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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER

Curso de Bacharelado em Jornalismo

LEOSMARA SATURNO DE QUADRA

A ABORDAGEM DO JORNALISMO CULTURAL MUSICAL NO WEBSITE


DA REVISTA ROLLING STONE BRASIL EM 2022

CRICIÚMA
2023
LEOSMARA SATURNO DE QUADRA

A ABORDAGEM DO JORNALISMO CULTURAL MUSICAL NO WEBSITE DA


REVISTA ROLLING STONE BRASIL EM 2022

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial
para obtenção do grau de bacharel em
Jornalismo ao Centro Universitário
Internacional UNINTER.

Orientador: Prof. Dr. Guilherme


Carvalho
CRICIÚMA
2023
RESUMO

Esta pesquisa traz consigo a análise e estudo comparativo sobre o jornalismo cultural
na revista Rolling Stone Brasil, acerca das edições do ano de 2018 e as matérias do
website no ano de 2022; além de características sobre a cobertura de artistas e música
nacional ao longo dos anos propostos. Tem-se como objetivo neste projeto de pesquisa
acrescentar conteúdo referente à revista Rolling Stone no Brasil e o modo como aborda
os artistas e obras da cultura brasileira, bem como constatar as principais mudanças da
revista mensal impressa para a digital. A RS tornou-se ao longo das décadas um
importante veículo cultural, ressaltando sempre a rica pluralidade cultural existente em
nosso país, tornando os seus leitores fiéis a revista. O grupo Spring de Comunicação
anunciou em 2018 o encerramento das versões mensais impressas, seguindo com o
conteúdo online no endereço web da revista. A metodologia adotada para este projeto
de pesquisa consiste na revisão bibliográfica com o viés exploratório descritivo e
análise de conteúdo das reportagens de jornalismo musical e como se desenvolveram
ao longo do ano de 2022.
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo; Jornalismo brasileiro; Rolling Stone; Revista;
Jornalismo cultural; Cultura.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÂO......................................................................................... 06

2 METODOLOGIA...................................................................................... 09

3 JORNALISMO CULTURAL..................................................................... 13

3.1 O JORNALISMO DE REVISTA............................................................. 13

3.2 JORNALISMO DIGITAL........................................................................ 17

4 REVISTA ROLLING STONE................................................................... 19

4.1 PERCURSO HISTÓRICO..................................................................... 19

4.2 REVISTA DIGITAL ROLLING STONE BRASIL.................................... 21

REFERÊNCIAS........................................................................................... 27

ANEXOS...................................................................................................... 29
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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem por interesse abordar o jornalismo musical brasileiro


através da revista Rolling Stone Brasil, a partir da análise e estudo das matérias
na sessão “Música” do website, que contém as principais notícias sobre artistas
musicais e suas obras, no ano de 2022. A ideia inicial de pesquisa é acrescentar
estudos de como o jornalismo musical é retratado por meio desta revista na
versão website. Deste modo, a questão norteadora do trabalho é: Como o
jornalismo musical brasileiro e estrangeiro é retratado nas matérias da sessão
“música” no website da Revista Rolling Stone Brasil no ano de 2022?
A revista Rolling Stone surgiu nos EUA em novembro de 1967, por obra de
Jann Wenner e Ralph J. Glason. Segundo Drapper (1991) inicialmente as edições
dedicavam-se ao rock’n’roll e o comportamento jovem, coincidindo com o
movimento contracultural, imposto em 1960 por jovens “rebeldes” que
contestavam as normas e padrões estabelecidos socialmente, tornando uma
aproximação favorável com os leitores da época. De acordo com Pereira (1992, p.
45), nesse período “os jovens viam aliança entre arte, comportamento e
contestação sobre uma nova possibilidade de expressão e sustentação da sua
identidade”.
A revista Rolling Stone ou “RS”, chegou ao Brasil em 1971, durante
ditadura militar e em apenas 36 edições a revista em sua versão brasileira faliu,
retornando apenas em outubro de 2006 pela editora Spring Comunicações,
trazendo nessa primeira edição uma foto da top model Gisele Bündchen na capa.
As reportagens da sessão “Música” serão analisadas conforme a sequência
de publicação ao longo do ano de 2022, relacionando-as às características do
jornalismo musical presente na revista digital. Deste modo, ao estudar as
estratégias narrativas da RS nas reportagens, buscaremos identificar a existência
ou não de um padrão textual na construção das matérias e o modo como
abordam o jornalismo musical ao longo do ano proposto, realizando uma análise
de diferentes gêneros musicais e o modo como são descritos.
As hipóteses a ser desenvolvida nesta pesquisa diz respeito a forma como
a revista Rolling Stone Brasil abordou o jornalismo musical na sessão “Música” no
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website e quais são as características narrativas utilizadas para abordar os


diferentes gêneros musicais nas matérias da sessão em questão.
A pesquisa é constituída pela análise das publicações do website, na
sessão “Música” de janeiro a dezembro do ano de 2022. A monografia tem como
objetivo principal analisar as narrativas e características de cobertura jornalística
musical entre os diferentes gêneros musicais brasileiros presentes nas matérias e
se há distinção entre elas. Os objetivos específicos da presente monografia são
avaliar a RS como revista de jornalismo cultural musical; desenvolver uma
pesquisa sobre as características narrativas dos diferentes gêneros musicais
brasileiros descritos nas matérias do ano proposto; refletir sobre a cobertura da
música nacional na revista e no jornalismo cultural atualmente no website da
revista e o modo como ela é retratada em comparação a música estrangeira.
O estudo neste projeto de pesquisa se justifica pela oportunidade de
acrescentar conteúdo referente à revista Rolling Stone no Brasil e o modo como
esta aborda a cultura musical brasileira em suas publicações digitais no ano de
2022.
A análise histórica é importante para compreender a revista Rolling Stone
e que o era a princípio noticiado na mesma, desde a sua criação até a sua vinda
para o Brasil. Acredita-se que o objeto tem muito a acrescentar para os estudos
do jornalismo cultural musical e o modo como este é abordado e narrado pela
revista no país, pois há uma pluralidade de gêneros musicais brasileiros.
O primeiro capítulo desta monografia trata do conceito de jornalismo
cultural e jornalismo de revista, sendo abordado também o jornalismo digital. A
cada ano, o jornalismo se reinventa. Nos dias de hoje, quase não se acham mais
bancas de jornal ou se vê alguém sentado, lendo uma revista. As redes sociais,
tais como Facebook e Instagram, facilitam ainda mais essa absorção de
informações e notícias através da web. A revista digital da RS é um exemplo
desse consumo digital, pois, além do website, conta também com as redes sociais
para propagar os conteúdos mais recentes publicados na plataforma.
No segundo capítulo desta monografia, será abordada a história e trajetória
da Rolling Stone, desde sua criação no ano de 1967 até o ano de 2022. Com o
passar das décadas, outros estilos musicais além do rock começaram a integrar
as páginas da RS brasileira, como MPB, POP, Funk, entre outros. Após a última
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edição impressa, a revista se reinventou e passou a produzir conteúdo


integralmente online.

2 METODOLOGIA

A metodologia aplicada nesta monografia consiste na revisão bibliográfica


com o viés exploratório descritivo, em conjunto com a análise de conteúdo das
matérias, de janeiro a dezembro de 2022, focando na sessão “Musicas” da revista
online as quais se propõe este estudo, associando-as ao método de abordagem e
narrativa musical da revista no Brasil. Segundo Gil (2002, p. 44), “[...] a pesquisa
bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos”.
O corpus desta pesquisa é constituído pela análise das publicações online
no ano de 2022, na sessão “Música”, compostas por 12 publicações destaques,
referentes aos meses de janeiro a dezembro. As matérias selecionadas são bem
diversificadas, contendo artistas brasileiros e estrangeiros pertencentes à velha
geração e a nova geração. Esses artistas são: cantores (carreira solo ou banda),
atores e apresentadores. E é o modo como são retratadas essas personalidades
que buscamos compreender o jornalismo praticado pela revista Rolling Stone.
Com o fechamento do corpus neste período, está presente a diversidade do
mundo artístico, a qual a RS trabalha buscando agradar e atrair cada vez mais
leitores e deixando de ser uma revista que aborda somente um estilo específico
de música, principalmente de rock, para tornar-se uma revista de gêneros plurais.
Serão analisados artigos e periódicos científicos que se trata do objeto de
pesquisa, a fim de averiguar a mudança de estilo da revista em se tratando de
jornalismo cultural e a relação de abordagem para com a indústria musical
brasileira (artistas e obras). Acredita-se que esta pesquisa terá um real significado
em meio científico e contribuirá para a análise de um dos maiores veículos de
consumo cultural. A Rolling Stone Brasil vem se modificando ano após ano para
agradar ao público em geral, e expressa esses ideais por meio da diversidade de
notícias e conteúdos diversificados.
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REPETINDO NOVAMENTE: REVER O QUE ANOTEI ANTES. A


METODOLOGIA ESTÁ MUITO POBRE. PRECISA TRAZER REFERÊNCIAS
SOBRE O PROCEDEIMENTO DE ANÁÇISE QUE IRA ADOTAR EXPLICANDO O
QUE É, COMO SE APLICA E COMO VOCÊ APLICARÁ EM SEU TRABALHO.
PRECISA JUSTIFICAR AS ESCOLHAS. SEM ISTO NÃO PODERÁ
PROSSEGUIR PARA BANCA

3 JORNALISMO CULTURAL

Jornalismo Cultural “é a área do jornalismo que se dedica à cultura local


de uma determinada região, entretenimento e indústria criativa. O gênero abrange
produtos culturais e expressões artísticas, como a música, literatura, cinema,
design, teatro, dança, entre outros.’ (FEARSTHONE, 1995, p.182).
As primeiras coberturas de cultura surgiram no século XVIII na França,
onde foram lançados os primeiros panfletos literários e revistas voltadas,
inicialmente, para o público feminino da época. Neste capítulo será abordado o
jornalismo de revista é o jornalismo digital, indicando suas principais
características e análises levando em conta a revista estudada nesta pesquisa.
REPETINDO: O QUE SERÁ APRESENTADO NO CAPÍTULO?

3.2 O JORNALISMO DE REVISTA

Ao pensar sobre o jornalismo feito em revista atualmente, suas


características e suas dinâmicas, iremos analisar a RS como uma revista que,
desde 2018, tornou-se exclusivamente online.
Apesar do conceito de variedade ser o primeiro a definir as publicações
no formato de revista, o formato pode também se apresentar com caráter
multitemático, em que um mesmo título pode reunir diversos assuntos. Hoje,
este tipo de revista é chamado de revista de interesse geral. (CORREA, 2005).
11

REPETINDO: PODERIA APROFUNDAR MAIS AS CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO DE


REVISTA

3.2 JORNALISMO DIGITAL

O jornalismo digital representa uma evolução tecnológica ao longo das


décadas. O jornalismo nas redes é totalmente recente, e especialmente na
Internet, é um fenômeno relativamente recente, e o estudo do jornalismo digital
(também conhecido por jornalismo online, ciber jornalismo, jornalismo interativo e
jornalismo multimídia) não obteve a atenção de estudiosos e profissionais da área
de comunicação até o início dos anos 90. Atualmente, os sites de notícias
passaram não somente a reproduzir o conteúdo divulgado em sua versão
impressa, mas também a disponibilizar informações adicionais sobre o assunto
que não incluídas na versão impressa ou, informações complementares como por
exemplo: vídeos, animações, entre outros recursos multimídia; pois o meio digital
propicia a vantagem de produzir e distribuir conteúdo de forma rápida e precisa a
fim de “fidelizar” o leitor e consumidor, e com isso, despertar o interesse e
participação.
O jornalismo online tem o poder de levar elementos das mídias tradicionais
(jornais, revistas e televisão), e torná-los um produto novo e único, carregando os
aspectos positivos das mídias já existem. Porém, com a facilidade de circulação
dessas notícias há também os lados negativos, como as fakes news. No Brasil,
com o surgimento do jornalismo digital surgiu na década de 90 e desde então, a
cada dia, vem ganhando mais espaço no âmbito cultural e jornalístico.
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4 REVISTA ROLLING STONE BRASIL

O QUE SERÁ APRESENTADO NO CAPÍTULO?

4.1 PERCURSO HISTÓRICO

A revista Rolling Stone surgiu nos Estados Unidos na década de 60. De


acordo com Pereira (1992, p.45), nesse período “os jovens viam na aliança entre
arte, comportamento e contestação uma nova possibilidade de expressão e
sustentação de sua identidade”.
A revista surge nesse contexto e, já na primeira edição, Jann Wenner
escrevia que a Rolling Stone não era apenas uma revista de música, mas “sobre
as coisas e atitudes que a música envolve”. A frase virou quase um slogan da
revista. Embora a revista tenha surgido na época da Contracultura e tivesse
dedicado suas primeiras edições a fatos ligados a este movimento, nos anos 70
observa-se um recuo de todas essas manifestações. Não obstante, a revista
consegue firmar-se junto ao público jovem no decorrer dos anos 1970, não sem
mudanças. “Em 1977 a revista mudou sua sede para Nova York, para ficar mais
perto das agências de publicidade e deixou a contracultura para trás, adotando
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padrões jornalísticos mais tradicionais e evitando as políticas radicais do


jornalismo underground”. (ROLLING STONE BRASIL, 2011, p.94)
Na década de 2000, para sobreviver à competição no mercado de revistas,
a RS reinventou-se, focou num público com faixa etária menor, com conteúdo
voltado para questões como sexo e comportamento e pautas ligadas ao universo
da TV e do cinema. Estas mudanças editoriais geraram críticas dos leitores, que
acusaram a revista de decadência com relação à qualidade das reportagens e de
relegar o tema da contracultura a um “tabloide superficial”, dando mais ênfase
para o estilo do que para o conteúdo. Desde então, a Rolling Stone busca mesclar
um estilo tradicional, para atender ao público antigo, com um olhar para a
contemporaneidade.
No país, a revista RS está presente desde 1971, quando, em plena
ditadura militar, Luís Carlos Maciel conseguiu os direitos de publicação no país.
Mas a experiência com a revista teria vida breve, durando 36 edições e deixou de
circular por questões financeiras. Em outubro de 2006, a revista retornou ao Brasil
pelas mãos da editora Spring Comunicações, trazendo em sua capa a top model
Gisele Bundchen, ícone do mundo da moda. Mostrando aproximação com o
público leitor do país. A Rolling Stone ganhou assim sua “versão brasileira”,
obedecendo aos formatos e padrões norte-americanos, mas com a inclusão de
artistas e músicos brasileiros e abordagem de temas da política nacional. Hoje, a
RS se autodefine como “a maior revista de entretenimento do mundo e de
sucesso instantâneo no Brasil”, e “uma das principais referências nos assuntos do
mundo pop”, seja o assunto música, TV, moda, cinema, tecnologia ou política.
Sua tiragem nacional é de 85 mil exemplares e seu público soma o total de 268
mil 46 leitores no Brasil. A revista atribui sua audiência devido ao desempenho
desenvolvido no trabalho e fatores como: paixão, irreverência e ousadia.
(ROLLING STONE BRASIL, 2011, p. 94)
Em se tratando de sua edição impressa, de acordo com a RS (2011), a
revista era sustentada por quatro editoriais fundamentais distribuídos
aproximadamente em 130 páginas no formato de 30,5 cm de altura por 25,5 cm
de largura. São estes:
Música e Cultura: perfis de artistas e personalidades, matérias e artigos
sobre estilos musicais, cinema, televisão, literatura e outras mídias.
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Comportamento: ensaios e matérias sobre estilo de vida, tendências, sexo e


atualidades.
Tecnologia: internet, videogames, interatividade, comunidades sociais e
outras novas mídias. Moda: estilo, consumo e ensaios fotográficos focados em
tendências nacionais e internacionais.
Consumo e Mercado: resenhas de lançamentos de novos produtos nos
mercados brasileiro e internacional, por meio da seção “Guia Rolling Stone”,
sempre localizada no final da revista. História: a seção Arquivo RS resgata
algumas das reportagens clássicas publicadas ao longo de mais de 40 anos de
Rolling Stone norte-americana.
Crítica sociopolítica: matérias, discussões e análises sobre política nacional
e internacional, denúncias, investigações, acompanhamento crítico do Governo,
segurança, cidadania, terrorismo, crime organizado, tráfico de drogas, ecologia,
distribuição de renda, entre outros temas.
De acordo com os dados fornecidos pela editora, o perfil do leitor da revista
Rolling Stone se constitui em 60% do sexo masculino e 40% do sexo feminino;
idade entre 20 e 29 anos: 38%, 30 a 39 anos: 22% e acima de 40 anos: 9%;
classe social: 77% A e B. Embora, a revista demonstre atrair um público mais
velho, seu público é jovem e a própria RS se caracteriza como uma revista da
cultura jovem. A “Rolling Stone vai além de apenas tirar a pulsação da cultura
jovem. Rolling Stone é o pulso da cultura jovem”. (ROLLING STONE BRASIL,
2011, anexo, p. 95).

Posicionando-se como uma revista de entretenimento, a RS procura


mesclar artistas da nova geração com figuras consagradas do cenário da música
pop e rock para agradar o público jovem e os seguidores da “velha, jovem
guarda”. Portanto, acreditamos que, a partir desses dados históricos e recentes
da revista, e de sua trajetória no Brasil, podemos conhecer o perfil do leitor e da
revista Rolling Stone, o que será de grande auxílio na busca da identificação
sobre alguns aspectos do Jornalismo Cultural praticado pela revista.

4.2 REVISTA DIGITAL ROLLING STONE BRASIL


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A internet, do ponto de vista da mediação, tem alterado a relação entre


produtor, público e conteúdo, diminuindo a fronteira entre esses personagens,
alterando os papeis entre editor e receptor e, o principal, horizontalizando a
comunicação neste meio (JENKINS, 2009). No contexto do jornalismo
especializado em música, e possível perceber como a internet e as suas
ferramentas comunicacionais interferiram em toda a cadeia de produção e de
consumo da indústria fonográfica. Isso porque:

A internet favorece o contato direto entre quem produz/fornece


música e quem está interessado em consumi-la, mas mesmo
assim não o faz livre da opinião e filtro de processos de
intermediação. Plataformas como a iTunes Music Store e Last FM
oferecem faixas e álbuns seguidos de críticas que são feitas por
especialistas e pelo próprio público. (JANOTTI JR; NOGUEIRA,
2010, p.5)

No que diz respeito a crítica musical na era da internet, podemos observar


que, desde a primeira crítica publicada nas páginas da Rolling Stone, na década
de 60, nos Estados Unidos, até atualmente, o seu modo de fazer também se
alterou. Antes restrita a permissão de um editor e a edição deste para que a
crítica fosse publicada em alguma revista especializada no tema, hoje, com as
redes sociais na internet, grupos de discussões virtuais e os blogs, qualquer
pessoa, jornalista ou não, pode fazer a sua crítica e publicá-la nas redes.

Nesse sentido, a crítica musical, seja aquela realizada pelo


jornalismo cultural, ou em nossas práticas cotidianas, através de
bate papos, blogs, sites de relacionamento, plataformas de
consumo musical, etc., desempenha um importante papel nas
relações de produção de sentido de nossas experiências diante
da música. (JANOTTI JR; NOGUEIRA, 2010, p.2)

Mas não foi somente o jornalismo especializado em música e a crítica que


se modificou com o advento da internet e suas plataformas online de edição e
publicação. Para Doria (2009), o público também modificou a maneira como se
relaciona com o jornalismo musical, já que as pessoas passaram a ser
alimentadas por inúmeras escolhas do que quer ouvir, qual faixa quer ouvir, como
quer e quando quer ouvir. Segundo o autor, como essas possibilidades de
consumir música foram permitidas somente com o fluxo da internet,
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provavelmente, essa já seria a maneira como o público queria consumir, apenas


não tinha escolhas antes. Agora não é preciso mais comprar um álbum completo
e nem ouvir faixas inteiras, pois é possível navegar ouvindo trechos e pulando
para a próxima música. A próxima música, por sua vez, por ser indicada pelo
próprio site ou checando os comentários de outros usuários.
Trata-se de um “processo completamente diferente da organização da loja
de discos, onde rock nacional está separado do rock internacional, que não se
mistura com jazz ou clássico” (DORIA, 2009). Outra questão a se pensar neste
cenário atual é o valor da música para o público com o advento da internet. Vários
autores (DORIA, 2009; JANOTTI JR; NOGUEIRA, 2010; JENKINS, 2008)
apontam também a possibilidade do público de se conectar com outros fãs e com
o próprio artista, seja referente à música ou a filmes e outras produções. Janotti Jr
e Nogueira (2010), ao refletirem sobre, apontam para a lógica do “banco de
dados” criada por sites de conteúdo como o Wikipédia, fazendo com que não se
escutem mais músicas sem saber todos os detalhes referentes ao artista ou
banda. Tal mudança no acesso à música e a toda informação que a envolva tem
alterado, para os autores, o consumo cultural, refletindo nas características dos
julgamentos de valor sobre a música.
Sobre a cultura, é preciso pensar sobre a questão central deste novo
panorama social construído pelo advento da internet: a própria tecnologia é um
produto cultural. Assim, como afirma Doria, a tecnologia não mudou a cultura,
mas permitiu que o público buscasse o que queria originalmente. Concordamos
com o autor, mas levantamos ressalvas quando ele afirma que, anteriormente a
internet, o público se dirigia ao consumo de massa por causa das poucas músicas
a disposição nas lojas de discos e, atualmente, com o aumento das opções,
“pessoas diferentes escolherão ouvir músicas diferentes” (DORIA, 2009). Por fim,
assim como Doria (2009), este trabalho também entende que o mundo pós-
industrial e inserido na era da internet é um mundo de micro nichos.
Pensada a internet enquanto produto cultural e enquanto nova plataforma
de produção e distribuição dos produtos ligados ao universo musical, precisamos
agora discorrer sobre a internet enquanto suporte para o jornalismo. É comum
que inovações tecnológicas modifiquem o ambiente do fazer jornalismo ao longo
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da História. Sabemos que em 1840, com o advento do telegrafo, a notícia teve


sua estrutura modificada. O século XIX foi quando o jornalismo tomou sua forma
definitiva: “As novas feições dos jornais – que passavam a se tornar empresas
dentro do modo capitalista de produção – resultaram em consequências no texto
jornalístico e tiveram também grande influência das inovações tecnológicas”
(CAPRINO, 2002, p.20 apud FONTCOUBERT 1980). No século XX, o surgimento
do correio eletrônico também interferiria na produção noticiosa. No século XXI, o
advento da internet interfere mais uma vez no modo de fazer, mas também agora
houve interferência na divulgação e recepção das noticiais.
Segundo Costa (2008), o espaço do jornalismo torna-se incerto com as
redes horizontais características da internet, uma vez que com a reorganização do
espaço comunicacional, as notícias deixaram de ser propagadas apenas pelos
meios convencionais de comunicação. Além disso, os novos hábitos de consumo
de informação também fazem com que os meios convencionais tenham
dificuldade em identificar o público das redes horizontais:

Se esse espaço se dilui dentro de um mercado milionário, cabe a


pergunta se resta ainda uma dimensão pública,
independentemente do mercado. Enquanto as novas redes
horizontais de comunicação trazem novos hábitos de consumo e
formas de atuação política, altera-se o espaço do debate público e
o lugar do jornalismo torna-se momentaneamente incerto. Sua
função social de mediar o trânsito de ideias encontra-se numa
fase de rearranjo, cujo alcance não somos capazes de projetar.
(COSTA, 2008, p.10 apud BUCCI, 2008)

Sobre a segmentação no ambiente virtual, para Palacios, “Na Internet há


uma clara Potencialização da Personalização, pois ela volta-se agora para
indivíduos e não para públicos segmentados. Raciocínio semelhante pode ser
estabelecido com relação às outras características do Jornalismo Online” (2003,
p.4). A questão sobre delimitação do público na internet dos meios de
comunicação, no caso do jornalismo especializado em música, para Janotti Jr e
Nogueira (2010) está associada a interrelações entre valores/gostos de seus
leitores. Essa inter-relação faz do consumo musical um lugar de diferenciação, o
que reforça os laços culturais entre consumidores de nicho e a distinção dos
produtos editoriais.
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Percebemos que se é preciso estar atento ao fato de que, antes


de ser condicionada pelos índices de vendagem ou pela
popularidade, boa parte da imprensa musical obedece a inter-
relações entre valores/gostos de seus possíveis leitores,
demonstrando a força do consumo musical como lugar de
diferenciação. Isso reforça os laços culturais entre consumidores
de nicho, distinção dos produtos editorais e valoração estética dos
produtos musicais. (JANOTTI JR; NOGUEIRA, 2010, p.6)

No caso do nosso problema de pesquisa, a Rolling Stone Brasil, a questão


de segmentação de assuntos por consumo musical dos leitores parece ser mais
complexa que este panorama, apresentado por Janotti Jr e Nogueira, uma vez
que a versão brasileira da revista traz resenhas, críticas e entrevistas tanto de
artistas da pop music, como Ivete Sangalo e Claudia Leite, como de artistas
independentes como Macaco Bong, Criolo e Emicida. Em muitos casos, esses
perfis diferentes convivem em uma mesma edição. Este ecletismo nos assuntos
relacionados a música, contudo, precisam encontrar um ponto de equilíbrio:

Um dos grandes desafios da crítica musical seria encontrar um


ponto de equilíbrio entre os juízos de valor sobre produtos de
grande vendagem, produtos de circulação diferenciada e uma
abordagem dos aspectos comerciais e estéticos que marcam toda
produção da indústria da música. (JANOTTI JR e NOGUEIRA,
2010, p.9).

Na primeira edição da Rolling Stone, o jornalista no cargo de chefe de


redação era Luis Carlos Maciel, conhecido pelos seus textos no O Pasquim e
apelidado como “guru da Contracultura”. Mas a revista durou apenas dois anos e
36 edições, voltando ao mercado brasileiro somente em 2006. A versão brasileira
que conhecemos hoje da Rolling Stone pouco tem a ver com a primeira publicada
no país por causa da distância que foi criada com a versão original. Segundo
trecho de texto escrito pelo próprio Maciel publicado na Rolling Stone Brasil anos
mais tarde, o jornalista explica o porquê desse distanciamento:

Mas desde o número 34, algo de estranho estava


acontecendo. “A RS americana cobrava royalties
que nunca foram pagos. Depois de não sei
quantos meses, eles pararam de nos mandar
material – fotos e textos que vinham todas as
quinzenas. A partir daí, tínhamos que
simplesmente roubar – o que não nos
incomodava, pois éramos alternativos e
acreditávamos na propriedade coletiva de tudo.
Por ideia do Lepi [ilustrador e editor de arte] ou do
19

Joel Macedo ou de ambos, a confissão ‘pirata’


começou a aparecer abaixo do logotipo. A
pirataria era um valor positivo na contracultura”,
diz Maciel. (ROCHA, 2006 apud MACIEL)

Com a volta da publicação ao Brasil, em 2006, dessa vez legalizada, a


primeira cara da Rolling Stone Brasil foi a modelo Gisele Bundchen e com o título
A maior popstar brasileira. Segundo o editor da revista na entrevista feita para
esta monografia, “Essa foi a forma encontrada pela Rolling Stone de avisar seus
leitores sobre sua linha editorial” (MIYAZAWA, 2012).
Sobre o surgimento do site da revista no Brasil, ao contrário de quase
todas as publicações tradicionais presentes no Brasil, a Rolling Stone Brasil teve o
aparecimento do seu site em 2007, apenas um ano após o lançamento da versão
impressa. Na entrevista realizada, o editor Pablo (ROLLING STONE, 2011, p. 95)
conta que a ideia inicial era a de trazer a revista para o Brasil junto com o site,
mas isso não aconteceu por questão editorial: foi escolhido consolidar primeiro a
versão impressa no mercado nacional. Alcançados os números de mercado, um
ano depois foi lançado o site, hospedado como www.rollingstone.com.br, com
matérias que seguiam a mesma linha da irmã impressa e era mantido pelos
mesmos jornalistas da revista.
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comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2002.

Edições da revista Rolling Stone Brasil, disponível em


https://rollingstone.uol.com.br/edicoes/144. Acesso em: 25 de jul.ho de 2023.
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ANEXOS

Printscreen do Website da revista no ano de 2022

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