o que vinha a ser concretamente
esse negócio de “lavagem de dinheiro”. A resposta não
poderia ter sido menos satisfatória: “É assim, o dinheiro
é sujo, você lava”. Não contente, querendo ultrapassar a
linguagem cifrada, insisti pelos detalhes contábeis que
caracterizam a lavagem de dinheiro. Não recebi nada
em troca a não ser uma bela cara de cu.

Não pude deixar de falar para ela que era evidente que
ela não sabia o que era lavar dinheiro, que ela não ti-
nha noção do que a pessoa acusada tinha feito para
ganhar dinheiro.

11
#14 | 01 a 05/04 | 2019

A maior sacanagem que você pode fazer contra uma


pessoa é difamá-la. A difamação é moralmente execrá-
vel. Jamais faça isso! Brasileiro tem a mania de difamar
os outros o tempo todo. Você não entende o que o cara
está fazendo e, em vez de calar a boca, tem de sair com
essa de lavagem de dinheiro. Você fica colando rótu-
los absolutamente mortais na testa dos outros. Isso só
te faz virar um canalha. Em vez de você ficar quieto e
aprender com o outro como se ganha dinheiro, se sen-
te mais confortável difamando o sujeito. Lavar dinheiro
é um crime grave, pare de falar dos outros o que você
não sabe.

A difamação é algo muito feio que mata o seu espírito.


Não podendo falar bem de alguém, cale a sua boca!
Em primeiro lugar porque ninguém pediu a sua opi-
nião. Em segundo, quando você difama, em geral está
inventando a acusação. Você difama sem medidas sol-
tando um “eu acho... ouvi dizer...”, depois pede desculpa
e acha que ficou por isso mesmo. Para você ser um su-
jeito moral, cale a sua boca.

Eu já falei em outra live que temos de fazer voto de po-


breza em matéria de opinião, como o Olavo sempre fala.
Se você não sabe o que o outro fez para conquistar seus
bens, pare de falar essas porcarias. E, mesmo que você
tiver idéia do processo, vai ser bom para alguém você
difamar o cara? Isso é feio demais. A prioridade número
um da vida de todo mundo aqui é conseguir se livrar
do espírito de velha fofoqueira. Se não fizer isso, você
está fadado a uma vida mesquinha e medíocre. Nin-

12
#14 | 01 a 05/04 | 2019

guém pediu a sua opinião sobre a vida do seu amigo


ou do seu vizinho.

Quando percebemos no nosso peito esse movimento


de falar mal dos outros, na hora temos de admitir: “Eu
sou uma velha fofoqueira de janela de vila que não vale
para nada, que não tem o que fazer da vida e fica inven-
tando história sobre a vida alheia para alguém prestar
atenção em mim”.

Os ambientes de trabalho são ninhos de víboras: só se


fala mal de todo mundo. Corte essa língua maldita da
sua boca, isso faz um mal danado.

“Ah, Italo, minha vida não ‘pogride’.”

Sabe por que tua vida não ‘pogride’? Porque você é uma
porcaria de uma velha fofoqueira.

Nossa vida só vai progredir quando pararmos de falar


mal dos outros. Falar mal dos outros não é compatível
com uma vida honrada e madura. Você não precisa fi-
car falando bem de todo mundo; no entanto, se não for
para falar bem, não fale mal. Coloque hoje a cabeça no
travesseiro e se comprometa a não falar mal de nin-
guém amanhã no seu trabalho. Nem do colega nem do
chefe. Quando você difama alguém, você corrompe a
substância da sua vida. Isso é feio demais. Você fica
com a consistência de uma geléia.

A maliciazinha do brasileiro é um cancro na alma na-

13
#14 | 01 a 05/04 | 2019

cional. Esta coisa de ser esperto, de sempre largar uma


piadinha às custas da fama do outro, é algo muito feio.
Não podendo alegrar os outros com piadas saudáveis
e maduras, fique quieto.

“Mas, se eu fizer isso, eu sumo no meu ambiente, por-


que até então eu era o engraçado da turma.”

Ninguém acha graça de você. É só virar as costas que


os outros o chamam de babaca. Quando você aprovei-
ta o defeito dos outros para fazer piada, ninguém acha
graça. As pessoas riem porque são retardadas, igual a
você. Mas, quando você vira as costas, ninguém conta
contigo para nada. Você não tem uma vida sólida. Sua
vida não vai para frente porque você é uma víbora. E
ninguém confia em víbora.

Repetindo: comprometa-se hoje a parar com isso.

É melhor você não ser conhecido do que ser conhecido


por ser um montão de lixo. É melhor você não chamar a
atenção do que chamar a atenção negativamente. Isso
a sua mãe já falava. Está feio demais, não continue.

Vida madura é ser divertido (você deve ser divertido).


O sujeito casmurro, carrancudo, não é maduro. O pes-
simista não entendeu também o que é a vida humana.
Viver é muito bom: você quer acordar, quer servir, quer
ganhar o seu dinheiro, quer entregar o seu melhor...
Agora, se você é o bobão que só acha graça na difama-
ção dos outros, não está instalado na substância da sua

14
#14 | 01 a 05/04 | 2019

vida ainda. E se você nem alegre é, mas a cobrinha do


WhatsApp, nada do que você fala tem graça. Isso está
matando a sua vida. Você é uma praga que onde apa-
rece mata a vida.

Quando você fica acusando as outras pessoas sem sa-


ber nada da vida delas, como no exemplo da lavagem
de dinheiro, você mata algo nelas e em você. É como a
história do santo que sugeriu a uma mulher, que tinha
difamado a amiga, que ela soltasse ao vento as penas
todas de um travesseiro, depois pegasse todas as pe-
nas de volta e trouxesse até ele. Obviamente a mulher
tentou e não conseguiu. Assim é a difamação: quando
você difama alguém, a porcaria corre e você não con-
segue consertar mais. O efeito maléfico da sua palavra
vai ecoando através dos tempos e você não controla
mais aquilo. Dali a pouco o coitado do difamado não
consegue fechar um negócio porque chegou ao ouvido
da outra empresa a porcaria que você tinha inventado.
Isso é grave demais. É imaturidade pura e simples, igual
as crianças têm. Elas não conectam causa e conseqüên-
cia. Uma criança risca um sofá caro sem saber do es-
forço que você fez para comprá-lo. Não conectar uma
coisa à outra é próprio das criancinhas.

Para as crianças, tudo bem. Mas e você que tem 30 anos


na cara? Você tem de saber conectar causa e conse-
qüência. Os seus atos têm uma conseqüência, mesmo
que você não queira. Aprender a conectar uma coisa
à outra é um princípio da vida madura. Quando você
difama alguém, está às vezes condenando o sujeito a

15
#14 | 01 a 05/04 | 2019

passar fome por um tempo. Por causa de uma piadinha,


a família dele pode sofrer. O pessoal sempre fala que
onde há fumaça há fogo. Mas não é só o fogo que mata,
a fumaça asfixia e mata também. É fumaça a sua má
língua, a sua má disposição, a sua fofoquice. Você sol-
ta fumaça e os outros morrem asfixiados. Não precisa
nem de fogo. Prefira morrer a falar mal de alguém sem
razão e motivo.

Nós precisamos ser maduros: servir, trabalhar, ser forte


etc. Porém, se você continua com essa linguazinha de
fofoqueiro, só vai ter sucesso na novela das 9. Numa
vida madura, em que há convivência real, essas coisas
não têm graça nenhuma. Se você é conhecido por ser
a pessoa que limpa o veneno escorrido no canto da
boca, coloque sinceramente a cabeça no travesseiro e
declare: “Que merda de vida estou levando!”.

Tudo o que falo aqui para você (dar esmola, servir, to-
mar banho de manhã, ficar forte, fazer coque) não vai
funcionar se você tem essa maniazinha no espírito. Não
seja um filho da puta sem perceber. Em cafezinho de
empresa, 90% da conversa é falar mal um do outro. Isso
é completamente incompatível com a vida adulta. Se
sou eu o patrão, essa é a primeira coisa que não pode
ter. Mando embora sem pensar duas vezes. No primeiro
flagrante é aviso, no segundo é rua. As chances de você
ser ou o babaca que fala as porcarias ou o babaca que
ri delas é muito grande.

“Como faço então? Não quero ser antipático. As pessoas

16
#14 | 01 a 05/04 | 2019

vão falar essas coisas no corredor e eu devo falar ‘Seus


bobões, não viram a live do Dr. Italo?’?”

Não. Não fique pagando de superior. Mas tome uma ati-


tude e não ria das piadas. Não há problema nenhum
em não rir delas. Na hora em que é para rir, tome um
café e diga: “Caramba, queimei a língua”. Pronto, você
desvia a atenção. Não compartilhe dessa doença. Você
não cresce é por causa disso. Ou diga na cara que não
achou engraçado. O mal cresce pelo barulho dos maus
e pelo silêncio dos bons.

Além do difamador contumaz, há aquele que sempre


coloca um adendo na vida dos outros: “Podia ter feito
diferente” ou “Também não faz tal coisa completamen-
te”. Pare com isso também.

O conselho que dou é: acorde amanhã e não se permita


ser o bosta que puxa a maldade nem o que embarca na
maldade dos outros.

Algumas coisas você vai demorar uma vida para resol-


ver; mas outras você tem de resolver ontem. Essa é uma
delas. Não tem desculpa. Essa é uma exigência de en-
trada. Se isso não está resolvido, todo o resto será cons-
truído sobre um solo de areia e vai ruir. Temos de nos
policiar, até não fazermos mais isso.

Programe agora seu celular para despertar ao meio-dia,


com a seguinte mensagem: Difamei alguém? Ri de difa-
mações? Fui babaca?

17
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Isso não é brincadeira, não. Complemente esse exame


com aquele do fim do dia, que já falei para vocês faze-
rem (no fim do dia, examinar-se: O que eu fiz bem? O
que eu fiz mal? O que eu poderia ter feito melhor?). Mas
este exame do qual estou falando agora é para fazer
no meio do dia, para você não se esquecer e acabar
sendo um babaca. Porque, se você não presta atenção,
você vira um babaca! No meio do dia ainda dá tempo
de você mudar. Se você foi um babaca até meio-dia, até
uma, duas horas da tarde, pronto, viva o restante do dia
sem ser um babaca. Esse é o tema da semana. Livre-se
disso JÁ.

18
#14 | 01 a 05/04 | 2019

MFM Live #189 | 12/09/2018 - Youtube

VIVA A VIDA NA PRIMEIRA


PESSOA!
Hoje falaremos sobre o assunto da veracidade, de ser
verdadeiro na vida, de agir com veracidade.

Eu já tratei desse tema aqui uma vez, em um dos nos-


sos programas anteriores, em que citei o experimento
da pesquisa científica de uma enfermeira que, no leito
de morte de vários pacientes, fazia algumas perguntas,
e uma delas era: “Do que você se arrepende?”. Curio-
samente, o arrependimento mais relatado, o mais pre-
valente, aquilo que as pessoas mais expressavam era
aquele peso que aparecia no coração, na alma, no sen-
timento daquelas pessoas no leito de morte; não era
nominalmente equivalente àqueles arrependimentos
que as pessoas mais confessam durante a vida.

Em geral, confessa-se que se está arrependido de ter


xingado a mãe, de ter traído a mulher ou o marido, de
ter roubado ou desviado dinheiro, sonegado imposto...
Na maior parte dos casos, são esses os pecados, por as-
sim dizer, as faltas, os desvios que as pessoas mais re-
latam, mais referem como aquilo que faz com que elas
se arrependam, que faz com que o seu espírito e a sua
consciência pesem.

No entanto, diante da morte, da finitude da vida, quan-


do a pessoa se aproxima da fronteira final, aparece no
peito da maior parte dos seres humanos (em regra para

19
#14 | 01 a 05/04 | 2019

todos, ou ao menos para a maior parte) um sentimento


de ter faltado com a verdade da vida.

A maioria das pessoas, quando estão ali no leito de


morte, na fronteira final, diante do seu destino, quando
vêem que vão morrer e que a vida está para acabar, se
arrepende. Em geral, aparece na cabeça da pessoa uma
idéia de “Eu faltei com a verdade da vida, não fui verda-
deiro, não fui veraz, vivi uma vida que não era minha”. E
aqui vale uma pergunta: “Se não eu, quem? Se não ago-
ra, quando?”.

Tais perguntas aparecem na cabeça da maior parte das


pessoas que estão para morrer. No leito de morte, elas
notam que faltaram com a verdade da vida e que isso
deveria ter sido corrigido, mas que talvez não dê mais
tempo, porque elas chegaram à fronteira final.

Pare para pensar no tamanho da agonia. Você está mor-


rendo, no leito de morte, no centro de terapia intensiva
de um hospital, ou agonizando na sua casa, sentado no
seu sofá, na sua poltrona. Você está ali para morrer e,
de repente, você começa a pensar. Você se enxerga na-
quela situação, olha para a sua biografia, para a estru-
tura da sua vida, e fala: “Diabos, quem foi que viveu isso
aqui? Quem foi que viveu essa vida? As escolhas que eu
fiz e deixei de fazer, quem as fez?”.

São perguntas a que deveríamos responder não apenas


em nosso leito de morte, e sim todos os dias. Todos os
dias nós deveríamos acordar com a motivação de ser
verdadeiro.

20
#14 | 01 a 05/04 | 2019

E, veja, ser verdadeiro não é ser maluco. Não é falar


tudo o que vem à sua mente, aquilo que o pessoal gos-
ta de chamar “sincericídio”. Exemplo: você olhou para
o cabelo da sua sócia, viu que estava um lixo e falou
“Nossa, que cabelo horroroso”. Isso não é ser verdadei-
ro, é ser inconveniente, mal-educado, um estúpido, um
idiota. Ser verdadeiro não significa ser língua solta, ser
verborrágico, falar qualquer porcaria que venha à men-
te. Isso não é verdade também.

O pessoal confunde. Há quem adore dizer “Nossa, Ita-


lo, eu sofro porque sou muito verdadeiro”. Você não é
verdadeiro, é só um mal-educado. Não dá para ser ver-
dadeiro sem dominar os elementos básicos da convi-
vência humana. Há certas coisas que a gente percebe
e não fala, sabe por quê? Porque não é da nossa conta!
Se a sua sócia está com um penteado ou corte ridículo e
ela não pediu a sua opinião, você olha e não fala nada!
Você não precisa falar nada! Isso não é ser verdadeiro,
é ser mal-educado.

Aqui está a primeira coisa: não podemos nos enrolar na


vida a esse ponto. Quando eu falo de ser veraz, de ser
verdadeiro, não é um convite à inconveniência, a ser
mal-educado, mas a algo muito mais profundo e sério.
É você olhar seriamente para a sua vida e perguntar
quem está vivendo essa joça. As escolhas que eu fiz, fui
eu quem fiz, e, ora, são escolhas nas quais não posso
voltar atrás.

Por exemplo, ter um filho. “Ah, mas olha, Italo, aconteceu,


meu filho apareceu, eu estava meio maluco na época, e

21
#14 | 01 a 05/04 | 2019

agora eu olho para a história e falo ‘Putz, não sei se eu


queria ter tido um filho’”. Não se trata de querer ou não.
Há escolhas que fizemos na vida que, independente-
mente de estarmos conscientes ou não à época, temos
de integrar à nossa história, agora, com responsabilida-
de. Isso é ser veraz.

Estou usando o exemplo do filho porque é um aconteci-


mento, por assim dizer, que não podemos jogar na lata
do lixo. Mesmo que você não goste da maternidade (ou
da paternidade), é um evento no qual você está imerso,
de algum modo ele penetra a sua vida, e a sua vida de
alguma maneira se perfaz ao redor dessa realidade, da
função de pai e de mãe. Você não pode jogar isso na
lata do lixo, não seria veraz, verdadeiro, não seria viver
instalado na realidade da vida.

Você tem de integrar realmente, verazmente, verdadei-


ramente tal realidade à história da sua biografia, à sua
história biográfica. E você faz isso assumindo as res-
ponsabilidades de cada dia, por exemplo.

Quando você chegar ao leito de morte e olhar para trás,


para uma vida vivida à margem da paternidade, da
maternidade, você vai se arrepender necessariamente,
pois aquele era o seu dever. Você deveria ter integrado
aquela realidade à sua história, porém você não viveu
uma vida verdadeira. Pode ter sido uma vida só de la-
mentações, de “Ah, meu filho me tira a liberdade”, “Meu
casamento me tira a liberdade”, “Essa empresa que eu
resolvi montar me tira a liberdade”, “O corpinho que eu
tenho, a burrice me tiram a liberdade”.

22
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Então, meu filho, integre isso à sua personalidade por


meio do exercício diário do seu compromisso, do seu
dever, da sua responsabilidade, e faça isso de modo ati-
vo. Veracidade é encontrar o centro da sua própria voz,
o centro do seu espírito, do seu coração, de tal modo
que cada ato e cada palavra saiam desde o centro da sua
personalidade, do centro do seu coração, e você encon-
tre sentido nas palavras, nos seus atos, enquanto eles
acontecem. “E como fazer isso?” Respondo: cumprindo
o seu dever.

Um sujeito que cumpre o seu dever, que acorda na hora,


que toma banho, que arruma a cama, que lava a lou-
ça, que vai fazer compras, que está sorrindo, que está
servindo aos demais, está instalado no peso mesmo da
vida. Esse peso, como eu já disse, não é um peso que
puxa para baixo. É o peso da estrutura. Veja: um edifício
abarca dentro de si um monte de ferragens, que pesam
e que você não vê, mas pode-se dizer que as ferragens
são um peso? Não. Elas são a estrutura. Sem esse peso
das ferragens, o edifício não ficaria de pé.

A vida é cheia desses elementos que chamamos de


peso; mas na verdade se trata da estrutura. É justamen-
te quando assumimos, admitimos essa estrutura da vida
humana, quando notamos que algumas coisas nos sus-
tentam no mundo, na realidade, quando obedecemos a
essa estrutura, que vamos encontrando o sentido mes-
mo da nossa existência, da nossa vida.

Há coisas das quais a gente não pode simplesmente


viver à margem, viver de costas. Compromissos assu-

23
#14 | 01 a 05/04 | 2019

midos com a totalidade da nossa palavra devem ser


maximamente honrados. Sempre. Todos os dias. E pre-
cisamos mapear quais compromissos são esses. Quais
compromissos que, uma vez tendo assumido, eu vou
precisar levar com seriedade até o limite?

Você tem de saber os seus, eu sei quais são os meus. Há


compromissos que eu assumi que simplesmente não
devo, não posso abrir mão, porque, se faço isso, vivo à
margem da minha vida. Se faço isso, chegarei ao leito
de morte e falarei “Putz... Eu cedi. Eu cedi à pressão do
mundo, a uma fraqueza, a um capricho, a uma pregui-
ça... E eu não estava instalado na realidade da vida”.
Isso é o que dá o peso gostoso, verdadeiro, a substância
suculenta da vida humana.

Se você, em certo dia, acordou de manhã e pensou “Ah,


a vida não está fazendo muito sentido, nem sei para que
quero levantar, não tenho muito tesão na vida, nas pes-
soas, eu nem queria tanto estar aqui”, pode ter certeza
de que você está fugindo do compromisso, da respon-
sabilidade, não está falando desde a sua própria voz.
Você não encontrou a sua própria voz ainda.

“Então, como eu encontro a minha própria voz?” Assu-


mindo as responsabilidades diárias. É assim que se en-
contra a própria voz e é dessa maneira que nos ins-
talamos na realidade da vida. E aqui está algo muito
importante: muita gente boa tem medo de falar desde a
própria voz porque tem medo do famoso “olho gordo”.
Muitos comentam: “Italo, eu tenho medo, não me expo-
nho tanto, não falo as coisas que são verdadeiras, os

24
#14 | 01 a 05/04 | 2019

meus desejos e projetos, porque tenho medo do olho


gordo das pessoas”. Preste atenção: está todo mundo
julgando você o tempo todo, sempre.

Se você escolhe falar e se expressar só a partir daque-


la parte fraquinha da sua personalidade, mostrando os
seus defeitos, as suas fraquezas, aquilo em que você
não presta, você só vai atrair lixo, gente ruim, corvo,
abutre, urubu que vai querer comer a sua carniça e que
não vai ajudá-lo em nada. Quando você faz uma esco-
lha de se expressar, de falar, de demonstrar-se a partir
das suas fraquezas, das suas limitações, do seu coita-
dismo, você só atrai porcaria para a sua vida.

Vira e mexe eu ligo (como experiência sociológica) em


rádios religiosas, protestantes e católicas, que trans-
mitem música gospel. Todas as letras das músicas são
porcaria! Só falam de tristeza, de problemas, de como
eles são fracos, coitadinhos, pobrezinhos, como eles
precisam de alguém ali os apoiando.

Essas músicas jamais falam da força que o ser huma-


no tem justamente porque foi criado à imagem e seme-
lhança de Deus, por exemplo. Essa não é a linguagem
dos religiosos? Porque eles não exploram a parte po-
sitiva da personalidade, que é a imagem e semelhan-
ça de Deus? Só exploram o lixo, a porcaria, a fraqueza.
Sempre que você se expressa a partir do elemento fra-
quinho da sua personalidade, você só vai atrair gente
tosca, cupim, gente que quer comer a sua estrutura, que
não vai somar em nada.

25
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Aprenda a se expressar a partir daqueles seus desejos


superiores, a partir do seu intelecto que está sendo for-
mado, a partir da sua moralidade. Isso é fundamental
para que você ganhe força, estrutura, para que você
possa atrair pessoas boas, positivas, e para que você
possa também ser exemplo, ser energia e dar energia
para os outros.

Quando você fica com a história de coitadinho, atrai só


gente ruim, e isso também não é estar instalado na re-
alidade da vida. Logicamente que eu e você somos uns
lixos, que há uma parte miserável da sua personalida-
de. Mas também é verdade que podemos render e falar
desde a primeira pessoa, desde o centro do nosso co-
ração, que podemos expressar nossos projetos superio-
res, nossos desejos mais altos do espírito, que podemos
de fato acrescentar ao ambiente em que estamos e não
apenas atrair os olhares para aquela parte degradada,
podre, putrefeita da nossa personalidade. Isso não é
humildade; muito pelo contrário, é soberba.

Existe uma necessidade humana chamada maquiagem


moral. Ela é importante. Não se trata do pensamento vi-
toriano, não mata o espírito, mas o previne, o preserva
de estar sendo soberbo a todo o instante. Um sujeito
que chega em um ambiente e começa a falar de como
ele é ruim e coitado, de como ele tem as mesmas difi-
culdades que você, como ele também luta etc., está, na
verdade, sendo soberbo.

Ao agir assim, está, na verdade, querendo maquiar a sua


soberba, porque você se acha melhor que todo mundo

26
#14 | 01 a 05/04 | 2019

ali, e é por isso que você pode falar aquilo tudo, porque
se acha melhor que todos eles. É um switch mental que
um dia explicaremos melhor.

Se for para escolher, não tenha medo do olho gordo e


fale dos seus projetos, desejos e aspirações superiores,
fale daquilo que de melhor você tem. Isso não é arro-
gância, soberba ou vaidade, pelo contrário, isso atrai
gente, é bom. Isso atrai gente boa, anima os demais,
cria um ambiente no qual as pessoas podem respirar,
e não um ambiente putrefeito, rarefeito, em que só se
respira porcaria.

Isso é horrível. Quando você entra em um ambiente em


que só há pessoas reclamonas e coitadinhas, que só
mostram a parte ruim da personalidade, você não con-
segue respirar lá dentro. Você é convidado a descer, a
afundar, a chorar sobre suas próprias falhas, e você não
progride, não melhora, não se instala na sua voz da pri-
meira pessoa.

Quando você chegar ao leito de morte, meu filho, você


vai olhar e pensar: “Pô, que porcaria. Eu só falei mentira,
porque eu nem era tão coitado assim, nem estava do-
endo tanto assim, nem estava tão ruim assim. Eu tinha
mulher, filhos, tinha até algum dinheiro, tinha o FGTS
para sacar, por que eu falava tanto que faltava dinhei-
ro, caramba? Havia o Uber para ganhar um dinheiro no
fim do mês, o Mercado Livre para empreender, eu tinha
a minha mulher que até me dava uns beijos de vez em
quando.... Caramba, não estava tão ruim assim”.

27
#14 | 01 a 05/04 | 2019

A mania de chorar miséria, herança dos nossos avós


portugueses, mata a possibilidade de estarmos insta-
lados na primeira pessoa, nossa primeira voz, nossa
voz pessoal, verdadeira. Nós temos sempre de matizar,
atenuar, pois nunca estamos nos extremos. Nunca está
tudo tão bom, naquele mundo de Poliana em que tudo
é ótimo, e nunca está tudo tão ruim, uma miséria, um
sofrimento. As duas posições são falsas.

A verdade da vida, em geral, está em articularmos es-


ses dois extremos no nosso coração, em conseguirmos
falar desde a nossa primeira pessoa. Não tenha medo
do olho gordo, da inveja dos outros. A inveja dos outros
muitas vezes nos paralisa. Não é sempre a nossa inveja
que nos paralisa. Não é sempre assim. Claro que um in-
vejoso é um ser asqueroso, é muito ruim conviver com
gente invejosa, é muito ruim que sejamos invejosos.
Mas pior do que ser invejoso, meu filho, é você paralisar
na vida, não achar a sua primeira pessoa, a sua voz por
causa da inveja do seu vizinho! Dane-se a inveja do seu
vizinho! Deixe-o morrer com a inveja dele! Vá, progrida,
melhore!

O dia em que você melhorar, progredir, você vai para


outro nível e aí os vizinhos não conseguem nem ficar
invejosos mais, eles vão querer ser iguais a você. Seu
vizinho vai emulá-lo, não vai querer destruí-lo, ele não
vai ser invejoso mais. Ele vai querer ser igual a você
no sentido bom do termo. Então progrida, não paralise
pelo olho gordo dos outros.

Não tenha medo de chegar com o seu Mercedes a uma

28
#14 | 01 a 05/04 | 2019

festa de família só porque vai ficar todo mundo com


inveja de você. Ué, se você tem uma Mercedes, chegue
de Mercedes, qual o problema? Só não fique envaide-
cido por isso, porém, se você tem, você tem, pronto e
acabou. Se você é mais inteligente que os outros, você é
mais inteligente que os outros. Pronto, acabou. Se você
é mais bonito que os outros, é mais bonito que os ou-
tros. Pronto, acabou, simples assim. Expresse-se desde
onde você está. Não fique valorizando sua miséria, sua
podridão, só suas coisas ruins. Você vai paralisar. Isso
também não é verdade da vida.

Verdade da vida é articulação entre essas duas coisas,


de modo que você possa chegar ao leito de morte, olhar
para trás, para a vida que você teve, e dizer o seguinte:
“Olha, mal ou bem, fui eu quem vivi essa vida. Mal ou
bem, fui eu quem escolhi estar dentro dos compromis-
sos. Mal ou bem, fui eu quem quis estar aqui em cada
lugar. Mal ou bem, fui eu quem não abandonei meu fi-
lho, não abandonei meu casamento, fui eu quem fiquei
aqui e quis achar solução para os problemas passíveis
de solução”. Há coisas que não dá para solucionar mes-
mo, e aí você tem de abandonar. Há coisas que dá para
resolver, e você só não soluciona porque está fugindo
da estrutura da vida, da palavra dada, está abandonan-
do o barco.

Ser a primeira pessoa a pular do barco é uma das coisas


mais feias do mundo. “Ih, o barco começou a afundar!
Pulem do barco!” E deixa todos os outros se ferrarem lá.
Calma, caramba. Em geral, na vida a gente é capitão, e
não marujo. Precisamos ter mentalidade de capitão. Se

29
#14 | 01 a 05/04 | 2019

for para abandonar o barco, eu serei o último a aban-


donar. Vou ficar aqui até o fim com meu balde tentando
tirar água e tapando furo. Vou coordenar a evasão, a
fuga do barco. Mentalidade de capitão, e não de maru-
jo. A gente está na vida para ser capitão, para ser titu-
lar, e não reserva. Ser reserva da vida é um dos maiores
sofrimentos. E lá no leito de morte, daqui a uns anos, ou
daqui a uns dias, é disto que você vai se arrepender: de
ter sido marujo e não capitão, de ter sido reserva e não
titular, podendo ter sido titular.

Na vida todos nós somos convocados a viver a vida hu-


mana que nos cabe. Podemos, por covardia, por pre-
guiça, por fuga da responsabilidade, querer sentar no
banco de reserva. Essa é a tragédia da vida humana.
Você querer voluntariamente ser reserva. Você não é
convocado a ser reserva. Você é convidado a entrar em
campo, jogar os dois tempos de 45 minutos. Você é con-
vocado a ser capitão, e não marujo.

30
#14 | 01 a 05/04 | 2019

MFM Live #230 | 21/12/2018 - Youtube

TOME CONSCIÊNCIA E
ORGANIZE A SUA VIDA!
Muita gente diz que entende e gosta das coisas que
eu falo, que se anima, que acha que faz sentido, que às
vezes fica braba mas continua. De algum modo, as pes-
soas acham que ouvir essas coisas as ajuda a se manter
nos trilhos, a levar a sério certas coisas que já sabiam,
mas que, por algum motivo, não faziam.

A primeira coisa que precisamos entender é que exis-


tem dois tipos de movimentos no nosso interior. Muitas
pessoas têm a mania de viver como se estivessem às
cegas: acordam, comem, brigam, trabalham, mas não
entendem muito o que está acontecendo consigo mes-
mas.

Se você parar para perceber, vai ver que se quiser parar


agora e ficar quieto, “meditar” e botar no papel os pla-
nos para 2019, por exemplo, vai notar que acontece uma
coisa estranha: você não consegue colocar rapidamen-
te no papel tudo o que quer. Você vai notar que há cer-
tas perturbações que aparecem. É um certo incômodo,
uma dificuldade, uma lentidão, um sopro de falsidade,
uma confusão.

Colocar no papel os planos e as idéias não é um ato


imediato, sempre vai ter uma coisa no meio do cami-
nho. Essa coisa é justamente o processo interior do su-

31
#14 | 01 a 05/04 | 2019

jeito, é esse mundo interior que aparece.

É importante a gente olhar para dentro de nós mesmos


e perceber que há ali o movimento da dispersão afetiva
e da dispersão sensitiva.

Aqui podemos juntar os dois e dizer que existe o mo-


vimento da agitação do mundo – que são os barulhos
que a gente ouve, as imagens que a gente vê – e dos
afetos desordenados.

Para a maior parte das pessoas, esse movimento é o


que vai prevalecer ao longo de toda a vida, porque esse
movimento é muito direto, e ele está em todo mundo
sem ninguém precisar fazer força.

Se eu falar para você que vamos fazer agora uma ofi-


cina de meditação ocidental, que vamos pegar um tex-
to de apoio e meditar, você vai notar que vai aparecer
uma dificuldade, uma certa agitação, uma vontade de
não estar ali, ou uma fantasia de que essa é uma coisa
muito profunda. Vai haver uma confusão.

E como fazemos para que essa parada de tomada de


consciência seja útil?

A má notícia é que isso a gente não consegue fazer do


dia para noite (sob certo aspecto é uma boa notícia).

Se você quer, ao parar para pensar nos planos para


2019, colocar tudo no papel e tomar decisões que não

32
#14 | 01 a 05/04 | 2019

venham desse lugar de confusão, só há um jeito de fa-


zê-lo: alimentando a parte superior do seu mundo inte-
rior.

“Como se faz isso?”

Não se faz do dia para a noite.

A primeira coisa é expor-se a coisas belas. A beleza é


fundamental para isso.

Nesse sentido que a Paula fala no Instagram dela: “A


beleza cura”.

É isso aí, a beleza cura mesmo!

Uma das formas de você acessar essa parte do seu mun-


do interior é expor-se periodicamente à beleza.

Se você colocar no seu dia exercícios de contemplação


de obras de arte, de paisagens etc., estará fazendo uma
coisa fundamental.

Eu tenho uns 3 ou 4 livros de obras de arte que ficam


aqui do meu lado, justamente para que eu possa inter-
calar as 8 a 10 horas por dia que fico ouvindo tragédia,
sofrimento e complicação, com períodos de exposição
a coisas belas. Imagine se eu não tivesse esses elemen-
tos ao meu lado; obviamente essa parte inferior do meu
mundo interior ia prevalecer. É isso o que acontece com
todo mundo.

33
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Todo mundo pode notar que quando está vendo coisas


bonitas, fica melhor, se acalma. O seu mundo interior
vai ser penetrado e vai recebendo um impacto de algo
estruturante, que é a beleza.

Por isso, conviva com coisas belas! Tenha pastas no seu


celular com fotos de paisagens bonitas. Tenha livros ao
seu lado com obras de arte; você vai lá e os folheia de
tempos em tempos.

Na prática, o que eu faço é dar uma olhada de vez em


quando, 4 a 5 vezes ao dia.

Fazendo isso, você estará se alimentando; e quando for


colocar no papel os seus propósitos e planos, você vai
encontrar coisas que fazem sentido.

Eu ouço todo dia que o pessoal fica fazendo esses cur-


sos de “encontre o seu propósito”, “o importante é o
planejamento”, mas não consegue nunca planejar e en-
contrar o propósito.

Eles falam que o problema é que colocam o propósito


no papel mas depois de alguns dias já esqueceram, ou
não conseguem cumprir o que estabeleceram.

Mas é claro que você não vai conseguir!

Isso porque essa parte superior do seu mundo interior


está atrofiada, e é só ela que dá conta de estar na dian-
teira da sua vida, te puxando.

34
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Então quando eu falo para vocês “Não encham o saco.


Não reclamem. Trabalhem, sirvam”, o que estou fazen-
do? Em primeiro lugar, estou diminuindo o império des-
sa parte inferior do seu mundo interior. Estou jogando a
sua vida para o lugar objetivo do mundo, no qual você
vai servir e começar a ver a sua utilidade nele. Você
não vai mais dar tanta atenção a essa parte inferior.

Hoje, estou indo para um segundo momento: o cultivo


da parte superior do seu mundo interior. Esse cultivo só
vem pela beleza, pela vida intelectual, quando você dá
atenção aos valores superiores. E você só vai encontrar
esses valores se se submeter à beleza, à cultura.

Eu sei que você quer ser constante, quer colocar a vida


em ordem, que já fez um monte de curso, já investiu
um monte de dinheiro nisso, mas não consegue, e que
acha até que o motivo é ser preguiçoso.

Deixa eu te falar uma coisa: você é preguiçoso, sim, mas


o que faz você se ferrar nesse campo não é a preguiça,
é a burrice e a feiura.

Os espetáculos de hoje são muito feios. O culto à feiu-


ra é um dos maiores crimes da nossa civilização. Isso
desorganiza a cabeça de todo mundo. As pessoas se
tornam improdutivas, fracas e infelizes.

Saiba que essa sua preguiça tem raiz na feiura.

Submeta-se a beleza!

35
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Aprenda a olhar para o céu e ver a beleza dele; a ver a


beleza de uma árvore, de um pássaro, de uma obra de
arte. Tanto as belezas naturais quanto as do engenho
humano são fundamentais para te organizar.

Estar organizado significa que a parte superior do seu


mundo interior aparece. Então quando você quer colo-
car no papel seus planos de vida e faz o exercício de
contemplar a beleza, os exemplos de beleza, de ordem,
de coisas superiores, começam a aparecer também na
sua cabeça, e isso serve de alimento para que você pos-
sa escrever coisas que de fato façam sentido.

Se você não tem nada disso na sua cabeça, se não tem


a beleza no seu espírito, vai prevalecer o movimento de
confusão, de carência, ambiguidade, próprio da sensi-
bilidade e da afetividade.

Essa é a coisa mais óbvia do mundo.

A afetividade tem sempre medo de perder aquela coisa


gostosa que ela possui: se você tem conforto material,
tem medo de perdê-lo.

Assistam ao documentário do Roger Scruton, Why Be-


auty Matters?, para entenderem melhor do que estou
falando.

A coisa é simples. Você quer ter constância nos projetos,


nos planos, em todos os domínios: exponha-se à beleza
com frequência. Você vai ver como a sua vida vai mudar.

36
#14 | 01 a 05/04 | 2019

Tenha livros de obras de arte perto de você; lembre-


-se de olhar para o céu para contemplá-lo; olhe para a
chuva, para as nuvens, para um relâmpago. Olhe para
o que está fora com um certo olhar bobo, percebendo
como a coisa é bonita mesmo.

Não complique a guerra. Olhe para as coisas maravi-


lhosas que estão aí à disposição. Estamos expostos à
feiúra o tempo todo, à desordem, à desorganização.
Procure as coisas belas e aprenda a se preencher pela
beleza! Isso é fundamental.

37
#14 | 01 a 05/04 | 2019

@italomarsili
italomarsili.com.br

38

Você também pode gostar