Você está na página 1de 31

Elementos naturais e artificiais

Oganessônio
O spin nuclear (I ) e a composição dos prótons e dos nêutrons

O spin nuclear do hidrogênio é igual 1/2.


O spin nuclear do deutério é igual a 1.

Como este fato pode ser explicado?


O spin nuclear (I ) e a composição dos prótons e dos nêutrons
➢ Em 1924, Wolfang Pauli postulou que os núcleos, à semelhança dos elétrons, comportar-se-iam como
pequenos ímãs, fato depois comprovado, mediante experiências similares às realizadas por Stern-Gerlach.

➢ O spin nuclear é representado pelo símbolo I, e os seus valores, ao contrário de s, podem ser diferentes de 1/2.
➢ Como explicar o spin nuclear?
❖ Prótons e neutros têm spin (I) iguais a 1/2 e são constituídos por quarks, cujos spins podem ser I = +1/2
(quark up) ou I = -1/2 (quark down).

❖ Os quarks têm cargas -1/3e ou 2/3e.

Próton: 2 quarks de carga 2/3e e 1 quark de carga -1/3e. 2(2/3e) –1/3e = 1e

Nêutron: 2 quarks de carga -1/3e e 1 quark de carga 2/3e. 2(-1/3e) + 2/3e = 0

❖ Combinações de 2 quarks up e 1 quark down ou de 2 quark down e 1 quark up resultam em momento de


spin (MI) +1/2 ou -1/2 para prótons ou nêutrons.

 Ip, n =  1/2
Composição dos prótons e dos neutrons
2(2/3e) – 1/3e = 1e 2(-1/3e) + 2/3e = 0e

2/3e -1/3e
u u u u
2/3e 2/3e
-1/3e
d -1/3e
d
Próton com spin 1/2 Neutron com spin 1/2

2/3e Átomo de He -1/3e

u d u d
2/3e 2/3e
-1/3e -1/3e
d d

Próton com spin -1/2 Neutron com spin -1/2


Modelo padrão das partículas elementares
Abundância Cósmica dos Elementos

 3,2.1011,5 Abundância do silício é normalizada


para 106 como referencial para
abundância dos elementos.

 10-25
Origem dos elementos Químicos
➢ A abundância dos elementos químicos é semelhante em todos os sistemas da natureza (abundância cósmica),
havendo diferenças em certos sistemas (meteoritos) ou em regiões de cada astro.
➢ Elementos mais presentes: H, He, C, N, O, Ne, Mg, Si e S.
➢ A abundância diminui com o aumento de Z até próximo ao Fe (Z – 26), indicando haver um aumento da
energia de ligação por núcleon neste elemento. (Núcleon é um próton ou um nêutron).
➢ Verifica-se que elementos com Z impar têm energias de ligação por núcleon menores do que os que têm Z par.
Abundância dos elementos formadores de rochas

A abundância das substâncias na natureza depende das forças de interação entre núcleos e
elétrons. Estas forças são forças eletrostáticas (determinantes, também, das ligações
intermoleculares em líquidos e gases).
Abundância cósmica dos elementos

Log10abundância elemento/106 abundancia do Si

❖ A fusão das partículas elementares para formação dos elementos só ocorre sob
condições energéticas extremas (sob temperaturas e pressões muito elevadas).

❖ A estabilidade dos átomos e a consequente abundância dos elementos na natureza


depende das forças de interação entre as partículas componentes dos núcleos. (As forças
nucleares fortes e fracas).
Química inorgânica
Abundância cósmica dos elementos

Por que tão


baixos?

❖ Elementos leves se fundem formando elementos mais pesados.

❖ As fusões só ocorrem sob condições energéticas extremas (temperaturas e pressões muito elevadas).

❖ A estabilidade dos átomos e a consequente abundância dos elementos na natureza depende das forças de
interação entre as partículas componentes dos núcleos. (As forças nucleares fortes e fracas).
As forças básicas da natureza
a) Força gravitacional
Ação das massas alcançando longas distâncias. É de
natureza atrativa. Define as órbitas dos planetas em
torno de estrelas e as interações entre as estrelas na
constituição das galáxias.
b) Força eletromagnética
Atua entre corpos carregados eletricamente ou
magnetizados. Pode ser atrativa ou repulsiva. Liga os
elétrons aos núcleos, formando os átomos, e estes
entre si, formando substâncias. Sua variação provoca
emissão ou absorção de radiações.
c) Força internuclear forte
Atua em curtíssima distância entre prótons e nêutrons,
formando os núcleos atômicos. Sua transmissão é
creditada às partículas (subpartículas) denominadas
mesons e gluons.
d) Força internuclear fraca

Atua em curta distância no decaimento β. Divisão de um


nêutron gerando um próton, um antineutrino (μ) e um
elétron (β). Sua transmissão é creditada aos bósons.
As forças básicas da natureza
➢ Forças determinantes das interações entre os constituintes da matéria (prótons,
nêutrons, átomos, moléculas e estruturas mais complexas).

Existem algumas evidências:


❖ de que a força eletromagnética e a força nuclear fraca constituem uma única
força, o que reduziria para três o numero de forças básicas; e
❖ por outro lado, algumas evidências parecem indicar a existência de uma
quinta força, distinta das outras quatro.
Formação dos elementos
Fusão nuclear Fissão nuclear

Forças fortes


՚ 𝐴 = 𝜋𝑟 2
Forças fracas
Fissão nuclear - “Efeito goda de água”

➢ As forças fracas transportadas por bósons entre componentes do núcleo atômico causam efeito
semelhante, provocando as fissões nucleares.
➢ As forças fracas funcionam como fator de equilíbrio na estabilidade nuclear e, sendo “retiradas”,
quebram o equilíbrio, provocando a fissão nuclear.
Origem dos elementos Químicos
Existem três processos modelados para explicar as sínteses dos elementos:

1) Nucleossíntese primordial – ocorrida por ocasião do Big Bang.

2) Nucleossíntese estelar: ocorrida nas estrelas.


❖ Nucleossíntese quiescente (estrelas em equilíbrio, “sossegadas”) – ocorrida no
decorrer da vida das estrelas.
❖ Nucleossíntese explosiva – ocorrida em estágios finais de vida de estrelas de
grandes massas (10 vezes massa do sol).

3) A nucleossíntese interestelar – choques de elementos formados nas etapas


anteriores com raios cósmicos.
➢ Raios cósmicos são partículas de altíssimas energias, constituídos
por prótons e nêutrons (núcleos atômicos), e viajam no espaço a
velocidades próximas à da luz.
➢ Podem ser núcleos leves, como os do hidrogênio, elemento mais
abundante do Universo, ou pesados, como os do ferro.
Origem dos elementos Químicos
Origem dos elementos Químicos
➢ Estima-se que cerca de 73% da massa do universo é constituída pelo hidrogênio, 23% pelo hélio e apenas
cerca de 4% pelos elementos mais pesados.

1) Nucleossíntese primordial – ocorrida por ocasião do Big Bang, quando a temperaturas estava por volta 1012 K
e havia uma densidade elevadíssima sobre partículas elementares e radiações (fótons).

❖ Cerca de 100 segundos após a grande explosão, com temperaturas na faixa de 1010 K a 109 K, partículas se
aglomeraram, ganhando estabilidade e formando os átomos de elementos leves - 2H, 3H, 3He, 4He, 7Be e 7Li.

❖ Cerca de 1.000 segundos após, a temperatura e a densidades já não são suficientes para produzir síntese de
núcleos mais pesados, com a nucleossíntese primordial interrompendo-se com a geração lítio.

❖ Outros elementos são formados nos processos de nucleossíntese estelar e interestelar.


Origem dos elementos Químicos
2) Nucleossíntese estelar
A a maior parte dos elementos é gerada em processos que ocorrem no interior das estrelas, mediante dois
mecanismos:
A. Nucleossíntese quiescente
B. Nucleossíntese explosiva
Nucleossíntese quiescente – é o processo que ocorre durante toda a vida das estrelas.
Ocorre enquanto a estrela está em equilíbrio hidrostático, com o peso das camadas superiores em equilíbrio
com a pressão dos gases nas camadas inferiores. Essa fase dura bilhões de anos, as temperaturas ficam entre
de 107 a 108 K, e nela ocorrem reações de fusão formando elementos mais pesados.

❖ Nessa etapa diz-se que ocorre Queima parcial do hidrogênio formado na síntese primordial.
❖ A queima do hidrogênio ocorre por interação próton-próton ou por ciclos envolvendo C, N e O - ciclo
CNO.
Origem dos elementos Químicos
Exemplos de queimas de hidrogênio:
❖ Cadeia ou ciclo próton-próton ocorre em temperaturas de cerca de 107 K, condição em que as energias
cinéticas dos prótons são suficientes para superar as repulsões eletrostáticas, possibilitando as fusões
asseguradas pelas forças nucleares fortes.

❖ Ciclo CNO -– o corre em estrelas de maiores massas, em temperaturas próximas 108 K e necessitam que as
mesmas já tenham C, N e O em sua composição.
Esses elementos devem ter sido formados em explosões de outras estrelas, já que não são formados na síntese
primordial.
Origem dos elementos Químicos
Origem dos elementos Químicos
Exemplos de queimas de hidrogênio:
❖ Ciclo CNO – o corre em estrelas de maiores massas, em temperaturas próximas 108 K e necessitam que as
mesmas já tenham C, N e O em sua composição.

Esses elementos (C, N e O) devem ter sido formados em explosões


de outras estrelas, já que não são formados na síntese primordial.

Nestes ciclos apenas os prótons são consumidos. Os demais (C, N


e O) funcionam semelhantemente aos catalisadores, entrando na
fase inicial e sendo recompostos na etapa final.
Origem dos elementos Químicos
❖ Com a continuação da queima, ocorre esgotamento do hidrogênio. Como essas queimas são exotérmicas, a
temperatura pode ficar acima de 108 K e possibilitar a queima de elementos mais pesados, como ocorre na
formação do 12C pela queima de três núcleos de 4He.

Dependendo da massa da estrela, a fusão do He com o próprio


carbono formado, pode gerar elementos mais pesados.
Origem dos elementos Químicos
❖ Alguns destes elementos podem também ser formados na queima de C e O, como é mostrado nas reações:

❖ Estas reações são exotérmicas, fazendo aumentar as temperaturas, com os núcleos adquirindo energias cinéticas
suficientes para formar elementos de massas mais elevadas, chegando até o 56Fe, interrompendo-se aí as sínteses
por quiescência.
Origem dos elementos Químicos
➢ Nucleossíntese explosiva
Ocorre nos estágios finais de vida de estrelas de grande massa (10 vezes a massa do sol) ou estrelas em
sistemas binários, em explosões de supernovas.
▪ Supernova é um corpo celeste originado pela explosão de uma estrela com massa cerca de 10
vezes maior do que a massa do Sol.
❖ Essas estrelas têm vida mais curta e podem colapsar com grandes explosões, liberando energias na
faixa de 1042 a 1044 J, podendo gerar desde elementos de massas intermediárias (Fe) até elementos de
massas elevadas.
❖ A baixa abundância de elementos de massas elevadas é um indicativo do menor número de estrelas
com essas características.
Origem dos elementos Químicos
Formação de elementos pesados
➢ PROCESSOS-S e PROCESSOS-R
Nesses processos, núcleos de 56Fe ou de outros elementos capturam nêutrons produzidos nas reações nucleares
anteriores, formando elementos mais pesados.
❖ Processos-s – ativo em sistemas onde a disponibilidade de nêutrons não é muito alta, como ocorre nos estágios
finais de vida de estrelas de massa intermediária ou em gigantes frias, na fase de queima hidrostática.
❖ Nele a captura de um nêutron é seguida pela liberação de um elétron, aumentando Z, repetindo-se o processo
até a formação de um novo núcleo estável.
56Fe + n → 57Fe → 57Co + e-
57Co + n → 58Co → 58Ni + e-

58Ni + n → 59Ni → 59Cu + e-

59Cu + n → 60Cu → 60Zn + e-

Processo-s e processo-r: o s vem de slow e o r vem de rapid (do inglês lento e rápido)
Obs.: estas sínteses também ocorrem pelo processo-r.
Origem dos elementos Químicos
Formação de elementos pesados

Processos-r – é semelhante ao processo-s, mas só ocorre em ambientes muito ricos em nêutrons, como os que
são gerados por explosões de supernovas, gerando estrelas de nêutrons).

❖ Elementos mais pesados do que 56Fe também podem ser formados por captura de prótons, ocorrendo em
temperaturas bem elevadas.

❖ A sínteses do 209Bi (Z = 83), por exemplo, se faz por este processo, por exigir altas energias e
encadeamento de muitas reações até alcançar o número atômico 83.

❖ No sistema solar, os elementos Y, Ba, Sr, Zr, La e Ce são produzidos principalmente pelo processo-s,
enquanto que Eu, Dy e Sm são devidos essencialmente ao processo-r.

❖ Alguns elementos, como Rb, Pr e Nd são produzidos de maneira semelhante por ambos os processos.
Origem dos elementos Químicos
3) A nucleossíntese interestelar – como o próprio nome indica, ocorre por ações interestelares

❖ Até pouco tempo, estudos sobre este processo eram feitos apenas sobre as reações que ocorrem na Via Láctea.

❖ Avia Láctea tem a forma de um disco com espessura da ordem de 1.000 parsecs e diâmetro da ordem de
30.000 parsecs (1 parsec = 3,1 x 1013 km cerca de 30,9 trilhões de quilômetros).

❖ Nessa região concentram-se o gases e poeiras interestelares, constituídas, principalmente, por hidrogênio e uma
pequena proporção de elementos mais pesados.

❖ Essa região é constantemente atravessada por raios cósmicos, que são prótons, elétrons, núcleos de He e de outros
elementos mais pesados, acelerados em explosões de supernovas ou por outros eventos muito energéticos.

❖ São estes gases e partículas de poeira que, por choques com raios cósmicos, originam os elementos gerados na
nucleossíntese interestelar, conforme descrito a seguir.
Origem dos elementos Químicos
3) A nucleossíntese interestelar (continuação)

❖ Na curva de abundância cósmica, os elementos Li, Be e B têm abundância cerca de 105 a 106 vezes menor do
que os elementos vizinhos C, N e O.

❖ Na produção desses elementos (Li, Be e B ), parte do isótopo 7Li é produzida na nucleossíntese primordial.
Mas, juntamente com o Be e o B, seus núcleos são destruídos com certa facilidade pelas reações nucleares
que ocorrem nas estrelas. (Ou seja: as concentrações destes diminuem significativamente, consumidos na
nucleossíntese estelar).

❖ Assim, a abundância dos isótopos 6Li, parte importante dos isótopos 7Li, 9Be, 10B e possivelmente do 11B são
produzidos por reações de espalação que ocorrem na nucleossíntese interestelar.
Origem dos elementos Químicos
3) A nucleossíntese interestelar (continuação).

❖ As reações de espalação consistem na fragmentação de núcleos pesados componentes de raios cósmicos por
colisões com átomos do gás interestelar, ou por fragmentação de átomos pesados componentes dos gases
interestelares por colisões com raios cósmicos leves.

❖ Este processo é pouco eficiente para formação de altas concentrações de novos núcleos, pelo fato de não existir
número de supernovas tão altos quanto o número de estrelas.

❖ Assim, como essencialmente os elementos Li, Be e B existentes são formados nas supernovas (síntese
interestelar), suas abundâncias na natureza são baixas, como se vê na curva de abundância cósmica dos
elementos (na ordem de 10-10 em relação ao hidrogênio).

❖ Os demais elementos podem ser produzidos de maneira muito mais eficiente nas estrelas (aí incluindo-se C, N
e O), o que pode justificar as abundâncias cósmica muito mais elevadas para estes e para outros elementos de
massas mais elevadas.
Origem dos elementos Químicos

Você também pode gostar