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16/04/24, 09:47 Fissão nuclear – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fissão nuclear
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fissão nuclear, na física nuclear, é a quebra do núcleo de um átomo instável em dois núcleos menores pelo
bombardeamento de partículas como nêutrons. Os isótopos formados pela divisão têm massa parecida, no
entanto geralmente seguem a proporção de massa de 3 para 2.[1][2]

O processo de fissão é uma reação exotérmica onde há liberação de energia e ocorre em usinas nucleares e em
bombas atômicas. A fissão é considerada uma forma de transmutação nuclear pois os fragmentos gerados não
são do mesmo elemento do que o isótopo gerador.

Descrição
Os processos que alteram o estado ou composição da matéria são
acompanhados pela absorção ou geração de energia. Processos comuns, como a
combustão, produzem energia pelo rearranjo químico dos átomos ou moléculas.
Por exemplo, a combustão do metano é representada pela seguinte reação:

Neste exemplo, a energia produzida é de 8 elétron-volts (eV). O elétron-volt é


uma unidade de energia que representa o ganho de energia cinética quando um
elétron é acelerado por uma diferença de potencial de um volt.[4]

A mais conhecida reação nuclear é a fissão. Nela, um núcleo pesado se combina


com um nêutron e se separa em dois outros núcleos mais leves. Uma típica
reação de fissão envolvendo o urânio é:

em que a energia liberada é de aproximadamente 200 MeV (milhões de eletron- Diagrama representativo da
fissão nuclear do urânio: o
volt), um fator de 25 milhões de vezes superior ao da reação da combustão do
nêutron colide com o núcleo, que
metano.
se torna instável e, em seguida,
se divide em dois novos núcleos
A captura de um nêutron pelo 235U produz um estado excitado do 236U, Para a alquimia, transmutação é a
o qual menores e mais leves (bário e
possui energia mais do que suficiente para dividi-lo em dois fragmentos. conversão
Por de um elemento
criptônio) químico
que, por sua vez, em
outro lado, a energia crítica para a fissão do 239 outro.de
U é 5,9 MeV , mas a captura Este conceito é também aplicado
liberam energia, radiação gama e
238U com características próprias na genética
um nêutron por um núcleo de produz uma energia de excitação de apenas alguns nêutrons.
5,2 MeV. Assim, quando um nêutron térmico é capturado pelo 238eUnapara física nuclear.
formar 239U, a energia de excitação não é suficiente para que a fissão ocorra.
Neste caso, o núcleo excitado de 239U volta ao estado fundamental emitindo
raios gama ou partículas alfa.

Todos os núcleos com número atômico maior do que 83 são radioativos. Entre
os vários modos possíveis de decaimento dos núcleos muito pesados (Z > 90)
está a fissão espontânea. Estes núcleos podem se dividir em dois fragmentos
mesmo que não absorvam um nêutron. Podemos compreender a fissão
Reator nuclear natural de Oklo:[3]
espontânea usando a analogia de uma gota de líquido com cargas positivas.
1. Área onde ocorreram reações
Quando a gota não é muito grande, a tensão superficial é suficiente para manter
de fissão.
a gota coesa, apesar das forças de repulsão que existem entre as cargas. Existe, 2. Arenito.
porém, um tamanho máximo a partir do qual a gota se torna instável e se parte 3. Minério de urânio.
espontaneamente em duas, já que a força de repulsão é proporcional ao número 4. Granito.

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de cargas, que, por sua vez, é proporcional ao volume e, portanto ao cubo do raio da gota, enquanto a tensão
superficial é proporcional à área da superfície e, portanto ao quadrado do raio da gota.

A possibilidade de fissão espontânea estabelece um limite superior para o tamanho dos núcleos e, portanto para
o número de elementos da tabela periódica. É preciso observar que a probabilidade de fissão espontânea dos
núcleos naturais é muito pequena em relação aos outros modos possíveis de decaimento. Assim, por exemplo, a
meia-vida do 238U em relação ao decaimento alfa é de 4,5 x 109 anos, enquanto a meia-vida em relação à fissão
espontânea é 1016 anos.

O mesmo núcleo pode se fissionar de muitas formas diferentes, produzindo fragmentos de diferentes tamanhos.
Dependendo da reação, também podem ser emitidos um, dois ou três nêutrons. O número médio de nêutrons
emitidos na reação de fissão do 235U induzida por nêutrons térmicos é 2,4. A fissão é acompanhada pela emissão
imediata de um ou mais dos nêutrons em excesso, seguida pelo decaimento beta (veja na sequência) dos
fragmentos de fissão para reduzir ainda mais o número de nêutrons. Em consequência, alguns nêutrons são
emitidos espontaneamente imediatamente após a fissão e outros são convertidos em prótons por emissão beta. A
força de repulsão eletrostática faz com que fragmentos sejam arremessados em direções opostas com energia
cinética elevada; colisões com os outros átomos transformam subsequentemente energia em energia térmica. A
fissão libera energia de aproximadamente 200 MeV por núcleo. Trata-se de uma quantidade muito grande de
energia.

Em uma reação de combustão, por exemplo, apenas 4 eV são liberados por molécula de oxigênio consumida.

O decaimento beta ocorre com a emissão de partículas beta (β), assim chamados os elétrons (ou pósitrons) com
grande quantidade de energia emitidos de núcleos atômicos. Existem duas formas de decaimento beta, β- e β+.
No decaimento β+ , um próton é convertido num nêutron, com a emissão de um pósitron e de um neutrino. No
decaimento β- um nêutron é convertido num próton, com emissão de um elétron e de um antineutrino (a
antipartícula do neutrino).[5]

Outra importante reação nuclear é a fusão nuclear, na qual dois elementos


leves combinam-se para formar um átomo mais pesado (ver: Fusão
aneutrônica, Stellarator e Tokamak). Uma importante reação é:

em que a energia liberada pela reação é próxima de dezoito milhões de eV. A


fusão nuclear é um processo de produção de energia a partir do núcleo de um
átomo. Este fenômeno ocorre naturalmente no interior do Sol e das estrelas.
Núcleos leves como o do hidrogênio e seus isótopos, o deutério e o trítio, se Fusão nuclear de deutério-trítio
fundem e criam elementos de um núcleo mais pesado, como o hélio. gerando energia e produzindo como
resíduo apenas hélio.
Usinas termonucleares aproveitam a enorme energia liberada por reações
nucleares para a produção de energia em alta escala. Em uma moderna usina
de carvão, a combustão de uma libra (453,59g) de carvão produz 1 quilowatt hora (kWh) de energia elétrica. A
fissão de uma libra de urânio em uma moderna usina nuclear produz cerca de três milhões de kWh de energia
elétrica. É a incrível densidade da energia (energia por unidade de massa) que faz as fontes de energia nuclear
serem tão interessantes.[5]

No presente, apenas o processo de fissão é utilizado na produção comercial de energia (geralmente para produzir
eletricidade). As pesquisas sobre a fusão ainda não produziram uma tecnologia de produção de energia
economicamente factível.

Núcleo atômico
Tudo o que existe no mundo observável é feito de matéria, que por sua vez é composta por partículas chamadas
átomos. Esses átomos têm em seu interior um centro (o núcleo atômico) que é rodeado pelas camadas eletronicas
bem definidas de energia onde giram os elétrons (partículas negativas e-). O centro do átomo costuma ser em
média de 10 a 100 mil vezes menor que ele e comporta dentro de si os prótons (partículas positivas p) e os
nêutrons (partículas neutras n). Alguns átomos possuem núcleos instáveis, ou seja, que estão em constante

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processo de desintegração nuclear, o que propicia a liberação das radiações radiação alfa - α, radiação beta -β e
radiação gama - γ. Como estão sempre em instabilidade, qualquer partícula que seja adicionada a esse núcleo
pode, em suma, provocar a sua desintegração total em energia e uma maior liberação de partículas que se movem
em alta velocidade. Esse é o princípio da fissão nuclear realizada nos reatores das usinas nucleares ou no interior
das estruturas de uma bomba atômica.[6]

Energia de ligação nuclear


A energia liberada no processo de fissão nuclear é resultado da conversão de parte da massa nuclear em energia,
prevista pela ideia relativística de massa-energia, esta massa nuclear que se transforma em energia não é
composta por quarks como poderíamos supor, mas é o resultado da força forte, uma das quatro forças
fundamentais cuja partícula mensageira é o glúon (do inglês, glue, cola). A força forte, nas distâncias subatômicas
é a mais forte de todas as quatro e é o que mantém quarks e, consequentemente, nêutrons e prótons coesos no
núcleo do átomo. A energia que tal força dispensa é percebida como massa e é parte da massa total do núcleo
(razão pela qual a massa do núcleo é ligeiramente maior que a de todos os seus componentes somadas, o glúon
não possui massa).

Tal força é menor quanto menos numerosas são as partículas componentes do átomo, sendo assim parte da
massa resultado da energia dispensada pela força forte é convertida em energia. A maior parte da energia
liberada neste processo conhecido como fissão (onde usualmente um átomo de Urânio-235 recebe um nêutron se
tornando Urânio-236 oscilando e ficando instável até se fragmentar em Criptônio e Bário) é do tipo luminosa,
porém uma considerável parte é convertida em partículas fundamentais mais raras como o neutrino do elétron, o
múon ou o pósitron.

A formação de antipartículas como o pósitron ou o antimúon são geralmente seguidas pela interação com suas
partículas o que também libera energia, portanto é comum confundir a energia liberada da fissão, que é também
um tipo de conversão massa - energia, com este outro tipo de conversão massa - energia (ver: Antimatéria).

Fator de produção e reação em cadeia


Para que uma reação nuclear seja autossustentada, é preciso que, em média, pelo menos um dos nêutrons
emitidos pela fissão do 235U seja capturado por outro núcleo de 235U e provoque a fissão deste segundo núcleo. O
fator de reprodução de um reator, representado pela letra k, é definido como o número médio de nêutrons
resultantes de fissões que produzem novas fissões.[5]

No caso do 235U , o número máximo possível de k é 2,4, mas este número normalmente é bem menor, por duas
razões principais:

1. Alguns nêutrons escapam da região que contém os núcleos fissionáveis;


2. Alguns nêutrons são capturados por núcleos não-fissionáveis. Quando k é exatamente igual a 1, a reação é
autossustentada; quando k é menor que 1, a reação não prossegue. Quando k é maior que 1, o número de
fissões aumenta rapidamente e a reação se torna “explosiva”. É o que acontece nas bombas nucleares.[5]
Nos reatores nucleares para produção de energia, o valor de k é mantido muito próximo de 1, veja esquema na
figura , onde os fragmentos de fissão estão representados apenas para as primeiras quatro fissões. O número
médio de nêutrons produzidos é 2,5 por fissão. Neste exemplo, k = 1,6. Observe que embora existam quarenta
nêutrons no diagrama, basta absorver dois destes nêutrons para que o fator de produção seja reduzido para k = 1,
o valor necessário para que a reação se mantenha estável. Quando k é exatamente igual a 1, dizemos que o reator
está crítico; quando k < 1, que está subcrítico; quando k > 1, que está supercrítico.[5]

Como os nêutrons emitidos na fissão em geral têm energias da ordem de 1 MeV ou maiores, enquanto a seção de
choque para captura de nêutrons é muito maior para baixas energias, a reação em cadeia só se mantém se os
nêutrons perderem energia antes de escaparem do reator.

Os nêutrons de alta energia (1 a 2 MeV) perdem rapidamente energia através de colisões inelásticas com o 238U, o
isótopo mais abundante do urânio natural. Depois que a energia dos nêutrons cai abaixo de 1 MeV, o principal
processo de perda de energia passa a ser o espalhamento elástico, no qual um nêutron colide com um núcleo em
repouso e, para respeitar a lei de conservação do momento, transfere parte de sua energia cinética para o núcleo.

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Este processo de transferência de energia só é eficiente


quando as massas dos dois corpos são da mesma ordem; em
uma colisão elástica, um nêutron não transfere muita energia
para um núcleo de 238U, que tem uma massa muito maior.
Este tipo de colisão é análogo à colisão de uma bola de gude
com uma bola de sinuca; a bola de gude é desviada pela bola
de sinuca, mas a energia cinética permanece praticamente
inalterada.

Por esta razão, costuma-se colocar um material de baixa


massa atômica, como água ou grafite, conhecidos como
moderador nuclear, no núcleo do reator, para reduzir a
energia dos nêutrons, aumentando assim a probabilidade de
fissão antes que os nêutrons escapem do reator. Os nêutrons
perdem energia através de colisões com o moderador.

O uso da tecnologia de reatores nucleares para geração de


eletricidade foi afetada por acidentes como o de Chernobyl
(Ucrânia), criando certo receio na população mundial, quanto
a sua utilização para geração de energia elétrica, mas,
recentemente, vem apresentando notável nível de
confiabilidade e eficiência. A grande quantidade de urânio
existente no planeta poderia suprir os reatores de usinas
nucleares e de pesquisas, bem como uso militar, com
combustível nuclear por muitos anos, alimentando esses
reatores durante sua vida útil (entre quarenta e cinquenta
anos). Representação esquemática de uma reação em
cadeia do 235U, onde os fragmentos de fissão estão
Alternativamente, o tório como combustível em reatores de representados para as quatro primeiras fissões
fissão, teria vantagens sobre o urânio e os reatores de tório
seriam mais seguros.[8][9]

Ver também
Antimatéria
Fusão nuclear
Lise Meitner
Movimento pró-nuclear / Movimento antinuclear
Otto Hahn Indian Point Energy Center, em Buchanan (Nova
Iorque), local da instalação do primeiro reator de tório
Propulsão nuclear
do mundo.[7]

Referências
1. Arora, M. G.; Singh, M. (1994). Nuclear Chemistry (http://books.google.com/books?id=G3JA5pYeQcgC&pg=
PA202) (em inglês). [S.l.]: Anmol Publications. p. 202. ISBN 81-261-1763-X. Consultado em 1 de junho de
2013
2. Saha, Gopal (2010). Fundamentals of Nuclear Pharmacy (http://books.google.com/books?id=bEXqI4ACk-AC
&pg=PA11) (em inglês) 6ª ed. [S.l.]: Springer Science+Business Media. p. 11. ISBN 1-4419-5859-2.
Consultado em 1 de junho de 2013
3. Isabela Moreira (27 de julho de 2015). «Existe um reator nuclear natural de 2 bilhões de anos na África» (http
s://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2015/07/existe-um-reator-nuclear-natural-de-2-bilhoes-de-anos-na
-africa.html). revista Galileu. Consultado em 6 de agosto de 2021
4. EISBERG, R.; RESNICK, R. (1979). Física Quântica. Rio de Janeiro: Campus. p. 54. ISBN 978-85-700-1309-
5
5. Claudinei Cerconi (2009). Tânia Toyomi Tominaga, ed. Energia nuclear, o que é necessário saber? (http://revi
stas.unicentro.br/index.php/RECEN/article/viewArticle/119). 1 1 ed. [S.l.: s.n.] 33 páginas
6. Kruger, Ian (2008). Strike of the Black Mamba (em inglês). [S.l.]: Ian Kruger. ISBN 143-486-047-7

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fissão_nuclear 4/5
16/04/24, 09:47 Fissão nuclear – Wikipédia, a enciclopédia livre

7. M. Dukert, Joseph (1970). «THORIUM and the Third Fuel» (https://www.osti.gov/includes/opennet/includes/U


nderstanding%20the%20Atom/Thorium%20and%20the%20Third%20Fuel.pdf) (PDF). Office of Scientific and
Technical Information (em inglês), pág. 31. Consultado em 6 de agosto de 2021
8. Pedro Jacobi (5 de novembro de 2013). «Tório uma nova revolução nuclear?» (http://www.geologo.com.br/M
AINLINK2013.ASP?VAIPARA=Torio%20uma%20nova%20revolucao). O Portal do Geólogo. Consultado em 6
de agosto de 2021
9. «Thorium: Cleaner Nuclear Power?» (https://www.power-technology.com/features/feature1141/). Power
Technology. 9 de agosto de 2007. Consultado em 6 de agosto de 2021

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