Você está na página 1de 184

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

MARCELLO CLIFFTON TOLENTINO

PROTESTANTES TAIWANESES EM SÃO PAULO

- a fundação da Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo -

um estudo de caso

SÃO PAULO

2017
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

PROTESTANTES TAIWANESES EM SÃO PAULO

- a fundação da Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo -

um estudo de caso

Marcello Cliffton Tolentino

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Religião da
Universidade Presbiteriana
Mackenzie, como requisito
parcial à obtenção do título de
Mestre em Ciências da Religião.
!

ORIENTADOR: Prof. Dr. João Baptista Borges Pereira

SÃO PAULO

2017
!

T649p Tolentino, Marcello Cliffton


Protestantes taiwaneses em São Paulo: a fundação da Primeira
Igreja Presbiteriana de São Paulo - um estudo de caso / Marcello

Cliffton Tolentino – 2017.


183 f. : il.; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade


Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017.
Orientador: Prof. Dr. João Baptista Borges Pereira
Bibliografia: f. 89-94

1. Protestantismo 2. Igreja Presbiteriana 3. Taiwaneses


4. Migração I. Título

LC BX9042.B66
À minha querida esposa Silvana e ao
meu filho Caleb, pelo apoio e motivação
incessantes durante essa longa
caminhada acadêmica."
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, o primeiro e mais importante em minha vida.

Agradeço por Suas bençãos, por ter me sustentado e permitido concluir este mestrado.

Agradeço à Universidade Presbiteriana Mackenzie pela oportunidade impar de

ampliar os meus conhecimentos no que tange às Ciências da Religião.

Agradeço aos professores do mestrado pela dedicação e comprometimento no

ensino. Em especial, gostaria de mencionar minha gratidão ao meu orientador, Prof. Dr.

João Baptista Borges Pereira, pelo apoio, dedicação e suporte durante o processo de

composição e finalização desta dissertação.


Quando vim da minha terra,
não vim, perdi-me no espaço,
na ilusão de ter saído.
Ai de mim, nunca saí.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
RESUMO

O movimento migratório taiwanês para o Brasil, na cidade de São Paulo, e a fundação


da Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo em 1962 são o foco de
estudo desta dissertação. É um estudo de caso dos cristãos presbiterianos taiwaneses
que migram e aqui se estabelecem fundando essa igreja. A base para a análise será no
campo da identidade étnica, tendo Roberto Cardoso de Oliveira como principal
referencial. A fim de entender esse movimento migratório e seus desdobramentos, o
processo para o estabelecimento no Brasil, as dificuldades enfrentadas, a fundação da
igreja e as transformações experimentadas na igreja desde então, vamos buscar
informações na história da China e Taiwan e, principalmente, nas memórias do povo.
Essa migração para o Brasil é uma história não contada, escassa de referências
bibliográficas. O intuito é contar uma história e escrevê-la a fim de preservá-la.

PALAVRAS-CHAVE: Taiwaneses no Brasil, Protestantismo de migração, Igreja


Presbiteriana, Religião e migração, China e Taiwan.
ABSTRACT

This paper is aimed at the study of migration among the Taiwanese people coming to
Brazil, to the city of Sao Paulo. It is a case study of a Christian community organized in
Sao Paulo and the foundation of a church here in 1962, the First Presbyterian Church of
Formosa of Brazil. The research was based in the field of ethnical identity according to
the proposals of Roberto Cardoso de Oliveira. In order to understand that migration
movement, its development, the difficulties and challenges faced and how the church
was organized we are going to study China and Taiwan history and rely mainly on the
memories of the people. Specific bibliography about the Taiwanese migrating to Brazil
is almost inexistent. We want to tell a story and write it so it will not be lost or forgotten.

KEY-WORDS: Taiwanese in Brazil; Protestantism and migration; Presbyterian church;


Religion and migration, China and Taiwan.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Comparativo do IBGE da população estrangeira e população


total no Brasil entre os anos de 1900 e 2000 .......................................... 29
LISTA DE FOTOS

Foto 1 Placa no interior da Igreja Presbiteriana Memorial Maxwell


em homenagem ao primeiro missionário presbiteriano
em Taiwan .............................................................................................. 30
Foto 2 Sr. e Sra. Yang, os taiwaneses presbiterianos
pioneiros no Brasil .................................................................................. 54
Foto 3 Igreja Presbiteriana de Changhua, em Taiwan, com
prédio de apartamentos para receber viajantes cristãos ....................... 83
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 Mapa de Taiwan ..................................................................................... 31


Ilustração 2 Mapa da China e Taiwan ........................................................................ 32
Ilustração 3 Capa da Revista O Immigrante .............................................................. 41
Ilustração 4 Cartaz da campanha japonesa de migração para o Brasil .................... 43
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Linha do tempo dos principais momentos da história de Taiwan ........... 37


Gráfico 2 Gráfico dos imigrantes que entraram no Brasil de 1808 a 1973 ............ 46
LISTA DE ABREVIATURAS

CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil


IPB Igreja Presbiteriana do Brasil
ISP Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo
KMT Partido Nacionalista Kuomintang
PCT Igreja Presbiteriana de Taiwan
ROC República da China
SUMARIO
!

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 14
CAPÍTULO 1 - A migração taiwanesa para o Brasil – o pano de fundo
para entender o movimento migratório ......................................................................... 25
1.1 Fatores de Atração e repulsão ........................................................................................... 26
1.1.1 Taiwan – breve história como fator de repulsão............................................................ 29
1.1.2 Aspectos históricos brasileiros como fatores de atração .............................................. 38
1.1.2.1 O Brasil e sua política migratória – um breve histórico ............................................39
1.1.2.2 O Brasil de 1950 a 1962 ...........................................................................................44
1.1.2.3 Liberdade religiosa ...................................................................................................46

CAPÍTULO 2 – A fundação da Igreja Presbiteriana de Formosa de


São Paulo como ícone do estabelecimento dos taiwaneses em São Paulo ................ 50
2.1 Taiwaneses presbiterianos no Brasil ...................................................................................50

2.1.1 Origens do presbiterianismo e chegada em Taiwan .........................................................50

2.2 Os pioneiros e suas famílias ................................................................................................53

2.3 A fundação da igreja ............................................................................................................55

2.3.1 Antes juntos que sozinhos em São Paulo .........................................................................57

2.3.2 A construção do templo e da identidade ...........................................................................59

CAPÍTULO 3 – As principais transformações até o cinquentenário da igreja ...............67


3.1 Transformações inevitáveis .................................................................................................68

3.1.1 As novas gerações ............................................................................................................68

3.1.2 A inserção da língua portuguesa ......................................................................................72

3.2 Fricção interétnica dentro da igreja ......................................................................................73

3.3 Congelamento e mudança litúrgica ......................................................................................77

3.4 Formando pastores no Brasil ...............................................................................................79

3.5 De diáspora ao transnacionalismo .......................................................................................81

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................85


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................89
ANEXOS ........................................................................................................................95!!
INTRODUÇÃO

Guardo com muito carinho em minhas memórias os quatro anos de contato


com uma comunidade taiwanesa na cidade de São Paulo, a Primeira Igreja
Presbiteriana de Formosa de São Paulo, no bairro da Liberdade. Convivi nesta
comunidade na condição de pastor convidado para trabalhar no ministério em língua
portuguesa, junto aos membros da terceira geração, cuja primeira língua é o
português, em sua maioria. Foi quando me interessei em estudar a cultura e a
história dos taiwaneses com quem estava tendo contato pela primeira vez. Aquele
encontro produziu muitas coisas, dentre elas, esta dissertação de mestrado.

Não é novidade para aqueles que me conhecem minhas experiências junto


comunidades migrantes. Eu mesmo já fui migrante nos Estados Unidos nos idos de
1990, quando ali estudava. Pude conviver com brasileiros, especialmente igrejas
cristãs de brasileiros, mas também coreanos e haitianos migrantes naquele país.
Minha própria história pessoal foi construída, em parte, por memórias migrantes.

Conhecer in loco um grupo étnico minoritário que compõe o tecido cultural


brasileiro foi uma experiência muito rica. Ouvir suas histórias, suas lutas, saudades e
sonhos foi um privilégio.

Meu primeiro contato com os presbiterianos taiwaneses em São Paulo se deu


em 2011, quando fui convidado para pregar nos cultos dominicais uma vez ao mês
por alguns meses, pois estavam sem um pastor para o ministério em língua
portuguesa. Acabei sendo convidado para ficar e ser o pastor desse ministério como
parte do corpo de pastores de 2012 a 2014. Como pastor convidado naquela igreja,
pois pertenço a outra denominação presbiteriana, sou ministro presbiteriano da
Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), pude me envolver em todos os aspectos da vida
ministerial da Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo. Eu batizei
jovens e crianças, celebrei a Ceia do Senhor [Eucaristia], preguei nos cultos
dominicais, preguei nos cultos em conjunto1 onde tive de ter ajuda de intérprete,
ensinei na Escola Dominical, participei do planejamento, das reuniões de liderança e
do conselho, viajei com a igreja para seus acampamentos, visitei lares, cantei com

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1
Cultos em conjunto eram cultos em que os 3 ministérios da igreja se reuniam ao mesmo tempo: o
!

suas crianças, fui às suas festas, os recebi na minha casa. Enfim, fui um com eles
durante aquele precioso tempo que estivemos juntos.

O próprio fato de eu, um não oriental, não conhecedor da cultura taiwanesa,


nem das línguas que falam ser convidado para pastorear o grupo de língua
portuguesa daquela comunidade como membro da equipe pastoral, já era motivo
suficiente para uma pesquisa de mestrado. Mas, foi no ano de 2012, meu primeiro
ano trabalhando oficialmente como pastor do ministério em língua portuguesa, um
ano muito especial para eles e para mim que o projeto desta dissertação nascia.
Aquele era o cinquentenário da fundação da Igreja em São Paulo. Sem eu mesmo
perceber, minha pesquisa estava sendo concebida ali. Ao buscar dados históricos e
detalhes de como foi a migração daqueles irmãos e irmãs na fé e entender sua
história, adaptação e inserção na cultura brasileira, não encontrei documentos
escritos, não encontrei livros cristãos ou seculares que contassem tal história, que
narrassem os desafios que enfrentaram. Havia, atas do conselho dos registros das
decisões através dos anos – escritos na língua taiwanesa – boletins com
testemunhos e narrativas breves de como tudo se deu, mas nada muito elaborado,
nem formalmente publicado. Descobri que estava diante de um achado, uma história
“não contada”, uma história guardada na memória de homens e mulheres que
vivenciaram aquela experiência migratória.

Então, a fim de entender mais e melhor como orientais protestantes de


Taiwan, a ilha Formosa, chegam ao Brasil e aqui se estabelecem e fundam uma
igreja presbiteriana nos anos 1960 e como essa igreja se torna um marco importante
para o processo de migração que se dá nos anos seguintes, foi que o projeto tomou
forma. Este estudo de caso, certamente, abrirá novos horizontes para outros
estudos sobre os taiwaneses, pois não tem a pretensão de ser exaustivo.

O desafio era, então, coletar qualquer material escrito que contasse a história
da migração dos presbiterianos para São Paulo, ouvir suas histórias/memórias e,
como em um quebra-cabeça, unir as peças para enxergar a paisagem que se
formaria. Foi o que pude fazer por mais de três anos imerso em um universo que eu
não conhecia, aqui mesmo, pertinho, dentro da cidade de São Paulo convivi com os
taiwaneses presbiterianos do Brasil numa empreitada, em certo sentido, semelhante
à de Malinawski nas Ilhas Trobiand, de Roberto Da Matta entre os Apinayés, de
Roberto Cardoso de Oliveira entre os Terena.

! 15!
!

Taiwan, a República da China, é uma ilha-estado que busca reconhecimento


de seu status de país, já teve este status e uma cadeira na Organização das Nações
Unidas, a ONU, mas não o tem mais. Desde então, busca tal reconhecimento, pois
se recusa a ser identificada com a República Popular da China.

Esta dissertação contém um aspecto de recuperação histórica da migração


taiwanesa para o Brasil (para a cidade de São Paulo), uma histórica não contada,
não publicada. O ponto de partida dessa observação é o religioso, a partir do estudo
de caso da fundação da Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo em 1962 no
bairro da Liberdade. O caráter diacrônico enfatizado aqui pressupõe um
levantamento breve da história de Taiwan como pano de fundo para entendermos
esse movimento migratório que culminou com a fundação da Igreja Presbiteriana de
Formosa de São Paulo, afinal, o discurso em nossas entrevistas e conversas mostra
que a motivação da migração tem laços com momentos significativos da história de
Taiwan.

Esta pesquisa abarca os estudos da área de religião e migração, tendo como


pano de fundo e recurso histórico, a memória de um povo. O projeto foi construído
com base na teoria identitária, tendo como principal referencial, Roberto Cardoso de
Oliveira em sua obra Identidade, etnia e estrutura social, afinal claramente se vê
uma preservação e resistência da identidade étnica taiwanesa no meio da sociedade
brasileira, na cidade de São Paulo mesmo 50 anos depois da migração e o
estabelecimento aqui marcados pela fundação da Primeira Igreja Presbiteriana de
Formosa. A fim de contemplarmos esse aspecto de recuperação histórica e com os
óculos da teoria identitária e o fato de não termos bibliografia específica sobre os
taiwaneses migrantes no Brasil, muita informação vem de uma fonte preciosa, as
memórias dos migrantes, suas histórias de vida, lembranças e fotografias do
passado. Sendo assim, quanto à memória, como recurso para construir a história,
pois “cada qual quer recontar e reencontrar a sua história” (PEREIRA, 2005, p. 105),
nos apoiamos em Jacques Le Goff com suas proposições quanto à memória e a
história, especialmente em sua obra História e Memória no que diz respeito à
memória preceder a história e sua grande importância: “a memória, na qual cresce a
história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir ao
presente e ao futuro” (1994, p. 477). Nesse trabalho de resgate da memória não

! 16!
!

somente as narrativas serão levadas em consideração, mas as fotos colecionadas,


guardadas que contam uma história sem palavras, mas comunicando muita coisa.

Não é necessário ir muito longe para perceber a carência do estudo


etnográfico dos taiwaneses no Brasil. Isso se vê logo quando da busca por
bibliografia à respeito do assunto. Os taiwaneses, frente a outros grupos migrantes
no Brasil, são uma minoria quase invisível, o que não significa dizer que não são
importantes. Pelo contrário, assim como italianos, japoneses e alemães que
migraram para cá, eles são importantíssimos no tecido que forma o povo brasileiro e
merecem ser estudados exclusivamente, como nos propomos aqui. Por que
migraram? Por que migraram para o Brasil? Como se estabeleceram aqui? O que os
motivou a fundar essa igreja? Que desafios enfrentaram? Como se transformaram?
Como sobreviveram, sobrevivem e sobreviverão como comunidade étnica no Brasil?
O que o futuro lhes reserva? Esta dissertação tem essas perguntas como linhas
mestras da pesquisa que conduziram a observação participante, entrevistas
individuais e pesquisa bibliográfica2 que, combinadas, levantaram a rica memória da
migração desse povo na tentativa de fazer uma caminhada histórica com os
taiwaneses desta igreja para entender quem são num universo de tantas etnias no
Brasil. Todo o processo de pesquisa vai se basear em observação participante e
entrevistas em forma de amostragem privilegiando 3 grupos: os fundadores da igreja
(há alguns fundadores ainda vivos), os filhos dos fundadores que nasceram em
Taiwan e chegaram ainda crianças em São Paulo e, os nascidos no Brasil. Vale
observar que uma das características básicas para uma boa pesquisa é a
proximidade e o distanciamento. A proximidade diz respeito aos quatro anos de
contato com a igreja, o distanciamento, foram os dois anos após ter me desligado da
igreja que comecei a escrever esta dissertação. Proximidade e distanciamento estão
combinados nessa pesquisa.

Esta dissertação faz parte de uma pesquisa ainda maior, o projeto de


pesquisa Etnicidade e identidade religiosa organizado pelo Dr. João Baptista Borges
Pereira que contém vários outros títulos3. Contudo, a riqueza das pesquisas está em

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
2
Observo aqui que a bibliografia encontrada e levantada foi de cunho histórico sobre Taiwan, da área
dos estudos etnográficos e migratórios em geral, não necessariamente sobre a migração para o
Brasil, tema praticamente não explorado em língua portuguesa.
3
Estação Armênia: exílio, fé e reconstrução de vida na capital paulista, de Sueli Aparecida Cardozo
Carvalhaes. Igreja Reformada Potiguara (1625-1692), a primeira igreja protestante do Brasil, de
!
! 17!
!

suas diferenças, mais do que em suas semelhanças temáticas que as une. Não
podemos simplesmente comparar uma migração de um povo com outra, como por
exemplo, os armênios que migraram para o Brasil e tiveram de reconstruir suas
vidas aqui por causa da guerra e os japoneses que vieram por razões totalmente
diferentes. Temos de ter o cuidado em não cair em um reducionismo ao tratar os
movimentos migratórios. Ainda que esta dissertação faça parte de um projeto maior,
cada movimento migratório de cada povo tem sua peculiaridade. Sim, vemos
comunalidades, mas isso não significa que podemos encará-las de forma genérica
ao conversamos sobre migração e etnicidade. Não queremos cair em clichés ao
tratar deste movimento migratório. Afinal, “poucos temas da história social do Brasil
se prestam tanto à difusão de clichês quanto o da imigração” (FAUSTO, 2005,
p.219). Que clichês são esses? O reducionismo do assunto migração, um
pragmatismo em lidar com ele ao relacionar, por exemplo, pizza com italianos, sushi
com japoneses – ou qualquer oriental -, donos de padaria com portugueses etc.
Essa generalização da identidade que acaba minimizando as peculiaridades das
etnias que fazem parte desse tapete cultural que é o Brasil. É uma generalização da
identidade que é naturalmente ou inconscientemente feita. Assim, o objetivo desta
dissertação não é tratar o tema proposto com generalidades, pelo contrário, ao
colocar em pauta os taiwaneses no Brasil dos anos 1960 (e até hoje), procura
mostrar que não podemos tratar a migração como um clichê, muito menos desprezar
as minorias étnicas, mas dar o devido tratamento à migração, principalmente agora
que o Brasil e o mundo assistem a grandes movimentos migratórios.

Migração, identidade e a religião: a importância da pesquisa

Migração é um tema que tem estado em alta desde o final do séc. XX e no


começo deste. Com certeza, um dos fenômenos mais comuns do mundo atual é o
contato interétnico por conta da migração, da globalização econômica, da
globalização da informação. É claro que esse fenômeno não é novo, pois migrar é
característica do ser humano de hoje e de sempre. O período das grandes
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Francisca Jaquelini de Souza Viração. Igreja Evangélica Árabe de São Paulo: inserção, estruturação
e expansão na adversidade-diversidade sócio-cultural da cidade de São Paulo (estudo de caso), de
Paulo A. Delage. Pomerano e luterano: com muita honra! identidade religiosa e identidade étnica em
Santa Maria de Jetibá no estado do Espírito Santo: um estudo de caso, de Gladson Pereira da
Cunha, entre outras.

! 18!
!

navegações contribuíram grandemente para a aproximação das culturas, porém


hoje, provavelmente mais do que em qualquer outra época, vê-se um movimento
migratório de enormes proporções, principalmente motivado por questões
econômicas, climáticas, belicosas – como se vê no que ocorre na Síria hoje – e,
também, simplesmente, em busca de uma vida melhor. Assim, o contato interétnico
é uma grande realidade social hoje e importante objeto de estudo, isto é, a
compreensão das relações que têm lugar entre indivíduos e grupos de diferentes
procedências “nacionais,” “raciais” ou “culturais” (OLIVEIRA, 1976, p.1) e suas
consequências para o mundo.

O movimento migratório taiwanês é muito interessante. Se pensarmos que se


deu principalmente nos anos 1960, uma década que marca o início de um longo
período complicado politicamente no Brasil, período do regime militar que toma o
poder e as rédeas do país. Esse período, que é um período de baixa migração, é
exatamente o período da migração taiwanesa para cá. Isso nos faz perguntar o
porquê, como, quais as causas. Assim como cada movimento migratório é
importante e peculiar, este também é, ainda que estejamos focando uma minoria
migrante. A fim de entendermos as causas dessa migração, lançamos mão da
teoria das forças de atração e repulsão de Everett S. Lee, assim como as
classificações dos movimentos migratórios de Charles Tilly.

Outra marca dessa dissertação é o aspecto religioso, que é fundamental, que


justifica o curso de Ciências da Religião. Nesta dissertação, religião é estudada em
relação com a migração, tendo como objeto de estudo uma igreja local fundada por
migrantes em São Paulo e composta por membros migrantes.

Podemos afirmar que a religião sempre esteve conectada de uma forma ou


outra com a migração, a identidade, a cultura, a língua etc. de grupos migrantes.
Alguns grupos religiosos migraram organizadamente com propósitos evangelísticos
ou missionários, como os missionários da Igreja Reformada da Holanda que vieram
para o Brasil no século XVII, por exemplo.

Ao estudarmos esse movimento migratório, tendo como caso um grupo


religioso e como pano de fundo um curso de mestrado que propõe o estudo da
religião em um aspecto interdisciplinar (Ciências da Religião), o fazemos no campo
da antropologia olhando para a identidade étnica, ou seja, o foco está sobre
identidade de migrantes taiwaneses, protestantes presbiterianos que vivem em São
! 19!
!

Paulo desde os anos 1960 e se reúnem dominicalmente na Rua Dr. Siqueira


Campos, número 100, no bairro da Liberdade, em São Paulo. O estudo desse grupo
minoritário que compõe a sociedade brasileira, paulistana vai lançar luz e colaborar
com o entendimento de identidade em geral, sobre o povo taiwanês, sobre a
migração taiwanesa como um todo para o Brasil em futuros estudos sobre o
assunto. O estudo da identidade é um “tema social altamente relevante” (PEREIRA,
2005), pois nos ajudará entender como um grupo se organiza quando migra e como
se relaciona com os outros nesse novo lugar. Ao tratar sobre comunidades étnicas e
identidade, Max Weber usa o termo “identidade racial” e levanta questões
interessantes como: a aproximação de pessoas racialmente diferentes, a antipatia
como reação normal e primária e chega a afirmação da atração e repulsão racial
(1991). Ou seja, Weber enfocou esse assunto como importante no entendimento da
economia e da sociedade em 1922, através de quem vemos alguns paralelos em
Roberto Cardoso de Oliveira, que elabora o conceito de fricção interétnica.
Identidade continua sendo um assunto de importância para estudo hoje, conceito
que, no Brasil, nasce do contexto indígena, mas se aplica aos movimentos
migratórios que o Brasil experimenta.

As primeiras pesquisas etnográficas no Brasil foram baseadas na teoria da


assimilação e em relação aos índios em contato com os brancos colonizadores e
quanto à adaptação das diversas tribos em um Brasil colonizado. O interesse dos
pesquisadores estava nos problemas e percalços relacionados à integração desses
povos. A integração dos indígenas era a principal preocupação (SANTOS; PETRUS;
NETO; GOMES, 2015). Um dos marcos dessas pesquisas foi o trabalho de Roberto
Cardoso de Oliveira entre os índios Terena, que veio a se tornar uma obra cujo título
é Do índio ao Bugre: o processo de assimilação dos Terena, de 1976. Contudo, os
estudos tomam um novo rumo que vão além da assimilação, no sentido da
descoberta, preservação e perpetuação da identidade étnica através do contato com
outras etnias. Essa obra marca os estudos identitários no Brasil e é referência até
hoje.

Vamos perceber através das descobertas feitas aqui, que Taiwan tem toda
uma peculiaridade quando o tema é identidade. O estudo da sua história e
colonização vai nos revelar isso, além da observação participante, as memórias e
entrevistas.

! 20!
!

Uma questão de identidade

Não é difícil imaginar quantas influências Taiwan sofreu através do contato


com outros povos através de sua história. Muitos estudos antropológicos
começaram a tratar de Taiwan, afinal os inúmeros contatos interétnicos fez de
Taiwan um grande estudo de caso, primeiro nas universidades da ilha Formosa,
depois nos Estados Unidos, Europa e Ásia. O ano de 1950, em especial, marcou o
início dos estudos antropológicos em Taiwan, o que é também fácil de entender,
pela abertura e ligação com o mundo ocidental. O foco dos estudos antropológicos
de Taiwan enfatizaram principalmente a identidade diante do conflito com a China e
o estabelecimento da República da China em Taiwan naquele ano, na verdade,
entre 1949 e 1950. O próprio conflito alimentou uma enorme quantidade de estudos
sobre as origens, formação e peculiaridade do povo taiwanês. Dentre os principais
antropólogos que estudaram Taiwan, se destacam Chung-min Chen, Chen Chi-lu,
Stevan Harrell, Lydia Kung e Hill Gates.

A antropologia emergiu em Taiwan nos anos 1950 [...]


Particularmente, desde a publicação de Hsin Hsing, Taiwan: A
Chinese Village in Change4 (1966) de Bernard Gallin, Taiwan
se tornou um lugar e um assunto de uma extraordinário
quantidade de pesquisas. (AHERN; GATES, 1981).

Ainda que haja laços com a China, a história de Taiwan e seu


desenvolvimento são únicos, como estudos revelam e seu povo constata.

Pode-se entender que somente um povo migrante que chega em um destino


escolhido sofre mudanças e influências. Usando o termo de Roberto Cardoso de
Oliveira que marcou a fase da mudança no entendimento antropológico da
identidade étnica no Brasil, a fricção não se dá somente quando um povo migra para
um país diferente do seu, mas, também, quando recebe migrantes, como aconteceu
com Taiwan. O Brasil pode ser um bom paralelo ao tratamos a fricção interétnica.
Isso se vê nos estudos sobre os indígenas brasileiros, especialmente no estudo feito
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
4
Hsin Hsing, Taiwan: Uma vila chinesa em transição (minha tradução. Não há uma versão do livro
em português).

! 21!
!

com os Tukuna e, também com os Terena. Eles sofreram com a influência da


colonização portuguesa e continuaram a sofrer ao procurar se adaptar a essa
situação e mostraram resistência cultural diante da presença do homem branco e
seu domínio. Desse contexto é que nasce o termo fricção interétnica (OLIVEIRA,
1976). Tratar de identidade é falar em fricção e fronteiras, segundo Oliveira. A
preocupação, a elaboração à respeito da identidade étnica de um povo se dá
quando se depara com outro que lhe é diferente. Jogando com as palavras, quando
atravessamos fronteiras, estabelecemos fronteiras (POUTIGNAT; STREIFF-
FENART, 1998). Por outro lado, quando povos atravessam as nossas fronteiras,
estabelecemos fronteiras.

Povos que recebem migrantes constroem fronteiras em relação a eles, é um


fenômeno natural, fazem questão de distinguirem-se e para isso afirmam sua
identidade, ou seja, o que faz deles “idênticos” em oposição aos migrantes, aos de
fora, os diferentes. Um povo em seu ambiente, em seu território é o que é,
geralmente não têm uma preocupação identitária em si, até que começa a receber
migrantes e migrantes que querem se estabelecer em seu território. Vemos isso com
os taiwaneses em Taiwan ao estudarmos sua história e as influências diversas de
fora. Sofreram muita fricção através dos anos. Por isso, ainda hoje faz muito sentido
o estudo da questão identitária entre os taiwaneses em Taiwan e fora de Taiwan,
quando migram, como é o caso em pauta aqui.

Mais uma vez, os questionamentos identitários não se dão somente fora do


território onde um povo está estabelecido, como na migração. Taiwan é exemplo
disso, assim como o Brasil.

Pensar em fricção é pensar em contato e, nem sempre, esse contato é


amistoso, pacífico. Na verdade, o contato interétnico soa como uma violência, às
vezes, e, em alguns casos foi mesmo, principalmente quando das colonizações e
invasões, como no caso do domínio japonês ou o êxodo chinês de 1949 em direção
a Taiwan.

Apesar do contato interétnico soar um pouco negativo, ele é inevitável, pois o


homem é um ser migrante e, no mundo globalizado de hoje, é uma realidade cada
vez mais presente. O contato interétnico leva, contudo, a uma descoberta. A
descoberta de quem “nós” somos e de quem “eles” são, pois é nesse contato que as
identidades são afirmadas.
! 22!
!

“A identidade contrastiva parece se constituir na essência da


identidade étnica, i.e., à base da qual esta se define. Implica a
afirmação do nós diante dos outros. Quando uma pessoa ou
um grupo se afirmam como tais, o fazem como meio de
diferenciação em relação a alguma pessoa ou grupo com que
se defrontam”. (OLIVEIRA, 1976, p.5)

No final da década de 1950 e início dos anos 1960, um grupo de cristãos


protestantes taiwaneses migra em direção ao Brasil. Um povo em busca de sua
identidade em sua terra natal, pelo que vimos em sua história, migra. Cruzam
oceanos em busca de escrever uma nova história, só que não podem apagar
aquelas memórias, aquela história. Pelo contrário, quando chegam ao Brasil,
começam a descobrir um pouco mais quem eles de fato são.

Um dos períodos que mais influenciaram aqueles taiwaneses migrantes foi o


período da colonização japonesa em Taiwan (1895 a 1945) e, logo após, com o
estabelecimento da República da China em território taiwanês. A história mais
recente é a mais conflituosa de todas, se assim podemos dizer, pois tem
repercussões até o presente. Aqueles que chegaram ao Brasil no início da década
de 1960 eram homens, mulheres e crianças nascidos em Taiwan na década de 1930
e 1940, em sua maioria. Essas pessoas testemunharam e vivenciaram o domínio
japonês, assim também como o domínio chinês na ilha. A década de 1940, em
especial, é bem vívida na memória dos migrantes, dos que chegaram em idade
adulta ao Brasil. É a história dos acontecimento de 1949-1950 e as primeiras
décadas que os sucederam: a migração dos nacionalistas para Taiwan, o terror
branco, o estabelecimento da República da China naquele território.

Por último, o estudo da migração taiwanesa com foco em um grupo religioso


vem a calhar. Afinal, como disse Richard Niebuhr ao estudar o movimento migratório
para os Estados Unidos, com ênfase no cristianismo e suas denominações: a
migração tem grande importância na história religiosa. Uma dessas influências é de
caráter político quanto à separação entre Igreja e Estado, por exemplo (1992,
p.125). O que acontece com os taiwaneses em São Paulo é característico de um
movimento religioso. Ao migrarem, decidem plantar uma igreja taiwanesa aqui, e
depois outras conforme a migração aumenta. Fundam uma igreja taiwanesa

! 23!
!

“brasileira”, essa igreja não foi fundada pela denominação em Taiwan, não foi
planejada estrategicamente por eles, foi inciativa própria de cristãos presbiterianos
que se reúnem sob uma liderança visionária que compartilha uma visão que
acontece significativamente e se torna um marco e influência na vida de pessoas
que estão em São Paulo e de outras que viriam, mesmo em meio a um período de
regime militar, por exemplo. Não há um entimidamento, pelo contrário, a combinação
migrantes e religião trouxe um fortalecimento àquele povo.

A fim de estudar esse movimento migratório taiwanês e a construção de sua


identidade em São Paulo, vamos incialmente, no capítulo 1, investigar um pouco da
história de Taiwan registrada e publicada nos livros para entender as causas da
migração, sendo que a própria história é causa, em nossa ponto de vista. Esse
capítulo nos dará recursos para traçarmos alguns paralelos curiosos que a história lá
de trás nos revela em relação a realidade da comunidade em São Paulo. O capítulo
primeiro será o pano de fundo. No capítulo 2 trataremos do evento central,
propriamente dito, que rege esta dissertação, a fundação da Igreja de Formosa e a
eventual construção de seu templo na Liberdade como um ícone do estabelecimento
dos taiwaneses presbiterianos em São Paulo. Nesse capítulo, abordaremos a
migração em si, os primeiros taiwaneses, a ideia da organização da igreja, os
obstáculos, as expectativas e o choque cultural. Finalmente, o capítulo 3 abordará
as principais transformações experimentadas até o cinquentenário da fundação da
igreja, o ano de 2012, e o que o futuro lhes reserva como comunidade taiwanesa no
Brasil.

! 24!
!

CAPÍTULO 1

A migração taiwanesa para o Brasil – o pano de fundo para


entender o movimento migratório

“O homem é um ser migrante”! É essa afirmação ontológica que ouvimos


quando entramos no Museu da Imigração em São Paulo5 em um de seus estandes
que retrata o homem nos primórdios da humanidade. Ali, é apresentado um filme
que afirma que o ser humano é um ser migrante por natureza e é assim que se
explica a dispersão do ser humano pelo planeta desde os tempos mais remotos. Há
uma motivação inerente, uma curiosidade que conduz o homem a terras ainda não
descobertas, pois está no homem ser um migrante.
Taiwaneses migraram para o Brasil nos anos 1960, contudo não é tão fácil
identificar a causa desse movimento migratório. As entrevistas e as conversas sobre
a migração apontam não para uma causa, mas várias. Também, a escolha que
fizeram pelo Brasil, a cidade de São Paulo, não é tão clara. Não podemos
simplesmente analisar esse fenômeno migratório com os olhos de hoje e as
ferramentas que temos hoje, como a internet e as facilidades de viajar. Naquela
época não era assim, o ocidente apresentava um certo mistério e o Brasil ainda
mais. A ideia de migrar para um país ocidental que não os Estados Unidos da
América, de onde se tinha mais informações, era um mistério. Sabemos da
necessidade de campanhas para incentivar a migração para o Brasil, como foi o
caso em relação aos japoneses. Uma campanha publicitária foi posta em prática
pelo governo para atrai-los ao Brasil.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
5
O atual Museu da Imigração de São Paulo costumava ser a antiga Hospedaria do Imigrante da
Capital (1887-1978), no bairro do Brás. Local para onde os migrantes eram trazidos, após atracarem
no porto de Santos. Era uma espécie de “entreposto” que tinha a função de oferecer abrigo enquanto
os migrantes ainda não tinham local fixo para trabalhar e morar. Outra função da Hospedaria era o
registro dos migrantes e o controle de doenças e epidemias que, porventura, pudessem ser trazidas e
espalhadas em solo brasileiro. Assim, em alguns casos, a hospedaria funcionou como um tipo de
quarentena. Havia cuidados médicos, alimentação, hospedagem e aulas de português a custo zero
para os migrantes. O local foi transformado no Museu da Imigração do Estado de São Paulo em 1993
e seu endereço na internet é: www.museudaimigracao.org.br

! 25!
!

Percebemos uma subjetividade característica quando a questão é o porquê


saíram de Taiwan e o porquê escolheram o Brasil. Mas essa subjetividade é
reveladora. Os fundadores, dois ou três ainda vivos, não revelam claramente tais
motivos da migração, os filhos deles, que chegaram pequenos ao Brasil também
seguem essa subjetividade que nos revela que a migração é algo mais complexo do
que pensamos, que a elaboração e a tomada de decisão de migrar, por parte dos
taiwaneses, desafia nossa lógica ocidental. Não é tão simples, como parece,
responder a um questionário, a uma pergunta que parece tão objetiva quanto essa
que diz respeito à causa da migração para o Brasil. Há razões veladas, há decisões
patriarcais que geralmente não são questionadas.

O Brasil, para muitos, era um trampolim para uma migração com destino aos
Estados Unidos, o que aconteceu em vários casos, mas muitos ficaram, se
estabeleceram aqui. Talvez o projeto de uma segunda migração não tenha dado
certo e não se fala sobre o que não deu certo. Enfim, as causas da migração e o
Brasil como destino apontam, genericamente, para um desconforto presente pelo
conflito China-Taiwan, por incertezas sobre o futuro no pós-guerra e uma janela de
oportunidade se abrindo em uma terra distante, o Brasil. As conversas sobre o
assunto tinham esse conteúdo: “Minha família migrou de Taiwan para o Brasil
porque havia um clima de guerra e o Brasil parecia uma terra de paz” ou “viemos
para o Brasil porque tínhamos um amigo que migrou pra cá e disse que estava bem,
quisemos vir também”.

Há, na verdade, muitas causas que justificam a migração dos taiwaneses,


algumas bastante subjetivas, a tal ponto de o migrante não as elaborar
especificamente, mas todas envolvem sonhos, expectativas, esperança e busca de
uma vida melhor do que a que tinham na terra natal.

A fim de entendermos mais e melhor quais as causas dessa migração, em


especial, é que fazemos esse levantamento neste capítulo, que vem complementar
as conversas e entrevistas que tivemos.

1.1 Fatores de atração e repulsão

Toda migração é motivada por alguma coisa. Não basta dizermos que o
homem é um ser migrante por natureza, pois não é o bastante. O estudo dos

! 26!
!

movimentos migratórios6 é um campo bastante complexo e não uma ciência exata.


Ao se falar, especialmente em migrações internacionais, dentre as diversas teorias
apresentadas para explicar o fenômeno, destacamos aquela que foi nomeada por
Everett S. Lee7 de Teoria das forças de atração e repulsão no processo migratório,
uma teoria do ponto de vista sociológico8. Essa teoria foi escolhida numa tentativa
de entender esse movimento migratório e, como qualquer outra teoria, não é
perfeita, pois não consegue precisar todos os aspectos determinantes porque um
grupo escolhe uma dada região para migrar, como é o caso dos taiwaneses
migrando para o Brasil. Na verdade, é impossível cobrir todos os aspectos dessa
migração de Taiwan para o Brasil, mas essa teoria nos dá pistas muito importantes.

Em resumo, essa teoria propõe que alguma coisa atraiu determinado grupo a
outra região do globo, perto ou longe, de maneira que foram levados a atravessar
fronteiras e se estabelecer lá. Atravessaram fronteiras territoriais, fronteiras culturais,
linguísticas etc. A força de atração é responsável pelo deslocamento de pessoas em
todos os tempos, no que diz respeito a sonhos, expectativas e esperanças da
construção ou reconstrução de uma vida. Um bom exemplo disso foi o movimento
migratório para os Estados Unidos em busca do American Dream9. Por outro lado, a
força de repulsão é aquela que opera internamente na cultura, no país, na região de
um determinado grupo e os “lança fora” ou os “empurra para fora” de seu território,
de sua terra natal, da região onde foram criados. Um exemplo disso é o que foi
registrado por uma repórter cobrindo uma manifestação na Argentina em 2003
quando uma senhora argentina que participava de um panelaço, gritou: “Não hay
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
6
Há várias teorias migratórias propostas. Elas se dividem em grupos: sociológicas, econômicas,
geográficas. As econômicas são muito populares. As clássicas, referem-se ao posicionamento de
Durkheim, Max Weber e Marx sobre a questão, que vão na direção de explicar a migração com base
na industrialização, capitalismo e urbanização. As neoclássicas, em termos gerais, propõem que a
desigualdade de salários, condições de emprego e a necessidade de mão de obra estrangeira seja
uma explicação.
7
Essa teoria foi apresentada em um artigo no encontro anual da Mississippi Valley Historical
Association, em Kansas City, nos Estados Unidos, no dia 23 de abril de 1965. Veio a ser conhecida
como Pull-Push Factors nos movimentos migratórios. O foco central dessa teoria que vem como uma
resposta “melhor” às teorias apresentadas até então, ou, em especial às Leis da Migração de Ernest
Ravestein (1885) que procurava explicar o que leva pessoas a migrar. Nessa teoria, Everett propõe
duas listas de fatores diversos levantados como causas para pessoas migraram do ponto de vista
externo de atrativos de lá e outra lista do que poderia levar pessoas a quererem sair da terra, do
ponto de vista interno, daqui.
8
A propósito, essa teoria de repulsão e atração não deve ser confundida com as relações das
comunidades étnicas de Max Weber em Economia e Sociedade quando usa os mesmos termos:
atração e repulsão.
9
O sonho americano. Termo cunhado pelo historiador estadunidense James Truslow Adams nos
anos 1930 em sua obra The Epic of America.

! 27!
!

futuro, não hay futuro”. Aquela senhora estava dizendo que, às vezes, o país é algo
que derrota uma pessoa (LEITÃO, 2015).

Forças de atração e repulsão são também conhecidas em inglês como pull-


push factors. Entender os fatores pull-push pode nos ajudar a entender as causas
que levaram um grupo a migrar. Dentre os principais fatores pull-push que se
conhecem, estão: fatores econômicos, guerras e ameaças de guerras, catástrofes
naturais e fatores ambientais.

A migração taiwanesa não foi um grande movimento migratório como um todo


em comparação com outros vistos no Brasil. Taiwan, nos anos 1960, alcançou uma
população de 13 milhões de pessoas10 e não há como precisar a população que
migrou para o Brasil naquela época, pois muitos migraram para os EUA e outras
regiões e não há dados precisos sobre os taiwaneses no Brasil. Ao chegarem ao
Brasil, por diversas razões, muitos eram identificados como chineses ou sequer
foram registrados quando chegaram. Nem mesmo o censo de Taiwan nos revela
essa migração, muito menos o “Consulado Taiwanês”11 em São Paulo tem dados
exatos dessa primeira migração. Segundo o “Consulado”, calcula-se que 150 mil
taiwaneses vivem no Brasil atualmente. Contudo, temos um dado importante. O
censo brasileiro [ver gráfico a seguir] entre 1950 e 1970 nos revela o crescimento do
número de estrangeiros no Brasil. Esse número é igual a 14.944 pessoas somente
nesse período e, certamente o principal grupo não era taiwanês. Isso quer dizer que
estamos diante de uma minoria migrante.

A fim de entendermos os fatores pull-push que operaram no grupo taiwanês


que migrou para São Paulo nos anos 1960, propomos um breve estudo da complexa
história de Taiwan para entendermos os fatores push que essa história produziu. A
propósito, as conversas e entrevistas, em sua maioria, apontaram para razões de
cunho histórico-político como a razão para saírem de Taiwan nos anos 1960.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
10
Dados aproximados da década de 1960 com base no relatório do site do governo de Taiwan e do
censo de 1966: http://eng.stat.gov.tw/ct.asp?xItem=8849&CtNode=1595&mp=5, acessado em 10 de
outubro de 2016.
11
Por questões políticas, não há um consulado de Taiwan no Brasil, sim uma agência que faz as
vezes de consulado, o Escritório Econômico e Cultural de Taipei no Brasil.

! 28!
!

Tabela 1 - Comparativo da população estrangeira no Brasil de 1900-2000

1.2 Taiwan – breve história, como fator de repulsão

Os taiwaneses presbiterianos que migram para o Brasil nos anos 1960 são
provenientes da denominação Igreja Presbiteriana de Taiwan. A maioria deles
proveniente do interior de Taiwan [norte, centro e sul], de diferentes cidadezinhas do
interior, não da capital Taipei. Os migrantes têm em comum serem presbiterianos,
mas não da mesma igreja local necessariamente. Além dos familiares que se
organizaram para migrarem para o Brasil, a maioria também não se conhecia
previamente. Muitos se conheceram na longa viagem de navio até o Brasil, outros só
se conheceram aqui.

A primeira notícia que se tem de presbiterianos em Taiwan acontece na


segunda metade do século XIX, quando o doutor James Laidlaw Maxwell12 chegou
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
12
O Dr. James L. Maxwell foi o primeiro missionário presbiteriano na ilha. Ele fez parte de um
despertar missionário para a Ásia Oriental muito forte na Inglaterra no séc. XIX. A propósito, seus
!
! 29!
!

na ilha em 1865 como missionário britânico, originário da Escócia, servindo à


English Presbyterian Mission [Missão Presbiteriana Inglesa] da Igreja Presbiteriana
da Inglaterra, hoje United Reformed Church. Ele estava envolvido com a Missão
Médica para a Ásia Oriental, que tinha como principal alvo a China continental e
tinha como estratégia missionária a implantação de clínicas médicas, o que sempre
era bem vindo. O Doutor Maxwell é enviado à Taiwan e seu trabalho na ilha culmina
com a organização da denominação Igreja Presbiteriana em Taiwan (PCT) 13 ,
presente na ilha até os dias de hoje, cuja data de fundação é considerada a data de
sua chegada à ilha. A PCT é a mais antiga denominação cristã protestante
organizada da ilha.

Foto 1 - Placa localizada no interior na Igreja Memorial Maxwell

Fonte: site da Igreja14

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
dois filhos, James Preston Maxwell e James Laidlaw Maxwell Junior, inspirados em seu pai,
tornaram-se notoriamente envolvidos com os missionários médicos com destino à China. Maxwell,
pai, foi para Taiwan e trabalhava como médico, consultando e evangelizando na cidade Tainan, então
capital da ilha. Como resultado de sua ação missionária, foi erigido um templo presbiteriano em 1902
que mais tarde recebeu o nome de Igreja Presbiteriana Memorial Maxwell, em sua homenagem, que
é um templo da Igreja Presbiteriana em Taiwan, a PCT. O Dr. Maxwell é também conhecido por
participar no processo de decisão do fim do comércio de ópio na China.
13
De acordo com as informações fornecidas no site oficial da denominação,
http://english.pct.org.tw/enWho_int_Cro.htm Acessado em 1 de outubro de 2016.
14
De acordo com as informações e imagem obtidas no seguinte site da internet:
https://taiwanchurches.wordpress.com/2012/06/10/maxwell-memorial-presbyterian-church-tainan/
acessado em 10 de outubro de 2016. Placa localizada no interior da Igreja Presbiteriana de Tainan,
conhecida como Igreja Memorial Maxwell, em homenagem ao primeiro missionário presbiteriano em
Taiwan, cuja transcrição se lê: Igreja Memorial Maxwell. Erigida em 1902. James L. Maxwell,
Mestrado em Artes e Doutorado em Medicina. Igreja Presbiteriana da Inglaterra. Primeiro Missionário
enviado à Formosa. Chegou em maio de 1865.

! 30!
!

Taiwan é um arquipélago localizado no oceano Pacífico, cuja ilha principal é


chamada Taiwan.15 Essa ilha tem 36 mil quilômetros quadrados (área da Holanda),
separada do continente por um estreito de 160 quilômetros, na costa sudeste da
China, seu contorno é semelhante a uma folha. Dois terços de seu território é
coberto por uma cadeia de montanhas, no eixo norte-sul, na parte oriental da ilha.
Sua atual capital é Taipei. Tem uma população de 23.468.000 habitantes (estimativa
de 2015). O clima é quente e úmido. Além dessa ilha principal, também fazem parte
de Taiwan as Ilhas Pescadores e outras ilhotas: a ilha das Orquídeas (Orchid
Island), a ilha Verde (Green Island) as ilhas Quemoy, as ilhas Matsu etc.

Ilustração 1 – Mapa de Taiwan

Fonte: Internet: http://diario.lajornadanet.com/archivo/2008/junio/020608-2.html

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
15
Conforme dados do site oficial do governo da República da China: http://www.taiwan.gov.tw
acessado em 12 de outubro de 1967.

! 31!
!

Diferentemente da China, Taiwan foi inicialmente habitada pelos


austronésios, 16 ancestrais diretos dos atuais aborígenes, povos indígenas que
viveram nas montanhas da ilha, dos quais ainda há muitos representantes hoje,
cerca de 500.000 aborígenes, 2,2% da população17 de Taiwan.

Ilustração 2 – Mapa China-Taiwan

Fonte: Internet: https://inventariandochina.com/2016/05/19/china-urges-u-s-to-


revoke-concurrent-resolution-on-taiwan/

A propósito dos nativos da ilha que são chamados aborígenes, o que é difícil
precisar quando começaram a ser assim chamados, são assim nomeados
provavelmente por uma referência à antiguidade, aos povos mais primitivos da terra.
Naquelas ilhas taiwanesas viviam aborígenes e os descendentes deles ainda são
chamados assim hoje. Falar de aborígenes nos remete à pesquisa de Emile
Durkheim em sua obra As Formas Elementares da Vida Religiosa quando trata dos
aborígenes da Austrália em seu estudo na busca pela primitividade na religião. Ao
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
16
Austronésios são indígenas das ilhas sul-asiáticas, nativos de Taiwan, de onde provavelmente os
primeiros austronésios que se conhece vieram. Os austronésios estão ligados pela língua austronésia
que configurava, antes de 1500 d.C., uma das famílias de línguas mais espalhadas pelo mundo de
então. Hoje engloba a língua das populações indígenas da Indonésia, Malásia, Filipinas e
Madagascar (BELLWOOD, FOX, TRYON, 2006). O dialeto taiwanês é proveniente da família das
línguas austronésias.
17
De acordo com os dados atualizados em outubro de 2016 na página da internet do direito dos
aborígenes (The Taiwan Aboriginal Rights webpage): http://www.taiwanfirstnations.org Taiwan é uma
2
ilha com alta taxa demográfica, com quase 23 milhões de habitantes para uma área de 36 mil km .

! 32!
!

descrever tais aborígenes da Austrália, que podem ter uma conexão com os
aborígenes de Taiwan que parece ir além da nomenclatura, o Dr. João Baptista
Borges Pereira destaca que

Tais povos eram então considerados os humanos mais


primitivos sobre a face da terra, tanto pela etnografia, como
pela antropologia cultural e pela antropologia física. Até hoje, a
antropologia física, baseada em traços somáticos classificam
esses aborígenes, juntamente com os ainos (primitivos
habitantes do Japão) e a população pigmeia da África
Equatorial, como grupos protomorfos, isto é, espécie de homo
sapiens sapiens ou homem moderno - que rotula todos os
humanos, independentemente da cultura - mas que não estão
plenamente acabados, prontos: eles ostentam testa fugidia,
mento compacto, arcadas ciliares protuberantes etc. (BITUN;
SOUSA, 2014, p.13)

O primeiro registro que se tem da ilha é datada de 260 a.C., encontrado nos
registros históricos da dinastia Chou (ou Zhou). A ilha foi chamada de “Terra de
Yangchow”18. Em 1350 d.C., a Dinastia Mongol estabelece uma missão na ilhota
Pescadores, pertencente ao arquipélago de Taiwan. Foi a primeira menção de
Taiwan como território Chinês, habitado por chineses do continente. Em 1517, início
do período das grandes navegações, navegantes portugueses em direção a Macau
a nomeiam de Ilha Formosa pela sua beleza, conforme registros de bordo. Foi a
primeira menção da ilha na história ocidental. A referência ao nome dado pelos
portugueses, curiosamente, tem sido usado por defensores da independência da ilha
que argumentam que o próprio nome Formosa não tem laços chineses, além das
várias colonizações não chinesas ali e, por isso, são distintos da China (COPPER,
2007).

O ano de 1622 marca o início de um importante momento histórico para


Taiwan, foi o ano do início da colonização holandesa no arquipélago. Primeiramente,
os holandeses da Companhia das Índias Orientais chegam a ilhota Pescadores e a
tomam. A ilhota já era um local importante comercialmente desde a dinastia Mongol.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
18
Land of Yangchow refere-se à terra, ou ilha de Salgueiros, de árvores de Salgueiro, uma citação
antiga no Book of History (or Canons of Yao and Shun) escrito durante a dinastia Chou (1046-256
BCE) de acordo com o site http://www.taiwantoday.tw/ct.asp?xItem=132237&ctNode=2198&mp=9
acessado em 1 de outubro de 2016.

! 33!
!

Não demorou muito para os holandeses dominarem Taiwan, a ilha principal, onde
tiveram o controle de 1624 até 1662. O arquipélago, naquela região da Ásia, era
muito interessante para os holandeses. Fizeram da ilha não somente um ponto
comercial de trocas, mas um local de produção de açúcar e arroz. A fim de cumprir
esse objetivo, necessitaram de trabalhadores para a lavoura, mas não conseguindo
convencer os aborígenes de trabalharem para eles, nem conseguindo atrair
europeus ao arquipélago, promoveram uma campanha de migração de
trabalhadores do sul da China, com oferta de trabalho, incentivo tributário e oferta de
terras sem custo. A campanha foi bem-sucedida. Chineses da província de Fujian
começaram a migrar para Taiwan, eram ricos e pobres, mão de obra especializada
ou não.

Com a presença dos holandeses na ilha naquele período do século XVII,


temos um caminho aberto para a primeira missão cristã presente naquele território,
uma missão protestante liderada pelo missionário Georgius Candidius da igreja
Reformada da Holanda, a principal denominação cristã reformada da Holanda. Essa
missão teve muita influência no desenvolvimento da ilha, em seu processo
civilizatório (ANDRADE, 2005). Foi um período de grande atuação cristã
evangelizadora na ilha com a conversão e o batismo de várias pessoas, inclusive
muitos aborígenes (RUBINSTEIN, 1999, p.92). Durante a colonização holandesa,
houve uma colonização paralela ao norte da ilha por parte dos espanhóis, de 1626-
1642. Os espanhóis também tiveram uma influência religiosa ali, mas de cunho
católico, através de missionários dominicanos. Contudo, a colonização espanhola
não foi bem sucedida, pois os holandeses os expulsaram em 1642, ficando com o
domínio de toda a ilha.

O domínio holandês no arquipélago termina em 1662, fruto de ataques bem


sucedidos dos chineses que retomam Taiwan. No entanto, somente em 1887
Taiwan é feita oficialmente uma província, após vários conflitos como ataques dos
franceses. O domínio chinês do arquipélago é mais tarde abalado de uma maneira
que culminaria numa Taiwan que se aproxima do que conhecemos hoje. Como
resultado da derrota da Primeira Guerra Sino-japonesa que durou de 1894 a 1895,
os chineses abdicaram Taiwan em um acordo perpétuo com os japoneses19. O ano
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
19
Foi o chamado tratado de Shimonoseki, assinado em 17 de abril de 1895 que oficializava a entrega
de Taiwan e o arquipélago dos Pescadores ao Japão.

! 34!
!

de 1895 marca o início da colonização japonesa da ilha que durou 50 anos, de 1895
até 1945.

No período da colonização japonesa, vemos um grande desenvolvimento na


ilha com construções de estradas, escolas, faculdades e infraestrutura. O ensino do
japonês foi implantado nas escolas e houve proibição de se falar o dialeto taiwanês
em público, contudo sem muito sucesso, pois nos cultos religiosos das igrejas e nos
lares continuavam a falar o dialeto que nunca foi banido.

O fim desse longo período de colonização e domínio japonês se deu com a


culminação da Segunda Guerra Mundial, quando os japoneses foram derrotados. O
acordo perpétuo é quebrado, Taiwan retorna ao domínio chinês e os japoneses são
expulsos,20 mas isso não dura muito tempo.

Quatro anos mais tarde, a ilha passa por um novo abalo, os anos de 1949 e
1950 marcam o começo de uma nova fase na história de Taiwan, foi um período de
descolonização (RUBINSTEIN, 1999) e que contempla um grande movimento
migratório. Dois milhões21 de chineses do continente migram para Taiwan.

Com o fim da guerra civil chinesa (1947-1949) em que forças nacionalista do


partido Kuomintang (KMT) lideradas pelo General Chiang Kai-shek combatiam as
forças comunistas lideradas por Mao Tsé-Tung pelo domínio e governo da China, os
nacionalistas são derrotados. Com a derrota, os nacionalistas e simpatizantes
daqueles ideais migram para Taiwan junto com o General Chiang Kai-chek que
estrategicamente decidiu estabelecer na ilha a sede administrativa do governo da
República da China, reivindicando ser o verdadeiro governo da China em vez do
comunista de Pequim. A estratégia desta manobra em direção a Taiwan tinha
objetivos de uma retomada da China continental mais tarde, pelo General e
presidente do partido nacionalista, o que não aconteceu. A República da China ficou
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
20
O retorno de Taiwan à soberania chinesa se deu sob os termos do Tratado de Rendição do Japão,
o Japão aceita provisoriamente a Declaração de Potsdam (que se refere à Declaração de Cairo) em
que a ilha terá de ser transferida para o domínio chinês. As tropas da República da China foram
autorizadas a entrar em Taiwan para aceitar a rendição das forças militares japonesas de acordo com
a Ordem Geral Nº1 decretada pelo General Douglas MacArthur, em 2 de Setembro de 1945, que
seriam mais tarde transportadas para Keelung pela marinha norte-americana. No Tratado de Paz de
São Francisco, que entrou em vigor em 28 de Abril de 1952 e no Tratado de Taipei, que entrou em
vigor em 5 de Agosto do mesmo ano, o Japão renuncia formalmente a todos os direitos à ilha
Formosa (Taiwan) e a Pescadores (Peng-hu).
21
De acordo com os dados do Migration Policy Institute (Instituto de Política Migratória):
http://www.migrationpolicy.org/article/tradition-and-progress-taiwans-evolving-migration-reality
acessado em 20 de outubro de 2016.

! 35!
!

estabelecida em Taiwan, a China se dividiu em duas e assim continua até os dias de


hoje.

É claro que vários outros conflitos afligiram Taiwan, conflitos que foram
causados pela própria presença do governo da República da China (ROC) na ilha.
Os primeiros anos do estabelecimento do governo do General Chiang Kai-shek
foram anos difíceis. Um dos conflitos que marcou aquele época foi o que ficou
conhecido como “terror branco”, um período de perseguição por parte do partido
Kuomintang que queria certificar-se que não havia apoiadores ou simpatizantes dos
ideais comunistas na ilha, assim como opositores do atual governo. Como
consequência, milhares de pessoas foram presas e executadas com base em
evidências insuficientes ou, até, circunstanciais. É claro que nesse clima, as pessoas
não tinham coragem de criticar o governo, fazer comentários da política do momento
ou ventilar discordâncias de qualquer natureza que fosse contra aquele governo que
controlava a ilha. O desenvolvimento econômico naquele período estava lento, a
população do campo sofreu com a falta de incentivo, o que acabou levando ao
desinteresse em investir na terra. A indústria, por outro lado, não tinha expressão
alguma, nem alcance no exterior. Essas foram as marcas daquela década de 1950
(RUBINSTEIN, 1999).

Além dos conflitos internos, a China cresceu como uma grande ameaça a
Taiwan, o que só não ficou ainda pior pela interferência, apoio e a proteção dos
Estados Unidos da América promovendo a “paz” na região. Os Estados Unidos
interviram de maneira tal que nenhuma das nações se levantasse contra a outra,
afinal Chiang Kai-shek tinha um sonho de reconquistar e reestabelecer a República
da China na China Continental.

O governo da República da China concentrou seu foco no desenvolvimento


da ilha, pois aquele plano de retomada da China já se fazia inviável e cada vez mais
distante. O apoio dos Estados Unidos e subsequente investimento, a cadeira que
possuía na ONU ajudaram Taiwan a se desenvolver e expandir, o que mais tarde
resultou em grande desenvolvimento e crescimento econômico. Taiwan, nos anos
1970 se torna um dos tigres asiáticos, exportando vários produtos para o mundo e
experimentando uma revolução em sua economia.

Contudo, ainda no final dos anos 1960, começa a ficar insustentável a


representatividade de Taiwan na ONU diante da pressão da China Continental que
! 36!
!

não aceitava a situação de duas Chinas e o fato dela não ser reconhecida como a
China oficial. Não podemos nos esquecer que a China foi um dos membros
fundadores das Nações Unidas. A pressão cresceu a tal ponto que durante o
governo americano do presidente Nixon, em 1972, Pequim acaba sendo
reconhecida como a “verdadeira China”, com cadeira na ONU, em lugar de Taiwan.
Isso iniciou um movimento a favor de uma só China, com a reintegração de Taiwan
à China e o retorno do seu território e submissão ao governo de Pequim, o que não
aconteceu até hoje.

Atualmente, apenas 20 países, mais da metade deles na América Central e


no Caribe, reconhecem a soberania de Taiwan. Por causa do não reconhecimento
da soberania de Taiwan pela ONU, não há embaixadas nos Estados Unidos ou no
Brasil, assim como em outros países do mundo, mas uma agência que cuida des
assunto relacionados às necessidades dos cidadãos taiwaneses, fornecendo passa-

Gráfico 1 - Linha do tempo dos principais momentos da história de Taiwan

! 37!
!

Fonte: autor

portes etc. Essa agência é nomeada Escritório Econômico e Cultural de Taipei22.

1.3 Aspectos históricos brasileiros como fatores de atração

Conforme a teoria de Everett Lee, que procura entender os fatores de atração


e repulsão [pull-push factors] em um movimento migratório, traçamos aqui um pouco
da história do Brasil na década de 1950 e primeira metade dos anos 1960 a fim de
tentar entender as possíveis razões que atraíram os taiwaneses ao Brasil.

A princípio, uma coisa é certa, não existe bibliografia específica sobre a


migração taiwanesa ao Brasil em língua portuguesa, com exceção de alguns poucos
estudos de caso sobre taiwaneses no Brasil. Contudo, isso não nos impede de fazer
paralelos com outros destinos dos taiwaneses, como os Estados unidos, a título de
referência. Pelo contrário, o fato de não haver bibliografia sobre o assunto nos
incentiva e desafia a produzir um estudo que privilegie o Brasil como foco e destino
dos taiwaneses com toda a sua peculiaridade.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
22
O Escritório Econômico e Cultural de Taipei no Brasil é uma organização não governamental que
representa o governo da República da China (Taiwan) na República Federativa do Brasil. Sua missão
é promover e estreitar os vínculos bilaterais entre os dois países, como por exemplo na promoção da
economia e comércio, no intercâmbio cultural e de informações, na ciência, tecnologia e educação. O
Escritório representativo situa-se na capital Brasília e possui filial na cidade de São Paulo. As duas
localidades atendem a serviços de assuntos consulares e assuntos para a comunidade taiwanesa no
Brasil.

! 38!
!

1.3.1 O Brasil e sua política migratória - um breve histórico

O Brasil é um país de imigração desde a independência, situação que


se manteve ao longo do tempo marcada por políticas imigratórias mais
ou menos restritivas, conforme as tendências mais gerais – globais –
dos deslocamentos de indivíduos e grupos através das fronteiras
nacionais. Tais políticas põem em evidência, entre outras coisas, o
papel atribuído à imigração na formação do Estado-nação, e as sutis
mudanças na conformação da categoria estrangeiro. (NETO;
SANTOS; PETRUS; GOMES, 2015, p. 114)

Embora o Brasil seja um país de migrantes, principalmente composto de


portugueses e italianos, os colonizadores não são considerados migrantes no
sentido mais amplo da palavra, pois eram colonizadores, por consequência, nem os
africanos trazidos para trabalho escravo aqui foram considerados migrantes, pois
eram mão-de-obra, propriedade de seus senhores. No sentido mais específico,
migrantes são povos de outros países ou etnias que se mudam para um
determinado país ou região, então, portugueses e escravos africanos são migrantes
que compõem o Brasil, assim como os italianos, os japoneses, suíços, alemães,
poloneses etc.

O ano de 1819, contudo, marca a primeira chegada oficial de migrantes no


Brasil, no sentido mais genérico da palavra, a dos suíços no Rio de Janeiro. O
objetivo e destino de migrantes naquela época era o trabalho agrícola, projeto que
tomou impulso em 1924, após a independência e seguiu até o fim da segunda
guerra mundial. A principal região a receber migrantes foi a sudeste, especialmente
o estado de São Paulo, pelo seu desenvolvimento industrial e, também, necessidade
agrícola. Preferência era dada à vinda de famílias que seguiam para núcleos
agrícolas disponibilizados pelo Estado para tal fim. O caminho feito pelos migrantes
para o estado de São Paulo era via porto de Santos, de trem até a Hospedaria dos
Imigrantes no bairro do Brás, já na cidade de São Paulo e da hospedaria,
geralmente de trem, para diversas cidades do interior paulista para colônias,
assentamentos agrícolas. A oferta de terra para plantio foi um aspecto importante na
atração de migrantes. O Brasil contemplou um grande movimento migratória
italiano, incentivado pelo governo, que teve seu ápice entre 1880 e 1930, recebendo

! 39!
!

cerca de um milhão e meio de migrantes, momento que coincidiu com a interrupção


do tráfico de escravos e a abolição. Foi a chamada “grande imigração”. Após 1914, a
migração diminuiu, mas não cessou, pois até 1960 o Brasil recebeu muitos
migrantes, principalmente ainda europeus, 80% deles.

A vinda de migrantes para o Brasil provocou discussões no governo, mas


também na academia sobre a formação do povo brasileiro. A teoria da assimilação
teve papel importante nessas discussões, enquanto políticas restritivas iam
incorporando as discussões sobre raça e eugenia, o que levou o governo a
incentivar uma migração europeia.

Giralda Seyferth nos ajuda a entender esse momento em que a teoria da


assimilação se apresenta como o pano de fundo que alimenta a eugenia no Brasil e
incentiva a migração europeia. A teoria da identidade étnica ainda não despontara e
o pensamento era muito forte sobre a vinda de migrantes para o Brasil e esses
migrantes, ao serem assimilados, mudariam o Brasil ou formariam o Brasil com suas
características. Então, nada melhor que incentivar a vinda de brancos europeus, a
fim de fazer do país “um povo melhor” com base no raciocínio assimilacionista. Esse
era o pensamento predominante que se formaliza em 1930.

O governo brasileiro assume uma postura assimilacionista – se não ao


nível da prática, mas pelo menos como ideologia – que entra em
choque com os valores nacionais preservados pelos imigrantes e seus
descendentes. Na verdade, esses ideiais assimilacionistas do governo
brasileiro só vão ser postos em prática na década de 1930, mais
especificamente, sob o estado Novo, na chamada “campanha de
nacionalização”. (SEYFERTH, 1986, p.60).

! 40!
!

Ilustração 3 – Capa da Revista O Immigrante

Fonte: Internet: http://educacao.globo.com/provas/uerj-2-exame-de-qualificacao-


2014/questoes/50.html

A revista O Immigrante é emblemática da época da migração italiana, que


revela o caráter eugênico daquele movimento. A capa da primeira edição da primeira
revista datada de janeiro de 1908 demonstra o movimento migratório da Europa. A
revista serviu de informação e propaganda de incentivo à migração, pois além de
seu conteúdo que tratava das fazendas paulistas e oportunidades, foi disponibilizado
em versões em seis línguas: português, espanhol, italiano, francês, alemão e
polonês.

! 41!
!

O Decreto-Lei 7967, de 18 de setembro de 1945 23 é bastante revelador


quanto à intensão do clareamento do povo brasileiro no estabelecimento de
condições para a entrada de migrantes:

Art. 1º Todo estrangeiro poderá, entrar no Brasil desde que


satisfaça as condições estabelecidas por esta lei.
Art. 2º Atender-se-á, na admissão dos imigrantes, à
necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica
da população, as características mais convenientes da sua
ascendência europeia, assim como a defesa do trabalhador
nacional.

O artigo 7º também é revelador, pois trata do investimento financeiro do


governo brasileiro para pagar passagens de migrantes europeus, assim como o
artigo 20º que trata dos proprietários agrícolas brasileiros que tinham a intensão de
contratar especificamente “imigrantes europeus”, seriam norteados e apoiados por
esse decreto.

Além do governo, outros interessados nos estrangeiros no Brasil foram os


cafeicultores e a indústria.

No meio dessa preocupação e empenho em investir na vinda de europeus,


aconteceu algo interessante, a migração japonesa para o Brasil, a partir de 1908,
diante da necessidade de mão de obra agrícola, como fruto de um acordo entre o
Brasil e o Japão.

Em 1892, um decreto-lei celebrou acordos com o Japão e a China para a


recepção de migrantes, foi o chamado Tratado de Amizade, Comércio e Navegação
que culminou com a grande migração japonesa à partir de 1908. Foi o decreto-lei Nº
97, DE 5 DE OUTUBRO DE 189224, que dizia:

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
23
Conforme registrada no site da câmara legislativa http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-
1899/decreto-528-28-junho-1890-506935-publicacaooriginal-1-pe.html, decreto-lei que, a propósito,
foi revogado pela Lei nº 6.815, de 1980, tornando-se mais amplo em relação a outros migrantes.
Acessado em 12 de outubro de 2016.
24
Conforme publicado no site: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1824-1899/lei-97-5-outubro-
1892-541345-publicacaooriginal-44841-pl.html
Acessado em 12 de outubro de 2016.

! 42!
!

Permite livre entrada no território da República de imigrantes de


nacionalidade chinesa e japonesa; autoriza o Governo a
promover a execução do tratado de 5 de setembro de 1890
com a China; a celebrar tratado de comércio, paz e amizade
com o Japão, e dá outras providências atinentes á imigração
daquelas procedências.

Essa migração foi muito significativa, mas curiosamente, surge em um


momento em que o país busca o chamado “branqueamento”. Uma das razões para
a abertura dessa oportunidade aos orientais – japoneses principalmente – foi os
fazendeiros dessatisfeitos com os europeus que gastavam muito tempo lutando por
seus direitos trabalhistas. O governo viu uma oportunidade da migração de
japoneses, tidos como os “brancos” da Ásia, povo distinto (LESSER, 2013), em
detrimento dos chineses, a propósito. Uma campanha publicitária foi feita no Japão,
como se vê em um famoso cartaz da época que dizia: “Hei, vamos a América do Sul
com toda a sua família. Departamento Social de Auxílio. Empresa de Assistência
aos Emigrantes. Escritório do Procurador do Trabalho.” (LIMA, 2009).

Ilustração 4 – Cartaz da campanha japonesa de migração para o Brasil

Fonte: Internet: http://www.drsandro.org/datas-comemorativas/dia-imigracao-


japonesa-18-junho/

! 43!
!

Na época da divulgação do cartaz (1925) existiam boatos no


Japão de que havia no Brasil “árvores de dinheiro”; que tudo o
que era plantado aqui colhia-se em abundância; e que, em
poucos anos de Brasil, os japoneses conseguiriam juntar
dinheiro suficiente para retornar ao Japão e lá se restabelecer.
(LIMA, 2009)

Esse acordo entre Brasil e Japão e as campanhas de incentivo criaram um


movimento migratório que trouxe 200 mil migrantes. Essa migração acabou levando
a preocupações étnicas ainda maiores [chamadas de raciais na época] sobre como
o governo queria que fosse o perfil do povo brasileiro. Foram debates de natureza
preconceituosa e racista quanto às políticas migratórias em uma época em que o
fluxo migratório aumenta e aumenta também as discussões sobre as teorias de
branqueamento (SEYFERTH, 1986). Os japoneses foram considerados
inassimiláveis e uma ameaça ao branqueamento do Brasil, mas já estavam aqui e
eram muitos. A situação em relação a eles fica mais complicada durante a II Guerra
Mundial, crescendo o preconceito como reflexo da guerra e as conquistas
japonesas.

Em 1934, no governo do presidente Getúlio Vargas, foi estabelecido um


sistema de cotas de migrantes no país, segundo o qual estrangeiros admitidos não
poderiam ultrapassar 2% do número de estrangeiros da mesma nacionalidade que
haviam entrado no período de 1884 a 1933. As cotas perduraram até os anos 1980,
com algumas modificações, principalmente no que diz respeito a receber pessoas
com capacitação profissional.

Durante a II Guerra Mundial houve uma diminuição da migração para o Brasil


e logo depois, uma retomada, mas não tão significativa quantos a migrações italiana
e japonesa.

1.3.2 O Brasil de 1950 a 1962

Apesar de o ano de 1950 iniciar de maneira ruim para o Brasil nos esportes,
quando a seleção perdeu a Copa do Mundo de Futebol em casa para o Uruguai,
aquela década, especialmente a sua segunda metade, foi marcada pelo avanço
econômico brasileiro, principalmente no que diz respeito ao processo de

! 44!
!

industrialização do país. Foi a época chamada de desenvolvimentalista e de forte


nacionalismo. O país tomou sérias decisões estruturais que mudaram sua história:
foi quando a Petrobras e a Eletrobras foram criadas. Houve um estímulo à entrada
de capital estrangeiro no país. Multinacionais se instalaram aqui. A indústria têxtil,
alimentícia e de bebidas estavam em plena expansão. A política de importação de
equipamentos sem cobertura cambial ajudou na modernização da indústria
brasileira. Juscelino Kubitschek ganha as eleições presidenciais de 1955 e amplia o
incentivo ao capital estrangeiro apresentando um plano econômico para a melhoria
do padrão de vida dos brasileiros. O mote do, então, presidente resume o que
aconteceu de desenvolvimento naquela época: “cinquenta anos de progresso em
cinco”, resumindo-se em melhorar várias áreas: energética, transportes, indústria de
base, alimentação e educação, assim também, como o projeto da construção da
nova capital, Brasília. A economia brasileira se internacionalizou, a indústria
automobilística se instalou e cresceu no país, a Volkswagen, uma das mais famosas
marcas de automóveis no Brasil, se instalou aqui em 1953, o que abriu caminho
para outras nos anos que se seguiram. O investimento direto estrangeiro cresceu
como nunca. Foram os chamados anos dourados.

A migração dos taiwaneses para São Paulo se deu justamente nessa janela
dos anos 1955 e 1962, quando a Igreja Presbiteriana Taiwanesa foi fundada. Foi
uma época de grande desenvolvimento e industrialização, de grande crescimento da
cidade de São Paulo, em especial. Ao final do governo de Juscelino, contudo, a
dívida externa estava enorme, as diferenças sociais cresceram, assim como a
inflação. A seguir acontece o Golpe Militar de 1964 que mudou o Brasil, novamente.
Contudo, nada disso impediu que os taiwaneses continuassem migrando.

Quanto ao fluxo migratório, à partir dos anos 1930, e sobretudo no pós-II


Guerra Mundial, diminuem os fluxos migratórios não só para o Brasil, como para os
países sulamericanos em desenvolvimento, e os deslocamentos populacionais
passam a se dirigir, fundamentalmente, para os Estados Unidos (EUA) e Europa.
Mesmo assim, foram registradas no país, entre 1940 e finais dos anos 1970, a
entrada de aproximadamente 1,1 milhão de estrangeiros (LEVY, 1974). À partir dos
anos 1950, percebe-se um fenômeno interessante, a migração com destinos
urbanos para o Brasil e não mais com endereço rural, dado o desenvolvimento que o

! 45!
!

país experimentava. O gráfico a seguir resume os movimentos migratórios para o


Brasil.

Gráfico 2 - Gráfico de imigrantes que entraram no Brasil de 1808 a 1973.

Fonte: ADAS, Melhem. Panorama Geográfico brasileiro. São Paulo: Editora Moderna, 2004,
p. 282

1.3.3 Liberdade religiosa

A situação religiosa do Brasil na década de 1950 lança bastante luz sobre o


contexto em que migrantes aqui chegam no final dessa década e começo da
próxima. Assim como na economia foi uma época de avanço, também o foi na
religião. Podemos caracterizar essa década como de grande liberdade religiosa e
multiplicidade da religiosidade, particularmente nos grandes centros, como São
Paulo. No interior do país ainda havia uma tensão com a igreja Católica, embora o
protestantismo estivesse em plena expansão ali, seguindo a rota do café.

Embora o catolicismo tivesse uma hegemonia no país, como visto pelo fato de
o Brasil ser conhecido oficialmente como um país Católico, embora laico, a

! 46!
!

inauguração da nova capital – Brasília – ter sido feita em uma catedral Católica,
outras religiões cresceram muito nessa década.

Essa foi a década da criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil


(CNBB) que coincidiu com um crescimento de movimentos religiosos não católicos,
não cristãos, como a Umbanda – que se autointitulou a única grande religião
autenticamente nacional – o Candomblé e o Espiritismo (Kardecista ou não). Com a
expansão de outras religiões, a igreja católica reagiu com críticas como em 1953,
ano em que a CNBB lança uma campanha oficial: “Campanha Nacional contra a
Heresia Espírita”. Em contrapartida, Chico Xavier – médium espírita – busca
respeitabilidade ao espiritismo, o que foi uma marco nessa época.

Essa década também marca o fortalecimento e crescimento do


protestantismo e do pentecostalismo. Conforme o censo25, nas décadas de 1950 e
1960 os protestantes cresceram 62%, enquanto a população crescera 35%. Os
pentecostais, também nomeados protestantes pentecostais, cresceram
assustadoramente entre 1956 e 1961, entre 50% e 70%, foi a chamada segunda
onda pentecostal no país (FRESTON, 1994). As igreja do Evangelho Quadrangular,
Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil para Cristo nasceram, promovendo grandes
ajuntamentos em estádios e programas de rádio.

Curiosamente, foi uma década que viu nascer as curas mediúnicas através de
cirurgias espíritas pela incorporação do “Dr. Fritz”.

A cidade de São Paulo foi receptora de muitos desses movimentos religiosos,


assim como viu sendo erigidas sedes de várias igrejas nascentes. Foi realmente
uma época de grande abertura e liberdade religiosa e não pouco conflito de
religiões. Foi na década de 1960 que o ecumenismo cristão apareceu, foi uma ação
apaziguadora do Concílio Vaticano II.

Não é muito simples identificar o porquê um grupo migra para uma


determinada região. O caso dos taiwaneses é um exemplo claro disso. As conversas
e entrevistas não são muito reveladoras quanto a detalhes específicos sobre razões
da saída de Taiwan [push factor] ou da vinda para o Brasil [pull factor]. É unânime a

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
25
Conforme dados estatísticos oficiais do Censo em seu site:
http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=2&vcodigo=POP60&t=populacao-religiao-
populacao-presente-residente Acessado em 12 de outubro de 2016.

! 47!
!

indicação de um sentimento de ameaça iminente de uma guerra entre China e


Taiwan, não só por questões de retomada territorial, mas pela ameaça comunista
que poderia acabar com a liberdade que entendiam que tinham longe de um
governo comunista. Não podemos afirmar categoricamente os motivos da saída e
nem da escolha pelo Brasil, mas podemos elencar várias causas, como exposto
acima: a história, conflitos, ameaças e o clima de terror em alguns momentos nos
ajudam a pensar no que poderia incentivar pessoas a sair da ilha a fim de construir
suas vidas em outro lugar. Essas informações que temos em mãos nos apontam
para motivações econômicas e político-securitárias, mas não só.

O movimento dos Estados Unidos a favor de Taiwan e sua intervenção,


proteção e investimentos atraiu a atenção dos taiwaneses. É interessante a
admiração dos taiwaneses a tal ponto de seus filhos, nascidos no Brasil, receberem
nomes americanos e não brasileiros. No rol de membros da igreja taiwanesa
encontramos: Jennifer, Jessica, Andrew, Audrey, David, Beth, Bruce, Charles,
Michael etc. Os Estados Unidos eram uma grande referência. Alguns planejaram
migrar para o Brasil e do Brasil para os Estados Unidos. Contudo, o Brasil não foi só
um trampolim, mas experimentava grande desenvolvimento nos anos 1950. Por
outro lado, talvez uma das chaves para entender esse movimento migratório seja os
japoneses. Muitos daqueles que migraram para o Brasil no final dos anos 1950 e
começo dos anos 1960 nasceram ou foram criados durante um período que Taiwan
era colônia do Japão. Em 1908, quando uma grande massa de migrantes japoneses
vêm para o Brasil, Taiwan era japonesa. Muitos dos primeiros migrantes taiwaneses
falavam japonês e a língua abriu caminho para eles em São Paulo, no bairro da
Liberdade, bairro caracteristicamente japonês. Hoje é considerado um bairro
oriental, pois acomoda japoneses, chineses, taiwaneses e coreanos.

Os primeiros taiwaneses de que se tem conhecimento, que aqui vieram,


foram homens, pais de família que falavam japonês que precederam suas famílias
em um movimento pré-migratório. Vieram sozinhos, alguns a negócios em interesse
de alguma empresa taiwanesa ou atraídos ao Brasil por conhecerem da história da
migração japonesa para cá e tendo ouvido falar da campanha no Japão de incentivo

! 48!
!

à migração para o Brasil e como os japoneses receberam terras, como se


adaptaram e como o país fora transformado com a vinda deles.26

Em resumo, havia oportunidades no Brasil, o que constataram. Vieram para


São Paulo, onde a industrialização estava a todo vapor. Logo viram um momento
oportuno para trazerem suas famílias e o processo migratório se iniciou.

Uma outra peça importante nesse quebra-cabeça é a religião, é a vinda do


primeiro taiwanês para São Paulo de que se tem notícia, o doutor Yang. Ele foi o
pioneiro presbiteriano taiwanês em São Paulo que fundou a Primeira Igreja
taiwanesa aqui e teve um papel importante nesse movimento migratório.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
26
Quinze anos depois da vinda de japoneses para o Brasil, o país se tornou autossuficiente em
produção de arroz, a tal ponto que passou a ser exportador do produto (LESSER, 2013).

! 49!
!

CAPÍTULO 2

A fundação da Igreja de Formosa na Liberdade

como um ícone do estabelecimento dos taiwaneses

em São Paulo

A fundação da Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo é um marco


importantíssimo no movimento migratório taiwanês. Primeiramente, marca o
estabelecimento dos taiwaneses presbiterianos na Capital e, provavelmente dos
taiwaneses como um todo no Brasil. Os dados históricos colhidos, as entrevistas e
memórias recuperadas apontam para o estabelecimento dos taiwaneses no Brasil a
partir da cidade de São Paulo. Uma informação é muito importante e curiosa, o
primeiro nome dado à igreja foi Igreja Presbiteriana de Formosa do Brasil (grifo
meu), apontando como o primeiro grupo taiwanês presbiteriano em todo o Brasil.

O pioneirismo da migração taiwanesa para o Brasil que a fundação da igreja


atesta, tornou-se mais uma peça nesse quebra-cabeça que é a compreensão das
causas da migração, conforme vistas no capítulo primeiro. A igreja organizada
motiva a vinda de muitas famílias, opera, ela mesma, como força de atração de
migrantes.

Esse pioneirismo taiwanês é representado em uma pessoa principalmente, o


doutor Yu-chi Yang. Ele marcou o momento chamado pré-migratório e o
impulsionou. Provavelmente não vislumbrava o que aconteceria quando teve o
desejo de migrar para o Brasil e quando chegou, mas é o responsável pelo mais
antigo movimento migratório de taiwaneses presbiterianos de que se tem
conhecimento.

2.1. Taiwaneses Presbiterianos no Brasil

2.1.1 Origens do presbiterianismo e chegada em Taiwan

! 50!
!

O presbiterianismo é um ramo da Reforma Protestante do século XVI, tendo


como figura central o teólogo João Calvino, na França. Esse movimento ocorrido na
igreja cristã de então é iniciado com o protesto do monge e teólogo alemão Martinho
Lutero, em 1517, que propõe 95 teses contra a teologia da Igreja Católica. A igreja
resultante desse movimento é conhecida como Igreja Luterana, por causa de Lutero.
O movimento alcança a Suíça e seus seguidores recebem o nome de reformados,
tendo como ícone Ulrico Zuínglio. A partir de então, as igrejas foram conhecidas
como Igrejas Reformadas, como por exemplo, a famosa Igreja Reformada da
Holanda que marca a primeira presença protestante em Taiwan entre os anos de
1624 e 1662. Após a morte de Zuínglio, João Calvino assume a liderança desse
movimento que marcou a transição da Idade Média e o período moderno. Sua
influência na Europa foi grande, a tal ponto dos seus adeptos serem chamados
calvinistas e a sistematização que propôs da doutrina e teologia ser chamada de
teologia reformada. Sua interpretação da forma como a igreja deveria ser governada
ficou sendo conhecida como calvinismo.

O calvinismo tem como base a soberania absoluta de Deus como criador,


preservador e redentor do mundo. A estrutura eclesiástica proposta organizava as
igrejas sob a liderança de presbíteros, homens escolhidos do meio da membrezia da
igreja (MENDONÇA, 2008).

Contudo, a nomenclatura “presbiterianismo” tem raízes britânicas, conforme


descreve o historiador Alderi Souza de Matos.

Especialmente importante para a fé reformada foi a sua


introdução nas Ilhas Britânicas. Nessa região é que surgiu o
outro nome histórico associado ao movimento:
“presbiterianismo.” Esse nome tinha ao mesmo tempo
conotações teológicas e políticas. Os reis ingleses e escoceses
eram firmes partidários do episcopalismo, ou seja, de uma
igreja governada por bispos. Como esses bispos eram
nomeados pela coroa, esse sistema favorecia o controle da
igreja pelo estado. Assim sendo, a insistência dos reformados
da Escócia e Inglaterra em uma igreja governada por
presbíteros, eleitos pelas congregações e reunidos em
concílios, era uma reivindicação de independência da igreja em
relação ao poder público. Tal foi a origem histórica do termo
“presbiteriano” ou “igreja presbiteriana. (2011, p.2).

! 51!
!

Em resumo, o crescimento do movimento iniciado pela reforma se dá à partir


da Alemanha, em 1516, se espalha para França, Suíça, leste europeu e Ilhas
Britânicas. A partir da Inglaterra, alcança os Estados Unidos, com os peregrinos
puritanos nas primeiras décadas de 1600.

O presbiterianismo chegou em Taiwan em 1865, via ilhas britânicas, através


da missão da Igreja Presbiteriana da Inglaterra que envia o primeiro missionário
presbiteriano à ilha, o doutor James Maxwell – um escocês. A empreitada
missionária deu origem à mais antiga e principal denominação presbiteriana de
Taiwan, a Igreja Presbiteriana em Taiwan (PCT). À propósito, o presbiterianismo
chegou no Brasil um pouco antes de chegar em Taiwan, em 1859, via missionários
americanos, primeiramente o Reverendo Ashbel Green Simonton e mais tarde
outros, provenientes da Igreja Presbiteriana do norte, a PCUSA [Igreja Presbiteriano
dos Estados Unidos da América] que deu origem à mais antiga denominação
presbiteriana do país, a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB).

Cem anos depois da chegada dos presbiterianos americanos ao Brasil, os


presbiterianos taiwaneses chegam aqui, são migrantes com destino à cidade de São
Paulo.

Embora sendo presbiterianos, os taiwaneses não tinham e não têm laços


formais com a Igreja Presbiteriana do Brasil ou outras denominações presbiterianas
no Brasil. São uma denominação presbiteriana independente, uma denominação
étnica. Têm um presbitério27 que engloba igrejas presbiterianas no Brasil28 e uma no
Paraguai.

A denominação presbiteriana taiwanesa no Brasil tem aproximações e


amizade com pastores presbiterianos provenientes de igrejas presbiterianas no
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
27
Presbitério designa uma organização que compõe várias igrejas presbiterianas de uma região a fim
de ser um órgão unificador, legislador e direcionador para todas aquelas igrejas. O presbitério é
composto de uma diretoria eleita anualmente entre os pastores e os presbíteros representantes
daquelas igrejas.
28
As igrejas taiwanesas espalhadas no Brasil que fazem parte do presbitério taiwanês são: Primeira
Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo, Igreja Presbiteriana de Formosa de Mogi Das Cruzes,
Igreja Crista Presbiteriana de Formosa em Botujuru, Igreja Presbiteriana de Formosa do Brasil TAI-
AN, Igreja Presbiteriana Vida Nova de São Paulo, Igreja Presbiteriana Povo Celestial de Formosa,
Igreja Presbiteriana de Formosa no Brasil Santo Eterno, Igreja Presbiteriana Formosa de Manaus,
Igreja Presbiteriana Chinesa de Porto Alegre, Igreja Presbiteriana Chinesa De Curitiba, Igreja
Presbiteriana Oriente De Paraguai, Igreja Presbiteriana Chinesa Em Fortaleza.

! 52!
!

Brasil, entre outras denominações cristãs reformadas. São comuns os convites para
pastores presbiterianos brasileiros pregarem, darem palestras e aulas na escola
dominical. O principal elo de contato com outras igrejas presbiterianas no Brasil e
outras denominações também, geralmente acontece através do Seminário Teológico
Servo de Cristo, 29 um seminário de origem chinesa-taiwanesa fundado em São
Paulo por presbiterianos taiwaneses, entre outros.

2.1.2 Os pioneiros e suas famílias

Os primeiros taiwaneses presbiterianos chegaram ao Brasil na década de


1950. A pré-migração e a posterior migração aconteceram em partes, ou seja,
primeiramente o pai da família vinha para o Brasil a fim de descobrir meios para
trazer a família. Esse pai de família, vinha de avião sozinho e mandava notícias para
que os familiares viessem, o que podia acontecer até dois anos depois de sua
partida. Geralmente vinham de navio, uma viagem que levava até 60 dias.

Os primeiros migrantes taiwaneses presbiterianos de que se tem notícia


chegando em São Paulo são o Sr. e a Sra. Yang. Eles chegaram ao Brasil entre
1955 e 1956. Podemos caracterizar esse período como a pré-migração dos
taiwaneses em São Paulo.

O senhor Yu-chi Yang era natural de Lu-kang, Taiwan, nasceu no dia 4 de


março de 1907 em uma família cristã presbiteriana. Ele se graduou em Teologia no
Tainan Theological College e serviu na igreja Bu-hong. Após servir como pastor por
um ano naquela igreja, decidiu estudar medicina. Migra, então, para o norte da
China, na Manchuria, onde se formou como médico. Diante do contexto do conflito
China-Taiwan teve o desejo de migrar e construir um futuro melhor para sua família
em outro país, onde também pudesse servir a Deus plantando ali uma igreja. Peter
Yang, conta que seu pai acabou vindo para o Brasil porque tinha grande abertura,

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
29
O Seminário Teológico Servo de Cristo, em São Paulo, é conhecido como seminário chinês, e foi
onde a maioria dos pastores taiwaneses da década de 1990 para cá foram formados, é um seminário
que nasceu no seio das igrejas presbiterianas taiwanesas no Brasil, contudo é um seminário
interdenominacional e independente da igreja ou do presbitério taiwanês.

! 53!
!

na época, para migrantes e, como falava japonês, achou bastante conveniente vir,
afinal se os japoneses migraram e se estabeleceram, deveria ser um bom país. Em
1955 migrou para o Brasil sozinho, sem amigos e sem contatos em São Paulo.
Chegou no dia 25 de agosto daquele ano. Consegue se estabelecer na Capital
tendo como apoio a colônia japonesa, de quem se aproximou, pois falava japonês.
Já estabelecido na cidade, seus três filhos, Peter, John e James chegam em 11 de
abril de 1956. A seguir, sua esposa e a filha Elizabeth vêm alguns meses depois, no
mesmo ano. Segundo Peter Yang, seus pais foram os primeiros taiwaneses em São
Paulo, o que é difícil precisar se eram os únicos mesmo numa grande cidade como
São Paulo. Não há dados na Hospedaria dos Imigrantes que comprove isso, nem no
Escritório de Taipei que faz o papel de consulado no Brasil. Taiwaneses podem ter
migrado para o país como japoneses em 1908, que marca o início da grande
migração japonesa para cá. Contudo, o Dr. Yang e sua esposa certamente foram os
primeiros presbiterianos taiwaneses em São Paulo de que se tem notícia.

Foto 2 – Sr. e Sra. Yang, os pioneiros

Fonte: Arquivo da família Yang

Com a vinda dessa primeira família de taiwaneses para o Brasil, uma


oportunidade se abre para a vinda de outras famílias nos anos que se seguiram,

! 54!
!

eram parentes e amigos chegados. Foi um processo que se espalhou por um longo
tempo e se transformou em uma rede de comunicação e apoio desta migração. Esse
comportamento migratório, se assim podemos chamar, reflete exatamente uma das
categorias propostas por Charles Tilly,30 o movimento migratório em cadeia ou rede
[chain em inglês].

Cadeia (ou rede) no movimento migratório é o terceiro tipo que


diz respeito a um movimento em grupo de indivíduos
relacionados ou famílias que migram de um local a outro
através de uma série de arranjos sociais em que pessoas no
destino fornecem ajuda, informação e suporte aos novos
migrantes. [...] No destino, esse tipo de migração tende a
produzir grupos fortes e duráveis ligados por um elo comum.
Em casos extremos, formam vilas urbanas. (TILLY, 1978).

Os presbiterianos taiwaneses se moviam em famílias, como se vê em 1969,


por exemplo, catorze anos depois da chegada da família Yang. A irmã da senhora
Yang, a senhora Chow Shui Sing, chega com quase toda a sua família, eram 8
pessoas. “Não são os indivíduos que emigram, mas sim a rede” (TILLY, 1990, p. 84).
Esse movimento e comportamento se estende pelos anos 70 e 80, quando se
enfraquece.

As famílias eram grandes, chegando a 13 filhos em alguns casos, o que


segundo membros dessas famílias, fazia do processo migratório algo mais fácil pelo
companheirismo e a presença dos entes queridos apoiando durante a adaptação no
novo país. Ao mesmo tempo eram muitas bocas para serem alimentadas, o que
exigia que tivessem uma fonte de renda e o empenho dos filhos mais velhos para
que os mais novos pudessem estudar. A mãe, geralmente ficava em casa cuidando
dos filhos mais novos e preparando as refeições para todos.

2.2 A Fundação da igreja

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
30
Em 1976, Charles Tilly, professor doutor em sociologia da Universidade do Michigan, nos Estados
Unidos, propõe categorizações para entender os movimentos migratórios em um artigo intitulado
Migration in Modern European History. As categorias que lá propôs são: local, circular, cadeia ou rede
e de carreira. Essas categorias foram de muita ajuda para a compreensão da mobilidade migrante da
Europa para os Estados Unidos.

! 55!
!

A Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo foi fundada em


1962. Tudo começou com uma reunião de um grupo de migrantes taiwaneses
presbiterianos em um lar. Esse grupo começou a se reunir no começo do ano de
1960 na Rua Asdrubal do Nascimento, 220, Apt 93, no bairro da Bela Vista, próximo
à Praça da Bandeira, na região central da cidade de São Paulo. Esse era o
endereço do casal Sr. e Sra. Yang. Foi o nascimento da ISP. Por isso, o Dr. Yu-chi
Yang e sua esposa Yang Hong Sui-len são considerados fundadores oficiais da ISP,
foram os pioneiros.

Migração e religião são boa combinação. Quando abriram sua casa para
iniciar um grupo de estudos bíblicos e oração, o casal Yang promoveu suporte aos
migrantes presbiterianos que chegavam. A própria realidade da migração fez com
que o grupo se fortalecesse, pois a migração trouxe obstáculos naturais como a
dificuldade de se comunicar no Brasil e sustentar as famílias. Compartilhando as
dificuldades e lutas uns dos outros enquanto migrantes, aqueles taiwaneses foram a
cada dia fortalecendo mais o grupo e os que chegavam iam se juntando a eles.
Iniciaram uma Escola Dominical naquela residência, o que não era uma novidade
para o grupo, pois vinham da igreja Presbiteriana em Taiwan, que tinha como
tradição ter uma Escola Dominical, quando os membros tinham estudos bíblicos e
aprendiam sobre as doutrinas da igreja. Mas tinham também celebrações, cultos
onde o Dr. Yang era o celebrante, sua esposa tocava o piano acompanhando os
hinos e Peter, preparava os boletins – cuidava da impressão - com a programação
daquele domingo. Embora o formato do ajuntamento fosse de acordo com a Igreja
Presbiteriana em Taiwan (PCT), essa iniciativa religiosa não foi um projeto
missionário da denominação em Taiwan, porém uma iniciativa pessoal que estava
no coração do Dr. Yang e sua esposa, uma iniciativa migrante. Em outras palavras,
não havia laços denominacionais no início ou na fundação dessa igreja em São
Paulo, embora, mais tarde, com o crescimento do grupo e a necessidade de
pastores, tiveram de trazê-los de Taiwan, como foi o caso do pastor Hsu You-chai,
Lai Tsai Hwa e outros.

A data oficial de fundação da ISP é 22 de setembro de 1962, embora o grupo


já se reunisse anteriormente no apartamento da família Yang. Ainda mesmo antes
de qualquer grupo se reunir naquele lar, a família Yang tinha reuniões de oração

! 56!
!

todas as noites lideradas pelo pai. Essa igreja não "nasce" ao redor de um prédio, de
um templo, mas em uma casa em um lar à semelhança de igrejas nas casas
conforme a narrativa do livro bíblico de Atos dos apóstolos 31 . Isso é bastante
significativo, pois a igreja que não é um templo organiza a vida dos migrantes, a
igreja que é um grupo dos seguidores de Jesus Cristo. Em 1964, conseguem se
reunir em um templo pela primeira vez. Fizeram um pedido à Igreja Metodista de
São Paulo, na Avenida Liberdade e começam a usar suas dependências para seus
cultos e Escola dominical, pois não tinham um templo próprio. Somente em 1979
lançam a pedra fundamental 32 do templo, aquele que seria o primeiro templo
presbiteriano taiwanês de São Paulo. Trabalham e fazem contribuições financeiras
para a construção daquele templo que é consagrado33 em 15 de janeiro de 1984 na
rua Doutor Siqueira Campos, 100, no bairro da Liberdade.

O Dr. Yang também foi importante na fundação de mais uma igreja. Ele foi o
elo para a vinda de seis famílias taiwanesas para a região de Mogi das Cruzes, eram
presbiterianos, e ali fundaram, em 1963, a Igreja Presbiteriana de Formosa de Mogi
das Cruzes e construíram um templo que permanece até os dias de hoje.

2.2.1 Antes juntos que sozinhos em São Paulo

Os taiwaneses que chegam a São Paulo vêm para casa de parentes ou


conhecidos como primeiro ponto de apoio ou procuram um local onde há
ajuntamentos de taiwaneses ou orientais, no caso, o bairro da Liberdade. É natural
esse deslocamento para áreas como a Liberdade para facilitar a adaptação no país.
Bairros como a Liberdade são canais abertos de comunicação e compreensão do
“novo mundo”. Além do bairro, qualquer organização social, cultural ou religiosa se
transforma em um porto seguro, um local de ajuntamento de outros compatriotas, o
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
31
O livro bíblico de Atos dos Apóstolos registra o início da igreja cristã que nasce com a mensagem
do Evangelho de Jesus Cristo. Após a narrativa da ressurreição e assunção de Jesus ao céu, os
crentes se reúnem em casas e, assim, a igreja cresce e se espalha.
32
O lançamento da pedra fundamental de um templo cristão é bastante simbólico. Costuma ser uma
solenidade no terreno onde a igreja será construída, um culto com um ato da colocação de uma Bíblia
em uma caixa de cimento onde será erigido o templo. Isso representa que a igreja (ou templo) é
construída sobre a Bíblia, a Palavra de Deus.
33
A consagração de um templo protestante é uma cerimônia de dedicação daquela construção, um
ato cheio de simbolismo, pois o local é oferecido para Deus e para a adoração exclusiva a Deus.

! 57!
!

que pode ser um bom local para se conseguir informações e descobrir


oportunidades de trabalho, moradia, negócios. Uma igreja no meio desse bairro viria
a calhar. Igrejas são organizações de referência. Esse grupo de taiwaneses reunidos
na casa do doutor Yang era uma igreja, independente do tamanho do grupo, e como
tal, era uma referência taiwanesa na cidade de São Paulo. Ali acontecia o
ajuntamento de taiwaneses, o que era bom para matar a saudade da pátria, mas
principalmente para descobrir sobre o novo país. A igreja cumpre um papel
importante de ser essa referência para muitos migrantes recém-chegados, mas
também os que já estão instalados. Além de ter um papel social, a igreja promove a
identidade por cuidar de, ao menos, dois elementos fundamentais, a língua e a
cultura. A língua e a cultura são dois elementos importantes da identidade de um
povo, principalmente no que diz respeito a preservação dessa identidade
(SEYFERTH, 1986).

Na migração, as característica linguística e cultural sobressaem. A língua


natal é o meio principal de comunicação, pois ainda não dominam a língua do país
que os recebe e tudo, ou quase tudo, tem de ser traduzido/interpretado para eles em
sua língua natal. A língua natal é aquela pela qual se entende o mundo. A cultura,
por outro lado, tem de ver com o próprio comportamento que se distingue em
contato com essa outra cultura. O contato interétinico reforça a identidade. Então,
não é difícil entender que para alguns, manter a língua é manter a identidade,
principalmente os da primeira geração. A fim de que isso aconteça, a fim de se
garantir a manutenção da língua e cultura é preciso um meio e a igreja vem a calhar
como esse meio pelo qual a identidade é sustentada e perpetuada através do culto
na língua taiwanesa, as leituras bíblicas, os cânticos, os boletins dominicais e
literatura naquela língua. É claro que o papel da igreja vai além da conservação da
língua, afinal, se isso fosse o mais importante, era só fazer reuniões informais entre
taiwaneses em algum clube ou promover ajuntamentos. A igreja promove a língua,
mas vai além, ela promove comunhão entre seus membros através de um elo
transcendental envolvido que faz toda a diferença. Uma experiência religiosa,
espiritual faz com que queiram se reunir como igreja, em comunidade e em culto,
vivendo juntos como faziam em Taiwan, na igreja em Taiwan. Tudo isso combinado
com a língua que se entende e a cultura que lhes pertence cria uma comunidade
étnica (Weber, 1991).

! 58!
!

2.2.2 A construção do templo e da identidade

A ISP nasceu em uma residência, mas isso não significava que um templo
não era importante para os taiwaneses. Pelo contrário, o desejo de terem um templo
próprio para a adoração era um sonho, construi-lo era um desafio. A decisão foi
tomada e uma comissão foi formada em 7 de março de 1966 para comprar um
terreno onde seriam as futuras instalações da igreja. Após a construção do templo
mais migrantes chegaram e, coincidência ou não, o comércio taiwanês no bairro se
tornou mais representativo, pois muitos taiwaneses chegam e se estabelecem ao
redor e não eram, todos, necessariamente presbiterianos ou, sequer, cristãos. O que
estava operando ali era a migração em rede (ou em cadeia), conforme proposto por
Charles Tully (1978).

O bairro da Liberdade, que primeiramente foi habitado por japoneses que


migraram para o Brasil em grupos familiares à semelhança dos taiwaneses, mais
tarde, tem essa característica elaborada por Tully quando fala do movimento
migratório em rede e que, conforme afirma: “quando levado ao extremo pode formar
vilas” (Tully, 1978) ou bairros como a Liberdade. Em um certo sentido, os
taiwaneses criam um bairro dentro do bairro.

Um outro exemplo desse fenômeno da organização de uma comunidade ao


redor de uma igreja com toda uma estrutura de comércio e que vira cidade é o que
aconteceu em várias cidades brasileiras, como no estado de Minas Gerais, por
exemplo. Cidades que nasceram à partir de uma igreja (a igreja católica) que era
construída onde seria o centro da cidade, o início da cidade.

Junto com o surgimento dos centros religiosos, observava-se o


surgimento de núcleos populacionais e comerciais
circundantes, formando-se, em pouco tempo um povoado que,
poderá chegar em certos casos a categoria de vila ou cidade. O
surgimento desse tipo de conformação física conserva-se
presente nos bairros rurais brasileiros em estados como Minas
Gerais. (RIBEIRO, 2006).

Esse modelo de iniciar-se uma vila ou cidade com uma igreja ou à partir de
uma igreja é bastante simbólico no Brasil. Pode significar a bênção de Deus para o

! 59!
!

início da cidade, pode simbolizar o temor, a fé como fator primeiro nos


empreendimentos humanos. De qualquer forma, podemos traçar um paralelo com a
fundação da primeira igreja presbiteriana taiwanesa em São Paulo (ISP) com o
aumento da migração taiwanesa e o estabelecimento do comércio e das
organizações sociais na Liberdade. A partir dessa igreja, que necessariamente não
tinha templo próprio, forma-se uma colônia taiwanesa na Liberdade. O ajuntamento
de um grupo, no caso os presbiterianos, já foi suficiente para que fosse
desencadeada uma organização ao seu redor. É claro que não podemos afirmar que
a igreja foi a única e exclusiva responsável por essa organização, mas podemos
dizer que que teve um papel imprescindível.

Mesmo antes do início das reuniões na casa da família Yang, o casal fazia
cultos domésticos com os filhos. Segundo, Peter Yang, os cultos domésticos
aconteciam todos os dias à noite na residência. Eles oravam, estudavam a Bíblia e
cantavam. Isso demonstra que já havia uma tradição estabelecida, que pode ter se
intensificado no Brasil. Uma coisa é certa, a família era cristã, pois receberam essa
tradição de seus avós, da igreja Presbiteriana de Taiwan. Uma tradição não se
constrói de um dia para o outro, mas através de várias experiências com o sagrado,
experiências que as gerações anteriores vivenciaram e transmitiram aos
descendentes.

Através de idas periódicas ao templo, o homem penetra numa


atmosfera transcendente que se manifesta num tempo sagrado
que é cíclico, reversível e heterogêneo em contraste com o
tempo profano, que é linear, contínuo e homogêneo. Por
algumas horas, o tempo parece parar ou retornar a uma época
anterior, sagrada, na presença da divindade. Desta forma, por
algum tempo, o fiel reencontra-se num tempo mítico, num
cosmos puro e santo, tal como era no momento da criação. É a
experiência da dimensão espaço temporal do sagrado que
permite ao homem religioso compreender seu objetivo e situar-
se dentro do Cosmos, organizando-se no caos de sua vida
cotidiana. (RIBEIRO, 2006).

Em 1 de fevereiro de 1963 começaram a se reunir numa sala do templo da


igreja Metodista, a Catedral Metodista de São Paulo, na Avenida Liberdade, 659. A
ideia de se reunir em um templo não era somente porque o grupo havia aumentado,

! 60!
!

mas era o que deveria ser feito, precisavam de um templo. A tradição dizia que
precisavam de um templo, a tal ponto de desejarem um templo próprio, só deles.

A tradição religiosa é implícita, transmitida pelo fundador que era de tradição


presbiteriana, o que foi traduzido através de estatutos, normas e regras, liturgias e a
estrutura organizacional. Contudo, nem sempre que um grupo religioso se forma, o
seu primeiro momento é administrativo ou organizacional, mas transcendental,
experiencial. O motivador é uma experiência religiosa, questões administrativas
entram em cena mais tarde, quando ocorre a organização propriamente dita, onde
se introduz questões legais, estatutárias e adequações às leis brasileiras.

Assim que puderam, empenharam esforços em direção à compra de um


terreno e à construção do próprio templo. Embora fossem migrantes e tivessem
dificuldades de adaptação e dificuldades em encontrar emprego, havia um
comprometimento com aquela causa. A igreja e a construção de seu templo eram
compromissos inegociáveis.

Vários fatores contribuíram para a união e aproximação dos taiwaneses entre


si e é difícil precisar em que sequência isso aconteceu. Muitas vezes tais fatores
aconteceram concomitantemente. Podemos estabelecer que o primeiro fator de
união entre os taiwaneses na cidade de São Paulo foi a questão familiar, pois muitos
eram parentes. Depois, a própria condição de migrantes leva os iguais a se
ajuntarem frente a um universo desconhecido que era São Paulo. Tinham
necessidades de buscar empregos e uma fonte de renda para sustentar suas
famílias. Estar junto com outros na mesma condição é um bom caminho para se
encontrar soluções. Sobre tudo isso havia um fator “inerente” que era a religião,
eram cristãos protestantes presbiterianos, o que consciente ou inconscientemente já
trazia um fator unificador de caráter religioso ou espiritual. Os familiares eram, em
sua maioria, cristãos. Os migrantes que foram chegando, eram, em sua maioria,
cristãos. Os que não eram cristãos presbiterianos, tiveram uma grande exposição à
religião, muitos se converteram e foram batizados. Alguns dados numéricos são
interessantes: no natal de 1962 havia 20 pessoas participando daquela que foi a
primeira celebração de natal do grupo oficialmente como igreja ainda se reunindo na
residência do Dr. Yang. Em 18 de abril de 1965 é celebrada uma Santa Ceia
(Eucaristia) com 53 participantes, lembrando que só participavam da ceia os que
eram batizados e haviam professado sua fé em Jesus Cristo. Em 29 de junho,

! 61!
!

comemoraram o centenário da Igreja Presbiteriana em Taiwan (PCT), em um culto


dirigido pelo pastor Hus Yu Tsai com a presença de 230 pessoas, sendo a maioria
taiwaneses migrantes em São Paulo, membros da ISP, da igreja taiwanesa de Mogi
das Cruzes e outras que foram se organizando. Em 4 de setembro daquele mesmo
ano havia 85 pessoas reunidas para a comemoração do terceiro aniversário da
igreja. À partir de então, a igreja foi crescendo, chegando a 300 membros em seu
auge, na década de 1990.

O ponto de partida que organizou a vida daqueles migrantes extrapolou os


limites da família e um elo maior que a própria família de sangue se formou, a
família da fé. Família já era um conceito bastante precioso naquela cultura, mas
família da fé se tornou ainda superior. O conceito família da fé se torna bastante
forte na comunidade taiwanesa regendo o que fariam dali para a frente. Assim como
podiam contar uns com os outros na família de sangue, a família da fé era o que
precisavam para enfrentar as dificuldades da migração, da adaptação em São Paulo
e o desejo de se sucederem bem aqui e construírem juntos um templo. O próprio
templo é um símbolo concreto do sucesso dos taiwaneses em São Paulo, ainda
mais que abraçaram essa empreitada em um momento que o Brasil atravessava
uma crise política (ditadura militar) e econômica, depois do auge econômico durante
o governo do presidente Juscelino Kubtschek.

A inauguração do templo da ISP se dá em 1984. Aquele não era somente um


lugar para o encontro com a divindade, de culto onde “por algumas horas o tempo
parece parar ou retomar a uma época anterior, sagrada, na presença da divindade”
(RIBEIRO, 2006, p.14), senão também um lugar para o encontro com a terra natal e
tudo de bom que ela representa. Isso é bastante claro, pois se vê no sentimento de
comunidade desenvolvido. Mesmo antes do templo ser construído, o local se tornou
ponto de encontro dos taiwaneses, um local de amizade, acolhimento,
companheirismo, um lugar seguro. Histórias que estão na memória daquele povo e
memórias fotográficas contam como o templo se tornou esse lugar seguro, como
esse local era de fé, mas também de acolhimento e apoio moral e social. Desde
janeiro de 1976 promovem um almoço dominical para os membros e visitantes da
igreja que, como alguns atestam, não é só um momento para alimentação, uma
questão de conveniência, mas é um momento da igreja, do povo de Deus – povo de
Deus taiwanês – se reunir de forma descontraída, construir amizade, colocar a

! 62!
!

conversa em dia, descobrir as necessidades uns dos outros, contar histórias,


relembrar o passado e se fortalecer para construir o futuro. Podemos traçar aqui um
paralelo com o solo sagrado, uma referência a experiência registrada na Bíblia por
Moisés que quando estava pastoreando um rebanho vê um arbusto em chamas,
mas não era consumido pelas chamas. Quando Moisés se aproxima, ouve a voz de
Deus que lhe dizia ser aquele local um lugar santo e que deveria tirar as sandálias
dos seus pés enquanto ali estivesse. A igreja taiwanesa era um solo santo, onde
experiências religiosas aconteciam, mas também um lugar ligado a terra natal, o
ponto de partida para a construção do futuro.

O templo, que não quer dizer só um lugar de celebração religiosa, mas de


uma variedade de relações, se torna quase um caminho necessário para todo
migrante taiwanês querendo ficar em São Paulo, ainda que nem todos os que por ali
passaram fossem cristãos ou se converteram ao cristianismo. Um dos exemplos de
como o templo se tornou uma referência para os taiwaneses na cidade de São Paulo
no aspecto sócio-educacional, foi a descoberta das universidades do governo. Ali, os
pais e os filhos ficaram sabendo sobre a Universidade de São Paulo, universidades
federais que eram gratuitas. Um dos aspectos que era levado muito a sério pelas
famílias era os estudos. Muitos pais migrantes eram graduados, eram professores,
médicos em sua terra natal, embora tenham acabado trabalhado como eletricistas,
comerciantes etc. pela condição que a migração lhes impôs. Estudar era um
compromisso sério, pois iria lhes garantir um futuro, um futuro melhor do que a
primeira geração experimentava. Grupos de estudo foram formados na igreja pelos
jovens em fase de vestibular para que se ajudassem mutuamente, afinal muitos não
entendiam tudo o que era ensinado nas escolas, pois a cultura era diferente, a
língua era diferente. Muitos passaram no vestibular da USP e puderam gozar de um
ensino de qualidade e vislumbrar um futuro melhor, como os pais sonhavam para
eles.

Todo o processo desde os ajuntamentos na casa do dr. Yang, a fundação da


igreja, a compra do terreno e a construção da igreja, um período de 1962 a 1984, a
marcou o estabelecimento dos taiwaneses presbiterianos em São Paulo, mas mais
do que isso foi um processo de construção também da própria identidade.

! 63!
!

Concentrando as atenções no processo de construção das


identidade, vemos que o sentimento de pertencimento a um
povo, a uma cultura, nacionalidade, região, religião, grupo, ou a
outra forma de identidade cultural, quase sempre, significou o
não pertencer a outro. (SANTOS, 2011)

Esse processo de construção se dá como vimos, em um ambiente de fricção


do contato interétnico. E esse contato nem sempre é amistoso ou pacífico, mas,
como a própria palavra fricção revela, pode ser chocante e até violento.

Hostilidade provoca hostilidade [...] toda a situação de conflito


desemboca em sentimento de solidariedade racial ou cultural
no interior de cada comunidade. Como resultado deste
processo social, os imigrantes tenderam a tornar-se classe
social distinta com elevada auto-consciência.
Cuidaram, então, dos valores que o novo meio ameaçava:
língua e tradições. Estes foram os vínculos de unidade grupal
e seus símbolos de solidariedade social. (NIEBUHR, 1992,
p.138)

“Japonês, Japa!” É assim que nós, brasileiros, geralmente nos dirigimos aos
orientais independentemente de onde forem. Em conversa com membros da ISP,
ouvi vários relatos dos taiwaneses da primeira geração e seus filhos que foram
apelidados de japa ou japonês. Isso tem uma explicação, pois a imigração japonesa
no Brasil (1908-1973) foi muito grande e significativa, e anterior à chegada dos
taiwaneses a tal ponto de generalizarmos todas as pessoas que tem os “olhos
puxados” como sendo japoneses. Isso ainda acontece hoje, ainda que percebemos
uma transição nessa generalização de identidade agora para os chineses, devido ao
grande movimento imigratório chinês pelo mundo – e para o Brasil –, o comércio
(exportação) de produtos chineses para o mundo e a migração chinesa mundial.
Aqui no Brasil, os orientais estão sendo chamados de chineses ou “china”, conforme
relatos de pais taiwaneses que falam de seus filhos estudando nas escolas
brasileiras, jovens e adolescentes da segunda geração.

Além de serem identificados como japoneses e ou chineses, os taiwaneses


também já foram confundidos com tailandeses, mas não tanto pela aparência,

! 64!
!

porém pela pronúncia próxima em língua portuguesa das palavras taiwanês e


tailandês. De alguma maneira, muitos brasileiros referem-se a tailandeses com mais
facilidade que a taiwaneses, talvez por uma questão fonética. Isso é um fenômeno
em si. O povo taiwanês – no Brasil – tem uma identidade nublada, não cristalina.
Não é tão simples determinar quem são no meio de tantos grupos migrantes e,
muito menos, entre os orientais concentrados no bairro da Liberdade, em São Paulo.
“A identidade de um grupo começa com o nome que lhe é atribuído ou que ele se
atribui” (PEREIRA, 2005, p.105). A nominação é característica básica da identidade.
Em se falando em nome, nominação, fica bem claro que os presbiterianos
taiwaneses, ao fundar sua primeira igreja em São Paulo, fizeram questão de colocar
o nome IGREJA DE FORMOSA DE SÃO PAULO na placa da frente da igreja. Isso é
um indicador de identidade, é a nominação ou autonominação que marca o início da
organização do grupo em relação ao outro (PEREIRA, 2005). É claro que essa
nominação não é óbvia para todo mundo que vive em São Paulo ou no Brasil, pois
Igreja de Formosa não é uma conexão imediata com Taiwan, simplesmente por
uma questão de desconhecimento daquela cultura e história, assim como também
pelo distanciamento geográfico e linguístico. Talvez a palavra Formosa possa
despertar em alguns alguma conexão com Taiwan ao pensarem no mamão Formosa
que veio de lá, mas é uma conexão ainda mais improvável. A identificação de
orientais no Brasil segue a lei do mais fácil, mais comum, como dizer que são
japoneses ou chineses.

Ao se identificarem não somente como IGREJA DE FORMOSA DE SÃO


PAULO, mas como PRIMEIRA IGREJA PRESBITERIANA DE FORMOSA DE SÃO
PAULO (a propósito, o primeiro nome oficial da igreja, registrado em cartório,
segundo atas da igreja, foi Igreja Presbiteriana de Formosa do Brasil) estão se
dando a conhecer dentro do Brasil, na cidade de São Paulo, estão dizendo que são
protestantes e presbiterianos. Mais uma vez vemos a nominação ou autonominação,
agora, dentro do campo religioso cristão que vem localizá-los com uma referência
religiosa denominacional histórica (PEREIRA, 2005) que os caracteriza e diferencia.
A identificação Presbiteriana é razoavelmente conhecida em São Paulo e no Brasil,
e tem ficado mais conhecida depois que organizações como a Universidade
Mackenzie acrescentou Presbiteriana ao seu nome com a finalidade de reforçar a
identidade presbiteriana da universidade, mas muitas pessoas ainda têm dificuldade
com essa e outras nomenclaturas protestantes. Ao se identificarem como de

! 65!
!

Formosa, estão dizendo que são de Taiwan, embora isso não fique tão claro para o
cidadão brasileiro que não pesquisar à respeito. Assim, essa identificação “de
Formosa” faz sentido para outros taiwaneses que estejam na região e que poderiam
se aproximar daquele templo sabendo que ali se reúne um grupo de taiwaneses.
Formosa também é uma nominação que deixa claro para os japoneses, chineses ou
outros orientais que os taiwaneses se fazem presentes naquela região, se reúnem
naquele templo.

! 66!
!

Capítulo 3

As principais transformações até o

cinquentenário da fundação da igreja

O tempo passou e a ISP completou 50 anos. A comemoração aconteceu no


dia 29 de setembro de setembro de 2012 nas instalações da Casa Portugal, uma
casa de eventos localizada na Avenida Liberdade, 602 no bairro da Liberdade.
Coincidência ou não, foi um ótimo lugar para a celebração do cinquentenário da
igreja, uma referência aos navegadores portugueses à caminho de Macau que
batizaram a ilha de Formosa no séc. XVI. O nome Formosa foi como a ilha ficou
conhecida no ocidente.

Foram convidadas todas as igrejas taiwanesas do presbitério,34 havia umas


600 pessoas na comemoração, foi um culto de aniversário com coral, orquestra e a
participação de várias pessoas e grupos cantando tanto em taiwanês, mandarim
quanto português. Antigos pastores foram homenageados.

Quando os primeiros taiwaneses chegaram, provavelmente não vislumbravam


esse momento e não imaginavam como seria. Uma igreja grande, com
aproximadamente 300 membros, com três ministérios organizados (taiwanês,
mandarim e português), com três pastores exclusivos para cada ministério, um
templo próprio que se impôs como presença taiwanesa no bairro da Liberdade.
Haviam colaborado com a plantação de outras igrejas taiwanesas, foram liderados
por vários pastores durante os cinquenta anos, tiveram uma caminhada memorável.

O cinquentenário foi uma época muito especial para a igreja e foi marcado
pelo compartilhamento de um sonho. Esse sonho foi elaborado pela liderança que
enquanto olhava para trás e refletia no passado, olhava para frente querendo ir mais

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
34
Ver nota 28.

! 67!
!

longe. Queriam que o cinquentenário marcasse uma nova fase na vida da igreja, que
a igreja fosse mais acolhedora, alcançasse mais pessoas de todos os três
ministérios, tivesse um caráter ainda mais familiar.

A concretização desse sonho se daria, na visão da liderança, com a


construção de um novo templo, um templo que fosse um centro familiar onde todas
as faixas etárias tivessem bastante espaço para suas atividades, desde atividades
religiosas, sociais até esportivas. Queriam que a igreja servisse outras igrejas em
eventos por sua localização etc. Então, um arquiteto foi contratado, o projeto foi feito
e a visão foi lançada no aniversário de cinquenta anos.

Em cinquenta anos muitas coisas mudaram, muitas transformações


ocorreram, outras não e o cinquentenário poderia ser o divisor de águas para uma
nova fase diante dos desafios de manter a igreja viva no futuro.

3.1 Transformações inevitáveis

3.1.1 As novas gerações

Uma das transformações que podemos afirmar foi inevitável é o crescimento


biológico no grupo migrante organizado em igreja, filhos e filhas foram nascendo, as
gerações foram se formando com o passar dos anos. O crescimento natural
biológico foi incentivado por um fator importante, a legalização dos taiwaneses no
país. Ter filhos no Brasil seria a forma mais fácil dos pais serem legalizados.

Quando chegaram ao Brasil, os adultos, nascidos em Taiwan em sua maioria,


foram os fundadores, os iniciadores junto com o Dr. Yang e sua família. Outros
vieram nos anos que se seguiram, mesmo após a fundação da igreja e chegaram
com suas famílias. Os fundadores juntamente com os adultos que chegaram
compõem o grupo da primeira geração, ou seja, a primeira geração que migrou para
o país na década de 1950 e 1960. Homens e mulheres que chegaram em São Paulo
na faixa etária entre 30 e 40 anos com filhos entre 3 e 25 anos de idade.

! 68!
!

Ao passo que esses migrantes se organizam como igreja, pela motivação da


religião, pela motivação da situação migrante e seus sofrimentos, pela motivação de
necessidades semelhantes, pela motivação de terem famílias e filhos em idades
semelhantes, uma comunidade se forma, um grupo social coeso e unido por várias
ligas se constrói. Esse grupo, com o passar dos anos foi se adaptando às
transformações naturais, sociais que ali ocorriam, ou seja, os filhos dos
considerados de primeira geração estavam estudando em escolas brasileiras,
experimentando diariamente a cultura brasileira e quando chegavam em casa
experimentavam a cultura, língua e todo universo taiwanês. Esses meninos e
meninas foram crescendo e chegaram à faculdade. Sabiam que não eram brasileiros
como os brasileiros, mas não só pela aparência. Falavam fluentemente o português,
até comiam comida brasileira, mas eram taiwaneses com uma grande influência
brasileira. Dentro da própria igreja começaram a se identificar conforme suas
gerações. Era nítida uma diferença dentro da própria comunidade em relação às
diferenças etárias e à exposição, ao mesmo tempo, à cultura brasileira na cidade de
São Paulo e à cultura taiwanesa dos pais em casa.

Elaborou-se, então, ou melhor, tomou-se emprestado uma nomenclatura


lógica que caracterizou e ao mesmo tempo qualificou e explicou a comunidade
taiwanesa presbiteriana em São Paulo. Essa nomenclatura parece ter laços com a
tecnologia, ao tratar gerações como as gerações de eletrônicos ou através do
avanço da tecnologia automobilística que identifica carros do mesmo modelo, sendo
da primeira, segunda ou terceira gerações.

Até o cinquentenário da igreja, o sistema que se desenvolveu ou se adotou


dentro do próprio grupo, um sistema elaborado nas relações etárias entre os
membros e nas relações temporais conforme o tempo em que migraram, foi um
sistema de três gerações: 1.0, 1.5 e 2.0. Não é possível precisar exatamente quando
essa categorização se deu na igreja, mas pelo que parece, foi após o nascimento
dos netos dos fundadores, daqueles da primeira geração de migrantes no Brasil. A
designação 1.0 se refere àqueles que pertencem à primeira geração, 1.5 é a
geração dos filhos daqueles que primeiro chegaram ao Brasil e 2.0 é a geração dos
nascidos neste país. Essa nomenclatura não foi uma elaboração formal da igreja,
estudada e adotada oficialmente, pelo contrário, é uma forma do grupo étnico se
explicar, se fazer entender para os de fora, mas entre os de dentro também. O

! 69!
!

objetivo é identificar as diferenças inerentes ao grupo. Como isso se deu é bastante


curioso, pois, primeiramente, é uma influência americana, o que não é novidade,
pois muitos taiwaneses têm influência americana. Alguns dos membros da igreja já
viveram nos Estados Unidos a fim de estudar inglês, outros têm o green-card35 e
muitos têm parentes que são residentes ou cidadãos americanos. A influência
americana é significativa, justificada, provavelmente, pela aproximação dos
americanos aos taiwaneses durante vários momentos históricos críticos e
ameaçadores por parte da China Continental, além do investimento financeiro feito
na ilha, o que os levou a concorrer no mercado internacional, o que os ajudou a
alcançar status de Tigre Asiático.

Foi nos Estados Unidos, por conta de uma maciça migração entre os anos de
1820-1980, migração jamais vista na história da humanidade, proveniente
principalmente da Europa, que se desenvolveu essa nomenclatura: primeira e
segunda geração, ao se referir aos migrantes e seus filhos nascidos em território
americano. Os nascidos em território americano eram americanos por força do
direito da terra, o jus solis: quem nasce naquela terra é cidadão da terra. Isso
significa que são cidadãos independentemente da ascendência. Então, Rubén G.
Rumbaut, sociólogo e pesquisador cubano-americano com foco de pesquisa em
movimentos migratórios e refugiados, cunhou em 1988 o termo geração 1.5. Após
vários estudos e vendo que havia uma lacuna entre a primeira geração (1.0) e a
segunda (2.0), após estudar sobre a migração e adaptação de filhos de poloneses
nos EUA, percebeu a necessidade de uma abordagem e atenção àqueles que eram
filhos de migrantes que chegaram aos EUA criança. Haviam nascido em outro país,
mas foram criados nos EUA. Muitos já chegavam alfabetizados de suas terras
natais. Essas crianças tinham elos fortes em duas culturas, mas não tinham uma
categoria, não eram foco de estudo e atenção diante dessa condição entre duas
culturas. Rumbaut é o responsável, juntamente com o sociólogo Kenji Ima, pela
classificação 1.5 no processo de assimilação de migrantes nos Estados Unidos36.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
35
Green card é o documento americano que permite que alguém viva nos Estados Unidos
legalmente, more e trabalhe lá. É um documento de autorização de residência naquele país.
36
A obra que inspirou Rumbaut a encontrar um meio-termo entre os migrantes de primeira e segunda
geração foi um clássico, The Polish Peasant in Europe na Ameria – organization and desorganization
in America de William I. Thomas e Florian Znaniecki, New York : Alfred A. Knopf, 1918. Rumbaut usa
pela primeira vez a classificação geração 1.5 em 1988 em um estudo comparativo com o coautor
Kenji Ima intitulado The Adaptation of Southeast Asian Refugee Youth: A Comparative Study. Final
!
! 70!
!

Na igreja taiwanesa de São Paulo, o primeiro grupo identificado pela


nomenclatura que se desenvolveu foi chamado de 1.0, a primeira geração: são
aqueles fundadores da igreja, os adultos que vieram quando o movimento tomou
forma. O próximo grupo é o chamado 1.5, são os filhos dos fundadores. Pelo que
parece, foram eles que desenvolveram ou adotaram tal nomenclatura quando se
casaram e tiveram seus filhos e isso tem uma explicação. Os filhos dos fundadores
ou dos homens e mulheres da primeira geração são o elo entre o passado taiwanês
e a novidade brasileira. Esses filhos, em muitos sentidos, foram os que traduziram
para seus pais não só o português, mas a cultura, o mundo. Esses meninos e
meninas estavam em contato direto com a nova cultura, estavam como que numa
encruzilhada entre o antigo e o novo, entre o sonho e a realização do sonho. Esses
meninos e meninas eram o alvo e o empenho dos pais, a esperança de todo o
esforço de migração, de deixar a terra natal para trás, apesar de todos os motivos
que pudessem ter para isso e todo o contexto que os fez tomar essa decisão. Esse
filhos, a geração 1.5, eram a transição para a mudança de vida da família toda em
São Paulo. E foram mesmo. A geração 1.5, que hoje está entre 50 e 65 anos de
idade, aproximadamente, é marcantemente composta de profissionais médicos e
engenheiros, em sua maioria. A propósito, em 2012 foram contados mais de 20
médicos na igreja e 80% eram da geração 1.5.

A necessidade da nomenclatura geracional é um desenvolvimento


interessante no que diz respeito ao próprio grupo se explicar e se localizar nele.
Assim, um jovem de 25 anos, por exemplo, filho de pais taiwaneses, pertencente ao
ministério de língua portuguesa da ISP sabe quem ele é. Ele é, via de regra, um não
falante do idioma taiwanês, tem pais taiwaneses nascidos em Taiwan que falam o
taiwanês e o português. Esse jovem é aculturado no Brasil, mas carrega traços da
cultura taiwanesa: alguns costumes, gosta de comida taiwanesa/chinesa, mas não
faz questão dela, tem amigos brasileiros, relaciona-se com brasileiros, pois é
brasileiro e um taiwanês 2.0.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Report to the Office of Resettlement. Muitos outros estudos surgiram à partir dessa proposição de
Rumbaut, estudos sociológicos e pedagógicos.

! 71!
!

3.1.2 A inserção da língua portuguesa

O fato da comunidade presbiteriana taiwanesa estar em São Paulo, os filhos


dessa comunidade estarem envolvidos em estudos na escola brasileira e aspirarem
ao ensino superior em Universidades brasileiras é influência suficiente para a
aculturação daqueles filhos e netos, gerações 1.5 e 2.0.

Com o passar do tempo, a língua portuguesa foi entrando na comunidade


taiwanesa quer quisessem ou não. Começou com termos brasileiros característicos
como nomes de comidas, lugares, pessoas e a força da própria necessidade de
saber a língua para se conseguir empregos e ganhar dinheiro. Contudo, os filhos
foram a maior força influenciadora trazendo o português para casa e para dentro da
igreja. Foi bem perceptível crianças não alfabetizadas ainda falarem o taiwanês, mas
ao passo que iam para a escola, logo começavam a aprender a língua portuguesa e
se comunicar com colegas de escola e da igreja em português. Esse foi um longo
processo que acabou tomando forma na igreja de uma maneira mais significativa
quando decidiram iniciar cultos em língua portuguesa, o que, na verdade, significou
fundar um ministério para pessoas que falavam a língua portuguesa, que deu seus
primeiros passos, com a tradução dos cultos – taiwaneses – para o português em
1975, durante a liderança do pastor Lai Tsai Hwa. Mais tarde, em 1984, houve uma
iniciativa de convidar pastores brasileiros para pregar sermões na ISP durante a
liderança do pastor Tseng Tien Lai. Em 1988, durante a liderança pastoral do pastor
Sun Hong Chi, um pastor brasileiro, Raul Nogueira, foi contratado para trabalhar
junto à mocidade, à geração 1.5, jovens com idades entre 18 e 25 anos. Em 1997,
durante a liderança do pastor Chen Pau Chen, organiza-se e inicia-se o ministério
em língua portuguesa. O maior apelo para a introdução da língua portuguesa na
igreja foram os filhos da primeira geração, os 1.5, quando tiveram filhos, os 2.0,
meninos e meninas nascidos no Brasil. Isso foi combinado com a necessidade da
língua portuguesa nos cultos pela presença de brasileiros ali, as poucas pessoas
que se uniram à comunidade através do casamento com taiwaneses e não
conseguiam entender o que se falava nos cultos. Foi um processo que demorou 22
anos para se estabelecer, mas desde então vem crescendo, com representantes no
conselho da igreja, inclusive.

! 72!
!

3.1.3 Fricção interétnica dentro da igreja

No período entre os anos de 1995 e 1998, houve aproximações de chineses


do continente com os taiwaneses da igreja. Eram famílias que chegavam ao país em
grande número. Essa aproximação foi possibilitada pela amizade que alguns
membros da igreja tinham com tais chineses ou até elos de parentesco, assim como
por terem algo mais em comum, o fato de serem cristãos.

A igreja protestante chinesa cresceu na China comunista embora houvesse


leis e sanções governamentais contra ela, apesar da perseguição e do banimento da
igreja durante a revolução cultural (1966-1976) e, desde de 1976 com o controle da
religião por parte do Estado, a igreja cristã sobreviveu conhecida como a igreja
subterrânea, teve e tem uma existência e crescimento impressionantes, a tal ponto
de estudos apontarem para um significante número de cristãos na China, atingindo
100 milhões de pessoas em 2014.37

O fato de o Brasil ser um país com liberdade religiosa, permitiu a visibilidade


de pequenos grupos de chineses protestantes que na China, eram ocultos e
escondidos. Membros da ISP tiveram contato com essas pessoas que aqui não
precisavam se esconder, fizeram amizades com os chineses e, pela própria
localização da igreja, próxima à região comercial da 25 de março, região de grande
concentração de chineses comerciantes, houve tal aproximação.

Em 1997, a liderança da ISP, durante o pastorado dos pastores Chen Pau


Chen, Chang Lien Chuan e pastora Shyr Shin Huey, decidiu organizar um grupo de
chineses do continente, pessoas que falavam o mandarim, a fim de cultuarem e
estudarem a Bíblia juntos. Foi uma iniciativa de fundo evangelística, afinal era um
pequeno grupo que poderia crescer frente ao atual movimento migratório chinês.
Eles, porém, não se encaixava junto com os taiwaneses, em seu culto,
principalmente por uma questão linguística, pois não compreendiam aquele dialeto
taiwanês, embora muitas outras diferenças os separassem. Por outro lado, havia
alguns taiwaneses que falavam o mandarim, que é língua oficial hoje em Taiwan.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
37
Segundo os sites: Financial Times, https://www.ft.com/content/a6d2a690-6545-11e4-91b1-
00144feabdc0 e BBC News, http://www.bbc.com/news/world-asia-china-35900242 . Acessados em 15
de novembro de 2016.

! 73!
!

Essas pessoas se deslocaram do ministério taiwanês para estarem junto com os


chineses que falavam mandarim, a fim de colaborar com eles e ajudar a alcançar
outros chineses que chegavam ao país, a maioria deles, não-cristãos. Foi uma
iniciativa verdadeiramente pioneira em uma igreja taiwanesa em São Paulo.

Essa aproximação para com os chineses do continente foi a primeira iniciativa


que olhou para fora a fim de evangelizar pessoas que não os taiwaneses da colônia
em São Paulo. Mesmo o ministério em língua portuguesa foi projetado para “manter”
os filhos na igreja, não foi uma iniciativa evangelística de alcançar brasileiros. A
organização desse grupo mandarim é um marco na história da igreja, o que, não
significa que foi algo fácil de ser desenvolvido e assimilado pela igreja. Na verdade,
houve muitos desafios com a presença de chineses do continente na igreja
taiwanesa. Na época do cinquentenário, quando o grupo já estava bem organizado,
embora não tão grande, mas significativo, já havia uma membrezia chinesa –
pessoas que foram batizadas na igreja e se tornaram oficialmente membros -, havia
um pastor em tempo integral cuidando desse grupo, havia representantes dos
chineses na liderança da igreja e, com essa grande migração chinesa continental,
muitos chineses começaram a se aproximar da igreja. Todo esse contexto da
presença chinesa produziu claramente uma fricção, uma fricção não na cidade ou
em uma região geográfica delimitada. A evidente fricção interétnica aconteceu em
um mesmo espaço de culto, um templo religioso – uma igreja local, a ISP – que
atraiu pessoas com a mesma fé, fato primeiro que os atraiu para ficarem juntos,
combinado com uma questão histórica e política, a República da China se
estabelecendo em Taiwan entre 1949 e 1950, um elo étnico do passado. Porém,
tudo isso que os unia, não necessariamente os identificava, pois eram povos
diferentes, de culturas diferentes, o que ficou muito claro ao se reunirem em um
mesmo lugar, uma igreja, dividindo aquele espaço, compartilhando refeições nos
almoços de domingo, conversando em mandarim – o que não era inteligível para
muitos – como para os pertencentes do ministério português, os da segunda
geração e nem para alguns da primeira geração, que só falavam o dialeto taiwanês.

A iniciativa de alcançar 38 os chineses, que parecia inspiradora, além de


demonstrar um caráter missionário da igreja, levantou fronteiras, pois quando
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
38
Alcançar aqui é uma linguagem religiosa cristã, presbiteriana, entre outras denominações, que
denota conquistar alguém para a sua fé.

! 74!
!

atravessamos fronteiras, estabelecemos fronteiras (POUTIGNAT; STREIFF-


FENART, 1998). Em alguns momentos, por exemplo, houve um movimento em
direção à unificação do ministério taiwanês e mandarim, mas com o mandarim como
língua oficial, o que não foi aceito pelo grupo taiwanês. Alguns chegaram a defender
o ministério taiwanês e sua supremacia, dizendo que a igreja era taiwanesa e não
chinesa (do continente) e que uma das marcas dessa igreja era a liderança
taiwanesa e o dialeto taiwanês como oficial nos cultos, exceção feita ao ministério
português, o ministério dos filhos que não haviam mantido o idioma taiwanês e,
agora, com a aproximação dos chineses, seria incabível que os taiwaneses tivessem
de abrir mão de sua língua nos cultos. Abrir mão do dialeto taiwanês significava
mudar a igreja, tornar a igreja chinesa, perder a identidade. Niebhur (1992), ao tratar
da migração de cristãos protestantes para os Estados Unidos e suas diversas
denominações, apontou conflitos linguísticos nas igrejas em conexão com a língua
materna e as negociações que se desenvolveram através dos anos:

As histórias da maioria das demais igrejas de imigrantes de fala


estrangeira repetem estes conflitos entre as facções
linguísticas no interior da Igreja, a ênfase no caráter cultural da
organização religiosa, o esforço para promover através da
Igreja os antigos costumes e ideias assim como a língua
materna e, por outro lado, a gradual aceitação por parte dos
imigrantes da língua e dos costumes do novo ambiente.
(NIEBHUR, 1992, p.142)

Outro fator importante para ser considerado é o fato de a migração taiwanesa


ter cessado, ou seja, o ministério fundador da igreja está envelhecendo, muitos
faleceram e outros, novos membros taiwaneses, não chegaram mais. Assim, há uma
certa reconfiguração em andamento, uma reconfiguração na liderança da igreja, pois
muitos taiwaneses não podem mais abraçar cargos de liderança por conta da idade
e da saúde. Essa reconfiguração apresenta resistências. A língua é uma dessas
barreiras de resistência. A fim de suprir a carência de líderes que falam taiwanês,
pessoas que falam mandarim poderiam ser incorporadas, chineses, no caso o que
os da primeira geração (1.0) não queriam que acontecesse. Embora, em Taiwan a
língua oficial seja o mandarim desde 1950, pode ser lógico e fácil pensar que as

! 75!
!

igrejas taiwaneses devam adotar o mandarim, por consequência de ser língua oficial
na ilha, mas não é tão lógico nem fácil assim. Afinal, há uma ligação muito forte da
língua com a cultura, quase indissociável, além da própria história de Taiwan e
China como consequência da I Guerra Sino-japonesa e, com a derrota, quando a
China teve de abrir mão de Taiwan, quando o idioma taiwanês foi proibido, mas
resistiu forte e não conseguiram apagá-lo em 50 anos de colonização japonesa.
Mais tarde, no pós-guerra, outro choque em relação à cultura de Taiwan, a “invasão”
do partido nacionalista que toma conta da ilha com mão forte, período do qual
muitos dos fundadores - a primeira geração de migrantes no Brasil – vivenciaram,
quando o mandarim vem se tornar a língua oficial. Contudo, o taiwanês sobrevive,
embora aos poucos há uma adesão ao mandarim, pois é a língua oficial nas
escolas.

Enquanto as tensões permanecem, os dois grupos ainda fazem parte de uma


mesma igreja, juntamente com os membros que só falam português. É uma igreja
tripartite: taiwanesa de fundação, brasileira de aculturação (pelo nascimento de
filhos e netos no Brasil) e chinesa de missão (como fruto de um esforço missionário
urbano que atingiu os chineses migrantes). Alguns compreendem que a igreja possa
se tronar até brasileira um dia, sob a direção da geração dos netos dos fundadores
(geração 2.0), mas nunca chinesa. A língua portuguesa entra na igreja sem barreiras
ou resistências quando os netos nascem e começam a ser alfabetizados. Os
chineses porém, são convidados, são os alcançados, muito benvindos, mas não têm
tradição naquela igreja. Se pensarmos no cenário político China-Taiwan, uma igreja
taiwanesa em São Paulo faz um movimento exatamente contrário àquele, consegue
reunir-se com chineses do continente e, apesar de diferenças e certas questões a se
resolver, se chamam de irmãos e se unem através de uma mesma fé. Contudo,
chineses na liderança como maioria e cultos em mandarim para um grupo taiwanês
parece ativar memórias ruins nos membros da primeira geração, memórias da
invasão chinesa de Taiwan pelo partido Kuomintang (KMT), porém agora em escala
menor em uma igreja na cidade de São Paulo, no Brasil. Muitos membros do
ministério taiwanês não querem isso. Outras igrejas taiwanesas no país, prevendo
um conflito semelhante, não abriram suas portas para os chineses do continente
para tê-los compartilhando o mesmo espaço e dando-lhes lugar na liderança da
igreja. A liderança da ISP foi muito além, ela se tornou tripartite também, com líderes

! 76!
!

representantes de cada ministério tomando assento juntos e compondo um único


conselho de líderes da igreja, o que não foi copiado em outras igrejas do presbitério.

3.1.4 Congelamento e mudança litúrgica

Enquanto o culto taiwanês se manteve o mesmo desde a fundação, com uma


liturgia clássica presbiteriana: com chamada a adoração, o cântico de hinos do
hinário em taiwanês, coral, leituras bíblicas diversas, confissão de pecados,
pregação, ofertório, bênção apostólica e doxologia, os outros ministérios abraçaram
outras abordagens litúrgicas mais contemporâneas.

“Pastores taiwaneses em visita ao Brasil faziam questão de conhecer a ISP e,


uma das razões era para contemplar como era a liturgia taiwanesa”, contou um dos
líderes entrevistados. “Queriam saber como era a liturgia em Taiwan de 50 anos
atrás”.

A esse comportamento se dá o nome de congelamento, ilustrado aqui em


uma prática litúrgica da igreja, mas pode ser vista também em outros
comportamentos, não litúrgicos, como a moda, a culinária etc. que estão atrelados a
um momento de separação da terra natal. O conceito “congelamento” usado aqui
não é formal, ou seja, ainda não foi elaborado formalmente como teoria, mas é
comumente citado para ilustrar esse fenômeno de uma repetição de algo deixado
para trás por força da migração,39 tem laços com a memória de um povo migrante,
na diáspora.

O fenômeno nomeado congelamento aqui parece ser uma experiência


universal do migrante. Enquanto o tempo passa no Brasil e os migrantes vão se
adaptando e construindo sua identidade na fricção com a cultura brasileira, aqueles
que ficaram em Taiwan vão caminhando, vão se desenvolvendo e se transformando
culturalmente por força do tempo e outras influências, pois o tempo não parou para
eles. Isso faz com que a cultura dos migrantes e a dos habitantes de Taiwan se

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
39
Veja, por exemplo, o uso do conceito do “congelamento” no artigo A memória congelada do
imigrante: a solidariedade intergeracional dos japoneses e dos nikkeis no Brasil e no Japão atual
(Rossini, 2005).

! 77!
!

distancie. Não é difícil imaginar o que acontece com um grupo migrante, como os
taiwaneses. No dia que deixam a sua terra, aquela imagem “congela” em suas
mentes, em suas memórias. Aqueles últimos acontecimentos e experiências ficam
gravados enquanto se adaptam em uma nova realidade do local de destino. Esse
congelamento é causado pela separação da terra e a instalação em um nova terra, a
essa separação, Boris Fausto chama de corte, embora não elabore sobre o
congelamento:

[...] a imigração representa um profundo corte, com vários


desdobramentos, no plano material e no plano do imaginário. O
corte não é sinônimo de apagamento de uma fase passada, na
vida individual, familiar ou de grupo, integrando-se pelo
contrário ao presente, com muita força.
Na época das grandes migrações, a viagem transatlântica
marítima constitui, como se sabe, o veículo por excelência dos
deslocamentos; ela é para o imigrante um momento que marca
sua vida. A partida assinala o encerramento de uma parte da
existência ... No outro polo, a expectativa da chegada encerra
esperanças, temores, incertezas. (1998, p.14,15)

Podemos dizer que esse corte, a separação da terra natal, produz o


congelamento, uma memória muito forte que se tenta materializar para que não seja
perdida, o que é feito através de várias maneiras, como vestimentas, arrumação de
uma casa e, no caso de valores religiosos, a projeção do que era antes pode se
manifestar em uma liturgia de uma igreja, por exemplo.

Há uma tendência, principalmente em se guardar na memória as histórias


mais preciosas, que se transformam nas memórias mais preciosas: as vitórias, o
sucesso, a luta da família, o sacrifício dos pais e, é claro, os valores religiosos. Tudo
isso é potencializado com a migração e, não só com a viagem, mas com o processo
migratório: a adaptação, a conquista no lugar de destino. A igreja foi organizada,
elaborada com base na estrutura que tinham na memória de como era ser e fazer
igreja em Taiwan e, em sua maior parte, permanece até os dias de hoje, ainda que a
Igreja Presbiteriana em Taiwan tenha mudado ou abraçado outras direções,
diferentes daquelas que conheceram e experimentaram. É claro que houve um
movimento de pastores migrando para São Paulo a fim de pastorear a igreja

! 78!
!

nascente, mas a maneira como conduziram os trabalhos 40 ainda era o mesmo,


basicamente, a estrutura da igreja foi a herdada do tempo da migração, dos anos
1960, principalmente.

Então, a formação de uma igreja no Brasil com a cara da igreja de Taiwan


não é algo tão estranho assim, pelo contrário. Ao passo que o tempo passa, parece
também, haver um maior apego aquelas memórias e formas e à preservação delas.
Veja, por exemplo, que os pastores vestem togas litúrgicas em algumas cerimônias:
ordenações, batismos, aniversário da igreja. Isso não foi criado aqui no Brasil, mas
reproduzido de Taiwan, uma clara influência presbiteriana britânica.

3.1.5 Formando pastores no Brasil

Outra mudança significativa foi a formação de pastores para a igreja


taiwanesa. No começo, como não havia pastores no Brasil para pastorear a igreja,
foram convidados pastores de Taiwan através de contato com a denominação PCT
para liderar e pastorear o grupo. Os pastores começam a vir à partir de 1965. A
fundação da igreja foi iniciativa do Dr. Yang, que tinha formação teológica em
Taiwan, no seminário Tainan Theological College and Seminary, uma instituição
presbiteriana localizado na cidade de Tainan, mas ele foi um missionário, um
plantador de igrejas e, também, estruturador da igreja no Brasil.

Desde o começo da ISP, percebe-se uma orientação teológica muito bem


estruturada, vista por exemplo, pelo testemunho do filho do Dr. Yang, Peter Yang,
que disse que nas reuniões em sua casa, ele era o responsável por imprimir o
programa do culto, a ordem litúrgica. Mas não só isso, o próprio fato de procurarem
um templo, como o templo da Igreja Metodista de São Paulo, na Liberdade, onde
pudessem reunir o grupo que aumentara, mostra que não estavam buscando um
modelo alternativo de igreja, como vemos nos dias de hoje onde o templo e seu
formato, necessariamente, não importam. Pelo contrário, há uma procura por um
templo e, mais tarde, pela construção do próprio templo.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
40
É muito comum chamar de “trabalhos”, no meio presbiteriano e entre evangélicos, aos cultos e à
rotina da igreja como um todo: reuniões de oração, escola dominical, ensaios do coral etc.

! 79!
!

Desde a fundação da ISP, em 1962, até 1993, os pastores foram “importados”


de Taiwan. Mas, naquele mesmo ano de 1993, os três primeiros pastores formados
no Brasil são ordenados e assumem a liderança daquela igreja, os pastores Chen
Pao Chen, Chang Lien Chuan e a pastora Shyr Shin Huey, formados no Seminário
Servo de Cristo. À partir de então, os pastores das igrejas taiwanesas são todos
formados no Brasil. Isso só foi possível pela participação dos taiwaneses na
fundação desse seminário em São Paulo.

O Seminário Servo de Cristo nasceu de uma iniciativa de um grupo de


pastores taiwaneses e chineses reunidos em um retiro no ano de 1990. Eram
pastores de várias denominações, não só da igreja presbiteriana. Naquela época, já
havia uma presença maior de denominações entre os taiwaneses e chineses:
batista, metodista e presbiteriana. Nesse retiro de pastores, conversaram sobre o
futuro da igreja taiwanesa no Brasil. Estavam preocupados com a segunda geração,
os chamados 1.5. Como seria a igreja dessa geração? Os pastores que vieram de
Taiwan e ficaram no Brasil estavam envelhecendo. Além do mais, viram a
necessidade de pastores que fossem aculturados, não mais “importados” de Taiwan.
Para isso, era necessário dar uma formação para pessoas que tinham o desejo de
serem líderes, que viviam aqui no Brasil. Palestrando naquele retiro de pastores
estava um pastor proveniente da China continental que havia fundado seminários
em Singapura e nos Estados Unidos, o pastor Moses Yu. Como aquele pastor tinha
experiência com a fundação de seminários, ajudou muito nesse projeto que nascia.
Aqueles pastores que serviam no Brasil conversaram com o pastor Moses Yu sobre
a preocupação deles e dali nasceu o Seminário Servo de Cristo na cidade de São
Paulo, um reconhecido seminário que, apesar de ser interdenominacional, foi e tem
sido o berço formador dos pastores das igrejas taiwanesas aqui no Brasil desde
1990. A língua oficial do seminário era o mandarim, o que ficou acessível a
candidatos a pastores e pastoras tanto chineses como taiwaneses, lembrando que o
público alvo eram os filhos da primeira geração, pessoas que falavam mandarim, em
geral.

O pastor Moses Yu, além de ajudar na fundação do Seminário Servo de


Cristo41, também auxiliou a tal ponto de dar aulas no curso da primeira turma que
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
41
O site do Seminário Servo de Cristo na internet é: http://servodecristo.org.br

! 80!
!

tinha 10 alunos. A proposta era um seminário “chinês” no Brasil, na cidade de São


Paulo para suprir a necessidade de pastores dentre os migrantes que aqui já
moravam, pelo fato de conhecerem a cultura brasileira, chinesa e taiwanesa.
Contudo, a formação era estrangeira, os professores eram provenientes de Taiwan,
Singapura e Estados Unidos, pois não havia professores chineses no Brasil para
darem aulas em mandarim. A linha teológica proposta era cristã reformada, mas não
professavam uma denominação exclusiva, o que permitiu que o seminário fosse
mais aberto a alunos de diversas tradições cristãs protestantes. Era um seminário
interdenominacional.

Com o passar do tempo o seminário expandiu e começou a oferecer aulas em


português, contratou professores brasileiros para compor o quadro de seus mestres,
professores de diversas tradições e de gabarito, muito bem conhecidos no Brasil, o
que fez do Servo de Cristo um seminário de prestígio e qualidade atraindo muitos
brasileiros para seus cursos. O curso de bacharel em teologia ministrado em língua
portuguesa se tornou maior que o curso ministrado em mandarim. Ambos os cursos
subsistem até hoje.

3.1.6 De diáspora ao transnacionalismo

Esse primeiro movimento migratório taiwanês para o Brasil na cidade de São


Paulo parece realmente ter sido o começo de toda a migração taiwanesa com o Dr.
Yang como pioneiro. Um dos sinais disso é a nomeação da primeira igreja taiwanesa
de São Paulo como Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa do Brasil e o fato de
não sabermos de outros taiwaneses antes de 1955, antes da vida do pioneiro.

Os taiwaneses migram para São Paulo desde 1955 e mais intensamente nos
anos 1960 e 1970, quando a igreja chega a ter uma membrezia de mais de 300
pessoas e outras igrejas são fundadas, principalmente no estado de São Paulo, tal a
intensidade da migração. Eles vieram para ficar, em um movimento que podemos
chamar de diáspora.

A palavra diáspora foi usada especificamente em um contexto religioso até


1950 (DUFOIX, 2008, p. 17), principalmente devido às narrativas bíblicas acerca dos

! 81!
!

judeus. A etmologia é grega, vem de diaspero, que significa “distribuir, espalhar,


semear”, sendo a junção de duas palavras, o prefixo dia (através) e o verbo speiro
(semear, espalhar, semente) (VERTOVEC, 2009). Esta palavra surge a partir da
tradução das escrituras judaicas para o grego, chamada Septuaginta. A palavra
diáspora na Septuaginta foi cunhada como termo técnico para interpretar a vida dos
judeus fora da ‘terra prometida. Hoje, usa-se o termo diáspora como metáfora para
designar as mais diferentes categorias de pessoas, tais como, refugiados políticos,
exilados, expatriados, migrantes etc. (SAFRAN, 1991)

Então, podemos usar a palavra diáspora para nos referir à migração que tem
característica de quebra, uma quebra com os laços da terra natal com a finalidade
de estabelecimento em um outro território, criando laços nesta nova terra, como
aconteceu com os taiwaneses fundando a igreja presbiteriana em São Paulo. Uma
das provas dessa característica diaspórica, dessa intensão de se estabelecerem no
Brasil foi justamente a fundação da igreja presbiteriana em São Paulo e a
construção de seu templo. A fundação da igreja, a celebração do aniversário de
fundação a cada ano e a movimentação para a construção do templo representam a
diáspora, concretizam a diáspora. Contudo, com o passar do tempo, especialmente
nas décadas seguintes, as décadas de 1980 e 1990, Taiwan experimenta uma
explosão em seu desenvolvimento, recebendo apoio dos Estados Unidos e sob a
liderança de Lee Tseng-hui, o primeiro presidente eleito pelo voto direto do povo em
1996, Taiwan vive uma nova fase em sua história que lhe garantiu um nome entre os
Tigres Asiáticos: Hong-Kong, Cingapura, Coreia do Sul. Vários produtos made in
Taiwan foram comercializados aqui no Brasil nessa época. Esse avanço econômico
desacelerou a migração e, na verdade, atraiu migrantes de volta para Taiwan. À
partir desse momento, percebe-se uma mudança no comportamento de muitos
taiwaneses em São Paulo, membros da ISP, que acabaram travando uma relação
com Taiwan, muitos até dos que não tinham contato com Taiwan, pois eram
segunda geração no Brasil (1.5), tiveram a oportunidade de experimentar Taiwan
pela primeira vez. Jovens foram trabalhar expatriados em Taiwan, enquanto outros
começaram a desenvolver um relacionamento de negócios e investimentos na ilha.

A transnacionalização é um movimento que envolve, principalmente, uma


circulação de bens, capital, mas também de ideias, tecnologia e pessoas. Pode

! 82!
!

referir-se a redes terroristas, ao crime organizado, às organizações religiosas e


diásporas étnicas (VERTOVEC, 2009).

Os taiwaneses daquela igreja viviam uma experiência transnacional.


Migrantes transnacionais são os que vivem em dois países simultaneamente. No
caso, uma época estão no Brasil e outra estão em Taiwan. Alguns tinham negócios
em Taiwan, embora morassem em São Paulo. As viagens para lá e para cá se
iniciaram e se intensificaram. Um exemplo muito curioso dessa transnacionalidade,
de cunho religioso, são igrejas presbiterianas em Taiwan que têm prédios de
apartamentos para receber missionários, pastores taiwaneses de fora da ilha, mas
também cristãos migrantes que retornam para passar uma temporada em Taiwan
para tratar de negócios, como se vê na figura abaixo da igreja Presbiteriana de
Changhua em Taiwan.

Foto 3 - Igreja Presbiteriana de Changhua, em Taiwan, com prédio de


apartamentos para receber viajantes cristãos. Igreja da denominação PCT

Fonte: Internet:

! 83!
!

O transnacionalismo religioso, ou não, foi uma das transformações


experimentadas pela comunidade taiwanesa representada nesse caso, nessa
amostragem da igreja em São Paulo, entre os seus membros.

! 84!
!

4. Considerações Finais

Mais que ter lembranças e guardá-las com carinho em um lugar especial e


escondido, as memórias que tenho da Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de
São Paulo tornam-se públicas nesta dissertação. Mas não são só as minhas
memórias, é claro; eu, um brasileiro entre os presbiterianos taiwaneses entre os
anos de 2012 a 2014. As minhas memórias só fizeram sentido por causa da
memória deles: os membros daquela igreja, os taiwaneses.
O objetivo era estudar um grupo étnico que tem uma história bastante
conturbada; um povo que já teve um país e desde os anos 1970 não tem. Na
verdade tem um território, mas não tem o reconhecimento de país, o qual buscam
até hoje, mas ainda sem sucesso. O objetivo era contar uma história não contada e,
como diz o ditado, “quem conta um conto aumenta um ponto”. Então, está claro que
esta dissertação não encerra o assunto; não encerra o estudo desse grupo
minoritário em São Paulo, no Brasil. Pelo contrário. Esta dissertação abre caminho
para outras dissertações e estudos que virão e se aprofundarão em aspectos que
não me aprofundei. Há muito para ser contado e explorado ainda.
Hoje, ao chegar nas considerações finais dessa dissertação aprendi diversas
lições. Lições pessoais, descobertas e compreensões. Foi uma caminhada
recompensadora. Uma delas diz respeito à sobrevivência. É incrível a força do ser
humano. A maioria dos taiwaneses viajaram quase 60 dias para chegar ao Brasil,
uma terra estranha, complicada. Lembro-me de um dos meus entrevistados que
contou que, ao chegarem de navio no porto de Santos, suas malas foram roubadas.
Aquilo, para ele e seus pais, já sinalizava algo que infelizmente veio a se confirmar:
havia muita desonestidade nesse país! E sobreviveram apesar disso; aprenderam a
se defender e foram bem sucedidos. Eles não ignoraram a situação, mas
procuraram um caminho melhor diante de uma realidade que se descortinava diante
deles. Entre os taiwaneses vemos diversos exemplos de resiliência diante do
sofrimento e a demonstração de superação face à adaptação em uma cultura tão
diferente da deles, como é o caso da cultura brasileira. Um exemplo que me vem à
mente é que quase 100% dos membros, filhos e netos dos fundadores da igreja
(geração 1.5 e 2.0) têm uma formação de nível superior. São engenheiros, médicos,
psicólogos, dentistas, nutricionistas, administradores. Vivemos em um Brasil onde se

! 85!
!

fala de um alto índice de analfabetismo funcional, e me deparo com migrantes lá da


Ásia, e quase todos têm nível superior. Isso é impressionante e nos diz muito.
Aqueles pioneiros, fundadores da primeira geração, fizeram um bom trabalho.
Muitos deles já morreram, mas o legado deixado por eles ainda continua vivo, e é
algo honrado pelos familiares. Nessa cultura fala-se muito em honra, em honrar o
pai e a mãe, na obediência aos pais e o compromisso para com eles na velhice.
Creio que a maior lição aqui é que precisamos nos sentar aos pés dos taiwaneses e
aprender com eles sobre honra, respeito aos pais, legado para o futuro. E que,
embora haja obstáculos, podem ser transpostos. A excelência está entre uma de
suas qualidades. O fato de serem migrantes, filhos ou netos de migrantes, parece
que lhes trouxe mais força, mais conquistas. Estudar o povo taiwanês é, no mínimo,
uma lição de como um povo pode se suceder bem, mesmo em meio a condições
insalubres provenientes da migração, somadas a um Brasil que atravessava crise
tanto política, quanto econômica, provenientes do regime militar e do período pós
Juscelino Kubitschek. Os taiwaneses demonstraram que com trabalho, estudo e
dedicação há esperança da construção de um futuro melhor para si e para os outros.
Esperança é outro termo que traduz o povo taiwanês presbiteriano em São
Paulo. Essa esperança concretiza-se em suas práticas religiosas e, motivada por
estas, em suas realizações como comunidade, como povo organizado pelo aspecto
étnico e religioso.
Esta pesquisa, que toma como caso a fundação de uma igreja, abre-nos
portas para esse microcosmos que de micro não tem nada, pois as descobertas são
grandes. Contudo, esse microcosmos, no sentido de ser uma amostragem de um
povo, faz-nos ter uma ideia de como outros taiwaneses, mesmo não cristãos, são.
Enxergamos um pouco de seu DNA, de suas características. Com pouco fazem
muito; no meio de pouco há multiplicação. Como sua história revela, após tantas
lutas e sofrimentos naquela ilha, com invasões e perseguições políticas, tornaram-se
um dos Tigres Asiáticos e até hoje participam no mercado internacional. É algo
extremamente notório.
Deve ser uma grande frustração não serem reconhecidos como um país pela
ONU e pelo mundo, mas continuam a lutar por esse ideal e isso é nobre.
A migração é um direito humano, o que não significa que é uma experiência
fácil. Hoje, contemplamos movimentos migratórios diversos, por causas diversas.
Hoje, o mundo está mais próximo devido à globalização. Conhecemos outras

! 86!
!

culturas, temos acesso diversas informações, mas não basta ler a respeito. Para
conhecer a fundo a migração precisamos experimentá-la, ou chegar bem perto de
quem a experimentou ou tem experimentado. Migrar pode ser ou parecer uma
grande aventura para alguns, mas é um processo complexo, sofrido. Mudar de
opinião já soa como algo dificílimo para muitas pessoas. Nota-se, pois, que mudar
de país é uma experiência mais difícil ainda. Um dos aspectos dessa experiência é o
congelamento. Quem migrou sabe o que é começar de novo em uma outra terra,
sabe o que é a separação da terra natal. É uma quebra na história pessoal. Esses
homens e mulheres, que tomaram essa decisão de vir para o Brasil, não tiveram a
chance de dizer adeus a entes queridos, perderam amigos de infância. Essa foi a
realidade que tiveram de enfrentar. Eles se estabelecem aqui, mas carregam essa
experiência em sua bagagem de memórias pela vida.
Ante a tantas lutas envolvidas no processo migratório, podemos nos
perguntar: “por que migrar?” É claro que a resposta é ampla, mas a maioria dos que
migraram só a descobriram quando migraram. Alguns migraram outras vezes, para
outros países; alguns voltaram, e outros vivem nos dois países.
Taiwan é uma ilha, mas “o homem não é uma ilha.” O auxílio mútuo gerado
na migração que aproxima os semelhantes é como um grito de ajuda, um chamado
e uma revelação. Sozinhos, em São Paulo, nós paulistanos não sobrevivemos;
muito menos os migrantes. Contudo, esse desejo de comunidade de aproximação
com os conterrâneos não é uma demonstração de fraqueza, mas uma virtude. Os
seres humanos precisam uns dos outros e podem construir não só templo
suntuosos, mas também histórias, família, riquezas. Essa é uma mensagem de
esperança; a aproximação é construtiva e criativa. Quando um homem e uma
mulher coabitam, filhos nascem. Quando pessoas aproximam-se, a criação
acontece. E, às vezes, tais aproximações são as mais improváveis, como é o caso
da de taiwaneses a japoneses, no Brasil. Não só povos iguais podem se aproximar e
produzir coisas boas... povos distintos também. Ainda que haja fricção entre etnias,
essa fricção pode ser muito boa, pois desafia grupos a aproximarem-se, a
coabitarem, a conviverem e a mutuamente colaborarem. Uma lição que já
aprendemos, mas continuamos esquecendo.
As colonizações, a exploração do homem pelo homem, guerras,
demonstração de poder, injustiças, podem não aniquilar um povo, mas deixam
cicatrizes profundas. Eu me lembro de querer um encontro com um taiwanês a fim

! 87!
!

de entrevistá-lo, mas ele se recusou. Achei estranho, pois havia dito que queria ouvir
suas memórias, aprender com seu passado. Para alguns, falar do passado é ruim, é
algo a ser esquecido. Por alguma razão muito particular e peculiar, todo aquele
entusiasmo latino que eu tinha, quando fui atrás das memórias migrantes, não foi
correspondido à altura. Muitos contavam com alegria sobre o passado, outros nem
tanto. Houve outros que não queriam sequer falar sobre o assunto. Ainda que o
passado tenha sido dolorido, creio que é preciso falar sobre ele, contar às gerações
que vão chegando. O passado é pedagógico, tem muito a nos ensinar; é fonte de
uma riqueza que não pode ser ignorada. Por isso, valorizei as memórias nesta
dissertação, as quais me provaram ser ricas em ensinar.
Ser migrante tem diversas desvantagens. Uma delas é viver no meio de um
povo que está se sucedendo bem, enquanto você, migrante, pode não estar se
sucedendo bem. Estar no meio de uma comunidade que prospera, enquanto você
não prospera. A comunidade taiwanesa em foco também revelou suas fraquezas,
suas lutas e suas características. Ao mesmo tempo que a coesão da igreja, do
grupo, manifestou-se impressionante, a comunidade não fala de problemas, não fala
de derrotas, não se fala da não realização. Isso pode soar muito estranho para nós
brasileiros, que falamos com liberdade das coisas boas e das ruins, das vitórias e
das derrotas em nossas vidas particulares, em nossas comunidades, em nossas
igrejas. Sem generalizações, o não falar de lutas e derrotas mostra-se como algo
característico dos orientais.
Este estudo deixa bem claro que a identidade é dinâmica. É interessante descobrir e
experimentar um pouco, de perto, como essa identidade vai se transformando,
principalmente quando os filhos nascem. Aprendi que pelos filhos abrimos mão até
da nossa língua natal, costumes e cultura. Nós negociamos tais valores, como os
fundadores fizeram com seus filhos e netos.
Valeu a pena migrar? Foram tantos sofrimentos e uma adaptação difícil num Brasil
tão brasileiro e cheio de altos e baixos, cheio dos seus próprios problemas. A
resposta que não ouvi, mas vi com meus próprios olhos é que, sim, valeu a pena.
Isso se vê nas gerações que vieram, nos filhos e netos, e nos valores que ainda
continuam sendo passados de pais para filhos. Sim, valeu a pena!

! 88!
!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AHERN, Emily Martin and GATES, Hill (eds.). The Anthropology of Taiwanese
Society. California-USA. Stanford University Press, 1981.

ALENCAR, Geraldo de. Brasil e seu futuro. São Paulo. Makron Books, 1996.

ALVES, José Claudio Souza e RIBEIRO, Lúcia. Migração, Religião e


Transnacionalismo: O caso dos brasileiros no sul da Flórida. In: Religião e
sociedade, vol. 22, n. 2: p. 65-90. Rio de Janeiro. 2002.

ANDRADE, Antonio. How Taiwan Became Chinese. Dutch, Spanish, and Han
colonization in the seventeenth century. New York. Columbia University Press, 2007.

ARNAUD, André-Jean; JUNQUEIRA, Elaine Botelho (orgs.). Dicionário da


Globalização. Rio de Janeiro. Lumem Juris, 2006.

ARQUIVO Nacional. Imigração – Brasil. Acervo: revista do Arquivo Nacional. Rio de


Janeiro: Arquivo Nacional, 1996. V. 10, n. 2 (jul/dez 1997).

ATHIAS, Renato. A noção de identidade étnica na antropologia brasileira. De


Roquette Pinto a Roberto Cardoso de Oliveira. Recife. Editora Universitária – UFPE,
2007.

BALBO, Marcello. International Migrants and the city: Bangkok, Berlin, Dakar,
Karachi, Johannesburg, Naples, São Paulo, Tijuana, Vancouver, Vladivostok.
Venice. UN-HABITAT and dipartimento di Painificazione, Università di Venezia,
2005.

BASSANEZI, Maria Silvia C. Beozzo; SCOTT, Ana Silvia Volpi; BACELLAR, Carlos
de Almeida Prado; TRUZZI; Oswaldo Mário Serra; GOUVÊA, Marina. Repertório de
legislação brasileira e paulista referente à imigração. São Paulo. Editora Unesp,
2008.

BITUN, Ricardo; SOUSA, Rodrigo Franklin de. Estudos sobre Durkheim e a Religião
100 anos de "AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA". Santo André-
SP. Academia Cristã, 2014.

CANDAU, Joel. Memória e Identidade. São Paulo. Editora Contexto, 2011.

CARNEIRO, J. Fernando. Imigração e colonização no Brasil. Rio de Janeiro.


Universidade do Brasil, Faculdade Nacional de Filosofia, publicação número 2, 1950.

! 89!
!

CHIU, Hsin-hui. The Colonial 'civilizing Process' in Dutch Formosa, 1624-1662,


Leiden-Boston. Brill, 2008.

COPPER, John F. Historical Dictionary of Taiwan Republic. Toronto. The Scarecrow


Press, 2007.

CUNHA, Manuela Carneiro da. Antropologia do Brasil. São Paulo.


Brasiliense/EDUSP, 1986.

DENARDI, Luciana. Ser chino em Buenos Aires: historia, moralidades y cambios en


la diáspora china en Argentina. Argentina. Universidade Nacional San Martin, Junho
2015.

DEZEM, R. Matizes do “amarelo”: a gênese dos discursos sobre os orientais no


Brasil (1878-1908). São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005.

FAIRBANK, John King. China: uma nova história. Tradução Marisa Motta. Porto
Alegre. RS. L&PM, 2006.

FAUSTO, Boris. Negócios e Ócios. Histórias da Imigração. São Paulo. Companhia


das Letras,1997.

_________________. Memória e história. São Paulo. Editora Graal, 2005.

_________________. Imigração, cortes e continuidades. In: SCHWARCZ, L.M.


(Org.). História da Vida Privada no Brasil, 4. Contrastes da Intimidade
Contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 13-61

FRESTON, Paul. Breve história do pentecostalismo brasileiro. In: Vários autores.


Nem anjos nem demônios: interpretações sociológicas do pentecostalismo.
Petrópolis. Vozes, 1994.

GONÇALVES, Maria Ortelinda Barros. Migrações e Desenvolvimento. Portugal.


Fronteira do Caos Editores, 2009.

HUANG, Mônica Frederigue de Castro. Estudo comparativo do coping religioso em


mulheres protestantes de origem chinesa taiwanesa e brasileira, na Grande São
Paulo. Dissertação de Mestrado em Psicologia. USP, 2014.

IBGE. Brasil, 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2007.

JACKSON, J.A. Sociological Studies 2. Migration. UK. Cambridge University Press,


2010.

! 90!
!

JESUS, Rodrigo Otáio Serrão Santana de. A igreja como “pedacinho do Brasil”:
migrações e religião na capital do Texas. Dissertação de Mestrado em Sociologia.
Universidade Federal da Paraíba, 2014.

LANDES, David S. Riqueza e a pobreza das nações. Por que algumas são tão ricas
e outras são tão pobres. Rio de Janeiro. Elsevier Editora, 2003.

LE GOFF, Jacques. Memória. In: História e Memória. Campinas-SP. Editora


da Unicamp, 1994.

LEITÃO, Miriam. História do futuro: o horizonte do Brasil no século XXI. Rio de


Janeiro. Editora Intrínseca, 2015.

LESSER, Jeffrey. A negociação da identidade nacional. Imigrantes, minorias e a luta


pela etnicidade no Brasil. São Paulo. Ed. UNESP, 2001.

________________. Immigration, Ethnicity, and a national identify in Brazil, 1808 to


the present. New York. Cambridge University Press, 2013.

LEVY, M. S. F. O papel da migração internacional na evolução da população


brasileira (1872 a 1972). Rev. Saúde públ., S. Paulo, 8(supl.):49-90, 1974.

LIMA, Marley Francisca de. O Ethos discursivo em um cartaz japonês.


http://watashinomekaramitanihongo.blogspot.com.br/2011/07/o-ethos-discursivo-em-
um-cartaz-japones.html . Acessado em 30 de novembro de 2016.

LIMA, Silvio Cezar de Souza. Raça e imigração, determinismos e imigração chinesa


(1870-1890). Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, 2004.

LIPOVESTSKY, Gilles e SERROY, Jean. A cultura-mundo - resposta a uma


sociedade desorientada. São Paulo. Companhia das Letras, 2011.

LUCKMANN, Thomas. BERGER, Peter L. Teorias da Identidade. In: A Construção


social da realidade. Tratado de Sociologia do Conhecimento. Petrópolis-RJ. Editora
Vozes, 1978.

MALINOWSKI, B. Os argonautas do pacífico ocidental. In: Os pensadores. São


Paulo. Abril Cultural, 1983.

MARGOLIS, Maxine L. An invisible minority - Brazilians in New York City. Gainsville-


FL. University Press of Florida, 2009.

! 91!
!

MATOS, Alderi Souza de. Origens Históricas do Presbiterianismo. Site da


Universidade Presbiteriana Mackenzie: http://www.mackenzie.br/7062.html acessado
em 31 de outubro de 2016.

MENDONÇA, Antonio Gouvêa. O celeste porvir: A inserção do protestantismo no


Brasil. 3 ed. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 2008.

MORIMOTO, Amelia; ARAKI, Raúl; DE FREITAS, Sônia Maria; AMEMIYA, Kozy;


MISAWA, Tekehiro; SAKURAI, Célia; LIN CHOU, Diego; KASAMATSU, Emi; HU-
DEHART, Evelyn; RODRÍGUEZ Pastor, Humberto; SIU, Lok; BIALOGORSKI, Mirta;
LAUMONIER, Isabel Jacqueline; ESTRADA, Baldomero. Cuando Oriente llegó a
America. Contribuiciones de immigrantes chinos, japoneses y coreanos.
Whashington D.C. Banco Interamericano de Desarollo, 2004.

NETO, Helion Póvoa; SANTOS, Miriam de Oliveira; PETRUS, Regina; GOMES,


Charles . Caminhos da migração: memória, integração e conflitos. 2ª ed. E-book.
São Leopoldo-RS. Ed. Oikos, 2015.

NIEBHUR, H. Richard. As origens sociais das denominações cristãs. São Paulo.


Aste Distribuidora, 1992.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. Do índio ao bugre: o processo de assimilação dos


Terena. Rio de Janeiro. Editora Francisco Alves, 1976.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. Identidade, etnia e estrutura social. São Paulo.
Pioneira. 1976.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. Os descaminhos da identidade. In: Revista


Brasileira de Ciências Sociais, vol.15 n.42. São Paulo. 2000.

PEREIRA, João Baptista Borges. Identidade Protestante no Brasil Ontem e Hoje. In:
Gloecir Bianco; Marcos Nicolini. (Org.). Religare: Identidade, Sociedade e
Espiritualidade. 01 ed. São Paulo: All Print Editora, 2005, v. 01, p. 103-109.

PEREIRA, Osny Duarte. Nós e a China. São Paulo. Editora Fulgor, 1960.

PETER, Bellwood, JAMES, J. Fox, TRYON, Darrell. Austronesians. Historical and


Comparative Perspectives. Camberra. The Australian National University, 2006.

! 92!
!

PETRONE, Maria Thereza Schrorer. O imigrante e a pequena propriedade. São


Paulo. Editora Brasiliense, 1982.

PHAN, Peter C. (organizador). Christianities in Asia. United Kingdom. Blackwell


Publishing Ltda, 2011.

POUTIGNAT, Philippe e STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da Etnicidade. São


Paulo. Editora Unesp, 1997.

RAVENSTEIN, E.G. The Laws of Migration. Journal of the Royal Statistical Society.
Vol. 52, No. 2 (Jun., 1889), pp. 241-305. United Kingdom.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro - A formação e o sentido do Brasil. São Paulo.


Global Editora, 2015.

RIBEIRO, Lidice Meyer Pinto. A igreja: espaço sagrado reorganizador do mundo. In:
Cadernos CERU, p. 177-191. São Paulo. USP, 2006.

ROCHA, Everardo P. Guimarães Rocha. O que é etnocentrismo. 5ª ed. São Paulo.


Brasiliense, 1988.

ROSSINI, Ester R. A memória congelada do imigrante: a solidariedade


intergeracional dos japoneses e dos nikkeis no Brasil e no Japão atual. In: São Paulo
em Perspectiva. São Paulo. 2005.

RUBINSTEIN, Murray A. The Protestant Community on Modern Taiwan: Mission,


Seminary, and Church. Armonk, NY: M. E. Sharpe, 1991.

___________________. Taiwan: a new history. New York. An East Gate Book,


2007.

SAFRAN, William. Diasporas in Modern Societies: Myth of homeland and return.


Diaspora: A jornal of transnational studies, Toronto, p. 83-99. Disponível em:
http://muse.jhu.edu/journals/dsp/summary/v001/1.1.safran.html . Acessado em 31 de
outubro de 2016.
SANTOS, Luciano dos. As Identidades Culturais: Proposições Conceituais e
Teóricas. Revista Rascunhos Culturais. Coxim-MS. V. 2, n. 4, p. 141 – 157. Jul-dez
2011.

SEYFERTH, Giralda. Imigração, colonização e identidade étnica (notas sobre a


emergência da etnicidade em grupos de origem europeia no Sul do Brasil). Revista
de Antropologia, 29, 1986.

! 93!
!

__________________. As identidades dos imigrantes e o melting pot nacional. In:


Horizontes Antroplógicos, vol.6 no.14 Universidade Federal do Rio de Janeiro –
Brasil. Acessado em 25 de outubro de
2016: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
71832000001400007

SHUY, David Jye Yuan e JYE, Chen Tsung. Integração Cultural dos Imigrantes
chineses no Brasil. Site Revista USP.
https://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://www.revistas.usp.b
r/reo/article/viewFile/90748/93462&ved=0ahUKEwiApvzkpu3PAhXCvZAKHYxaARw
QFghjMAc&usg=AFQjCNGSP4q_5QUbhyPOU6gqMyIE66s4FA&sig2=ns-
bpHVH12ycrj3OO_Fm1w. Acesso em 22 out. 2016.

TILLY, Charles. “Migration in Modern European History”. In: MCNEILL, William H. &
ADAMS, Ruth S. (orgs.). Human migration, patterns and policies. .., - .- -
- - - 1978.

________________. “Transplanted networks”. In: YANS-MCLAUGHLIN, Virginia


(org.), Immigration reconsidered: history, sociology and politics. Oxford. Oxford
University Press, pp. 79-95, 1990.

VERTOVEC, Steven. Transnacionalism. London and New York: Routledge, 2009.

WEBER, Max. Economia e sociedade. V. 2. Brasília. Editora da Universidade de


Brasília, 1991.

! 94!
!

ANEXOS

! 95!
!

ANEXO A - HISTÓRICO DA IGREJA PRESBITERIANA DE


FORMOSA DE SÃO PAULO EM QUADROS

DE REFERÊNCIA E FOTOS DE ÉPOCA

! 96!
10 教會歷史 - 第一期
Histórico - Período 1

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 簡史
HISTÓRICO DA PRIMEIRA IGREJA
PRESBITERIANA DE
FORMOSA DE SÃO PAULO

台僑移民的開始 (1955 年 8 月-1962 年 8 月)


25/08/1955 聖保羅教會創設者,楊毓奇醫師移民巴西,當時里約中華民國大使館尚 無台籍同胞移民之

記錄 ;後來自日本及香港有少數台灣同胞移民,至 1962 年 8 月以後逐漸有更多的台籍移


民陸續前來聖保羅定居。

INÍCIO DA IMIGRAÇÃO TAIWANESA (8/1955 – 8/1962)


25/08/1955 Na época em que Dr.Yang Yu Chi, fundador da ISP, imigrou para o Brasil, a Embaixada da
República da China, no Rio, ainda não havia registrado nenhum imigrante de procedência
taiwanesa. Pouco a pouco começaram a chegar imigrantes taiwaneses procedentes de Japão
e Hong Kong. Finalmente, em agosto e setembro de 1962, começaram a chegar imigrantes
procedentes de Taiwan que se instalaram em São Paulo .

楊毓奇博士夫婦
Dr Yang e esposa

楊毓奇博士
Dr Yang

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第二期 11
Histórico - Período 2

創 設 期(1962 年 9 月-1965 年 9 月)
IV/09/1962 第四主日 - 楊毓奇醫師招集同鄉在其自宅首次聚會,乃為本會之創始。參加者計有王國樑

全家、楊毓奇全家、謝義雄夫婦、莊清郎夫婦、林阿河夫婦、 鄧淑貞夫婦、周隋土夫婦、
張裕進先生等諸位信徒,並繼續每主日的聚會。
11/1962 新移民加入主日崇拜。
12/1962 首次之聖誕慶祝會,以家庭式舉行,參加者有二十幾位。
01/02/1963 借用 Av. Liberdade 美以美教會後面學校教室舉行禮拜,並暫時取名為“基督教會聖保羅閩

南語禮拜堂”。
12/08/1963 曾天來先生到巴西協助教會事工,同船有其家眷及三十多位信主的弟兄姐妹和他們的家

眷,這批人成為本會的生力軍,並組成聖歌隊及主日學。
01/12/1963 舉行首次選舉和會,當選者 計有長老:簡榮鴻、曾天來、楊毓奇、石慶德四人;執事:劉

哲仁、 劉和容、林德源、周隋土、周俊人等五人。移民船陸續到達,其中有不少在台擔任
過長執,因此暫時改為委員制,計有:蔡郇民、廖冠雄、邱松、郭章澤、林義良等五人為
本會委員。
07/02/1965 委員會議決定名為“台灣基督長老教會巴西聖保羅教會”。巴文名稱 “Igreja Presbiteriana
Formosa do Brasil”並向政府完成登記。
18/04/1965 許有才牧師移民巴西,本委員會請其主持復活節慶祝禮拜,並舉行本會首次聖餐,陪餐者

計五十三名。
16/05/1965 委員會決議,申請台灣總會差派許有才牧師為本會小會議長。
29/06/1965 為紀念台灣設教百週年,借用 Rua S ão Joaquim 救世軍禮拜堂,由許有才牧師講道,本會

聖歌隊主領慶祝讚美禮拜,出席者二百三十名。並成立青年團契。
01/08/1965 接到台灣總會常委台總公函拾貳庶字第 0011 號,派許有才牧師為本會議長。
10/08/1965 本會首次小會於慕德如露教會(前慕義教會)召開,議長許有才牧師請該會長老王首寶、

陳振昌、紀慶誠列席,本會籌備委員主席楊毓奇 ,副主席曾天來出席。議決舉行原選長執
之就任事宜。
19/08/1965 舉行本會首次當選長執及後來補選長老 :蔡郇民、邱松、洪垂蓮、林德源等四名,執事廖冠

雄、郭章澤等二名之就任式,成為本會首任長執。
05/09/1965 籌備完成後結束籌備委員會。

主日崇拜
Culto

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
12 教會歷史 - 第二期
Histórico - Período 2

PERÍODO DE FUNDAÇÃO (9/1962 – 9/1965)


IV/09/1962 Dr. Yang reúne compatriotas em sua residência realizando o primeiro culto com presença de
13 pessoas.
11/1962 Chegada de novos imigrantes que participaram do culto.
12/1962 Primeira comemoração do Natal numa residência, com mais de 20 participantes.
01/02/1963 Mudança do local de culto dominical para sala empre stada da Igreja Metodista, na Av.
Liberdade, sendo provisoriamente denominada “Igreja Cristã de São Paulo de Língua
Taiwanesa”.
12/08/1963 Chegada do Sr.Tseng Tien Lai para auxiliar nos trabalhos da igreja. Junto com ele vieram
cerca de trinta crentes que deram início às atividades de Coral e Escola Dominical.
01/12/1963 Realização da 1 a Assembléia com eleição de 4 presbíteros e 5 diáconos, além de 5 diretores
para formar o comitê.
07/02/1965 Por decisão do comitê, adotou -se o nome “IGREJA PRESBITERIANA FORMOSA DO
BRASIL”, sendo este cadastrado junto ao órgão do governo.
18/04/1965 Chegada do Pr. Hsu Yu Tsai que, convidado pelo comitê, celebrou o Culto Comemorativo da
Páscoa e a 1 ª Santa Ceia, com 53 participantes.
16/05/1965 Por decisão do comitê, requ isitou-se junto ao Supremo Concílio de Taiwan a nomeação do
Pr. Hsu Yu Tsai para ser presidente do Conselho da igreja.
29/06/1965 Comemorou-se o Centenário da Igreja Presbiteriana de Taiwan, com pregação do Pr. Hsu
Yu Tsai e louvor do Coral da igreja, no salão do Exército da Salvação à R. São Joaquim,
com a presença de 230 pessoas. Realizou-se também a reunião inaugural da Mocidade.
01/08/1965 Recebimento da carta oficial do Supremo Concílio de Taiwan nomeando Pr. Hsu Yu Tsai
como presidente do Conselho da igreja.
10/08/1965 Realização da primeira reunião do Conselho em Botujuru.
19/08/1965 Primeira ordenação de oficiais.
05/09/1965 Dissolução do Comitê Provisório.

美以美教會正門
Na igreja Metodista

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第二期 13
Histórico - Período 2

歷任長執任期表
年度 職份 姓名
1963 長老 簡榮鴻、曾天來、楊毓奇、石慶德
執事 劉哲仁、劉和容、林德源、周隋土、周俊人
1965 長老 洪垂蓮、石慶德、林德源、邱松、蔡郇民
執事 劉哲仁、劉和容、周隋土、周俊人、廖冠雄、郭章澤

LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE
1963 P Kân Eng-Hong, Tseng Tien Lai, Yang Yu Chi, Shyr Ching Der
D Liu Che In, Lâu Ho Iông, Chiu Sûi-Thó, Chow Jun Jin, Lin Der Gôan
1965 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Lin Der Gôan, Tsai Sui Ming, Chiu Song
D Liu Che In, Lâu Ho Iông, Chiu Sûi-Thó, Chow Jun Jin, Liao Koan Hsiung, Koeh Chiong
Ték

各部會長名單 ( 創設期 )
年 主日學校長 聖歌隊指揮 聖歌隊隊長 青年團契會 學生團契會 婦女團契會
長 長 長
1963 林義良 劉哲仁 X X X X
1964 林義良 劉哲仁 X X X X
1965 林義良 劉哲仁 X 蔡義猛 X X

Entidades ( Período de Fundação )


Ano Diretor Maestro Presidente Presidente Presidente Presidente
EBD Coral Coral Mocidade Estudantil Liga Irmãs
1963 Lin I Liang Liu Che In X X X X
1964 Lin I Liang Liu Che In X X X X
1965 Lin I Liang Liu Che In X Tsai I Mang X X

美以美教會正門
Na igreja Metodista
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
14 教會歷史 - 第三期
Histórico - Período 3

開 拓 期(1965 年 9 月-1967 年 12 月)
05/09/1965 召集本會首次小會。
IV/09/1965 教會首次舉行週年慶祝活動,即第三週年紀念讚美禮拜,出席者八十五名。
07/11/1965 舉行聖餐,首次洗禮及堅信禮。領洗者計有徐崛;堅信禮者計有林秀惠、林光洋、李正
雄、蔡秀女、蔡英霞、石明惠、石信惠等七位。小會並議決聘請曾 天來牧師為本會牧會主
任。
07/03/1966 正式成立建堂委員會,進行購買作禮拜堂用之房屋。
20/03/1966 曾天來先生就讀巴西長老會神學院,本會請他繼續牧會。
08/08/1966 蔡麟牧師到達巴西協助本會事工。
08/09/1966 劉淇水牧師到達巴西協助本會事工。
06/11/1966 許有才牧師回台還福音債,並報告巴西移民情形。
05/02/1967 遷移至 Rua Pedroso No. 356 巴西長老教會聚會。
26/03/1967 舉行聖餐,由劉淇水牧師主持,陪餐者五十四名。
02/07/1967 決定購買本教會地址,原有三棟房屋之中央那棟,即 Rua Dr. Siqueira Campos 98 號。
09/07/1967 遷入已購買之本堂現址之一,98 號房屋,舉行首次禮拜。
19/11/1967 許有才牧師由台返回巴西。
10/12/1967 舉行許有才牧師監選和會。
24/12/1967 舉行慶祝聖誕讚美禮拜及許有才牧師為第一任專任牧師就任典禮。

探訪許有才牧師
Visita ao Pr Hsu Yu Tsai

台灣設教百週年紀念
Coral no Centenário da Igreja Presbiteriana de Taiwan

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第三期 15
Histórico - Período 3

PERÍODO INAUGURAL (09/1965 – 12/1967)


05/09/1965 Convocou-se a 1a Reunião do Conselho.
IV/09/1965 Comemoração do 3 º Aniversário de Fundação com Culto de Louvor e presença de 85
pessoas.
07/11/1965 Realização de Santa Ceia e primeiro Batismo. Batismo: Shyu Ku, Profissão de Fé: Alice Lin,
Lin Kwang Yan, Li Ch ung Shung, Tsai Hsiu Nyu, Tsai Ing Hsia, Shyr Ming Huey, Shyr Shin
Huey. Sr. Tseng Tien Lai foi convidado para ser o responsável pelo ministério pastoral da
igreja.
07/03/1966 Formação oficial de uma comissão de 7 membros com objetivo de comprar um imóvel para
sediar a igreja.
20/03/1966 Ingresso do Sr. Tseng Tien Lai na Faculdade de Teologia.
08/08/1966 Chegada do Pr. Tsai Lin, passando a cooperar com o serviço da igreja.
08/09/1966 Chegada do Pr. Liu Chi Sue, passando a cooperar com o serviço da igrej a.
06/11/1966 Visita do Pr. Hsu Yu Tsai a Taiwan, informando a situação dos imigrantes taiwaneses, sendo
Pr. Tsai Lin convidado a presidir interinamente o Conselho.
05/02/1967 Transferência do local de culto para Igreja Presbiteriana do Brasil, situada n a R. Pedroso,
356.
26/03/1967 Celebração de Santa Ceia ministrada pelo Pr. Liu Chi Sue com 54 participantes.
02/07/1967 Decidiu-se comprar a casa situada à R. Dr. Siqueira Campos, 98 (casa central do conjunto
de três casas que compõem o atual terreno da igreja).
09/07/1967 Realização do primeiro culto no novo endereço.
19/11/1967 Regresso do Pr. Hsu Yu Tsai ao Brasil.
10/12/1967 Assembléia para plebiscito do Pr. Hsu Yu Tsai.
24/12/1967 Culto de Louvor de Natal e Posse do Pr. Hsu Yu Tsai como primeiro pastor titular da igreja.

楊毓奇博士與許有才牧師
Dr Yang & Pr Hsu Yu Tsai

許有才牧師就任典禮
Posse Pr Hsu Yu Tsai
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第四期 17
Histórico - Período 4

許有才 牧師 牧會時期 ﹝1968 年 1 月-1974 年 7 月﹞


I/01/1968 開始實行上下午禮拜。
04/07/1968 成立少年團契(以後改為學生團契)。
17/08/1969 改選長執,並設立長老五名,封立長老二名,設立執事四名。
02/1971 購買第二間房屋,即隔鄰 102 號房屋。
04/04/1971 修改兩間房屋的樓上並擴大禮拜堂,從大路造設天橋以便出入,並修繕房屋。
IV/09/1972 慶祝第十週年。
I/11/1972 慕德如露教會遷移至慕義市,本會派聖歌隊前往祝賀。
11/1972 李幫助牧師抵巴西,舉行聯合培靈會。
03/06/1973 許有才牧師因身体不適,請病假療養。請許輝世牧師為代理議長。
07/1973 隨後陸續得到李明安、賴才華、許文將、謝太平、周神宗、賴明惠等諸位牧師、葉茂生傳
道、 黃昭哲長老協助本會事工。
24/04/1974 邀請賴才華牧師為牧會主任。

PERÍODO MINISTRADO PELO PR. HSU YU TSAI (01/1968 – 07/1974)


I/01/1968 Introdução dos cultos matinal e vespertino.
04/07/1968 Formação da Associação Infanto -Juvenil, depois mudado para Associação Estudantil.
17/08/1969 Eleição e ordenação de oficiais: 7 presbíteros e 4 diáconos.
02/1971 Compra da casa anexa (n o 102).
04/04/1971 Reforma dos andares superiores para formação do salão de culto.
IV/09/1972 Comemoração do 10 o Aniversário de Fundação.
I/11/1972 Participação do Coral na Cerimônia de Transferência da Igreja de Botujuru para Mogi das
Cruzes.
11/1972 Realização da Cruzada de Reavivamento pela Pra. Lee Pan Chu.
03/06/1973 Licença médica do Pr. Hsu Yu Tsai, sendo substituído pelo Pr. Josué Hsu como presidente
interino do Conselho.
07/1973 Chegada dos pastores Lee Ming An, Lai Tsai Hwa, Hsu Wen Chian, Hsieh Thai Peng, Chow
Shen Chong, Lai Min Huei ; Ministro Yeh Maw Shen e Presbítero Hwang Chao Thoe ,
passando a cooperar com os trabalhos da igreja.
24/04/1974 Pr. Lai Tsai Hwa convidado para ser pastor titular.

許有才牧師 青年靈修會
Pr Hsu Yu Tsai Acampamento de jovens

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
18 教會歷史 - 第四期
Histórico - Período 4

歷任長執任期表
年度 職份 姓名
1968 長老 洪垂蓮、石慶德、林德源、邱松
執事 劉哲仁、劉和容、周俊人、廖冠雄、楊錦雲、徐堀 、蔡光輝
1969 長老 洪垂蓮、石慶德、林德源、邱松、劉哲仁、周俊人
執事 劉和容、楊錦雲、徐堀、蔡光輝
1970 長老 洪垂蓮、石慶德、林德源、邱松、劉哲仁、周俊人
執事 劉和容、楊錦雲、徐堀、蔡光輝、陳鴻恩、周王施苔、李文明
1971 長老 洪垂蓮、石慶德、林德源、邱松、劉哲仁、周俊人、鍾國明
執事 楊錦雲、徐堀、蔡光輝、陳鴻恩、周王施 苔、李文明
1972 長老 洪垂蓮、石慶德、林德源、邱松、劉哲仁、鍾國明、楊錦雲、徐堀、張裕雄
執事 陳鴻恩、周王施苔、李文明、洪壽梅、張文川、鄧淑貞
1973 長老 洪垂蓮、石慶德、林德源、邱松、劉哲仁、鍾國明、楊錦雲、徐堀、張裕雄
執事 陳鴻恩、周王施苔、李文明、洪壽梅、張文川、鄧淑貞、王 薰、許龍駒
1974 長老 洪垂蓮、石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、楊錦雲、徐堀、張裕雄
執事 陳鴻恩、周王施苔、李文明、洪壽梅、張文川、鄧淑貞、王 薰、許龍駒

LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE
1968 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Lin Der Gôan, Chiu Song
D Liu Che In, Lâu Ho Iông, Chow Jun Jin, Liao Koan Hsiung, Yang Chin Yun, Shyu Ku,
Tsai Kuang Hue
1969 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Lin Der Gôan, Chiu Song, Liu Che In, Chow Jun Jin
D Lâu Ho Iông, Yang Chin Yun, Shyu Ku, Tsai Kuang Hue
1970 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Lin Der Gôan, Chiu Song, Liu Che In, Chow Jun Jin
D Lâu Ho Iông, Yang Chin Yun, Shyu Ku, Tsai Kuang Hue, Chen Hong In, Chow Wang
Shih Ta, Lee Wen Ming
1971 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Lin Der Gôan, Chiu Song, Liu Che In, Chow Jun Jin,
Chung Kuo Ming
D Yang Chin Yun, Shyu Ku, Tsai Kuang Hue, Chen Ho ng In, Chow Wang Shih Ta, Lee
Wen Ming
1972 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Lin Der Gôan, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo
Ming, Yang Chin Yun, Shyu Ku, Chang Ju Iong
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Lee Wen Ming, Shih Hung Chow Mei, Chang Wen
Chuang, Deng Shu Cheng
1973 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Lin Der Gôan, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo
Ming, Yang Chin Yun, Shyu Ku, Chang Ju Iong
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Lee Wen Ming, Shih Hung Chow Mei, Chang We n
Chuang, Deng Shu Cheng, Wang Hun, Hsu Liông Khu
1974 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Yang Chin
Yun, Shyu Ku, Chang Ju Iong
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Lee Wen Ming, Shih Hung Chow Mei, Chan g Wen
Chuang, Deng Shu Cheng, Wang Hun, Hsu Liông Khu

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第四期 19
Histórico - Período 4

各部會長名單 ( 許有才牧師 牧會時期 )


年 主日學校長 聖歌隊指揮 聖歌隊隊長 青年團契會長 學生團契會 婦女團契會
長 長
1968 周俊人 劉哲仁 X 蘇泰山 楊明榮 莊純全
1969 周俊人 劉哲仁 X 蘇泰山 林光隆 莊純全
1970 周俊人 劉哲仁 X 蘇泰一 鍾正光 鄧淑貞
1971 周俊人 劉哲仁 X 張啟昌 劉伯三 蕭 綿
1972 石慶德 劉哲仁 蘇泰山 (委員制) 官明賢 王淑美
1973 石慶德 黃淑英 石信惠 陳世傑 石文理 王淑美
1974 石慶德 劉哲仁 張一隆 鄭文卿 魏新佑 吳秀蘭

Entidades ( Período do Pr. Hsu Yu Tsai)


Ano Diretor Maestro Presidente Presidente Presidente Presidente
EBD Coral Coral Mocidade Estudantil Liga Irmãs
1968 Chow Jun Liu Che X Su Thai San Yang Ming Juang Chwen
Jin In Chung Chyun
1969 Chow Jun Liu Che X Su Thai San Lin Kuang Lon Juang Chwen
Jin In Chyun
1970 Chow Jun Liu Che X Su Chung Cheng Deng Shu
Jin In Thai I Kuang Cheng
1971 Chow Jun Liu Che X Chang Chi Liu Bor San Shau Mian
Jin In Chuang
1972 Shyr Ching Liu Che Su Thai San (Diretoria) Kuang Ming Wang Su Mei
Der In Shien
1973 Shyr Ching Sarah Shyr Shin Chen Tse Chieh Shyr Wen Lii Wang Su Mei
Der Chen Huey
1974 Shyr Ching Liu Che Chang I Chiang Win Alexandre Wei Wu Chyun Lan
Der In Long Chin

Pico do Jaraguá 郊遊
Passeio ao Pico do Jaraguá

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
20 教會歷史 - 第四期
Histórico - Período 4

與慕義教會聯誼
Na igreja de Mogi

野外郊遊
Passeio

聖歌隊
Coral

野外郊遊
Passeio

兒童主日學
EBD
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第四期 21
Histórico - Período 4

八週年慶典
Comemoração 8 anos

青少年團契
Mocidade

聖歌隊
Coral

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
22 教會歷史 - 第四期
Histórico - Período 4

於教會正門
Frente da igreja

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第五期 27
Histórico - Período 5

賴才華 牧師 牧會時期 (1974 年 7 月-1979 年 1 月)


23/07/1974 賴才華牧師就任本會牧會主任。
22/12/1974 許有才牧師請辭回台,決定聘請許有才牧師為本會終身名譽牧師。曾天來先生神學院畢

業。
05/1975 上午禮拜開始加設葡語翻譯。
22/06/1975 購買第三間相連之 92 號房屋。
I/01/1976 開始有主日中餐。
12/02/1976 邱以正牧師來巴西,舉行聯合培靈會。
30/06/1976 黃武東牧師首次來巴西,舉行聯合培靈佈道會。
22/08/1976 愛修會創設人,日人夏本牧師抵巴西,主持台語教會聯合愛修會。
12/1976 開始研究改修或興建教堂。
10/04/1977 成立興建委員會(決定建新教堂),並請黃燦輝執事擔任建築設計。
31/07/1977 楊毓奇醫師移民美國。

PERÍODO MINISTRADO PELO PR. LAI TSAI HWA (07/1974 – 01/1979)


23/07/1974 Pr. Lai Tsai Hwa empossado como pastor titular.
22/12/1974 Pr. Hsu Yu Tsai pediu demissão e voltou para Taiwan, sendo lhe conferido o título vitalício
de pastor honorário.
Sr. Tseng Tien Lai formou -se em teologia.
05/1975 Início das traduções para o português dos cultos matinais.
22/06/1975 Compra da terceira casa (n. 92).
I/01/1976 Início do serviço de almoço na igreja aos domingos.
12/02/1976 Chegada do Pr. Chiu Yi Cheng e realização de Cruzada Unificada de Reavivamento.
30/06/1976 Primeira visita do Pr. Huang Wu Tong e reali zação de Cruzada Evangelística Unificada.
22/08/1976 Primeira reunião de comunhão unificada das igrejas taiwanesas, dirigida por um pastor
japonês.
12/1976 Início do planejamento para construção do templo.
10/04/1977 Formação da Comissão para Reconstrução do Templo, sendo a planta de construção
projetada pelo diác. Huang Tsan Fe.
31/07/1977 Emigração do Dr. Yang Yu Chi para EUA.

賴才華牧師
Pr Lai Tsai Hwa

建堂破土典禮
Cerimônia de início da construção

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
28 教會歷史 - 第五期
Histórico - Período 5

歷任長執任期表
年度 職份 姓名
1975 長老 洪垂蓮、石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、楊錦雲、徐堀、張裕雄、張文川
執事 陳鴻恩、周王施苔、李文明、洪壽梅、鄧淑貞、王 薰、許龍駒、楊招治、張一隆
1976 長老 洪垂蓮、石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、楊錦雲、徐堀、張裕雄、張文川、王薰、許
龍駒、石清碧
執事 陳鴻恩、周王施苔、李文明、洪壽梅、鄧淑貞、楊招治、張一隆、 徐永茂、詹昭樁
1977 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐崛、張裕雄、張文川、王薰、許龍駒、石清碧
執事 陳鴻恩、周王施苔、洪壽梅、鄧淑貞、楊招治、張一隆、徐永茂、 詹昭樁
1978 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、張裕雄、張文川、王薰、許龍駒、石清碧
執事 陳鴻恩、周王施苔、鄧淑貞、楊招治、張一隆、徐永茂、詹昭樁、 陳鴻政、陳寶鎮

LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE
1975 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Yang Chin
Yun, Shyu Ku, Chang Ju Iong, Chang Wen Chuang,
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Lee Wen Ming, Shih Hung Chow Mei, Deng Shu
Cheng, Wang Hun, Hsu Liông Khu, Yang Chao Chih, Chang I Long
1976 P Horng Shiu Lien, Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Yang Chin
Yun, Shyu Ku, Chang Ju Iong, Chang Wen Chuang, Wang Hun, Hsu Liông Khu, Shyr
Chin Pi
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Lee Wen Ming, Shih Hung Chow Mei, Deng Shu
Cheng, Yang Chao Chih, Chang I Long, Shyu Yong Mow, Chian Chiau Chun
1977 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Chang Ju Iong,
Chang Wen Chuang, Wang Hun, Hsu Liông Khu, Shyr Chin Pi
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta , Shih Hung Chow Mei, Deng Shu Cheng, Yang Chao
Chih, Chang I Long, Shyu Yong Mow, Chian Chiau Chun
1978 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Chang Ju Iong,
Chang Wen Chuang, Wang Hun, Hsu Liông Khu, Shyr Chin Pi
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Deng Shu Cheng, Yang Chao Chih, Chang I Long,
Shyu Yong Mow, Chian Chiau Chun, Chen Hon Cheng, Chen Pau Chen

全體會友
Geral

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第五期 29
Histórico - Período 5

各部會長名單 ( 賴才華牧師 牧會時期 )


年 主日學校長 聖歌隊指揮 聖歌隊隊長 青年團契會長 學生團契會長 婦女團契會長
1975 石慶德 劉哲仁 張啟昌 鄧仁正 鍾正光 許淑女
1976 石慶德 胡純美 劉慧良 王信福 賴恩惠 王淑美
1977 石慶德 劉哲仁 鍾正光 許龍駒 X 王淑美
1978 石慶德 黃昭哲 陳世耀 鍾正光 X 廖娟娟

Entidades ( Período do Pr. Lai Tsai Hwa)


Ano Diretor Maestro Presidente Presidente Presidente Presidente
EBD Coral Coral Mocidade Estudantil Liga Irmãs
1975 Shyr Ching Liu Che In Chang Chi Deng Gin Chung Cheng Hsu Su Ni
Der Chuang Cheng Kuang
1976 Shyr Ching Hu Sun Mei Liu Huei Josué Wang Ana Lai Wang Su Mei
Der Liang
1977 Shyr Ching Liu Che In Chung Cheng Hsu Liông X Wang Su Mei
Der Kuang Khu
1978 Shyr Ching Huang Chen Tse Chung Cheng X Liao Chuan
Der Chiau Che Yau Kuang Chuan

婦女團契
Liga das senhoras

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第五期 31
Histórico - Período 5

Comunhão Coral

靈修會 ─ 生命之道
Acampamentos - PV

野外郊遊
Passeio

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
32 教會歷史 - 第六期
Histórico - Período 6

曾天來 牧師 牧會時期 (1979 年 4 月-1986 年 1 月)


01/04/1979 曾天來牧師就任本會牧會主任。
15/04/1979 舉行復活節慶祝禮拜,並舉行教堂定礎式,由許有才牧師主持。
12/12/1979 舉行曾天來牧師監選和會,結果通過。
17/02/1980 曾天來牧師就任本會專任牧師。
01/06/1980 新建禮拜堂後半部蓋到第二層完成(現時 車庫及主日學之後半部分)。
IV/09/1980 遷入後半二樓作禮拜,並舉行十八週年紀念禮拜。
15/11/1981 楊毓奇醫師在美國別世。
16/1/1983 曾天來牧師續任本會牧會主任。
07/1983 禮拜堂外部完成,開始內部工程。
15/01/1984 舉行獻堂禮拜。本會終身名譽牧師許有才牧師當日在台別世。
20/04/1984 唐祟榮牧師抵巴西,在本會新禮拜堂舉行聯合佈道大會。
03/06/1984 決定每月請一位巴西牧師來講道一次。
12/08/1984 成立醫療團契。
IV/01/1985 定期和會表決進行開拓教會。
18/04/1985 劉晉奇牧師來巴西,舉行聯合培靈佈道會。
15/08/1985 世界華人福音會議中南美區大會假本堂舉行。
18/08/1985 台灣神學院謝穎男牧師(院長)訪問巴西。 成立差傳基金會。
13/10/1985 舉行橋頭佈道所開設典禮。
07/1986 周淑慧牧師訪問巴西,舉行聯合培靈佈道會。

曾天來牧師
Pr. Tseng Tien Lai

建堂第一階段完工禮拜
Culto pelo término da 1ª etapa da construção

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
34 教會歷史 - 第六期
Histórico - Período 6

歷任長執任期表
年度 職份 姓名
1979 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、張文川、王薰、許龍駒、鄧淑貞
執事 陳鴻恩、周王施苔、楊招治、張一隆、徐永茂、詹昭樁、陳鴻政、陳 寶鎮、劉廣文、李
吉昌、黃燦輝、趙邦雄
1980 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、張文川、王薰、許龍駒、鄧淑貞
執事 陳鴻恩、周王施苔、楊招治、張一隆、徐永茂、詹昭樁、陳鴻政、陳 寶鎮、劉廣文、李
吉昌、黃燦輝、趙邦雄
1981 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、王薰、許龍駒、鄧淑貞、陳寶鎮
執事 陳鴻恩、周王施苔、楊招治、張一隆、徐永茂、詹昭樁、劉廣文、 李吉昌、黃燦輝、趙
邦雄
1982 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、王薰、鄧淑貞、陳寶鎮、張一隆
執事 陳鴻恩、周王施苔、楊招治、徐永茂、詹昭樁、劉廣文、李吉昌、 黃燦輝、趙邦雄、許
文治、石芳明
1983 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、王薰、鄧淑貞、陳寶鎮、張一隆
執事 陳鴻恩、周王施苔、楊招治、徐永茂、詹昭樁、李吉昌、黃燦輝 、趙邦雄、許文治、石
芳明
1984 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、王薰、鄧淑貞、陳寶鎮、張一隆
執事 陳鴻恩、周王施苔、楊招治、徐永茂、詹昭樁、李吉昌、黃燦輝、 趙邦雄、許文治、石
芳明、石芳義
1985 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、王薰、陳寶鎮、張一隆、許文治、陳仁道
執事 陳鴻恩、周王施苔、楊招治、徐永茂、詹昭樁、李吉昌、趙邦雄、 石芳明、石芳義、
鍾正光
1986 長老 石慶德、邱松、劉哲仁、鍾國明、徐堀、王薰、陳寶鎮、許文治、陳仁道
執事 陳鴻恩、周王施苔、楊招治、徐永茂、詹昭樁、李吉昌、趙邦雄、 石芳明、石芳義、鍾
正光、石福理

長執會
Oficiais

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第六期 35
Histórico - Período 6
LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE
1979 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Chang Wen
Chuang, Wang Hun, Hsu Liông Khu, Deng Shu Cheng
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Yang Chao Chih, Chang I Long, Shyu Yong Mow,
Chian Chiau Chun, Chen Hon Cheng, Chen Pau Chen, Liu Kwan Wen, Li Chi Chang,
Huang Chan Hui, Chao Pang Hsiung
1980 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Chang Wen
Chuang, Wang Hun, Hsu Liông Khu, Deng Shu Cheng
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Yang Chao Chih, Chang I Long, Shyu Yong Mow,
Chian Chiau Chun, Chen Hon Cheng, Chen Pau Chen, Liu Kwan Wen, Li Chi Chang,
Huang Chan Hui, Chao Pang Hsiung
1981 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Wang Hun, Hsu
Liông Khu, Deng Shu Cheng, Chen Pau Chen
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Yang Chao Chih, Chang I Long, Shyu Yong Mow,
Chian Chiau Chun, Liu Kwan Wen, Li Chi C hang, Huang Chan Hui, Chao Pang Hsiung
1982 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Wang Hun, Deng
Shu Cheng, Chen Pau Chen, Chang I Long
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Yang Chao Chih, Shyu Yong Mow, Chian Chia u
Chun, Liu Kwan Wen, Li Chi Chang, Huang Chan Hui, Chao Pang Hsiung, Hsu Wen
Chih, Shih Fang Ming
1983 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Wang Hun, Deng
Shu Cheng, Chen Pau Chen, Chang I Long
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Yang Chao Chih, Shyu Yong Mow, Chian Chiau
Chun, Li Chi Chang, Huang Chan Hui, Chao Pang Hsiung, Hsu Wen Chih, Shih Fang
Ming
1984 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Wang Hun, Deng
Shu Cheng, Chen Pau Chen, Chang I Long
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Yang Chao Chih, Shyu Yong Mow, Chian Chiau
Chun, Li Chi Chang, Huang Chan Hui, Chao Pang Hsiung, Hsu Wen Chih, Shih Fang
Ming, Shih Fang Yi
1985 P Shyr Ching Der, Chiu Song, L iu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Wang Hun, Chen
Pau Chen, Chang I Long, Hsu Wen Chih, Chern Ren Daw
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Yang Chao Chih, Shyu Yong Mow, Chian Chiau
Chun, Li Chi Chang, Chao Pang Hsiung, Shih Fang Ming, Shi h Fang Yi, Chung Cheng
Kuang
1986 P Shyr Ching Der, Chiu Song, Liu Che In, Chung Kuo Ming, Shyu Ku, Wang Hun, Chen
Pau Chen, Hsu Wen Chih, Chern Ren Daw
D Chen Hong In, Chow Wang Shih Ta, Yang Chao Chih, Shyu Yong Mow, Chian Chiau
Chun, Li Chi Chang, Chao Pang Hsiung, Shih Fang Ming, Shih Fang Yi, Chung Cheng
Kuang, Shyr Fwu Lii

長執會
Oficiais

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
36 教會歷史 - 第六期
Histórico - Período 6

各部會長名單 ( 曾天來牧師 牧會時期 )


年 主日學校長 聖歌隊指揮 聖歌隊隊長 青年團契會長 學生團契會長 婦女團契會長
1979 石慶德 黃昭哲 (委員制) 王信福 X 鄧淑貞
1980 石慶德 劉哲仁 石文理 魏新佑 X 鄧淑貞
1981 石慶德 劉哲仁 石文理 吳志恒 X 鄧淑貞
1982 石慶德 劉哲仁 曾玲娜 魏新佑 X 石信惠
1983 石慶德 劉哲仁 吳志恒 魏新佑 X 鄧淑貞
1984 石慶德 趙邦雄 石文理 王信福 詹榮昌 王美琴
1985 石慶德 趙邦雄 劉慧良 吳志恒 詹子健 王美琴
1986 石慶德 趙邦雄 鍾正光 石文理 石莉莉 王美琴

年 醫療團契會長 差傳基金會會長
1984 趙邦雄 X
1985 趙邦雄 陳仁道
1986 趙邦雄 陳仁道

Entidades ( Período do Pr. Tseng Tien Lai)


Ano Diretor Maestro Presidente Presidente Presidente Presidente
EBD Coral Coral Mocidade Estudantil Liga Irmãs
1979 Shyr Ching Huang (Diretoria) Josué Wang X Deng Shu Cheng
Der Chiau Che
1980 Shyr Ching Liu Che In Shyr Wen Lii Alexandre Wei X Deng Shu Cheng
Der
1981 Shyr Ching Liu Che In Shyr Wen Lii Eduardo Wu X Deng Shu Cheng
Der
1982 Shyr Ching Liu Che In Leng Na Tseng Alexandre Wei X Shyr Shin Huey
Der
1983 Shyr Ching Liu Che In Eduardo Wu Alexandre Wei X Deng Shu Cheng
Der
1984 Shyr Ching Chao Pang Shyr Wen Lii Josué Wang Chan Yung Wang Mei Chin
Der Hsiung Chang
1985 Shyr Ching Chao Pang Liu Huei Liang Eduardo Wu Jason Chan Wang Mei Chin
Der Hsiung
1986 Shyr Ching Chao Pang Chung Cheng Shyr Wen Lii Shih Li Li Wang Mei Chin
Der Hsiung Kuang

Ano Presidente Presidente Fundo


Liga Médica de Missões
1984 Chao Pang Hsiung X
1985 Chao Pang Hsiung Chern Ren Daw
1986 Chao Pang Hsiung Chern Ren Daw

野外郊遊
Passeio

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
Scanned by CamScanner
教會歷史 - 第七期 43
Histórico - Período 7

孫鴻沂 牧師 牧會時期 (1987 年 1 月-1990 年 1 月)


01/1987 台灣基督長老教會差派孫鴻沂牧師到巴西,就任本會專任牧師。本會聘請
曾天來、賴明惠兩位牧師牧養橋頭分會。
02/1987 蕭振祥牧師來巴西舉行聯合培靈會。
08/1987 臨時和會表決,贊成參加台灣基督長老教會巴西中會。請莊世雄牧師來巴
西舉行聯合禁食培靈會。
04/1988 巴西中會組團訪問中國大陸教會。
08/1988 聘請 Raul 牧師為青年輔導。
01/1989 巴西中會組團訪問聖地。
08/10/1989 聘請石慶德、鍾國明、王薰為本會顧問長老。
01/1990 孫鴻沂牧師回台。

PERÍODO MINISTRADO PELO


PR. SUN HONG CHI (01/1987 – 01/1990)
01/1987 O Supremo Concílio de Taiwan enviou Pr. Sun Hong Chi ao Brasil para
assumir o cargo de Pastor Titular da igreja. Os pastores Tseng Tien Lai e
Lai Min Huei foram convidados para pastorear a igreja filial de Paraguai.
02/1987 Visita do Pr. Hsiao Jen Sian ao Brasil e realização de Cruzada Unificada
de Reavivamento.
08/1987 Aprovada a participação da igreja no Presbitério da Igreja Presbiteriana
de Taiwan no Brasil.
Cruzada de Edificação e Jejum dirigida pelo Pr. Chuang.
04/1988 Excursão organizada pelo Presbitério à República Popular da China.
08/1988 Pr. Raul Nogueira é convidado para ser pastor auxiliar da Mocidade.
01/1989 Excursão organizada pelo Presbitério para a Terra Santa.
08/10/1989 Nomeação dos presbíteros Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming e Wang Hun
como presbíteros conselheiros.
01/1990 Regresso do Pr. Sun Hong Chi a Taiwan.

孫鴻沂牧師
Pr Sun Hong Chi 長執與巴西中會牧師
Liderança com presbitério

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第七期 45
Histórico - Período 7

各部會長名單 ( 孫鴻沂牧師 牧會時期 )


年 主日學校 聖歌隊指揮 聖歌隊隊長 青年團契會 婦女團契會長 兄弟團契會長
長 長
1987 石慶德 趙邦雄 張連全 黃清科 陳惠娟 陳寶鎮
1988 陳寶鎮 劉慧良 張連全 邱惠真 陳惠娟 王宗正
1989 陳寶鎮 劉慧良 張連全 邱惠真 陳娜娜 顏忠雄

年 醫療團契會長 差傳基金會會長
1987 趙邦雄 陳仁道
1988 趙邦雄 王 薰
1989 劉哲仁 王 薰

Entidades ( Período do Pr. Sun Hong Chi )


Ano Diretor Maestro Presidente Presidente Presidente Presidente
EBD Coral Coral Mocidade Liga Irmãs Liga Irmãos
1987 Shyr Ching Chao Pang Chang Lien Hwang Chin Chen Hui Chen Pau Chen
Der Hsiung Chuan Ko Chuan
1988 Chen Pau Liu Huei Chang Lien Diana Chiu Chen Hui Wang Chung Cheng
Chen Liang Chuan Chuan
1989 Chen Pau Liu Huei Chang Lien Diana Chiu Chern Nuo Yen Chung Hsiung
Chen Liang Chuan Nuo

Ano Presidente Presidente Fundo


Liga Médica de Missões
1987 Chao Pang Hsiung Chern Ren Daw
1988 Chao Pang Hsiung Wang Hun
1989 Liu Che In Wang Hun

姊妹團契
Liga das irmãs

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
46 教會歷史 - 第七期
Histórico - Período 7

青少年團契
Mocidade

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第七期 47
Histórico - Período 7

青年靈修會
Acampamento

兒童主日學
EBD

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
48 教會歷史 - 第八期
Histórico - Período 8

許輝世 牧師 牧會時期 (1990 年 6 月-1993 年 7 月)


03/06/1990 許輝世牧師就任本會專任牧師。
06/1990 推行基督徒教育(成人主日學)及查經分享小組。
07/1990 與其他各教會有志義工們籌劃並發行超教派之“巴西福音週刊”。
10/1990 購買牧師宿舍。
12/1990 南美基督工人神學院成立;從此有各地來巴授課的教授牧師,各教會趁機舉行
各種專題演講、培靈佈道等聯合聚會。本會並有四位前往就讀該神學院。
12/1990 Raul 牧師離任。
01/1991 本會成立中文學校。
06/1991 劉富理牧師前來巴西主領佈道會及信徒造就會。
07/1991 南美基督工人神學院主辦第一次靈修會,聯合巴西華人眾教會。
1991 安裝主日學教室通風設備,修築工人房。改築禮拜堂前庭,增高其下方兩教室
之屋頂。擴建廚房並增加其設備。
03/1992 率代表參加中南美洲宣教會議。
07/1992 南美基督工人神學院主辦第二次靈修會,聯合巴西華人眾教會。
27/09/1992 慶祝設教三十週年,聘請加拿大莊百里牧師前來主領培靈佈道大會。
18/10/1992 聘請在南美基督工人神學院深造之神學生--陳寶鎮、張連全、石信惠等三位
於次年 7 月畢業後返回本會負責牧會事工。

許輝世牧師
Pr Josué Hsu

三十週年慶典
Comemoração de 30 anos

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第八期 49
Histórico - Período 8

PERÍODO MINISTRADO PELO PR. JOSUÉ HSU (06/1990 – 07/1993)


03/06/1990 Pr. Josué Hsu empossado como pastor titular da igreja.
06/1990 Ênfase na reunião de oração matinal aos domingos, na educação cristã de jovens
e adultos e nas células de estudo bíblico (6 grupos formados)
07/1990 Cooperação no Informativo Semanal da Igreja Evangélica da Formosa, junto
com voluntários de outras igrejas.
10/1990 Compra da residência pastoral.
12/1990 Fundação do Seminário Teológico Servo de Cristo da América do Sul, com
professores convidados de vários lugares, sendo que da nossa igreja, quatro se
inscreveram como seminaristas.
Realização de vários eventos unificados de evangelização e edificação.
12/1990 Pastor Raul deixa o cargo.
01/1991 Fundação da Escola de Chinês na igreja.
06/1991 Evangelismo e Edificação dos crentes dirigida pelo Pr. Liu.
07/1991 Primeiro acampamento organizado pelo Seminário Servo de Cristo da América
do Sul, reunindo igrejas chinesas do Brasil.
1991 Reforma da cozinha e do alojamento do zelador, instalação do sistema de
ventilação das salas de EBD e melhorias no prédio.
03/1992 Envio de participante ao Congresso Missionário da Amér ica Latina organizada
pelo Seminário Servo de Cristo da América do Sul.
07/1992 Segundo acampamento organizado pelo Seminário Servo de Cristo da América
do Sul reunindo igrejas chinesas da América do Sul.
27/09/1992 Comemoração do 30 o Aniversário de Fund ação com Cruzada de Evangelização
e Edificação dirigida pelo Pr. Pak-Lee Chong.
18/10/1992 Convite aos seminaristas Chen Pao Chen, Chang Lien Chuan e Shyr Shin Huey
para servirem a igreja à partir de 07/1993, depois de se formarem no seminário.

兒童主日學
EBD

青少年團契
Mocidade
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
50 教會歷史 - 第八期
Histórico - Período 8

歷任長執任期表
年度 職份 姓名
1990 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰
長老 劉哲仁、陳寶鎮、許文治、石芳明
執事 楊招治、徐永茂、李吉昌、趙邦雄、鍾正光、石福理、莊
瑞堂、王宗正、劉慧良、王信福、吳志恆
1991 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰
長老 劉哲仁、陳寶鎮、石芳明、莊瑞堂、王宗正
執事 楊招治、徐永茂、李吉昌、趙邦雄、鍾正光、劉慧良、王
信福、吳志恆、魏新佑、張連全、吳同哲
1992 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰
長老 劉哲仁、陳寶鎮、石芳明、莊瑞堂、王 宗正、趙邦雄
執事 李吉昌、鍾正光、劉慧良、王信福、吳志恆、魏新佑、張
連全、吳同哲、陳明宗、黃國輝、陳俊光

LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE
1990 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun
P Liu Che In, Chen Pau Chen, Hsu Wen Chih, Shih Fang Ming
D Yang Chao Chih, Shyu Yong Mow, Li Chi Chang, Chao Pang
Hsiung, Chung Cheng Kuang, Shyr Fwu Lii, Chuang Jei Thong,
Wang Chung Cheng, Liu Huei Liang, Josué Wang, Eduardo Wu
1991 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun
P Liu Che In, Chen Pau Chen, Shih Fang Ming, Chuang Jei Thong,
Wang Chung Cheng,
D Yang Chao Chih, Shyu Yong Mow, Li Chi Chang, Chao Pang
Hsiung, Chung Cheng Kuang, Liu Huei Liang, Josué Wang,
Eduardo Wu, Alexandre Wei, Chang Lien Chuan, Wu Tang Che
1992 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun
P Liu Che In, Chen Pau Chen, Shih Fang Ming, Chuang Jei Thong,
Wang Chung Cheng, Chao Pang Hsiung
D Li Chi Chang, Chung Cheng Kuang, Liu Huei Liang, Josué
Wang, Eduardo Wu, Alexandre Wei, Chang Lien Chuan, Wu
Tang Che, Chen Ming Chung, Kenneth Huang, Chen Chun
Kuang

親睦聯誼
Confraternização

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第八期 51
Histórico - Período 8

各部會長名單 (許輝世牧師 牧會時期)


年 主日學校長 聖歌隊指揮 聖歌隊隊長 青年團契會長 婦女團契會長
1990 陳寶鎮 劉慧良 石文理 黃清科 周王滋美
1991 張連全 趙邦雄 劉慧良 石文理 黃清科 周王滋美
1992 吳志恒 趙邦雄 劉慧良 周王滋美 陳政廷 紀美雪

年 兄弟團契 會長 醫療團契 會長 差傳基金會 會長 中文學校 校長


1990 魏新佑 趙邦雄 劉哲仁 陳治國
1991 陳明宗 趙邦雄 劉哲仁 陳治國
1992 陳明宗 趙邦雄 王 薰 陳治國

Entidades ( Período do Pr. Josué Hsu )


Ano Diretor Maestro Presidente Presidente Presidente
EBD Coral Coral Mocidade Liga Irmãs
1990 Chen Pau Liu Huei Liang Shyr Wen Lii Hwang Chin Ko Chow Wang Tse Mei
Chen
1991 Chang Lien Chao Pang Hsiung Shyr Wen Lii Hwang Chin Ko Chow Wang Tse Mei
Chuan Liu Huei Liang
1992 Eduardo Wu Chao Pang Hsiung Chow Wang Felipe Chen Chi Mei Hsueh
Liu Huei Liang Tse Mei

Ano Presidente Presidente Presidente Fundo Diretor


Liga Irmãos Liga Médica de Missões Escola Linguas
1990 Alexandre Wei Chao Pang Hsiung Liu Che In Chen Chih Kuo
1991 Chen Ming Chung Chao Pang Hsiung Liu Che In Chen Chih Kuo
1992 Chen Ming Chung Chao Pang Hsiung Wang Hun Chen Chih Kuo

青年靈修會
Acampamento

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第九期 53
Histórico - Período 9

陳寶鎮、張連全、石信惠 三位傳道師 牧會時期


(1993 年 7 月-1995 年 9 月)
04/07/1993 開始三位傳道師牧會。
08/08/1993 陳寶鎮、張連全、石信惠三位傳道師就任式。陳寶鎮傳道為傳道主任。許輝世牧師
為小會議長。
31/10/1993 聘請劉哲仁長老為本會顧問長老。
19/12/1993 中會委派范義雄牧師為小會議長。
11/08/1994 中會委派周神育牧師為小會議長。
14/04/1995 與慕義教會聯合舉辦受難週禁食靈修會。
03/06/1995 陳寶鎮、張連全、石信惠三位傳道師通過中會「教師考試」 ,被設立為教師。
02/07/1995 舉行張連全教師之監選會員大會。
30/07/1995 舉行陳寶鎮、石信惠兩位教師之監選會員大會。

PERÍODO MINISTRADO PELOS MINISTROS CHEN PAU CHEN,


CHANG LIEN CHUAN E SHYR SHIN HUEY (07/1993 – 09/1995)
04/07/1993 Início do pastorado pelos três ministros.
08/08/1993 Posse dos três ministros, com mi nistro Chen como titular e Pr. Jos ué Hsu
como presidente do Conselho.
31/10/1993 Convite ao Presb. Liu Che In para ser presbítero conselheiro.
19/12/1993 O Presbitério enviou o Pr. Fan Ei Shyon para ser presidente do Conselho.
11/08/1994 O Presbitério enviou o Pr. Chow Shen Yu para ser presidente do Conselho.
14/04/1995 Realização de Reunião de Jejum e Oração da Paixão em conjunto com a Igreja
de Mogi das Cruzes.
03/06/1995 Aprovação dos ministros Chen Pau Chen, Chang Lien Chuan e Shyr Shin
Huey em teste feito pelo Presbitério, receben do título de mestres.
02/07/1995 Assembléia Geral para plebiscito do mestre Chang.
30/07/1995 Assembléia Geral para plebiscito dos mestres Chen e Shyr.

三位傳道師
3 ministros

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
54 教會歷史 - 第九期
Histórico - Período 9
歷任長執任期表
年度 職份 姓名
1993 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰
長老 劉哲仁、陳寶鎮、石芳明、莊瑞堂、王宗正、趙邦雄、吳志恆、 吳同哲
執事 李吉昌、鍾正光、劉慧良、王信福、魏新佑、張連全、陳明宗、 黃國輝、陳
俊光、 石文理、周王滋美、楊安球、謝碧霞
1994 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰、劉哲仁
長老 石芳明、王宗正、趙邦雄、吳志恆、吳同哲
執事 李吉昌、劉慧良、魏新佑、陳明宗 黃國輝 陳俊光、石文理、周王滋美、楊安
球、謝碧霞
1995 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰、劉哲仁
長老 石芳明、王宗正、趙邦雄、吳志恒、黃國輝、陳明宗
執事 李吉昌、劉慧良、魏新佑、陳俊光、石文理、周王滋美、楊安球、 謝碧霞、
鍾正光、陳弘文、陳耀川

LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE

1993 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun


P Liu Che In, Chen Pau Chen, Shih Fang Ming, Chuang Jei Thong, Wang Chung
Cheng, Chao Pang Hsiung, Eduardo Wu, Wu Tang C he
D Li Chi Chang, Chung Cheng Kuang, Liu Huei Liang, Josue Wang, Alexandre Wei,
Chang Lien Chuan, Chen Ming Chung, Kenneth Huang, Chen Chun Kuang, Shyr
Wen Lii, Chow Wang Tze Mei, Yang An Chiu, Hsieh Pi Hsia
1994 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun, Liu Che In
P Shih Fang Ming, Wang Chung Cheng, Chao Pang Hsiung, Eduardo Wu,Wu Tang
Che
D Li Chi Chang, Liu Huei Liang, Alexandre Wei, Chen Ming Chung, Kenneth
Huang, Chen Chun Kuang, Shyr Wen Lii, Chow Wang Tze Mei,
Yang An Chi u, Hsieh Pi Hsia
1995 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun, Liu Che In
P Shih Fang Ming, Wang Chung Cheng, Chao Pang Hsiung, Eduardo Wu, Kenneth
Huang, Chen Ming Chung
D Li Chi Chang, Liu Huei Liang, Alexandre Wei, Chen Chun Kuang, Sh yr Wen Lii,
Chow Wang Tze Mei, Yang An Chiu, Hsieh Pi Hsia, Chung Cheng Kuang, Jorge
Chern, Chen Yan Chuan

兒童主日學
EBD

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第九期 55
Histórico - Período 9

各部會長名單 ( 陳寶鎮 張連全 石信惠傳道師 牧會時期 )


年 成人基督徒 主日學 聖歌隊 聖歌隊 青年團契
教育 校長 校長 指揮 隊長 會長
1993 X 王宗正 趙邦雄 劉慧良 石文理 陳政廷
1994 王宗正 吳志恒 趙邦雄 劉慧良 劉玲珠 楊聖銘
1995 王宗正 吳志恒 鍾正光 王文旗 Marcel K K

年 社青團契 婦女團契 兄弟團契 醫療團契 差傳 中文學校


會長 會長 會長 會長 會長 校長
1993 X 黃瀅樺 黃國輝 趙邦雄 劉哲仁 陳治國
1994 X 黃瀅樺 楊安球 趙邦雄 王宗正 陳治國
1995 陳政廷 林玉華 陳明宗 黃國輝 王宗正 陳治國

Entidades( Período dos Min. Chen Pau Chen,


Chang Lien Chuan, Shyr Shin Huey )
Ano Diretor Diretor Maestro Presidente Presidente
Ed. Cristã EBD Coral Coral Mocidade
1993 X Wang Chung Chao Pang Hsiung Shyr Wen Lii Felipe Chen
Cheng Liu Huei Liang
1994 Wang Chung Eduardo Wu Chao Pang Hsiung Liu Lin Chu Edward Mico
Cheng Liu Huei Liang Yang
1995 Wang Chung Eduardo Wu Chung Cheng Mauricio Wang Marcel
Cheng Kuang KK

Ano Presidente Presidente Presidente Presidente Presidente Diretor


Liga Liga Irmãs Liga Liga Missões De Línguas
Profissional Irmãos Médica
1993 X Hwang Yin Kenneth Chao Pang Liu Chen In Chen Chih Kuo
Hwa Huang Hsiung
1994 X Hwang Yin Yang An Chao Pang Wang Chung Chen Chih Kuo
Hwa Chiu Hsiung Cheng
1995 Felipe Chen Lin Yu Hua Chen Ming Kenneth Wang Chung Chen Chih Kuo
Chung Huang Cheng

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
58 教會歷史 - 第十期
Histórico - Período 10

張連全、陳寶鎮、石信惠三位牧師 牧會時期 (1995 年 9 月-1998 年 10 月)


24/09/1995 慶祝設教三十三週年暨張連全、陳寶鎮、石信惠三位牧師封牧、就任典禮。(張連
全牧師為小會議長)
08/10/1995 成立本會“社青團契”。
10/1996 裝修“行動不方便者”之洗手間,以符合政府之規定。
09/03/1997 開始葡語分堂禮拜。
12/04/1997 成立華語團契。
28/09/1997 慶祝設教三十五週年,聘請美國劉富理牧師前來主領佈道大會與同工靈修會。
22/09/1998 舉行張連全、石信惠兩位牧師續任之監選會員大會。
27/09/1998 慶祝設教三十六週年,邀請王黎明牧師証道。

PERÍODO MINISTRADO PELOS PASTORES


CHEN PAU CHEN, CHANG LIEN CHUAN E SHYR SHIN HUEY
(09/1995 – 10/1998)
24/09/1995 Comemoração do 33 o Aniversário de Fundação e ordenação dos três pastores Chen
Pau Chen, Chang Lien Chua n e Shyr Shin Huey, sendo o Pr. Chang empossado como
presidente do Conselho.
08/10/1995 Formação da Associação dos Profissionais.
10/1996 Reforma dos sanitários para adequar às exigências do governo em relação às
instalações para deficientes físicos.
09/03/1997 Início do Culto em Português.
12/04/1997 Formação do Grupo em Mandarim.
28/09/1997 Comemoração do 35 o Aniversário de Fundação, com a presença do Pr. Liu, dos EUA,
dirigindo Cruzada de Edificação e Evangelismo, além do Acampamento dos Obreiros.
22/09/1998 Assembléia Geral para plebiscito pela continuidade dos pastores Chang e Shyr.
27/09/1998 Comemoração do 36 o Aniversário de Fundação, com pregação do Pr. Wang.

三位牧師 三十五週年慶典
3 pastores Aniversário de 35 anos

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十期 59
Histórico - Período 10

歷任長執任期表
年度 職份 姓名
1996 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰、劉哲仁
1997 長老 石芳明、王宗正、趙邦雄、吳志恒、黃國輝、陳明宗 、劉慧良
執事 李吉昌、魏新佑、陳俊光、石文理、周王滋美、楊安球、謝碧霞、 鍾
正光、陳弘文、陳耀川、陳治國、林建成、劉英良
1998 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰、劉哲仁
長老 石芳明、王宗正、吳志恒、黃國輝、陳明宗、劉慧良
執事 李吉昌、魏新佑、石文理、周王滋美、楊安球、謝碧霞、鍾正光、 陳
弘文、陳治國、林建成、劉英良

LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE
1996 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun, Liu Che In
1997 P Shih Fang Ming, Wang Chung Cheng, Chao Pang Hsiung, Eduardo Wu,
Kenneth Huang, Chen Ming Chung, Liu Huei Liang
D Li Chi Chang, Alexandre Wei, Chen Chun Kuang, Shyr Wen Lii, Chow
Wang Tze Mei, Yang An Chiu, Hsieh Pi Hsia, Chung Cheng Kuang, Jorge
Chern, Chen Yan Chuan, Chen Chih Kuo, Lin Jain Cheng, Liu En Liang
1998 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun, Liu Che In
P Shih Fang Ming, Wang Chung Cheng, Eduardo Wu, Kenneth Huang,
Chen Ming Chung, Liu Huei Liang
D Li Chi Chang, Alexandre Wei, Shyr Wen Lii, Chow Wang Tze Mei,
Yang An Chiu, Hsieh Pi Hsia, Chung Cheng Kuang, Jorge Chern, Chen
Chih Kuo, Lin Jain Cheng, Liu En Liang

長執會
Oficiais

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
60 教會歷史 - 第十期
Histórico - Período 10

各部會長名單 ( 陳寶鎮 張連全 石信惠牧師 牧會時期 )


年 成人基督徒教育 主日學校長 聖歌隊指揮 聖歌隊隊長 青年團契會長
校長
1996 黃國輝 吳志恒 鍾正光 鍾正光 楊聖銘
1997 陳寶鎮 劉英良 李麗份 鍾正光 王文旗 Cristina Saito
1998 陳寶鎮 劉英良 曾娜寬 鍾正光 王文旗 Marcel K K

年 社青團契 婦女團契 兄弟團契 醫療團契 差傳會長 中文學校


會長 會長 會長 會長 校長
1996 陳政廷 許玉枝 王澤樑 趙邦雄 石芳明 陳治國
1997 黃朝洋 許玉枝 王澤樑 陳明宗 王宗正 陳治國
1998 陳政廷 周王滋美 趙邦雄 劉慧良 黃國輝 陳玉鳳

Entidades ( Período dos Pr. Chen Pau Chen,


Chang Lien Chuan, Shyr Shin Huey )
Ano Diretor Diretor Maestro Presidente Presidente
Ed. Cristã EBD Coral Coral Mocidade
1996 Kenneth Huang Eduardo Chung Cheng Chung Cheng Edward Mico
Wu Kuang Kuang Yang
1997 Chen Pau Chen Lee Li Fen Chung Cheng Mauricio Cristina Saito
Liu En Liang Kuang Wang
1998 Chen Pau Chen Na Kuan Chung Cheng Mauricio Marcel
Liu En Liang Chang Kuang Wang KK

Ano Presidente Presidente Presidente Presidente Presidente Diretor


Liga Liga Liga Liga Missões De
Profissional Irmãs Irmãos Médica Línguas
1996 Felipe Chen Hsu Yi Chu Wang Tse Chao Pang Shih Fang Chen Chih
Liang Hsiung Ming Kuo
1997 Tony Huang Hsu Yi Chu Wang Tse Chen Ming Wang Chung Chen Chih
Liang Chung Cheng Kuo
1998 Felipe Chen Chow Wang Chao Pang Liu Huei Kenneth Chen Yi
Tse Mei Hsiung Liang Huang Feng

慶祝父親節
Comemoração do dia dos pais

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十期 61
Histórico - Período 10

Liga das senhoras

Acampamento

長執會
Oficiais

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十一期 65
Histórico - Período 11

張連全、石信惠兩位牧師 牧會時期
(1998 年 11 月-2001 年 10 月)
01/11/1998 張連全牧師、石信惠牧師就任典禮。
07/02/1999 禮拜堂前庭改舖細石磚、整修並增高鐵欄杆及電源線路改裝。
07/1999 增設音響室。
22/05/2000 每月第一主日、節慶與特別日期(提前公佈)採聯合禮拜制。
12/2000 裝置室內升降機(方便不良於行者)。
11/02/2001 開始本會華語禮拜。
04/03/2001 裝置安全警鈴系統。
28/04/2001 舉行葡語部靈修會。
09/09/2001 舉行石信惠牧師監選會員大會。
23/09/2001 慶祝本會設教三十九週年。

PERÍODO MINISTRADO PELOS PASTORES


CHANG LIEN CHUAN E SHYR SHIN HUEY (11/1998 – 10/2001)
01/11/1998 Posse dos pastores Chang e Shyr.
07/02/1999 Reforma da parte frontal da igreja e das grades.
07/1999 Instalação da sala de som.
22/05/2000 O culto passou a ser unificado nos primeiros domingos de cada mês, nas
datas festivas e nas datas especiais (previamente informadas) .
12/2000 Instalação de elevador para deficientes físicos.
11/02/2001 Início do Culto em Mandarim.
04/03/2001 Instalação do sistema de segurança.
28/04/2001 Realização do Acampamento do Mini stério em Português.
09/09/2001 Assembléia Geral para plebiscito da Pra. Shyr.
23/09/2001 Comemoração do 39º Aniversário de Fundação.

兩位牧師 兩位牧師就任典禮
2 pastores Posse 2 pastores

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
66 教會歷史 - 第十一期
Histórico - Período 11

歷任長執任期表
年度 職份 姓名
1999 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰、劉哲仁
2000 長老 石芳明、王宗正、吳志恒、陳明宗、劉慧良、劉英良
執事 李吉昌、石文理、周王滋美、楊安球、謝碧霞、鍾正光、陳弘
文、陳治國、林建成、施金杓
2001 顧問長老 石慶德、鍾國明、王薰、劉哲仁
長老 石芳明、王宗正、吳志恒、陳明宗、劉慧良、劉英良、陳弘文
執事 李吉昌、石文理、周王滋美、楊安球、謝碧霞、鍾正光、陳治
國、林建成、施金杓、陳世澤、李麗份、莊克勇

LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE

1999 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang H un, Liu Che In
2000 P Shih Fang Ming, Wang Chung Cheng, Eduardo Wu, Chen Ming
Chung, Liu Huei Liang, Liu En Liang
D Li Chi Chang, Shyr Wen Lii, Chow Wang Tze Mei, Yang An Chiu,
Hsieh Pi Hsia, Chung Cheng Kuang, Jorge Chern, Chen Chih Kuo,
Lin Jain Cheng, Shih Chin Piao
2001 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun, Liu Che In
P Shih Fang Ming, Wang Chung Cheng, Eduardo Wu, Chen Ming
Chung, Liu Huei Liang, Liu En Liang, Jorge Chern
D Li Chi Chang, Shyr Wen Lii, Chow Wang Tze Mei, Yang An Chiu,
Hsieh Pi Hsia, Chung Cheng Kuang, Chen Chih Kuo, Lin Jain Cheng,
Shih Chin Piao, Chen Shyh Thoe, Lee Li Fen, Tony Chuang

長執會
Oficiais

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十一期 67
Histórico - Período 11

各部會長名單 ( 張連全 石信惠牧師 牧會時期 )


年 成人基督徒 主日學 聖歌隊 聖歌隊 青年團契
教育 校長 校長 指揮 隊長 會長
1999 陳寶鎮 劉英良 曾娜寬 鍾正光 王文旗 Cristina Saito
2000 陳寶鎮 劉英良 曾娜寬 鍾正光 劉玲珠 何紀昇
2001 王宗正 劉英良 李麗份 曾娜寬 鍾正光 陳世澤 何紀昇

年 社青團契 婦女團契 兄弟團契 差傳 中文學校


會長 會長 會長 會長 校長
1999 吳志恒 李麗份 王澤樑 王宗正 陳玉鳳
2000 X 李麗份 張連琨 施金杓 陳玉鳳
2001 X 王京妹 張連琨 施金杓 陳玉鳳

Entidades ( Período dos Pr. Chang Lien Chua n, Shyr Shin Huey )
Ano Diretor Diretor Maestro Presidente Presidente
Ed. Cristã EBD Coral Coral Mocidade
1999 Chen Pau Chen Na Kuan Chang Chung Cheng Mauricio Cristina
Liu En Liang Kuang Wang Saito
2000 Chen Pau Chen Na Kuan Chang Chung Cheng Liu Lin Chu Daniel Ho
Liu En Liang Kuang
2001 Wang Chung Lee Li Fen Chung Cheng Chen Shyh Daniel Ho
Cheng Na Kuan Chang Kuang Thoe
Liu En Liang

Ano Presidente Presidente Presidente Liga Presidente Diretor


Liga Liga Irmãos Missões De Línguas
Profissional Irmãs
1999 Eduardo Wu Lee Li Fen Wang Tse Liang Wang Chung Chen Yi Feng
Cheng
2000 X Lee Li Fen Chang Lien Kun Shih Chin Piao Chen Yi Feng
2001 X Wang Ching Mei Chang Lien Kun Shih Chin Piao Chen Yi Feng

聖歌隊
Coral
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十一期 69
Histórico - Período 11

兒童靈修會
Acampamento crianças

兒童靈修會
Acampamento crianças

慶祝聖誕節
Comemoração de Natal

慶祝聖誕節
Comemoração de Natal

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
70 教會歷史 - 第十一期
Histórico - Período 11

慶祝聖誕節
Comemoração de Natal

巴西中會婦女會
Liga das irmãs do presbitério

中文學校
Escola de chinês

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
72 教會歷史 - 第十一期
Histórico - Período 11

Acampadentro

青年靈修會
Acampamento

青少年團契 青年靈修會
Mocidade Acampamento

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十一期 73
Histórico - Período 11

聖歌隊
Coral

華語事工部
Ministério mandarim

兄弟團契
Liga dos irmãos

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
74 教會歷史 - 第十二期
Histórico - Período 12

石信惠 牧師 牧會時期 (2001年11月-2009年 8月)


20/01/2002 石信惠牧師就任典禮。
10/02/2002 參加中會主辦之長執夫婦靈修會。
03/03/2002 聘請Raul牧師為葡語部助理牧師。
10/03/2002 美國周淑慧牧師於本會証道。
25/05/2002 全教會乒乓球友誼親睦比賽。
19/07/2002 舉行全教會靈修會。
7/2002 維修、 油漆禮拜廳長椅與修理禮堂頂樓。
22/09/2002 慶祝設教四十週年,聘請美國唐崇懷牧師主領奮興佈道大會。
05/06/2002 購買隔鄰 104 號房屋。

13/07/2003 會員大會議決「購買隔鄰房屋,擴展教會硬體空間」。
28/09/2002 慶祝設教四十一週年,舉行感恩見證音樂會。
7,29/02/2004 長執、任執者夫婦造就會。
20/06/2004 購買隔鄰112號房屋。
31/10/2004 長執夫婦親睦會。
05/12/2004 聘請石莉莉傳道為葡語部助理傳道。
30/01/2005 石信惠牧師續任監選會員大會。
20/02/2005 石信惠牧師續任駐堂牧師。
07/08/2005 台、葡、華語聯合音樂見證崇拜。
07/09/2005 長執家屬靈修會。
09/10/2005 前開拓之巴拉圭橋頭教會二十週年慶。
04/12/2005 聘請何安琳姊妹為葡語部事工傳道,林志璋兄弟負責華語部事工。
11/12/2005 恢復華語崇拜。
05/02/2006 經會員大會聘請石芳明長老為顧問長老。
26-29/07/2006 「差傳」與巴西獨立長老教會(Torre de Pedra)聯合舉辦短宣。
03/09/2006 舉行「修訂教會法規」臨時會員大會。
05/11/2006 繼續聘請何安琳傳道負責葡語部事工,林志璋兄弟負責華語部事工。
30/01/2007 購買隔鄰108號房屋。
03/06/2007 禮堂廳屋頂覆蓋完成。
23/09/2007 慶祝設教四十五週年讚美感恩禮拜,聘請美國許輝世牧師証道。
17/02/2008 石信惠牧師續任駐堂牧師。

01/05/2008 慶祝母親節,美國唐崇懷牧師證道。
25/05/2008 台灣基督長老教會總會駱維道師母蘇蕙蓁老師證道。
28/09/2008 慶祝設教四十六週年,陳寶鎮牧師證道。
2,09/11/2008 長執夫婦造就會,講師陳寶鎮牧師。
30/11/2008 邀請陳寶鎮牧師為葡語部事工輔導牧師。推薦林志璋傳道申請中會教師籍。
17/03/2009 購買隔鄰122號房屋。
17/05/2009 林志璋教師通過助理牧師監選會員大會。
05/07/2009 美國許輝世牧師證道。

石信惠牧師
Pra. Shyr

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十二期 75
Histórico - Período 12

PERÍODO MINISTRADO PELA PASTORA SHYR SHIN HUEY


(11/2001 – 08/2009)
20/01/2002 Posse da pastora Shyr como pastora da igreja.
10/02/2002 Participação do Acampamento para casais de Oficiais do Presbitério.
03/03/2002 Convite ao Pr. Raul para se pastor auxiliar do Ministério em Português.
10/03/2002 Pregação da Pra. Chow na igreja.
25/05/2002 Campeonato Interno de Tênis de Mesa.
19/07/2002 Acampamento Geral da igreja.
7/2002 Pintura da igreja e das cadeiras e reforma dos bancos do salão e do teto.
22/09/2002 Comemoração do 40 o Aniversário de Fundação, com a presenç a do Pr. Tong dirigindo Cruzada de
Reavivamento e Evangelismo.
05/06/2003 Compra da casa vizinha, n o 104.
13/07/2003 Decidido em Assembléia Geral a expansão física por meio da compra das casas vizinhas .
28/09/2003 Festival Musical de Ação de Graças e Te stemunho na comemoração do 41 o.Aniversário de
Fundação.
07,29/02/2004 Edificação dos oficiais e seus cônjuges.
20/06/2004 Compra da casa vizinha, n o 112.
31/10/2004 Confraternização dos oficiais e cônjuges.
05/12/2004 Convite à ministra Lili Shih para ser ministra auxiliar do ministério português.
30/01/2005 Assembléia Geral Extraordinária para Plebiscito pela continuidade de mandato da Pra Shyr .
20/02/2005 Cerimônia de Continuidade de Mandato da Pra Shyr.
07/08/2005 Culto de Louvor e Testemunho Unif icado dos ministérios taiwanês, português e mandarim .
07/09/2005 Acampamento dos oficiais e familiares.
09/10/2005 20o. Aniversário de Fundação da Igreja de Ciudad Del Este, Paraguai, fundada pela ISP .
04/12/2005 Convite à ministra Eliane Ho para assumir o ministério português e ao irmão Luis Lin o ministério
mandarim.
11/12/2005 Restabelecido o culto em mandarim.
05/02/2006 Convite ao presbítero Shih Fang Ming para ser presbítero conselheiro .
26-29/07/2006 Missão em Torre de Pedra, em conjunto com a Igreja Presbiteriana Independente de Torre de
Pedra, apoiado pelo Fundo de Missões.
03/09/2006 Assembléia Geral Extraordinária para aprovar alteração no Estatuto da igreja .
05/11/2006 Convite à ministra Eliane Ho para continuar assumindo o ministério por tuguês e ao irmão Luis Lin
o ministério mandarim.
30/01/2007 Compra da casa vizinha, no 108.
03/06/2007 Término da Reforma do Telhado do Salão de culto .
23/09/2007 Culto de Louvor e Ação de Graças pelo 45 o.Aniversário de Fundação, com a pregação do
convidado Pr. Josué Hsu.
17/02/2008 Continuidade do ministério da Pra. Shyr。
01/05/2008 Comemoração do Dia das Mães com pregação do Pr. Tong dos EUA.
25/05/2008 Pregação da Prof a. Su, esposa do Pr. Lo do Sínodo da Igreja Presbiteriana de Taiwan.
28/09/2008 Comemoração do 46º aniverário de fundação da igreja, com pregação do Pr. Chen PauChen.
2,09/11/2008 Edificação dos oficiais e cônjuges dirigida pelo Pr. Chen Pau Chen.
30/11/2008 Convite ao Pr. Chen Pao Chen para assumir o ministério em português 。Ministro Lin Chih Chang
recomendado para a aplicação ao mestrado do Presbitério.
17/03/2009 Compra da casa adjacente de n o 122.
17/05/2009 Assembléia Geral para aprovação do mestre Lin Chih Chang como pastor auxiliar, após ser
aprovado como mestre.
05/07/2009 Pregação do Pr. Josué Hsu dos EUA.

小會員與傳道師 四十五週年慶典
Conselho e ministros Comemoração 45 anos
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十二期 77
Histórico - Período 12

LIDERANÇA
Presbíteros -- P Diáconos -- D Presbíteros Emérito -- PE
2002 PE Shyr Ching Der, Chung Kuo Ming, Wang Hun, Liu Che In
P Shih Fang Ming, Wang Chung Cheng, Eduardo Wu, Liu Huei Liang, Liu En Liang, Jorge Chern
D Li Chi Chang, Shyr Wen Lii, Chow Wang Tze Mei, Yang An Chiu, Hsieh Pi Hsia, Chung Cheng
Kuang, Lin Jain Cheng, Shih Chin Piao, Chen Shyh Thoe, Lee Li Fen, Tony Chuang
2003 PE Shyr Ching Der, Wang Hun, Liu Che In
P Shih Fang Ming, Eduardo Wu, Liu Huei Liang, Liu En Liang, Jorge Chern, Shyr Wen Lii, Lin Jain
Cheng, Hsieh Pi Hsia
D Li Chi Chang, Chow Wang Tze Mei, Shih Chin Piao, Chen Shyh Thoe, Lee Li Fen, Tony Chuang
Khou Yong , Veruska Wang,Marcel Kenji Kiwamen, Hsieh Chin Feng, Huang Chao Yang , Lee Hsiu
Ling, Márcia Aparecida Bistafa Liu
2004 PE Shyr Ching Der, Wang Hun, Liu Che In
2005 P Shih Fang Ming, Chen Ming Chung, Eduardo Wu, Liu Huei Liang, Liu En Liang, Jorge Chern, Shyr
Wen Lii, Lin Jain Cheng, Hsieh Pi Hsia
D Li Chi Chang, Chow Wang Tze Mei, Shih Chin Piao, Chen Shyh Thoe, Lee Li Fen, Tony Chuang Khou
Yong , Marcel Kenji Kiwamen, Hsieh Chin Feng, Huang Chao Yang , Lee Hsiu Ling, Márcia
Aparecida Bistafa Liu , Daniel Ho
2006 PE Shyr Ching Der, Wang Hun, Liu Che In, Shih Fang Ming
P Chen Ming Chung, Eduardo Wu, Liu Huei Liang, Liu En Liang, Jorge Chern, Hsieh Pi Hsia, Shih
Chin Piao, Tony Chuang Khou Yong
D Li Chi Chang, Chow Wang Tze Mei, Chen Shyh Thoe, Lee Li Fen, Marcel Kenji Kiwamen, Hsieh Chin
Feng, Huang Chao Yang, Lee Hsiu Ling, Márcia Aparecida Bistafa Liu , Daniel Ho, Tan Ting Bin,
Wilson Kwang
2007 PE Shyr Ching Der, Wang Hun, Liu Che In, Shih Fang Ming
P Chen Ming Chung, Eduardo Wu, Liu Huei Liang, Liu En Liang, Jorge Chern, Hsieh Pi Hsia, Shih Chin
Piao, Tony Chuang Khou Yong
D Li Chi Chang, Chow Wang Tze Mei, Chen Shyh Thoe, Lee Li Fen, Marcel Kenji Kiwamen, Hsieh Chin
Feng, Huang Chao Yang, Lee Hsiu Ling, Márcia Aparecida Bistafa Liu , Daniel Ho, Tan Ting Bin,
Wilson Kwang, Leng Na Tseng Lin, Wang Wan Zhue, Bob Zheng
2008 PE Shyr Ching Der, Wang Hun, Liu Che In, Shih Fang Ming
P Eduardo Wu, Liu Huei Liang, Liu En Liang, Jorge Chern, Hsieh Pi Hsia, Shih Chin Piao, Tony
Chuang Khou Yong, Marcel Kenji Kiwamen
D Li Chi Chang, Chow Wang Tze Mei, Chen Shyh Thoe, Lee Li Fen, Hsieh Chin Feng, Huang
Chao Yang, Márcia Aparecida Bistafa Liu, Daniel Ho, Tan Ting Bin, Wilson Kwang, Leng Na
Tseng Lin, Wang Wan Zhue, Bob Zheng
2009 PE Shyr Ching Der, Wang Hun, Liu Che In, Shih Fang Ming
P Eduardo Wu, Liu Huei Liang, Liu En Liang, Jorge Chern, Hsieh Pi Hsia, Shih Chin Piao, Tony
Chuang Khou Yong, Marcel Kenji Kiwamen
D Li Chi Chang, Chow Wang Tze Mei, Chen Shyh Thoe, Lee Li Fen, Hsieh Chin Feng, Huang
Chao Yang, Márcia Aparecida Bistafa Liu, Daniel Ho, Tan Ting Bin, Wilson Kwang, Leng Na
Tseng Lin, Wang Wan Zhue, Bob Zheng, Chow Wang Ming Shato, Fan Yang Chun

四十週年全體會友
Geral comemoração 40 anos
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
78 教會歷史 - 第十二期
Histórico - Período 12

各部會長名單 ( 石信惠牧師 牧會時期 )


年 成人基督徒 主日學 聖歌隊 聖歌隊 青年團契
教育 校長 校長 指揮 隊長 會長
2002 石信惠 劉英良 李麗份 Márcia Liu 王啟良 陳世澤 何紀昇
2003 石信惠 劉英良 Márcia Liu 王啟良 莊克勇 X
2004 石信惠 劉英良 李麗份Márcia Liu 石文理 莊克勇 X
2005 石信惠 劉英良 李麗份Márcia Liu 周王滋美 李秀鈴 何安琳
2006 劉英良 Márcia Liu 周王滋美 莊克勇 周亞明
2007 石信惠 Wilson 黃 周王滋美 陳孟廷 莊克勇 陳淑真
2008 石信惠 Márcia Liu 周王滋美、 劉哲仁 施金杓 Guilherme
、劉慧良、 施金杓 Tanabe
2009 陳寶鎮 Márcia Liu 施金杓 周亞明

年 婦女團 兄弟團 差傳 中文學校 聖樂部


契 會長 契 會長 會長 校長
2002 王京妹 陳明宗 施金杓 陳玉鳳 X
2003 周王滋美 陳明宗 劉慧良 陳玉鳳 劉慧良
2004 施金杓 王澤樑 劉慧良 陳玉鳳 劉慧良
2005 施金杓 湯庭彬 X 陳玉鳳 石文理
2006 瓊瑜賴 湯庭彬 X 陳玉鳳 劉慧良
2007 瓊瑜賴 黃朝洋 X 陳玉鳳 劉慧良
2008 蔡魏秀蘭 黃朝洋 X 陳玉鳳 劉慧良
2009 蔡魏秀蘭 詹文慶 X 陳玉鳳 劉英良、施金杓、陳弘文
Entidades ( Período da Pra. Shyr Shin Huey )
Ano Diretor Diretor Maestro Presidente Presidente
Ed. Cristã EBD Coral Coral Mocidade
2002 Shyr Shin Huey Lee Li Fen Veruska Wang Chen Shyh Daniel Ho
Liu En Liang Márcia Liu
Thoe
2003 Shyr Shin Huey Márcia Liu Veruska Wang Tony Chuang X
Liu En Liang
2004 Shyr Shin Huey Lee Li Fen Shyr Wen Lii Tony Chuang X
Liu En Liang Márcia Liu
2005 Shyr Shin Huey Lee Li Fen Chow Wang Tse Mei Lee Hsiu Ling Eliane Ho
Liu En Liang Márcia Liu
2006 Liu En Liang Márcia Liu Chow Wang Tse Mei Tony Chuang Christian Chow
2007 Shyr Shin Huey Wilson Chow Wang Tse Mei Tony Chuang Jane Chern
Kwang Juliana Chen K.
2008 Shyr Shin Huey Márcia Liu Chow Wang Tze Mei Shih Chin Piao Guilherme
Liu Che In Tanabe
Liu Huei Liang
Shih Chin Piao
2009 Chen Pau Chen Márcia Liu Shih Chin Piao Cristian Chow

Ano Presidente Presidente Liga Presidente Diretor Música Sacra


Liga Irmãs Irmãos Missões De Línguas
2002 Wang Ching Mei Chen Ming Chung Shih Chin Piao Chen Yi Feng X
2003 Chow Wang Tse Mei Chen Ming Chung Liu Huei Liang Chen Yi Feng Liu Huei Liang
2004 Shih Chin Piao Wang Tse Liang Liu Huei Liang Chen Yi Feng Liu Huei Liang
2005 Shih Chin Piao Tan Ting Bin X Chen Yi Feng Shyr Wen Lii
2006 Lai Chiung Yu Liu Tan Ting Bin X Chen Yi Feng Liu Huei Liang
2007 Lai Chiung Yu Liu Tony Huang X Chen Yi Feng Liu Huei Liang
2008 Tsai Wei Hsiu Lan Huang Chao Yang X Chen Yi Feng Liu Huei Liang
2009 Tsai Wei Hsiu Lan Cesar Zhan X Chen Yi Feng Liu En Liang, Shih
Chin Piao, Jorge Chern

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十二期 79
Histórico - Período 12

兄弟團契
Liga dos irmãos

長執會
Oficiais

兒童節郊遊
Passeio dia das crianças

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
80 教會歷史 - 第十二期
Histórico - Período 12

姊妹團契
Liga das irmãs

長執會
Oficiais
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
82 教會歷史 - 第十二期
Histórico - Período 12

兒童靈修會
Acampamento
crianças

EBD

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十二期 83
Histórico - Período 12

巴西華僑運動大會
Olimpíada chinesa

洗禮式
Batismo

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十二期 85
Histórico - Período 12

足球賽
Campeonato

青年靈修會
Acampamento

野外郊遊
Passeio
肢體敬拜團
Body Worship

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十二期 89
Histórico - Período 12

華語聖歌隊
Coral mandarim

聯合聖歌隊
Coral unificado

台語聖歌隊
Coral taiwanês

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
90 教會歷史 - 第十二期
Histórico - Período 12

聖歌隊
Coral

青年聖歌隊
Coral de jovens

顧問長老
Presbíteros eméritos
臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十二期 91
Histórico - Período 12

台灣駐巴西代表
Representante Taiwan

四十五週年紀念品
Lembrança
45 anos

慶祝四十五週年感恩禮拜
Culto comemoração 45 anos

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
92 教會歷史 - 第十三期
Histórico - Período 13

教會歷史 – 第十三期
石信惠、林志璋 兩位牧師 牧會時期 (2009年 8月 - 2011年6月)
16/08/2009 林志璋教師之助理牧師封牧、就任典禮。
27/09/2009 慶祝設教四十七週年。
04/10/2009 繼續聘請陳寶鎮牧師為2010年葡語部顧問牧師。
07/10/2009 劉哲仁顧問長老教會葬告別禮拜。
04/04/2010 葡語復活節音樂佈道會。
03/06/2010 長執、任職者夫婦造就會,講師:郭榮敏牧師。
29/08/2010 議決進行市政府建築物管理局(CONTRU)法令之教會硬體整建。
28/09/2010 慶祝設教四十八週年。
12/12/2010 美國許輝世牧師於台、華語禮拜證道。青年聖歌隊與Moema 長老教會聖歌隊
於葡語禮拜中合唱聖誕讚美詩歌。
13/06/2011 成立青少年活動中心。

Histórico – Período 13
Período ministrado pelos pastores Shyr Shin Huey e Lin Chih Chang (08/2009 – 06/2011)
16/08/2009 Cerimônia de posse de pastorado do mestre Lin Chih Chang.

27/09/2009 Comemoração do 47º Aniversário de Fundação.


04/10/2009 Convite ao Pr. Chen Pau Chen para continuar como pastor auxiliar do Ministério em
português em 2010.
07/10/2009 Culto de memória do presbítero conselheiro Liu Che In realizado pelo igreja .
04/04/2010 Evangelismo musical da Páscoa, em português.
03/06/2010 Edificação dos oficiais e cônjuges. Palestrante: Pr. Kuo.
29/08/2010 Órgão governamental municipal CONTRU exigiu reformas para adequação à legislação.
28/09/2010 Comemoração do 48º Aniversário de Fundação.
12/12/2010 Pr. Pr. Josué Hsu dos EUA pregou no culto taiwanês/mandarim. Implantação do culto em
mandarim。Apresentação da Cantata de Natal pelo coral de jovens em conjunto com coral
da Igreja Presbiteriana de Moema.
13/06/2011 Implantação do Centro de Convivência da Mocidade.

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十四期 95
Histórico - Período 14

教會歷史 – 第十四期
林志璋、石信惠 兩位牧師 牧會時期 ( 2011年 6月 – 迄今)
19/06/2011 林志璋主任牧師就任典禮。
07/08/2011 語言學校葡語教學開課。
11/09/2011 購買隔鄰116號房屋。
25/09/2011 慶祝設教四十九週年。石信惠牧師就任典禮。
06/11/2011 邀請Marcello Tolentino 牧師協助葡語事工一年。
06/11/2011 完成建築物管理局(CONTRU)法令之四階電梯。
11/12/2011 聯合聖歌隊參加Moema長老教會舉行慶祝聖誕讚美禮拜。
18/12/2011 聯合聖歌隊參加Saúde長老教會慶祝聖誕禮拜;於Shopping Santa Cruz內舉行露天報佳音。
15/01/2012 教會年度目標「收割未得之民,未得之地」(約翰4: 35-b); Marcello Tolentino牧師接受邀請協助
葡語部事工
11/03/2012 主日崇拜時間:合堂禮拜11:00時;分堂:台語 (9:45時), 華語 (11:00時), 葡語 (11:30時) 。每個
月第一主日各堂舉行聖餐典禮。
21-22/09/2012 舉行五十週年慶培靈、佈道會,講師為唐崇懷牧師。
23/09/2012 舉行五十週年感恩讚美禮拜,講師為唐崇懷牧師。地點:Casa de Portugal – Liberdade.

Histórico – Período 14
Período ministrado pelos pastores Lin Chih Chang e Shyr Shin Huey ( 06/2011 – presente)
19/06/2011 Cerimônia de posse do Pr. Lin Chih Chang como pastor titular.
07/08/2011 Início das aulas de português na Escola de Línguas.
11/09/2011 Compra da casa adjacente n o 116.
25/09/2011 Comemoração do 49º Aniversário de Fundação. Cerimônia de posse da Pra Shyr Shin Huey.
06/11/2011 Convite ao Pr. Marcello Tolentino para dirigir o ministério em português por um ano.
06/11/2011 Concluída a obra do elevador para os quatro andares, exigida pela CONTRU.
11/12/2011 Cantata de Natal com coral unificado e coral da Igreja Presbiteriana de Moema
18/12/2011 Cantata de Natal com coral unificado e coral da Igreja Presbiteriana de Saúde. Realização da
Anunciação de Natal no Shopping Santa Cruz.
15/01/2012 Estabelecido alvo da igreja: “Ceifar os povos e terras não alcançados” (Jo 4: 35 -b). Pr.
Marcello Tolentino aceitou dirigir o Ministério em português.
11/03/2012 Horários dos cultos dominicais:Unificado: 11:00h. Separado :taiwanês (9:45h), mandarim
(11:00h), português (11:30h). Santa Ceia no primeiro domingo de cada mês.
21-22/09/2012 Edificação e evangelismo dos 50º Aniversário, com Pr. Tong como preletor.
23/09/2012 Culto de Louvor e Ações de Graças pelo 50º Aniversário ,com Pr. Tong como preletor.
Local:Casa de Portugal – Liberdade.

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos
教會歷史 - 第十四期 97
Histórico - Período 14

臺灣基督長老教會巴西聖保羅教會 - 設教五十週年紀念特刊
Primeira Igreja Presbiteriana de Formosa de São Paulo - Edição comemorativa de 50 anos

Você também pode gostar