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UM CATECISMO DE LOUVOR
UMA ÚTIL TEOLOGIA DE LOUVOR

ALEXANDER BLAIKIE

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UM CATECISMO DE LOUVOR
Escrito Por Alexander Blaikie
Extraído do Site: apuritansmind.com
Compilado e Traduzido Por José M. Candjandja
Projecto Salmodia Exclusiva para Angola
P.S.E.A
Publicado por Editora JUZ
Cuando Cubango – Menongue
Email: editorajuzpublicacoes@gmail.com
1ª Edição – Março – de 2024
Revisão: Petter Zangata
Produção: Editora JUZ
Capa, Diagramação: Baptista José

Todos os direitos autorais pertencem expressamente a Alexander


Blaikie ©. O conteúdo deste livro pode ser copiado gratuitamente,
sendo guardado em computadores, publicado em blogs, páginas
na Internet, etc. O autor pede que o conteúdo carregue sempre
seu nome como responsável.

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CONTEÚDO
PREFÁCIO DO AUTOR ...................................................... 10
PREFÁCIO ............................................................................... 12
BREVES CONSIDERAÇÕES .............................................. 15
CAPÍTULO 1 ............................................................................ 18
LOUVOR: A NATUREZA E O DEVER DELE ...................................... 18
1. Qual é o louvor de Deus? .................................................... 19
2. As Escrituras autorizam ou ordenam que o louvor seja
dado a Deus, como um acto de adoração? ...................................... 19
3. Deus nos deu alguma orientação sobre como devemos
louvá-lo? ............................................................................................... 19
4. Por que devemos louvar a Deus? ....................................... 19
5. Pelo que devemos dar graças?............................................. 19
6. Qual é, então, a natureza do louvor?.................................. 19
CAPÍTULO 2 ............................................................................ 20
A QUESTÃO DO LOUVOR............................................................... 20
1. É opcional para nós, se compomos o assunto do nosso
louvor?.................................................................................................. 21
2. Não compomos nossas orações de sua palavra, sem
nenhum livro especialmente designado por Deus? ........................ 21

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4. Existe alguma coisa na natureza do louvor que torna
necessário que o próprio Deus registre o assunto que devemos
usar nesta parte da adoração? ............................................................ 22
5. Quando o louvor foi dado pela primeira vez publicamente
a Deus pela igreja? .............................................................................. 22
6. Quando o louvor se tornou uma parte declarada da
adoração divina?.................................................................................. 22
8. O louvor foi subsequentemente uma parte da adoração
divina?................................................................................................... 23
9. Davi, como o salmista de Israel, escreveu todos os
salmos? ................................................................................................. 23
10. Que nome foi originalmente dado àquela parte das
Sagradas Escrituras que é assim chamada Davi? ............................ 23
11. Quando os Tehilim ou Salmos, foram escritos e
transformados em um livro? ............................................................. 24
12. Outras canções, além das contidas no Livro dos Salmos,
foram compostas durante esse período? ......................................... 24
13. Não foram então dados como motivo de louvor a ela, ou
não foram ordenados a serem cantados pela igreja em todas as
eras futuras? ......................................................................................... 24
14. Houve alguma tentativa de adicionar ao Livro dos
Salmos, depois que ele foi concluído? ............................................. 25
15. Tal tentativa é autorizada por Deus? ............................... 25
16. É, então, este livro chamado o Livro dos Salmos, pelo
Espírito Santo? .................................................................................... 25

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17. Foi dado à igreja judaica ser objeto de louvor a Deus? . 26
18. A igreja judaica era na realidade diferente da cristã? ...... 26
19. Quando Cristo veio “para cumprir toda a justiça” e por
meio de seus evangelistas e apóstolos para completar os oráculos
de Deus, ele ou eles louvaram a Jeová cantando salmos? ............. 26
20. Eles proferiram, por inspiração, quaisquer outros
“salmos, hinos ou cânticos espirituais” além dos contidos “em
Davi”?................................................................................................... 26
21. O que é um hino humano, salmo ou canção espiritual? 27
22. Os salmos são adaptados à condição dos santos nos
tempos do Novo Testamento, no que diz respeito ao seu louvor?
............................................................................................................... 27
23. Eles não apresentam o Messias apenas como um
Salvador por vir? ................................................................................. 28
24. Eles não contêm maldições e imprecações sobre nossos
inimigos, contrários ao mandamento: “Ame seus inimigos”? ...... 28
25. Eles não envelheceram e, consequentemente, tornaram-
se menos adaptados ao elogio? ......................................................... 28
26. Mas não devem ser cantados os “salmos, hinos e
cânticos espirituais” mencionados no Novo Testamento? ........... 28
27. Eles não eram algo diferentes do Livro dos Salmos? .... 29
28. Esses vários termos não indicam diferentes tipos de
hinos, daqueles encontrados no Livro dos Salmos, e autorizam a
composição de poesia religiosa como matéria de louvor? ............ 29

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29. Quando ordenados a “deixar a palavra de Cristo habitar
neles” “ricamente”, se sua “palavra” não pudesse ser encontrada
nos “hinos e cânticos espirituais” contidos no Livro dos Salmos,
os colossenses e efésios poderiam permanecer na terra? até que os
modernos hinologistas pudessem suprir seus supostos defeitos? 29
30. Quais são, então, algumas das razões pelas quais os
cristãos devem cantar apenas “o Livro dos Salmos” em louvor a
Deus? .................................................................................................... 31
31. Que salmodia tem sido usada pela igreja desde a morte
de nosso Salvador? ............................................................................. 33
32. O que, nos últimos três quartos de século, mais do que
qualquer outra coisa, substituiu os Salmos entre muitos
protestantes? ........................................................................................ 35
33. Qual é agora a questão do louvor entre as várias
denominações protestantes na cristandade? ................................... 35
34. Os hinos humanos não se adaptam melhor ao culto
familiar do que os Salmos? ................................................................ 36
35. Algum caso pode ser apresentado como prova desse
fato? ...................................................................................................... 37
36. É então apenas o preconceito da educação, que prende
os presbiterianos e episcopais que os usam; e isso prendia os
puritanos da Nova Inglaterra ao uso dos Salmos em louvor? ...... 37
CAPÍTULO 3 ............................................................................ 42
A FORMA DO LOUVOR .................................................................. 42
1. Como o louvor deve ser oferecido a Deus? ................. 43

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2. Por que o louvor deve ser oferecido com a voz? Deus não
conhece plenamente todos os pensamentos silenciosos? ............. 43
3. Por que o louvor deve ser oferecido com o
entendimento? ..................................................................................... 43
4. Não pode, então, qualquer som musical ser empregado
com propriedade na adoração a Deus? ............................................ 43
5. Por que o louvor deve ser oferecido com o espírito? ...... 44
6. O louvor, como parte da adoração, foi dado a Deus, sob a
dispensação patriarcal? ....................................................................... 44
7. De que maneira o louvor era celebrado na dispensação
mosaica? ............................................................................................... 44
8. Como foi conduzido posteriormente? ............................... 44
9. A música instrumental foi empregada na adoração judaica
por indicação de Deus? ...................................................................... 45
10. A música instrumental estava em uso quando Cristo
estava na terra? .................................................................................... 45
11. Por quanto tempo a música instrumental continuou na
adoração divina?.................................................................................. 45
12. Encontramos alguma revogação expressa do uso de
música instrumental no Novo Testamento? Ou nosso Salvador, os
evangelistas ou os apóstolos nos advertiram contra harpa, saltério
ou órgão, no louvor de Deus?........................................................... 46
14. A música instrumental foi usada em qualquer outro
lugar, exceto no templo, na adoração, nos dias de nosso Salvador
ou de seus apóstolos? ......................................................................... 47

8
15. Quando a música instrumental foi introduzida
permanentemente na igreja cristã? ................................................... 47
16. Desde então tem continuado na Igreja Papal? ............... 48
17. Como os reformadores e as igrejas reformadas têm visto
a música instrumental? ....................................................................... 48
18. Os “pais peregrinos” empregavam música instrumental
na adoração a Deus? ........................................................................... 49
19. Um sentimento devocional mais puro e um tom ou
piedade mais profundo não são produzidos por um coro, ou com
música instrumental, do que por canto vocal e congregacional? . 50
20. Como os órgãos são acessórios nas igrejas, tudo o que é
realizado neles não é sagrado? .......................................................... 50
21. Existe alguma conexão entre a adoção de uma salmodia
não inspirada e o uso de instrumentos na adoração a Deus? ....... 51
22. Qual é, então, o dever das igrejas cristãs neste assunto?51
23. O que, então, devemos cantar para o louvor de Deus? 52
24. De que maneira, então, devemos cantar essas canções
sagradas para o louvor de Jeová? ...................................................... 52
APÊNDICE DO AUTOR ..................................................... 55
SOBRE O AUTOR .......................................................................... 62

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PREFÁCIO DO AUTOR

O autor deste Catecismo não o publica por má vontade


para com aqueles que discordam dele sobre o assunto que deve
ser oferecido em louvor a Deus, ou a maneira como deve ser
celebrado; nem mesmo com o intuito de provocar polêmica; mas
pelas seguintes razões:
Em primeiro lugar, algumas partes das denominações
presbiterianas, tanto na Europa como na América, usam
exclusivamente a versão métrica presbiteriana dos Salmos;
outros acrescentam a estes o que são chamados de “paráfrases”
e cinco “hinos”; enquanto outros ainda, seguindo o exemplo da
moderna ordem congregacional de igrejas, adotam “imitações”
do Saltério e fornecem para si outras composições humanas.
Em segundo lugar, ele acredita ser falsa e antibíblica a
opinião de que essa variedade é sancionada por Deus e
inofensiva, e que a questão do louvor não é dada à Igreja por sua
Cabeça viva - não sendo suficiente simplesmente dizer isso; mas
torna-se seu dever mostrar aos outros, e especialmente à nova
geração, o “caminho mais excelente” da nomeação divina.
Em terceiro lugar, acreditando que a glória de Deus, a
honra de Cristo, a extensão de seu reino e a edificação dos santos
estão intimamente ligadas à obediência à injunção divina: “Cante

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para ele, cante salmos para ele”, ele pede, nas páginas seguintes,
um exame sincero e fervoroso.
“Cante a Jeová; cantem-lhe louvores” — 1 Cr. 16:9.
“Eis que esta é a lei da casa” — Ezequiel 43:12.
“Está tudo alegre? cante salmos” — Tiago 5:13.

BOSTON, 1 de Maio de 1849

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PREFÁCIO

Querido leitor, é uma bênção ter esta importante obra em


suas mãos, um livro que merece destaque entre os melhores que
abordam o tema da salmodia exclusiva. Alexander Blaikie
procura, de modo meticuloso, mas com simplicidade e clareza
em sua linguagem, despertar a consciência dos seus leitores sobre
um dos aspectos de grande destaque na tradição reformada, a
saber, o retorno a um culto-liturgia simples e puramente centrado
na obediência às Escrituras. O assunto da música no culto é
certamente um dos mais negligenciados pelas igrejas, inclusive
por aquelas que se dizem reformadas. Esta negligência em muitos
casos é fruto de ignorância e, em outros casos, é pura obstinação
dos homens e desprezo em proceder conforme as Escrituras, sob
pretexto de limitações cristológicas no cântico exclusivo dos
salmos, e em outros casos apelando para uma suposta liberdade
cristã, abraçando o cântico de composições não inspiradas por
Deus.
Dentro deste cenário, muitos se comportam como Uza e
Saul (1 Crônicas 13:9-11 e 1 Samuel 15:22-23), oferecendo no
culto um serviço não requerido por Deus e fazendo o que não
foi ordenado pelas Escrituras, movidos por “boas intenções e
amor a Deus”, quando na verdade são opostos e desobedientes
à palavra de Deus, sendo por isso reprovados por Ele, porque

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Deus é amado verdadeiramente na medida em que Ele é
obedecido, isto é, o verdadeiro amor a Deus é inseparável da
obediência devida a Ele. Amar a Deus significa guardar seus
mandamentos, isto é, obedecê-los (João 14:15, 21, 24).
Alexander Blaikie delineia o esqueleto e elabora a espinha
dorsal desta importante doutrina. Antes de abordar
especificamente os fundamentos da salmodia exclusiva, ele
procura apresentar o conceito bíblico sobre o louvor, sua
instituição, como é estabelecido pelas Escrituras e como deve ser
oferecido como parte do culto-liturgia. O autor responde, assim,
com argumentos sólidos às objeções mais frequentes sobre o
assunto em questão, com grande clareza e simplicidade.
Eu poderia sintetizar este catecismo nos seguintes termos:
“Entenda bem o que é louvor e saberás como prestá-lo correctamente a
Deus”.
Portanto, convido-o a ler e reler este catecismo, crendo que
as verdades nele abordadas têm grande peso e fidelidade para
levá-lo a uma reflexão profunda e a um entendimento mais
aguçado sobre a real necessidade e urgência de retornar a uma
liturgia mais simples e puramente centrada em Deus.
Bênção Nkazi Toko

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BREVES CONSIDERAÇÕES

A liturgia, nosso serviço de culto ao nosso Deus, não


apenas é uma expressão significativa de nossa doutrina, mas
como coloca Matthew Henry, citado por Iain Murray em The
Director of Public Worship: “A religião é toda nossa vida e o culto a
Deus a razão da nossa religião”. Em outras palavras, a compreensão
de Matthew Henry sugere que é no culto a Deus onde estão
incorporadas de forma prática e única as doutrinas cristãs. No
entanto, ao longo do tempo, os reformados contemporâneos
têm negligenciado essa parte crucial, focando em preocupações
em partes legítimas, mas arriscando perder o equilíbrio na busca
pela verdade e piedade. A centralidade do culto para a glória de
Deus é nosso objectivo primordial, e desviar-se disso pode
resultar em uma compreensão fragmentada da verdade, devido
ao nosso desmerecimento e ignorância das ordenanças
específicas de Deus relacionadas à liturgia (culto).
Se colocarmos de lado nosso objectivo maior, que é a glória
de Deus através do culto, perdemos o equilíbrio quanto à
verdade e piedade. Não devemos cair no erro de ter verdades
fragmentadas, por conta do nosso desmerecimento, seletividade
e ignorância em relação às ordens específicas de Deus,
especialmente no que se refere à liturgia e mais especificamente
sobre o canto exclusivo dos salmos, que é o foco deste
documento. A Reforma não se limita aos cinco pontos do
15
calvinismo ou à apologética; em grande parte, ela se concentra
no culto em uma liturgia mais pura, afastada de cerimônias e
pompa consideradas invenções humanas.
As 95 teses foram promulgadas no início da Reforma com
base nas Escrituras, não só para combater os desvios
doutrinários comuns daquela época, mas também para combater
os excessos cerimoniais e as relíquias do Catolicismo Romano
incorporadas no culto, bem como os abusos litúrgicos que
privilegiavam alguns e excluíam outros. Da mesma forma, o
movimento puritano surgiu para combater desvios litúrgicos no
anglicanismo, e Calvino enfrentou perseguição por defender uma
liturgia simples e pura fundamentada nas Escrituras.
Considerando os exemplos acima descritos, é importante
termos em mente o seguinte: para uma Reforma autêntica em
Angola, é essencial resgatar a simplicidade e pureza do culto,
enquanto também estamos vivendo na redescoberta progressiva
das doutrinas esquecidas da Reforma. Carecemos de um culto
baseado na sola Scriptura, sola leitura e pregação bíblica
expositiva, sola salmodia exclusiva, sola votos e juramentos, sola
orações públicas e sola sacramentos (batismo e ceia do Senhor).
É nisso que esse documento se concentra; ele pretende ser,
nas mãos de seus leitores, um estímulo ao exame pessoal sobre o
culto que está sendo prestado. Verdadeiramente cultuamos a
Deus? Se abandonamos a ordem específica de cantar somente os

16
salmos, como podemos afirmar que há pureza em nossa
adoração? Negligenciar parte da ordem de Deus sobre como
cultuar, dada pelo próprio Deus nas Escrituras sagradas, é algo
que nos levará a uma reflexão profunda.
É por isso que esse ensino sistematizado em forma de
catecismo de louvor nos levará a refletir sobre o que cantar no
culto a Deus, bem como nos estimulará a resgatar essa doutrina
esquecida da salmodia exclusiva. Pode ser utilizado
didaticamente para adultos, crianças e jovens, a fim de preveni-
los contra o engano resultante da falta de conhecimento.

José M. Candjandja

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CAPÍTULO 1

LOUVOR: A NATUREZA E O
DEVER DELE

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1. Qual é o louvor de Deus?
É a manifestação de sua glória declarativa por suas criaturas
(Sl. 69:34; 150:6).
2. As Escrituras autorizam ou ordenam que o louvor
seja dado a Deus, como um acto de adoração?
Sim ambos. Todas as criaturas, mas especialmente os
cristãos, são obrigadas a renderizá-lo (Sl. 86:12,13; 138:1; 65:1;
89:5).
3. Deus nos deu alguma orientação sobre como
devemos louvá-lo?
Sim, em sua palavra (Sl. 9:1; 86:12; 109:30; Os. 14:2; Hb.
13:15).
4. Por que devemos louvar a Deus?
Por suas grandes e maravilhosas excelências; pelo que ele
em si mesmo, como Pai, Filho e Espírito Santo, o Autor da
salvação para seus santos; pelo que ele fez e pelo que prometeu
fazer.
5. Pelo que devemos dar graças?
Por todos os nossos confortos e esperanças; especialmente
pelo interesse em Cristo e pela esperança da vida eterna (Ef. 5:20;
Hb. 13:15).
6. Qual é, então, a natureza do louvor?
É uma homenagem de carinho e estima que prestamos ao
verdadeiro Deus, para que assim possamos aumentar sua glória
declarativa (Sl. 50:23).
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CAPÍTULO 2

A QUESTÃO DO LOUVOR

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1. É opcional para nós, se compomos o assunto do
nosso louvor?
Não. Deus o preparou para nós em SUA PALAVRA. Isso
é regulado por designação divina. Jeová o forneceu para seus
santos e diz: “Alguém está alegre? cante salmos” (Tg. 5:13). A
nomeação divina reina em todo o plano de redenção, e tão
completamente em designar o assunto e a maneira de nosso
louvor, quanto na encarnação de seu Filho.
2. Não compomos nossas orações de sua palavra, sem
nenhum livro especialmente designado por Deus?
Sim. Na oração somos regulados pelas circunstâncias. É a
linguagem da dependência e varia de acordo com nossa
condição. Embora devamos “reconhecer a Deus em todos os
nossos caminhos” e “orar sem cessar”, ele disse, por uma forma
curta e perfeita, “orai desta maneira”. Ele não nos deu nenhum
livro de orações; e Deus não disse: “e tu, quando orares”, ore Jó,
ou ore Provérbios, ou ore Salmos.
3. É apropriado que os ministros de Cristo
componham sermões e apresentem suas próprias visões de
sua verdade ao povo em seu nome?
Isso é. Cristo não lhes deu nenhum livro de sermões, nem
lhes disse para pregar Isaías, Lucas ou João; mas “vá e pregue o
evangelho a toda criatura”. “Pregue a palavra.” Sem um livro

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inspirado de sermões, eles não devem “se esquivar de declarar
todo o conselho de Deus”(2 Cor. 2:15,16).
4. Existe alguma coisa na natureza do louvor que torna
necessário que o próprio Deus registre o assunto que
devemos usar nesta parte da adoração?
Sim. Na oração, podemos até certo ponto conhecer nossos
próprios desejos e, em cumprimento da promessa divina, (Zac.
12:10), “O Espírito também ajuda as nossas fraquezas” (Rom.
8:26). Na pregação, também, podemos nos tornar capazes de
“manejar bem a palavra da verdade”, até chegarmos à “plena
certeza de entendimento”; mas no louvor, somente Deus pode
determinar o que ele aceitará como “o fruto de nossos lábios”
(Mat. 15:9; Marcos 7:7; Sl. 105:2; 1 Cron. 16:9; Sl. 86:2).
5. Quando o louvor foi dado pela primeira vez
publicamente a Deus pela igreja?
Lemos sobre isso primeiro nas margens do Mar Vermelho,
quando “a igreja” (Atos 7:38) foi libertada de seus inimigos
(Êxodo. 15:1).
6. Quando o louvor se tornou uma parte declarada da
adoração divina?
Particularmente quando a adoração de Jeová foi
estabelecida em Jerusalém, nos dias de Davi, que falou movido

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pelo Espírito Santo; e é chamado por Deus de 'o doce salmista
de Israel' (2 Sam. 23:1,2; 1 Cron. 15:16,19,27).
8. O louvor foi subsequentemente uma parte da
adoração divina?
Sim. (Sl. 100:4; 84:4; 43:3,4; Colossenses 3:16; Ef. 5:19).
9. Davi, como o salmista de Israel, escreveu todos os
salmos?
Não. Ele provavelmente escreveu mais da metade deles.
No entanto, eles são chamados por seu nome (David, Heb. 4:7.
Rom. 11:9) porque ele foi empregado mais extensivamente do
que qualquer outro, nesta parte da palavra de Deus, como o
amanuense do Espírito Santo.
10. Que nome foi originalmente dado àquela parte das
Sagradas Escrituras que é assim chamada Davi?
Foi chamado de “tehilim”, isto é, hinos ou louvores, porque
foi dado como matéria de louvor divino à igreja de Deus em
todas as eras futuras. Também é chamado de “Salmos”, porque
muitos desses “cânticos espirituais” eram, no culto do templo,
cantados com o saltério. Partes do livro têm outros nomes, como
Mizmor-Salmo ou Cântico, Shir-Cântico ou Canção (46, título),
Tehillah-Louvor ou Hino (145, título), Tephilah-Oração ou Suplica
(17,86,102, títulos), Shir-hammacholoth-Cântico de Peregrinação

23
(120-134) – Odes de Ascensão-Cânticos dos Peregrinos. Eles
também são chamados, na Septuaginta-Setenta, Salmos.
11. Quando os Tehilim ou Salmos, foram escritos e
transformados em um livro?
Eles foram escritos de maneira semelhante às outras partes
da Escritura (Heb. 1:1), durante um período de quase mil anos, e
foram reunidos em um livro, provavelmente por “Esdras, o
sacerdote, escriba da lei do Deus do céu”. Eles permaneceram
em sua atual ordem numérica nos dias dos apóstolos (Atos
13:33).
12. Outras canções, além das contidas no Livro dos
Salmos, foram compostas durante esse período?
Sim, muitos. Tal como a Canção de Débora (Jz. 5:12), a
canção do poço (Num. 21:17,18), os 1005 cânticos de Salomão,
e outros.
13. Não foram então dados como motivo de louvor a
ela, ou não foram ordenados a serem cantados pela igreja
em todas as eras futuras?
Não. Como lemos sobre diferentes livros nas Escrituras,
como o livro de Gade, de Natã, de Jeú, de Jasar e a Epístola de
Laodicéia, que não foram reunidos no cânon sagrado pelo
Espírito Santo, assim saiba que pela mesma soberania divina, as
canções assim notadas, ou mesmo gravadas, eram efêmeras

24
como questão de louvor; enquanto as canções contidas no
“SepherTehilim”, ou Livro dos Salmos, e reunidas e colocadas em
um livro pelo Espírito, são uma parte da “palavra de Deus, que
vive e permanece para sempre”, selecionada por infinita
sabedoria e dada expressamente como questão de louvor à igreja
até o fim dos tempos. O mesmo princípio se aplica a quaisquer
hinos ou canções isolados e ocasionais, que podem ser
encontrados no Novo Testamento.
14. Houve alguma tentativa de adicionar ao Livro dos
Salmos, depois que ele foi concluído?
Sim. O salmo 151 foi inventado e tentou ser adicionado ao
então livro perfeito, quase trezentos anos antes da “era cristã”.
Septuaginta, (Sl. 151).
15. Tal tentativa é autorizada por Deus?
Não. Ela surge da depravação de nossa natureza e da
oposição de nossa vontade à vontade divina e,
consequentemente, forma parte do que o Espírito Santo chama
de “adoração voluntária”, que tem uma aparência de sabedoria
(Colossenses 2:23).
16. É, então, este livro chamado o Livro dos Salmos,
pelo Espírito Santo?
É assim chamado, tanto por Jesus Cristo quanto pelo
Espírito (Lucas 20:42; Atos 1:20; Hebr. 4:7).

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17. Foi dado à igreja judaica ser objeto de louvor a
Deus?
Sim. (1 Cron. 16:7; 25:1,5; PS. 81:1; Nem. 12:8,46; Sl.
137:3,4; Esdras 3:10).
18. A igreja judaica era na realidade diferente da cristã?
Não. Eles são a mesma igreja, sob diferentes dispensações
(Atos 7:38; Hebr. 4:2; Gálatas 4:3,4).
19. Quando Cristo veio “para cumprir toda a justiça” e
por meio de seus evangelistas e apóstolos para completar
os oráculos de Deus, ele ou eles louvaram a Jeová cantando
salmos?
Sim, ambos fizeram (Mat. 26:30; Marcos 14:26; Atos 16:25;
PS. 22:2; Hebr. 2:13).
20. Eles proferiram, por inspiração, quaisquer outros
“salmos, hinos ou cânticos espirituais” além dos contidos
“em Davi”?
Não (Hebr. 4:7). Um tal salmo ou canção seria um tesouro
para a edificação dos santos, se “os Salmos” fossem
simplesmente judeus; e, no entanto, não forneceria um
precedente ou garantia para homens não inspirados fazerem
hinos humanos e cantá-los como louvor a Deus (Is. 1:12. Os.
13:2).

26
21. O que é um hino humano, salmo ou canção
espiritual?
Um hino, cujo arranjo e composição são feitos por homens
não inspirados, e não pela autoridade e sabedoria de Deus,
mesmo que o sentimento seja retirado e concorde com alguma
parte das Escrituras, tem 'uma demonstração de sabedoria; no
entanto, é apenas a opinião do homem que será oposta e
contrariada pela opinião de algum outro homem expressa
metricamente, em linguagem, para sua mente, igualmente bíblica.
Consequentemente, de fazer muitos livros de “hinos” não há
fim'. Temos agora mais de um para cada sábado do ano, todos
suplantando “a canção do Senhor” (os Salmos) e, por sua vez,
suplantados pela habilidade poética e capricho de outros
homens. Tais composições, como questão de louvor, são, além
disso, puramente 'adoração de vontade” (Is. 1:12).
22. Os salmos são adaptados à condição dos santos
nos tempos do Novo Testamento, no que diz respeito ao
seu louvor?
Sim. Eles são “um epítome da Bíblia, adaptada aos
propósitos da devoção”. (Bp. Horne). Eles são enfaticamente “a
palavra de Cristo”, retratando especialmente a obra do Espírito
na alma do homem, em todos os seus estágios e condições de
existência, desde sua “nova criação em Cristo Jesus” até o gozo
da glória eterna.

27
23. Eles não apresentam o Messias apenas como um
Salvador por vir?
Não. Eles apresentam sua encarnação (Sl. 40:6-8; Hebr.
10:5), seu ensino público (Sl. 40:9; Lucas 4:16-22), sua morte (Sl.
22:1;31:5; Lucas 23:46), sua ascensão (Sl. 68:18; Atos 1:2-9),
sentado à direita de Deus (Sal. 110:1. Atos 2:34. Hebr. 1:13;
10:12,13), e todo o seu trabalho de mediação, até onde foi
realizado, como realmente é (Lucas 24:44).
24. Eles não contêm maldições e imprecações sobre
nossos inimigos, contrários ao mandamento: “Ame seus
inimigos”?
Mat. 5:44? Não. Não contra nossos inimigos, mas contra os
inimigos de Cristo (Sl. 69:20-25; 109:8; Atos 1:16,20).
25. Eles não envelheceram e, consequentemente,
tornaram-se menos adaptados ao elogio?
Não. Um livro não pode ser considerado velho enquanto
vive o seu autor. Poderá, a qualquer momento, alterá-lo ou
remodelá-lo; consequentemente, enquanto Deus vive, os Salmos
não podem e não se tornarão obsoletos; e por isso são uma
canção sempre nova (Sl. 33:3; 96:1; Apocalipse 5:9; 14:3; 15:3).
26. Mas não devem ser cantados os “salmos, hinos e
cânticos espirituais” mencionados no Novo Testamento?

28
Sim. Somos ordenados a cantá-los (Ef. 5:19. Colossenses
3:16).
27. Eles não eram algo diferentes do Livro dos Salmos?
Não. Pois os Colossenses e Efésios já tinham a Septuaginta.
“Moisés era lido em suas sinagogas todos os sábados”, suas
primeiras assembléias cristãs (Atos 13:15), e os convertidos eram
judeus (Atos 18:19; 19:1,19). Colossenses 2:14 e, portanto,
quando fossem assim orientados, entenderiam facilmente que os
psalmois, humnois e odaispneumatikais eram obviamente os
MitzmorimShirim e Tehilim anteriormente dados no Livro dos
Salmos, pela inspiração de Deus. Além disso, na Septuaginta (Sl.
72:20), e por Josephus Antiq. B. VII. Indivíduo. 12, o Tephiloth,
ou orações de David, são chamados de hinos.
28. Esses vários termos não indicam diferentes tipos
de hinos, daqueles encontrados no Livro dos Salmos, e
autorizam a composição de poesia religiosa como matéria
de louvor?
Não. Não mais do que os termos lei, mandamento e
estatutos, no (Salmo 119), denotam qualquer coisa diferente da
palavra de Deus e autorizam, como a vontade revelada do Céu,
os escritos de Josefo, o Alcorão ou o Livro de Mórmon.
29. Quando ordenados a “deixar a palavra de Cristo
habitar neles” “ricamente”, se sua “palavra” não pudesse
ser encontrada nos “hinos e cânticos espirituais” contidos
29
no Livro dos Salmos, os colossenses e efésios poderiam
permanecer na terra? até que os modernos hinologistas
pudessem suprir seus supostos defeitos?
Não. Nem ainda compor, sem inspiração divina, hinos para
si mesmos, dos quais Deus seguramente aceitaria, como matéria
de seu louvor.

OBJEÇÕES A SEREM RESPONDIDAS:

1. Os salmos não são adaptados à partida dos


missionários?
Resp. Os missionários partiram provavelmente sem cantar,
de acordo com o exemplo bíblico (Atos 13:3,4) e para tais cenas
solenes, os salmos fornecem o assunto mais adequado à
condição de todo missionário, ou de qualquer um de seus
amigos, que “deixem a palavra de Cristo habitar neles ricamente”
(Sl. 46, 56, 72, 122).
2. Eles não devem ser adaptados para escolas
sabatinas. “Você não gostaria que as crianças aprendessem
os velhos salmos?
Resp. O círculo familiar é a Escola Sabatina das Escrituras
(Sl. 92:1,2; 118:15; Gn 18:19; 1 Tm. 3:12; Deut. 6:7). E se para o
benefício daqueles que não têm instrução piedosa dos pais, esta
instituição foi estabelecida, ainda assim todo professor deve ser
30
certamente culpado, que não ensina a seus alunos, “a palavra de
Cristo” como o motivo de seu louvor, que pode habitar neles
ricamente. Se os hinos humanos tivessem alguma autoridade
divina, as variadas compilações contraditórias, que abundam,
poderiam, mesmo assim, apenas treinar a mente primitiva para
opiniões doutrinárias contraditórias, enquanto nenhuma delas
capacitará o estudioso a dizer: “Tua palavra escondi em minha
mente”. Coração, para não pecar contra ti” (Sl. 119:11).
30. Quais são, então, algumas das razões pelas quais
os cristãos devem cantar apenas “o Livro dos Salmos” em
louvor a Deus?
1. O comando de Deus (Jr. 5:13), que deveria ser suficiente
para todo santo.
2. Ele não nos deu nenhum hino adicional no Novo
Testamento, pois o Livro dos Salmos era anteriormente perfeito.
3. Porque Cristo, “em quem habita corporalmente toda a
plenitude da Divindade”, que é “a sabedoria de Deus” e em
quem habita toda a “plenitude do conhecimento e da sabedoria”,
não apenas não fez novos, mas consolou-se, na cruz, com as
palavras de Davi (Sl. 22:1; 31:5). Esta é a maior autoridade
possível para todo cristão, para o uso exclusivo dos Salmos.
4. Porque os apóstolos, embora inspirados para escrever o
Novo Testamento e para completar a palavra de Deus, não
foram “movidos pelo Espírito Santo” para escrever mais
31
“cânticos espirituais”. Temos seus Evangelhos, Atos e Epístolas,
mas eles não nos deixam nada com o que suplantar as canções
de Sião.
5. Porque toda composição humana carece de designação
divina. O comando não é, faça “um salmo”, mas “tome” um (Sl.
81:2).
6. Porque os Salmos são vitalmente adaptados ao nosso
uso. Quando examinamos as outras escrituras, aprendemos
como outros serviram a Deus; quando cantamos “a canção do
Senhor” corretamente, nós mesmos o adoramos (Sl. 63:3-5).
7. Porque, sendo os salmos dados pelo mesmo Espírito que
regenera todo cristão, eles são precisamente adaptados ao
crescimento da alma na vida divina, sendo “o leite sincero da
palavra”, pelo qual o crente cresce (1 Ped. 2:2), quando ele “deixa
a palavra de Cristo habitar nele ricamente”.
8. Novamente, quando “todas as nações chamarão Cristo
abençoado”, seus “vigias cantarão juntamente com a voz” (Is
52:8). “Eles levantarão a voz, até que dos confins da terra se
ouçam cânticos, sim, glória aos justos”(Is 24:14-16). Como eles
então verão olho no olho, eles cantarão juntos, na unidade da fé,
“o cântico de Jeová” (Sl. 137: 4), - aquele cântico que, dado sob
a dispensação do Antigo Testamento, era “o cântico de Moisés”
e que, sendo perpetuado coextensivamente com o reinado do

32
Messias, é para sempre "o cântico do Cordeiro” (Sl. 86:8-10;
Apocalipse 15:3,4).
31. Que salmodia tem sido usada pela igreja desde a
morte de nosso Salvador?
Nas igrejas primitivas, em Corinto (1 Cor. 14:26), em Éfeso,
em Colossos e entre as doze tribos, (Atos 26:7; Tg. 1:1, 5:13), os
Salmos foram usados exclusivamente (Atos 16:25; Hebr. 2:12; Sl.
22:22).
2. De Justino Mártir, Clemente Alexandrino, Tertuliano,
Atanásio, Crisóstomo e outros, as práticas de seus respectivos
períodos podem ser parcialmente aprendidas. “Os corações dos
piedosos, em todas as épocas, sentiram o valor dos Salmos.”
Atanásio os denomina, “um epítome de todas as Escrituras”;
Basílio, “um compêndio de toda a teologia”. De acordo com
Charles Buck, “St. Diz-se que Hilário, bispo de Poitiers, foi o
primeiro a compor hinos para serem cantados nas igrejas,
seguido por Santo Ambrósio. A maioria dos que estão no
breviário romano foram compostos por Prudêncio”.
3. Lutero, enquanto aumentava o entusiasmo de seus
compatriotas fazendo para eles composições poéticas, estilizou
os Salmos como “uma pequena Bíblia” e deu uma versão métrica
deles para suas igrejas.
4. Quando a doutrina, o governo, a adoração e a disciplina
foram ainda mais reduzidos à pureza das escrituras por Calvino,
33
ele cantou apenas os Salmos, na versão “começada por Clement
Marot e completada por Beza. Guilliaume Franc colocou-os em
melodias, e as pessoas pareciam estar apaixonadas pelo amor de
cantar salmos.”
5. A versão de Hopkins e Sternhold foi concluída em 1562
e logo depois adotada pela igreja da Inglaterra. Esta denominação
posteriormente selecionou, e agora usa, a versão de Tate e Brady,
à qual acrescentam cinco hinos e uma doxologia.
A ele a Igreja Episcopal Protestante nos Estados Unidos
acrescenta uma série de composições humanas, mas, consciente
da falta de autoridade divina, para qualquer adição aos Salmos,
“é ordenado que, quando qualquer hino for cantado, uma parte
do Saltério também será cantado.
6. Em 19 de Maio de 1650, a versão presbiteriana dos
Salmos foi adotada pela Assembléia Geral da Igreja da Escócia.
Em 1745, quando a perseguição não mais purificou seu ouro, e a
facilidade erudita tornou-se comum em seu ministério, ela
acrescentou aos Salmos cerca de quarenta e seis composições
métricas que, em trinta e seis anos de trabalho, cresceram até o
(perfeito?) número de sessenta e sete peças, chamadas
“paráfrases”, com um apêndice de cinco hinos, todos os quais
foram adotados pela Assembleia em 1º de Junho de 1781. Por
muitos da geração atual, que desde a infância os encontrou
encadernados com “o Livro dos Salmos”, as “paráfrases” são

34
vistas como se fossem inspiradas — coletadas da mesma maneira
— e preparadas pela mesma designação e autoridade divinas para
serem objeto de louvor de Jeová, como o tem sido o Saltério.
Essa opinião comum é falsa.
7. Pelos “pais peregrinos”, os Salmos foram usados
exclusivamente, não apenas a bordo do Mayflower, mas por
vinte e sete anos após seu desembarque em Plymouth. A uma
segunda edição da versão de Eliot, Weld e Mather, publicada em
1647, “algumas canções espirituais foram adicionadas. Seus
salmos eram os da versão da Nova Inglaterra, e raramente
usavam um hino.” — Hood's History of Music in New England, p.79.
Isso foi afirmado pelos piedosos da Nova Inglaterra no século
XVIII.
32. O que, nos últimos três quartos de século, mais do
que qualquer outra coisa, substituiu os Salmos entre muitos
protestantes?
As “imitações” e hinos do Rev. Dr. Watts. Estes, escritos
por volta de 1719, foram republicados na América em 1741, os
Salmos “imitados na linguagem do Novo Testamento” por J.
Edwards, e os hinos do Dr. Benjamin Franklin.
33. Qual é agora a questão do louvor entre as várias
denominações protestantes na cristandade?
1. Entre os episcopais. Nas Igrejas Estabelecidas da
Inglaterra e Irlanda, e na “Igreja Episcopal Protestante nos
35
Estados Unidos”, é usado o Saltério, com uma coleção de hinos
humanos, a serem cantados conforme indicado acima, ver
Q.XXX.5. O mesmo pode ser afirmado dos luteranos na
Europa, enquanto “Hinos para o Uso do Povo Chamado
Metodista, por John Wesley,” são usados lá por seus seguidores.
Na América, “uma coleção de hinos para uso da Igreja Metodista
Episcopal, principalmente da coleção do Rev. John Wesley”, é
apresentada por seus bispos.
2. Entre os presbiterianos. Na Escócia, Inglaterra e nas
colônias britânicas, os Salmos, com paráfrases, são usados por
todos, exceto os reformados e talvez alguns outros. Na Irlanda,
somente os Salmos são motivo de louvor reconhecido. Nos
Estados Unidos, as Igrejas Associada, Reformada e Associada
Reformada professam aderir exclusivamente aos Salmos,
enquanto as Assembléias Gerais, a Igreja Holandesa Reformada
e os Presbiterianos de Cumberland empregam composições
humanas.
3. Entre a família de seitas Congregacionais ou
Independentes, as Imitações de Watts, ou outros hinos humanos,
são universalmente cantados. A este ramo da fé protestante, os
hinos modernos devem quase totalmente sua composição e
difusão.
34. Os hinos humanos não se adaptam melhor ao culto
familiar do que os Salmos?

36
Longe do contrário. Nenhuma coleção de composições
humanas pode retratar, na linguagem do coração, as diversas
alegrias e tristezas, que são próprias de uma família religiosa,
muito menos de todas as famílias religiosas. Consequentemente,
o louvor, como parte do culto familiar, é relativamente
desconhecido onde o Saltério é deixado de lado. “A voz da
alegria” (Sl. 118:15). Raramente é ouvido em qualquer
“tabernáculo” mesmo “dos justos”, onde eles não “cantam
salmos” (Sl. 92:1,2).
35. Algum caso pode ser apresentado como prova
desse fato?
Sim. Para não falar de outras terras, “aquelas variedades que
antes eram doces em Sião deslizam”, fizeram, e continuam a
fazer, quase todas as habitações piedosas da Escócia vocalizarem
os louvores de Jeová. E, “em famílias piedosas” na Nova
Inglaterra, durante o primeiro século e um quarto de seu
estabelecimento, “dois eram cantados todos os dias da semana,
e no dia do Senhor, não menos que oito, repetindo assim cada
salmo não menos que seis vezes por ano.” — Hood's History of
Music, p.78.
36. É então apenas o preconceito da educação, que
prende os presbiterianos e episcopais que os usam; e isso
prendia os puritanos da Nova Inglaterra ao uso dos Salmos
em louvor?

37
Não. É a suprema autoridade da nomeação divina em todas
as coisas no culto religioso (Num. 3:4; 19:2; Lev. 10:1; 2 Sam. 6:3;
Tg. 5:13; Colossenses 3:16; Ef. 5:19; Sl. 95:2; 105:2): o exemplo
da Igreja em seus tempos mais puros; nosso próprio crescimento
na graça; e a segurança da verdadeira religião, pois todas as
doutrinais errôneas devem ter hinos humanos correspondentes
para sua propagação; e os Salmos são exclusivamente adaptados
àquela “forma de doutrina segundo a piedade”, comumente
chamada de calvinismo.
No serviço de Deus, devemos sempre empregar o melhor
(Mal. 1:8,14); consequentemente, nunca devemos substituir no
lugar da verdadeira, viva e “palavra incorruptível de Deus”, as
efusões variáveis, contraditórias e não bíblicas do homem, como
os seguintes espécimes de diferentes autores.
1- Ex.:
“Meu corpo quebrado assim eu dou,
Por você, por todos; tomai, comei e vivei.”
“Ainda assim todos podem compartilhar sua graça
soberana,
Em cada mudança segura.”
“Condena os relutantes, mas estende
a esperança da graça a todos.”
“Vá com nossos exércitos para a luta,
Como um Deus confederado.” (Imitação de Watts)

38
“Ele vem para fazer fluir suas bênçãos
até onde a maldição é encontrada.”
(Imitação de Watts, Sl. 98, 3)
2- Ex.:
“Assim Sansão, quando seu cabelo estava perdido,
Enfrentou os filisteus à sua custa;
Balançou seus membros vaidosos com triste surpresa,
Lutou fracamente e perdeu os olhos.”
(Hinos de Watts, livro 1º, hino 15)
3- Ex.:
“De todo pregador eu reclamaria!
Um falou por orgulho e outro por ganho;
Outro está aprendendo pouco.”
“Alguns andam muito retos para fazer um show,
enquanto outros vão muito tortuosos;
E ambos eu desprezo.”
Aglomerado de Mercer.
(Um livro de hinos batistas, hino 231)
4- Ex.:
“Ah! Senhor, com tremor eu confesso
que uma alma graciosa pode cair da graça.”
(Metanfetamina E. Livro de Hinários, hino 91)
5- Ex.:

39
“De minha posse de Salvador,
fui perfeitamente abençoado,
Como se estivesse cheio da plenitude de Deus.”
“Ah! onde eu estou agora!
Quando foi, ou como
Que eu caí do meu céu de graça.”
(Metanfetamina E. Livro de Hinários, hino 86)
6- Ex.:
Ou o seguinte, de “Second Advent Hymns”
(Ed. Lowell, 1842), terceiro hino, chamado “The Plain
Truth.”
“Envie a glória, envie a glória,
envie a glória, agora mesmo.
Envie o poder, envie o poder,
Envie o poder, agora mesmo.
Agite o pecador, sacuda o pecador,
Agite o pecador, agora mesmo.”

Tais espécimes formam, provavelmente, não a milésima


parte dos frutos da opinião humana e “adoração à vontade”, que
podem ser produzidos; no entanto, eles nos mostram que
nenhuma conquista em santidade justificará mesmo um homem
regenerado a reivindicar a inspiração de seus escritos; e nenhum
homem, a menos que “movido pelo Espírito Santo”, pode

40
“louvar o nome de Deus com um cântico” de sua própria autoria,
que “agrade ao Senhor melhor do que holocaustos”. O
verdadeiro cristão tem “este testemunho de que agrada a Deus”,
quando canta salmos para ele com graça. “Eis que obedecer é
melhor do que sacrificar.” “As palavras do Senhor são palavras
puras” (Sl. 12:6). “Não acrescentes às suas palavras, para que não
te repreenda, e sejas achado mentiroso” (Prov. 30:6. Apocalipse
22:18).

41
CAPÍTULO 3

A FORMA DO LOUVOR

42
“Eles sintonizam seus corações, de longe o objetivo
mais nobre” (R. Queimaduras)

1. Como o louvor deve ser oferecido a Deus?


Com a voz, com “o espírito e com o entendimento” (Sl.
30:1; 145:1; 66:17; Hebr. 13:15; 1 Cor. 14:15; Sl. 42:4).
2. Por que o louvor deve ser oferecido com a voz? Deus
não conhece plenamente todos os pensamentos
silenciosos?
Os sentimentos podem se tornar não apenas mais atraentes,
mas também mais impressionantes, por sua combinação com
sons musicais, especialmente quando “cantamos com graça em
nossos corações, entoando melodias ao Senhor”.
3. Por que o louvor deve ser oferecido com o
entendimento?
Alguns sons são adaptados a sentimentos de prazer social,
outros a emoções de tristeza; alguns para assuntos de gosto
sentimental, e outros, o reverso de todos estes, para a adoração
de Deus.
4. Não pode, então, qualquer som musical ser
empregado com propriedade na adoração a Deus?
Não. Pareceria prontamente abominável para toda mente
religiosa, combinar aquelas melodias, que são adaptadas, por sua

43
gravidade e solenidade, à adoração de Deus, com as canções de
festa de convívio; e não pode ser menos inverso ao caso -
associar, por melodia, as idéias e sentimentos de proeza militar,
anseios amorosos ou orgias bacanais, com “o cântico de Jeová”,
“na assembléia dos santos”.
5. Por que o louvor deve ser oferecido com o espírito?
Sem o espírito, o louvor, como parte da adoração religiosa,
não seria aceitável a Deus (João 4:23,24).
6. O louvor, como parte da adoração, foi dado a Deus,
sob a dispensação patriarcal?
Não tanto quanto somos informados. Lá descobrimos que
a música instrumental foi cultivada desde cedo pela posteridade
de Caim (Gn 4:21). No entanto, não temos certeza de que o
louvor foi dado por música vocal ou instrumental a Deus, antes
dos dias de Moisés.
7. De que maneira o louvor era celebrado na
dispensação mosaica?
No Mar Vermelho, toda a congregação (Êxodo. 15:1),
cantou, e na conclusão de sua adoração, as mulheres cantaram
“com adufes e com danças” (Êxodo. 15:20).
8. Como foi conduzido posteriormente?
Ao cantar, frequentemente acompanhado de música
instrumental, especialmente na magnífica adoração do templo, (1
44
Crôn. 23:5; 2 Cron. 29:25), que foi organizado por “Davi, o
homem de Deus” (Nem. 12:36).
9. A música instrumental foi empregada na adoração
judaica por indicação de Deus?
Sim. Sempre no templo, após sua construção, nos dias de
seus grandes e solenes festivais, e na oferta do sacrifício da
manhã e da tarde; mas nunca em suas sinagogas, os locais
habituais de culto semanal. A música instrumental era de vários
tipos em suas solenidades e tinha a mesma relação com o louvor
que o incenso tinha com a oração. Um sempre foi um
acompanhamento do outro. Na adoração do templo, ou sob a
dispensação mosaica, (1 Crôn. 23:5; Esdras 3:10-12; 2 Cron. 8:14;
Lucas 1:10; 1 Cron. 23:13), e tanto a música instrumental quanto
o incenso foram substituídos juntos pelo sacrifício de Cristo (Sl.
141:2; Mal. 1:11; Apocalipse 5:8; Atos 10:4,30,31; Apocalipse
8:1,3,4).
10. A música instrumental estava em uso quando
Cristo estava na terra?
Sim. Tanto ele quanto os vários sacrifícios de animais
mortos eram usados no templo.
11. Por quanto tempo a música instrumental
continuou na adoração divina?

45
Pelos judeus, os instrumentos provavelmente foram usados
no templo até a destruição dele por Tito. Pelos cristãos
primitivos, eles nunca foram empregados. “Os elementos fracos
e miseráveis” da “escravidão” judaica, pessoas sagradas, lugares
e coisas, sacerdotes, altares, templo, sacrifícios, incenso, vestes e
música instrumental, todos, todos pereceram igualmente devido
à aceitação na adoração de Deus, quando Emanuel exclamou na
cruz: “Está consumado”.
12. Encontramos alguma revogação expressa do uso
de música instrumental no Novo Testamento? Ou nosso
Salvador, os evangelistas ou os apóstolos nos advertiram
contra harpa, saltério ou órgão, no louvor de Deus?
Os escritores do Novo Testamento nos dizem quais
observâncias Deus exige sob o evangelho, não quais instituições
foram revogadas. Eles nos ensinam que a ceia do Senhor deve
ser administrada perpetuamente, mas não dizem que a páscoa
não deveria mais ser observada; eles não dizem expressamente
que a música instrumental deve ser silenciada na adoração, mas
eles nos orientam e nos ordenam a “oferecer continuamente o
sacrifício de louvor a Deus, isto é, o fruto de nossos lábios, dando
graças ao seu nome”; para “cantar com graça, fazendo melodia
em nossos corações, a palavra de Cristo” contida no Livro dos
Salmos (Hebr. 13:15; Tg. 5:13).

46
14. A música instrumental foi usada em qualquer outro
lugar, exceto no templo, na adoração, nos dias de nosso
Salvador ou de seus apóstolos?
Não. Sempre foi confinado inteiramente ao templo (a
menos que chamemos o som das trombetas sagradas pelos
sacerdotes, em tempo de guerra, de adoração), depois que Deus
escolheu Jerusalém para colocar seu nome lá, e os instrumentos
nunca foram usadosna sinagoga. Os judeus não usam, nem
mesmo toleram, instrumentos em sua adoração agora, e sabe-se
que nunca o fizeram. Portanto, Paulo, em todas as suas viagens,
não conseguiu encontrar uma única harpa, saltério ou órgão, em
nenhuma das assembléias religiosas de seus compatriotas, além
dos arredores do templo; e é claro que ele nunca deu qualquer
advertência ou reprovação contra instrumentos. Como o mal não
existia, não se podia esperar a reprovação dele. Ele, no entanto,
fala, em linguagem que beira o desprezo, de “coisas sem vida que
dão som”, especialmente “bronze que soa ou címbalo que retine”
(1 Cor. 13:1; 14:7).
15. Quando a música instrumental foi introduzida
permanentemente na igreja cristã?
Foi introduzido na igreja de Roma, por volta de 671, pelo
Papa Vitaliano; e seu uso foi defendido, não pelas Escrituras, mas
pela afirmação de “um poder na igreja para decretar ritos e
cerimônias”; e por esta afirmação somente agora pode ser

47
mantida. Tão ilegal foi considerado anteriormente, que tanto os
cristãos quanto os arianos teriam considerado um retorno ao
judaísmo para permitir isso em seu culto público. “Na época de
Justino Mártir, a música instrumental foi abolida; e, diz ele,
salmos com órgãos e címbalos são mais adequados para agradar
as crianças do que para instruir a igreja.” — Romaine.
16. Desde então tem continuado na Igreja Papal?
Sempre. Ao exigir dízimos do povo, é útil para a causa,
contar-lhes sobre o sacrifício da missa, do incenso, do sacerdócio
e dos órgãos; e todos vão juntos com “as belas composições que
são ouvidas na igreja romana”, para edificar “os simples fiéis”.
17. Como os reformadores e as igrejas reformadas têm
visto a música instrumental?
Diz-se que Lutero “contava os órgãos entre as insígnias de
Baal”.
Calvino diz: “No papado há uma imitação ridícula e
inadequada dos judeus. Eles, os papistas, empregam órgãos e
muitas outras coisas ridículas, pelas quais a palavra e a adoração
a Deus são excessivamente profanadas ”, etc. Beza os chama de
“performances musicais artificiais, que são dirigidas apenas ao
ouvido e raramente atingem a compreensão até mesmo dos
próprios artistas”.

48
“Que os órgãos eram uma abominação para nossos
veneráveis pais, (diz o Presbitério de Glasgow), é um facto
histórico, estabelecido pelas autoridades mais irrepreensíveis.”
A Assembléia Geral do Kirk da Escócia, em 1644, diz:
“Muitas corrupções são removidas, como altares, e os grandes
órgãos de Paul e Peter, de Londres, são retirados”. Pode-se
afirmar aqui que a simples “forma de adoração presbiteriana não
admite nenhuma das belas composições que são ouvidas na igreja
romana”, Prog. de Música, Parte II, p.26, ed. Londres, 1846, e
que o presbiterianismo nega a existência de qualquer “poder” em
qualquer “igreja, para decretar ritos e cerimônias”, para “a casa
de Deus”.
18. Os “pais peregrinos” empregavam música
instrumental na adoração a Deus?
Não. Eles tinham muita consideração pela autoridade
divina para mergulhar em tal “adoração de vontade”; e quando,
em 1733, o bispo Berkeley presenteou a cidade que leva seu
nome, em Massachusetts, com um órgão, o sentimento puritano
deles rejeitou seu presente. Ainda dá “som” na igreja Episcopal,
em Newport, RI O primeiro órgão feito na Nova Inglaterra foi
construído em 1745. Órgãos eram provavelmente desconhecidos
em Boston (exceto entre os episcopais) até 1800 DC. De
adoração à vontade da Roma papal, que somos gratos por
“aquelas composições deslumbrantes” do coro e órgão, que

49
rivalizam com as performances do próprio “homem do pecado”,
“aquelas composições deslumbrantes que são ouvidas na igreja
romana”.
19. Um sentimento devocional mais puro e um tom ou
piedade mais profundo não são produzidos por um coro, ou
com música instrumental, do que por canto vocal e
congregacional?
Não. O suposto ato de adoração por procuração não pode
ser igual àquele em que nos engajamos pessoalmente. Quando
ouvimos as apresentações musicais de outros, somos impedidos
de adorar a Deus; de “dar a ele o fruto de nossos lábios” e cantar
“salmos a ele com graça” (Sl. 95:1,2).

“As orelhas com cócegas não despertam êxtases sinceros;


Eles não têm uníssono com o louvor de nosso Criador.

20. Como os órgãos são acessórios nas igrejas, tudo o


que é realizado neles não é sagrado?
Não. Uma vez que a adoração instrumental no templo
judaico foi substituída pelo sacrifício de Cristo, quando “o véu
se rasgou em dois”, nada executado em qualquer instrumento,
em qualquer “coisa sem vida que dê som” é sagrado; embora o
sentimentalismo refinado divida e distribua as execuções
musicais, de acordo com o gosto científico e a fantasia humana,
50
na seguinte ordem: “WM trouxe os diferentes estilos de que o
instrumento (um órgão magnífico) é capaz, com efeito
admirável, do verdadeiramente eclesiástico ao operístico e o
secular.” — B. Rec., 2 de Março de 1849.
21. Existe alguma conexão entre a adoção de uma
salmodia não inspirada e o uso de instrumentos na
adoração a Deus?
Um geralmente leva ao outro. Onde os homens tomam a
liberdade de substituir efusões humanas pela “palavra de Cristo”,
não será difícil, quando os meios puderem ser obtidos, “cantar
ao som da viola e inventar para si instrumentos musicais como
Davi. ”(Amós 5:23; 6:5).
22. Qual é, então, o dever das igrejas cristãs neste
assunto?
Seja qual for a maneira governada, eles devem, como
protestantes, evitar cuidadosamente toda adoração não
autorizada, seja no assunto, na maneira ou no louvor; cumprir o
que é ordenado, lembrando que todos os enfeites e ornamentos
meretrícios, com os quais a habilidade humana investe o assunto
e a maneira ou nosso louvor, são semelhantes à armadura ou Saul
quando colocados em Davi (1 Sam. 17:39). Eles não fazem parte
designada da “armadura de Deus” na “guerra” cristã, (Ef. 6:11),
e eles devem ser deixados de lado, ou incorreremos no desagrado
de “um Deus ciumento”; espalhou, sob sua desaprovação, a

51
morte espiritual sobre as igrejas de Cristo; faça seus filhos
chorarem em lugares secretos; os homens deste mundo se
regozijem e os inimigos de Cristo blasfemem.
23. O que, então, devemos cantar para o louvor de
Deus?
Nossa própria edificação e segurança residem em cantar
apenas o Livro dos Salmos; não qualquer “imitação”, mas a
própria “palavra de Cristo”, na versão mais literal e correcta que
pode ser obtida. Apesar de numerosos defeitos menores, a
versão escocesa ou presbiteriana “é, no geral, a melhor”. Ao usá-
lo, “temos a satisfação de saber que proferimos elogios nas
próprias palavras da inspiração”; e na opinião de Boswell, “é
inútil pensar em ter um melhor”. Da versão de Sternhold e
Hopkins, o Rev. Wm. Romaine diz: “Geralmente é o sentimento
do Espírito Santo. Isso raramente se perde e deve silenciar todas
as objeções - é a palavra de Deus. Além disso, a versão se
aproxima mais do original do que qualquer outra que já vi, exceto
a escocesa.” Algumas emendas verbais judiciosas, pela omissão
de palavras antiquadas.
24. De que maneira, então, devemos cantar essas
canções sagradas para o louvor de Jeová?
Sempre como um ato de adoração divina, com o espírito e
com o entendimento, com a nossa voz e com a graça em nossos
corações, entoando melodia ao Senhor— individualmente— em

52
famílias— e na casa de Deus. Evitando as decorações de um
gosto teatral e sentimental, e nos deleitando na palavra de Cristo
segundo o homem interior, cresceremos na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo;
chegaremos a uma companhia inumerável de anjos, aos espíritos
de homens justos aperfeiçoados, e diariamente nos uniremos a
eles cantando o cântico de Moisés e do Cordeiro.
Enquanto outros, ao oferecer louvores em composições
humanas, ao seu próprio Mestre devem permanecer ou cair, nós,
ao cantar salmos quando alegres, nunca, nunca, nunca podemos
estar errados. Individualmente, podemos dizer a Deus:
“Quem tenho eu nas alturas dos céus
Senão a ti, ó Senhor, só? — Sal.73.
“Sim, ainda que eu ande no vale escuro da morte,
Não temerei mal algum;
Porque tu estás comigo, e a tua vara
E cajado ainda me consolam.”—Sal. 23.
“Mas, quanto a mim, verei a tua própria face em retidão;
E com a tua semelhança, quando acordar,
Ficarei satisfeito.” — Sal. 17.
E quando nada além de seu próprio assunto designado for
oferecido em louvor a Deus, em quanto tempo será ouvido,
“desde os confins da terra, canções, até glória aos justos!” Então
“os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos”;
53
a igreja do Deus vivo sendo então “estabelecida no cume das
montanhas, todas as nações fluirão para ela, cantando
juntamente com a voz, dizendo:
“Todas as terras a Deus, em sons jubilosos,
Elevem as vossas vozes:
Cantem a honra do seu nome,
E gloriosos façam o seu louvor.” — Sal. 66.
Quem não acrescentará sua tephilah (sua oração)
e dirá:
“E bendito seja o seu nome glorioso
Por toda a eternidade:
A terra inteira deixe a sua glória encher.
Amém, assim seja.” — Sal. 72.

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APÊNDICE DO AUTOR

Rev. Alexander Blaikie - 1849 (1804 -1885 )


Uma longa citação de William Romaine Em Favor da
Posição Defendida Neste Catecismo Sobre o Louvor.

Como a defesa das ordenanças de louvor na forma


anterior pode ser considerada meramente a acção de uma mente
preconceituosa ou, na melhor das hipóteses, a opinião de alguns
presbiterianos antiquados, submeto as opiniões do Rev. Wm.
Romaine, da Igreja da Inglaterra, autor de “Life, Walk, and
Triumph of Faith”. Ele escreve com seriedade e calor
condizentes com o assunto; e ninguém familiarizado com sua
vida e escritos suporá que ele foi acionado por qualquer outro
motivo que não seja o zelo pela glória de Deus e a pureza da
igreja.
“Há outra coisa relacionada aos Salmos que não posso
chamar de abuso, pois é uma total negligência deles. Eles são
bastante rejeitados em muitas congregações, como se não
existissem tais hinos dados por inspiração de Deus, e como se
não fossem deixados para uso da igreja e para serem cantados na
congregação. As composições humanas são preferidas às divinas.
A poesia do homem é exaltada acima da poesia do Espírito
Santo. Isto está certo? Os hinos que Ele revelou para o uso da
igreja, para que pudéssemos ter palavras adequadas aos louvores
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de Emanuel, são totalmente postos de lado: por meio disso, a
palavra do homem tem preferência na igreja sobre a palavra de
Deus; sim, a ponto de excluí-lo inteiramente do culto público.
Não é difícil explicar essa estranha prática. Nosso povo havia
perdido de vista o significado dos Salmos. Eles não viam sua
relação com Jesus Cristo. Isso aconteceu quando a religião vital
começou a decair entre nós, há mais de um século.
Minha reclamação é contra preferir os poemas dos
homens à boa palavra de Deus e preferi-los a ela na igreja. Não
tenho nenhuma desavença com o Dr. Watts, ou qualquer
versificador vivo ou morto. Eu não gostaria que todos os seus
poemas fossem queimados. Minha preocupação é ver as
congregações cristãs excluírem os Salmos divinamente
inspirados e aceitarem os voos de fantasia do Dr. Watts; como
se as palavras de um poeta fossem melhores que as palavras de
um profeta, ou como se a inteligência do homem devesse ser
preferida à sabedoria de Deus.
Quando a igreja se reúne em um só lugar, o Senhor Deus
fez uma provisão para seus cânticos de louvor uma grande
coleção e grande variedade e por que eles não deveriam ser
usados na igreja de acordo com a indicação expressa de Deus?
Não falo de pessoas privadas ou canto privado, mas da igreja em
seu serviço público. Por que a provisão que Deus fez deve ser
tão desprezada a ponto de ficar totalmente fora de uso? Por que
deveria Watts, ou qualquer outro criador de hinos, não apenas
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tomar a precedência do Espírito Santo, mas também expulsá-lo
completamente da igreja? Tanto que as rimas de um homem são
engrandecidas acima da palavra de Deus, até a aniquilação dela
em muitas congregações. Se isso estiver certo, homens e irmãos,
julguem vocês.
Que poesia pode ser comparada com os Salmos de Deus?
Quem pode fazer do canto de quaisquer versos humanos uma
ordenança, ou dar uma bênção a eles, como é prometido, e é
dado ao canto dos Salmos? Por que razão, então, eles são
colocados de lado na igreja? Por que as palavras do gênio do
homem são preferidas às palavras da inspiração? O canto de
salmos é ordenado pela autoridade divina e prescrito como parte
da adoração divina; não é deixado para a sabedoria do homem
prover isso, mas é expressamente provido na boa palavra de
Deus. E não é grande desprezo colocado sobre esta provisão
infinitamente sábia quando ela é totalmente abandonada na
igreja, e a palavra do homem é preferida a ela?
O que você pensaria daqueles que deveriam deixar de lado
toda a Escritura e nunca lê-la toda na congregação? E não é uma
ofensa da mesma natureza negligenciar totalmente uma parte,
uma parte principal dela, que foi registrada para uso da igreja e
na qual seus membros deveriam cantar os altos louvores de seu
Deus? É tratada como inútil e dispensável. Uma afronta muito
grosseira é colocada sobre o amor e a sabedoria que revelaram
esta coleção divina de hinos, e a igreja é privada da bênção
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prometida ao seu canto, sendo assim despojada de um de seus
tesouros mais seletos. Se alguma coisa é um sacrilégio, é isso. Os
Salmos são roubados da igreja e, assim, os membros são privados
das bênçãos prometidas ao cantá-los; pois Deus não dará o fim
se você negligenciar os meios. Frequentes são seus mandamentos
no Antigo Testamento para cantar salmos, e temos vários no
Novo. Por exemplo, deixe a palavra (não algo além dela, mas a
palavra) do próprio Cristo habitar em você ricamente em toda a
sabedoria, ensinando e admoestando uns aos outros em salmos,
hinos e cânticos espirituais. Estas não são coisas diferentes, mas
nomes diferentes para a mesma coleção de Salmos, pois tratam
de assuntos diferentes.
Sabemos por um testemunho muito claro que os Salmos
foram cantados no Templo até sua destruição final. Temos
certeza de que Cristo fez uso dos Salmos. Seus apóstolos
seguiram seu exemplo. As igrejas de Corinto, Éfeso e Colossos
fizeram do cântico dos Salmos parte de seu culto público. As
doze tribos que foram espalhadas no exterior, sendo perseguidas
por causa de Cristo, cantavam salmos quando estavam em um
quadro feliz; pois foram ordenadas a fazê-lo pelo apóstolo Tiago.
A história da igreja fornece evidências abundantes do uso de
salmos em todos os países convertidos à fé e de serem cantados
na igreja como parte do culto público.
Este tem sido o caso em todas as épocas, sem qualquer
interrupção. Os cristãos primitivos cantavam em todas as
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reuniões de suas igrejas. Eusébio diz, no segundo século, que eles
cantavam salmos em louvor a Cristo e sua divindade. No tempo
de Justino Mártir, a música instrumental foi abolida, e ele
recomenda muito cantar com a voz, porque, diz ele, os salmos,
com órgãos e címbalos, são mais adequados para agradar as
crianças do que para instruir a igreja. No terceiro século, lemos
muito sobre o canto de salmos. Arius foi acusado de perverter
esta ordenança. Santo Agostinho considera um crime grave, em
certos hereges, que eles cantem hinos compostos pela
inteligência humana. O sentido em que a igreja de Cristo
entendeu esse assunto tem sido, até os últimos anos, sempre um
e uniforme. Agora deixamos o antigo caminho batido.
Mas por quê? Encontramos algo melhor? Como nos
tornamos mais sábios que os profetas, que Cristo, que seus
apóstolos e que os cristãos primitivos, sim, toda a igreja de Deus?
Eles, de comum acordo, cantaram salmos em todas as épocas.
Aqui deixo o leitor com suas próprias reflexões. Há uma
inferência clara a ser feita a partir disso; ninguém pode confundi-
la facilmente. Que ele possa vê-la em seu julgamento e segui-la
em sua prática.
O que, dizem alguns, é ilegal cantar composições
humanas na igreja? Como pode ser? Ora, eles os cantam em tal
lugar, e em tal lugar: grandes homens, e bons homens, sim, e
ministros ativos também, os cantam: você estabelecerá seu
julgamento contra o deles? É uma coisa odiosa falar de si mesmo,
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exceto para magnificar a graça de Deus. Qual é o meu julgamento
particular? Não o coloco contra ninguém em coisas indiferentes:
desejo ceder à enfermidade de todos os homens: pois desejo a
mesma indulgência para mim. Mas, no presente caso, a Escritura,
que é nossa única regra de julgamento, não deixou o assunto
indiferente. Deus nos deu uma grande coleção de hinos e
ordenou que fossem cantados na igreja e prometeu sua bênção
para o canto deles.
Nenhum respeito aqui deve ser dado a nomes ou
autoridades, embora sejam os maiores da terra; porque ninguém
pode dispensar o mandamento de Deus, e ninguém por sua
inteligência pode compor hinos para serem comparados com os
Salmos de Deus. Eu quero um nome para aquele homem que
deveria fingir que poderia fazer hinos melhores do que o Espírito
Santo. Sua coleção é grande o suficiente; não precisa de adição.
É perfeita como seu Autor e não é passível de qualquer melhoria.
Por que, em tal caso, qualquer homem no mundo colocaria na
cabeça sentar-se e escrever hinos para uso da igreja? É
exatamente como se ele escrevesse uma nova Bíblia, não apenas
melhor do que a antiga, mas muito melhor que a antiga, que pode
ser jogada fora. Que tentativa blasfema! E, no entanto, nossos
hinários, inadvertidamente, esperam, chegaram muito perto
dessa blasfêmia; pois eles excluem os Salmos, introduzem seus
próprios versos na igreja, cantam-nos com grande prazer e, como
imaginam, com grande lucro; embora toda a prática esteja em

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oposição direta ao mandamento de Deus e, portanto, não pode
ser acompanhada com a bênção de Deus.

“As palavras de Deus são palavras puras.” Sl. 12:6.

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SOBRE O AUTOR
Alexander Blaikie nasceu em 4 de Outubro de 1804, em Pictou,
Nova Escócia, Canadá. Ele foi educado na Pictou Academy e
estudou teologia no United Presbyterian Seminary of Nova Scotia. Foi
licenciado pelo Pictou Presbytery, em 1830, e ordenado, em 1831.
Tornou-se ministro missionário sob os cuidados da Associate
Reformed Church, pastoreando em York, Nova York, de 1836 a
1845. Em 1846, estabeleceu um Associate Reformed Church
Congregação reformada, em Boston, Massachusetts e tornou-se
seu pastor, em 1847. Renunciou, devido a problemas de saúde,
em 1880. Faleceu na Filadélfia, Pensilvânia, em 31 de Dezembro
de 1885. Escreveu vários livros, incluindo a Filosofia do
sectarismo (1854) e uma História do Presbiterianismo na Nova
Inglaterra (1881).

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