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PARA E NTE N D E R A

TERRA SEXTA EDIÇÃO

JOHN GROTZINGER
TOM JORDAN
Tradutores da 4ª edição
Rualdo Menegat
Professor do Instituto de Geociências/UFRGS
Paulo César Dávila Fernandes
Professor da Universidade do Estado da Bahia
Luís Aberto Dávila Fernandes
Professor do Instituto de Geociências/UFRGS
Carla Cristine Porcher
Professora do Instituto de Geociências/UFRGS

G881e Grotzinger, John.


Para entender a terra [recurso eletrônico] / John
Grotzinger, Tom Jordan ; tradução: Iuri Duquia Abreu ;
revisão técnica: Rualdo Menegat. – 6. ed. – Dados
eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013.

Editado também como livro impresso em 2013.


Tradução da 4. ed. de Rualdo Menegat, Paulo César
Dávila Fernandes, Luís Aberto Dávila Fernandes, Carla
Cristine Porcher.
ISBN 978-85-65837-82-8

1. Geociências. 2. Geologia. I. Jordan, Tom. II. Título.

CDU 55

Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150


C A P Í T U LO 3  M AT E R I A I S D A T E R R A : M I N E R A I S E R O C H A S 59

Átomo de carbono

Nuvem eletrônica

Núcleo

O carbono tem seis elétrons


carregados negativamente
em uma nuvem...

A estrutura da matéria …circundando um núcleo


com seis prótons
carregados positivamente…
Em 1805, John Dalton, um químico inglês, formulou a hi-
pótese de que cada elemento químico consiste em dife-
rentes tipos de átomos, que todos os átomos de um dado … e seis nêutrons
elemento químico são idênticos e que os compostos quí- sem carga.
micos são formados por várias combinações de átomos de
diferentes elementos em proporções definidas. No início
do século XX, os físicos, químicos e mineralogistas, traba- Elétron (–)
lhando a partir das ideias de Dalton, conseguiram enten- Próton (+)
der a estrutura da matéria de uma forma muito próxima
Nêutron
daquela aceita atualmente. Sabemos hoje que um átomo é
a menor parte de um elemento que conserva as proprie- FIGURA 3.2  Estrutura do átomo de carbono (carbono-12). Os
dades físicas e químicas deste. Também sabemos que os seis elétrons, cada um com carga ⫺1, são representados como
átomos são as menores unidades de matéria que se com- uma nuvem carregada negativamente, que circunda o núcleo;
binam nas reações químicas e que os próprios átomos são este contém seis prótons, cada qual com carga ⫹1, e seis nêu-
divisíveis em unidades ainda menores. trons, cada qual com carga zero. No desenho, o tamanho do
núcleo está representado em uma escala muito exagerada; ele
é pequeno demais para ser exibido em uma escala verdadeira.
A estrutura dos átomos
O conhecimento da estrutura dos átomos permite-nos
predizer como os elementos químicos irão reagir uns com
os outros, formando novas estruturas cristalinas. A estru- Número atômico e massa atômica
tura de um átomo é definida por um núcleo, que contém O número de prótons do núcleo de um átomo é chama-
prótons e nêutrons e que é cercado por elétrons. Para in- do de número atômico. Como todos os átomos de um
formações mais detalhadas a respeito da estrutura dos mesmo elemento têm igual número de prótons, então
átomos, consulte o Apêndice 3. eles também têm o mesmo número atômico. Todos os
átomos com seis prótons, por exemplo, são átomos de
O NÚCLEO: PRÓTONS E NÊUTRONS No centro de cada
carbono (número atômico 6). Na verdade, o número atô-
átomo, há um núcleo denso, no qual está contida virtual-
mico de um elemento pode nos dizer tantas coisas sobre
mente toda a massa do átomo em dois tipos de partículas:
o seu comportamento, que a tabela periódica foi organi-
prótons e nêutrons (Figura 3.2). O próton tem uma carga
zada de acordo com esse número (ver Apêndice 3). Os
elétrica positiva ⫹1. O nêutron é eletricamente neutro –
elementos de uma mesma coluna da tabela periódica,
isto é, sem carga. Os átomos de um mesmo elemento quí-
como o carbono e o silício, tendem a ter propriedades
mico podem ter diferentes números de nêutrons, mas o
químicas semelhantes.
número de prótons não varia. Por exemplo, todos os áto-
A massa atômica de um elemento é a soma das
mos de carbono têm seis prótons.
massas de seus prótons e nêutrons. (Os elétrons, por te-
ELÉTRONS Circundando o núcleo, há uma nuvem de par- rem uma massa muito pequena, não são incluídos nessa
tículas em movimento, os elétrons, cada qual com uma soma.) Embora o número de prótons seja constante, os
massa tão pequena que, por convenção, é considerada átomos de um mesmo elemento químico podem ter dife-
de valor zero. Cada elétron tem uma carga elétrica ⫺1. O rentes números de nêutrons e, portanto, diferentes mas-
número de prótons de qualquer átomo é balanceado pelo sas atômicas. Esses vários tipos de átomos são chamados
mesmo número de elétrons da nuvem que circunda o nú- de isótopos. Todos os isótopos do elemento carbono, por
cleo; portanto, um átomo é eletricamente neutro. Assim, exemplo, têm seis prótons, podendo ter seis, sete e oito
o núcleo de um átomo de carbono é circundado por seis nêutrons, cujas massas atômicas serão, portanto, 12, 13 e
elétrons (ver Figura 3.2). 14, respectivamente.
60 PA R A E N T E N D E R A T E R R A

Na natureza, os elementos químicos existem como Na reação entre os átomos de sódio (Na) e de clo-
misturas de isótopos e, assim, suas massas atômicas nun- ro (Cl) para formar cloreto de sódio (NaCl), elétrons se
ca são números inteiros. A massa atômica do carbono, por transferem. O átomo de sódio perde um elétron, que o
exemplo, é 12,011. É próxima a 12, porque o isótopo car- átomo de cloro ganha (Figura 3.4a). Um átomo ou grupo
bono-12 é, de longe, muito mais abundante. A abundân- de átomos que tenha carga elétrica, seja positiva ou ne-
cia relativa entre os diferentes isótopos de um elemento gativa, devido à perda ou ganho de um ou mais elétrons
na Terra é determinada por processos que causam o au- é chamado de íon. Como o átomo de cloro recebeu um
mento da quantidade de alguns isótopos em relação aos elétron com carga negativa, tornou-se um íon carregado

outros. O carbono-12, por exemplo, é favorecido por algu- negativamente (Cl ). Da mesma forma, a perda de um
mas reações, como a fotossíntese, nas quais os compostos elétron dá ao átomo de sódio uma carga positiva, tornan-

de carbono orgânico são produzidos a partir de compos- do-o um íon de sódio (Na ). O composto NaCl perma-

tos de carbono inorgânico. nece eletricamente neutro, pois a carga positiva do Na

é exatamente balanceada pela carga negativa do Cl . Um
íon carregado positivamente é denominado de cátion, e
Reações químicas um íon carregado negativamente é chamado de ânion.
A estrutura de um átomo determina suas reações quí-
micas com os demais. As reações químicas são interações
entre átomos de dois ou mais elementos químicos em Ligações químicas
certas proporções fixas, produzindo compostos químicos. Quando um composto químico é formado por compar-
Por exemplo, quando dois átomos de hidrogênio combi- tilhamento ou transferência de elétrons, os íons ou áto-
nam-se com um de oxigênio, formam um novo composto mos que o compõem são mantidos juntos por atração
químico: a água (H2O). As propriedades de um composto eletrostática entre elétrons com carga negativa e prótons
químico podem ser inteiramente diferentes daquelas dos com carga positiva. As atrações, ou ligações químicas, entre
seus elementos constituintes. Por exemplo, quando um elétrons compartilhados ou elétrons cedidos e ganhos po-
átomo de sódio, um metal, combina-se com um átomo dem ser fortes ou fracas. As ligações fortes impedem que
de cloro, um gás nocivo, forma-se o composto químico a substância decomponha-se nos seus elementos consti-
cloreto de sódio, mais conhecido como sal de cozinha. tuintes ou em outros compostos. Elas também tornam os
Representa-se esse composto pela fórmula química NaCl, minerais duros e impedem que eles se quebrem ou se di-
na qual o símbolo Na refere-se ao elemento sódio e o Cl, vidam em partes. Existem dois principais tipos de ligações
ao cloro. (A cada elemento químico foi atribuído um sím- nos minerais que formam as rochas: as ligações iônicas e
bolo próprio, que se usa à maneira de uma notação taqui- as covalentes.
gráfica, para escrever fórmulas e equações químicas; esses
LIGAÇÕES IÔNICAS A forma mais simples de ligação quí-
símbolos estão na tabela periódica do Apêndice 3.)
mica é a ligação iônica. As ligações deste tipo formam-
Os compostos químicos, como os minerais, são for-
-se pela atração eletrostática entre íons de cargas opostas,
mados por transferências de elétrons entre os átomos ⫹ ⫺
como o Na e o Cl no cloreto de sódio (ver Figura 3.4a),
reagentes ou por compartilhamento de elétrons entre
quando os elétrons são transferidos. Essa atração é exa-
eles. O carbono e o silício, dois dos mais abundantes ele-
tamente do mesmo tipo da eletricidade estática que faz
mentos da crosta terrestre, tendem a formar compostos
com que as roupas de náilon ou de seda fiquem grudadas
por meio de compartilhamento de elétrons. O diamante 2
ao nosso corpo. A força de uma ligação iônica diminui
é um composto formado inteiramente por átomos de car-
muito à medida que a distância entre os íons aumenta e é
bono que compartilham elétrons entre si (Figura 3.3).
mais forte se as cargas elétricas destes forem maiores. As
ligações iônicas são predominantes nas estruturas crista-
Os átomos de carbono, no …que compartilham um linas: cerca de 90% de todos os minerais são compostos
diamante, são dispostos elétron com quatro átomos essencialmente iônicos.
em tetraedros regulares... vizinhos.
LIGAÇÕES COVALENTES Os elementos que não ganham
nem perdem elétrons facilmente para formar íons e que,
ao invés disso, formam compostos por compartilhamento
eletrônico ligam-se uns aos outros por meio de ligações
covalentes, que são, em geral, mais fortes que as ligações
iônicas. Um exemplo de mineral com estrutura crista-
lina ligada por meio de covalência é o diamante, que se
compõe unicamente do elemento carbono. Os átomos de
carbono têm quatro elétrons na camada de valência e ad-
Átomos de carbono
Elétrons quirem mais quatro por compartilhamento. No diamante,
Núcleo cada átomo de carbono é circundado por quatro outros
átomos, dispostos em um tetraedro regular, ou seja, uma
FIGURA 3.3  Alguns átomos compartilham elétrons para for- forma piramidal de quatro faces triangulares (ver Figura
mar ligações covalentes. 3.3). Nessa configuração, cada átomo de carbono compar-
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(a) Quando o sódio (Na) e o cloro (Cl) reagem, O átomo de cloro adquire aquele elétron.
o átomo de sódio perde um elétron. A atração eletrostática mantém os dois íons juntos.

Na Cl Na Cl

Átomo de sódio Átomo de cloro Íon sódio (⫹) Íon cloreto (⫺)
(1 elétron na camada externa) (7 elétrons na camada externa)

(b) Os íons sódio e cloreto


empacotam-se juntos em Cada íon sódio (circulado em vermelho) é circundado por
uma estrutura cúbica. seis íons cloreto (circulados em amarelo) e vice-versa.

Íon
cloreto Íon
sódio

FIGURA 3.4  Alguns átomos transferem elétrons para formar


ligações iônicas. [Foto de John Grotzinger/Ramón Rivera-Moret/Harvard Cristal NaCl Halita (sal de cozinha)
Mineralogical Museum]

tilha um elétron com cada um de seus átomos vizinhos, o e as condições em que são formados. Mais adiante, nes-
que resulta em uma configuração muito estável. A Figura te capítulo, veremos de que maneira a estrutura cristalina
3.10 mostra um retículo formado por tetraedros de carbo- dos minerais se manifesta nas suas propriedades físicas.
no ligados entre si.
LIGAÇÕES METÁLICAS Os átomos de elementos metálicos, A estrutura atômica dos minerais
que têm forte tendência a perder elétrons, são empaco- Os minerais formam-se pelo processo de cristalização,
tados como se fossem cátions, e os elétrons, que perma- que é o crescimento de um sólido a partir de um gás ou
necem livres para mover-se, são compartilhados e ficam líquido cujos átomos constituintes agrupam-se segundo
dispersos entre esses cátions. Esse compartilhamento de proporções químicas e arranjos cristalinos adequados
elétrons livres resulta em um tipo de ligação covalente (lembre-se de que os átomos dos minerais são organiza-
chamada de ligação metálica, que ocorre em poucos mi- dos segundo um arranjo tridimensional ordenado). Um
nerais, entre eles, o cobre metálico e alguns sulfetos. exemplo de cristalização são as ligações de átomos de
As ligações químicas de alguns minerais têm caráter carbono do diamante, que é um mineral constituído por
intermediário entre ligações puramente iônicas e pura- ligações covalentes. Sob as altíssimas pressões e tempe-
mente covalentes, pois alguns elétrons são trocados, en- raturas do manto da Terra, os átomos de carbono juntam-
quanto outros são compartilhados. -se em tetraedros, cada qual ligado a outros, constituin-
do uma estrutura tridimensional regular a partir de um
grande número de átomos (ver Figura 3.8). À medida que
A formação dos minerais o cristal de diamante cresce, estende sua estrutura tetra-
édrica em todas as direções, sempre adicionando novos
As formas ordenadas dos minerais resultam das ligações átomos e seguindo um arranjo geométrico próprio. Os
químicas que acabamos de descrever. Os minerais podem diamantes podem ser sintetizados artificialmente a partir
ser estudados segundo dois pontos de vista complemen- do carbono em altas temperaturas e pressões, que repro-
tares: como agrupamentos de átomos submicroscópicos duzem as condições do manto terrestre.
organizados segundo um arranjo tridimensional ordena- Os íons sódio e cloreto, que constituem o cloreto de
do ou como cristais que podem ser vistos a olho nu. Nesta sódio, um mineral cujas ligações são iônicas, também cris-
seção, examinamos as estruturas cristalinas dos minerais talizam segundo um arranjo tridimensional ordenado. Na
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CÁTIONS Silício Alumínio Ferro Magnésio Ferro Sódio Cálcio Potássio


(Si4⫹) (Al3⫹) (Fe3⫹) (Mg2⫹) (Fe2⫹) (Na⫹) (Ca2⫹) (K⫹)

0,27 0,53 0,65 0,72 0,73 0,99 1,00 1,38

ÂNIONS Oxigênio Cloreto Sulfeto


(O2⫺) (Cl⫺) (S2⫺)

FIGURA 3.5  Os tamanhos dos íons, na forma em que são


comumente encontrados em minerais formadores de rocha. Os
⫺8
raios iônicos são dados em 10 cm. [Fonte: L. G. Berry, B. Mason and R.
1,40 1,81 1,84 V. Dietrich, Mineralogy. San Francisco: W. H. Freeman, 1983]

Figura 3.4b, podemos ver como é a geometria desse agru- do segundo em muitas estruturas cristalinas. Neste caso, a
pamento, onde cada íon de um elemento é circundado diferença de carga entre o alumínio (3⫹) e o silício (4⫹) é
por seis íons do outro, formando uma série de estruturas compensada pelo aumento do número de outros cátions,
cúbicas que se estendem em três direções. Podemos assim como o sódio (1⫹).
considerar os íons como se fossem esferas rígidas, em-
pacotadas em conjunto e formando unidades estruturais
que se ajustam precisamente. A Figura 3.4b também mos- A cristalização de minerais
tra as dimensões relativas dos íons no NaCl. Os tamanhos A cristalização começa com a formação de cristais mi-
relativos dos íons sódio e cloreto permitem que eles se croscópicos individuais, que são arranjos tridimensionais
encaixem em um arranjo precisamente ajustado. ordenados de átomos, nos quais o arranjo básico repete-
Nos minerais mais comuns, a maioria dos cátions é -se em todas as direções. Os limites dos cristais são su-
relativamente pequena e a dos ânions é grande (Figura perfícies planas chamadas de faces cristalinas (Figura 3.6).
3.5), como é o caso do ânion mais comum na Terra, o oxi-
2⫺
gênio (O ). Como os ânions tendem a ser maiores que
os cátions, a maior parte do espaço de um cristal é ocupa-
da por ânions, e os cátions ocupam os espaços entre es-
tes. Como consequência, as estruturas cristalinas são em
grande parte determinadas pela forma como os ânions
estão dispostos e pela maneira como os cátions se colo-
cam entre eles.
Os cátions com tamanhos e cargas semelhantes ten-
dem a substituir-se mutuamente e formar compostos de
mesma estrutura cristalina, mas com composições quími-
cas diferentes. A substituição catiônica é comum em mine-
4⫺
rais contendo o íon silicato (SiO4 ), e esse processo pode
ser ilustrado pela olivina, um mineral do tipo silicato que
é abundante em muitas rochas vulcânicas. Os íons ferro
2⫹ 2⫹
(Fe ) e magnésio (Mg ) têm tamanhos semelhantes e
duas cargas positivas, podendo então substituir-se mutu-
amente com muita facilidade na estrutura da olivina. A
composição da olivina puramente magnesiana é Mg2SiO4,
e a da olivina puramente ferrífera é Fe2SiO4. A compo-
sição da olivina contendo ferro e magnésio é dada pela
fórmula (Mg,Fe)2SiO4, o que significa simplesmente que
o número de cátions de ferro e de magnésio pode variar,
mas seu total combinado (expresso pelo número 2 na fór-
4⫺
mula da olivina) não muda em relação a cada íon SiO4 .
A proporção entre ferro e magnésio é determinada pela
3
abundância relativa dos dois elementos no material fun-
dido a partir do qual a olivina cristalizou-se. Da mesma FIGURA 3.6  Cristais de ametista e quartzo, crescendo sobre
3⫹ 4⫹
forma, o alumínio (Al ) substitui o silício (Si ) em mui- cristais de epídoto (verde). As superfícies planas são faces cris-
tos minerais silicáticos. Os íons alumínio e silício são tão talinas e refletem a estrutura atômica interna do mineral. [John
similares em tamanho que o primeiro pode tomar o lugar Grotzinger/Ramón Rivera-Moret/Harvard Mineralogical Museum]
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cristais acabam crescendo uns sobre os outros e coales-


cem para se tornar uma massa sólida de partículas cris-
talinas, chamadas de grãos. Nesse caso, poucos grãos ou
nenhum terão faces cristalinas. Cristais suficientemente
grandes para serem vistos a olho nu são raros, mas muitos
dos minerais nas rochas têm faces cristalinas que podem
ser vistas ao microscópio.
Diferentemente dos minerais cristalinos, os materiais
Faces cristalinas vítreos – que, por se solidificarem tão rapidamente a partir
Um cristal de quartzo perfeito Um cristal de quartzo natural de líquidos, não têm qualquer ordem atômica interna –
não formam cristais com faces planas. Em vez disso, eles
FIGURA 3.7  Os cristais perfeitos são raros na natureza, mas, são encontrados como massas com superfícies curvas, ir-
independentemente do grau de irregularidade das faces, os ân-
regulares. O mais comum dos vidros é o vidro vulcânico.
gulos são sempre exatamente os mesmos. [Foto de Breck P. Kent]

As faces cristalinas de um mineral são a expressão externa


Como se formam os minerais?
da estrutura atômica interior. Na Figura 3.7 é mostrado o Uma maneira de se começar um processo de cristaliza-
desenho de um cristal perfeito de quartzo junto com a fo- ção é diminuir a temperatura de um líquido abaixo de seu
tografia do mineral real. A forma sextavada (hexagonal) ponto de congelamento. Para a água, por exemplo, 0°C
do cristal de quartzo corresponde a sua estrutura atômica é a temperatura abaixo da qual os cristais de gelo, que é
interna hexagonal. um mineral, começam a se formar. Da mesma forma, um
Durante a cristalização, os cristais inicialmente mi- magma – que é uma rocha líquida derretida e quente –
croscópicos crescem, mantendo as faces cristalinas en- cristaliza minerais sólidos à medida que se resfria. Quan-
quanto tiverem liberdade de crescimento. Os grandes do a temperatura de um magma cai abaixo do seu ponto
cristais com faces bem definidas formam-se quando o de fusão, que pode ser mais alto que 1.000°C, depen-
crescimento é lento e estável e quando há espaço adequa- dendo dos elementos que contém, os cristais de silicatos
do para permitir o crescimento sem interferência de ou- como a olivina ou o feldspato começam a se formar. (Os
tros cristais próximos (Figura 3.8). Por esta razão, a maioria geólogos normalmente utilizam ponto de fusão de mag-
dos grandes cristais forma-se em espaços abertos nas ro- mas em vez de ponto de congelamento, pois esta palavra,
chas, como fraturas e cavidades. em geral, implica temperaturas baixas.)
Entretanto, é comum que os espaços entre os cris- A cristalização também pode ocorrer quando os lí-
tais em crescimento encontrem-se preenchidos, ou que quidos de uma solução evaporam. Uma solução forma-se
a cristalização ocorra com muita rapidez. Dessa forma, os quando uma substância química é dissolvida em outra,

FIGURA 3.8  Cristais gi-


gantes são por vezes encon-
trados em cavernas, onde
têm espaço para crescer.
Estes cristais de selenita são
uma forma de gesso com
qualidade de gema (sulfato
de cálcio). [Javier Trueba/MSF/
Photo Researchers]
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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