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Neste trabalho, apresento brevemente uma análise dos conceitos de nação, raça,

etnia e grupos étnicos abordado por autores Renan [s.d], Glazer, (1976) Werber, (2015)
Barth, (1969) e Lewis (2018) e como os autores abordam e dialogam com esses termos.
Para tanto predemos realizar um fichamento crítico com passagens dos autores em
estudo.

Primeiramente faremos uma discussão a respeito do conceito de nação. Para


Renan, “Uma nação é, então, uma grande solidariedade, constituída pelo sentimento dos
sacrifícios que fizeram e daqueles que estão dispostos a fazer ainda. Ela supõe um
passado; ela se resume, portanto, no presente por um fato tangível: o consentimento, o
desejo claramente exprimido de continuar a vida comum”. (p.19) “a nação, como o
indivíduo, é o resultado de um longo processo de esforços, de sacrifício e de
devotamento”. (p.18) sobre o processo de votação o autor diz que “o voto das nações é,
em definitivo, o único critério legitimo, aquele ao qual é necessário sempre retornar
(p.19). Renan, então nos diz que a nação é uma consciência da moral. Ou seja, podemos
afirmar baseado na leitura do autor que nação parte da consciência moral dos
indivíduos.

Para Glazer raça pode ser entendida como um grupo definido por uma
descendência comum e que possuem algumas características físicas típicas. Faz-se
necessário ainda, entendermos o que o autor compreende por grupos étnicos uma vez
que para ele, “Uma raça pode não ser um grupo étnico” ( GLAZER, 1976 p.20). Mas o
que então seria grupos étnicos? Para Glazer o termo étnico pode ser acionado a partir de
um grupo social que conscientemente partilha alguns aspectos de uma cultura e que é
definido sobretudo pela descendência. Nesse sentido, os grupos étnicos possuem uma
cultura comum, e partilham conhecimento.

Poderíamos pensar então o que não seria um grupo étnico? Glazer (1976) afirma
que “existem duas importantes formas sociais que não são grupos étnicos. Uma delas é
a comunidade política; o estado e seus membros. A outra grande exceção é a nossa
própria classe social” (GLAZER, 1976, p.21) logo, nação refere-se especialmente ao
grupo étnico e o Estado à organização. “Os estados não são, pois, grupos étnicos,
embora o termo associativo “nação” possa ser empregado como uma coisa ou outra. As
nações não são, necessariamente, grupos étnicos” (Glazer, 1976 p.23).
Para Weber (2015p.23) grupos étnicos são aqueles grupos humanos que, em
virtude de semelhanças no habitus externo ou nos costumes, ou em ambos, ou em
virtude de lembranças de colonização e migração nutrem uma crença subjetiva na
procedência comum, de tal modo que está se torna importante para a propagação de
relações comunitárias, sendo indiferente se existe ou não uma comunidade de sangue
efetiva. Notamos aqui que tanto para Glazer quanto para Weber, falar em comunidades
exige pensar em laços de pertencimento. Ou seja, um indivíduo para pertencer a uma
determinada comunidade faz-se necessário alguns “elos de ligação”. Grupos étnicos são
categorias atributivas e identificadoras empregadas pelos próprios autores;
consequentemente tem como característica organizar as interações entre as pessoas.

A expressão grupo étnico segundo Barth ( 1969 p.27) pode ser analisada como
uma população que em grande maioria se autoperpetua do ponto de vista biológico,
compartilham valores culturais fundamentais, constroem um campo de comunicação e
interação e possuem um conjunto de membros que se identificam, construindo assim,
uma categoria que pode ser distinguida de outras categorias na mesma ordem.

O material humano organizado em um grupo étnico não é imutável, e ainda que


os mecanismos sociais discutidos até aqui tendem a manter suas dicotomias e fronteiras
eles não acarretam necessariamente um “estase” do material humano que organizam: as
fronteiras podem persistir apesar do que poderíamos qualificar figurativamente de
“osmose” das pessoas que as atravessam .

Outro conceito discutido pelos autores é a noção de fronteiras, A partir da leitura


de Weber (2015) podemos inferir que fronteiras correspondem a isolamento. “Fronteiras
rigorosas entre regiões de divulgação de determinados hábitos externamente
perceptíveis surgiram, portanto, ou em virtude de migrações pacificas ou guerreiras de
comunidades que até então haviam vivido em lugares muito distantes e tinham se
adaptado, em suas tradições da vida da comunidade a condição de existência
heterogênea” (Weber, 2015 p.269).

Barth (1969) faz uma análise das fronteiras culturais o autor diz que na discussão
precedente da manutenção de fronteiras étnicas e dos fluxos de pessoas entre grupos
étnicos foi deixado de lado uma questão bastante importante. Foi examinado vários
exemplos de como indivíduos e grupos podem mudar de local de moradia, de padrão de
subsistência, de lealdade e formas políticas ou de pertencimento a grupos domésticos.
Mas isso não explica completamente por que tais mudanças levam a mudanças de
identidade étnicas. Sem que essa troca de pessoal afete os grupos étnicos.

Sobre os grupos étnicos Lewis (2018) diz que não há lei natural que impeça que
“nacionalidades” ou o que hoje chamamos de grupos de grupos étnicos, convivam num
único estado, sem tentar erradicar a etnicidade das outras. Há então, uma longa tradição
do pensamento ocidental que sustenta serem os laços étnicos irracionais e arcaicos e que
deveriam consequentemente desaparecer, na medida em que o mundo tende a uma
maior modernização e racionalidade no desempenho de suas atividades.

Lewis (2018) no decorrer do texto vai apresentando “estratégias” utilizadas


sobretudo por países da américa latina com o objetivo de declarar o desaparecimento
dos grupos étnicos indígenas. Nos esquemas abaixo, apresento uma síntese desse
processo:

Estudou a questão das


Conferência pan- minorias etnicas e
1983 concluiu que elas não
americana em Lima existiam na América
latina

Decretado que os
indigenas bolivianos
Bolivia seriam dali por
1953
diante chamados de
campesinos ou
trabalhadores rurais.

Reforma agrária e
negação das
Peru Década de 70
etnicidades
indigenas.
os indios brasileiros
deveriam todos ser
"emancipados", ou
Brasil 1974
liberados da condição
de ser indios, de
modo a poderem ser
"integrados" a
sociedade brasileira.

Segundo Lewis o argumento mais utilizado pelos que exportam a rápida


deculturação dos índios do Brasil é que a sua maneira de viver representa um obstáculo
ao desenvolvimento que deve ser, portanto, eliminada. Mas pode-se dizer com certeza
que os problemas trazidos pelo desenvolvimento no Brasil não foram causados nem
exacerbados pelo desejo das sociedades indígenas de proteger suas culturas. Ao
contrário, o estilo brasileiro de desenvolvimento tem marginalizado tanto índios como
trabalhadores e pequenos produtores rurais, todos eles sofrendo as suas consequências.
Onde se diz que os índios são um “obstáculos ao desenvolvimento”, há sempre alguém
com interesses nas suas terras. ( Cultutal Survival, 1979). (p.107).

RERÊNCIAS

F BARTH (ed.), Ethnic groups and boundaries. "Introduction". Bergen-


Oslo/Boston: Universitets Forlaget/Little Brown, 1969.

GLAZER, Nathan. Título. Etnia, um fenômeno mundial. Data. 1976. Classificação


(CDDir) ... Referência: v. 28, p. 203–216, jul./dez., 1976.

RENAN Ernest. O que é uma nação? Origem do texto: Editor: Revistas Aulas,
tradução de Glaydson José da Silva. Documento pdf 21 páginas. [s.d] Disponível em:
chrome extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.unicamp.br/
~aulas/VOLUME01/ernest.pdf. Acesso em 03 de Abril de 2023.

MAYBURY-LEWIS, D. (2018). Vivendo Leviatã: grupos étnicos e o estado. Anuário


Antropológico, 8(1), 103–118. Recuperado de
https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6302
WEBER, Max, 1864-1920 Economia e sociedade: fundamentos da sociologia
compreensiva\ Max Weber; trad. de Regis Barbosa e Karen Barbosa; rev. Téc.de
Gabriel Cohn, 4ª ed. 4ª reimpressão – Brasília: editora Universidade de Brasília, 2015.

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