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O velóri o e o fun er al p os su em um p ap el fu ndamental

n o mo do como a p ess o a s e des p ede de algu ém, e ini -


Fases do luto ci a o s eu pr o cess o de luto . Es te é u m momen to qu e

aj u da à con s ci en ci aliz ação de qu e uma p ess o a morr eu

A f or m a co m o a c r ian ç a re a ge p e ran te a m o rte ( c on ce i to e per mi te que, n es tes pri meir os mo men to s de lu to ,


ab st r a ct o e q u e c or re sp o n de a gr an d es fa n t as ias e m o ci o- u ma p ess o a s e sin ta ap oi ada e aco mp an h ada n a su a
n ai s) n ã o é mu it o dis t in t a d a f o r ma c o m o l id a c o m ou t ras
p erd as , a in ten s id ad e é q u e p o de d if er i r b ast an te . Ap es ar
do r, e n a desp edi da de qu em ama. É i mpor tan te qu e
Luto na infância
de n ã o s er e m r í gi das , e de c ad a cr ian ç a ou mes m o u m a cri an ça s eja en vo lvi da n a to mada de deci s ão de as -
adu lt o s er “u m mu n d o” , é p os sí v el , de u m a fo r m a g er a l, si s tir o u n ão ao fun er al, b em co mo a de ver o mo rto “Como explicar a morte às crianças”
ve r if i c ar - se a ex ist ên ci a de f as es dis t in t as n a f o r ma c o mo
o u n ão ( salvag uardan do s empr e que o def un to não
se l id a c o m o lu t o :
es tej a em con di ções cap az de cho car a cri an ça) . O

1) Choqu e — c on ju n t o d as re a c çõ es in i ci a is fa c e a o des ej o da cri an ça ter á de s er s empr e u m factor a ter


c on h e c i men t o d a p er da d o ob j e ct o s i gn i f i ca t i vo . O t ip o
em consi der ação n o mo men to da tomada de deci s ão ,
de re a c ç ões va r ia mu it o de c ri an ç a p ar a cr i an ça , p e lo
q u e se r á d e e sp e ra r o m a is v a ri ad o t ip o de c o mp or ta-
s en do fun damen tal acei tar a s u a von tade e ap oi á -la.

me n t os; É, também, mui to i mp or tan te ter em con ta a maturi -


2 ) P r o t e s t o / N e g a ç ã o — a cr i an ça sen te dú v id as e d i fi- dade da cri an ça.
cu ld ade s e m a c ei ta r a p er da . De f or m a in c on s c ien te , e ste
A mor te, a per da de algu ém qu e
me c an is m o de d e fes a f az c o m q u e a c ri an ç a n ã o en ca re
ou p r o cu re n ã o en c ar ar o su ce di do; s e ama e o p erí odo de lu to cor -

3) Desorganização/Depressão — A si tu a ç ã o c o m e ça r es p ondem a u m do s pr o cess os


a en c ar a r - se co m o i rr ea l e ir re v ers í ve l . A c ri an ç a sen te - mais difí ceis , mas tamb ém mais
se fr eq u en te m en te t r ist e, p od er á p os su i r sen t i m en t os de
n atur ai s da vida hu man a.
cu lp a ( p r in cip a l men te se t i ve r men os de 6 an os) , an s ie da-
de, m ed o e i so l a men to . O seu d i a - a - d ia p od er á se r c a ra c-
ter iz ad o p o r al te ra ç õ es ráp id as de h u mo r , b e m c o mo
p el a ex i st ên ci a de c o mp or ta m en t os ag res si v os .
Gabinete de Apoio Psicológico
4 ) R e o r g a n i z a ç ã o / A c e i t a ç ã o — ap ós a d or d a p e rd a,
a cr i an ça c o me ç a ao s p ou co s a a ju st a r - se às mu dan ç a q u e
Saber mais… (GAP)
se su c ede r a m n a su a v id a . Ve ri f i ca - se u m re aju st a men to Reichlin, G. & Winkler, C. (2010). O guia de bolso para pais. Editorial
n a su a v id a, n o q u a l de ce rt a f o r m a ap r en d e a l id a r c o m a
Projeto “O mundo das crianças”
Bizâncio.
do r, m as n ã o a v i ve r p a ra e l a. Tel.: 231 416 085
Em Junho...“”O papel das emoções na aprendizagem” Email: gap@cspo.pt
www.cspo.pt
A Notícia  Para além do adulto falar, é
“Como explicar a morte às importante dar espaço à criança

 para que ela fale, se manifeste, e


crianças?” Não existe um guião do modo correcto de transmitir a
sinta que tem quem a oiça e a
notícia da perda a uma criança. Será sempre uma situa-
acompanhe na sua dor.
ção que requer flexibilidade, o uso da calma e muita
O ser humano é treinado desde a infância para não perder e, paciência. Prepare-se para ter que repetir, ou explicar de  A forma pela qual a criança agirá diante da morte é
ao invés de se trabalharem também as perdas, porque estas forma diferente, pois o que foi dito poderá ser questiona- particular de cada uma. A duração e intensidade dos
também fazem parte da vida (continuamente no nosso dia a do pela criança, ou até mesmo necessitar de aprofundar sentimentos dependerá tanto da sua personalidade
dia perdemos e ganhamos), acabamos apenas por incentivar mais detalhadamente do que estava à espera, se a cri- como do seu vínculo afetivo com a pessoa falecida. Não
as crianças a ganhar e a acumular ganhos.
ança assim o solicitar. falar da dor não significa não a sentir, e muitas vezes
Os pais protegem os filhos das frustrações, contudo perder é
 Há falta das palavras corretas para transmitir a notí- as crianças podem estar a sofrer e não lidar com a per-
fundamental para entender que na vida nada é permanente.
da de modo saudável. Para que isso aconteça é neces-
Na infância, perdemos jogos, objectos e até pessoas cia, pode-se procurar as melhores condições para o reali-
sário que a criança vivencie sentimentos de luto. Sentir -
(habitualmente os avós). Deste modo, a preparação para enca- zar. É aconselhável que quem fale com a criança lhe
se triste, num momento em que lida com uma perda
rar a morte de forma menos traumática é possível e começa seja próxima (por exemplo, no caso da morte de um pai,
significativa, é natural, além de terapêutico. É preciso
mesmo na infância. poderá ser aconselhável a mãe falar com a criança).
encarar a tristeza e a dor como parte integrante de todo
Facilmente um pai ou um educador, ao observar uma criança Mais do que palavras, conta que o que é dito o seja com
o processo ligado à experiencia da perda. As crianças
a brincar, verifica o elevado número de vezes que o tema mor- amor, e esse amor sente-se junto das pessoas que nos
devem ser encorajadas a falar sobre o que estão a sen-
te surge nas suas fantasias e brincadeiras. Esta é uma questão são mais próximas.
tir (sem muita pressão) para conseguirem elaborar as
que, muito precocemente, causa curiorisidade, interesse e  É fundamental que a criança se sinta apoiada e acom-
emoções, impedindo que o luto se mantenha indefinida-
medo às crianças, que a procuram explorar através da melhor panhada pelos que mais ama. Abraços, beijos, mimos, mente.
ferramenta que possuem para conhecer o mundo: o brincar. quando sentidos e aceites pela criança, serão sempre
A perda e o luto a ela associado, é uma experiencia quase  O facto de os adultos partilharem com os mais novos
bem-vindos.
inevitável no percurso de vida de uma pessoa. Para uma crian- os seus sentimentos, a sua tristeza, o choro, permite-
ça, a perda de uma pessoa significativa é quase sempre carac-
 A forma como se conta a notícia dependerá, também,
lhes sentirem-se mais confortáveis com o que sentem,
da criança, da sua idade, da maturidade e das questões e em partilhá-los com quem os rodeia, evitando-se as-
terizada de um turbilhão de sentimentos, para os quais não
que coloca. sim o esconder os sentimentos. O chorar e as tristezas
possui os mecanismos que permitam lidar com eles de forma
eficaz, e muito menos entendê-los. Daí a importância dos  Aconselha-se a utilização de uma abordagem direta, são salutares e são o primeiro passo para lidar e recu-
adultos que a acompanham e estão consigo nestes momentos sincera e honesta. Mentir, ocultar ou utilizar eufemismos perar a dor.
difíceis. Os pais, os familiares, os educadores, os professores e para a morte não é recomendado. A criança insegura
outras pessoas próximas podem ajudar, não só nos momentos com tudo o que se está a passar, só poderá ser prejudi-
próximos à causa da dor, mas em todo o processo de luto pelo cada pela desconfiança que resulta da descoberta de
qual a criança terá que passar. uma mentira por parte de quem ela ama e lhe deveria
transmitir segurança. Mais cedo ou mais tarde a criança
saberá a verdade dos factos e poderá sentir-se traída.

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