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de tantas tentativas de abrir outras possibilidades de desconstruir


hierarquias. De fazer outros itinerários sociais, raciais, humanos. Ao menos
tentativas de mestres-alunos/as por currículos que não ocultem, mas revelem
essas hierarquias e garantam, aos próprios adolescentes, jovens-adultos, o
direito a saberem-se, vitimados e resistentes a essas hierarquias no sistema
escolar e na sociedade. Sem dúvida, devem se perguntar por que eles, elas
estão condenados a mais uma viagem escolar? Será a última? Nos
currículos, encontrarão respostas a suas justas indagações
Como avançar nessa direção? Nesses itinerários de esperança?
Acompanhar esses passageiros noturnos do fim do dia em suas passagens
não apenas nas filas, nos ônibus, mas em suas trajetórias como passageiros
de amanhecer nas filas, nos ônibus, nas trajetórias pa
trabalhos? Diferentes, pois são mulheres, negros, negras, idosos, crianças,
adolescentes. Vindo de diferentes trabalhos nas cidades, nos campos – os
mais precarizados, porque o sistema escolar os reprovou e condenou a sem-
diploma de conclusão do Ensino Fundamental ou do Médio. Desses
trabalhos vêm enfrentando filas, ônibus, trajetórias de
menos esse tempo acompanha-los nessas trajetórias, ajud
las e a entender-se, merecerá tantos esforços de tantos itinerários noturnos.
Merecerá tentar mais uma viagem escolar, humana.
Essa é a esperança primeira a que têm direito: que
estudo os reconheça vindo de espaços tão tensos, de pas
ou pelos campos tão longas e desprotegidas. Que rec
percursos lhes são familiares desde a infância. Desde
mãe e o pai, vindo ao centro da cidade, ou como cri
vindo de ônibus, ou até de carona atrás dos ônibus, ou vindo a cuidar de
carros, a limpar carros, a fazer piruetas nos semáforos
trocados. Ou conhecedores da cidade, de suas ruas, ruelas e becos, como
meninos-adolescentes de rua ou como infâncias-trabalho (ARROYO,
2015a). Ou conhecedores desses itinerários desde crianças, no transporte
das comunidades do campo para as escolas nucleadas
crianças na produção camponesa, no trabalho familiar.

Ao menos na EJA serão reconhecidos conhecedores, familiarizados


como passageiros de múltiplos deslocamentos? Familiarizados com a
cidade? Com os campos? Aprendendo a liberdade nos limites estreitos do
seu sobreviver na cidade, tão aberta para alguns e tão fechada para eles e
elas, filhos/as de trabalhadores empobrecidos, negros? Nessa estreiteza de
percursos, o percurso escolar lhes prometia, desde a pré-escola, a
possibilidade de chegar a outros percursos sociais, raciais e espaciais. De
trabalho. Mudar de lugar espacial mudando de lugar social pelo domínio das
letras, do diploma. Percursos, aspirações, promessas vãs, como um sonho
bom que não se cumpriu e que teimam em reconstruir na EJA? A função
primeira de um currículo de formação dos docentes-educadores será que
entendam a radicalidade desses percursos humanos, para ajudar esses

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