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Introdução ao Cálculo

UNIDADE 3

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Identificar a função


polinomial e a
função racional.

> Interpretar o gráfico


de uma função
polinomial e uma
função racional.

> Elaborar o estudo


do sinal de funções
racionais.

84 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

3 FUNÇÃO POLINOMIAL E
FUNÇÃO RACIONAL
Os objetos de estudo desta unidade são as funções polinomiais e a racionais. Recor-
dando os conceitos sobre números racionais, temos o que é um número é definido.
Dessa forma, pode ser escrito na forma fracionária. Assim, como identificar uma fun-
ção racional? Existem condições para que uma função racional exista? Como identifi-
camos as raízes de uma função racional?

Para respondermos a essas perguntas, cabe identificarmos que as funções racionais


são descritas como uma razão, fração entre funções polinomiais. Por tanto, quais ele-
mentos que caracterizam uma função polinomial? Observe as situações:

Uma empreiteira é especializada na construção de tanques para acondicionar água,


entre eles têm-se caixa-d’água, piscinas e outros. Um dos modelos desses tanques é
modelado na forma de um paralelepípedo com dimensões x + 12, x + 8 e x + 3, dadas
em metros. A equação matemática que define o volume desse tanque será V(x) = (x +
12).(x + 8). (x + 3) = x3 + 23x2 + 156x + 288, ou seja, o produto de suas três dimensões.
A equação encontrada que representa o volume é chamada de função polinomial e
é definida por um polinômio do 3º grau.

Na produção de uma determinada peça automotiva, tem-se um valor fixo de R$ 30,00


mais um valor de R$ 12,00 por peça produzida. O custo pode ser expresso matemati-
30 + 12x
camente por C(x)=30+12.x e o custo médio CM ( x ) = . Note que, a função custo
x
é descrita por uma função polinomial do 1º grau, e a função custo médio apresenta
uma razão onde a variável x aparece no numerador e no denominador. Esse tipo de
função é denominado racional.

Por tanto, nesta unidade, vamos aprofundar nossos estudos sobre as funções, abor-
daremos especificamente as funções polinomiais e as racionais. Aprenderemos sua
definição, como especificar seus elementos e a construção de seu gráfico.

SUMÁRIO 85
Introdução ao Cálculo

3.1 FUNÇÃO POLINOMIAL E FUNÇÃO RACIONAL

3.1.1 FUNÇÃO POLINOMIAL

Chamam-se funções polinomiais, ou simplesmente polinômios, as funções definidas


de ℝ → ℝ da forma:

y = anxn + an–1 xn–1 + ... + a2x2 + a1x + a0

onde n é o grau do polinômio ( ), ou seja, é um número inteiro e positivo.

an, an–1, ..., a2, a1, a0 são os coeficientes reais do polinômio com an ≠ 0. Como o coefi-
ciente dominante an ≠ 0, então o grau do polinômio é n. Cada parcela anxn, an-1xn–1, ...,
a2x2 , a1x , a0 é um termo, sendo a0 o termo independente da variável.

Na função y = 2x7 – 3x4 + 6, temos que2x7, –3x4, 6 são termos, onde 6 é um


termo independente. Os números 2, –3 e 6 são coeficientes, e x é a variável.

Polinômios de um termo são denominados de monômios; de dois termos,


binômios; e de três termos, trinômios.

86 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

Exemplos de funções polinomiais:

• g(x) = 3 é uma função polinomial de grau zero.

• f(x) = - 2x + 5 é uma função polinomial do primeiro grau.

• h(x) = 3x2 – x – 6 é uma função polinomial do 2º grau.

• y = 2x3 é uma função polinomial do 3º grau, também chamada de função


cúbica.

• y = 5x5 – 6x3 – 3 é uma função polinomial do grau 5.


2
• p ( x ) = x 6 − x 4 + x 3 + 3 é uma função polinomial do grau 6.
5

O grau do polinômio é definido pelo o maior expoente da variável que, conforme os


exemplos acima, é o x, entre os termos de coeficientes não nulos.

Exemplos de funções não polinomiais:

• 2–5 + 3x², o expoente possui número negativo.


4
• x 3, o expoente não pode ser fracionário.

Encontramos o número que corresponde ao valor numérico de um polinômio P(x) ao


substituirmos x por um número pertencente ao conjunto dos números reais.

• O valor numérico de p(x) = x³ – 4x² + 1 quando x=0 é:

P(0) = 0³ –4.0² + 1

P(0)=1

• Dado g(x)=x² +2x, o valor de g(x) para x=-2 é:

g(–2) = (–2)²+2.(-2)

g(–2) = 0

SUMÁRIO 87
Introdução ao Cálculo

Neste último exemplo, além de 0 ser o valor numérico de g(x) quando x = –2, ele tam-
bém é a raiz desse polinômio. Portanto, as raízes dos polinômios podem ser encon-
tradas quando P(x) = 0.

3.1.1.1 ELEMENTOS DE UMA FUNÇÃO POLINOMIAL

Chamamos de raiz ou zero de uma função polinomial de grau n, dada por f(x) = anxn
+ an–1xn–1 + ... + a2x2 + a1x + a0, os números reais x, tais que f(x) = 0, ou seja, aos valores de
x, que atribuídos à função, encontramos o valor de y = 0.

O número – 3 é uma raiz da função polinomial p(x) = x3 + x2 – 4x + 6, ou seja, p(–3) = 0.


Temos p(–3) = (-3)3 + (–3)2 – 4.(-3) + 6 = - 27 + 9 + 12 + 6 = 0.

O domínio da função polinomial é sempre o conjunto dos números reais. Todo poli-
nômio poder ser escrito como um produto de fatores:

p(x) = an (x – r1) (x – r2)... (x – rn)

onde an é o coeficiente do termo xn e r1, r2, ... , rn são as raízes (interceptos x) do polinômio.

Essa afirmativa é conhecida como teorema da decomposição. Este teorema afirma


que todo polinômio pode ser escrito por uma multiplicação de n fatores que são po-
linômios do 1º grau. Dizemos que cada um dos polinômios de 1º grau, x – r1, x – r2, ...,
x – rn, é um fator de p(x). p(x) é divisível por cada um de seus fatores, individualmente,
e também por qualquer produto desses.

Para saber sobre decomposição de polinômios pesquise na internet sobre


divisão de polinômios, fatoração e produtos notáveis.

88 SUMÁRIO
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Vejamos algumas situações:

• O polinômio de 2º grau dado por p(x) = x2 – x – 2 admite como raízes – 1 e 2.


Podemos decompor p(x), fazendo: p(x) = 1. (x + 1). (x – 2).

• O polinômio de 1º grau dado por p(x) = 4x – 8 admite 2 como raiz; podemos


escrever p(x) = 4. (x – 2).

• O polinômio de 3º grau x3 – 16x pode ser escrito como x.(x2 – 16) = x. (x – 4).(x+ 4);
suas raízes são, portanto, 0, – 4 e 4.

Podemos ainda utilizar o teorema da decomposição para solucionar a situação a


seguir.

Escrever um polinômio de 3º grau cujas raízes sejam 1, - 2 e 5. Seja p(x) o polinômio


de grau 3 procurado. Usando o teorema da decomposição, podemos escrever:

p(x) = an (x – 1) (x + 2) (x – 5), em que an é o coeficiente dominante de p(x).

Assim: p(x) = (x2 + x – 2) (x – 5) ⇒ p(x) = an (x3 – 4x2 – 7x + 10).

Escolhendo, por exemplo, an = 1, segue a equação p(x) = x3 – 4x2 – 7x + 10; escolhendo


an = 2, teríamos p(x) = 2x3 – 8x2 – 14x + 20. E podemos seguir assim, sucessivamente.

Observe o gráfico. Ele representa a função polinomial p, definida em ℝ por g(x) = ax3
+ bx2 + cx + d, com a, b, c e d coeficientes reais. Determine g(x).

SUMÁRIO 89
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FIGURA 40 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA FUNÇÃO POLINOMIAL G(X) = AX³ + BX² + C

4 y

A B C x
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6

-2

-4

D
-6

-8
g
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Observando o gráfico acima, temos que as raízes serão os interceptos com o eixo x, os
pontos A, B e C onde as abscissas são - 3, -1 e 2. Então, pelo teorema de decomposi-
ção, temos: f(x) = an (x + 3) (x + 1) (x – 2) = an (x2 + 4x +3)(x – 2) = an (x3 +2x² –5x–6).

Note que o intercepto com o y, o ponto D, tem ordenada igual a -6, ou seja, o ponto
(0, –6). Sendo assim, teremos d (termo independente) igual a -6. Logo, o valor de an
será igual a 1. Isso pode ser verificado também substituindo o valor (0, 6) na expressão:
f(x) = an (x3 +2x²-5x-6) ⇒ f(0) = an (03 +2.0² – 5 . 0 – 6) = – 6 6 ⇒ –6an = –6 ⇒ an = 1. Então,
f(x) = x3 +2x² – 5x – 6.

3.1.2 ESTUDO DOS SINAIS E REPRESENTAÇÃO


GRÁFICA DA FUNÇÃO POLINOMIAL

Ao realizar o estudo do sinal de uma função, estamos identificando para quais inter-
valos do domínio a função é positiva, negativa ou igual a zero (raízes). Assim, veja os
exemplos a seguir.

90 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

Exemplo 1: Determinar os interceptos x e y, e estudar o sinal da função polinomial


f(x) = x2 – 4x.

Cálculo das raízes (interceptos x):

O polinômio f(x) = x2 – 4x pode ser escrito como o produto dos fatores,

f(x) = x2 – 4x = x.(x – 4) - Teorema da decomposição.

Igualamos cada fator a zero.

x=0

x–4=0⇒x=4

As raízes do polinômio (valores de x para os quais a função é zero) são, então, x = 0, x = 4.

O estudo do sinal pode ser feito diretamente a partir do gráfico, conforme visto no
estudo da função quadrática ou ainda por meio da combinação de sinais dos fatores
presentes na forma fatorada da função. Utilizaremos a segunda forma, pois a partir
dela esboçaremos o gráfico da função. Assim, a função dada tem duas raízes que di-
videm o eixo x em três intervalos e, em cada um deles tem-se um sinal. Observe que
analisamos o sinal de um dos polinômios que compõem a forma fatorada da função.
Depois disso, multiplicamos esses sinais.

FIGURA 41 - ESTUDO DO SINAL F(X) = X2 – 4X

Funções Raízes
- 0 + +
x

- - 4
-
x-4

+ - -
x²-4x
0 4

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

SUMÁRIO 91
Introdução ao Cálculo

O quadro do sinal tem a representação das raízes encontradas, em cada linha faze-
mos o estudo do sinal de cada um dos polinômios que compõem a função (teorema
da decomposição) e depois analisamos o produto desses sinais.

Assim, analisando a última linha do quadro, o estudo do sinal será:

f(x) = 0 ⇒ x = 0 e x = 4

f(x) > 0 ⇒ x < –2 ou x > 4

f(x) < 0 ⇒ 0 < x < 4

Cálculo do intercepto y:

Fazendo x = 0 na função: f(0) = 0.

Utilizando os interceptos determinados anteriormente e o estudo do sinal, podemos


esboçar o gráfico da função.

FIGURA 42 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA FUNÇÃO F(X) = X2 – 4X

y
2

x1 x2 x
-1 0 1 2 3 4 5

-1

-2

-3

-4

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Como o polinômio é de grau igual a 2, sabe-se que seu gráfico é uma curva.
Após identificar os interceptos com os eixos e, utilizando o estudo sinal para saber-
mos como a função se comporta entre os intervalos formados pelas raízes, faz-se o
esboço do gráfico.

92 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

O aspecto do gráfico de funções polinomiais de graus maiores ou iguais a 2 (n ≥ 2)


será uma curva. Os pontos onde a curva cor o eixo x (interceptos com o eixo serão as
raízes da função, e o intercepto com o eixo y será o termo independente da função
polinomial, ou seja, o ponto (0, a0).

Exemplo 2: Faça o estudo do sinal da função h(x) = x3 + x2 – 6x.

Vamos encontrar as raízes dessa função:

x3 + x2 -6x = 0

x.(x2 + x - 6) = 0

Igualando

x=0

ou x2 + x - 6 = 0 ⇒ x1 = 2 e x2 = –3

Logo, as três raízes dessa função são: –3, 0 e 2.

Agora, colocaremos no quadro de sinais as raízes e faremos o estudo do sinal, separa-


damente, das funções x e x2 + x –6.

Como h(x) é o produto das funções x e x2 + x -6, o resultado final será a multiplicação
do sinal das funções (uma polinomial do 1º grau e outra polinomial do 2º grau) que
compõem h(x). Usando a tabela de estudo de sinais, teremos:

FIGURA 43 - ESTUDO DO SINAL H(X)= X3 + X2 -6X

Funções Raízes
- - 0 + +
x

+ - - 2
-3 +
x²+x-6

- + - +
x³+x²-6x
-3 0 2
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

SUMÁRIO 93
Introdução ao Cálculo

Analisando a última linha do quadro, teremos:

h(x) = 0 ⇒ x = - 3, x = 0 e x = 2

h(x) > 0 ⇒ –3 < x < 0 ou x > 2

h(x) < 0 ⇒ x < – 3 ou 0 < x < 2

Cálculo do intercepto y:

Fazendo x = 0 na função: f(0) = 0

Vamos fazer a representação gráfica da função h(x), utilizando para isso os interceptos
determinados anteriormente e o estudo do sinal. O gráfico também pode ser feito
calculando as coordenadas de pontos aleatórios. Devemos observar, no entanto, que
para a representação gráfica de uma função polinomial de grau n > 2, num intervalo
dado, deve-se tomar cuidado de considerar um número suficientemente grande de
pontos do referido intervalo, a fim de evitar erros grosseiros de representação.

Utilizando as informações dos interceptos e do estudo dos sinais da função h(x),


teremos:

FIGURA 44 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA FUNÇÃO H(X)= X3 + X2 -6X

y
8

A B C x
-3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3

-2

-3

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

94 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

Exemplo 3: Estudar o sinal da função g(x) = (x2 + 1)(1-x)(x) e esboce o gráfico de g(x)

Vamos encontrar as raízes dessa função. Para isso, igualamos cada parcela a zero:

x2 + 1 = 0 (não possui raízes reais)

1–x=0⇒x=1

x=0

Essas raízes dividem o eixo x em dois intervalos e, em cada um deles, a função tem
um sinal. Por meio da combinação dos sinais de cada um dos fatores, determinamos
o sinal da função.

FIGURA 45 - ESTUDO DO SINAL G(X) = (X2 + 1)(1 – X)(X)

Funções Raízes
+ + +
x2 + 1

- 0 + +
x

+ + 1
-
1-x

- + -
(x2 + 1)(1 - x)(x)
0 1

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Analisando a última linha do quadro, teremos:

g(x) = 0 ⇒ x = 0, x = 1

g(x) > 0 ⇒ 0 < x < 1

g(x) < 0 ⇒ x < 0 ou x >1

Cálculo do intercepto y:

Fazendo x = 0 na função: f(0) = 0

SUMÁRIO 95
Introdução ao Cálculo

Utilizando as informações dos interceptos e do estudo dos sinais da função h(x),


teremos:

FIGURA 46 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA FUNÇÃO G(X) = (X2 +1)(1 – X)(X)

y
3

-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3

-1

-2

-3

-4

-5

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

3.2 FUNÇÃO RACIONAL

Uma função racional f é razão de dois polinômios:

P (x )
f (x) =
Q (x )

onde P e Q são polinômios.

O domínio dessa função consiste em todos os valores de x, tais que Q(x) ≠ 0.

As funções racionais têm certa semelhança com os números racionais - números da


forma p/q, onde p e q são números inteiros, com q ≠ 0.

Em ambos os casos, é preciso fazer a ressalva de que o denominador é diferente de zero,


porque zero não pode ser divisor, ou seja, o domínio de toda função racional será o
conjunto dos números reais, excluindo os valores de x que tornam o denominador nulo.

96 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

Exemplos de funções racionais:

x +3
• f (x) = ; D = {x ∈ ℝ/x ≠ ± 2}
x2 +4

x 2 + 4x + 5
• h(x) = ; D = {x ∈ ℝ/x ≠ 0}
x

• 5x 3 + 4x + 2 D = {x ∈ ℝ/x ≠ 3 e x ≠ 4}
y = ;
x 2 − 7x + 12

x 3 + 5x + 1
• y = ; D = {x ∈ ℝ/x ≠ 0 e x ≠ ± 1}
x4 −x2

3.2.1 ELEMENTOS DE UMA FUNÇÃO RACIONAL

P (x )
A raiz ou zero de uma função racional dada por f ( x ) = serão os números reais x,
Q (x )
tais que f(x) = 0, ou seja, os valores de x que atribuídos à função a tornam igual a zero,
y = 0.

Como se trata de uma função representada por uma fração, devemos nos atentar pelo
fato de que o denominador deve ser diferente de zero. Portanto, o valor que torna o
numerador igual a zero será o responsável por tornar f(x) = 0. Assim, vejamos o exemplo:

3x + 1
Exemplo: Determine as raízes e o domínio da função f ( x ) = .
4−x 2

Como o denominador tem que ser diferente de zero, ao descrever o domínio da fun-
ção racional esses valores devem ser excluídos.

SUMÁRIO 97
Introdução ao Cálculo

3x + 1
Em f ( x ) = , devemos ter 4 – x2 ≠ 0 ⇒ x2 ≠ 4 ⇒ x ≠ ⇒ 2. Logo, D = {x ∈ ℝ/x ≠ ± 2}.
4−x2

Para encontrar as raízes, vamos encontrar os valores que tornam o denominador igual
a zero. Para isso, igualamos a zero o polinômio do denominador, ou seja, 3x+1=0

3x = –1

1
X=−
3
3x + 1
f (x) =
1 a raiz da função racional
Logo, o número − .
3 4−x2

3.2.2 ESTUDO DOS SINAIS E REPRESENTAÇÃO


GRÁFICA DA FUNÇÃO RACIONAL

Assim como já feito anteriormente para as funções polinomiais e outras funções, pode-
mos realizar o estudo do sinal de funções racionais, ou seja, determinar os valores de x
que tornam a função igual a zero, positiva ou negativa. Observe os exemplos a seguir.

Exemplo 1: Determinar o domínio, os interceptos x e y e estudar o sinal da função


x 2 − x −2
racional f ( x ) =
x +1

Fazendo f(x) = 0, resolvendo x2 – x – 2 = 0, temos como raízes x = –1 ou x = 2, assim o


polinômio x2 – x – 2 pode ser escrito como a multiplicação (x+1)(x-2). No denomina-
dor, resolvendo x + 1= 0, temos como raiz x = –1. Lembre-se de que, para essa razão ser
igual a zero, devemos ter o polinômio do numerador igual a zero.

98 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

x 2 − x −2
FIGURA 47 - ESTUDO DO SINAL f ( x ) =
x +1

Funções Raízes
+ -1 - 2 +
x²-x-
-
+ +
x+1
-
x 2 − x −2 - +
x +1
-3 0

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Note que o polinômio x2 – x – 2 pode ser escrito como a multiplicação (x+1)(x-2), e


um dos seus fatores, no caso (x + 1), aparece no numerador e no denominador. Nessa
situação, ele poderá ser simplificado e, assim, ficaremos com:

Cálculo do intercepto y:

Fazendo x = 0 na função: f(0) = –2

Vejamos como fica a representação gráfica dessa função:

x 2 − x −2
FIGURA 48 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA FUNÇÃO f ( x ) =
x +1

x
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

-2

-4

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

SUMÁRIO 99
Introdução ao Cálculo

Exemplo 2: Determinar o domínio, os interceptos x e y e estudar o sinal da função


x 2 + 3x
racional f ( x ) = .
x2 +4

Domínio da função:

Como restrição do domínio, temos que x2 + 4 ≠ 0. Note que, para qualquer valor de x,
o domínio da função é D = ℝ.

x² + 4=0

x² = –4 ∄ raízes reais

Interceptos x (pontos onde o gráfico intercepta o eixo x):

x 2 + 3x
Fazendo f ( x ) = 0 = e resolvendo x2 + 3x = 0 , temos como raízes ou . Lembre-se
x2 +4
de que, para essa razão ser igual a zero, devemos ter o polinômio do numerador igual

a zero.

Interceptos y (ponto onde o gráfico intercepta o eixo y):

Fazendo x = 0, determinamos f(0) = 0.

O estudo do sinal da função através da construção do quadro de sinais, no qual repre-


sentamos as raízes de cada uma das funções que compõem a função racional, tanto
as funções do numerador quanto as funções do denominador. Realizamos o estudo
do sinal de cada uma dessas funções polinomiais, depois analisamos o produto e a
divisão desses sinais.

x 2 + 3x
FIGURA 49 - ESTUDO DO SINAL f ( x ) =
x2 +4

Funções Raízes
+ -3 - 0 +
x²+3x
+
+ +
x²+4

+ - +
x 2 + 3x
2
x +4
-3 0

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

100 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

É importante lembrar que, tanto na multiplicação quanto na divisão, o resul-


tado da relação entre os sinais positivos e negativos é a mesma.

Assim, temos:

f(x) = 0 ⇒ x = – 3 e x = 0

f(x) < 0 ⇒ –3 < x < 0

f(x) >0 ⇒ x< –3 ou x>0

Vejamos como fica a representação gráfica desta função:

x 2 + 3x
FIGURA 50 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA FUNÇÃO f ( x ) =
x2 +4

y
4

x
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

-1

-2

-3

Fonte: Elaborada pela autora, 2019.

SUMÁRIO 101
Introdução ao Cálculo

Ao contrário das funções polinomiais, cujos gráficos são curvas contínuas (sem inter-
rupções), o gráfico de uma função racional pode apresentar interrupções (desconti-
nuidade) nos pontos onde o denominador é igual a zero, ou seja, uma função racio-
nal pode não estar definida para determinados valores de x. Próximo desses valores,
algumas funções racionais têm gráficos que se aproximam bastante de uma reta
vertical (chamada de assíntota vertical). Em algumas situações, as funções podem
começar e/ou terminar cada vez mais perto de uma reta horizontal (nesse caso, cha-
mamos de assíntota horizontal). Haverá exceção nos casos em que o valor que torna
o denominador igual a zero possa ser cancelado por um processo de fatoração ou
simplificação, como no exemplo 1.

O estudo das assíntotas será detalhado quando abordarmos o conceito de limites.


Assim também, para o esboço mais preciso do gráfico das funções racionais, é neces-
sário o conhecimento de derivadas.

CONCLUSÃO
Nesta unidade, vimos as funções polinomiais e a funções denominadas como racio-
nais. Aprendemos a identificar essas funções – a primeira é descrita por polinômios,
e a segunda é uma razão entre polinômios–, identificar suas raízes e a representação
gráfica delas.

Diversas situações que ocorrem nas Ciências Sociais e Naturais podem ser modeladas
utilizando, para isso, polinômios. Essas situações quando descritas por polinômios
são denominadas funções polinomiais. E, quando temos uma razão entre funções
polinomiais, teremos uma função racional.

Em relação à função polinomial, temos que ela é descrita por um polinômio, o


seu domínio é sempre o conjunto dos números reais. Utilizando o teorema da de-
composição, vimos que toda função polinomial pode ser descrita por um produto
entre uma constante, e polinômios do primeiro grau, em que os termos indepen-
dentes da variável são as raízes da função. Dessa forma, podemos, tendo as raízes
do polinômio, encontrar o polinômio que descreve a função. Essa forma decom-
posta também é empregada para analisarmos o estudo do sinal de funções po-
linomiais utilizando, para isso, a construção da tabela de multiplicação de sinais.

102 SUMÁRIO
Introdução ao Cálculo

Vimos que o aspecto de gráfico de funções polinomiais de graus maiores ou iguais


a 2 (n ≥ 2) será sempre uma curva e que esse gráfico não apresenta interrupções, ou
seja, é contínuo em todo o seu domínio. Assim, com as informações dos pontos onde
a curva corta o eixo x, as raízes da função, o intercepto com o eixo y, termo indepen-
dente da função polinomial, e, com o estudo do sinal da função, podemos elaborar
um esboço da representação gráfica.

Já a função racional, que é definida por uma razão entre polinômios, apresenta como
domínio todos os valores de x, exceto os valores que tornam o denominador igual a
zero. Para esses valores, a função não é definida, o que provoca interrupções e des-
continuidades e que torna a sua representação gráfica um pouco complexa, neces-
sitando, para sua elaboração, de informações que envolvam os conceitos de limite e
derivada. Para determinar as raízes dessa função, devemos verificar os valores de x
que tornam a função igual a zero, ou seja, os zeros da função presente no numera-
dor da função racional. Em relação ao estudo dos sinais, podemos fazê-lo através do
quadro de sinais. Nesse quadro, colocamos o estudo do sinal das funções polinomiais
que compõem o numerador e denominador dessa função racional, efetuamos o es-
tudo do sinal de cada uma delas e depois finalizamos trabalhando com a multiplica-
ção e divisão desses sinais.

SUMÁRIO 103

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