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MESTRADO EM HISTÓRIA E PATRIMÓNIO

RAMO DE MEDIAÇÃO PATRIMONIAL

A Quinta e a Casa (de S. Roque) da Lameira:


as gerações que as habitaram e a preservação
das suas memórias

Paulo Alexandre Oliveira da Costa

M
2023
Paulo Alexandre Oliveira da Costa

A Quinta e a Casa (de S. Roque) da Lameira:


as gerações que as habitaram e a preservação
das suas memórias

Dissertação de Mestrado em História e Património, orientada pela Professora Doutora Paula


Menino Homem e pela Professora Doutora Inês Amorim

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

2023
À minha família.

III
IV
Sumário

Declaração de honra .................................................................................................................... IX


Agradecimentos ............................................................................................................................ X
Resumo......................................................................................................................................... XI
Abstract ....................................................................................................................................... XII
Lista de abreviaturas e siglas...................................................................................................... XIII
Índice de figuras ......................................................................................................................... XIV
Índice de tabelas ......................................................................................................................... XX
Introdução ..................................................................................................................................... 1
Justificação ................................................................................................................................ 2
Objetivos ................................................................................................................................... 5
Revisão crítica das fontes de informação ................................................................................. 7
Pesquisa bibliográfica ............................................................................................................ 7
Fontes primárias.................................................................................................................... 9
Metodologia de tratamento da informação ........................................................................... 10
Estrutura.................................................................................................................................. 14
Capítulo 1: A evolução no espaço e no tempo da Casa e da Quinta da Lameira ........................ 16
A Quinta e Casa da Lameira – a definição do espaço e dos seus limites ................................ 17
1.1.1. 1759: A edificação ..................................................................................................... 18
1.1.2. Último terço de Oitocentos: uma Casa de brasileiro ................................................ 19
1.1.3. Inícios do Séc. XX: Palacete Ramos Pinto .................................................................. 21
1.1.4. 1978 e 1979: Parque de São Roque (da Lameira) ..................................................... 24
1.1.5. 2016 e 2019: Casa São Roque ................................................................................... 26
1.1.6. 2022: Extensão e reabilitação do Parque de São Roque (da Lameira) ..................... 27
Capítulo 2: A família Gonçalves - Os “primeiros” proprietários e habitantes da Quinta da
Lameira (1792-1841) ................................................................................................................... 29
2.1. De Valongo para Campanhã: João Gonçalves Pereira e Ana Ferreira.............................. 29
2.1.1. João Gonçalves Pereira - um percurso (1792-1821) ................................................. 31
2.1.2. Ana Ferreira, viúva e proprietária da Quinta de 1821 a 1841................................... 34
Capítulo 3: A família Oliveira Guimarães (1841/48-1853) .......................................................... 39
3.1. António de Oliveira Guimarães - 1841/48 a 1850............................................................ 39
3.2. Dona Maria José Gonçalves de Oliveira - 1850 a 1853 .................................................... 45
Capítulo 4: A Família Castro (1853-1871).................................................................................... 50

V
4.1. António Vicente de Castro, proprietário de 1853 a 1862 ................................................ 50
Capítulo 5: A família Lousada, habitantes na Quinta da Lameira ............................................... 56
5.1. José Caetano Coelho Lousada .......................................................................................... 56
5.2. Os filhos de José Caetano Coelho Lousada ...................................................................... 63
Capítulo 6: A família Leitão, proprietários e moradores na Quinta da Lameira (1871-1888) .... 65
6.1. Dona Maria Virgínia de Castro Leitão, “beleza verde”, 1862 a 1914 ............................... 65
6.2. Re(viver) na Quinta da Lameira ........................................................................................ 69
Capítulo 7: Da família Ramos Pinto, proprietários e moradores na Quinta da Lameira (1888-
1944) aos Cálem (1944-1978) ..................................................................................................... 73
7.1. O segundo casamento de Dona Maria Virgínia de Castro Leitão – 31 de dezembro de
1888: o início de uma nova vida.............................................................................................. 73
7.2 A entrada de uma nova família – os Ramos Pinto ............................................................ 76
7.3. Os frutos do casamento ................................................................................................... 78
7.4. Casamentos dos filhos Ramos Pinto com as famílias Rosa, Cálem e Nugent .................. 80
7.5. Ser Ramos Pinto ............................................................................................................... 83
7.5.1. Atividades profissionais............................................................................................. 83
7.5.2. A família nos meios sociais, culturais e políticos....................................................... 85
7.6. Viver na Quinta e Casa da Lameira .................................................................................. 91
7.7. Partilhar (por amor e pela lei) a Quinta com António Ramos Pinto ................................ 97
7.8. O último herdeiro – António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem............................ 101
Capítulo 8: Contributos para estratégias de mediação no espaço digital ................................ 103
8.1. A exposição .................................................................................................................... 103
8.2. O espaço digital e a plataforma de desenvolvimento .................................................... 105
8.3. O público-alvo ................................................................................................................ 107
8.4. Acessibilidade e inclusão ................................................................................................ 108
8.5. Parceiros e políticas de empréstimo .............................................................................. 109
8.6. Meios de divulgação....................................................................................................... 110
8.7. Restrições e riscos de uma exposição no espaço digital e medidas para a sua prevenção
............................................................................................................................................... 111
8.8. Exemplo de temática de interesse a explorar. Proposta ............................................... 112
8.8.1. Título e narrativa ..................................................................................................... 112
8.8.2. Estrutura e recursos (objetos digitais) .................................................................... 113
Considerações finais .................................................................................................................. 115
Fontes de Informação ............................................................................................................... 118
Fontes primárias.................................................................................................................... 118
Arquivo Distrital do Porto ................................................................................................. 118
Arquivo Histórico da Irmandade da Lapa .......................................................................... 123

VI
Arquivo Municipal do Porto .............................................................................................. 123
Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Guimarães, Braga ................................................... 125
Sítios eletrónicos ................................................................................................................... 125
Referências bibliográficas ......................................................................................................... 130
Anexo 1: Recriação da árvore genealógica dos ascendentes e descendentes de Maria Virgínia
de Castro Ramos Pinto .............................................................................................................. XXII
Anexo 2: Tratamento da informação. Exemplos dos ficheiros desenvolvidos ........................ XXIII
Anexo 3: A Quinta e Casa da Lameira no espaço e no tempo ................................................. XXVI
A Quinta ............................................................................................................................... XXVI
1892.................................................................................................................................. XXVI
1939/40 ........................................................................................................................... XXVII
Anos 80 (Séc. XX) ............................................................................................................. XXVII
1999................................................................................................................................ XXVIII
2023................................................................................................................................ XXVIII
2023 (Parque de São Roque (da Lameira))..................................................................... XXVIII
A Casa .................................................................................................................................... XXX
Versão primitiva ................................................................................................................ XXX
1880................................................................................................................................... XXX
1900................................................................................................................................... XXX
1908 (introdução da garagem) e 1909 (modificações na garagem) ............................... XXXII
1910................................................................................................................................ XXXIII
1911................................................................................................................................ XXXIV
1916................................................................................................................................ XXXIV
Anos 2000 ........................................................................................................................ XXXV
2008................................................................................................................................. XXXV
2023.............................................................................................................................. XXXVIII
Anexo 4: O litígio de António Vicente de Castro e sua filha Maria Virgínia de Castro com a
Irmandade de Nossa Senhora do Terço da Cidade do Porto ................................................... XLIV
Anexo 5: António José Coelho Lousada, irmão José Caetano Coelho Lousada ...................... XLVII
Anexo 6: Filhos de José Caetano Coelho Lousada e de Ana Gonçalves Ferreira Lousada .............L
Anexo 7: Ramos Pinto e Cálem – Testemunhos de vivências. ................................................. LXIII
Registos fotográficos ............................................................................................................ LXIII
Desenhos ............................................................................................................................ LXXIII
Escritos ............................................................................................................................... LXXIV
Objetos pessoais ................................................................................................................. LXXV
Peças de mobiliário do antigo Palacete Ramos Pinto ....................................................... LXXVII

VII
Residências na Praia da Granja (planta topográfica da Praia da Granja de 1880) ............. LXXIX
Anexo 8: Sequência dos registros civis de nascimento, casamento e óbito dos antigos
habitantes da Quinta e a Casa (de S. Roque) da Lameira ...................................................... LXXXI
Anexo 9: Proposta de conteúdos a potenciar em exposição dedicada a Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto ......................................................................................................................... LXXXIII

VIII
Declaração de honra

Declaro que a presente dissertação é de minha autoria e não foi utilizada previamente
noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros
autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da
atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências
bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a
prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Campanhã, setembro de 2023


Paulo Alexandre Oliveira da Costa

IX
Agradecimentos

À minha mãe, Anabela, por todo o apoio e amor incondicional demonstrados e


por todos os seus esforços para que eu pudesse seguir e alcançar os meus sonhos e
objetivos, e que será sempre a minha maior fonte de inspiração e o meu porto seguro.
Ao meu irmão, Armando, pela companhia e apoio.
Ao meu amigo Carlos, pela companhia, apoio e ensinamentos.
Às Professoras Doutoras Paula Menino Homem e Inês Amorim, pela orientação,
pela dedicação, pelos ensinamentos, e pelo apoio incondicional ao longo deste
percurso.
Ao Dr. Raúl Ramos Pinto e ao Arquiteto Domingos Tavares, pelo auxílio prestado
ao disponibilizarem informação, oral e escrita.
Ao meu amigo Tiago Aleixo, pela sua amizade, pela sua ajuda, pela sua presença
e pela sua paciência.
À minha colega de turma Vera Lamas, pela sua ajuda e presença.
Aos Professores do Mestrado, por toda a aprendizagem e ensinamentos.
A todas as restantes pessoas que tornaram possível a concretização da minha
dissertação.

X
Resumo

O estudo que se partilha parte do interesse por um lugar na cidade do Porto repleto de
história, na freguesia de Campanhã: o atual Parque de São Roque da Lameira, outrora
Quinta da Lameira. Conhecido por Parque de São Roque, é um espaço municipal aberto
ao público e um dos principais corações verdes do lado oriental da cidade. Possui
múltiplos elementos que o tornam único, tais como um parque infantil, um lago, vários
espaços de descanso, repuxos e coretos, miradouros, esculturas, diversas espécies
vegetais exóticas, um labirinto de buxo – o seu ex-libris – e um espaço museológico
ligado à arte e à cultura, denominado de Casa São Roque – Centro de Arte, instalado no
antigo Palacete Ramos Pinto. É um espaço amplamente fruído pela comunidade, a
diferentes escalas e geografias. Não obstante, pouco se conhece das mais antigas
famílias, que o habitaram, fruíram quotidianamente e transformaram. Com diferentes
costumes e quotidianos, atribuíram-lhe várias funções e usos, moldando-o aos padrões
definidos pela dinâmica do tempo. Apurámos que a sua datação recua, pelo menos, a
1759. Sobressai apenas o conhecimento sobre o antigo Palacete Ramos Pinto, os seus
jardins históricos e alguns elementos esculturais, espalhados pelo Parque. Perante este
contexto, conseguiu-se contribuir para a colmatação da lacuna de conhecimento
relativo à história dos antigos habitantes deste espaço; quem foram, quais as suas
relações familiares, sociais, profissionais, enfim, tanto quanto possível, as suas
dinâmicas de vida. Como resultado, reuniu-se um campo fértil de recursos científicos e
patrimoniais que poderá ser potenciado no sentido da mediação do conhecimento, para
construção e preservação de memórias. Identificam-se temáticas de interesse e os
princípios de acessibilidade e inclusão que deverão orientar estratégias e atividades de
exposição, sugerindo-se o espaço digital como o seu contexto. Como exemplo,
apresenta-se uma proposta temática e respetivos conteúdos a potenciar, orientada para
uma figura feminina, procurando dar visibilidade a quem, à época, não a tinha. Do
universo estudado, a opção centrou-se na pessoa de Maria Virgínia de Castro Ramos
Pinto.

Palavras-chave: Quinta da Lameira; Palacete Ramos Pinto; Campanhã; Porto;


Construção e Preservação de Memórias.

XI
Abstract

This study is based on an interest in a place in the city of Porto full of history, in
the parish of Campanhã: the current Parque de São Roque da Lameira, formerly Quinta
da Lameira. Known as São Roque Park, it is a municipal space open to the public and one
of the main green hearts on the eastern side of the city. It has many elements that make
it unique, such as a children's playground, a lake, various rest areas, fountains and
bandstands, viewpoints, sculptures, various exotic plant species, a boxwood labyrinth -
its ex-libris - and a museum space linked to art and culture, called Casa São Roque -
Centro de Arte, housed in the former Palacete Ramos Pinto. It is a space widely enjoyed
by the community, at different scales and geographies. However, little is known about
the oldest families who inhabited it, enjoyed it on a daily basis and transformed it. With
their different customs and daily lives, they assigned it various functions and uses,
molding it to the patterns defined by the dynamics of time. As far as we know, it dates
back to at least 1759. Despite this, little is known about the memories of this place from
earlier times. We only know about the old Ramos Pinto Palace, its historic gardens and
some of the sculptural elements scattered around the park. Given this context, the aim
of this study is to help fill the gap in knowledge about the history of the former
inhabitants of this space; who they were, what their family, social and professional
relationships were, in short, as much as possible about the dynamics of their lives. As a
result, the aim is to create a fertile field of scientific and heritage resources that can be
used to mediate knowledge and build and preserve memories. Themes of interest and
the principles of accessibility and inclusion that should guide exhibition strategies and
activities are identified, with the digital space suggested as the context. As an example,
we present a proposal for a theme, and the respective content to be promoted, focused
on a female figure, seeking to give visibility to those who, at the time, did not have it.
From the universe studied, the option focused on the person of Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto.

Keywords: Quinta da Lameira; Ramos Pinto Palace; Campanhã; Porto; Building and
Preserving Memories.

XII
Lista de abreviaturas e siglas

ADA – Arquivo Distrital de Aveiro


ADP – Arquivo Distrital do Porto
AGCRJ – Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
AGP – Arquivo Geral do Porto
AHIL – Arquivo Histórico da Irmandade da Lapa
AMAP – Arquivo Municipal Alfredo Pimenta
AMP – Arquivo Municipal do Porto
AUC – Arquivo da Universidade de Coimbra
CMP – Câmara Municipal do Porto
CPF – Centro Português de Fotografia
NSR – Núcleo São Roque
PSP – Polícia de Segurança Pública
SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitectónico – Forte de Sacavém
TIC´s – Tecnologias de Informação e Comunicação
UE – União Europeia

XIII
Índice de figuras

Figura 1 - Árvore genealógica dos ascendentes e descendentes de Maria Virgínia de


Castro Ramos Pinto, 2023 ............................................................................................ XXII
Figura 2 - Extrato da organização em ficheiros Excel da informação recolhida, 2023 XXIII
Figura 3 - Extrato da organização em ficheiro Excel dos membros familiares por família,
2023 ............................................................................................................................. XXIII
Figura 4 - Extrato da organização em ficheiro Excel da informação recolhida de um
registo de testamento (António Ramos Pinto), 2023.................................................. XXIV
Figura 5 - Extrato da organização em ficheiro Excel da informação recolhida nos registos
de notário (nascimento, batismo, casamento e óbito) 2023 ...................................... XXIV
Figura 6 - Extrato da organização em ficheiros Excel das fontes de informação
consultadas, 2023. ....................................................................................................... XXIV
Figura 7 - Extrato da organização em ficheiro Excel da informação recolhida de uma
referência bibliográfica, 2023....................................................................................... XXV
Figura 8 - Extrato da organização em ficheiro Word da informação recolhida dos
periódicos, 2023 ........................................................................................................... XXV
Figura 9 - Limites da freguesia de Campanhã (Porto), onde se situava a Quinta da
Lameira, 1892 .............................................................................................................. XXVI
Figura 10 - Localização da Quinta da Lameira na freguesia de Campanhã, 1892. Destaque
também para a localização da Estação de Campanhã (Estação do Caminho-de-Ferro do
Minho e Douro), da igreja paroquial e da atual Praça da Corujeira (retângulo branco),
1892 ............................................................................................................................. XXVI
Figura 11 - Quinta da Lameira na rua de São Roque da Lameira, com destaque para o
caminho-de-ferro no canto inferior direito da imagem, 1892 ................................... XXVII
Figura 12 - Possível delimitação da Quinta da Lameira, 1892.................................... XXVII
Figura 13 - [Fotografia aérea da cidade do Porto: 1939-1940: fiada 24A, n.º 572] ... XXVII
Figura 14 - Jardins de São Roque da Lameira: (planta topográfica), 198? ................. XXVII
Figura 15 - Fotografia aérea da Quinta de S. Roque da Lameira, hoje denominada Parque,
com a casa no canto inferior direito, 1999................................................................ XXVIII
Figura 16 - Área do Parque de São Roque (da Lameira), 2023 ................................. XXVIII
Figura 17 - Labirinto de buxo com pelourinho ao centro, 2023................................ XXVIII
Figura 18 - Lago dos três repuxos, no socalco superior ao labirinto, 2023 ............... XXVIII
Figura 19 - Portal de entrada norte, 2023 ................................................................. XXVIII
Figura 20 - Caramanchão do parque, 2023 ............................................................... XXVIII
Figura 21 - Atual zona da mata, 2023 .......................................................................... XXIX
Figura 22 - Avenida (alameda) do parque, 2023 ......................................................... XXIX
Figura 23 - Lago e ponte, 2023 .................................................................................... XXIX
Figura 24 - Capela proveniente do Largo Actor Dias, 2023 ......................................... XXIX
Figura 25 - Zona de ampliação e renovação da mata (em 2022), 2023 ...................... XXIX
Figura 26 - Miradouro, 2023 ........................................................................................ XXIX
Figura 27 - Interpretação da solução primitiva ............................................................ XXX
Figura 28 - Interpretação do projeto de 1880 .............................................................. XXX
Figura 29 - Licença de obra n.º 200/1900, 1900 .......................................................... XXX
XIV
Figura 30 - Licença de obra n.º 200/1900, 1900 .......................................................... XXX
Figura 31 - Interpretação do projeto de 1900. ............................................................ XXXI
Figura 32 - Interpretação do projeto de 1900 ............................................................. XXXI
Figura 33 - Interpretação do projeto de 1900 ............................................................. XXXI
Figura 34 - Licença de obra n.º 1106/1908, 1908 ...................................................... XXXII
Figura 35 - Garagem 1908. ......................................................................................... XXXII
Figura 36 - Garagem 1908 .......................................................................................... XXXII
Figura 37 - Licença de obra n.º 23/1910, 1909 .......................................................... XXXII
Figura 38 - Licença de obra n.º 23/1910, 1909 .......................................................... XXXII
Figura 39 - Licença de obra n.º 466/1910, 1910 ....................................................... XXXIII
Figura 40 - Projeto de 1910. ...................................................................................... XXXIII
Figura 41 - Projeto de 1910. ...................................................................................... XXXIII
Figura 42 - Projeto de 1910. ...................................................................................... XXXIII
Figura 43 - Projeto de 1910 ....................................................................................... XXXIII
Figura 44 - Projeto de 1910 para o alçado principal (sul), 1910 ............................... XXXIV
Figura 45 - Licença de obra n.º 1001/1911, 1911 ..................................................... XXXIV
Figura 46 - Licença de obra n.º 1001/1911, 1911 ..................................................... XXXIV
Figura 47 - Palacete Ramos Pinto na rua de São Roque da Lameira, 1916 ............... XXXIV
Figura 48 - Fachada principal do antigo palacete, anos 2000 .................................... XXXV
Figura 49 - Escada e loggia da antiga entrada, anos 2000 ......................................... XXXV
Figura 50 - Jardim de inverno e alçada norte da casa, anos 2000 ............................. XXXV
Figura 51 - Planta do Piso 0, 2008 .............................................................................. XXXV
Figura 52 - Planta do Piso 1, 2008 ............................................................................. XXXVI
Figura 53 - Planta dos Pisos 2 e 3, 2008 .................................................................... XXXVI
Figura 54 - Antiga entrada principal, Piso 1, 2008 .................................................... XXXVI
Figura 55 - Antiga entrada principal, Piso 1, 2008 .................................................... XXXVI
Figura 56 - Zona de arranque de escada para os pisos superiores, Piso 1, 2008 ...... XXXVI
Figura 57 - Teto de um antigo quarto, Piso 1, 2008 ................................................. XXXVII
Figura 58 - Jardim de inverno, Piso 1, 2008. ............................................................ XXXVII
Figura 59 - Antigo quarto de banho, Piso 1, 2008 .................................................... XXXVII
Figura 60 - Antiga cozinha, Piso 1, 2008 ................................................................... XXXVII
Figura 61 - Pavilhão da cozinha e alçado posterior do corpo central, Piso, 1, 2008 XXXVII
Figura 62 - Antiga sala de distribuição, Piso 0, 2023 ............................................... XXXVIII
Figura 63 - Pormenor do chão do Piso 0, 2023 ....................................................... XXXVIII
Figura 64 - Antiga sala de bilhar, Piso 0, 2023. ........................................................ XXXVIII
Figura 65 - Entrada principal atual (zona de receção), Piso 1, 2023 ....................... XXXVIII
Figura 66 - Atual espaço da antiga sala-de-jantar, 2023 ......................................... XXXVIII
Figura 67 - Atual espaço da antiga sala-de-jantar, 2023 ........................................... XXXIX
Figura 68 - Pormenor na porta de acesso à varanda/terraço. Inicias R.P. alusivas à família
Ramos Pinto inscritas no vitral da porta na antiga sala-de-jantar, Piso 1, 2023 ....... XXXIX
Figura 69 - Atuais espaços do antigo salão e sala-de-jantar, 2023 ........................... XXXIX
Figura 70 - Antiga cozinha, atual sala de vinhos, Piso 1, 2023 .................................. XXXIX
Figura 71 - Azulejos de uma das antigas casas de banho, Piso 1, 2023. ................... XXXIX
Figura 72 - Jardim de inverno, Piso 1, 2023. ................................................................... XL

XV
Figura 73 - Antigo quarto, Piso 1, 2023 ........................................................................... XL
Figura 74 - Vista do antigo quarto, onde, ao fundo, se vê o rio Douro, Piso 1, 2023 ..... XL
Figura 75 - Fachada principal do antigo palacete (alçado sul), 2023. ............................. XL
Figura 76 - Antiga garagem, 2023................................................................................... XLI
Figura 77 - Pormenores da fachada principal, Piso 0, 2023 ........................................... XLI
Figura 78 - Pormenor da inscrição existente na fachada principal (alçado sul), Piso 0.
Datação de D.C. (depois de Cristo) 1759, 2023 .............................................................. XLI
Figura 79 - Escada e loggia da antiga entrada, alçado sul, Piso 0, 2023. ....................... XLI
Figura 80 - Pormenores do alçado sul, Piso 0, 2023....................................................... XLI
Figura 81 - Jardim de inverno, alçado sul, Piso 1, 2023 ................................................. XLI
Figura 82 - Jardim racionalizado, alçado norte, Piso 1, 2023 ........................................ XLII
Figura 83 – Caramanchão, alçado norte, Piso 1, 2023 .................................................. XLII
Figura 84 - Mirante, gruta com pequeno lago e arranjos de flores racionalizados, alçado
norte, 2023. ................................................................................................................... XLII
Figura 85 - Alçado Norte, Piso 1, 2023 .......................................................................... XLII
Figura 86 - Jardim superior/pátio das camélias, 2023 .................................................XLIII
Figura 87 - Jardim superior/pátio das camélias, 2023 .................................................XLIII
Figura 88 - José Caetano Coelho Lousada, 1978 ............................................................ 50
Figura 89 - Ana Gonçalves Ferreira Lousada, 1978 ........................................................ 50
Figura 90 - Pedido de naturalização brasileira de José Caetano Coelho Lousada, 1858 50
Figura 91 - Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro, 1978 ........................................... 50
Figura 92 - Uma das filhas Lousada: ou Delfina Hermínia Lousada ou Josefina Cândida
Coelho Lousada ou Olinda Augusta da Conceição Lousada, 1978. .................................. LI
Figura 93 - Possivelmente José Coelho Lousada, 1978 ................................................... LX
Figura 94 - António Ramos Pinto com o irmão Adriano, década de 60 (Séc. XIX)? .....LXIII
Figura 95 - Família de António Ramos Pinto, 1867. .....................................................LXIII
Figura 96 - Duo Ramenport, António Ramos Pinto e o irmão José Ramos Pinto, década
de 70 (Séc. XIX) ............................................................................................................ LXIV
Figura 97 - António Ramos Pinto com a filha Maria Eugénia, 1889/91 ...................... LXIV
Figura 98 - Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, anos 80/90 (Séc. XIX)? ....... LXIV
Figura 99 - Coros em casa da família Mendes de Almeida, 1906 ............................... LXIV
Figura 100 - Equipa do F.C. Porto, 1907 ...................................................................... LXIV
Figura 101 - Passeio no rio com R. Pinto e família, 1908 ............................................. LXV
Figura 102 - Porto, Casa da Quinta da Lameira, 1909 .................................................. LXV
Figura 103 - Porto, Casa da Quinta da Lameira: Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto
com as filhas Maria Antónia e Maria Eugénia, 1909 .................................................... LXV
Figura 104 - Maria Virgínia de Castro com as filhas na sala a ler, 1909 ....................... LXV
Figura 105 - Porto, Quinta da Lameira: Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto passeando
no jardim do palacete, 1909 ......................................................................................... LXV
Figura 106 - Porto, Casa da Quinta da Lameira: Beatriz e Julieta Marçal Brandão com os
amigos Ramos Pinto, 1909 .......................................................................................... LXVI
Figura 107 - Porto, Casa da Quinta da Lameira: Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto
conversando com as filhas Maria Antónia e Maria Eugénia no jardim, 1909............. LXVI

XVI
Figura 108 - Família Ramos Pinto com grupo de amigos na zona da mata, atrás da sua
Quinta da Lameira, 1909/10? ...................................................................................... LXVI
Figura 109 - Família Ramos Pinto com grupo de amigos na zona da mata, atrás da sua
Quinta da Lameira, 1909/10? ...................................................................................... LXVI
Figura 110 - Hípico da Boavista: António Ramos Pinto e António Vasconcelos (na
bancada), 1910. .......................................................................................................... LXVII
Figura 111 - Elisa Andresen, Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto e Eulália Sellés, 11 de
setembro de 1910 ...................................................................................................... LXVII
Figura 112 - Fotografia de família na festa de casamento de Dona Maria Eugénia de
Castro Ramos Pinto Cálem com António de Oliveira Cálem, realizada a 15 de agosto de
1912, na residência da família na Quinta da Lameira, 1912 ..................................... LXVIII
Figura 113 - Possível sala-de-estar do antigo palacete, 1916 ................................... LXVIII
Figura 114 - Salão do antigo palacete, 1916 ............................................................. LXVIII
Figura 115 - Salão do antigo palacete, 1916 ................................................................LXIX
Figura 116 - Salão do antigo palacete, com registo fotografado da sala-de-jantar, 1916.
......................................................................................................................................LXIX
Figura 117 - Sala-de-jantar do antigo palacete, 1916. .................................................LXIX
Figura 118 - Nova Cintra: Lima, Trajano, Ramos Pinto e S. Moreno, 1929 ..................LXIX
Figura 119 - Manhã na praia, perto das dunas, 1931...................................................LXIX
Figura 120 - Retrato de grupo em trajes de festa no salão árabe do Palácio da Bolsa,
Associação Comercial do Porto, 1932/47.....................................................................LXIX
Figura 121 - No Palácio de Cristal: 1.ª Exposição Ultramarina Colonial Portuguesa: [visita
do Príncipe de Gales], 1934 ...........................................................................................LXX
Figura 122 - No Palácio de Cristal: 1.ª Exposição Ultramarina Colonial Portuguesa: [visita
do Príncipe de Gales], 1934 ...........................................................................................LXX
Figura 123 - No Palácio de Cristal: 1.ª Exposição Ultramarina Colonial Portuguesa: [visita
do Príncipe de Gales], 1934 ...........................................................................................LXX
Figura 124 - No Palácio de Cristal: 1.ª Exposição Ultramarina Colonial Portuguesa:
[António de Oliveira Salazar com os organizadores do evento], 1934 .........................LXX
Figura 125 - agosto de 1937 .........................................................................................LXXI
Figura 126 - Acionistas da Piscina da Granja, Anos 40 (Séc. XX) ..................................LXXI
Figura 127 - Fotografia dos 90 anos de António Ramos Pinto, 1944 ...........................LXXI
Figura 128 - Cumprimentos de boas-vindas pelo funcionalismo ao novo Presidente da
Câmara Municipal, 1953 ..............................................................................................LXXII
Figura 129 - Visita da Rainha Isabel II de Inglaterra à cidade do Porto: subindo as escadas
do Palácio da Bolsa, 1957 ............................................................................................LXXII
Figura 130 - António Ramos Pinto, inícios séc. XX? .....................................................LXXII
Figura 131 - Extrato de uma fotografia de José Rosas Júnior, nos inícios do séc. XX .LXXII
Figura 132 - Casa de Raul Adriano de Castro Ramos Pinto, na Rua de São Roque da
Lameira, Séc. XX..........................................................................................................LXXIII
Figura 133 - Retrato de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, desenho de António
Carneiro, séc. XIX? ......................................................................................................LXXIII
Figura 134 - Retrato de António de Oliveira Cálem (Reprodução de pintura da autoria de
Eduardo Malta), 1901-1906........................................................................................LXXIII

XVII
Figura 135 - António Ramos Pinto com o seu galgo, caricatura de João Almeida e Brito,
Granja, maio de 1911 .................................................................................................LXXIII
Figura 136 - Ex-libris de Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto Cálem, na Exposição de
Ex-Libris Portuenses, desenho de José Rosas Júnior, 1954 ........................................LXXIII
Figura 137 - Ex-libris de António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem, na Exposição de
Ex-Libris Portuenses, desenho de José Rosas Júnior, 1954 ....................................... LXXIV
Figura 138 - Ex-libris de António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem, na Exposição de
Ex-Libris Portuenses, 1954......................................................................................... LXXIV
Figura 139 - António Ramos Pinto, desenho de Eduardo Malta, séc. XX .................. LXXIV
Figura 140 - António Ramos Pinto, 1978 ................................................................... LXXIV
Figura 141 - Entrega da sociedade da firma de vinhos (Adriano Ramos Pinto & Irmão) a
António Ramos Pinto, 1896. ....................................................................................... LXXV
Figura 142 - Escritura da ação especial para alienação de bens dotais, 1914 ........... LXXV
Figura 143 - Relação dos empregados de António Ramos Pinto, na Casa de São Roque,
1928. ........................................................................................................................... LXXV
Figura 144 - Menu de Ano Novo de 1931, na Casa Ramos Pinto, 1931 ..................... LXXV
Figura 145 - Caixa de rapé, tartaruga, miniatura, busto de mulher nua, com concha na
mão, 1942 ................................................................................................................... LXXV
Figura 146 - Caixa de rapé, tartaruga, miniatura, grupo, senhora com três crianças, 1942
.................................................................................................................................... LXXV
Figura 147 - Caixa de rapé, marfim, escultura miniatural, 1942 ............................... LXXVI
Figura 148 - Caixa de rapé, tartaruga, com pedrarias, centro bordado a lantejoilas, 1942
................................................................................................................................... LXXVI
Figura 149 - Caixa de rapé, tartaruga, miniatura, D. Miguel I […]. Português, 1942 LXXVI
Figura 150 - Caixa de rapé, tartaruga, miniatura, com D. Maria II com carta
constitucional, 1942 .................................................................................................. LXXVI
Figura 151 - Leque plissado, 1978 ............................................................................. LXXVI
Figura 152 - Alguns dos retratos miniaturas de bolso da coleção de António Ramos Pinto,
Séc. XX........................................................................................................................ LXXVI
Figura 153 - Condecoração da Ordem da Benemerência. No reverso tem escrito:
Bijouteries. Ordres. Medailles. Lemaitre. 346. Rue St. Honoré-Paris, 1978 ............. LXXVI
Figura 154 - Medalha de prata dourada. Em relevo Associação Comercial do Porto. 1834-
1934, 1978. ................................................................................................................ LXXVI
Figura 155 - Condecoração de metal prateado e dourado. Ao centro, a ouro, a efígie da
República Francesa, circundada pela frase Republique Française – 1870, 1978. .... LXXVII
Figura 156 - Condecoração de metal dourado. Ao centro as Armas de Portugal
circundadas pela legenda Mérito Industrial, 1978 ................................................... LXXVII
Figura 157 - Pintura A Virgem e o menino, 1978. .................................................... LXXVII
Figura 158 - Retrato de António Teixeira Pinto, pai de António Ramos Pinto, 1978LXXVII
Figura 159 - Eugenie Antoinette Ramos Pinto, mãe de António Ramos Pinto, 1978
.................................................................................................................................. LXXVII
Figura 160 - Mesa de jantar e as respetivas cadeiras (16) e dois apliques de parede ao
fundo, 1978............................................................................................................... LXXVII
Figura 161 - Aparador estilo império com candelabros de cinco lumes, 1978 ....... LXXVIII

XVIII
Figura 162 - Armário/louceiro fixo em madeira, 1978 ............................................ LXXVIII
Figura 163 - Cadeirões revestidos a de tecido de cor verde com padrão de flores em rosa
velho, 1978. ............................................................................................................. LXXVIII
Figura 164 - Espelho/bengaleiro, 1978 ................................................................... LXXVIII
Figura 165 - Armário vitrine, 1978 .......................................................................... LXXVIII
Figura 166 - Planta parcial da Granja, com indicação de alguns dos primitivos
proprietários, 1880 .....................................................................................................LXXIX
Figura 167 - Planta parcial da Granja, com indicação de alguns dos primitivos
proprietários, 1880. .....................................................................................................LXXX
Figura 168 - Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, anos 80/90 (Séc. XIX)? ..LXXXIII
Figura 169 - Extrato do registo de óbito de João Gonçalves Pereira, morador no lugar da
Lameira, Campanhã, 1821 ........................................................................................LXXXIII
Figura 170 - Extrato do registo de óbito de Ana Ferreira, moradora que foi no lugar da
Lameira, Campanhã, 1841 ........................................................................................LXXXIII
Figura 171 - José Caetano Coelho Lousada, 1978. .................................................. LXXXIV
Figura 172 - Ana Gonçalves Ferreira Lousada, 1978. .............................................. LXXXIV
Figura 173 - Uma das filhas Lousada: Delfina Hermínia Lousada ou Josefina Cândida
Coelho Lousada ou Olinda Augusta da Conceição Lousada, 1978. ......................... LXXXIV
Figura 174 - Possivelmente José Coelho Lousada, 1978 .......................................... LXXXV
Figura 175 - Extrato do registo de batismo de Maria Virgínia de Castro, 1850. ...... LXXXV
Figura 176 - Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro, 1978 ................................... LXXXV
Figura 177 - Extrato do registo de casamento entre António Vicente de Castro e Maria
Virgínia de Oliveira e Castro, 1847 ........................................................................... LXXXV
Figura 178 - Registo dos monumentos funerários Maria (José) Gonçalves de Oliveira,
1850. ........................................................................................................................ LXXXVI
Figura 179 - Extrato do registo de óbito de Maria Virgínia de Oliveira e Castro, 1852
................................................................................................................................. LXXXVI
Figura 180 - Extrato do registo de óbito de António Vicente de Castro, 1862 ...... LXXXVII
Figura 181 - Extrato do registo do testamento com que faleceu António Vicente de
Castro, 1861 ............................................................................................................ LXXXVII
Figura 182 - Extrato do registo de casamento entre Maria Virgínia de Castro (Leitão) e
Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão, 1871........................................................ LXXXVIII
Figura 183 - Fachada da loja Leitão & Irmão, no Largo do Chiado (Sta. Maria Maior,
Lisboa), aberta em 1877 ........................................................................................ LXXXVIII
Figura 184 - Extrato do registo de batismo de Jaime de Castro Leitão, 1872 ......... LXXXIX
Figura 185 - Extrato do registo de batismo de Virgínia de Castro Leitão, 1874 ...... LXXXIX
Figura 186 - Extrato do registo de testamento com que faleceu Narciso Pinto Leitão,
1875 ................................................................................................................................ XC
Figura 187 - Extrato do registo de casamento de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia
de Castro Ramos Pinto, 1888 ......................................................................................... XC
Figura 188 - António Ramos Pinto, inícios séc. XX? ....................................................... XCI
Figura 189 - António Ramos Pinto com a filha Maria Eugénia, 1889/91 ..................... XCII
Figura 190 - Porto, Casa da Quinta da Lameira: Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto
com as filhas Maria Antónia e Maria Eugénia, 1909 .................................................... XCII

XIX
Figura 191 - Casa de Raul Adriano de Castro Ramos Pinto, na rua de São Roque da
Lameira, Séc. XX........................................................................................................... XCIII
Figura 192 - Porto, Casa da Quinta da Lameira, 1909 ................................................. XCIII
Figura 193 - Porto, Quinta da Lameira: Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto passeando
no jardim do palacete, 1909 ........................................................................................ XCIII
Figura 194 - Maria Virgínia de Castro com as filhas na sala a ler, 1909 ...................... XCIII
Figura 195 - Porto, Casa da Quinta da Lameira: Beatriz e Julieta Marçal Brandão com os
amigos Ramos Pinto, 1909 .......................................................................................... XCIII
Figura 196 - Família Ramos Pinto com grupo de amigos na zona da mata, atrás da sua
Quinta da Lameira, 1909/10? ...................................................................................... XCIV
Figura 197 - Família Ramos Pinto com grupo de amigos na zona da mata, atrás da sua
Quinta da Lameira, 1909/10? ...................................................................................... XCIV
Figura 198 - Fotografia de família na festa de casamento de Dona Maria Eugénia de
Castro Ramos Pinto Cálem com António de Oliveira Cálem, realizada a 15 de agosto de
1912, na residência da família na Quinta da Lameira, 1912 ....................................... XCIV
Figura 199 - Salão do antigo palacete, 1916 ................................................................ XCV
Figura 200 - Salão do antigo palacete, 1916 ................................................................ XCV
Figura 201 - Salão do antigo palacete, com registo fotografado da sala-de-jantar, 1916
...................................................................................................................................... XCV
Figura 202 - Sala-de-jantar do antigo palacete, 1916 .................................................. XCV
Figura 203 - Possível sala-de-estar do antigo palacete, 1916 ..................................... XCVI
Figura 204 - Palacete Ramos Pinto na rua de São Roque da Lameira, 1916 ............... XCVI

Índice de tabelas

XX
Tabela 1 - Distribuição de quantias e missas encomendas por João Gonçalves Pereira 33
Tabela 2 - Distribuição de missas (e quantias) proferidas por Ana Ferreira .................. 36
Tabela 3 - Distribuição de bens monetários de António de Oliveira Guimarães aos
familiares e amigos ......................................................................................................... 42
Tabela 4 - Doações feitas por António de Oliveira Guimarães a instituições religiosas da
cidade do Porto. ............................................................................................................. 43
Tabela 5 - Distribuição da herança de Dona Maria José Gonçalves de Oliveira pelos
familiares e amigos ......................................................................................................... 47
Tabela 6 - Quantias distribuídas por Dona Maria José Gonçalves de Oliveira por
instituições religiosas e de caridade da cidade do Porto ............................................... 47
Tabela 7 - Disposição dos bens de António Vicente de Castro a familiares e amigos. .. 54
Tabela 8 – Bens de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto em 1888. ................... 74
Tabela 9 - Cargos institucionais de António Ramos Pinto .............................................. 86
Tabela 10 - Quantias distribuídas por António Ramos Pinto a instituições sociais e de
caridade ........................................................................................................................ 100
Tabela 11 - Quantias distribuídas por Dona Delfina a instituições religiosas e de caridade
e outros.......................................................................................................................... LVI
Tabela 12 - Quantas distribuídas da herança de Dona Delfina pelos seus familiares e
amigos............................................................................................................................ LVI
Tabela 13 - Herança distribuída por José Coelho Lousada pelos seus familiares e amigos
........................................................................................................................................ LIX

XXI
Introdução

Desde que se iniciou este percurso académico neste mestrado que se decidiu
estudar um espaço/lugar histórico localizado na freguesia de residência. As memórias
de infância são marcantes e interrogou-se, a partir da memória de proximidade, como
evoluiu este espaço hoje conhecido por Parque de São Roque da Lameira, onde se
encontra a Casa São Roque – Centro de Arte, espaço museológico dedicado à arte
contemporânea. O atual Parque de São Roque da Lameira – ou apenas Parque de São
Roque – a sul, conflui com a rua de São Roque da Lameira e, a norte, com a travessa das
Antas, freguesia de Campanhã. Em tempos, antes de obter a função e o estatuto de
Parque Municipal, era conhecido como Quinta da Lameira e foi o núcleo residencial de
várias famílias da sociedade portuense.
Do ponto de vista patrimonial, a Casa de São Roque foi objeto de intervenção, o
que justifica o seu atual estatuto institucional, sob a tutela da Câmara Municipal do
Porto. Assistiu-se, assim, a um processo de preservação e valorização de um lugar (de
uma quinta e de uma casa) pertencente à freguesia de Campanhã. Contudo, pretende-
se compreender e dar a conhecer o processo de preservação, e consequente
valorização, da memória dos antigos habitantes desse lugar, de quem o habitou. Ou seja,
reconstituir a vida, a história dos seus ocupantes que, ao longo de muitos anos, mais de
dois séculos, passaram por esta casa e quinta. Por outro lado, marcada por uma
paisagem tanto rural como urbana, a freguesia ganhou alguma expressão num
determinado período da história da cidade do Porto, identificado com o Porto
Romântico.
A história dos antigos habitantes deste lugar, das famílias que ocuparam aquela
Casa, ao longo do tempo, é, com efeito, o coração desta investigação, que visa reunir
informação aprofundada sobre as suas vidas, quem eram, o que faziam, de onde vieram,
por onde passaram, quais as suas redes sociais e familiares, que influência tiveram a
nível local e a nível nacional, e mesmo, se fosse o caso, a nível internacional. Um espaço
particular será dado à presença das mulheres destas famílias, frequentemente
remetidas para segundo plano, se não mesmo esquecidas. Estas são algumas das
abordagens que este estudo pretende realizar, para depois divulgá-las, num processo

1
de mediação, e consequentemente de preservação, que pretende dar um destaque, dar
valor a uma figura feminina que passou por este lugar, que, tal como na sua época,
atualmente também é remetida para segundo plano, ficando à sombra do seu marido.
Pretende-se valorizar e preservar esta figura através de momentos chave da sua vida e
dos seus laços familiares, alguns com passagem na Quinta da Lameira, por meio de uma
proposta para a criação de uma exposição em espaço digital, atendendo assim a
contextos atuais, como a igualdade de géneros e a tecnologia.
Embora esta reconstrução possa estar inacabada, fica o convite para seguir os
passos dados na reconstituição do percurso das sucessivas gerações, da sua identidade,
casa e vivências, de como eles próprios construíram as suas memórias, desde os
“primeiros” habitantes da Quinta da Lameira.

Justificação

A criação desta dissertação tem por base um conjunto de argumentos/motivos.


O facto de se residir em Campanhã e de ter um conhecimento próximo da freguesia e
da sua história pode ser importante. Mas a principal motivação passa pela observação
do que se rodeia. Quando se percorre ou se atravessa esta freguesia, apercebe-se dos
diversos edifícios industriais, alguns abandonados, sinal de um espaço que se foi
industrializando, fortemente1. Mas, dentro deste conjunto, há traços de grande
ruralidade, um contraste que serviu de argumento fortíssimo para a criação deste
projeto. Este (o argumento) baseia-se na ligação a um espaço, o Parque de São Roque
da Lameira (Parque de São Roque), menos conhecido por Quinta da Lameira, e onde se
situa a estrutura museológica Casa de São Roque, instalada no antigo edifício residencial
da antiga quinta. Tanto este lugar, como o antigo edifício residencial, e os seus
respetivos e antigos habitantes, estão estritamente ligados à história da freguesia de
Campanhã, mas também à história da cidade do Porto, e, de um certo ponto de vista, à
história mais global de Portugal e das relações internacionais, nomeadamente com o
Brasil.

1
Ver CORDEIRO, José Manuel Lopes - História da Indústria Portuense - 1. Dos finais do século XVIII a 1852.
Porto : Edições Afrontamento, pp. 56 a 76; 186 a 194.

2
A razão da escolha deste objeto de estudo deve-se a outros dois fatores, mais
específicos. O primeiro, relaciona-se com a memória de infância, no Parque de São
Roque da Lameira, em atividades de contexto escolar. O segundo, com o despertar do
interesse pelo antigo edifício residencial, em grande parte devido às obras de
requalificação nos últimos anos, até à sua abertura, em 2019, como Casa São Roque –
Centro de Arte. Recorda-se que, na infância, quando se deslocava ao Parque, o edifício
encontrava-se interdito e num estado “velho”, parecia estar ao abandono. No entanto,
os seus detalhes arquitetónicos, que o distinguiam dos edifícios em seu redor, e, pelo
seu volume, transmitiam um sentimento de grandiosidade e de imponência, apesar do
estado de decadência. A sua requalificação, pelo arquiteto João Mendes Ribeiro, e
consequente conversão numa Casa de Artes, entregue à empresa Vivercidade –
Associação Para Promoção Da Arte2, ativou o gosto pelo edifício e interesse/curiosidade
por descobrir as suas origens.
Atualmente, a Casa, conhecida ainda como antigo Palacete Ramos Pinto, está
classificada como imóvel de interesse patrimonial3 devido aos seus valores
arquitetónicos, artísticos e paisagístico-ecológico. Também a envolvente do antigo
palacete, a antiga Quinta da Lameira (ou Quinta de São Roque da Lameira), está
classificada como espaço verde com valor patrimonial4, classificação atribuída no ano de
20025, proposta já em 19776.
Tanto o antigo palacete como a antiga quinta são entendidos como bens
patrimoniais, pois carregam referentes/características culturais que devem ser
conhecidas, valorizadas e preservadas devido ao significado que têm para um coletivo7.

2
Informação sobre a empresa disponível em: Vivercidade - Associação Para Promoção Da Arte - NIPC e
endereço | Empresite (jornaldenegocios.pt) (consultado em: 09/08/2023).
3
Disponível na Carta de Património do Plano Director Municipal, com a referência Ca37.
4
Inventário Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, Rua de São Roque da Lameira, 2036-2092. Porto:
Divisão de Património Cultural, 2008, p. 3. Este inventário foi elaborado pelo Arquiteto Francisco Sousa
Rio, na altura membro da Divisão de Património Cultural da Câmara Municipal do Porto, no dia 7 de março
de 2008. Foi gentilmente fornecido pelo mesmo.
5
Mapas Interativos do Porto. Carta dos Bens Patrimoniais. Quinta de São Roque da Lameira, referência
Ca37. Disponível em: Carta dos Bens Patrimoniais | Mapas do Porto (cm-porto.pt) (consultado em
10/07/2023).
6
Inventário Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, Rua de São Roque da Lameira, 2036-2092. Porto:
Divisão de Património Cultural, 2008, p. 3. Este inventário foi elaborado pelo Doutor Arquiteto Francisco
Sousa Rio, na altura membro da Divisão de Património Cultural da Câmara Municipal do Porto, no dia 7
de março de 2008. Foi gentilmente fornecido pelo mesmo.
7
Ver PERALTA, Elsa; ANICO, Marta – Património e Identidades: Ficções Contemporâneas. Oeiras: Celta
Editora, 2006, p. 21. ISBN: 972-774-233-5.

3
É possível pensar que a Câmara Municipal do Porto, ao intervir, sentiu a necessidade de
dar a este lugar a devida importância que este teria – e continua a ter – na sociedade,
para a sua compreensão em três dimensões do tempo, ou seja, no passado, no presente,
e para o futuro8. Além disso, pode-se interpretar esta patrimonialização pela vontade
em reconhecer o seu valor identitário associado a um tempo histórico, com
“marcadores” identitários que o relacionam com esse momento histórico9. Neste caso,
a Quinta da Lameira e a Casa ou Palacete Ramos Pinto funcionam como marcadores que
os relacionam/interligam a vários momentos históricos.
A esta escolha de objeto de estudo, que tem muito de pessoal e empírica,
associa-se a vontade de aprofundar o conhecimento deste lugar. A investigação
científica foi estimulada pela leitura do livro intitulado Casa São Roque: o gestor e o
arquiteto10 que, do ponto de vista arquitetónico e paisagístico, retrata o antigo palacete,
desde as suas primeiras funções, até às suas mais intensas obras de intervenção ao longo
dos tempos, assim como os jardins envolventes. O livro reúne alguma informação que
permite identificar alguns dos seus antigos habitantes. Foi o mote para o desejo e
objetivo de conhecer a vida destes antigos habitantes de um modo mais profundo, ao
longo das suas sucessivas gerações. Muito pouco se sabe, pelo menos com o detalhe
pretendido, fazendo com que a sua memória fosse entregue ao seu maior inimigo - o
esquecimento, que representa um limite ao conhecimento histórico. Por isso, tal como
Ricoeur, consideramos que a identificação e conhecimento destes antigos habitantes da
Quinta da Lameira é não apenas uma matriz da história, mas [uma] reapropriação do
passado histórico11.
Se uma outra componente da memória são os lugares estritamente ligados a
uma lembrança, quer seja ela individual ou coletiva12, no caso da Quinta e Casa da
Lameira, estes são lugares de memória, que marcam e identificam/caracterizam um

8
Ver ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de – Património: Reigl e Hoje. Porto: Revista da Faculdade de Letras
da Universidade do Porto, 1993, p. 409.
9
Ver PERALTA, Elsa; ANICO, Marta – op. cit., p. 22. ISBN: 972-774-233-5.
10
TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – Casa São Roque: o gestor e o
arquiteto. Porto: Equações de Arquitetura e Dafne Editora, 2019. ISBN: 978-989-82-17-50-9.
11
RICOUER, Paul – La Mémoire, l’Histoire, l ‘Oubli. Paris: Editions du Seuil, 2000, p. 1.
12
Revista Estudos Históricos. Vol. 5, N.º 10 (1992): Teoria e História, Rio de Janeiro. Memória e Identidade
Social, p. 2.

4
espaço, específico, a freguesia de Campanhã, que é mais do que uma unidade
administrativa, laica e religiosa.
Embora o esquecimento esteja associado ao apagamento da memória e à
destruição, tal não quer dizer desaparecimento, muito pelo contrário, o esquecimento
permite a procura, pelo reencontro das memórias perdidas. Portanto, a memória é, em
muitas circunstâncias, uma construção, sempre que se impõe o dever de não esquecer
13. Por isso, este trabalho é um dever de ativar a memória dos que passaram por este
lugar de Campanhã, à própria necessidade de recordar e transmitir. É uma reivindicação
do passado, deste lugar e dos seus habitantes. É um apelo à justiça dos que foram
vítimas do esquecimento. É a recuperação de uma memória que se faz história, a dos
antigos habitantes da Quinta da Lameira, e que se quer ativar e mediar hoje, para o
futuro e para todos.

Objetivos

Justificado o interesse, quer a nível pessoal, quer científico (histórico e


patrimonial), propõem-se vários objetivos. Por um lado, compreender a ligação e
relação do lugar com o território em que se insere, a freguesia de Campanhã, conhecer
as figuras que habitaram este lugar, ou seja, quem eram, o que foram, por onde
andaram e o que fizeram, abordando tópicos como, as suas origens, as suas redes
familiares e sociais, a sua formação escolar, a sua ocupação profissional, as suas crenças,
o seu nível/estatuto social, e respetivo bem-estar material, os seus lazeres, entre outros
aspetos. Neste percurso, insere-se a vontade em estudar a presença e a influência das
figuras femininas que povoam este espaço, a relação com os restantes interlocutores,
tirá-las da sombra e do esquecimento, mesmo que a documentação encontrada seja
mais escassa comparativamente à informação sobre as figuras masculinas. O
cumprimento destes objetivos realiza-se nos primeiros sete capítulos do trabalho,
dedicados à história da antiga quinta (origens) e aos seus antigos habitantes e
proprietários.

13
RICOEUR, Paul – La Mémoire, l’Histoire, l ‘Oubli. Paris: Editions du Seuil, 2000, p. 6.

5
O oitavo e último capítulo tem como objetivo principal a valorização e
preservação da memória de alguns antigos habitantes que consideramos que
permanecem no desconhecido e, de um certo ponto de vista, na sombra de outros
habitantes, nomeadamente Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto em relação ao seu
marido, António Ramos Pinto. Pretende-se valorizar e preservar a memória desta figura
feminina através de uma exposição num espaço digital que recorra aos materiais
encontrados (escritos, registos fotográficos, etc.) e que possam reconstituir assim a vida
desta figura, incentivando à preservação da sua memória. Assim, pretende-se potenciar
a documentação encontrada e potenciar este património, cujo valor não está somente
representando neste antigo lugar de Campanhã, a antiga Quinta e Casa da Lameira, nem
nos seus antigos habitantes, mas sim em todos nós, representando, assim, um valor
coletivo, um património coletivo. Além disso, também se quer abordar desafios atuais,
tais como a tecnologia, cuja proposta de mediação se baseia numa exposição num
espaço digital, e a igualdade de géneros, com recurso à figura de Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto como exemplo de uma mulher que ao seu tempo foi vitima de grandes
sofrimentos, mas que conseguiu superar todos os obstáculos e tristezas e encontrar a
sua tão desejada felicidade, e, assim, contrariar os padrões da sua época, de que uma
mulher é uma figura frágil e sem competências administrativas. E por isso pretende-se
que esta figura feminina, de uma outra época histórica, sirva de exemplo para o
contexto atual.
O presente trabalho pode ser, ainda, uma oportunidade para explorar, investir e
dinamizar diversas temáticas relacionadas com a história da cidade do Porto, tais como
o Vinho do Porto, as antigas casas de brasileiro, os brasileiros de torna-viagem, as
antigas quintas de lazer ou de veraneio, as antigas famílias da alta sociedade portuense
do século XIX e inícios do século XX, a época do Porto Romântico, entre outras.
Também noutras áreas de estudo e noutros contextos pode este trabalho
potenciar na sociedade, tais como o contexto atual da igualdade de géneros e da
tecnologia, a área de estudo da Fotografia, desde os seus suportes às suas técnicas, a
área de estudo da Conservação e da Preservação, servindo de exemplo, neste trabalho,
as escrituras antigas, os registos de notário, os registos fotográficos passados, as várias
peças de mobiliário, entre outros exemplos que o presente trabalho constitui.

6
Revisão crítica das fontes de informação

Foram consultadas diversas publicações e fontes documentais primárias, tendo


em consideração os objetivos definidos. A pesquisa realizada permitiu identificar
estudos de natureza, que se revelaram de enorme importância, pois permitiram
conhecer os antigos habitantes, desde os seus dados biográficos até ao contexto da
época em que viveram, o seu quotidiano, as suas vivências, as suas ocupações, as suas
relações, entre muitos mais aspetos. Estas fontes primárias e secundárias foram de igual
modo importantes para a realização do oitavo capítulo, pois permitiram desenvolver
uma proposta de conteúdos para uma exposição digital com base na vida de Maria
Virgínia de Castro Ramos Pinto.

Pesquisa bibliográfica

A pesquisa iniciou-se em repositórios institucionais, fundamentalmente por via


eletrónica (Internet). Encontrou-se disponibilizada, gratuitamente, e em formato digital,
a referência ao estudo Campanhã: Estudos Monográficos, coordenado por Miguel
Meireles e Agostinho B. Vieira Rodrigues14. Apesar de acesso mais fácil, não está
completa, pelo que foi essencial a consulta em formato papel, disponível na Biblioteca
Municipal Almeida Garrett.
Fundamental, foi a consulta da obra Casa São Roque: o gestor e o arquiteto, da
autoria de Domingos Tavares, André Cepeda e Teresa Portela Marques (2019), já atrás
mencionada. Sobre a mesma Casa acedeu-se a informação acessível online no website
da instituição Casa São Roque – Centro de Arte15.
Para compreender o período e o ambiente cultural em que os antigos habitantes
da Quinta da Lameira viviam, bem como as suas práticas quotidianas, foi necessário
recorrer à leitura de várias obras, umas de caráter geral e outras mais específicas e sobre

14
MEIRELES, Ferreira; RODRIGUES, Agostinho B. – Campanhã: Estudos Monográficos. Porto: Junta de
Freguesia de Campanhã, 1991.
15
Casa São Roque – Centro de Arte: Início - Casa S. Roque | Parque S. Roque | Arte Contemporânea |
PortoCasa S. Roque | Parque S. Roque | Arte Contemporânea | Porto (casasroque.art).

7
o Porto. No primeiro caso, tornou-se fulcral a consulta da obra História da Vida Privada
em Portugal: A Época Contemporânea (2011), coordenada por José Mattoso16.
No segundo caso, sobre o Porto e arredores, sublinhem-se os títulos: Olhares
sobre o Portugal do Século XIX, de Maria Antonieta Cruz (2012)17; Os Burgueses do Porto
na Segunda Metade do Século XIX, também de Maria Antonieta Cruz (1999)18; Arte e
Sociabilidade no Porto Romântico, de Gonçalo de Vasconcelos e Sousa (2009)19;
Senhoras e mulheres na sociedade portuguesa do século XIX, da autoria de Irene
Vaquinhas (2000)20; entre outros mais exemplos.
Sobre a população do Porto e movimentos migratórios, destacam-se algumas
obras, tais como: Os “brasileiros”: emigração e retorno no Porto Oitocentista (tese de
doutoramento), da autoria de Jorge Fernandes Alves (1993)21; Os Brasileiros enquanto
agentes de mudança: poder e assistência (2013), da autoria de Maria Marta Lobo de
Araújo, Alexandra Esteves, José Abílio Coelho, e Renato Franco22; e, de Alda Neto, As
Casas de Brasileiros: os movimentos migratórios e a construção de itinerários no Norte
de Portugal (The Houses of Brazilians: the migratory movements and the construction of
itineraries in the North of Portugal)23. Por fim, um especial destaque para a obra Adriano
Ramos Pinto: vinhos e arte, da autoria de Graça Nicolau de Almeida e de Joaquim

16
MATTOSO, José – História da Vida Privada em Portugal: A Época Contemporânea. Lisboa: Círculo de
Leitores e Temas e Debates. ISBN: 978-972-42-4640-6.
17
CRUZ, Maria Antonieta – Olhares sobre o Portugal do Século XIX. Porto: Imprensa Nacional-Casa da
Moeda, S.A., 2012. ISBN: 978-972-27-1972-8.
18
CRUZ, Maria Antonieta – Os burgueses do Porto na Segunda Metade do Século XIX. Porto: Fundação
Engenheiro António de Almeida, 1999. ISBN: 972-8386-23-0.
19
SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – Arte e Sociabilidade no Porto Romântico. Porto: CITAR - Centro de
Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes da Universidade Católica Portuguesa, 2009. ISBN: 978-
989-95776-5-7.
20
VAQUINHAS, Irene – Senhoras e mulheres na sociedade portuguesa do século XIX. Lisboa: Edições
Colibri, 2000. ISBN: 972-772-112-5.
21
ALVES, Jorge Fernandes – Os “brasileiros”: emigração e retorno no Porto Oitocentista. Porto: Faculdade
de Letras da Universidade do Porto, 1993. Tese de Doutoramento.
22
ARAÚJO, Maria Marta Lobo de; ESTEVES; Alexandra; COELHO, José Abílio; FRANCO, Renato – Os
Brasileiros enquanto agentes de mudança: poder e assistência. CITCEM – Universidade do Minho
(Portugal) e Fundação Getúlio Vargas (Brasil), 2013. ISBN: 978-989-8612-07-6.
23
NETO, Alda – As Casas de Brasileiros: os movimentos migratórios e a construção de itinerários no Norte
de Portugal (The Houses of Brazilians: the migratory movements and the construction of itineraries in the
North of Portugal). In Êxodos: Conto e Recontos. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2016.

8
António Gonçalves Guimarães (2013)24, pois relaciona-se, em muito, com uma das
famílias que habitou na Quinta da Lameira.

Fontes primárias

A reconstituição do percurso das famílias que habitaram a Casa/Quinta da


Lameira/Casa de São Roque exigiu a procura de fontes de informação primárias
adequadas. Os registos paroquiais (dos nascimentos/batismos, casamentos e óbitos)
correspondem ao ritmo geracional de qualquer família e às respetivas redes familiares
ao longo de séculos. Os indicadores demográficos estão disponíveis e digitalizados no
Arquivo Distrital do Porto e no Arquivo Municipal Alfredo Pimenta (Guimarães, Braga).
Os registos de batismo indicam os locais de nascimento e ascendentes (por vezes até
aos avós). Os de casamento permitem dar sentido à possível reunião de património,
tendo em consideração que é sempre um encontro estratégico nos percursos familiares.
Além dos nubentes, indicam os seus pais, por vezes os avós e as testemunhas, todos
associados aos lugares de nascimento e/ou residência. Os óbitos, além de informarem
o passado (filiação, etc.) têm, por vezes, indicação do local de sepultura, de ter sido feito
testamento, ou mesmo breves indicações sobre o ritual associado ao funeral. O facto
de, em todos os registos, existir a indicação do nome do indivíduo e da sua residência
possibilitou o conhecimento dos lugares por onde andaram os antigos habitantes até
serem associados à sua morada na Quinta da Lameira.
Para compreender como a Quinta chegou aos dias de hoje e quem foram os seus
proprietários, os registos notariais, em particular os testamentos, tornaram-se também
fundamentais, quase todos disponíveis no Arquivo Municipal do Porto (Arquivo
Histórico – Casa do Infante). O registo de testamento contém um conjunto de
informações biográficas pertinentes sobre o seu testador, que penetram na sua
mentalidade e convicções religiosas (encomendar a salvação da sua alma até ao fim do
mundo), tais como: o seu nome, idade, morada, naturalidade, profissão, estado civil,
nome do cônjuge, primeiro ou segundo matrimónio, descendência, filhos, herdeiros,
estado de saúde (para atestar lucidez na hora de realização do testamento), se sabia ou

24
ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – Adriano Ramos Pinto: vinhos e
arte. Vila Nova de Gaia: Adriano Ramos Pinto (Vinhos) S.A., 2013. ISBN: 978-972-95713-7-4.

9
não escrever e/ou assinar, entre outras. São um momento de intimidade do testador25,
em que este determina as questões patrimoniais após o seu desaparecimento,
dispondo-as conforme o grau de afetividade e/ou necessidade de transmissão de
heranças para com os herdeiros, de acordo com as suas opções materiais e espirituais.
Os bens eram distribuídos pelos escolhidos, encomendadas missas de corpo presente
(no momento do funeral) e para sufrágio eterno da sua alma, bem como para as almas
de familiares mais próximos, que já tivessem falecido, assim como os amigos mais
íntimos. Esta informação permite reconstituir os laços de proximidade e alargar as redes
de convívio e influência, entre o passado e o futuro. Muitas missas eram encomendadas,
sempre acompanhadas de esmolas que eram distribuídas pelos pobres presentes no
funeral e/ou para serem entregues como donativos, esmolas, para várias instituições de
caridade e a respetiva paróquia, e as suas obras26.
Eram várias as situações em que se procedia à elaboração de um registo de
testamento, as mais comuns seriam: o estado civil de solteiro e sem descendentes; a
situação de haver filhos ilegítimos; casamentos em segundas núpcias; a inexistência de
algum ascendente ou de descendente; e a finalidade de legar ao cônjuge ainda
sobrevivente a terça parte do seu ativo disponível27. O que alguns trabalhos já
comprovaram é que os registos de testamento foram, quase em exclusivo, escritos por
gente com património28.

Metodologia de tratamento da informação

O objetivo de reconstituição das sucessivas gerações exigiu bastante cuidado no


cruzamento das diferentes fontes de informação consultadas. Deparou-se com alguns
exemplos de estudos, como a plataforma online FamilySearch, que permite conhecer a
genealogia das famílias. Houve que realizar uma revisão crítica da informação
disponível, ou seja, comprovar se os dados biográficos estavam corretos e reconstruir a
árvore genealógica das famílias. Cruzou-se com os registos paroquiais e os registos de

25
Ver CRUZ, Maria Antonieta – Os burgueses do Porto na Segunda Metade do Século XIX. Porto: Fundação
Engenheiro António de Almeida, 1999, pp. 453-455.
26
Ibidem, pp. 457-458.
27
Ibidem, p. 301.
28
Ibidem, p. 455.

10
notário. Na maioria dos casos houve correspondência, no entanto, as discrepâncias
também eram evidentes, e, por isso, foi privilegiada a informação que constava nos
registos de notário, dada a sua natureza, já atrás apresentada, de grande rigor e
complementaridade aos registos paroquiais.
Ao mesmo tempo que se foi feita a revisão critica, foi-se extraindo toda a
informação para um ficheiro Excel, pois possibilitou uma melhor organização e
consequente compreensão dos conteúdos. Foram criadas categorias de informação: por
datas de nascimento/batismo/óbito/matrimónio em torno de um indivíduo (nome) que
agregasse toda a informação relativa ao respetivo património e a respetiva localização
arquivística (registos paroquiais e notariais e respetivas cotas arquivísticas).
Consoante a informação extraída, foi organizada uma outra tabela (em ficheiro
Excel) que permitisse a construção dos sucessivos laços familiares das famílias da Quinta
da Lameira, de acordo com uma linha cronológica organizada por ramos de família,
incluindo o nome, grau de parentesco, verificando as lacunas de informação (sobretudo
datas precisas de nascimento e óbito)29.
Também em ficheiro Excel, extraiu-se informação a partir dos registos de notário,
nomeadamente os testamentos, e em concreto a indicação arquivística, a data de
realização e de abertura, e, caso existisse, a hiperligação que permitisse o acesso fácil
ao arquivo. Assim, definiram-se as seguintes categorias, embora nem todos os registos
de testamento consultados continham todas estas informações: data do testamento;
nome do testador; data do falecimento; estado civil; data do matrimónio e respetivo
cônjuge; filhos e respetivos nomes e outros atributos (data de nascimento, profissão,
estado civil, filhos, etc.); profissão; herdeiros (e toda a informação que permitisse
enriquecer o perfil); tipologia dos bens transmitidos e igualmente os herdados e/ou
adquiridos, disposições dos bens, nomeadamente as doações; disposições de enterro;
nomeação de testamenteiro(s); identificação do tabelião; data de aprovação do
testamento; local onde foi escrito/redigido; testemunhas da aprovação; e um campo
geral para possíveis outras informações.
Ao serem identificados os vários membros das famílias que ocuparam a Casa e a
Quinta da Lameira, e constatar que alguns estiveram no Brasil, consultaram-se vários

29
Foi recriada uma árvore genealógica dos ascendentes e descentes de Maria Virgínia de Castro Ramos
Pinto, que se encontra no Anexo 1.

11
periódicos do Brasil, como por exemplo o Correio da Manhã, o Jornal do Commercio, O
Economista, O Paiz, entre outros (informação disponível na Hemeroteca Digital do
Brasil) permitindo adicionar informação e organizando-a num ficheiro Word de acordo
com o nome da família em causa30.
A necessária complementaridade à informação recolhida foi feita através de
conversas informais e, por vezes, cedência de materiais. Foi o caso do encontro com o
Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de um dos habitantes da Quinta da Lameira. Retirou
algumas dúvidas e, muito gentilmente, disponibilizou registos fotográficos dos seus
familiares, bem como outros tipos de documentação31. Outro encontro, com o Arquiteto
Domingos Tavares, um dos autores da referência bibliográfica Casa São Roque: o gestor
e o arquiteto, forneceu e confirmou informações utilizadas na obra da sua autoria32. Um
outro encontro foi realizado com o Doutor Nuno Carvalho, presidente da Creche de S.
Vicente de Paula, no Porto, pelo seu conhecimento de antigos habitantes daquela casa
e quinta33.
Também três visitas foram realizadas no âmbito deste trabalho. A primeira, foi
ao Museu Nacional Soares dos Reis34 com o objetivo de aceder a uma parte do acervo
do antigo Palacete Ramos Pinto, nomeadamente às vinte e quatro caixinhas – na sua
maioria –, de rapé que pertenceram a um dos antigos habitantes, e legada ao museu. A
segunda visita foi à Casa do Roseiral (no Palácio de Cristal, Porto), onde também se
encontra parte do recheio do antigo palacete, nomeadamente algumas peças de
mobiliário35. A terceira visita foi às Reservas Municipais da CMP, uma em Ramalde e a
outra em Paranhos, onde se encontra também parte do recheio do antigo palacete,
nomeadamente peças de mobiliário, objetos pessoais, pinturas, gravuras e retratos de

30
No Anexo 2 dispõem-se de alguns exemplos (extratos/recortes de ecrã) deste tratamento da
informação recolhida, em ficheiros Excel e Word
31
O Dr. Raul Ramos Pinto é filho de Raul Ramos Pinto e de Maria Teresa Campos da Silva Lello, neto de
Raul Adriano de Castro Ramos Pinto e de Suzana Frances Moreira Nugent, e bisneto de António Ramos
Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto. Conversa realizada a 15/03/2023.
32
Conversa realizada a 14/03/2023.
33
Encontro realizado a 16/03/2023
34
Guiada pela Doutora Susana Medina, gestora de coleção do museu, realizada a 17/02/2023.
35
Guiada pela Senhora Paula, funcionária da Casa do Roseiral, realizada a 01/06/2023.

12
familiares36. Nesta visita também foi disponibilizado, gentilmente, uma lista de objetos
(total) do NSR (Núcleo São Roque), que correspondem ao recheio do antigo palacete37.
Além desta lista de objetos, foram essenciais as informações obtidas através de
vários contactos, tendo tido acesso a estudos prévios, não publicados38 assim como a
um inventário39 relativo ao levantamento das peças existentes na Quinta de São Roque
(Quinta da Lameira) quando passou para a tutela da CMP40, que serviram de guião às
visitas à Casa do Roseiral e às Reservas Municipais. Por fim, foi realizado um contacto
direto com os serviços municipais da Câmara Municipal do Porto, nomeadamente com
o Arquivo Geral, para acesso a documentos específicos cujo conhecimento foi realizado
através de informação indireta41.
Além dos registos fotográficos disponibilizados pelo Dr. Raul Ramos Pinto, foram
consultados e, posteriormente, adquiridos, aqueles que identificam membros das
famílias, depositados no Centro Português de Fotografia e no Arquivo Municipal do
Porto.
Finalmente, foram realizadas várias (três) visitas ao Parque de São Roque (da
Lameira) e à Casa São Roque, ou seja, aos locais da antiga quinta e palacete, com o
objetivo de capturar registos fotográficos dos atuais lugares, observar e comparar as
várias alterações, compreender os instrumentos de mediação adotados durante as

36
Guiada pela Doutora Marlene Rocha, Técnica Superior na Divisão Municipal de Museus da CMP,
realizada a 09/08/2023. A Doutora Marlene Rocha é responsável pela gestão do núcleo (espólio) de São
Roque (Quinta/Casa da Lameira/antigo Palacete Ramos Pinto).
37
CMP_NSR_lista_de_objetos_total, documento gentilmente cedido pela Doutora Marlene Rocha,
Técnica Superior na Divisão Municipal de Museus e gestora responsável do Núcleo de São Roque.
38
É o caso da informação gentilmente fornecida pela Doutora Maria João Calheiros, antiga diretora do
Museu Soares dos Reis, aquando da ida ao Arquivo Municipal do Porto, no dia 14/02/2023, para consultar
o trabalho (em formato PowerPoint) realizado pela Doutora, intitulado de A Casa Ramos Pinto na Quinta
da Lameira.
39
“Inventário Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto. Rua de S. Roque da Lameira, 2036-2092.”
gentilmente cedido pelo Arquiteto Francisco Machado Sousa Rio, antigo membro do Departamento de
Património Cultural da Câmara Municipal do Porto
40
Levantamento das Peças feito na Quinta de São Roque (atualmente na Casa do Roseiral e nas
Reservas)”, gentilmente cedido pelo Doutor Manuel Azevedo Graça, Técnico Superior (de História da
Arte), e membro da Divisão Municipal de Museus.
41
NUP_189555_2023_CMP-Escritura e NUP_189582_2023_CMP-Deliberação. Trata-se de uma escritura
e de uma ordem de serviço, com o número 103/76, não localizados no arquivo da Casa do Infante,
relativos à Quinta da Lameira e ao seu palacete, que, gentilmente, nos foi enviado pela Divisão Municipal
de Arquivo Geral da CMP a 09/03/2023.

13
exposições realizadas pela Casa São Roque, os princípios orientadores e enfoques, e as
medidas de preservação do espaço e do acervo exposto42.

Estrutura

Este estudo está dividido em oito capítulos, sendo os primeiros sete capítulos
que retratam a história da antiga Quinta e Casa da Lameira e dos seus antigos
habitantes. O primeiro capítulo, designado de A evolução no espaço e no tempo da Casa
e Quinta da Lameira, é alusivo às raízes da antiga quinta, ou seja, à sua história,
abordando quer a sua evolução no tempo como no espaço, quer a evolução do antigo
edifício residência, também no tempo e no espaço.
A partir do segundo capítulo até ao sétimo são compreendidos à história das
famílias que passaram pela Quinta da Lameira, ou seja, os seus antigos habitantes e
respetivos proprietários. Para uma melhor compreensão dos habitantes e proprietários,
nos capítulos está referido o nome da família que residia na quinta bem como o período
em que lá residiu, desde a sua entrada na Quinta da Lameira até ao dia da sua partida
(do habitante/proprietário).
Pelo menos nas três primeiras famílias (capítulo 2: A família Gonçalves - Os
“primeiros” proprietários e habitantes da Quinta da Lameira (1792-1841), capítulo 3: A
família Oliveira Guimarães (1841/48-1853), e capítulo 4: A Família Castro (1853-1871))
as principais fontes de informação utilizadas foram os registos notariais, a referência
bibliográfica Casa São Roque: o gestor e o arquiteto e outras referências bibliográficas
que permitiram contextualizar a época em que viveram estas famílias. Os registos
notariais foram predominantes para descrever estas famílias. Os mesmos capítulos
estão ainda subdivididos por cada proprietário da antiga quinta, também com datação
alusiva ao período em que passaram pela antiga quinta e casa, onde constam
informações sobre o mesmo, como por exemplo as suas movimentações geográficas, a
sua naturalidade e família, se constituiu ou não matrimónio e se deixaram descendência,

42
A primeira visita foi à exposição na Casa São Roque intitulada de Warhol, people and things, no dia
14/12/2022 A segunda, foi a visita à 27.ª Exposição de Camélias do Porto, no Parque de São Roque (da
Lameira), no dia 04/03/2023. A terceira, e última visita, foi aos jardins históricos da Casa São Roque, em
contexto do Dia Internacional dos Museus, no dia 19/05/2023.

14
as suas residências, o seu círculo de amizades, o seu nível de instrução, a sua fortuna e
atividade profissional, entre outras informações que consideramos pertinentes retratar.
Nos capítulos seguintes (capítulo 5: A família Lousada, habitantes na Quinta da
Lameira, capítulo 6: A família Leitão, proprietários e moradores na Quinta da Lameira
(1871-1888), e capítulo 7: Da família Ramos Pinto, proprietários e moradores na Quinta
da Lameira (1888-1944) aos Cálem (1944-1978)) também abordam informações
anteriores, mas com a diferença de que foi possível obter mais informação sobre as
respetivas famílias devido ao volume de documentação disponível que foi consultada e
que foi para além das certidões de notário, incluindo documentação presente em outros
arquivos nacionais, mas, também, estrangeiros, documentação fornecida por descentes
destas famílias, consulta de outras referências bibliográficas com informação sobre os
antigos habitantes, e entre outros tipos de documentação, o que permitiu reconstruir a
vida destas famílias, destes habitantes, de uma formar mais pormenorizada.
No capítulo oitavo, designado de Contributos para estratégias de mediação no
espaço digital, insere-se o projeto de mediação patrimonial, que consiste na elaboração
de uma proposta para a criação de uma exposição num espaço virtual. Aqui, além do
projeto para a exposição, onde constarão as suas motivações para o seu
desenvolvimento, que tipo de exposição será, qual a sua duração, quais os seus canais
de divulgação, quais as suas restrições e perigos, qual a sua plataforma digital a ser
utilizada, qual o seu público-alvo, entre outros aspetos que importam tratar, abordam-
se também questões importantes, nomeadamente a acessibilidade para todos, ou seja,
a questão da acessibilidade para pessoas portadores de alguma deficiência.
Depois destes capítulos estão disponíveis as fontes de informação consultadas e
os respetivos anexos, que ajudam a complementar informação presente dos vários
capítulos ao longo do texto.
Resta apenas informar que no presente trabalho sempre que é mencionada a
Quinta da Lameira, esta refere-se à propriedade atual com o n.º 2092, que incidiu nos
terrenos de uma quinta com o mesmo nome, como veremos de seguida.

15
Capítulo 1: A evolução no espaço e no tempo da Casa e da
Quinta da Lameira

Foi em tempos que nos arrabaldes da cidade do Porto, concretamente na


freguesia de Campanhã, que muitos proprietários enriquecidos e famílias enobrecidas
tiveram as suas casas e quintas de campo43. O Padre António Tavares Martins, nos anos
sessenta do século XX, recorreu à Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto,
de meados do século XVIII, elaborada pelo Padre Agostinho Rebelo da Costa44, para
considerar que os residentes na freguesia de Campanhã, desde os finais de Setecentos,
privilegiavam o ar puro que aquela área lhes proporcionava, benéfica para a sua saúde.
O mesmo Padre António Tavares Martins acrescenta que aquelas quintas eram
alugadas por famílias estrangeiras comerciantes (ingleses, holandeses, hamburgueses,
entre outras) e que nelas viviam durante quase todo o ano. Também famílias
portuguesas e alguns de retorno do Brasil, os ditos brasileiros, possuidores de grandes
fortunas, ali residiram, reservando as melhores e as mais caras para seu uso pessoal e
divertimento45.
É neste contexto que se enquadra a Quinta da Lameira, provavelmente fazendo
parte da Quinta de Vila Meã, também conhecida por Quinta do Mitra46, em Campanhã.
De acordo com a mesma informação, em 1884, e após ter sofrido muitas mutilações, a
Quinta de Vila Meã era composta por Casal de Baixo e Casal de Cima, por uma casa
nobre, uma capela, um jardim, um pomar e um lago, por casas para caseiros e por mais
vinte cinco propriedades, terras, que se estendiam desde o Godim (lugar) ao Fojo – atual
Praça das Flores –, da Lameira (lugar) à Corujeira, e do Monte do Escoural até Bonjóia47.

43
Ver COSTA, Júlio – Quintas de Campanhã in Campanhã: Estudos Monográficos. Porto: Junta de Freguesia
de Campanhã, 1991, p. 259.
44
COSTA, Agostinho Rebelo da – ?-1791 Descripção topografica, e historica da Cidade do Porto. Que
contém a sua origem, situação e antiguidades: a magnificencia dos seus templos, mosteiros, hospitaes,
ruas, praças, edificios, e fontes... / feita por Agostinho Rebello da Costa. - Porto: na Officina de Antonio
Alvarez Ribeiro, 1789. - XXXII, 374, [6] p., 3 f. desdobr.: il. ; 4º (22 cm)
45
MARTINS, Padre António Tavares – Antigas Quintas da Paróquia de Campanhã in Boletim Cultural da
Câmara Municipal do Porto. Volume XXXII, fascs. 3-4, set.-dez., 1969. Porto: Câmara Municipal do Porto,
p. 661. COSTA, Júlio – op. cit.
46
MARTINS, Padre António Tavares – op. cit., p. 707. Foi na segunda década de Novecentos que a Quinta
de Vila Meã foi vendida à família Mitra, passando desde então a ficar conhecida pelo nome dos seus
proprietários, Quinta da Mitra.
47
MARTINS, Padre António Tavares – op. cit., p. 709.

16
As origens desta quinta (Vila Meã) remontam à família Vieira e ao ano de 147348.
A partir desta data existe menção a todas as gerações dos Vieira, residentes na Quinta
de Vila Meã49. Além dos lugares mencionados como constituintes da Quinta, esta família
ainda possuía propriedades na freguesia de Campanhã, nomeadamente em lugares
como Bouça Ribas, Maceda, Cerco do Porto, São Roque, entre outras. Estas
propriedades vieram à família fruto de casamentos com filhos da família Vieira, embora,
posteriormente, voltassem a deixar de fazer parte do património da família50. Tendo em
consideração a informação bibliográfica, colocamos a possibilidade de a origem da
Quinta da Lameira estar relacionada com a Quinta de Vila Meã recuando apenas até ao
século XVIII.

A Quinta e Casa da Lameira – a definição do espaço e dos seus limites

A antiga Quinta da Lameira é atualmente um parque municipal, denominado de


Parque de São Roque da Lameira, cujos limites atuais não correspondem aos da antiga
quinta. Era um vasto terreno constituído por diversas habitações e terras, propriedade
de diversos moradores51.
Tendo por base a Carta Topográfica da Cidade do Porto de 1892, dirigida e
levantada por Augusto Gerardo Telles Ferreira, a referência toponímica permite verificar
que a Quinta da Lameira se distribuía pelo Lugar da Lameira de Cima – e talvez pelo
Lugar da Lameira de Baixo –, e que confluía a norte com o Monte das Antas, a sul com a
rua de São Roque da Lameira e a oeste com o Lugar do Fojo e com o Monte das Antas52.
A prova de que a Quinta da Lameira era constituída por várias habitações e era
propriedade de vários moradores reside no facto de, em 1906, um dos seus moradores,
um dos antigos habitantes da Quinta da Lameira que será adiante retratado, ter
comprado um terreno a um dos seus vizinhos, este último também identificado como

48
Ibidem, p. 707.
49
Ver COSTA, Júlio – op. cit.
50
Ver MARTINS, Padre António Tavares – op. cit., p. 710.
51
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
52
Câmara Municipal do Porto. Mapa Porto (Mapas Interativos do Porto). Cartas Históricas Interativas do
Porto. Cartas Históricas Interativas do Porto – CHIP. Carta Topográfica Augusto Geraldo Telles Ferreira
(1892), escala 1:500. Disponível em: Cartas Históricas Interactivas do Porto. | Mapas do Porto (cm-
porto.pt) (consultado em 04/07/2023).

17
morador na Quinta da Lameira53. Ou seja, a Quinta da Lameira corresponderia a um
vasto espaço situado na freguesia de Campanhã, associado, em particular, a uma das
suas propriedades e respetivos habitantes, nomeadamente à propriedade com o atual
número de polícia 2092 (atual Parque de São Roque da Lameira) e que é aqui abordada,
e que nos vários documentos consultados é identificada como Quinta da Lameira nas
várias subdivisões indicadas. Outro exemplo destas alterações ocorre com a compra de
terrenos da Quinta da Lameira por parte de outros moradores, originando a Quinta da
Bela Vista, que se situava a poente da propriedade da Quinta da Lameira, e cuja
propriedade (Quinta da Bela Vista), em 1911, viu crescer o Instituto Moderno, e, em
1919, veio a ser edifício da PSP54.

1.1.1. 1759: A edificação

Na fachada sul da casa encontra-se uma pedra gravada na parede com a data de
1759, que poderá indicar o início ou a conclusão da construção da casa e do jardim55.
Nesta época, de acordo com algumas informações mais recentes, a casa era uma
mansão, e servia também como pavilhão de caça56, tal era a forma de viver da sociedade
romântica portuense, em especial das grandes famílias burguesas, que se deslocavam
ao lado oriental da cidade rural, para passarem bons momentos de lazer ou de
reconforto, praticando a caça e desfrutando da paisagem que proporcionava as curvas
do rio Douro57. Seguindo a lógica desta datação a casa ergueu-se assim na segunda
metade de Setecentos.
Possivelmente, pode ter tido a casa, como primeira função, a de produção
agrícola, cuja versão primitiva seria a de uma residência de instalação rústica, com dois
andares, janelas altas e acessível apenas pelo lado da rua. No seu exterior, a norte,
situava-se um jardim que dava acesso para as leiras cultivadas. Em partes mais altas e

53
ADP, Fundo Tribunal da Comarca de Porto PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157, Ação especial de
alienação de bens dotais 1914-03-06 a 1915-07-26, p. 7 e 8.
54
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit., p. 31.
55
SIPA (Sistema de Informação para o Património Arquitectónico – Forte de Sacavém). Parque de São
Roque da Lameira / Jardins e Mata da Quinta da Lameira. Cronologia. Disponível em: Monumentos
(consulta em 11/08/2023).
56
Casa São Roque – Centro de Arte. Casa. Disponível em: Casa - Casa S. Roque | Parque S. Roque | Arte
Contemporânea | Porto (casasroque.art) (consultado em 11/08/2023).
57
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – Casa São Roque: o gestor e o
arquiteto. Porto: Equações de Arquitetura e Dafne Editora, 2019, p. 27.

18
inclinadas, próximo do monte das Antas, desenvolvia-se a mata, ainda não possuidora
das espécies exóticas que hoje se encontram58.

1.1.2. Último terço de Oitocentos: uma Casa de brasileiro

No desenrolar de Oitocentos, a casa da Lameira ganhou o estatuo de casa de


brasileiro, aquando da introdução, ao pé da estrada (rua de São Roque da Lameira), de
algumas árvores exóticas e de alguns arranjos realizados na fachada sul da casa59. Na
altura destas intervenções, a casa era habitada por um brasileiro, de nome José Caetano
Coelho Lousada, e pela sua família, os Lousada60. José Caetano Coelho Lousada (1795-
1881) habitava a residência da Lameira já desde 1872, com 77 anos de vida, pois está
referenciado como morador em Campanhã de Cima61, lugar este onde se situava – e
situa – a dita Quinta e Casa da Lameira.
Nesta altura, é possível se aproximar ao que seria a propriedade, de acordo com
registos bibliográficos62. Acedia-se à casa por um caminho privado ascendente que saía
da rua de São Roque da Lameira, onde, alguns metros acima, estaria a entrada para a
propriedade, e que daria também o acesso ao pátio de japoneiras (camélias), situado à
cota do andar superior da habitação. Tinha a propriedade leiras para a produção
agrícola, organizadas em socalcos, e que se estendia até ao início do crescimento da
mata. Nesta mancha de arborização, a mata, era vocacionada para o próprio lazer da
família e amigos. Quanto à casa, era composta por dois andares, o superior para fins
habitacionais e o inferior para adegas e arrumações, dispondo este último andar de
portas diretas que dariam para um pátio, inclinado, situado por detrás do muro da rua.
Entre estes dois andares não havia comunicação interna. O seu beiral era tradicional,
simples e cobria todo o perímetro da casa, e protegia as paredes exteriores, estas
rebocadas e pintadas a cal. As suas janelas eram ao nível do sobrado. O andar superior,
de habitação, possuía áreas com as mesmas características comuns de outras habitações
da mesma natureza. Não tinha corredores entre as diversas áreas com distintas funções,
privilegiando assim o seu desenvolvimento em largura. Possuía cozinha, sala-de-jantar,

58
Ibidem, p. 30.
59
Ibidem, p. 30.
60
Ver Apêndices: Outras figuras.
61
ADP, Paróquia de Vitória PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0031, fl. 7.
62
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit.

19
quartos (três em sucessão), e um cómodo, possivelmente uma sala de visitas ou um
distribuidor que daria acesso para a restante habitação. Acedia-se a este cómodo por
uma das duas portas alternativas. A outra porta estaria entre a cozinha e o quarto do
meio. A sala-de-jantar era a divisão mais ampla da casa, e, que, pelo seu lado nascente,
localizavam-se os três quartos em sucessão, virados para a estrada.
Correspondendo também à segunda metade do séc. XIX, mais exatamente ao
último terço do século, e ainda com José Caetano Coelho Lousada e a sua família a
residirem na propriedade, esta sofreu ainda mais intervenções. A mais importante foi a
qualificação do andar inferior (cave) para funções habitacionais, mantendo, ainda,
outros espaços para adega e/ou arrecadações. Internamente também se introduziu, no
andar superior, uma nova sala familiar, do mesmo nível que a cave e com ligação interior
entre ambos os espaços. Esta sala veio juntar-se às restantes divisões já existentes.
Manteve-se também a ligação deste segundo andar com o jardim privado a norte da
casa. Introduziu-se, para o lado sul da habitação, uma porta envidraçada dupla e duas
novas janelas, de modo a obter mais luz interior e transparência, exigências estas que
visavam o conforto familiar. Houve também espaço para a introdução de uma outra
escada interior a ligar os dois andares, desfeita após as novas intervenções realizadas
em anos a seguir. Conservou-se a adega com lagar, que teria uma porta que dava acesso
para o exterior da habitação. Por esta altura também se sabe que a propriedade era
dotada de cocheiras, ou seja, alojamento de animais de tração, e de espaços próprios
para alojar criados ou condutores63. Possuir cavalos e veículo de transporte era sinal da
riqueza da família, elementos característicos do estrato social mais elevado da
sociedade64. Por fim, constam-se circuitos de vivência interna no lado sul da casa, que
eram visíveis por detrás do muro de vedação. Este elemento, uma marca de
diferenciação entre os demais, permitia, a quem passasse por este lugar, aperceber-se
que lá viviam moradores elegantes e citadinos. Do mesmo período, com o objetivo de
melhorar a imagem da fachada sul da residência, foram introduzidos elementos
decorativos, que aludiram que aquele lugar se tratava de uma casa de brasileiro, como
por exemplo as palmeiras65. As casas dos brasileiros predominaram na zona oriental da

63
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit., pp. 30-35.
64
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 388.
65
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit., p. 35.

20
cidade e eram residências bastante vistosas e ecléticas, havendo uma forte presença
destas na rua de São Roque da Lameira (Campanhã). Devido à exuberância foram
intituladas de palacetes66. A casa da Quinta da Lameira é um dos exemplos, sobretudo
a partir do momento em que é conhecida por Palacete Ramos Pinto.

1.1.3. Inícios do Séc. XX: Palacete Ramos Pinto

Com efeito, a imagem cartográfica deste espaço pode ser vista a partir da Carta
Topográfica da Cidade do Porto, de Telles A. G. Ferreira, de 1892, a partir da qual se
pode avaliar os limites da propriedade da Quinta da Lameira na viragem para o séc. XX,
altura em que os seus proprietários já eram outros, nomeadamente o casal Ramos Pinto,
composto por Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto (1850-1938) e António Ramos
Pinto (1854-1944)67. O espaço da propriedade era completamente vedado por um muro
e confinava a sul com a rua de São Roque da Lameira, a antiga Estrada Real N.º 33 e que
ligava a cidade portuense a Vila Real68. O edifício residencial ocupava uma posição
central e possuía a propriedade um jardim junto ao edifício. A propriedade era rodeada
pela mata e por algum casario. O jardim estava dividido em dois patamares, um inferior,
que se nivelava com o piso da habitação, e um superior, onde se situava um edifico
anexo a norte – provavelmente uma cocheira. O jardim inferior era de feições
oitocentistas, com canteiros irregulares. Na nascente deste jardim, estavam os canteiros
com maiores dimensões, e onde se encontrava um pequeno lago, também este irregular
na sua forma. Quanto ao jardim superior, era separado do patamar superior através de
um alto muro e acedia-se a ele por uma escada com início ao pé do pequeno lago. Este
jardim também era o espaço de receção da propriedade e tinha ainda a nascente um
outro acesso. Nele estariam canteiros de maiores dimensões e que, presumivelmente,

66
Ver COSTA, Júlio – Quintas de Campanhã in op.cit., p. 259.
67
Ver informações sobre estas individualidades nos Capítulos 4, 6 e 7.
68
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit., p. 38. Esta rua também
foi anteriormente conhecida como Estrada de Valongo, pois também ligava o centro da cidade do Porto
a Valongo.
LIMA, Maria Adelaide Gonçalves de Almeida – A Padeira de Valongo – Entre o mito e a realidade.
Caracterização sócio-profissional de S. Mamede de Valongo na segunda metade do século XVIII. Porto:
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2000, pp. 136-137. Dissertação de Mestrado. A Estrada
Real foi, por muitos anos, o percurso feito pelas padeiras de Valongo aquando da sua deslocação à cidade
do Porto e a outros núcleos populacionais mais para o interior, como por exemplo Penafiel.

21
acolheram coleções de arbustos e algumas árvores de caráter exótico. Nos limites do
socalco deste jardim, a norte, também vedado por um muro, situavam-se pequenas
construções, tais como um tanque, uma estufa e estufins. Por último, o acesso à
propriedade era feito pelo caminho, a poente, saído da rua de São Roque da Lameira,
caminho esse ingreme e que também dava acesso a outras propriedades69.
Já no séc. XX, a casa sofreu diversas alterações, tanto a nível físico dos seus
espaços, como na valorização de vários componentes funcionais70. Foi ao longo das
primeiras décadas de Novecentos que a residência foi qualificada e enobrecida por parte
dos seus proprietários, nomeadamente por mão de António Ramos Pinto, que, tendo
chamado o seu amigo e arquiteto de profissão, José Marques da Silva (1872-1942),
juntos transformaram a residência da família Ramos Pinto num palacete, passando,
desde aí, a intitular-se a residência como Palacete Ramos Pinto71.
As intervenções realizadas no antigo palacete decorreram ao longo de uma
década, e em três fases distintas, nomeadamente em 1900, 1908 e 1910. Eis algumas
dessas intervenções: introdução de uma escada exterior e uma loggia
(arcada/pórtico/varanda/alpendre), originando uma nova entrada pela fachada sul da
residência (1990); reforma de um compartimento no extremo da casa, que levou a que
fosse criado um novo andar superior parcial a nascente do edifício (1900); introdução
de um quarto para banhos, situado ao pé da antiga latrina, esta última alvo de reforma
(1900); introdução de uma escada que deu acesso ao andar que foi acrescentado (1900);
construção de uma garagem, que substituiu, no mesmo lugar, a antiga cocheira, agora
para alojar o motorista que servia a família (1908); correção do muro da rua, que fez
desaparecer as vielas estreitas, fechando os acessos que eram feitos à propriedade
(1908), posteriormente alterado em 1911, com introdução de um gradeamento em toda
a extensão do muro; grande ampliação da frente da casa para nascente (1910), que
correspondia a uns dezasseis metros de extensão e foram acrescentados mais onze
metros, de modo a dar engrandecimento à residência e responder às necessidades
familiares, nomeadamente à preparação do casamento da filha mais velha em 1912;
introdução de mais dois novos quartos com banhos completos, antecâmaras privadas e

69
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit., pp. 122-123.
70
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit., pp. 15-18.
71
Ibidem, pp. 38-39.

22
complementos de área para cada um dos espaços criados, no andar principal (1910);
criação de um gabinete de trabalho pessoal no andar inferior (1910); e, criação de
espaços secundários pelos diversos espaços da casa, como por exemplo o jardim de
inverno, visto como uma peça de cristal e situado na passagem para os quartos que
foram acrescentados, e que serviu como jardim das japoneiras72. Com estas
(intervenções) pretendeu António Ramos Pinto dar mais visibilidade à residência e
validado o título de palacete.
Ao longo desta década repleta de intervenções, também para o exterior da
propriedade, ocorreu um processo de expansão, de apropriação da natureza, através da
organização de jardins com uma ampla variedade de espécies e com a instalação de
estufas para flores com finalidades colecionistas, de modo a protegê-las das variações
do clima. Também com esta expansão no exterior, surgiram outros equipamentos de
repouso privado ao ar livre, tais como os caramanchões – que serviam de suporte para
plantas trepadeiras – pequenos lagos, grutas artificiais em cimento, fingindo pedras
humedecidas, a construção de miradouros, entre outros exemplos73. Estas intervenções
no exterior contaram com a mão de Jacinto de Matos (1864-1948), um afamado
horticultor portuense, que interveio também na grande ampliação de 1910, tendo este
remodelado o jardim exterior, intitulado pelo mesmo como Jardim de Ramos Pinto74, na
introdução do jardim de inverno, do mesmo período, na ordenação dos espaços que
pertenciam a António Ramos Pinto (dos campos agrícolas até ao início da zona da mota),
e entre muitas outras intervenções75.
Muitas mais intervenções foram realizadas no interior e no exterior do antigo
palacete ao longo da primeira década de Novecentos, desde a decoração, no interior,
dos tetos, com temas vegetalistas coloridos, até ao recurso de azulejos para revestir as
paredes, tanto interiores como exteriores, da residência76. Uma inscrição que remete ao
ano de 1926, inserida na ponte sobre o lago, induz à data de conclusão deste elemento
decorativo no exterior, e, provavelmente, ao fim dos trabalhos que foram realizados na

72
Ibidem, pp. 45-54.
73
Ibidem, p. 19.
74
Ibidem, p. 125.
75
Ibidem, pp. 128-129.
76
Ibidem, pp.62-65

23
propriedade da Lameira77. Estas intervenções deram imponência e ecletismo à
residência oficial desta família, tendo perpetuado até à atualidade.
Ao longo da vida da propriedade da Lameira, os seus limites foram aumentando
através do processo de aquisição de parcelas de terreno por mão do seu proprietário
António Ramos Pinto, que foi uniformizando assim a Quinta da Lameira. Estas parcelas
de terreno correspondiam a terrenos em volta do antigo palacete, terrenos esses que,
como referenciamos, pertenceram a outros moradores, mas também a parcelas de
terrenos que se situavam na zona da mata, ou seja, no topo e na encosta do Monte das
Antas78.

1.1.4. 1978 e 1979: Parque de São Roque (da Lameira)

Ora, foi entre os anos de 1978/79, já com outro proprietário, mais


concretamente o neto de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto e António Ramos Pinto
– já falecidos nesta altura –, de nome António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem
(1913-1990), que chegou ao fim a vida da Quinta da Lameira aquando da sua venda por
parte de António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem à Câmara Municipal do Porto.
Esta compra, da CMP, realizou-se entre os anos de 1978 e 1979. No primeiro ano (3 de
agosto de 1978) a CMP comprou uma parcela da quinta com uma área de superfície de
11 900 m2, que correspondia ao prédio da propriedade, ou seja, ao edifício residencial,
o Palacete Ramos Pinto, e aos terrenos envolventes, incluindo os seus jardins79, assim
como o mobiliário existente na residência naquela altura, que incluía quadros, apliques,
candeeiros, orquídeas, entre muito mais80. O segundo momento deu-se nove meses
depois (8 de maio de 1979) com a compra da segunda e última parcela da Quinta da
Lameira, ou seja, a zona da mata, que correspondia a uma área de superfície de 30 000
m2. Nesse mesmo ano, e a 20 de julho, a CMP abriu ao público o espaço sob a designação
Parque de São Roque (da Lameira)81. Ainda nesse ano, realizaram-se várias intervenções

77
Ibidem, p. 125.
78
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
79
Ver COSTA, Júlio – Quintas de Campanhã in op.cit., p. 281.
80
NUP_189555_2023_CMP-Escritura. A CMP comprometeu-se, na escritura, a realojar os agregados
familiares do jardineiro e do motorista da propriedade que naqueles tempos residiam na propriedade da
Lameira.
81
Ver COSTA, Júlio – Quintas de Campanhã in op.cit., p. 281.

24
na antiga quinta, entre as quais a requalificação da mata e dos jardins, a instalação de
sanitários públicos, biblioteca e bar nos edifícios existentes, e a colocação de ferro
forjado como gradeamentos82. Quanto ao antigo palacete, passou a ter funções
administrativas municipais, tendo sido ocupado pelo Gabinete de Planeamento
Urbanístico (Divisão de Planeamento Estratégico) da Câmara Municipal do Porto (até
1997), e, ao mesmo tempo, pelo Departamento de Espaços Verdes e Higiene Pública 83.
No ano seguinte (1980) foram feitas mais intervenções no parque,
nomeadamente com a instalação de uma conduta para o abastecimento de água dos
sanitários, para os sistemas de rega e para os combates a incêndios, e, ainda, instalou-
se um muro de suporte. Além destas intervenções, a Câmara também instalou várias
peças escultóricas, criou um labirinto de Buxus sempervirens e reconstruiu uma capela
que estava situada no Largo Actor Dias84.
O antigo palacete também sofreu intervenções, nomeadamente em 1991,
quando foi alvo de obras de conservação e de restauro85. No entanto, foi a partir do ano
de 2007 que o antigo palacete perdeu o Gabinete de Planeamento Urbanístico, Divisão
de Parques e Jardins, que se transferiu para outro edifício, situado no Parque da Cidade,
no Porto86. Foi, assim, desde essa altura que o antigo Palacete Ramos Pinto deixou de
ter qualquer tipo de funcionalidade, ficando devoluto, interdito e ao abandono durante
quase uma década, até às suas obras de requalificação, em 2016, quando ganhou uma
nova vida, embora com diferentes funções de outros tempos87.

82
SIPA. Parque de São Roque da Lameira / Jardins e Mata da Quinta da Lameira. Cronologia. Disponível
em: Monumentos (consultado em 09/07/2023).
83
Inventário Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, Rua de São Roque da Lameira, 2036-2092.
Porto: Divisão de Património Cultural, 2008, p. 8. Este inventário foi elaborado pelo Doutor Arquiteto
Francisco Sousa Rio, na altura membro da Divisão de Património Cultural da Câmara Municipal do Porto,
no dia 7 de março de 2008. Foi gentilmente fornecido pelo mesmo.
84
SIPA. Parque de São Roque da Lameira / Jardins e Mata da Quinta da Lameira. Cronologia. Disponível
em: Monumentos (consultado em 09/07/2023).
Página oficial da Câmara Municipal do Porto. Ambiente. Parques e Jardins. Parque de S. Roque. Disponível
em: Parque de S. Roque | Ambiente (cm-porto.pt) (consultado em: 15/08/2023.
85
SIPA. Parque de São Roque da Lameira / Jardins e Mata da Quinta da Lameira. Cronologia. Disponível
em: Monumentos (consultado em 09/07/2023).
86
SIPA. Parque de São Roque da Lameira / Jardins e Mata da Quinta da Lameira. Cronologia. Disponível
em: Monumentos (consultado em 09/07/2023).
87
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit., p. 14.

25
1.1.5. 2016 e 2019: Casa São Roque

A antiga propriedade ganhou vida devido à preservação que neste lugar foi
implementada, abrindo-se como espaço público e ao serviço cultural da cidade do Porto.
Em maio de 2016, estabeleceu-se a parceria entre a associação ViverCidade (criada
nesse ano) e a CMP, para o arrendamento, por parte da associação, da antiga quinta e
palacete pelo período de 15 anos (com a intenção de se prolongar por mais tempo88).
Pedro Álvares Ribeiro (Peter Meeker – nome de artista), banqueiro, colecionador de arte
e presidente da ViverCidade, comprometeu-se a recuperar o antigo palacete para expor
nele as suas (e de outros artistas) peças/coleções de arte contemporânea. Em troca, a
CMP reduziu a renda anual do espaço89. A recuperação e o restauro do antigo edifício
residencial foram realizados pelo arquiteto João Mendes Ribeiro, que manteve
(respeitou) as peças/características arquitetónicas originais do antigo palacete. Foi
neste contexto que surgiu a Casa São Roque – Centro de Arte, presidida pelo próprio
Pedro Álvares Ribeiro, enquanto centro/pólo cultural a oriente da cidade portuense, que
teve a sua abertura em 2019 como casa-museu e galeria de arte90. Além de a instituição
dinamizar a arte contemporânea, também dinamiza os jardins históricos envolventes, a
história do antigo palacete, em geral do ponto de vista arquitetónico, e a história,
embora bastante breve, curta e particular dos seus antigos proprietários e moradores,
em especial a família Ramos Pinto. Esta dinamização é feita através de visitas guiadas ao
edifício e ao jardim91. A Casa São Roque – Centro de Arte tem colaborações com a
Universidade do Porto, particularmente com a Faculdade de Belas-Artes, com a Escola
Superior de Educação (Instituto Politécnico do Porto), com a Fundação Marques da Silva
(situada na Praça do Marquês (de Pombal), Porto), e com o Agrupamento de Escolas do

88
Página oficial do Porto Canal. Conversas com história – Pedro Álvares Ribeiro (16/05/2021). Disponível
em: Conversas com História - Pedro Álvares Ribeiro (sapo.pt) (consultado em: 15/08/2023).
89
SIPA. Parque de São Roque da Lameira / Jardins e Mata da Quinta da Lameira. Cronologia. Disponível
em: Monumentos (consultado em 09/07/2023).
90
ANDRADE, Sérgio C., 2020. “O novo museu do Porto Oriental: Casa São Roque é agora museu e galeria
de arte por iniciativa de Pedro Álvares Ribeiro”, O Tripeiro, Série 7, Ano 39, Número 3, março 2020.
91
Página online oficial da Casa São Roque – Centro de Arte. Visitas Guiadas. Disponível em: Visitas Guiadas
- Casa S. Roque | Parque S. Roque | Arte Contemporânea | Porto (casasroque.art) (consultado em:
15/08/2023).

26
Cerco do Porto. Em conjunto com esta última colaboração, a Casa São Roque – Centro
de arte desenvolve programas educativos para as crianças do bairro do Cerco do Porto92.

1.1.6. 2022: Extensão e reabilitação do Parque de São Roque (da Lameira)

Mais recentemente, no ano de 2022, o parque foi (de novo) alvo de intervenção.
Com um investimento de 1,4 milhões de euros, a CMP realizou obras no Parque de São
Roque (da Lameira). Relativamente à sua extensão, foram incorporados, à zona da mata,
mais de 1,2 hectares aos quatro hectares já existentes e que estavam inacessíveis aos
visitantes. Consequência desta extensão, os visitantes passaram a poder circular nesta
zona e a desfrutar dos novos miradouros, também introduzidos, com vistas para o rio
Douro. Sobre a beneficiação do parque, foram substituídos os eucaliptos por espécies
autóctones, os caminhos internos foram reabilitados e foram plantadas mais 210
árvores (havendo agora um total de 1230 árvores no parque). Os pavimentos também
foram substituídos, reforçou-se a iluminação do lugar através de novos equipamentos e
do recurso à iluminação de lâmpadas LED, o mobiliário urbano foi também substituído
e relocalizado, as principais redes (de abastecimento de água, de drenagem das águas
residuais e pluviais e de distribuição de energia elétrica) foram requalificadas,
recuperou-se a casa dos jardineiros, oferecendo novas condições de conforto e
salubridade, os mirantes foram reabilitados, as peças arquitetónicas e históricas foram
recuperadas, e, por fim, o labirinto de buxo foi de novo preservado. Estas intervenções
integram as estratégias da CMP na adaptação às alterações climáticas (que visa
aumentar os espaços verdes na cidade e a diversidade de árvores) no quadro do Plano
Diretor Municipal, ao valorizar a estrutura ecológica e a expansão dos espaços verdes
na cidade93. No Anexo 3 encontra-se informação que complementa este capítulo da
evolução da Casa e Quinta da Lameira.

92
Ver TEIXEIRA, Mafalda; 2021. “Entrevista com Barbara Piwowarska, diretora artística da Casa São
Roque”, Umbigo Magazine – Contemporary Art and Culture, Arte & Cultura, 28 de setembro de 2021.
Disponível em: Entrevista com Barbara Piwowarska, diretora artística da Casa São Roque
(umbigomagazine.com) (consulta em: 15/08/2023).
93
Ver NEVES, Paulo Alexandre, 2022. “Investimento de 1,4 milhões de euros no Parque de São Roque
aumenta espaço verde em Campanhã”, Página oficial da C.M.P, 1 de setembro de 2022. Disponível em:
Investimento de 1,4 milhões de euros no Parque de São Roque aumenta espaço verde em Campanhã -
Portal de notícias do Porto. Ponto. (consultado em: 15/08/2023).

27
A arquitetura do antigo Palacete Ramos Pinto foi, e continua a ser, embora
discretamente, um exemplo conseguido da ostentação que um burguês pretendeu
mostrar aos demais94, ao mesmo tempo que zelou pelo conforto dos seus familiares95.
Vejamos, assim, e doravante, quem habitou este(s) espaço(s), quem foram os seus
proprietários, já brevemente invocados, um percurso que se cruza com a própria história
da freguesia de Campanhã.

94
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op.cit., pp. 15-18.
95
Ibidem, p. 54.

28
Capítulo 2: A família Gonçalves - Os “primeiros” proprietários e
habitantes da Quinta da Lameira (1792-1841)

A primeira referência à Quinta da Lameira remonta a 1759, como já se apontou


anteriormente (ver Introdução). Desde esta altura, até finais do século XX, a Quinta da
Lameira pertenceu a sucessivas gerações, com diferentes experiências de vida que, ao
longo do tempo, foram moldando e alterando as funções da dita quinta. Assim, aborda-
se, sempre que haja dados consistentes, cada uma das famílias e respetivas figuras,
focando o seu estilo de vida, o seu quotidiano, as suas fortunas e posses, as suas
atividades profissionais, os seus círculos de amizades, as suas redes de circulação
geográfica e social, entre outros mais aspetos que se consideram importantes para a
compreensão daquele espaço vivencial.

2.1. De Valongo para Campanhã: João Gonçalves Pereira e Ana Ferreira

De acordo com o registo de testamento de 1821, redigido a 12 de janeiro do


mesmo ano, um dos moradores da Quinta da Lameira chamava-se João Gonçalves
Pereira, casado com Ana Ferreira, em data desconhecida, e com dois dos seus três filhos
(Ana Gonçalves Ferreira (Lousada) e António Gonçalves)96. A outra filha do casal, Maria
José Gonçalves (de Oliveira), constituíra matrimónio com António de Oliveira
Guimarães, mas em 1822 era moradora na rua das Flores97. O casal teve quatro filhos,
embora um deles tenha falecido antes do ano completado, como se verá.
O casal João Gonçalves Pereira e Ana Ferreira, antes de habitarem na Quinta da
Lameira, poderão ter vivido em Valongo, se se tiver em consideração que a sua primeira
filha, Ana Gonçalves Ferreira (Lousada), nasceu a 4 de junho de 1790 e foi batizada ao
dia 6 do mesmo mês e ano, na freguesia de São Mamede de Valongo, embora os avós
paternos (Manuel Pereira e Maria Gonçalves) e maternos (João Ferreira e Maria Rosa)

96
AMP – cota A-PUB/2292 - f. 388v-391 – Registo do testamento com que faleceu João Gonçalves Pereira.
97
No ano de 1822 foi madrinha de batismo de uma sobrinha, uma das filhas da sua irmã Ana Gonçalves
Ferreira, em cujo registo constava que era moradora na Rua das Flores. Ver ADP, Paróquia de Santo
Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0036, fl. 274 v e 275.

29
fossem todos da freguesia de Campanhã. Os seus padrinhos de batismo, contudo, eram
da freguesia de Valongo98.
Com o nascimento da segunda filha, a 9 de março, batizada a 11 de 1792, Maria
José Gonçalves (de Oliveira), já viviam em Campanhã, embora os avós fossem
identificados como sendo de Valongo e não de Campanhã, como anteriormente99. Não
sabemos se estes teriam mudado de residência em dois anos (de Campanhã para
Valongo), por razões profissionais100 ou por posse e exploração de propriedades
agrícolas101.
O terceiro filho, António, nasceu aos 20 de fevereiro, batizado a 23, de 1794,
também no lugar da Lameira confirmando os dados habitacionais dos avôs paternos e
maternos, bem como o seu local de residência conforme o registo de batismo da
segunda filha (Maria José Gonçalves (de Oliveira)). Os padrinhos e as testemunhas foram
os mesmos dos anteriores batismos102. Este filho terá falecido, embora não se tenha
encontrado o registo de óbito, e o seu nome foi atribuído ao filho seguinte, sendo
confirmada a existência de apenas três filhos nos registos de testamento dos pais, João
Gonçalves Pereira e de Ana Ferreira103. O quarto e último filho, António Gonçalves,
nasceu a 28, batizado a 30, de março de 1795, no lugar da Lameira (Campanhã). Nesta
altura, os avôs paternos residiam noutro local da freguesia de Valongo, mais
concretamente no lugar da Presa104, enquanto que os avôs maternos continuaram a
residir no lugar do Campo105. Foram seus padrinhos Custódio Fernandes e Ana
Gonçalves, da freguesia de São Mamede de Valongo106, os mesmos que haviam sido dos
anteriores filhos, sinal da manutenção de um círculo de relações na freguesia de
Valongo, apesar da “nova” morada da família.

98
Foram padrinhos João de Sousa e sua mulher Ana Gonçalves ADP, Paróquia de Valongo
PT/ADPRT/PRQ/PVLG05/001/0009, fl. 231 e 231v.
99
Ou seja, Manuel Pereira e Maria Gonçalves a residirem no lugar de Valongo e João Ferreira e Maria Rosa
no lugar do Campo, ambos lugares da freguesia de São Mamede de Valongo ADP, Paróquia de Campanhã
PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0007, fl. 150 e 150v.
100
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 302.
101
Ibidem, p. 40.
102
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0008, fl. 41.
103
AMP – cota A-PUB/5000 - fl. 132 v-134. – Registo do testamento com que faleceu Ana Ferreira.
104
Presa, logar no extremo oriental de Vallongo entre a Portelinha, Poça e Alto de Fernandes. (Reis, 1904:
369). Anteriormente com o topónimo de Villa Nova, pela semelhança que teria com Vila Nova de Gaia.
Posteriormente ao topónimo Presa ter-se-á chamado aquele lugar “Bairro da Estação” (Reis, 1904: 383).
105
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0008, fl. 68.
106
Idem.

30
2.1.1. João Gonçalves Pereira - um percurso (1792-1821)

Desconhece-se a data de nascimento João Gonçalves Pereira, mas tendo em


consideração os dados atrás referidos, relativos ao momento de batismo dos filhos,
podemos colocar a hipótese de ter nascido ou na freguesia de Valongo ou na freguesia
de Campanhã. Teve mais quatro irmãos: José, Joaquim, Teresa e Maria. Quando da
redação do seu testamento, em 1821, o seu pai, os seus sogros e a sua irmã Maria já
teriam falecido, e que esta sua irmã fora casada com Manuel Ferreira, irmão da sua
mulher107.
É a redação do testamento de João Gonçalves Pereira que permite reconstituir a
sua rede de relações e atividades. Apesar de se encontrar em bom estado mental, lúcido,
como exigia a lei, estava doente. Visto não saber escrever, a escritura do registo, a 12
de janeiro de 1821 ficou ao encargo do Reverendo pároco da igreja da freguesia de
Campanhã, o Padre Joaquim António Freire. Tal como era habitual no regime de
testamentos e da reserva da terça dos bens “de alma”108, legou à sua mulher, Ana
Ferreira, a terça parte do seu ativo disponível. Faleceu dezasseis dias depois, a 28 de
janeiro, em sua casa, na Quinta da Lameira, freguesia de Campanhã, tendo sido
sepultado na igreja da sua freguesia109.
Era, João Gonçalves Pereira, um homem crente, de acordo com as práticas da
época, manifestando-o no testamento. Encomendou a sua alma a Deus, e invocou, como
seus “advogados”, a Santíssima Virgem Maria Nossa Senhora, o seu anjo da guarda, o
santo com o seu nome (São João) e todos os santos e santas da corte celestial para que
atendessem por si no tribunal divino, para que os seus pecados, cometidos em vivo,
fossem perdoados e, assim, a sua alma pudesse alcançar a eternidade. A generosidade
das diversas ações que deixa explícitas no seu testamento são a vontade de obter a
salvação eterna.
Os nomes indicados como testemunhas podem ter sido os mais próximos do seu
círculo de amizades. Referem-se, no testamento, José de Queirós, morador na freguesia

107
AMP – cota A-PUB/2292 - f. 388v-391- Registo do testamento com que faleceu João Gonçalves Pereira.
108
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit. 1999, p. 301.
109
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0009, fl. 450 e 450 v.

31
de Cedofeita, Luís, morador em Ponte de Ferreira, Valongo110, Manuel Lopes Marcelino,
também morador em Valongo, e Manuel Coelho, da mesma freguesia de Campanhã.
As testemunhas no dia da aprovação do seu registo de testamento, em casa, na
Quinta da Lameira eram todos da mesma freguesia e podem apontar para uma rede de
conhecimentos próximos, eventualmente de amizade111. Destas sabe-se o seu nome, a
sua ocupação profissional e a sua morada. Foram elas: todos moradores na freguesia de
Campanhã. Por estes dados, pode-se colocar a hipótese de não ter uma ocupação rural,
embora a pudesse exercer, dada a diversidade das testemunhas, ligadas à
transformação de matérias-primas. Terá João Gonçalves Pereira sido mestre de um
ofício? Embora não se saiba o ramo de atividade que exerceu, o facto de ter deixado
quantias de dinheiro aos seus oficiais e ao seu aprendiz indiciam uma possível unidade
de trabalho artesanal. Teve Manuel Parada como seu aprendiz, morador em Santa
Catarina, e como seus oficiais, Manuel Camilo e José dos Santos, este último morador
em Cedofeita.
É possível colocar a hipótese de João Gonçalves Pereira ter adquirido a sua
fortuna de duas maneiras: ou por herança ou pelos recursos que possivelmente
adquiriu, talvez dos rendimentos obtidos da sua atividade profissional, como ocorria em
muitos outros casos112. Tinha liquidez que lhe permitiu pagar aos seus empregados, e
ao seu irmão Manuel, devendo-lhe este ainda dinheiro na altura do testamento. Além
do mais, as verbas de que dispôs no testamento provam a posse de capitais. Com efeito,
apresenta-se de seguida uma tabela com a respetiva distribuição de quantias
monetárias e de missas encomendas (com as respetivas esmolas). Esta tabela permite
uma melhor organização e, consequente compreensão sobre as distribuições realizadas
por João Gonçalves Pereira113.

110
Antigo lugar na freguesia do Campo (S. Martinho do Campo), em Valongo, que se localizava no mesmo
local onde está a Ponte Ferreira, edificada sobre o rio, também com o mesmo nome (rio Ferreira), que
corre na freguesia (Reis, 1904: 32 e 58). Tendo em conta o local de nascimento de uma das filhas, o casal
residia na freguesia de S. Mamede de Valongo. É provável que João Gonçalves Ferreira e a sua família
tenham estabelecido ligações com residentes de outras freguesias perto da sua, antes de se mudarem
para a freguesia de Campanhã.
111
Manuel de Oliveira, mestre de sapateiro; Manuel Dias Souto, fabricante; Joaquim Barbosa, fiteiro; José
Teixeira, fabricante; e José Ferreira Alves, fiteiro. Todos eles vizinhos de João Gonçalves, no lugar da
Lameira, exceto o último, que era morador no lugar de Maceda
112
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 302.
113
No decorrer do presente trabalho também apresentamos este tipo de tabela, sobre quantias
distribuídas, missas encomendas, entre outras categorias, para os restantes proprietários, e habitantes,
da Quinta da Lameira.

32
Tabela 1 - Distribuição de quantias e missas encomendas por João Gonçalves Pereira

Nome (e relação) familiar Verba (em N.º missas e esmola cada (em Montante TOTAL (em reis)
reis) reis) das missas
Ana Gonçalves Ferreira,
600.000 4X240 960 600.960
filha
António Gonçalves, filho 300.000 2x240 480 300.480
Maria José Gonçalves (de
100.000 - - 100.000
Oliveira), filha
José, irmão 80.000 - - 80.000
Joaquim, irmão 24.000 - - 24.000
Teresa, irmã 9.000 - - 9.000
Manuel Ferreira, cunhado 9.600 - - 9.600
Maria Ferreira, cunhada 9.600 - - 9.600
Manuel Parada, aprendiz 9.600 - - 9.600
Manuel Camilo, oficial 9.600 - - 9.600
José dos Santos, oficial 9.600 - - 9.600
José de Queirós,
9.600 - - 9.600
testemunha
Luís, testemunha 9.600 - - 9.600
Manuel Lopes Marcelino,
9.600 - - 9.600
testemunha
Manuel Coelho,
9.600 - - 9.600
testemunha

Fonte: AMP – cota A-PUB/2292 - f. 388v-391- Registo do testamento com que faleceu João Gonçalves Pereira.

Das quantias distribuídas pelos filhos, nota-se que a principal beneficiada foi a
filha Ana e a que menos beneficiou foi a filha Maria. Crê-se que pretendeu dotar a filha
Ana pois esta veio a realizar matrimónio com José Caetano Coelho Lousada a 30 de abril
de 1821114, três meses depois de João Gonçalves Pereira ter redigido o seu testamento
e após o seu falecimento. A esta filha, deixou tudo o que lhe tocou de legítima herdada.
Quanto à filha Maria, menos beneficiada da herança, crê-se que se deva por esta ter
constituído matrimónio com António de Oliveira Guimarães, ao contrário de seus
irmãos, que estariam, ainda, solteiros, possuidora de estabilidade financeira
comparativamente aos seus irmãos. Foram os três filhos de João Gonçalves Pereira os
seus herdeiros.

114
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0027, fl. 30.

33
A cerimónia da sua morte foi definida, rigorosamente prevista: ser envolvido
num hábito dos religiosos de Santo António, acompanhado de dez padres, apenas um
único ofício de corpo presente, a sua sepultura cuidada pelos seus testamenteiros
(embora não indicados), cento e cinquenta missas de corpo presente, de esmola de
duzentos réis cada uma, distribuídas, no mesmo dia, dez mil réis de esmolas aos pobres,
de acordo com a vontade dos testamenteiros, e ao seu reverendo pároco foram pagos
os direitos do uso e costume115. Todas estas condições foram concretizadas, e até
suplantadas porque o ofício de corpo presente contou com dezanove e não os dez
padres previstos116.

2.1.2. Ana Ferreira, viúva e proprietária da Quinta de 1821 a 1841

A principal beneficiária da herança de João Gonçalves Pereira foi a sua mulher,


que lhe sobreviveu. Ana Ferreira passou a ser proprietária da Quinta da Lameira. É
desconhecida a data e o local do seu nascimento, mas tal como aconteceu no caso de
seu marido, põe-se a hipótese de que terá, também, nascido ou em Campanhã ou em
Valongo. Além da informação já conhecida sobre os seus pais e avós, sabe-se que teve
dois irmãos, Manuel Ferreira e Maria Ferreira117. Desconhecemos a data e o local de
nascimento destes, bem como a respetiva data do seu falecimento.
Após a morte de João Gonçalves Pereira, Ana Ferreira constitui um segundo
matrimónio, em data desconhecida, com Manuel da Silva, do lugar de Tiras (Tirares118),
freguesia de Campanhã. Deste matrimónio não resultaram filhos comuns, embora Ana
Ferreira acolhesse o seu enteado, Manuel da Silva, com o mesmo nome do pai, bem
como do mesmo lugar. Também este segundo esposo acabou por falecer antes dela,
como consta do seu testamento, em data desconhecida. São dados, como os seguintes,
que decorrem da elaboração do seu testamento, em 1835, no qual Ana Gonçalves

115
AMP – cota A-PUB/2292 - f. 388v-391- Registo do testamento com que faleceu João Gonçalves Pereira.
116
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0009, fl. 450 e 450 v.
117
AMP – cota A-PUB/2292 - f. 388v-391- Registo do testamento com que faleceu João Gonçalves Pereira.
118
Este local aparece nas Memórias Paroquiais de 1758, realizadas na freguesia de Campanhã, como
fazendo parte de um dos trinta lugares da freguesia, com 9 vizinhos. Atualmente, neste local, persiste
ainda a ponte romana de Tirares, por onde atravessa o Rio Tinto, provavelmente com origens do período
romano (Patrício, 1991: 82).

34
nomeia a rede familiar, os que estavam vivos e mortos quando da declaração das suas
vontades.
Com efeito, após a partida do seu primeiro marido, a filha, Ana Gonçalves
Ferreira Lousada, casou com José Caetano Coelho Lousada, enquanto o filho, António
Gonçalves, enviuvou de Ana José de Bragança. Apesar deste último acontecimento ter
sido mais um episódio desolador e de tristeza na vida desta família, o casamento da filha
e a viuvez do filho marcariam o futuro da família e o futuro da Quinta da Lameira.
Tal como o seu primeiro marido (João Gonçalves Pereira), era uma devota na fé
cristã, pelas missas encomendadas pela sua alma, de seus defuntos maridos e de seus
pais, pelos pedidos preparatórios do seu enterro e pelas esmolas distribuídas aos
pobres. Invoca a Santíssima Virgem Maria e a todos os santos como seus especiais
advogados, para a intercederem na hora da sua morte, de modo a que esta, após o seu
falecimento, pudesse desfrutar da eterna bem-aventurança.
Do seu círculo de amizades, tendo em conta as suas testemunhas na aprovação
do seu registo de testamento, constam o Padre Joaquim António Freire, José Marques
e o seu irmão Francisco João Marques, Manuel Dias Souto, que também havia sido
testemunha do seu marido, e João Dias Souto, talvez estes dois últimos parentes entre
si, tendo em conta terem dois sobrenomes comuns.
Ana Ferreira não sabia ler nem escrever, de acordo com os parâmetros da época
de analfabetismo do país em Oitocentos119, embora também o seu marido não o
soubesse.
Tendo ficado viúva, Ana Ferreira herdou a Quinta da Lameira. Em 1835, ano em
que é escrito o seu registo de testamento, a referência à Quinta incluía a menção a
…casas, quintal, e tapada, dizima a Deus…120, localizadas naquele lugar da Lameira. Tal
como o marido, distribuiu o seu património por cada um dos seus três filhos, seus
herdeiros, além de definir as vontades de natureza espiritual. Veja-se a distribuição de
missas, e respetivas quantias, requeridas por Ana Ferreira na seguinte tabela:

119
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 404.
120
AMP – cota A-PUB/5000 - f. 132 v-134- Registo do testamento com que faleceu Ana Ferreira.

35
Tabela 2 - Distribuição de missas (e quantias) proferidas por Ana Ferreira

Nome (e relação) familiar Verba N.º missas e esmola cada Montante TOTAL (em reis)
(em reis) (em reis) das missas
Ana Ferreira, a própria 100x150 15.000 15.000
-
20x200 4.000 4.000
João Gonçalves Pereira,
- 50x150 7.500 7.500
defunto marido
Manuel da Silva, defunto
- 50x150 7.500 7.500
marido
João Ferreira, pai - 25x150 3.750 3.750
Maria Roza, mãe - 25x150 3.750 3.750
Outros (pobres) 5.000 - - 5.000

Fonte: AMP – cota A-PUB/5000 - f. 132 v-134- Registo do testamento com que faleceu Ana Ferreira

Relativa à herança distribuída pelos filhos:


À filha Ana (Gonçalves Ferreira Lousada) deixou propriedades de casas que
possuía no lugar da Lameira, assim como uma Letra de promessa de pagamento de
quinhentos mil réis, valor que o seu genro, José Caetano Coelho Lousada, lhe devia por
ter recebido aquele montante e nunca lho teria pago. Foi esta Letra acrescentada ao
montante da herança, bem como todas as pertenças que futuramente viessem a ser
adquiridas por Ana Ferreira, enquanto viva.
À filha Maria (José Gonçalves de Oliveira) e ao seu marido, António de Oliveira
Guimarães, deixou-lhe casas que faziam parte do dote, correspondendo à outra metade
do que já lhes havia dotado aquando do falecimento do seu marido, João Gonçalves
Pereira.
Ao filho António, dotou-lhe o prazo da casa em que àquela data viveria, ou seja,
a casa da Quinta da Lameira, em dote que terá sido retificado. Com efeito, António devia
à sua mãe a quantia de quatrocentos e setenta (e mais alguns) réis, provenientes da
escritura de partilhas feita à morte de seu pai. Devia, ainda, mais dinheiro dos
empréstimos que pediu à sua mãe. No total, o filho António devia-lhe um conto e
quatrocentos mil réis, quantia essa que entrou no monte da herança de Ana Ferreira.
Por fim, tendo em consideração as cláusulas testamentárias, também se sabe
que o seu enteado lhe devia dinheiro. Apesar de este ter pago até ao ano de 1834, com
todas as reservas a que ficou obrigado, não teria ainda entregue a quantia da meação a

36
que ficou obrigado a pagar pelo inventário procedido no Juízo dos Órfãos, pelo
falecimento do seu pai. O valor da meação era de quarenta e oito mil réis, que Ana
Ferreira lhe emprestou, em 1833, para a compra de uns bois.
O cumprimento do testamento de Ana Ferreira seria assegurado, de acordo com
a sua vontade, em primeiro lugar pelo seu genro António de Oliveira Guimarães. No caso
de este não aceitar o encargo, indicou o seu genro José Caetano Coelho Lousada e caso
nenhum destes dois aceitasse, nomeou o seu filho António. Quem aceitasse o encargo
receberia a quantia de quarenta mil reis de uma só vez. O seu genro António de Oliveira
Guimarães aceitou a incumbência, como se confirma no registo de óbito de Ana Ferreira,
em 2 de março de 1841121.
A realização do testamento (12/08/1935) de Ana Ferreira, na sua casa da Quinta
da Lameira, foi redigido pelo Padre Joaquim António Freire, o mesmo padre que redigiu
o testamento do seu marido, e que ainda seria o pároco da igreja da freguesia de
Campanhã. No dia da aprovação do seu registo de testamento, cinco dias após a sua
escritura, apesar de estar em perfeitas condições de juízo e entendimento, encontrava-
se adoentada e deitada na sua cama122. Contudo, viveu ainda mais seis anos, tendo
falecido a 2 de março de 1841, em casa do seu genro e testamenteiro António de Oliveira
Guimarães, na rua das Flores, e sepultada no Cemitério do Adro da Igreja de Santa Maria
de Campanhã123. Foi amortalhada em um hábito de Santa Rita e fizeram-lhe o ofício de
corpo presente vinte padres e crianças órfãs, tendo sido ditas vinte missas pela sua alma,
de esmola, cada uma a duzentos réis, no dia 4 do mesmo mês e ano. Deram de esmola
aos pobres cinco mil réis. O pedido para ser amortalhada em um hábito de Santa Rita é
apenas um dos muitos exemplos que, com alguma frequência, os indivíduos mais
endinheirados, em especial as mulheres, pediam, essencialmente que o seu corpo fosse
envolvido por um hábito de uma entidade sagrada da sua preferência124. A mortalha, as
missas encomendadas e as sepulturas são alguns dos exemplos de atos que exibiam
alguma notoriedade e prestígio125.

121
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0010, fl. 387 - registo de óbito de Ana
Ferreira.
122
AMP – cota A-PUB/5000 - f. 132 v-134- Registo do testamento com que faleceu Ana Ferreira
123
Arquivo Distrital do Porto PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0010, fl. 387.
124
AMP – cota A-PUB/5000 - f. 132 v-134- Registo do testamento com que faleceu Ana Ferreira.
125
Ver CRUZ, Maria Antonieta – Olhares sobre o Portugal do Século XIX. Porto: Imprensa Nacional-Casa
da Moeda, S.A., 2012, p. 54.

37
Pode-se afirmar, pela leitura do seu testamento, que Ana Ferreira assegurou o
património do seu marido e que garantiu o futuro dos seus filhos, bem como o da Quinta
da Lameira, contrariando a perspetiva corrente de incapacidade das mulheres para
exercerem tarefas de gestão126.

126
Ver VAQUINHAS, Irene – Senhoras e mulheres na sociedade portuguesa do século XIX. Lisboa: Edições
Colibri, 2000, p. 21.

38
Capítulo 3: A família Oliveira Guimarães (1841/48-1853)

De acordo com o registo de testamento de Ana Ferreira viu-se que a propriedade


da Quinta da Lameira ficara para o filho António. No entanto, este tinha dívidas
acumuladas, como atrás se viu. Com efeito, sete anos após o falecimento de Ana
Ferreira, em 1848, é o seu genro e testamenteiro, António de Oliveira Guimarães, que
casou com a sua filha Maria que se assume como proprietário. Concretamente, não
sabemos em que ano, e em que circunstâncias, a propriedade passou para António de
Oliveira Guimarães e deixou de pertencer a António Gonçalves, mas entre os anos de
1841, ano da morte de Ana Ferreira, e de 1848, ano do registo de testamento de António
de Oliveira Guimarães, o prazo da propriedade da Quinta da Lameira terá passado para
este último. Será que as dívidas referidas levaram à transferência da propriedade?
Provavelmente. A verdade é que a propriedade da Lameira passou primeiramente para
o seu nome e só depois para a sua mulher e filha da anterior, Maria José Gonçalves de
Oliveira, pois era a figura masculina a cabeça de casal, não obstante a origem do legado,
razão pela qual procura-se saber quem era este homem e as suas origens.

3.1. António de Oliveira Guimarães - 1841/48 a 1850.

António de Oliveira Guimarães nasceu entre os anos de 1785 e 1786127, na


freguesia de São Torquato (Torcato), Guimarães128. Teve cinco irmãos: José António de
Oliveira Guimarães, Antónia Luísa, Josefa, João de Oliveira e Maria, estes dois já
falecidos em 1848, respetivamente, em Requeixo e na casa do Rio129, lugares da
freguesia de São Torcato. A irmã Antónia Luísa foi casada com José Antunes, em Santo

127
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067, fl. 59. Tendo em conta a idade com que
faleceu, pressupõe-se que terá nascido entre os anos referidos.
128
AMAP, Paróquia de São Torcato. Histórica custodial e arquivística. Disponível em: Paróquia de São
Torcato (São Torcato) - Arquivo Municipal Alfredo Pimenta - Archeevo (amap.pt) (consultado em
11/04/2023). A freguesia de São Torcato pertence ao concelho de Guimarães, distrito e diocese de Braga.
Irmandade de São Torcato. Visitar São Torcato. Igreja Paroquial. Disponível em: Parque do Lago |
Irmandade de São Torcato (irmandadesaotorcato.pt) (consultado em 11/04/2023). Nesta freguesia
encontra-se o Mosteiro de São Torcato e a Igreja Paroquial, mais conhecida por Igreja Velha de São
Torcato.
129
A Nossa Terra: Minho em mil sugestões. Vale do Ave e Terras de Basto. Freguesias. São Torcato.
Disponível em: São Torcato - A Nossa Terra (consulta em 17/08/2023). Podemos colocar a hipótese de se
tratar de uma casa que se situava próxima do rio Selho. Rio este que atravessa a freguesia de São Torcato
e é afluente do rio Ave.

39
Emilião (Póvoa de Lanhoso, Braga) e teve filhos deste. A irmã Josefa casou com José
Duarte, em Vilar, na freguesia de São Torcato (Guimarães), e teve também filhos. O
irmão João de Oliveira e a irmã Maria também tiveram filhos, tendo-os deixados órfãos.
António de Oliveira Guimarães viveu na cidade do Porto, casou com Dona Maria
José Gonçalves (de Oliveira), filha do casal atrás apresentado, João Gonçalves Pereira e
Ana Ferreira, de cujo casamento não houve qualquer filho. Moraria na rua das Flores,
freguesia da Sé, cidade do Porto130. Era esta a sua primeira residência, e, como segunda
residência, a Quinta da Lameira que lhe veio parar às mãos por casamento e por
possíveis dívidas do irmão da sua mulher. Oriundo de Guimarães, como se viu, ignora-
se qual a razão e quando veio para o Porto, se sozinho ou com familiares, mas pode
inserir-se nesse movimento geral, de mobilidade interna. Com efeito, desde os finais do
século XVIII que gente oriunda da Região do Minho e de Trás-os-Montes, na sua grande
maioria filhos e/ou netos de lavradores, deslocaram-se para a cidade do Porto, como
também para a capital e para o Brasil131. Se aprenderam, na sua terra, a ler e a escrever,
partiram, depois, na adolescência, para a cidade, onde terão desempenhado várias
funções, entre as quais de empregados ao serviço de mercadores e negociantes. Se
sucederam ao patrão ou angariaram meios, abriram a sua própria loja e negócio132.
Várias razões levaram a esta mobilidade, entre as quais a desigualdade no acesso às
terras, tendo em conta o número de filhos, a pouca produtividade das terras e a procura
de formas de subsistência, de acumulação de riqueza, do poder e do prestígio. Por estas
razões, durante os séculos XVIII e XIX, os grandes centros urbanos, em especial Porto e
Lisboa, foram os destinos eleitos133.
Na rua das Flores teria mais parentes, como a sua prima Dona Margarida, que
constituiu matrimónio com Torquato (Torcato) José de Oliveira, da rua das Flores, e o
primo António Joaquim de Oliveira Faria Lobo, filho do seu tio Francisco e conhecem-se
mais alguns parentes que apadrinhou134 ou com quem vivia, como Rodrigo António de

130
AMP – TG-b/588 - f. 19 v-20 v- Registo do testamento com que faleceu António de Oliveira Guimarães.
131
Ver RODRIGUES, Abel - Gomes de Castro, Ferreira Borges, Costa Carvalho e Gomes Monteiro: Percursos
Burgueses na Transição para o Liberalismo (1780-1850) in Atas II Congresso O Porto Romântico. Porto:
CITAR – Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes, 2016, p. 28. ISBN: 978-989-8497-07-9
132
Ibidem.
133
Ibidem, p. 29.
134
Padrinho de batismo, juntamente com a sua mulher, de António de Castro, filho de Dona Maria Virgínia
de Oliveira e Castro (sua sobrinha) e de António Vicente de Castro. AMP – TG-b/588 - f. 19 v-20 v- Registo
do testamento com que faleceu António de Oliveira Guimarães; padrinho de António, filho de sua

40
Oliveira Guimarães, solteiro, e que vivia na mesma residência de António de Oliveira
Guimarães, embora não se saiba o grau de parentesco que a grande similaridade dos
sobrenomes evidencia135.
Nas suas casas, o casal teve ao seu serviço várias criadas e um criado, elemento
de privilégio, que não estaria ao alcance de todos136, uma delas de nome Josefa, já com
vários anos ao serviço do casal e que terá sido a mais recompensada aquando do
falecimento de António de Oliveira Guimarães.
Que tinha negócios é certo, porque António de Oliveira Guimarães constitui uma
sociedade com Manuel Lopes de Oliveira, que empregava caixeiros, José António de
Araújo Guimarães e Francisco Pereira Rego, sendo este o mais antigo caixeiro, sinal de
fazerem parte de uma atividade prestigiada no meio social portuense137.
Como património imóvel, herdou e comprou bens de raiz e prazos, porque além
de ser proprietário da Quinta da Lameira, era também proprietário do prazo da Igreja
Velha e das suas pertenças e meeiras e de casas e quintal do Lugar de Mualde (Moalde),
na freguesia de São Mamede de Infesta, de um prazo do casal de uma quinta, e suas
pertenças, também na mesma freguesia, de duas pequenas moradas de casas na rua de
Santa Catarina (Porto) e o prazo do casal da quinta de Santa Catarina, também na mesma
rua.
O testamento é, mais uma vez, uma janela que permite aproximar quer ao
conjunto de bens que acumulou e quer dispor, quer ao seu círculo de proximidade,
mesmo de amizades. Em 1848, a oito de agosto, com 62 ou 63 anos, António de Oliveira
Guimarães redigiu o seu registo de testamento, pela sua mão, e, por este simples ato,
sabemos que sabia ler e escrever.
Para seus testamenteiros indicou a sua mulher e dois nomes que se repetirão,
Plácido António de Abreu e Tadeu António de Faria.
Como não teve quaisquer filhos com Dona Maria José Gonçalves de Oliveira,
coube a esta grande parte da sua fortuna e herança, a par de outras disposições

sobrinha Maria José, filha do seu irmão João de Oliveira, ADP, Paróquia de Sé
PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0042, fl. 140 v.; de Olinda Augusta da Conceição Lousada, AMP – TG-b/588
- f. 19 v-20 v- Registo do testamento com que faleceu António de Oliveira Guimarães; ADP, Paróquia de
Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0038, fl. 80 v e 81. Registado como madrinha do batizado
135
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 386.
136
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 2012, p. 46.
137
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 2012, p. 41 e p. 173.

41
vantajosas. A ela deixou-lhe: as propriedades, compras e meeiras da rua de Santa
Catarina e, o mais importante e valioso, o prazo da propriedade da Quinta da Lameira,
na freguesia de Campanhã, e todas as mais compras e meeiras naquele lugar, incluindo
o casal da quinta, propriedade que lhe viera por via do irmão de Dona Maria, como se
viu atrás, tudo isto para lhe ser entregue por uma só vez.
Entre as suas disposições, deixou o prazo da Igreja Velha, e respetivas pertenças
e meeiras e as casas e quintal do Lugar de Mualde (Moalde), na freguesia de São
Mamede de Infesta, foreiras ao Mosteiro de Balio de Leça, a Dona Maria Virgínia de
Oliveira e Castro, sua sobrinha e afilhada, casada com António Vicente de Castro. No
caso da morte desta – o que veio a acontecer – nomeava o afilhado António de Castro,
filho do casal. Ainda para o caso de um destes falecer primeiro, o que sobrevivesse
ficaria com o encargo. A esta ainda lhe deixou duas pequenas moradas de casas na rua
de Santa Catarina, foreiras aos sucessores de D. Damas António Ribeiro.
Destas propriedades, a sua mulher, enquanto viva, podia mandar cortar lenhas,
madeiras, como lhe conviera, sem ser obrigada a pagar qualquer caução ou fiança ou
indemnização e, no caso de tal ser contrariado pelos nomeados, a sua nomeação ficava
sem efeito, voltando as propriedades à posse da sua mulher.
Além destes bens imóveis, deixou diversas quantias a familiares e amigos, tendo
à cabeça o irmão e depois, em iguais partes, a sobrinha afilhada e o sócio, como se pode
conferir na tabela 3.

Tabela 3 - Distribuição de bens monetários de António de Oliveira Guimarães aos familiares e amigos

Nome (e relação) familiar Verba (em reis)


Maria Virgínia de Oliveira e Castro, afilhada e sobrinha 400.000
António Vicente de Castro, amigo e marido de Maria Virgínia de Oliveira e Castro 200.000
António de Castro, afilhado (filho de Maria Virgínia de Oliveira e Castro e António 200.000
Vicente de Castro)
Manuel Lopes de Oliveira, sócio 400.000
António, afilhado (filho de Manuel Lopes de Oliveira) 100.000
José António de Oliveira Guimarães, irmão 1 conto
José António de Araújo Guimarães, seu caixeiro 100.000
Dona Margarida, prima 150.000
António Joaquim de Oliveira Faria Lobo, primo (filho de seu tio Francisco (falecido)) 150.000
Francisca e Vicentes, vizinhos em Campanhã 50.000
António, afilhado (filho de Maria José e neto do seu irmão João de Oliveira) 100.000

42
Olinda Augusta Coelho Lousada, afilhada e sobrinha 100.000
Francisco Pereira Rego, antigo rapaz e caixeiro Uma moeda em ouro
antigo (valor 48.000 reis)
Antónia Luísa, irmã, ou aos seus filhos 1 conto
Josefa, irmã, ou a seus filhos 1 conto
Filhos de João de Oliveira, irmão 1 conto (cada filho)
Filhos de Maria, irmã 1 conto (cada filho)
Josefa, criada, e a sua filha 100.000
Outras criadas 20.000
Criado 10.000

Fonte: AMP – TG-b/588 - f. 19 v-20 v- Registo do testamento com que faleceu António de Oliveira Guimarães.

Deixou mais disposições expressas António de Oliveira Guimarães. Ao afilhado e


sobrinho António de Castro, deixou o seu alfinete grande de peito. A Manuel Lopes de
Oliveira perdoou todas as quantias devidas. A José António de Araújo Guimarães o
direito à ação de uma escritura a juros da sua parente Ana Margarida (de São José), bem
como o perdão de alguma dívida contraída. As quantias deixadas às criadas, só teriam
efeito se estas ainda estivessem em sua casa na hora do seu falecimento. E, se ainda
tivesse caixeiros no seu negócio à hora da sua morte, se daria, um vestido preto a cada
um.
Deixou também diversas verbas a instituições religiosas e de caridade da cidade
do Porto, podendo se verificar na seguinte tabela:

Tabela 4 - Doações feitas por António de Oliveira Guimarães a instituições religiosas da cidade do Porto.

Instituição Montante (réis) Aplicação


Irmandade de Nossa Senhora da Lapa 400.000 Obras e Mesa
Hospital da Santa Casa da Misericórdia 500.000 Curativo do hospital
Recolhimento das Mulheres Arrependidas
50.000 -
(rua Direita, Sto. Ildefonso)
Colégio das Meninas Desemparadas (rua
100.000 -
Chá, Sé)
Recolhimento das Meninas e de Nossa
100.000 -
Senhora e São José à Porta do Sol
Recolhimento dos Lázaros e Lázaras 2x100.000 -
Estabelecimentos dos pobres Entrevados e
2x100.000 -
Entrevadas

Fonte: AMP – TG-b/588 - f. 19 v-20 v- Registo do testamento com que faleceu António de Oliveira
Guimarães.

43
Estranha-se, contudo, que nada tenha deixado à Irmandade do Terço, dado que
António de Oliveira Guimarães teve o cargo de secretário e de tesoureiro naquela
Irmandade, de 1819 para 1820138.
A 9 de agosto de 1848 foi feita a aprovação do registo de testamento, na rua da
Calçada dos Clérigos, no escritório de Manuel Carneiro Pinto, tabelião139. Dois anos
depois, a 4 de julho de 1850, com 64 anos, faleceu na Quinta, onde se encontrava a ares,
e foi sepultado no cemitério da Lapa, cuja Irmandade tinha deixado vultuosa quantia140
(ver tabela 4).
Acredita-se que o casal Vicente e Francisca, vizinhos de António de Oliveira
Guimarães e Dona Maria José Gonçalves de Oliveira, em Campanhã, passassem muito
tempo juntos, visto serem os únicos indivíduos, sem laços familiares, que recebem
quantias da herança de António de Oliveira. Pode-se incluir ainda, no círculo de
amizades da família, outras individualidades, nomeadamente as testemunhas e
testamenteiros que constam no registo de testamento.
O detalhe das suas últimas vontades e o seu funeral revelam o perfil religioso,
próprio da época. Desejou que o seu corpo fosse vestido num hábito da Irmandade de
Nossa Senhora da Lapa, em cujo cemitério foi sepultado, acompanhado por seis pobres
da mesma Irmandade, dando-se a cada um dois mil e quatrocentos réis, além de outros
seis pobres que alumiassem o seu corpo, recebendo, igualmente, cada um deles dois mil
e quatrocentos réis. Previa que no caso da sua morte, fosse feito um ofício de corpo
presente à vontade da sua esposa.
Que ao sacristão (Manuel) deveria entrar o número dos pobres nas duas
condições e se daria aos meninos órfãos, pela sua assistência ao ofício, dez mil réis.
No dia do seu ofício, se rezassem seis missas pela sua alma, de duzentos e
quarenta réis, nas seguintes igrejas: de Nossa Senhora da Lapa; da Santíssima Trindade;
da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo; e na Igreja da Misericórdia. Ao seu
abade, pelos seus direitos paroquiais, fossem dados dez mil réis. Caso não falecesse na

138
ADP, Fundo Tribunal Comarca do Porto PT/ADPRT/JUD/TRPRT/143/05645, Apelação Cível, p. 280.
139
Foram testemunhas, Domingos Duarte de Moura, Marcelino Ribeiro Barbosa e António Joaquim
Ferreira Coelho, moradores na Rua das Hortas (atual Rua do Almada), João Coelho de Almeida, morador
na Rua de Cima do Muro (na Ribeira) e Pedro Pinto de Almeida, morador na Rua 23 de julho (antiga Rua
Direita de Santo Ildefonso e atual Rua de Santo Ildefonso) AMP – TG-b/588 - f. 19 v-20 v- Registo do
testamento com que faleceu António de Oliveira Guimarães.
140
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067, fl. 59.

44
cidade, desejava que fosse enterrado onde e a sua mulher entendesse, mantendo-se o
mesmo ofício.
Pelas almas dos seus pais, avós e parentes, que se mandassem rezar 100 missas,
de esmola de cento e sessenta réis, postas na sacristia da Igreja de São Torcato, freguesia
de São Torcato, Guimarães. Pelas almas dos seus sogros, mais 100 missas, com o mesmo
valor de esmola e postas na sacristia da Igreja de Campanhã, Porto. Ainda, mais 100
missas pela alma de sua mulher, ainda viva, de esmola de duzentos réis141.

3.2. Dona Maria José Gonçalves de Oliveira - 1850 a 1853

Após a morte do seu marido foi esta senhora a proprietária da Quinta da Lameira
até à sua morte, três anos depois de ficar viúva. Ao tomar providências sobre a sua
morte, em testamento, realizado a 22 de outubro de 1853142, abriu, mais uma vez, uma
janela para se observar o seu percurso e confirmar o historial da Quinta da Lameira, que
veio dos seus pais, João Gonçalves Pereira e Ana Ferreira143.
A morte do seu marido, a viuvez, pode ser encarada como um momento
perturbador e de grande tristeza na sua vida como a historiografia descreve
relativamente às mulheres da sua condição social de senhora burguesa144. Após a morte
do marido permaneceu na sua residência na rua das Flores145.
Pela leitura do seu registo de testamento, percebe-se que não sabia ler, nem tão
pouco escrever, o que não surpreende, de acordo com os parâmetros da época146. Sem
referência ao exercício de qualquer profissão, e dada a sua condição de viúva de um
negociante, era proprietária, categoria identificada na estrutura social do Porto e da
época147.

141
AMP – TG-b/588 - f. 19 v-20 v- Registo do testamento com que faleceu António de Oliveira Guimarães.
142
AMP – A-PUB/5005 - f. 12 v-14 v - Registo do testamento com que faleceu Maria Gonçalves de Oliveira.
O seu segundo nome, José, confirma-se através do seu registo de testamento, no dia da sua aprovação,
onde está identificada como “… D. Maria José Gonçalves d´Oliveira viuva de Antonio d´Oliveira
Guimarães…”.
143
Idem. Neste registo temos a informação concreta sobre os antigos habitantes da Quinta da Lameira,
em que Maria Gonçalves de Oliveira expressa a seguinte disposição: Lego e nomeio a Antonio Vicente de
Castro viúvo de minha sobrinha Maria a minha Quinta da Lameira na freguesia de Campanham, com tudo
o que lhe é annexo, e pertenças, bem como a caza immediata, que em tempo foi de meus Pais….
144
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 2012, p. 50.
145
AMP – A-PUB/5005 - f. 12 v-14 v - Registo do testamento com que faleceu Maria Gonçalves de Oliveira.
146
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 404.
147
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 262.

45
O testamento identifica o seu círculo de relações. Além das que foram
mencionadas como próximas do marido, como por exemplo António Vicente de Castro
e José Caetano Coelho Lousada, acrescem, porque são nomeadas, o seu irmão António
Gonçalves e suas respetivas filhas (que brevemente nomeia como Margarida e
Gracinda), e os filhos da sua irmã e cunhado José Caetano Coelho Lousada, ou seja, os
seus sobrinhos e sobrinhas, nomeadamente António José Coelho Lousada, Josefina
Cândida Coelho Lousada, Olinda Augusta da Conceição Lousada e Delfina Hermínia
Lousada148, esta última sua afilhada de batismo149.
Outras figuras consideram-se como parte deste círculo, pois foram testemunhas
no dia da aprovação do registo de testamento, a 26 de outubro de 1853, realizado em
notário poucos dias depois de ter sido redigido, embora pudessem ser simples
conhecidos e vizinhos150. Contudo, veja-se a notabilidade deste círculo, como seja
Agostinho Francisco Velho, negociante da cidade do Porto e que recebeu a distinção de
Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa 151.
Naturalmente que Dona Maria José Gonçalves de Oliveira aquando da disposição
dos seus bens, sem filhos, sobressaem as quantias e bens que herdou, distribuídas pelos
seus familiares, bem como pelas instituições religiosas e de caridade.
Instituiu António Vicente de Castro como seu testamenteiro, por ter casado com
a sua sobrinha (e afilhada) Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro, e a ele deixou a
Quinta da Lameira, com tudo o que de anexo tivesse, bem como as respetivas pertenças.
Impunha a entrega, por uma só vez, de 300 mil réis à também sua sobrinha e afilhada
Delfina Hermínia Lousada, quando esta tomasse estado, ou então quando esta tivesse
precisão, e ao arbítrio e parecer de António Vicente de Castro.
À sua afilhada, Maria Virgínia de Castro, e filha de António Vicente de Castro,
nomeou-a como sua única e universal herdeira de todo o seu remanescente da sua
herança, cuja usufruição já deixara ao seu pai, António Vicente de Castro. E, no caso de

148
AMP – A-PUB/5005 - f. 12 v-14 v - Registo do testamento com que faleceu Maria Gonçalves de Oliveira.
149
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 386.
150
Henrique José Loureiro Pereira, morador na Rua da Calçada dos Clérigos, Agostinho Francisco Velho,
morador na Rua das Oliveiras, Manuel Joaquim de Lima, morador na Rua da Firmeza, e Manuel Joaquim
de Sousa e João José da Silva Guedes, ambos moradores na Rua das Flores.
151
Foi um negociante da cidade do Porto e recebeu a distinção de Comendador da Ordem de Nossa
Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Em 1849 residia na Rua de D. Maria Segunda, atual Rua Trindade
Coelho (Sousa, 2009: 69 e 72).

46
Maria Virgínia de Castro não sobreviver ao seu pai, visto que nesta altura contava com
três anos de idade, este seria o único e universal herdeiro do remanescente de Dona
Maria José Gonçalves de Oliveira. Deixou, ainda, a Maria Virgínia de Castro, todos os
bens que possuía na freguesia de São Mamede de Infesta.
Na seguinte tabela, estão representados os valores dos bens monetários que
também deixou alguns familiares e amigos.

Tabela 5 - Distribuição da herança de Dona Maria José Gonçalves de Oliveira pelos familiares e amigos

Nome (e relação) familiar Verba (em reis)


Delfina Hermínia Lousada, sobrinha e afilhada 300.000
António Gonçalves, irmão 200.000
Margarida e Gracinda, sobrinhas e filhas de seu irmão 2x40.000
António José Coelho Lousada, sobrinho e filho de sua irmã 200.000
Josefina Cândida Coelho Lousada, sobrinha e filha de sua irmã 40.000
Olinda Augusta da Conceição Lousada, sobrinha e filha de sua irmã 40.000
Virgínia, afilhada 100.000
Pároco da igreja (direitos) 40.000
Josefa, criada de António Vicente de Castro 100.000

Fonte: AMP – A-PUB/5005 - f. 12v-14 v - Registo do testamento com que faleceu Maria Gonçalves de Oliveira.

Por fim, também tencionava entregar a várias instituições religiosas e de


caridade a sua herança (ver tabela abaixo).

Tabela 6 - Quantias distribuídas por Dona Maria José Gonçalves de Oliveira por instituições religiosas e de
caridade da cidade do Porto

Valor de
Quantia
Instituição Obrigação esmola do Meações Vinténs
(em reis)
terno (em reis)
Santa Casa da 2 ternos de missas de natal
Misericórdia (anualmente) pelas almas do
100.000 marido e da sobrinha e afilhada 2x1.600 - -
Dona Maria Virgínia de Oliveira
e Castro
Hospital da Santa Casa
50.000 - - 20 -
da Misericórdia
Colégio de Meninos do
40.000 - - - -
Paço da Marquesa
Colégio de Meninas do
40.000 - - - -
Postigo do Sol
Hospital dos Lázaros e
- - - - 12
Lázaras
Hospital dos
Entrevados e - - - - 12
Entrevadas

47
Outros hospitais da
Santa Casa da - - - - 12
Misericórdia

Fonte: AMP – A-PUB/5005 - f. 12v-14 v - Registo do testamento com que faleceu Maria Gonçalves de Oliveira.

Como se constata, os principais beneficiados da herança de Dona Maria José


Gonçalves de Oliveira foram António Vicente de Castro e a sua filha Maria Virgínia de
Castro, sobrinha e afilhada de Maria José Gonçalves de Oliveira. Pode isto se ter devido
por várias razões, entre elas o facto de António de Oliveira Guimarães e Maria José
Gonçalves de Oliveira não terem deixado um descendente entre si e pela boa relação
que mantinham com o casal Maria Virgínia de Oliveira e Castro e António Vicente de
Castro que, de algum modo, ter-se-á intensificado com alguns acontecimentos, tais
como os falecimentos de alguns destes familiares, ou seja, António de Oliveira
Guimarães, Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro e de António de Castro, e com o
nascimento de Maria Virgínia de Castro. Isto também pode revelar uma certa estima e
compaixão para com António Vicente de Castro e Maria Virgínia de Castro, tendo-lhes
recompensado através da sua herança.
Com efeito, António de Castro, filho de Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro
(sobrinha) e de António Vicente de Castro, e afilhado de Dona Maria José Gonçalves de
Oliveira e António de Oliveira Guimarães, havia falecido meses antes da morte do seu
padrinho de batismo, a 11 de janeiro de 1850, com dois anos de vida152. Na verdade,
dois acontecimentos ditaram o futuro da família e da Quinta da Lameira, um deles a
morte de António de Oliveira Guimarães, e, o outro acontecimento, dez meses mais
tarde da morte de António de Castro, foi o nascimento do segundo, e restante único
filho, do casal Castro (Maria Virgínia de Oliveira e Castro e António Vicente de Castro),
que ocorreu a 9 de novembro de 1850 – o nascimento de uma figura feminina –,
batizada com o nome de Maria Virgínia de Castro. Dona Maria José Gonçalves de Oliveira
foi madrinha de batismo desta última figura, que veio a ter um papel de destaque na
Quinta da Lameira, e cujo percurso de vida merece ser ressaltado, como se verá mais
adiante153. À data do testamento de Dona Maria José Gonçalves de Oliveira (22 de
outubro de 1853), a sua sobrinha e afilhada Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro

152
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003-001/0070, fl. 51 v.
153
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0043, fl. 43 v.

48
(esposa de António Vicente de Castro e mãe de António de Castro (falecido) e de Maria
Virgínia de Castro) já havia falecido, nomeadamente no dia 2 de julho de 1852, deixando
o seu esposo viúvo e a sua filha órfã como futuros herdeiros154.
Entendem-se, assim, as disposições testamentárias de Dona Maria José
Gonçalves de Oliveira. Embora tivesse deixado o seu enterro à vontade do seu
testamenteiro, encomendou que, após o seu falecimento, se rezassem cinquenta missas
pela sua alma, mais outras cinquenta pela alma do seu marido, oitenta pela alma de seus
pais, quarenta missas pela alma da sua sobrinha falecida, Maria Virgínia de Oliveira e
Castro, e outras quarenta missas pelas almas do purgatório, cada uma destas de esmola
vinte vinténs155.
Embora doente aquando do registo de testamento, acabou por falecer dois
meses depois, a 26 de dezembro de 1853, logo após a celebração do dia de Natal, aos
60 anos de idade, na sua casa da rua das Flores156.

154
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067, fl. 81 v.
155
AMP – A-PUB/5005 - f. 12v-14 v - Registo do testamento com que faleceu Maria Gonçalves de Oliveira.
156
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067, fl. 96.

49
Capítulo 4: A Família Castro (1853-1871)

A morte do filho (António de Castro) foi uma grande perda para o casal Castro
(António Vicente de Castro e Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro), visto ter sido o
seu primeiro filho e falecido em idade tenra. Este falecimento pareceu ter interrompido
o ciclo de descendência, até ao nascimento, no mesmo ano, da segunda e,
posteriormente única filha, Maria Virgínia de Castro. Para ainda maior infelicidade da
família, Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro também veio a falecer, como já vimos,
em 1852. Ficando assim a família reduzida ao pai, António Vicente de Castro, e à filha,
Maria Virgínia de Castro, ainda menor.
Foi assim, com apenas estas duas figuras, que se abriu mais uma fase na
administração da Quinta da Lameira.

4.1. António Vicente de Castro, proprietário de 1853 a 1862

Nasceu António Vicente de Castro a 3 de dezembro de 1821, na freguesia de São


Payo (São Paio), em Guimarães, sendo batizado na igreja da mesma freguesia aos sete
dias do seu nascimento. Era filho legítimo de José de Castro São Payo e de Maria Rita de
Castro, e irmão de José Joaquim Dias de Castro. Foram testemunhas do seu batismo o
seu irmão e Antónia Josefa de Castro, avó materna. Todos moravam na rua do Triunfo,
naquela freguesia de São Payo (São Paio)157.
Não se sabe em que altura veio para a cidade do Porto, nem se veio sozinho ou
com familiares. Aquando do seu casamento com Dona Maria Virgínia de Oliveira e
Castro, ambos estão identificados como moradores na rua das Flores, o que leva a crer
que, provavelmente, poderão ter-se conhecido no ambiente desta rua158. Acresce, a
possibilidade de se ter tratado de um casamento de conveniência, de acordo com um
padrão comum aos burgueses da cidade, dado que como pertenciam a um estrato social
que os diferenciava pelo seu bem-estar material, pela sua educação e pelo seu tipo de
vida quotidiana, levaram a procurar e a realizar matrimónio entre o seu meio social159.

157
AMAP, Paróquia de São Paio PT/AMAP/PRQ/PGMR60/001/P-420, fl. 340 v.
158
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/002/0031, fl. 298 v.
159
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 453.

50
A 13 de janeiro de 1847 realizara-se o casamento com Dona Maria Virgínia de
Oliveira e Castro, a primeira filha de José Caetano Coelho Lousada e de Ana Gonçalves
Ferreira Lousada a contrair matrimónio160, na Sé Catedral do Porto (freguesia da Sé).
Foram testemunhas o Dr. António José Coelho Lousada, morador na rua de Cedofeita,
irmão de José Caetano Coelho Lousada e tio paterno e padrinho de batismo de Dona
Maria Virgínia de Oliveira e Castro161, e António de Oliveira Guimarães, tio materno e
também padrinho de Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro, morador na rua das
Flores162. Sublinhe-se que os padrinhos tinham uma importância fundamental na vida
dos seus afilhados, em que mesmo que se tratassem de tios, irmãos ou avós, o seu novo
grau de parentesco sobrepunha-se ao grau de parentesco de raiz. Para se diferenciarem,
ainda mais, as elites acumulavam sobrenomes, sobretudo dos seus dos seus avós
maternos e paternos163.
Profissionalmente, António Vicente de Castro era identificado como negociante.
Tal como António de Oliveira Guimarães (seu tio materno), encontrava-se numa posição
económica bastante favorável devido à sua atividade profissional164 que, no mínimo,
envolvia uma sociedade com Francisco Ribeiro de Faria e Silva. Com efeito, quando
redigiu o seu testamento, António Vicente de Castro declarou que, logo após a sua
morte, o seu negócio fosse liquidado e que Francisco Ribeiro de Faria e Silva tivesse a
preferência na compra da massa geral do seu negócio, confiando na muita prudência
que caracterizava o seu sócio. António Vicente de Castro fazia parte do conjunto de
negociantes cujos recursos adquiridos canalizavam as suas economias em investimentos
que assegurassem um rendimento mais seguro, como seriam os fundos do Estado, as
ações e as obrigações dos bancos e as companhias de seguros165. Com efeito, no seu
testamento declarou que o capital do seu negócio que se liquidasse fosse empregue em

160
Uma nota para o facto de Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro incluir o apelido Oliveira, que não
fazia parte do nome dos seus pais, José Caetano Coelho Lousada e de Ana Gonçalves Ferreira Lousada.
Talvez tenha ficado com o apelido dos seus tios e padrinhos, António de Oliveira Guimarães e Dona Maria
José Gonçalves de Oliveira, de quem recebeu proteção.
161
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0036, fl. 274 v e 275.
162
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/002/0031, fl. 298v.
163
Ver LOPES, Maria Antónia – op.cit., pp. 158-159.
164
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, pp. 172-173.
165
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 40.

51
torrões166 (terras, terrenos) ou bens, desde que estes fossem num bom local e de fácil
administração.
O seu perfil coloca-o num certo patamar de literacia que começava com o facto
de saber ler e escrever, proprietário e negociante e que caraterizava o grupo dos
negociantes da cidade portuense, dado que muitos deles tinham uma segunda
habitação afastada da cidade167.
A outra componente, a de homem religioso, também estava presente. António
Vicente de Castro era seguidor da fé cristã, plasmada no seu testamento, das missas
encomendadas para salvação da sua alma, dos sufrágios a cumprir pelas almas dos seus
ente-queridos, e pelas suas últimas vontades religiosas expressas relativamente ao seu
enterro.
Do seu possível círculo de amizades, e da sua família, além dos familiares já
mencionados, incluem-se os seguintes nomes: o já referido Agostinho Francisco Velho,
que constituiu uma grande amizade com António Vicente de Castro e foi o seu
testamenteiro; Ana Velho, possivelmente parente de Agostinho Francisco Velho, tendo
em conta o seu apelido; o seu sócio Francisco Ribeiro de Faria e Silva; Joaquim António
de Faria, Henrique José Lourenço Pereira, António Joaquim de Oliveira Faria Lobo, Luís
Domingos da Silva Araújo e Francisco Ribeiro de Faria e Silva, todos estes integrantes do
conselho de família de António Vicente de Castro, aquando do seu registo de
testamento; o caixeiro Vicente da Fonseca Ferrão e os negociantes Augusto Pinto
Moreira da Costa, José de Freitas Guimarães, João Maria da Costa Pinho e Eusébio Pinto
Nunes, todos da rua das Flores, exceto o último, que era da rua dos Mártires da Pátria,
que foram testemunhas de António Vicente de Castro no dia da aprovação do seu
testamento; as senhoras Francisca e Joaquina Leiteira, ambas da freguesia de
Campanhã168; e José Fortunato Ferreira de Castro, padrinho de batismo da filha Maria
Virgínia de Castro169. Ainda, se pode integrar a família do Dr. António José Coelho
Lousada, visto que este foi testemunha do casamento de António Vicente de Castro com
Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro, tendo, ainda, António Vicente de Castro ter

166
Entende-se por torrões como pedaços de terra, terrenos (Silva e Bluteau, 1789: 469).
167
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 294.
168
AMP – A-PUB/5009 - f. 127v-129v - Registo do testamento com que faleceu António Vicente de Castro.
169
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0043, fl. 43 v.

52
sido padrinho de uma das filhas do Dr. António José Coelho Lousada, nomeadamente da
filha Palmyra (Palmira) Lousada170.
O seu primeiro filho nasceu na rua das Flores, um ano após o seu casamento, a
11 de janeiro de 1848 e foi batizado a 2 de fevereiro do mesmo ano, na Sé Catedral do
Porto (freguesia da Sé). As testemunhas de batismo foram João José Alves e Manuel
Soares, e os padrinhos, já retratados, António de Oliveira Guimarães e Dona Maria José
Gonçalves de Oliveira171. Dois anos depois, exatamente no dia do seu aniversário,
faleceu172.
Dez meses depois do falecimento do filho, nasceu a filha do casal, Maria Virgínia
de Castro, a 9 de novembro de 1850, batizada, na Sé Catedral do Porto, a 28 de
novembro do dito ano, todos residentes na rua das Flores173.
Quando Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro faleceu, no dia 2 de julho de
1852, sendo desconhecidas as causas, tinha 29 anos de idade. Foi sepultada no cemitério
da Lapa174, no jazigo da família, onde já estariam os seus tios e padrinhos, António de
Oliveira Guimarães e Dona Maria José Gonçalves de Oliveira175.
Nove anos depois da morte da esposa, por se sentir um pouco doente, António
Vicente de Castro redigiu o seu registo de testamento a 27 de novembro de 1861, na
sua casa, na rua das Flores. Tinha a sua única filha de onze anos de idade, instituída sua
única e universal herdeira. Agostinho Francisco Velho, uma figura que acompanha a
família, foi indicado como tutor e administrador da sua filha, em honra pela boa amizade
que havia entre ambos.
O testamento revela os cuidados para o bem-estar da sua filha, nomeadamente,
que vivesse numa casa cómoda e sadia, e que fosse dirigida e governada, apenas, pela
sua antiga e boa criada Josefa, pedindo a esta que nunca a deixasse nem se separasse

170
ADP, Paróquia de Cedofeita PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/001/0019, fl. 333 v
171
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0042, fl. 140 v.
172
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003-001/0070, fl. 51 v.
173
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0043, fl. 43 v. Foram seus padrinhos de batismo José
Fortunato Ferreira de Castro, do Largo de Santo Eloy (Elói) – atual Largos dos Loios –, e Dona Maria José
Gonçalves de Oliveira, da Rua das Flores. Francisco Fortunato Ferreira de Castro foi padrinho de batismo
de Maria Virgínia de Castro por procuração de Agostinho Francisco Velho. As testemunhas de batismo
foram João José Alves e André Avelino.
174
Arquivo Distrital do Porto PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067, fl. 81v.
175
AHIL, Registro dos monumentos funerários de D. Maria Gonçalves de Oliveira - Cemitério da Real
Irmandade de Nossa Senhora da Lapa.

53
de Maria Virgínia de Castro, devendo aconselhá-la, encaminhando-a para que pudesse
ter um futuro feliz176.
Na tabela seguinte sintetiza-se como dispôs verbas entre amigos e serventes:

Tabela 7 - Disposição dos bens de António Vicente de Castro a familiares e amigos.

Nome (e relação) familiar Verba (em reis)


Agostinho Francisco Velho, amigo 400.000
Ana Velho, amiga 10.000
Francisca, amiga 15.000
Joaquina Leiteiro 15.000
Luísa, criada 15.000
Josefa, criada 10.000+20.000+50.000
Abade da igreja 5.000 (direitos paroquiais)

Fonte: AMP – A-PUB/5009 - f. 127v-129v - Registo do testamento com que faleceu António Vicente de Castro.

O pormenor das disposições revela a delicadeza do processo e dos sentimentos.


Ao seu sócio e amigo Francisco Ribeiro de Faria e Silva deixou o seu relógio de ouro. A
quantia deixada à criada Luísa só teria efeito se esta ainda estivesse ao seu serviço na
hora da sua morte. À criada Josefa, deu mais 20 mil réis para fazer o seu luto, e mais 50
mil réis (ver na tabela), pelo bem que ela sempre lhe fez, à sua esposa, Dona Maria
Virgínia de Oliveira e Castro e à sua filha, Maria Virgínia de Castro, e pela saudade futura
que esta criada por ele manteria. Ao abade pediu que não fosse feito qualquer ofício na
freguesia.
Na esperança de que nenhum amigo negasse o seu pedido, elaborou o seu
conselho de família constituído pelos amigos já referidos. Para seu testamenteiro,
nomeou António Vicente de Castro o seu amigo Agostinho Francisco Velho, também
tutor da filha.
No dia do registo do seu testamento, a 2 de dezembro de 1861, encontrava-se
António Vicente de Castro no seu “cesto”, por outras palavras, na sua cama, doente, na
casa da rua das Flores, apesar de estar no seu perfeito juízo e entendimento177, segundo

176
Não obstante ainda na sua menoridade Maria Virgínia de Castro teve de enfrentar situações menos
felizes. É o caso do episódio que se partilha no Anexo 4, onde se apresenta o litígio que ela e seu pai
tiveram com a Irmandade de Nossa Senhora do Terço da Cidade do Porto.
177
AMP – A-PUB/5009 – f. 127v-129v – Registo do testamento com que faleceu António Vicente de Castro.

54
o tabelião Tomás Megre Retrier e as presentes testemunhas que o reconheceram como
a pessoa que era178.
Dois meses depois, a 21 de fevereiro de 1862, faleceu de madrugada (5 da
manhã), em sua casa, na rua das Flores n.º 190. Tinha 40 anos de idade179. Apesar de no
seu registo de óbito constar que iria ser sepultado no cemitério do Repouso (Prado do
Repouso), a sua vontade, expressa no seu registo de testamento, em querer ser
sepultado no cemitério da Lapa, prevaleceu, comprovando-se através do Registo de
Monumentos Funerários de Dona Maria Gonçalves de Oliveira, da Real Irmandade de
Nossa Senhora da Lapa, onde se inclui o seu nome180.
Esta vontade é a marca das restantes disposições religiosas: 50 missas pela sua
alma e outras 50 pela alma da sua falecida mulher e 80 missas pelas almas de António
de Oliveira Guimarães e de Dona Maria Gonçalves de Oliveira. Cada uma de esmola 200
réis. Relativamente ao seu enterro, ditou que fosse feito na Igreja da Lapa, sem que
alguma pessoa fosse convidada, sem ostentação alguma e sem armação. Pediu apenas
que o seu corpo fosse amortalhado num hábito da Irmandade da Lapa. É possível dizer
que se está perante um caso excecional no que toca à questão das ostentações perante
a morte. Mas, do ponto de vista do mundo burguês, em comparação aos rituais
religiosos que eram levados a cabo pelos burgueses daqueles tempos181, António
Vicente de Castro pode ser visto como um homem modesto, “humilde”.

178
Idem.
179
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0024, fl. 11 v.
180
AHIL, Registro dos monumentos funerários de D. Maria Gonçalves de Oliveira. Cemitério da Real
Irmandade de Nossa Senhora da Lapa.
181
O pedido para ser amortalhado em um hábito de uma irmandade e a construção de uma sepultura,
neste caso, um jazigo, também são reflexos da riqueza e prestígio de uma figura burguesa, que pretendia,
também assim, marcar a diferença (Cruz, 2012: 54).

55
Capítulo 5: A família Lousada, habitantes na Quinta da Lameira
Ficou a Quinta da Lameira em nome de Dona Maria Virgínia de Castro, a filha e
sobrinha amada, onde, mais tarde, seguiu a sua vida, após a morte do seu pai e de um
percurso de órfã. Talvez por isto, familiares seus habitavam ou passaram a habitar a
Quinta da Lameira ainda quando ela era criança182. Veja-se o seu percurso, recuando
aos seus avós, perscrutando a linha geracional que lhe permitiu o acesso à Quinta da
Lameira.
Neste capítulo, dá-se a conhecer esta família, de onde eram, quem eram, o que
faziam e por onde andaram, alguns com especial destaque, por também habitarem a
Quinta da Lameira. Deste modo, inicia-se pela figura que se considera mais ilustrativa,
com maior importância e maior influência da família Lousada, tendo em conta o seu
trajeto de vida. Fala-se de José Caetano Coelho Lousada, um torna-viagem, avô de Dona
Maria Virgínia de Castro.

5.1. José Caetano Coelho Lousada

José Caetano Coelho Lousada nasceu a 7 de fevereiro de 1795 na Pocinha, rua


de Santo Ildefonso183, freguesia de Santo Ildefonso, da cidade do Porto, batizado a 10
de fevereiro do mesmo mês184. Era filho de Agostinho José Coelho (1771185-?), natural
da freguesia de Santiago de Subarrifana, Penafiel, e de Maria Lopes Martins (1772186-
1810187), natural da freguesia de Campanhã, cidade do Porto, casados a 17 de maio de
1792, na Igreja de Santo Ildefonso, da cidade do Porto, sendo o segundo dos sete filhos
do casal.

182
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., pp. 33 e 37.
183
AMP, - D-CMP/7(1) - f. 139 – Cópia da frente para a reedificação de uma casa […] na Rua Direita de
Santo Ildefonso, n.º 186-187. Processo de obra. Localização atual. Disponível em: Gisa –
Documento/Processo – Cópia da frente para a reedificação de uma casa... na Rua Direita de Santo
Ildefonso, n.º 186-187 (cm-porto.pt) (consultado em 18/08/2023). Esta rua, ao longo dos tempos, foi
tendo diversos nomes. Primeiro com o nome de Rua Direita do Padrão das Almas. De seguida, passou
para Rua da Pocinha. Depois, para Rua Direita. Passando, ainda, a chamar-se Rua Direita de Santo
Ildefonso. E terminado com o nome pela qual é conhecida hoje em dia, Rua de Santo Ildefonso.
184
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0028, fl. 178. Tendo sido seu padrinho
Francisco da Silva Leça, morador no Reimão (atual Av. Rodrigues de Freitas, Bonfim), e assistiu José Lopes
– irmão de Maria Lopes Martins –, ambos moradores na freguesia de Santo Ildefonso.
185
ADP, Paróquia de Santiago de Subarrifana PT/ADPRT/PRQ/PPNF31/001/0004, fl. 12 e 12 v.
186
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005, fl. 156 v e 157.
187
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0016, fl. 178v.

56
Os seus avôs paternos, João Coelho, natural da freguesia de São Tiaguinho, e
Maria Vieira, natural da freguesia de Bitarães, eram ambos de Penafiel. Os avôs
maternos, Manuel Lopes e Mariana Martins, por seu lado, moravam na aldeia da
Formiga, ambos da freguesia de Campanhã188, aqui casados (a 1 de outubro de 1757189).
Foi possível recuar aos bisavós, pelo que, da parte de seu pai, era bisneto de Brás
Coelho e de Teresa Pereira e bisneto materno de João Vieira e Catarina de Souza190.
Da parte de sua mãe, eram seus bisavós paternos Gabriel António e Mariana
Luiza de Jesus, moradores na aldeia da Lameira (em 1772), freguesia de Campanhã, e
bisavós maternos Manuel Gonçalves e Ana Martins, moradores na aldeia da Formiga
(em 1772), também da freguesia de Campanhã191. Seus tios eram José Lopes (1762192 -
?), natural da freguesia de Campanhã e morador na aldeia da Formiga, quando casou
com Francisca Rosa, a 19 de setembro de 1784, na Igreja de Santo Ildefonso 193, Manuel
Lopes (1767194 -?), natural da mesma freguesia, e Hyronimo Lopes (1769195 -?), também
natural da freguesia de Campanhã.
Na altura do nascimento do seu irmão mais velho, João Lopes Martins Coelho, a
7 de fevereiro de 1794, ainda os pais viviam no lugar da Formiga, na freguesia de
Campanhã196. Quando do seu próprio nascimento, os pais já viviam na rua da Pocinha,
em Santo Ildefonso197. Neste lugar, o pai teve a sua oficina, onde exerceu a profissão de
mestre assemblador198, negócio de móveis que veio a assumir199. O seu terceiro irmão
nascido a 1798, 1 de outubro, em Santo Ildefonso e batizado na igreja da freguesia, foi

188
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0020, fl. 36.
189
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/002/0004, fl. 106.
190
ADP, Paróquia de Santiago de Subarrifana PT/ADPRT/PRQ/PPNF31/001/0004, fl. 12 e 12 v.. Era e
sobrinho de José Caetano (1776-?), que também nascera em Santiago de Subarrifana, Penafiel ADP,
Paróquia de Santiago de Subarrifana PT/ADPRT/PRQ/PPNF31/001/0003, fl. 70 e 70 v.
191
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005, fl. 156 v e 157.
192
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005 fl. 8v.
193
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0016, fl. 6.
194
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005, fl. 82 v e 83.
195
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005, fl. 106 e 106 v.
196
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0008, fl. 40.
197
ADP, Paróquia de Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0028, fl. 178.
198
A palavra assemblador é o mesmo que dizer ensamblador. Esta palavra aparece no título do registo de
testamento de Maria Lopes Martins como a profissão que seu marido, Agostinho José Coelho, exerceu, a
de mestre ensamblador, que tem o mesmo significado da palavra marceneiro. Marceneiro é um oficial
que faz madeiras para movéis, com mais engenho que um carpinteiro. Este faz molduras entalhadas para
casas. (Silva e Bluteau, 1789: 58).
199
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 33.

57
chamado António 200. Podemos colocar a hipótese de que este irmão terá falecido201,
visto haver o registo do irmão seguinte e quarto filho do casal, António José Coelho
Lousada, nascido a 22 de outubro de 1800, também na rua da Pocinha, e batizado na
mesma igreja202.Terá tido grande relevância no Brasil, mas também na cidade do Porto.
No Anexo 5 apresenta-se informação mais detalhada sobre ele.
O irmão seguinte, nascido a 13 de outubro de 1802, Joaquim José Coelho, foi o
quinto filho do casal, batizado na mesma Igreja203. A única irmã nasceu a dia 26 de
agosto de 1804, Angélica Coelho, a sexta e única filha da família, batizada no mesmo dia
do seu nascimento na mesma igreja e freguesia204. O último irmão, Agostinho Coelho,
nasceu a 23 de fevereiro de 1807, batizado no próprio dia, na igreja de Santo
Ildefonso205.
Apesar de ser uma família numerosa, no ano de 1810, ano do falecimento de
Maria Lopes Martins, apenas teriam sobrevivido dois dos sete filhos do casal, os únicos
a atingirem a maior idade e que prosseguiram a vida adulta206, José Caetano Coelho
Lousada e António José Coelho Lousada, que ficaram órfãos de sua mãe aos 15 e aos 9
anos de idade respetivamente207.
A casa onde vivia e residia a família e funcionava a oficina era da sua mãe, Maria
Lopes Martins, e que fora também a casa dos pais desta. Deixou a respetiva casa ao seu
marido (em testamento de 1810)208, indicador de alguma abastança, porque possuir
uma casa significava investimento, maior bem-estar financeiro, como também refletia
sinais de poupança209.
Dos filhos sobreviventes, António José Coelho Lousada frequentou a
Universidade de Coimbra, enquanto José Caetano Coelho Lousada continuou o negócio

200
Arquivo Distrital do Porto PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0030, fl. 33 v.
201
Mais tarde, no registo de testamento de Maria Lopes Martins, consta apenas o nome de um António.
AMP – A-PUB/2273 - f. 160v-162 - Registo do testamento com que faleceu Maria Lopes Martins.
202
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0030 fl. 213v.
203
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/003, fl. 88.
204
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0031, fl. 245 v.
205
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0032, fl. 147 e 147 v.
206
AMP – A-PUB/2273 - f. 160v-162v - Registo do testamento com que faleceu Maria Lopes Martins.
207
Após o falecimento de Maria Lopes Martins, Agostinho José Coelho contraiu casamento com uma
segunda mulher, Ana Lopes, no ano de 1829. ADP, Paróquia de Santo Ildefonso
PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 276.
208
AMP – A-PUB/2273 - f. 160v-162v - Registo do testamento com que faleceu Maria Lopes Martins.
209
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p 362.

58
do seu pai210 com alguma notoriedade porque veio a desempenhar funções em
instituições industriais, e políticas, da cidade portuense, como veremos.
O casamento de José Caetano Coelho Lousada e Ana Gonçalves Ferreira
(Lousada), a 30 de abril de 1821, na Igreja de Santo Ildefonso211 marca outra etapa e
justifica a entrada do nubente na Quinta da Lameira. O noivo tinha 26 anos de idade e
Ana Gonçalves Ferreira era mais velha, nas vésperas de completar 31 anos, residente na
casa da Quinta da Lameira, de sua mãe, em Campanhã. Após o casamento passaram a
residir na casa do noivo, na rua da Pocinha, em Santo Ildefonso212, o que se insere nas
práticas da época, dado que frequentemente, a mulher, ao contrair matrimónio,
passava da dependência do pai para a do marido213.
Em 1848 partiu para a cidade do Rio de Janeiro, Brasil214, tal como o seu irmão
António. Nesta cidade exerceu funções de comerciante, mantendo fortes ligações e
negócios à comunidade portuguesa presente na cidade215. No Rio de Janeiro, também
viveram três dos seus filhos (António José Coelho Lousada216, José Coelho Lousada e
Arminda Lousada)217. Ganhou naturalização brasileira a 30 de novembro de 1858218.
A ida para o Brasil insere-se no movimento geral de emigração ocorrido de forma
mais espessa na primeira metade de Oitocentos e nas primeiras quatro décadas de
Novecentos, o sonho de conseguir uma fortuna rápida e o sonho da ascensão social219.
Era um fenómeno que remontava ao contexto colonial de meados de Setecentos, em
que, na cidade portuense, já eram referenciados alguns brasileiros como

210
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., pp. 33 e 64.
211
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0027, fl. 30.
212
Constatamos esta afirmação com base nos registos de batismo de nascimento dos filhos do casal, onde
aparecem como moradores nesta rua.
213
Ver LOPES, Maria Antónia – As grandes datas da existência: momentos privados e rituais públicos in
José Mattoso, op.cit., p. 201.
214
AGCRJ, BR AGRCRJ 46.4.1. Carta de naturalização de José Caetano Coelho Lousada. Este documento foi
obtido através do contacto eletrónico com o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que, gentilmente,
forneceram.
215
Conversa realizada a 14/03/2023 com o Arquiteto Domingos Tavares.
216
Possui o mesmo nome que o tio paterno, António José Coelho Lousada.
217
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 33.
218
AGCRJ, BR AGRCRJ 46.4.1. Carta de naturalização de José Caetano Coelho Lousada. Este documento foi
obtido através do contacto eletrónico com o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que, gentilmente,
forneceram.
219
Ver NETO, Alda – As Casas de Brasileiros: os movimentos migratórios e a construção de itinerários no
Norte de Portugal (The Houses of Brazilians: the migratory movements and the construction of itineraries
in the North of Portugal). Êxodos: Conto e Recontos, 2016, p. 558.

59
emigrantes/colonos que partiram para o Brasil, tendo, depois, regressado220. Embora o
Brasil tenha ganho a sua independência, as trocas comerciais nunca pararam de se fazer,
apesar do seu ritmo ter desacelerado, devido às novas situações de mercado e política
impostas221.
No Brasil, os brasileiros mantiveram a mesma prática de atividades a que se
dedicavam na sua terra de origem222. Para que se alcançasse o sucesso da emigração no
Brasil, além da importância do saber fazer, também o saber ler e escrever era
fundamental para atingir o mesmo223. Importa realçar que para alguns, incluindo aqui
José Caetano Coelho Lousada, a emigração e o retorno não seriam um problema, pois
planearam apenas em obter algum capital. Partiram com objetivos a curto-prazo, de
modo a que pudessem estabelecer a sua família e a exercer uma profissão, para que,
depois, no regresso ao seu país, e à respetiva atividade anterior praticada nele,
trabalhassem de forma mais independente e dinâmica224. Estes, pretenderam apenas e,
acima de tudo, reforçar a sua posição individual e/ou familiar no meio social do país de
origem. Este contexto era bastante comum, principalmente para os que partiram já
adultos, com casamento ou com casamentos por realizar, o que aconteceu com José
Caetano Coelho Lousada.
Regressados às suas origens, foram intitulados pela sociedade de então de
brasileiros e de abrasileirados, um brasileiro de torna-viagem por terem viajado para o
Brasil por um longo período de tempo e de lá regressarem com uma posição de bem-
estar económico bastante folgada225. Estima-se que os que regressavam antes dos 10
anos, arrecadavam uma riqueza em torno dos dois contos de réis, o suficiente para
comprar uma quinta, uma casa de lavoura com edifício e terrenos adjacentes, enquanto
que os que regressavam após 10 anos, traziam cerca de 6 a 20 contos de réis, e outros,
em torno dos 100 contos de réis, com 40 anos de emigração226, todos com o objetivo de

220
Ver ALVES, Jorge Fernandes – Os “brasileiros”: emigração e retorno no Porto Oitocentista. Porto:
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1993, Tese de Doutoramento, p. 44.
221
Ibidem, p. 66.
222
Ibidem, p. 233.
223
Ibidem, p. 249.
224
Ibidem, p. 344.
225
Ver NETO, Alda – op. cit., p. 558.
226
Ver ALVES, Jorge Fernandes – op. cit., 2013, pp. 12-13.

60
serem reconhecidos publicamente no meio social em que viviam, pretendendo a
reinserção num nível mais elevado227.
Devido à livre criação de sociedades anónimas, que foram surgindo ao longo do
séc. XIX, nas quais eram independentes do poder administrativo, mas que respeitavam
as normas legais, houve um campo maior para a injeção de capital, o que muitos destes
acabaram por integrar, aplicando as suas quantias, algo consideráveis, em depósitos
bancários, títulos de divida pública e em bens de raiz. Eis algumas das sociedades
anónimas que contaram com a influência dos brasileiros: Associação comercial do Porto;
Banco Comercial do Porto; Banco Mercantil Portuense; e o Brazilian and Portuguese
Bank228.
Endinheirados, à procura de prestígio, os brasileiros ansiaram por cargos
políticos, tendo desempenhando-os em órgãos locais, regionais e parlamentes, até
porque, ao regressarem, trouxeram consigo conhecimentos e capacidades reconhecidas
publicamente no seu país de origem229. Tal contexto aplica-se aos irmãos Lousada, José
e António, tendo em conta as funções que exerceram, quer a nível local quer a nível
nacional.
Na filantropia, demonstram também os brasileiros solidariedade social e se mais
visível na hora da morte, não desvalorizava a sua beneficência dada ao longo da vida230.
Construíram bairros na cidade portuense e foram espelho da sua benemerência a
diversas igrejas, fundação de escolas, asilos, hospitais, entre outros231, diferenciando-os
da sociedade de então, através de elementos de riqueza, prestígio e ostentação232.
Desconhece-se a altura do regresso de José Caetano a Portugal e ao Porto, mas
quando voltou foi comerciante, exercendo a mesma profissão do seu pai, ensamblador
de mobiliário, e cujo prédio da oficina e residência do pai estava, ainda, na sua posse em
1872233. Ganhou estatuto no meio social burguês da cidade e, em 1852, mais
especificamente a 1 de agosto, em assembleia-geral, foi eleito para vice-presidente da

227
Ver ALVES, Jorge Fernandes – op. cit., 1993, p. 351.
228
Ibidem, pp. 354, 356-357.
229
Ibidem, p. 371.
230
Ibidem, p. 383.
231
Ver NETO, Alda – op. cit., p. 558.
232
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 395.
233
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., pp. 33 e 64.

61
primeira direção da Associação Industrial Portuense, fundada em 3 de maio de 1849234,
onde estaria identificado como proprietário e marceneiro235. No ano de 1872, perto de
completar 77 anos de vida, estava identificado como viúvo, morador em Campanhã de
Cima, muito provavelmente na Quinta da Lameira, propriedade da sua neta Dona Maria
Virgínia de Castro, desconhecendo-se a data da morte de sua mulher, Dona Ana
Gonçalves Ferreira Lousada236.
Nesta quinta, José Caetano investiu na sua organização, de modo a proporcionar
conforto àqueles que lhe eram mais próximos e de satisfazer o seu gosto pelo cultivar
da terra, onde viviam as suas filhas Olinda, Delfina e Josefina, ainda solteiras, e pela neta
Dona Maria Virgínia de Castro237. A sua longevidade deu-lhe tempo para as
concretizações de projetos. O seu testamento, elaborado a 27 de novembro de 1875, já
com 80 anos de idade é o espelho da acumulação de património e do perfil
socioprofissional e religioso, vivendo na rua de São Roque da Lameira, freguesia de
Campanhã, na quinta com o mesmo nome da rua da sua morada de residência 238.
A todos os seus descendentes, instituiu duas terças partes de todos os seus
haveres, e, a outra parte, deixou às filhas Delfina e Josefina, com a obrigação de estas
darem ao seu irmão José os prazos que possuía na Quinta de São Roque da Lameira
(Quinta da Lameira)239. A esta data, sabemos que os seus descendentes, vivos, presentes
no seu registo de testamento, seriam os seguintes: a sua neta, Dona Maria Virgínia de
Castro, já casada (com Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão, como veremos) e as duas
filhas, Dona Arminda Lousada, casada com o Doutor Bernardino Pamplona de Menezes,
no Rio de Janeiro, e Dona Virgínia Amélia Lousada Plácido, casada com o Doutor José
Maria Plácido e ainda as Donas Delfina, Josefina e Olinda, que viveriam com José
Caetano, e o filho José Coelho Lousada, que havia regressado do Brasil.
Os seus testamenteiros foram, em primeiro lugar, o filho José Coelho Lousada,
em segundo lugar o genro deste, Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão, esposo de Dona

234
Ver ALVES, Jorge – O emergir das associações industriais no Porto (meados do século XIX) in Análise
Social, vol. XXXI (136-137), 1996 (2.º-3.º), p. 533.
235
Ver CAPELA, José – A Burguesia Mercantil do Porto e as Colónias (1834-1900). Porto: Edições
eletrónicas Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP), 2010, p. 73.
236
ADP, Paróquia de Vitória PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0031, fl. 7.
237
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., pp. 33-35.
238
AMP – A-PUB/5051 - f. 17-19v - Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada.
239
Possivelmente tratavam-se de outros prazos na Quinta da Lameira, visto que a propriedade onde
habitou nos seus últimos anos de vida pertenciam à sua neta Dona Maria Virgínia de Castro.

62
Maria Virgínia de Castro (Leitão), sua neta, e, em terceiro lugar, Francisco Ribeiro de
Faria e Silva, este antigo sócio de António Vicente de Castro, pai de Dona Maria Virgínia
de Castro.
O seu registo de testamento foi aprovado no mesmo dia em que foi redigido, no
escritório do tabelião Augusto Gonçalves Corado de Campos, na rua de Santo António
(atual rua 31 de Janeiro), na freguesia de Santo Ildefonso. Foram testemunhas, todas
residentes na cidade do Porto, Domingos do Espírito Santo Magalhães, casado,
capitalista e morador na rua de Fernandes Tomás (Bonfim); José Gomes Martins,
solteiro, capitalista e morador na Praça da Batalha (Santo Ildefonso); Manuel Joaquim
de Lima, casado, proprietário e morador na rua de Fernandes Tomás (Bonfim); Manuel
António Diogo, casado, latoeiro e morador na rua do Souto (Sé); e Manuel Alvares Vieira,
solteiro, negociante e morador na rua das Flores (Sé)240. A relação com o mundo do
negócio é fortíssima.
José Caetano Coelho Lousada faleceu a 3 de setembro de 1881, no lugar da
Lameira de Cima, na Quinta da Lameira, com 86 anos e foi sepultado no cemitério de
Santo Ildefonso241.

5.2. Os filhos de José Caetano Coelho Lousada

Do matrimónio entre José Caetano Coelho Lousada e Dona Ana Gonçalves


Ferreira resultaram 10 filhos, já atrás referidos, embora no registo de testamento deste
apenas constem nove filhos, dada a morte de um deles (Augusto Lousada), já atrás
indicada242.
Por ordem de nascimento, indicam-se os nomes completos: Maria Virgínia de
Oliveira e Castro; Olinda Augusta da Conceição Lousada; Orminda Coelho Lousada;
António José Coelho Lousada; Virgínia Amélia Lousada Plácido; Delfina Hermínia Coelho
Lousada; José Coelho Lousada; Josefina Cândida Coelho Lousada; Augusto Lousada; e
Arminda Lousada Menezes. Informações complementares sobre os mesmos são

240
AMP – A-PUB/5051 - f. 17-19v - Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada.
241
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0034, fl. 45 v.
242
AMP – A-PUB/5051 - f. 17-19v - Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada.

63
apresentadas no Anexo 6, exceto Maria Virgínia de Oliveira e Castro já apresentada no
capítulo anterior. Alguns retratos da família são partilhados no mesmo anexo.

64
Capítulo 6: A família Leitão, proprietários e moradores na
Quinta da Lameira (1871-1888)

Este capítulo centra-se na vida de Dona Maria Virgínia de Castro após o seu
casamento com Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão, em 1871, a criança que se fez
mulher. A partir desta data inaugura-se um novo período na sua vida e na Quinta.

6.1. Dona Maria Virgínia de Castro Leitão, “beleza verde”, 1862 a 1914

Cresceu, numa primeira fase da sua infância, sem a presença da sua mãe e, numa
segunda fase, sem a presença de seu pai, ficando assim entregue a seu tutor, Agostinho
Francisco Velho, e à guarda da criada da casa dos seus pais, Josefa, e sob a atenção das
suas tias e dos seus avós.
Pouco sabemos da sua infância e se frequentou, ou não, algum ensino nalgum
colégio da cidade, mas, no séc. XIX, o sexo feminino, especialmente as meninas que
ficavam órfãs de um ou dos dois progenitores – incluindo aqui o caso de Dona Maria
Virgínia de Castro – ingressavam os seus estudos nos colégios243. Apenas temos
conhecimento de que a sua infância e, em certo ponto, a sua adolescência, terão
passado entre três locais: a rua das Flores, na casa dos seus pais, ainda quando estes
eram vivos, a Quinta da Lameira, em Campanhã, que terá sido a escolha para ela viver
com a sua criada, após o falecimento dos seus pais e do desejo expresso, por parte de
seu pai (António Vicente de Castro), e a casa do seu tutor Agostinho Francisco Velho, na
rua Dona Maria Segunda, na freguesia da Sé. A infância de Dona Maria Virgínia de Castro,
confirma-se nas duas primeiras moradas, tendo por base documentação anterior já
referenciada.
A terceira morada, remete-nos para o primeiro casamento de Maria Virgínia de
Castro, com 20 anos, onde está identificada como moradora, na rua Dona Maria
Segunda, a mesma morada onde residia o seu tutor. Esta evidência leva a crer, assim,
que, Dona Maria Virgínia de Castro também residiu, pelo menos até uma fase inicial da
sua vida adulta, com o seu tutor e respetiva família deste244. São desconhecidas as

243
Ver VAQUINHAS, Irene – A família, essa «pátria em miniatura» in José Mattoso op. cit., p. 147.
244
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/002/0050, fl. 17 e 17 v.

65
razões que levaram Dona Maria Virgínia de Castro a residir com a família do seu tutor,
mas pode-se colocar duas hipóteses: a primeira, o falecimento da sua criada Josefa, que
pode ter motivado o seu tutor a cuidar de Dona Maria Virgínia de Castro, ou, a segunda
hipótese, ambas, quer Dona Maria Virgínia de Castro quer a sua criada Josefa, terem-se
deslocado para a casa de Agostinho Francisco Velho.
Ao longo da sua infância e adolescência, Dona Maria Virgínia de Castro, apesar
de ter ficado órfã dos seus pais, teve o apoio e o cuidado da sua família e das pessoas
que lhe foram mais próximas, nomeadamente a sua criada e o seu tutor. Embora não
tenham sido família de sangue de Dona Maria Virgínia de Castro, interpretamos estas
figuras, a criada Josefa e Agostinho Francisco Velho, de um certo ponto de vista, como
uma família para Dona Maria Virgínia de Castro, pois terão tomado conta dela quando
esta mais precisou, criando-a e ajudando-a enquanto criança e adolescente.
Foi na casa dos 20 anos que Dona Maria Virgínia de Castro começou, digamos
assim, a sua própria vida, começando por contrair matrimónio e construir a sua própria
família.
A 8 de fevereiro de 1871, na igreja da Sé do Porto, deu-se o seu casamento com
Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão. Ela ainda menor, com consentimento legal do
seu tutor, cujo registo a indicava como moradora na rua Dona Maria Segunda (Sé),
proprietária, e o noivo 31 anos, solteiro, de profissão negociante, e morador na rua das
Flores. Os pais do marido eram naturais da cidade do Porto, bem como o próprio. As
testemunhas de casamento foram o tutor de Dona Maria Virgínia de Castro, e a sua
mulher, Dona Joaquina Augusta de Andrade Velho, moradores na rua Dona Maria
Segunda245. Ao casar, Dona Maria Virgínia de Castro, passou da dependência do seu
tutor para a do seu esposo, Narciso Pinto Leitão, tendo adotado o apelido deste e,
passando assim, a ter um novo estatuo social.
Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão nasceu a 26 de julho de 1839 e foi batizado
na igreja da Sé, a 1 de setembro do mesmo ano. Era filho de José Pinto Leitão e de Maria
Delfina Trindade Pinto Leitão e à data do seu nascimento moravam na rua das Flores.

245
Idem.

66
Eram seus avós paternos Tomás Pinto Leitão e Maria Rosa, e avós maternos, José
Teixeira Pinto Trindade e Rita Trindade246. Teve Narciso ainda seis irmãos247.
Quando se casou com Dona Maria Virgínia de Castro, era proprietário, em
sociedade com o seu irmão Olindo Pinto Leitão, da já afamada, naqueles tempos – e que
perdurará até aos dias de hoje –, a firma de ourivesaria Leitão & Irmão248. Herdaram os
dois irmãos a firma criada por seu pai Joaquim Pinto Leitão, com notoriedade (década
de 20 de Oitocentos), abrindo loja, na rua das Flores, arruamento popularmente
conhecido pela intensidade e dedicação ao negócio do ouro que se fez sentir ao longo
do séc. XIX. O nome da firma provém da época em que os irmãos Leitão tomaram conta
do negócio, alterando o nome anterior, JPL (Joaquim Pinto Leitão, nome do pai destes),
para Leitão & Irmão. Desenvolveu-se a empresa ao longo dos anos, ganhando reputação
a nível nacional e, na década de 60 de Oitocentos, expande-se para fora de Portugal,
instalando filiais nas cidades europeias de Paris e Londres. Em 1872, a casa é distinguida
com o título de Ourives da Casa Imperial do Brasil, pelo Imperador do Brasil D. Pedro II.
As relações da firma remontam desde os tempos do Cerco do Porto, em que José
Teixeira da Trindade, avó dos proprietários, mantinha estreitas relações com D. Pedro
IV. No ano de 1877, abriu-se uma loja da firma na capital do país, mais exatamente na
zona cosmopolitana do Chiado. Aqui, os irmãos Leitão (Narciso e José Pinto Leitão)
desenvolveram a sua atividade, onde beneficiaram da proximidade com a corte. Dez
anos depois (1887), D. Luís I atribui à firma o título de Joalheiros da Coroa. A Casa Real
manteve a sua escolha na firma Leitão & Irmão para a criação de oferendas a familiares,
amigos e personalidades, tendo a firma como fiel cliente a rainha D. Maria Pia 249.

246
ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0041, fl. 60 v.
247
Family Search. Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão. Disponível em: Narciso Tomaz Trindade Pinto
Leitão (1839–Falecido) • Pessoa • Árvore familiar • FamilySearch (consultado em 16/05/2023).
248
Leitão & Irmão Joalheiros. Casa Leitão. História. A história desta firma de ourivesaria remonta ao ano
de 1786, ano em que nasceu José Teixeira da Trindade (Porto) e que veio a destacar-se como uma figura
ligada ao comércio com o Brasil por meio do negócio do ouro e mantendo ligações com a indústria da
ourivesaria. Teve apenas uma filha, Maria Delfina Trindade, que veio a casar com José Pinto Leitão, cujo
matrimónio, em 1837, teve um papel fundamental para o desenvolvimento da firma. Disponível em: A
Nossa História - Leitão & Irmão (leitao-irmao.com) (consultado em 16/05/2023).
249
Idem. Continuou a firma a desenvolver-se, e, consequentemente, a evoluir ao longos dos anos, com a
criação de diversos artefactos de grande valor artístico e, também, com grande valor nacional.
Atualmente, a Leitão & Irmão mantém a loja que abriu na zona do Chiado, e abriu ainda outras duas, uma
na zona do Bairro Alto (1889), em Lisboa, e a outra no Estoril (2016), em Cascais. A criação das suas jóias
são o espelho do requinte e elegância da tradição que mantém, desde a sua criação até aos dias de hoje,
a casa Leitão & Irmão. Disponível em: A Nossa História - Leitão & Irmão (leitao-irmao.com) (consultado
em 16/05/2023).

67
Embora sem meios que fundamentem a seguinte afirmação, mas tendo por base
o reconhecimento e a fama conseguida da firma Leitão & Irmão, e consequentemente,
dos seus proprietários, crê-se que se terá devido ao negócio de Narciso Pinto Leitão que,
numa fase inicial, Dona Maria Virgínia de Castro Leitão começou a ser notada nos meios
sociais e culturais da cidade portuense250. Também foi por esta altura – com base na
morada em que está identificada – que Dona Maria Virgínia de Castro Leitão ganhou o
epíteto de beleza verde, ainda na sua juventude, e que lhe foi atribuído por Camilo
Castelo Branco, aquando esta era moradora na rua das Flores. Este epiteto deveu-se às
suas feições, uma senhora que sempre teve má cor de pele, uma cor térrea […]251.
Deste matrimónio resultaram os nascimentos de dois filhos. O primeiro nasceu
10 meses após o casamento, a 17 de dezembro de 1871, na freguesia da Vitória, cidade
do Porto, com nome de batismo de Jayme (Jaime) de Castro Leitão, batizado aos treze
de janeiro de 1872, na igreja da freguesia. Foram padrinhos do seu batismo os seus
bisavós José Caetano Coelho Lousada, já viúvo – como vimos – de Dona Ana Gonçalves
Ferreira Lousada, e residente na Quinta da Lameira, em Campanhã de Cima, e Dona
Maria Rita Ferreira de Castro, também esta viúva e residente na cidade de Guimarães
(Braga). A esta data, o casal Leitão estaria identificado como moradores na Rua de São
Miguel (freguesia da Vitória)252. O segundo filho, neste caso menina, nasceu a 31 de
agosto de 1874, também na mesma freguesia que o irmão, com nome de batismo
Virgínia de Castro Leitão, batizada aos 17 de outubro de 1874, na mesma igreja. Foram
padrinhos de batismo da segunda filha o antigo tutor de Dona Maria Virgínia de Castro
Leitão, Agostinho Francisco velho e a sua mulher Dona Joaquina Augusta de Andrade
Velho, ainda moradores na rua Dona Maria Segunda (Sé). O casal Leitão mantinha-se na
mesma morada de residência ao nascimento de Jaime de Castro Leitão253.
Estava, assim, constituída a família de Dona Maria Virgínia de Castro Leitão, com
um bem-estar económico desafogado, proveniente das suas heranças e, por outra

250
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 36.
251
Escritos de António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem. Esta informação foi gentilmente
disponibilizada pelo Dr. Raul Ramos Pinto. Não contém o local da sua escritura, nem o ano e nem o autor,
sendo apenas que foi fornecida a informação de que foi escrito por António Eugénio de Castro Ramos
Pinto Cálem.
252
ADP, Paróquia de Vitória PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0031, fl. 7. Jaime de Castro Leitão casou com
Maria de Lurdes Clamouse Browne Van Zeller a 6 de novembro de 1914. Faleceu a 29 de maio de 1946,
na freguesia do Lumiar, em Lisboa, com 74 anos.
253
ADP, Paróquia de Vitória PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0033, fl. 121.

68
parte, do negócio de Narciso Pinto Leitão, e que lhes permitiu desfrutar de uma vida
repleta de luxo, como ditavam os padrões da época dos que compunham fortunas
exuberantes254.
Sabe-se, então, que a família Leitão tinha como uma das suas habitações a quinta
em Campanhã, onde residiam, em 1875, familiares de Dona Maria Virgínia de Castro
Leitão255. Em 1877, quando a firma de Narciso Pinto Leitão abriu uma loja na zona do
Chiado (Lisboa), o casal mudou-se para a zona de São Roque, freguesia da Encarnação,
em Lisboa, estando assim próximos da corte, fruto da atividade profissional de
Narciso256.
Não temos nenhuma evidência que nos comprove que devido à atividade
profissional de Narciso Pinto Leitão, Dona Maria Virgínia de Castro Leitão viajasse com
o seu marido para as cidades onde este tinham sediado filiais da sua empresa, mas, visto
que nestas cidades europeias os proprietários da Leitão & Irmão estabeleceram uma
rede importante de contactos257, e, ainda, foram naquela época, estas duas cidades
(Paris e Londres) os epicentros do setor da moda masculina e feminina – setor que foi
um fenómeno entre a alta sociedade dos espaços urbanos já desde a década de 20 de
Oitocentos258 –, leva a que seja possível constituir a hipótese de Dona Maria Virgínia de
Castro Leitão viajar com o seu marido para estas cidades, para estar a par, e conhecer,
as tendências modistas da época.

6.2. Re(viver) na Quinta da Lameira

No dia 12 de março de 1882259, o casal Leitão foi assistir a um espetáculo na


Ópera de São Carlos, em Lisboa. À saída do espetáculo, Dona Maria Virgínia de Castro

254
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 294.
255
AMP – A-PUB/5053 - f. 40v-42v - Registo do testamento com que faleceu Narciso Pinto Leitão. É no
registo de testamento de Narciso Pinto Leitão que consta a morada em São Roque da Lameira.
256
Conversa realizada a 14/03/2023 com o Arquiteto Domingos Tavares.
257
Revista Hippocampus: Leitão & Irmão, «Uma história com futuro». Cascais: Clube Naval de Cascais, p.
79.
258
Ver SANTANA, Maria Helena – «Estética e aparência» in José Mattoso, op.cit., p. 428.
259
AMP – A-PUB/5053 - f. 40v-42v - Registo do testamento com que faleceu Narciso Pinto Leitão.

69
Leitão assistiu à morte súbita e trágica, do seu marido260. Narciso Thomaz Trindade Pinto
Leitão faleceu de ataque cardíaco261.
Em poucos meses perdeu duas pessoas importantes na sua vida, o seu marido e
o seu avô paterno, José Caetano Coelho Lousada (3 de setembro de 1881). Na viuvez,
geralmente, quando o marido morria prematuramente, a mulher ficava numa situação
difícil no que respeitava ao seu bem-estar financeiro262, no entanto, não foi o caso de
Maria Virgínia de Castro Leitão, pois manteve o estatuto de mulher rica, mesmo após a
sua viuvez263, tendo beneficiado, ainda, da herança do seu falecido marido264.
Havia Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão redigido o seu testamento no ano
de 1875 (15 de fevereiro). Deixava duas terças partes dos seus haveres aos seus dois
filhos (Jaime e Virgínia) e a outra terça parte à sua mulher, Dona Maria Virgínia,
instituindo-a como sua testamenteira. Na aprovação do seu registo de testamento,
foram suas testemunhas algumas figuras próximas a Narciso Pinto Leitão, todas elas do
Porto e arredores265.
O filho Jaime tomou posse da empresa do seu falecido pai, a Leitão & Irmão, já
com este na terceira geração da empresa. Jaime de Castro Leitão realizou os seus
estudos na cidade de Paris, convivendo com grandes artistas da Bélle-Époque266. Foi
joalheiro da Casa Real de Portugal e da Casa Imperial do Brasil, em 1887, altura em que,
como referimos, D. Luís I fez da Leitão & Irmão Joalheiros da Coroa267. A 6 de janeiro de
1914268, identificado ainda como proprietário da firma269, Jaime de Castro Leitão casou-

260
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 36.
261
Conversas realizadas a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto e a 14/03/2023 com o Arquiteto
Domingos Tavares.
262
Ver VAQUINHAS, Irene, GUIMARÃES, Maria Alice Pinto – Economia doméstica e governo do lar. Os
saberes domésticos e as funções da dona de casa in José Mattoso, op.cit., p. 202.
263
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 36.
264
AMP – A-PUB/5053 - f. 40v-42v - Registo do testamento com que faleceu Narciso Pinto Leitão.
265
Foram indicados António José de Araújo, casado, de profissão ourives e morador na Rua dos
Caldeireiros; Ilídio Augusto Barbosa, casado, profissão alfaiate e morador na Rua da Vitória; João Luís do
Vale, casado, fabricante e também morador na Rua da Vitória; Joaquim da Silva Neves, casado, carpinteiro
e morador na freguesia de Ramalde; e António Joaquim dos Santos Bajouca, viúvo, também carpinteiro,
e morador na freguesia de Santa Cruz do Bispo, estes últimos ambos do concelho de Bouças (Matosinhos.
266
Revista Hippocampus: Leitão & Irmão, «Uma história com futuro». Cascais: Clube Naval de Cascais, p.
70.
267
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
268
Family Search. Jaime de Castro Leitão. Disponível em: Jaime de Castro Leitão (1871–1946) • Pessoa •
Árvore familiar • FamilySearch (consultado em 18/05/2023).
269
“Jornal do Commercio”, 28 de janeiro de 1914, disponível em: Jornal do Commercio (RJ) - 1910 a 1919
- DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).

70
se com Dona Maria de Lurdes de Clamouse Browne Van-Zeller, filha de Manuel de
Clamouse Browne Van-Zeller 270.
Após a morte do seu avô e do seu marido, Dona Maria Virgínia de Castro Leitão,
com os seus dois filhos, regressou à sua casa em Campanhã, à sua Quinta da Lameira.
Aproximou-se das suas tias solteiras, Olinda, Josefina e Delfina, tendo sido esta última a
que mais aproximação teve com Dona Maria Virgínia de Castro Leitão, e que morava em
frente à casa de sua sobrinha, na rua de São Roque da Lameira N.º 2089271.
Foi no jardim de sua casa que encontrou a sua maior paixão, nomeadamente as
suas camélias, que já lá se encontravam. Preservou os arranjos exteriores, onde
estariam – e continuam a estar hoje em dia – as suas camélias, que envolviam a sua
habitação, e dedicou também especial atenção à sua coleção de orquídeas, que a
própria havia criado. Dona Maria Virgínia de Castro Leitão foi uma senhora com
capacidades de dar vida às plantas que semeava e plantava, uma horticultora típica do
século XIX, pois possuía a arte de cultivar, multiplicar e aclimatar flores272, tendo tido
até no espaço da sua propriedade estufas para criar e aclimatizar as suas plantas273, no
contexto vivido na cidade portuense ao longo do século XIX, que ficou conhecido como
Porto Romântico. Esta designação deveu-se ao papel importante que várias pessoas, e
de variadíssimas formas, contribuíram para a construção de uma nova imagem à cidade
urbana do Porto de Oitocentos. Partilhavam elas a paixão – tal como Dona Maria Virgínia
– pelas plantas e pelos jardins. Nesta época, a cidade do Porto viu surgir hortos
comerciais que se destinavam à produção de plantas, e que estas acabaram por ocupar
jardins públicos e privados, criando também estufas para a sua própria aclimatização,
servindo de exemplo o jardim e as estufas que Dona Maria Virgínia de Castro Leitão

270
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto. Dona Maria de Lurdes de Clamouse
Browne Van-Zeller nasceu a 10 de agosto de 1878, na freguesia de Foz do Douro, e faleceu a 30 de janeiro
de 1975, em Lisboa. Family Search. Maria de Lurdes Clamouse Browne Van-Zeller. Era filha de Manuel
Clamouse Browne Van Zeller e de Camila Ernestina de Araújo Rangel Pamplona. Foi neta paterna de Eulália
de Clamouse Browne e de Frederico Vanz-Zeller, esta irmã de Manuel e Ricardo Clamouse Browne.
Disponível em: Eulália de Clamouse Browne (1820–Falecida) • Pessoa • Árvore familiar • FamilySearch
(consultado em 18/05/2023).
271
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 36.
272
Ver PORTELA, Teresa Marques – Horticultura e Jardinagem-Paisagista e a Construção do Porto do
Romantismo in Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, Actas do I Congresso O Porto Romântico. Porto: CITAR -
Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes da Universidade Católica Portuguesa.
Universidade Católica Portuguesa, 2012, p. 445.
273
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 37.

71
possuía274. Além do reconhecimento e fama que Dona Maria Virgínia de Castro Leitão
possuía no seu tempo, também as suas orquídeas e camélias ficaram afamadas pela
cidade portuense.
Foi neste seu lugar, em sua casa, na sua propriedade, e com a sua família, que
Dona Maria Virgínia de Castro, anos depois, veio a encontrar uma nova vida e a sua tão
merecida felicidade, construindo, de novo, uma família275.

274
Ver PORTELA, Teresa Marques – Horticultura e Jardinagem-Paisagista e a Construção do Porto do
Romantismo in Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, op. cit., pp. 445-446.
275
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., pp. 37-38.

72
Capítulo 7: Da família Ramos Pinto, proprietários e moradores
na Quinta da Lameira (1888-1944) aos Cálem (1944-1978)

Este capítulo corresponde a uma terceira etapa na vida de Dona Maria Virgínia
de Castro Leitão, após a sua viuvez e a realização de um segundo casamento, em 1888,
reveladora de uma grande capacidade de adaptação às contingências da sua vida e dos
que a rodeavam.

7.1. O segundo casamento de Dona Maria Virgínia de Castro Leitão – 31 de


dezembro de 1888: o início de uma nova vida

Passados seis anos da morte de Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão, Dona
Maria Virgínia de Castro Leitão, aos 38 anos de idade, casou em segundas núpcias com
o exportador de vinhos do Porto, António Ramos Pinto. O casamento deu-se na véspera
de Ano Novo, a 31 de dezembro de 1888, na igreja de Santo Ildefonso.
À data do casamento, António Ramos Pinto contava com 34 anos, estaria
solteiro, com profissão de negociante e morador na rua de Sá da Bandeira (freguesia de
Santo Ildefonso). No seu registo de casamento foram testemunhas os pais de António
Ramos Pinto, José Joaquim Teixeira Pinto – também este negociante – e Dona Eugénia
Antónia Ramos Pinto, também moradores naquela mesma rua276.
Dias antes do casamento com Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto –
substituído o apelido Leitão, do seu anterior marido, para o apelido do seu segundo
casamento –, António Ramos Pinto é identificado já como morador na casa da sua
esposa, na Quinta da Lameira, eventualmente por razões de natureza contratual.
Com efeito, a 29 de dezembro de 1888, a poucos dias de se realizar o
matrimónio, entregam o seu contrato antenupcial que regulava o regime de bens a
administrar futuramente 277. É importante compreender a definição e a função deste
tipo de escrituras pré-nupciais, antes do seu matrimónio ser consumado. Este tipo de
escritura (pública) estabelecia, rigorosamente, o regime de bens e foi uma prática

276
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0064, fl. 154-154 v. A data de
casamento apresentada em Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit.,
p. 37, está incorreta (1885), corrigida com a consulta do registo paroquial do casamento do casal.
277
ADP, Fundo Tribunal da Comarca de Porto PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157, Ação especial de
alienação de bens dotais 1914-03-06 a 1915-07-26, p. 4.

73
essencialmente recorrente por parte dos burgueses portuenses278, que se preocuparam
com os bens das esposas, mas, acima de tudo, em salvaguardarem o património.
Serviam como uma espécie de proteção da esposa e da respetiva família, em que
obtinha mais segurança no que dizia respeito ao seu futuro. No regime dotal, os bens da
mulher ficariam salvaguardados das dividas do seu marido, precavendo, assim, uma
futura falência do mesmo279. A possibilidade de um desastre económico que abalasse o
futuro da esposa e da família foi a maior preocupação por parte dos nubentes.
Frequentemente, nas convenções, o noivo acrescentava cláusulas que visavam o
aumento do bem-estar económico da sua noiva, de modo a que esta, numa situação de
viuvez, tivesse uma posição folgada a nível financeiro. Embora, na segunda metade do
séc. XIX, o sexo feminino tivesse menos direitos que o sexo masculino e não tivesse o
devido reconhecimento da sua capacidade política, tinha a sua capacidade civil
reconhecida280.
No caso do contrato antenupcial do casal Ramos Pinto, sabe-se que
determinaram casar com incomunicabilidade de todos os bens presentes e futuros de
cada um, ou seja, que na hipótese de se divorciarem estes bens não se comunicarão na
partilha do patrimônio do casal, uma vez que foram adquiridos gratuitamente281, e,
ainda, segundo o regime dotal como dispõem os artigos mil cento e trinta e quatro e
sessenta e cinco do Código Civil282.
Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto entrou para o casal com os seguintes
bens (ver tabela 8):

Tabela 8 – Bens de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto em 1888.

Bens
Quinta da Lameira (constituída por casas sobradadas e terreas, mirante, jardim, terra lavradia e terra de
matto, agua de bica e rega e mais pertenças… e uma morada de casas sobradadas e com lojas e quintal
em três socalcos e mais pertenças, sita no mesmo local e freguesia […].)
16 ações do Banco Mercantil da cidade (200.000 réis cada)

278
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, pp. 440.-441.
279
Ibidem, p. 445.
280
Ibidem, pp. 450 e 452.
281
LinkedIn. Cláusula de Incomunicabilidade. Disponível em: (25) Cláusula de Incomunicabilidade |
LinkedIn (consultado em 28/02/2023).
282
ADP, Fundo Tribunal da Comarca de Porto PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157, Ação especial de
alienação de bens dotais 1914-03-06 a 1915-07-26, p. 4 v.

74
1 ação do empréstimo adicional da Assembleia Portuense (n.º 591)
Alienação do Real Teatro de São João (n.º 292)
2 ações do Banco Comercial da Cidade (200.000 réis cada)
23 ações do Banco Lusitano (100.000 réis cada)
56 ações do Banco União (100.000 réis cada + cada uma 2 títulos)
17 inscrições de assentamento da Junta de Crédito Público (5x1 conto de réis + 10x500.000 réis + 2x100.000
réis)

Fonte: ADP, Fundo Tribunal da Comarca de Porto PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157, Ação especial de alienação de
bens dotais 1914-03-06 a 1915-07-26

Ficou, também expresso, que todos os bens de Dona Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto, mais aqueles que no futuro poderia vir a adquirir, fosse por sucessão
legitima, herança, doação ou legado e por outro qualquer titulo gratuito ou direito
proprio anterior283, ficariam a fazer parte do seu dote, e, ainda, gosarão de todos os
previlegios e garantias que em direito sao concedidos aos seus dotais e jamais serão
responsaveis, bem como os seus rendimentos por obrigações do casal ainda que tenham
a sua autorga ou consentimento.284.
Por fim, ficou expresso que os bens adquiridos durante o matrimónio por meio
de título direto não pertenceriam a Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto. Ou seja, que
todos os bens e direitos que António Ramos Pinto possuía naquela altura e todos que
de futuro lhe adviessem, por título gratuito ou por título oneroso, e todos que fossem
adquiridos ao longo do matrimónio, ficariam a fazer parte dos seus bens próprios. Foram
testemunhas presentes deste contrato Manuel Francisco Maceda, casado e
proprietário, morador na rua de São Jerónimo, e António Pedro Augusto da Costa,
casado e negociante, morador na rua de Sá da Bandeira, ambos da cidade do Porto285.
Por este contrato observa-se que Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto
mantinha na sua posse a Quinta da Lameira, propriedade que se manteve na sua posse
desde a sua infância, aquando do falecimento de seu pai.
Resta dizer que o principal beneficiado deste contrato antenupcial foi António
Ramos Pinto, visto ter ficado estipulado que todos os bens que fossem adquiridos pelo
casal ao longo do matrimónio, fossem integrar os bens próprios de António Ramos Pinto.

283
ADP, Fundo Tribunal da Comarca de Porto PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157, Ação especial de
alienação de bens dotais 1914-03-06 a 1915-07-26Idem, pp. 5 v- 6 v.
284
Idem.
285
Idem.

75
7.2 A entrada de uma nova família – os Ramos Pinto

Filho de José Joaquim Teixeira Pinto (?-01/09/1892286) e de Dona Eugénia


Antónia Ramos Pinto (1832-17/06/1918287), António Ramos Pinto nasceu a 20 de agosto
de 1854 e foi batizado aos 15 de outubro do mesmo ano, na igreja de Santo Ildefonso288.
O seu pai era natural de Santa Valha289 (Chaves) e a sua mãe natural da cidade de Rennes
(França), casados a 21 de fevereiro de 1852, na freguesia de Campanhã, cidade do
Porto290. Era neto paterno de António José Teixeira Pinto e de Dona Ana Teixeira Pinto,
naturais, também, de Santa Valha (Chaves), e neto materno de José António Ramos,
também natural de Chaves, e de Dona Eugénia Leopoldina Ledux (Eugenie Appoline
Lange Ledoux291), natural do antigo Reino da Bélgica. Foram seus padrinhos de batismo
o seu avô paterno (António José Teixeira Pinto) e Dona Rita Ferreira de Souza, moradora
que era na Praça Dom Pedro. Como testemunhas do seu batismo foram António Teixeira
da Silva e José Ferreira Martins, ambos serventes da igreja de Santo Ildefonso. Os seus
pais residiam na Praça Dom Pedro (Santo Ildefonso) à data do seu nascimento292.
Teve António Ramos Pinto como seus irmãos Adriana Ramos Pinto, José Ramos
Pinto (1853), Adriano Ramos Pinto (31/07/1859), Maria das Dores Ramos Pinto (1862),
Maria Eugénia Pinto (1863), e, Carolina Ramos Pinto (1866)293.
Não há nenhuma evidência concreta no que diz respeito à sua educação e
formação escolar, embora possa ter passado por uma escola primária oficial ou
particular, junto à casa dos seus pais, visto que, o único filho da família que consta ter
frequentado, possivelmente, o ensino primário, foi o seu irmão Adriano.

286
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
287
Ibidem.
288
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0043, fl. 309 v.
289
Freguesia de Santa Valha. Freguesia. História da Freguesia de Santa Valha. No séc. XIX, Santa Valha
pertencia a dois concelhos, o de Valpaços, que pertencia ao bispado de Braga, e o de Chaves, este
pertencente ao bispado de Bragança. Atualmente, esta freguesia integra apenas o concelho de Valpaços,
Distrito de Vila Real. Disponível em: Freguesia de Santa Valha (consultado em 23/05/2023).
290
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – Adriano Ramos Pinto:
vinhos e arte. Vila Nova de Gaia: Adriano Ramos Pinto (Vinhos) S.A., 2013. ISBN: 978-972-95713-7-4, p.
41.
291
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
292
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0043, fl. 309 v.
293
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.

76
Na sua formação juvenil, e também na dos seus irmãos Adriano e José, as artes
tiveram grande influência na sua vida294. Poderá também ter frequentado a Escola de
Belas Artes do Porto, embora nenhuma prova sustente esta hipótese, mas, tendo por
base as atividades profissionais a que António Ramos Pinto se dedicou ao longo da sua
vida, nomeadamente ligadas ao negócio da fotografia295 e ao negócio dos vinhos do
Porto, onde executou e desenvolveu as suas qualidades de artista296. Suportando esta
hipótese, pode também se inserir a evidência de que o seu irmão Adriano frequentou a
Escola de Belas Artes do Porto297, tendo este irmão, mais tarde, fundado a sua própria
firma de vinhos do Porto298, destacando-se, tal como o seu irmão, pela sua concretização
na vertente artística da própria firma299.
Na sua adolescência, com os seus irmãos, frequentou muitos teatros, clubes e
associações onde se aprendiam artes performativas, tais como a música, o teatro e a
dança. Viveram numa época em que a cidade portuense fervia socialmente e
artisticamente300. António interessava-se pela arte do Ilusionismo, muito apreciada na
cidade, a par de outras artes. Também o seu irmão José se dedicava a esta arte e, juntos,
criaram o duo Irmãos Ramenport. António Ramos Pinto desde cedo soube dos impactos
encantadores da arte, e aprendeu a arte de saber encantar através da fantasia. Também
com este irmão José, foram sócios ativos, em 1878, do Club Bay Boden, que se situava
no beco da rua da Senhora da Luz, na praia de S. João da Foz do Douro. Frequentaram
aquele club estudantes, jornalistas e jovens galhofeiros que, mais tarde, alguns, foram
grandes comerciantes, administradores, banqueiros e juízes. Recitavam, tocavam,
cantavam, faziam ilusionismo, contavam anedotas, palestravam sobre temáticas
daqueles tempos e combinavam passeios301. Em outubro de 1883, António Ramos Pinto
integrou umas comédias que se desenrolaram no sarau de amadores no Club de

294
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 43.
295
Ibidem, p. 54.
296
Ibidem, p. 129.
297
Ver CARVALHO, António Cardoso Pinheiro de – O Arquitecto José Marques da Silva e a Arquitectura no
Norte do País na Primeira Metade do Século XX, Volume I. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do
Porto, 1992. Dissertação de Doutoramento, p. 250. Nesta obra o autor trocou o nome dos dois irmãos
Ramos Pinto. Ao invés de estar citado o nome Adriano, está o nome António. Isto porque, no ano de 1919,
altura em que é redigido um registo de testamento, como refere o texto, este pertence a Adriano Ramos
Pinto e não a António Ramos Pinto, tendo o último redigido o seu testamento em 1939.
298
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 37.
299
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 129.
300
Ibidem, p. 47.
301
Ibidem, pp. 50 e 53.

77
Cadouços, na Foz. As comédias eram Inglez e francez, A visita do medico e Toda a estrada
vae a Roma. Outros espetáculos decorreram neste sarau302.
A afeição e cumplicidade artística e de lazer com o irmão José Ramos Pinto foi
interrompida com a morte deste a 30 de maio de 1879. Deixou António Ramos Pinto a
arte de ilusionista e passou a dedicar-se a uma outra arte da ilusão, a Fotografia,
também bastante apreciada naqueles tempos. Nesta arte foi comerciante e fotógrafo.
Fascinavam a António Ramos Pinto as inovações técnicas e as máquinas de precisão, e
a beleza divulgada pelas máquinas de reprodução fotográfica, e foi grande a sua
influência na arte e no negócio da fotografia, tendo aparecido o seu nome – e de outros
– na página de rosto da revista A Arte Photographica, recém-criada em 1884, na cidade
do Porto, e cujos assuntos se relacionavam com os progressos da fotografia e das artes
correlativas. Num anúncio da mesma revista, em 1885, aparece a firma Costa & Ramos
Pinto, da qual António Ramos Pinto era coproprietário, e cuja loja se situava na rua de
Sá da Bandeira, 221, no 1.º andar. Vendia-se na loja chapas de gelatina, máquinas e
objetivas para touristas, novas e em segunda mão, papel abulminado sensibilizado… 303,
tendo agentes nas cidades europeias de Paris, Londres e Viena, que venderiam
máquinas e outros objetos relacionadas com a Fotografia304.

7.3. Os frutos do casamento

Nos primeiros anos de vida do casal, a sua vida não passou apenas pela casa na
Quinta da Lameira. Em 1889, quase um ano depois do matrimónio, nasceu a primeira
filha do casal, Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto. Nasceu a 16 de dezembro, batizada
a 31, de 1889, na igreja de Santo Ildefonso. António e Dona Maria Virgínia são
identificados no registo como sendo moradores na rua de Sá da Bandeira, em Santo
Ildefonso, e foram padrinhos o pai de António, José Joaquim Teixeira Pinto, também ele
morador na rua de Sá da Bandeira, e que terá sido representado neste batismo, por
procuração, pelo seu filho Adriano Ramos Pinto – à data era casado e negociante e
morador na rua de Costa Cabral (Paranhos) –, e Dona Virgínia de Castro Leitão – filha do

302
O Economista, 4 de outubro de 1883, disponível em: O Economista (Lisboa, POR) - 1881 a 1895 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
303
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., pp. 53-54
304
Ibidem.

78
primeiro casamento de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto –, ela solteira e
moradora, também, na rua de Sá da Bandeira (Santo Ildefonso)305. Tendo em conta a
informação que consta neste registo, nomeadamente no que diz respeito à morada da
rua de Sá da Bandeira, leva a crer que o casal Ramos Pinto residia na mesma casa que
os pais de António, José Joaquim e Dona Eugénia Antónia Ramos Pinto306.
Quase dois anos após o nascimento da primeira filha, a 31 de maio de 1891
nasceu a segunda filha, Maria Antónia de Castro Ramos Pinto. Foi batizada a 30 de julho
do mesmo ano, também na mesma igreja que a sua irmã, e os seus pais estavam
identificados como moradores na rua da Alegria (Bonfim). Os seus padrinhos de batismo
foram Jaime de Castro Leitão – filho de Dona Maria Virgínia –, que estaria solteiro e era
empregado comercial307 e a viver na cidade de Paris, representado no registo de batismo
por José Coelho Lousada – tio de Dona Maria Virgínia –, que estaria solteiro, morador
na rua de São Roque da Lameira, e Dona Delfina Hermínia Lousada, também ela
moradora na mesma rua308. Ou seja, no espaço de dois anos, o casal Ramos Pinto deixou
a rua de Sá da Bandeira e passou a residir na rua da Alegria.
José Coelho Lousada, tio de Dona Virgínia, faleceu em janeiro de 1895, na
freguesia do Bonfim309, e, em novembro do mesmo ano, a 28, nasceu o terceiro filho de
António e de Maria Virgínia, em cujo registo constam já como moradores na rua de São
Roque da Lameira, em Campanhã. Foi batizado no primeiro dia de janeiro de 1896, na
igreja de Campanhã, com o nome de batismo de Raul Adriano de Castro Ramos Pinto.
Os seus padrinhos de batismo foram José Ribeiro de Freitas, casado e proprietário e
morador na cidade de São Paulo, Brasil, que, por procuração, foi representado por
Adriano Ramos Pinto, então morador na rua do Vilar, em Cedofeita, e Dona Eugénia
Antónia Ramos Pinto, avó paterna, já viúva de Joaquim José Teixeira Pinto – falecido em
1892310 –, identificada como doméstica e moradora na rua de Sá da Bandeira311.

305
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0078, fl. 295.
306
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 230. Dona
Eugénia Antónia Ramos Pinto faleceu apenas em 1918, tendo vivido com o seu marido até à data da morte
deste.
307
Possivelmente na firma Leitão & Irmão, embora não tenhamos qualquer comprovativo que sustente
esta hipótese, apenas a sua relação com a empresa.
308
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0080, fl. 176 v.
309
ADP, Paróquia de Bonfim PT/ADPRT/PRQ/PPRT02/003/0128 fl. 11v
310
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 230.
311
ADP, Paróquia de Campanhã PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0051, fl. 2.

79
Portanto, durante o período de 1891 e 1895, José Coelho Lousada deixa a
residência em Campanhã para residir na sua residência na rua do Duque de Terceira, no
Bonfim, enquanto o casal Ramos Pinto, também durante esse período, muda-se,
definitivamente, para a quinta que pertencia a Dona Maria Virgínia, em Campanhã.
Relativamente à educação que os filhos Ramos Pinto tiveram não sabemos se
Maria Eugénia e Maria Antónia frequentaram algum colégio da cidade ao longo da sua
infância e adolescência, mas a regra, naquela época, era de que a instrução do sexo
feminino era feita em casa, junto das mães312. Partindo desta afirmação, as filhas
poderão ter sido educadas por Dona Maria Virgínia. No caso do filho Raul Adriano,
também não sabemos qualquer informação sobre a sua educação, mas contrariamente
ao que acontecia à instrução feminina, a instrução masculina passava por colégios ou
internatos313. Há conhecimento apenas de que os irmãos Ramos Pinto foram educados
pelo seu pai, António Ramos Pinto, segundo a fé cristã, em que este último era fiel
seguidor314.

7.4. Casamentos dos filhos Ramos Pinto com as famílias Rosa, Cálem e Nugent

A primeira filha Ramos Pinto a constituir matrimónio foi Maria Antónia de Castro
Ramos Pinto. A 15 de maio de 1911 casou com José Maria Ayres da Silva Rosas (José
Rosas Júnior), na igreja da freguesia de Campanhã315, com quase 20 anos de idade. O
seu noivo era descente de uma célebre família de joalheiros da cidade do Porto316. José
Maria Ayres da Silva Rosas nasceu em 1885 e era filho de José Ayres da Silva Rosas e de
Dona Maria da Glória Moura. Estudou no The Goldsmiths Institute of New Crose e no
Royal College of Arts, na cidade de Londres. Foi proprietário da firma de ourivesaria da
família, uma das mais antigas do país (1851), conhecida como José Rosas & C.ª., e que,
graças aos seus estudos, elevou a firma a outros patamares de eficácia. Foi sócio de José
Teixeira Duarte e de José Cardoso de Moura Bessa, entre 1944 e 1950. Recebeu a
importante missão de recuperar as jóias da coroa no Palácio da Ajuda317. Residiu na rua

312
Ver VAQUINHAS, Irene – A família, essa «pátria em miniatura» in José Mattoso op. cit., p. 147.
313
Ibidem.
314
AMP – A-PUB/5240 - f. 110v-11 - Registo do testamento com que faleceu António Ramos Pinto.
315
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
316
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 230.
317
Ver SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – José Rosas Júnior (1885-1958) e a criação da joalharia
portuguesa da primeira metade do século XX. In III Colóquio Português de Ourivesaria, Porto, Portugal, 19

80
do Castelo do Queijo – atual Av. Montevideu –, na freguesia de Nevogilde, no número
384, cuja habitação (palacete), edificada pelo arquiteto Miguel Ventura Terra, em 1896,
ficou conhecida como Casa Silva Rosas318. Foi cônsul Honorário da República Dominicana
no Porto, conservador auxiliar no Museu Nacional Soares dos Reis e mesário da
Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo do Porto. Comprou a Casa de
Ronfe, em Meinedo (Lousada), no ano de 1919 e foi condecorado com o grau Oficial da
Ordem de S. Tiago de Espada319. Após o casamento, terá Maria Antónia de Castro Ramos
Pinto passado a residir neste local com o seu marido, tendo em conta que em 1914 está
identificada, com o seu marido, nesta morada320, vindo a falecer nesta freguesia321. Do
matrimónio resultaram cinco filhos322.
Um ano depois, a 14 de agosto de 1912, casou a segunda filha Ramos Pinto,
Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto com António de Oliveira Cálem323, neto do
fundador de uma outra importante firma de vinhos do Porto, a Cálem324. António de
Oliveira Cálem nasceu a 31 de julho de 1888 (Lordelo do Ouro, Porto), e era filho de
António Alves Cálem Júnior e de Maria Madalena da Cruz de Oliveira Cálem 325, neto
paterno de António Alves Cálem e de Rita da Silva Cálem326. Teve seis irmãos: Júlia, José,
Joaquim, Maria Joaquina, Cecília e Maria dos Anjos. O seu avô paterno António Alves
Cálem foi o fundador da firma de vinhos do Porto Cálem, criada em 1859. O seu pai,
António Alves Cálem Júnior, foi uma figura de enorme destaque na cidade portuense na

abril, 2012. – In SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos (Coord.) - Actas do III Colóquio Português de Ourivesaria.
UCE-Porto: CIONP; CITAR, 2012. ISBN 978-989-8366-33-7, pp. 41-43.
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
318
Ver TAVARES, Domingos – Transformações na arquitetura portuense. Porto: Equações de Arquitetura
e Dafne Editora, 2017, p. 71.
319
Ver SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – José Rosas Júnior (1885-1958) e a criação da joalharia
portuguesa da primeira metade do século XX in op. cit., pp. 43 e 45.
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
320
Arquivo Distrital do Porto PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157, Ação especial de alienação de bens dotais
1914-03-06 a 1915-07-26, p. 1 v
321
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0080, fl. 176 v.
322
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto. Os cinco filhos do casal foram: Maria
José Ramos Pinto Rosas (1914-?); Helena Maria Ramos Pinto Rosas (1915-1989); Maria Inês Ramos Pinto
Rosas (1917-?); José António Ramos Pinto Rosas (1919-1996); e Manuel Maria Ramos Pinto Rosas (1921-
?).
323
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0078, fl. 295.
324
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 230.
325
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
326
Misericórdia do Porto. Notícias. António Alves Cálem Júnior: o homem por trás do Provedor. Disponível
em: António Alves Cálem Júnior: o homem por trás do Provedor - Notícias - Santa Casa da Misericórdia do
Porto (scmp.pt) (consultado em 21/06/2023).

81
sua época327. António de Oliveira Cálem estudou em Inglaterra na área comercial. Mais
tarde, exerceu profissão como comerciante de vinhos do Porto328. Depois da sua
passagem por Inglaterra, regressou a Portugal e dedicou-se à prática do futebol, tendo
representado (em alguns jogos) o Boavista Futebol Clube. Após a refundação do Futebol
Clube do Porto (por José Monteiro da Costa), trocou o clube do Bessa pelos portistas,
onde representou os azuis e brancos em algumas partidas. Ficou também ligado ao
clube com funções de dirigente. Foi Presidente da Assembleia Geral várias vezes e foi
Vice-presidente na Direção do clube, presidida por Eduardo Dumont Villares. Teve um
grande contributo na construção do antigo Estádio das Antas, tendo marcado presença
na inauguração do estádio, onde recebeu o Presidente da República de então (General
Craveiro Lopes) em honras da casa329. Foi vice-presidente da Federação Internacional
das Indústrias e Comércio dos Vinhos, Aguardentes e Licores (em 1958), onde exerceu
vários cargos. Foi membro da Direção da Companhia Anglo-Portuguesa de Telefones, e
presidente da Assembleia Geral da Hidroelétrica do Douro e da Assembleia Geral da
Companhia União Fabril Portuense. Foi presidente da comissão que organizou a
Primeira Exposição Colonial Portuguesa (1943), foi vereador (1951) e vice-presidente
(de 1951 a 1954) da Câmara Municipal do Porto e presidente do Grémio dos
Exportadores de Vinho do Porto (em 1955), onde integrou a Câmara Corporativa (6.ª,
7.ª e 8.ª legislatura). António de Oliveira Cálem foi também membro do Conselho Geral
do Instituto do Vinho do Porto, vogal do Conselho Superior do Comércio Externo e do
Conselho Superior dos Caminhos de Ferro330, presidente da Associação Comercial do
Porto (de 1932 a 1947)331, tendo representando o comércio armazenista na quarta
legislatura da Câmara Corporativa332, e foi cônsul honorário do Haiti, Roménia e Peru333.

327
Ibidem.
328
Os Procuradores da Câmara Corporativa (1935-1974). António de Oliveira Cálem, Legislaturas: IV, VI,
VII, VIII. Disponível em: ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA - Os Procuradores da Câmara Corporativa
(parlamento.pt) (consultado em 21/06/2023).
329
Disponível em: Estrelas do FCP: António de Oliveira Calém (estrelas-do-fcp.blogspot.com) (consultado
em 22/06/2023).
330
Os Procuradores da Câmara Corporativa (1935-1974). António de Oliveira Cálem, Legislaturas: IV, VI,
VII, VIII. Disponível em: ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA - Os Procuradores da Câmara Corporativa
(parlamento.pt) (consultado em 21/06/2023).
331
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 270.
332
Os Procuradores da Câmara Corporativa (1935-1974). António de Oliveira Cálem, Legislaturas: IV, VI,
VII, VIII. Disponível em: ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA - Os Procuradores da Câmara Corporativa
(parlamento.pt) (consultado em 21/06/2023).
333
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 270.

82
Esteve presente em quatro legislaturas no Parlamento Português334. Ao longo da sua
vida recebeu várias condecorações, entre elas a Grã-Cruz do Mérito Industrial e a Legião
de Honra335. Deste matrimónio nasceu apenas um único filho, a 13 de agosto de 1913,
com o nome de batismo António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem 336. Após o
casamento, António de Oliveira Cálem passou a residir na Quinta da Lameira com a sua
mulher, Dona Maria Eugénia, e com os seus sogros, António Ramos Pinto e Dona Maria
Virgínia de Castro Ramos Pinto337.
Por fim, casou o terceiro filho Ramos Pinto, Raúl Adriano de Castro Ramos Pinto,
por duas vezes e embora se ignorem as datas dos matrimónios, sabe-se que em
primeiras núpcias casou pelos seus vinte anos com Maria Emília Couceiro da Costa
Falcão de Magalhães Ramos Pinto, e, que, nascida em 1907, faleceu a 19 de dezembro
de 1928, com 21 anos, vítima de tuberculose. Em segundas núpcias casou com Suzana
Frances Moreira Nugent (1910-1988), de descendência inglesa. Deste segundo
matrimónio resultaram onze filhos338. Raul Adriano também viveu na freguesia de
Campanhã, e perto da casa dos seus pais, nomeadamente na casa com o número de
polícia 1991, na rua de São Roque da Lameira339.

7.5. Ser Ramos Pinto

7.5.1. Atividades profissionais

António Ramos Pinto dedicou-se à atividade comercial da fotografia,


encontrando-se ainda em funções em 1895, e foi proprietário do Centro Photographico,

334
Os Procuradores da Câmara Corporativa (1935-1974). António de Oliveira Cálem, Legislaturas: IV, VI,
VII, VIII. Disponível em: ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA - Os Procuradores da Câmara Corporativa
(parlamento.pt) (consultado em 21/06/2023). Na primeira legislatura fez parte da décima quarta Secção,
Atividades Comerciais não diferenciadas. Na segunda legislatura, na terceira Secção, Agricultura e
Pecuária (2.ª Subsecção – vinhos). Na terceira e quarta legislaturas, na terceira Secção, Comércio (1.ª
subsecção – Comércio de Exportação).
335
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 270.
336
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
337
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 53.
338
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.Os onze filhos foram: Maria Suzana
Nugent Ramos Pinto (1932-?); Adriano Ramos Pinto (1934-?); António Pedro Ramos Pinto (1935-1960);
Raul Ramos Pinto (1937-1971); Maria Virgínia Nugent Ramos Pinto (1939-?); Isabel Maria Nugent Ramos
Pinto (1943-?); francisco Manuel Nugent Ramos Pinto (1944-?); Maria Luisa Nugent Ramos Pinto (1946-
?); Tomás Nugent Ramos Pinto (1947-1982); e, João Nugent Ramos Pinto (1949-?).
339
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.

83
na rua de Sá da Bandeira n.º 135-139340. No ano seguinte (1896), aceitou o convite do
irmão Adriano para se juntar a ele no negócio de vinhos do Porto que havia criado (em
1880), Adriano Ramos Pinto, com instalações nas outras margens junto ao Douro, em
Vila Nova de Gaia341. Em nome da firma, estiveram em várias exposições pelo mundo
fora342. Fruto do negócio dos vinhos, visitou diversos museus europeus e um em
particular, o Salon, na cidade parisiense, com o objetivo de estar a par das mais recentes
novidades da época do mundo da pintura e da escultura. Como reconhecimento do
negócio de vinhos foram homenageados em vários momentos fúnebres, especialmente
de um dos mercados que teve grande preferência pelos seus vinhos, o Brasil, tendo os
irmãos oferecido uma fonte monumental à cidade do Rio de Janeiro343, em cuja
inauguração António marcou presença, e já em Portugal, num jantar no Palácio de
Cristal (Porto) com os lavradores do Douro, estes ofereceram-lhes uma réplica em
bronze daquela fonte344. Foi neste jantar que António Ramos Pinto recebeu a Grã-Cruz
por parte do Governo daquela altura345.
Para enorme tristeza e desgosto da família, e dos respetivos funcionários da
firma de vinhos, a 5 de março de 1927 morreu o fundador da empresa, o irmão de
António, Adriano Ramos Pinto, de curta doença346, cujo testamento descreve as suas
disposições (31 de dezembro de 1919)347, tendo António Ramos Pinto assumido o
negócio348.
Ao longo dos anos entraram para a administração da empresa de vinhos do Porto
vários familiares de António Ramos Pinto, como o seu filho Raul Adriano e genro António
de Oliveira Cálem, em 1918, já com o nome de Adriano Ramos Pinto & Irmão349, as filhas

340
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 54.
341
Ibidem, p. 55.
342
Ibidem, pp. 115-117.
343
Ibidem, p. 135.
344
Ibidem, p. 158-159.
345
Correio da Manhã, 17 de abril de 1906, disponível em: Correio da Manhã (RJ) - 1901 a 1909 - DocReader
Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
346
Ibidem, p. 238.
347
AMP – A-PUB/5433 - f. 73v-81 - Registo do testamento com que faleceu Adriano Ramos Pinto. deixou
a António Ramos Pinto vinte contos, aos seus sobrinhos e filhos de António (Maria Eugénia, Maria Antónia
e Raul Adriano) cinco contos a cada um deles, e aos enteados de António e filhos de Dona Maria Virgínia
de Castro Ramos Pinto (Jaime e Virgínia de Castro Leitão) um conto a cada um
348
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. p. 87.
349
Ibidem, p. 105.

84
Maria Eugénia e Maria Antónia, e Joaquim Ayres de Gouvêa Allen350, em 1930, altura
em que a firma se tornou numa sociedade dividida por quotas, o neto António Eugénio
de Castro Ramos Pinto (filho de Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto Cálem e de
António de Oliveira Cálem) e Alfredo Ramos Pinto da Silva Cunha351, em 1944, altura em
que passam a administrar a empresa em conjunto com Raul Adriano, o neto José
António Ramos Pinto Rosas (filho de Maria Antónia de Castro Ramos Pinto Rosas e de
José Rosas Júnior), nos anos 70, onde geriu em conjunto com António Eugénio de Castro
Ramos Pinto Cálem e por Alfredo Ramos Pinto da Silva Cunha, e o bisneto Ricardo
Manuel Rosas Nicolau de Almeida (filho de Maria José Ramos Pinto Rosas e neto de
Maria Antónia de Castro Ramos Pinto Rosas e José Rosas Júnior), em 1982352. Nos anos
90, depois de mais de 100 anos gerida pela família, a Adriano Ramos Pinto – Vinhos S.A.,
foi vendida353.

7.5.2. A família nos meios sociais, culturais e políticos

A família Ramos Pinto teve grande importância e influência no meio social e


cultural do seu tempo. A nível filantrópico, António Ramos Pinto ao longo da sua vida, e
através do seu negócio de vinhos do Porto, ao lado do irmão Adriano, fez várias doações
à Igreja Católica, a instituições da cidade do Porto, a vários jornais da cidade, tais como
o Jornal de Notícias, O Commercio do Porto e O Primeiro de Janeiro, e também aos
pobres da cidade, cujas doações se realizavam em alturas próximas ao Natal. Serve de
exemplo a doação feita à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia no inverno de 1910,
para esta distribuir a quantia oferecida pelos mais necessitados, quando as gentes da
ribeirinha de Vila Nova de Gaia, que viviam do tráfego fluvial, foram bastante afetadas
devido ao inverno prolongado354. Também à própria freguesia em que residiu com a sua

350
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto. Joaquim Ayres de Gouvêa Allen foi genro
de Adriano Ramos Pinto, tendo casado com a sua filha Erminda Adelina Ramos Pinto
351
Ibidem. Filho de Otília Ramos Pinto – filha de Adriano Ramos Pinto – e de Alfredo Antunes da Silva
Cunha.
352
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., pp. 273-274.
Enquanto esteve à frente da firma que pertenceu ao seu pai e ao seu tio, Raul Adriano de Castro Ramos
Pinto dedicou-se, intensamente, aos negócios da empresa, tendo-se retirado do negócio da família nos
anos 60. Foi visto como uma pessoa bastante trabalhadora e séria no que dizia respeito ao negócio da
firma.
353
Ibidem, p. 282.
354
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., pp. 251-252.

85
família, em Campanhã, António Ramos Pinto fez alguns donativos (30.00 reais) à Junta
de Freguesia (1919 e 1923) para serem distribuídas pelos pobres da freguesia355.
Também doações a Espanha foram feitas, servindo de exemplo a doação feita em 1896
à rainha regente Maria Cristina, que recebeu, da firma de António e do irmão, 30 caixas
do seu vinho do Porto Velho para enviar para a Cruz Vermelha e, seguidamente, aos
espanhóis feridos em Cuba356.
Destaque-se Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, que quando do regresso do
bispo do Porto da época, D. António José de Sousa Barroso, à cidade portuense no dia 3
de abril de 1914, onde a dona Ramos Pinto marcou presença na comissão de senhoras
que promoveu a criação de um fundo de homenagem ao bispo357.
António Ramos Pinto exerceu cargos/funções a nível social e cultural que lhe
valeram reconhecimento, prosperidade e generosidade do seu caráter, resumidos na
tabela 9:

Tabela 9 - Cargos institucionais de António Ramos Pinto

Cargo Instituição Ano


Primeiro secretário Associação Comercial do Porto 1893358
Vice-presidente Associação Comercial do Porto Entre 1894/1895359
Presidente Creche S. Vicente de Paula 1919-1943 (24 anos)360
Primeiro secretário Instituto Santos Saraiva Identificado em 1913361
Tesoureiro Sociedade de Beneficência Brasileira Identificado em 1912362
Cônsul Consolado do Uruguai na cidade do Porto 1899-?363
Direção Club Portuense364 ?

355
Ver MEIRELES, Miguel Ferreira; RODRIGUES, Agostinho B. Leira; MONTEIRO, Ana Isabel – Campanhã:
Vida local in Campanhã: Estudos Monográficos. Porto: Junta de Freguesia de Campanhã, 1991, p. 330.
356
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 252.
357
“O Paiz”, 8 de maio de 1914, disponível em: O Paiz (RJ) - 1910 a 1919 - DocReader Web (bn.br)
(consultado em 31/05/2023).
358
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 39.
359
Correio da manhã, 22 de novembro de 1896, disponível em: Correio da Manhã (Lisboa, POR) - 1884 a
1898 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
360
Encontro realizado a 16/03/2023 com o Doutor Nuno Carvalho, diretor da Creche S. Vicente de Paula
desde 2012. Raul Adriano de Castro Ramos Pinto também foi diretor desta creche, nomeadamente de
1945 a 1973 (28 anos).
361
“Jornal do Commercio”, 9 de março de 1913, disponível em: Jornal do Commercio (RJ) - 1910 a 1919 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
362
“Jornal do Commercio”, 12 de maio de 1912, disponível em: Jornal do Commercio (RJ) - 1910 a 1919 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
363
Ver MACHADO, Paulo Sá – Vultos da Filatelia. António Ramos Pinto. O Comércio do Porto, Porto, p. 28,
agosto, 1995.
364
Ibidem.

86
Vereador Câmara Municipal do Porto Identificado em 1903365

Fonte: Ver notas respetivas

Eis algumas ações de António Ramos Pinto na Associação Comercial do Porto:


Associação felicitada por ter assinado o relatório da gerência de 1893366; nomeação de
António Ramos Pinto para integrar o tribunal do contencioso técnico da 1.ª estância
sobre um assunto das alfandegas do Porto e de Lisboa (1894)367; representou a
Associação no Governo sobre um assunto, nomeadamente Bancos do Porto e do
caminho-de-ferro de Salamanca, um tema daqueles tempos que interessava à cidade
portuense (1895)368; marcou presença, na Estação de Campanhã, na despedida do
ministro plenipotenciário de Portugal nos Estados Unidos do Brazil (Brasil), o conselheiro
António Ennes, após este ter visitado a cidade do Porto (1896)369; acompanhou
importantes industriais brasileiros aquando da visita à cidade do Porto e ofereceu-lhes
um jantar privado na Associação (1906)370; foi escolhido para representar a Associação
numa exposição que se viria a realizar no Rio de Janeiro (1907)371; e, foi identificado
como integrante da Associação (vice-presidente) aquando do despejo desta do edifício
da bolsa (Palácio da Bolsa) (1912)372. Enquanto vereador da Câmara Municipal do Porto
referências para duas ações, nomeadamente em 1903, aquando da aprovação da
proposta relativa ao saneamento da cidade do Porto373, e a outra em 1904, sobre o seu
pedido de demissão do cargo de vereador da Câmara Municipal do Porto, quando

365
Correio da Manhã (RJ), 18 de outubro de 1903, disponível em: Correio da Manhã (RJ) - 1901 a 1909 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
366
“Commercio de Portugal”, 16 de junho de 1894, disponível em: Commercio de Portugal (Lisboa, POR)
- 1879 a 1897 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023). Está identificado como vice-
presidente da Associação em 1895.
367
Correio da Manhã, 20 de fevereiro de 1894, disponível em: Correio da Manhã (Lisboa, POR) - 1884 a
1898 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
368
Correio da manhã, 22 de novembro de 1896, disponível em: Correio da Manhã (Lisboa, POR) - 1884 a
1898 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
369
Correio da Manhã, 28 de outubro de 1896, disponível em: Correio da Manhã (Lisboa, POR) - 1884 a
1898 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
370
Correio da Manhã, 28 de maio de 1906, disponível em: Correio da Manhã (RJ) - 1901 a 1909 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
371
Correio da Manhã, 26 de novembro de 1907, disponível em: Correio da Manhã (RJ) - 1901 a 1909 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
372
“Jornal do Commercio”, 12 de maio de 1911, disponível em: Jornal do Commercio (RJ) - 1910 a 1919 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
373
Correio da Manhã (RJ), 18 de outubro de 1903, disponível em: Correio da Manhã (RJ) - 1901 a 1909 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).

87
António Ramos Pinto e outros membros da Associação foram acusados de estarem
envolvidos na negociação da concessão do matadouro374.
Pelo mundo fora também andou a família Ramos Pinto. Mesmo antes de entrar
no negócio dos vinhos, António Ramos Pinto já era um viajante. Em agosto de 1885, a
bordo do vapor alemão Valparaizo proveniente de Hamburgo, Alemanha375, várias
visitas ao Brasil, Argentina, em agosto de 1899376, além de múltiplas viagens pelos seus
filhos Dona Maria Eugénia e Raul Adriano, e os seus descendentes, por várias capitais
europeias377.
Na cidade do Porto, envolveu-se em exposições nacionais. De fotografia,
aquando do seu negócio de fotografia, onde integrou a lista de expositores que
representariam Portugal na exposição que se viria a realizar no Palácio de Cristal, em
1886378. E numa Exposição Pomológica e Agrícola, em 1910, tendo merecido especial
atenção a sua coleção de pêras e de maças379.
Também frequentou outros espaços de convivência social e de lazer António
Ramos Pinto na cidade, entre eles o Hípico da Boavista380, onde observava a atividade
desportiva do hipismo acompanhado de amigos381. Frequentava também as casas dos
seus amigos, como por exemplo a casa do fotógrafo Aurélio da Paz dos Reis, que se
situava na rua do Barão de Nova Sintra n.º 125382, assim como Aurélio da Paz dos Reis e
outros amigos vinham à sua casa383. Os tempos de ócio em passeios de barco no rio

374
Correio da Manhã (RJ), 8 de fevereiro de 1904, disponível em: Correio da Manhã (RJ) - 1901 a 1909 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
375
“Commercio de Portugal”, 26 de agosto de 1885, disponível em: Commercio de Portugal (Lisboa, POR)
- 1879 a 1897 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
376
The Rio News, 15 de agosto de 1899, disponível em: The Rio News (RJ) - 1879 a 1901 - DocReader Web
(bn.br) (consultado em 31/05/2023).
377
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 55
378
“Commercio de Portugal”, 15 de março de 1886, disponível em: Commercio de Portugal (Lisboa, POR)
- 1879 a 1897 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
379
“Jornal do Commercio”, 13 de outubro de 1910, disponível em: Jornal do Commercio (RJ) - 1910 a 1919
- DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
380
Centro Hípico do Porto Matosinhos. CHPM. História. O Centro Hípico do Porto foi criado a 10 de junho
de 1910, na Boavista, tendo aí instalado o seu primeiro hípico, o Hípico da Boavista. Posteriormente,
mudou de lugares, tendo passado por Fonte da Moura e Ramalde, acabando por se instalar,
definitivamente, em 1967, em Leça da Palmeira, Matosinhos. Disponível em: História - Centro Hípico do
Porto e Matosinhos (chp.pt) (consultado em 16/06/2023).
381
CPF. Fundo Aurélio da Paz dos Reis. Fotografias. Fotografias em vidro e película. PT/CPF/APR/001-
001/001245.
382
CPF. História Administrativa/Biográfica/Familiar. Disponível em: Aurélio da Paz dos Reis - Centro
Português de Fotografia - DigitArq (arquivos.pt) (consultado em 12/06/2023).
383
CPF. Fundo Aurélio da Paz dos Reis. Fotografias. Fotografias em vidro e película. PT/CPF/APR/001-
001/003313.

88
Douro com os amigos próximos, nomeadamente com a família de Alberto Marçal
Brandão, estão bem documentados384.
A vida social dos Ramos Pinto passava por diferentes espaços da cidade, mas o
principal palco de sociabilidade da família foi, sem dúvida, a Praia da Granja, em Vila
Nova de Gaia. Tal como outras famílias com negócios da cidade do Porto, possuíram
uma segunda habitação, fora da cidade, ali viveram ao longo de várias décadas em
contextos sociais e de ociosidade durante os meses de Verão385. Desde a sua emergência
em finais do séc. XIX até à sua decadência, em Setentas do séc. XX, a Praia da Granja foi
o palco principal da vida social de famílias nobres e de famílias da alta e média burguesia
portuguesa, espanhola, e entre outras386. Naquele lugar, mais concretamente no pinhal
(da Granja), praticavam-se diversas atividades e jogos, como o jogo da bola, o croquet,
o ténis, e várias diversões para os mais pequenos, como por exemplo o trapézio e os
baloiços. Havia também um estabelecimento de banhos onde se concentrava muita
gente, e teria banhos de água doce e salgada, quentes e frios e duches387. Foi a partir do
ano de 1898 que a família Ramos Pinto começou a sua vida social neste local, com a
entrada na Assembleia da Granja de António Ramos Pinto388, mantendo-se como seu
sócio até aos fins da sua vida389. No ano de 1976, sabe-se que ali mantiveram casas os
seus filhos Dona Maria Eugénia e Raul Adriano, onde veraneavam os seus descendentes,
em casas que António Ramos Pinto mandara construir, uma delas para sua residência, e
que se compunha de um bom jardim, de corte de ténis, entre outros mais elementos390.
Neste lugar (Praia da Granja) organizavam-se inúmeros e diversificados eventos, e onde
a família Ramos Pinto marcou presença, tais como: o jantar de 1904, que celebrou o fim

384
CPF. Fundo Alberto Marçal Brandão. Norte de Portugal. PT/CPF/AMB/0001/000313.
385
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 238.
386
Eis algumas das famílias nobres e da alta e média burguesia que marcaram presença na Praia da Granja
ao longo de vários anos: a família Burmester (Castro, 1973: 368); a família Van-Zeller (Castro, 1973: 393);
a família Andresen (Castro, 1973: 423); a família Aires de Gouveia (Castro, 1973: 432); a família Vilar
d´Allen (ibidem); a família Eça de Queiroz (Castro, 1973: 542); e, a família Garrett (Castro, 1973: 570).
387
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 281.
388
Ver CASTRO, António Pais de Sande e – A Granja de todos os tempos. Vila Nova de Gaia: Câmara
Municipal de Vila Nova de Gaia, 1973, p. 312.
389
Ibidem, p. 238.
390
Ibidem, p. 312.

89
da época balnear391; os cantos na casa da família Mendes d´Almeida392 e na sua própria
casa, animados pelas irmãs Ramos Pinto (Maria Eugénia e Maria Antónia)393; os bailes
de máscaras394; os arrais395; entre muitos mais. A Casa da Granja era um ponto de
encontro da família. Outros familiares dos Ramos Pinto também frequentaram a Praia
da Granja396.
A praia da Granja foi-se alterando urbanisticamente com várias intervenções
com a participação da família. Entre alguns exemplos, em 1921, António Ramos Pinto,
com outros subscritores, compraram a Capela de Santa Cruz, na Praia da Granja
(freguesia de S. Félix da Marinha)397, assim como o seu irmão Adriano398. A 1 de junho
de 1938 foi fundada a Piscina da Granja (Sociedade Desportiva), que transformou por
completo a vida na Praia da Granja399. Um dos acionistas desta sociedade foi António
Ramos Pinto400. Tal como este, o seu genro e o seu filho desempenharam funções na
Assembleia da Granja, como por exemplo em 1920, quando António de Oliveira Cálem
foi eleito secretário da Assembleia401, e em 1931, quando Raul Adriano foi nomeado
secretário da respetiva Assembleia402.
O convívio em salões frequentados pelas elites da cidade do Porto pode ser
observado em diferentes ocasiões. A título de exemplo pode seguir-se a presença de
Dona Maria Antónia, com o seu marido José Rosas Júnior em diferentes saraus, como o
que ocorreu a 23 de maio de 1913, organizado pelo próprio José Rosas Júnior no

391
Ibidem, p. 378. Este jantar contou com 70 pessoas e teve o custo de 10 tostões por cabeça, sem vinhos
incluídos. Consumiram-se duas dúzias de garrafas de vinho branco, quatro dúzias de vinho tinto, três
dúzias de champanhe – cada garrafa de champanhe custou 12 tostões – e duas dúzias de vinho do Porto.
Cada garrafa de vinho do Porto custou 15 tostões.
392
Ibidem, p. 391.
393
Ibidem, p. 403. No dia 19 de setembro de 1908 as irmãs Ramos Pinto fizeram parte do coro formado
por senhoras que cantaram os cânticos A Esfolhada e Noel. No dia 28 do mesmo mês e ano integraram o
coro do concerto de Alfredo Napoleão dos Santos.
394
Ibidem, p. 431. No baile de máscaras que se realizou em outubro de 1910, o toillet de Maria Eugénia
foi elogiado, bem como o tête de Maria Antónia admirado.
395
Ibidem, p. 504. No ano de 1923 decorreu um arraial português nos jardins da casa da condessa de
Burnay, cujo toillet de Dona Maria Eugénia foi destaque desse evento.
396
Ibidem, p. 555. José Maria Aires da Silva Rosas (esposo de Dona Maria Antónia), António de Oliveira
Cálem (esposo de Dona Maria Eugénia), Adriano Ramos Pinto, irmão de António; António Eugénio de
Castro Ramos Pinto (neto de António e de Dona Maria Virgínia); Suzana Maria Brunner Cortez Cálem
(esposa de António Eugénio).
397
Ibidem, p. 651.
398
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 238.
399
Ver CASTRO, António Pais de Sande e – op. cit., p. 535.
400
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 210.
401
Ver CASTRO, António Pais de Sande e – op. cit., p. 488.
402
Ibidem, p. 522.

90
contexto das bodas de prata do mais rico comerciante da praça do Porto naquele tempo,
o conselheiro Pedro Araújo, e do casamento do filho deste (Dr. Eugénio da Fonseca
Araújo) com a prima (Dona Júlia Araújo), que era filha do irmão e sócio de Pedro de
Araújo, o Dr. Júlio Araújo, então presidente da Associação Comercial do Porto. Neste
sarau o casal Rosas (Dona Maria Antónia e José Rosas Júnior) encenou uma comédia de
Pinheiro Chagas, intitulada de Quem desdenha quer comprar403.
Politicamente, sabe-se que António Ramos Pinto terá tido uma influência
limitada404. Foi regenerador, tendo, nas eleições de 1899 para o Parlamento, apoiado os
regeneradores da cidade do Porto, derrotados pelos opositores, o Partido
Republicano405.

7.6. Viver na Quinta e Casa da Lameira

Foi ao longo de Oitocentos que a casa, enquanto espaço da vida familiar, separou
a vida privada da vida pública, estabelecendo limites físicos e afetivos do núcleo familiar
com a restante sociedade, como um muro da vida privada ou reduto da intimidade
[…]406. Como o espelho da alma era através da casa que se expressavam as
características pessoais dos seus habitantes407. Fruto do bem-estar económico, uns
mais, outros menos endinheirados, a casa serviu como reflexo do seu luxo e riqueza,
com o aumento das suas divisões interiores e respetivas funcionalidades, e nos
elementos decorativos e mobiliário investidos. Como primeiro luxo da casa era
considerada a decoração vegetal, e, por isso, possuíram jardins aqueles que tinham bens
financeiros para tal construção. Além dos efeitos benéficos que as plantas possuem, a
sua prática, a jardinagem, naqueles tempos, era vista como uma atividade física
saudável e como uma distração.
Eclodiu ao longo de Oitocentos o interesse pela floricultura e pela horticultura,
tendo sido a cidade do Porto a pioneira desta prática, onde houve diversas exposições
de vários tipos de flores e que contaram com profissionais e amadores que se dedicavam

403
“Jornal do Commercio”, 23 de maio de 1913, disponível em: Jornal do Commercio (RJ) - 1910 a 1919 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
404
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 234.
405
Ibidem, p. 233.
406
Ver CASCÃO, Rui – Modos de habitar. A casa – simbologia e funções in José Mattoso, op.cit., p. 22.
407
Ibidem.

91
a estas artes408. Neste contexto, também Dona Maria Virgínia dedicou-se ao cultivo de
flores dos jardins da sua casa, ainda antes do matrimónio com António Ramos Pinto,
como já se viu.
Terá sido durante o período em que António Ramos Pinto esteve na Associação
Comercial do Porto que conheceu o horticultor Jacinto de Matos (Jacintho de Mattos),
que criou vários jardins privados para burgueses portuenses, além do casal Ramos Pinto,
ter tido relações de proximidade com mais horticultores portuenses, nomeadamente
com José Marques Loureiro. No horto deste horticultor, concentrava-se gente ligada à
Floricultura e à Horticultura, desde horticultores, a botânicos e naturalistas, além da
burguesia portuense409. Também com outro horticultor portuense manteve o casal
Ramos Pinto relações, nomeadamente com José Pedro da Costa, quando um pedido
feito (em 1906) por António Ramos Pinto à CMP para a construção de um prédio que se
iria compor de lojas, destinadas a arrumações, e com andares superiores, que se
destinavam a um escritório para um recente estabelecimento de horticultura e
jardinagem, era este estabelecimento de José Pedro da Costa410, posteriormente
ampliado, em 1908411. A relação com este horticultor já vinha de antepassados de Maria
Virgínia, nomeadamente da sua tia Dona Delfina Hermínia Lousada, visto que esta tia
deixou bens da sua herança a Josefina Costa, filha de José Pedro da Costa412.
Nos espaços exteriores e interiores da casa, nomeadamente nos jardins e no
salão, decorriam momentos sociais e de lazer. No jardim, festas diurnas, no salão,
receções noturnas413. Ao primeiro dia de janeiro, era a comemoração da passagem de
ano, exibindo António Ramos Pinto os seus dotes de ilusionista e uma mostra dos seus
relógios com música e os objetos das suas coleções414. Nestas ocasiões festivas, servia-

408
Ibidem, p. 25.
409
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., pp. 125 e 130.
410
Arquivo Municipal do Porto – Casa do Infante (AMP-CI) 1906/11/22. Licença de obra n.º: 206/1908.
411
Arquivo Municipal do Porto – Casa do Infante (AMP-CI) 1908/11/17. Licença de obra n.º: 259/1909.
Este pedido passou pela construção de um corpo avançado que se destinava a habitação de José Pedro
da Costa, que por esta altura teria um horto em terrenos de António Ramos Pinto
412
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 131. Foi esta espécie
de plantas uma das especialidades do horticultor José Pedro da Costa, sendo ela (rosa) uma das mais
admiradas.
413
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 20.
414
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 233.

92
se um jantar cuidadoso, escrito em francês, como ditava a etiqueta civilizada da época415
de que é exemplo o menu do ano novo de 1931416.
Como exemplo de como o jardim era a extensão da casa, são os registos
fotográficos ora de passeios individuais, como acontecia com Dona Maria Virgínia417,
quer confraternizando com amigos próximos418, mesmo na zona da mata419. Em
momentos marcantes, como a festa de casamento de Dona Maria Eugénia com António
de Oliveira Cálem, no dia 15 de agosto de 1912, as traseiras da casa serviram de cenário
para fixar a foto da presença da família Ramos Pinto, familiares e possíveis amigos.
No interior da casa, em tempos de lazer e de aprendizagem o piano era central
no salão da habitação420. Possuir um piano só estava ao alcance das famílias aristocratas
e das altas e médias famílias burguesas, devido ao seu elevado custo de aquisição, para
exercitarem a aprendizagem de música e canto421, tal como já se comprovou
anteriormente com as filhas Ramos Pinto.
Outro exemplo de passatempo da família seria a leitura, realizada em diversos
espaços da casa422. Dona Maria Virgínia possuía na casa enciclopédias francesas e livros

415
Ver SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – op. cit., 2009, p. 87.
416
Menu de jantar de Ano Novo de 1931, informação gentilmente disponibilizada pelo Dr. Raul Ramos
Pinto. Outra leitura pode se fazer deste menu. Está identificada a localização do evento, San Roque (São
Roque) em Campanhã, na residência da família, a respetiva festividade e ano de celebração, e está
assinada como Pae Ramos Pinto, ou seja, António Ramos Pinto. Note-se a presença de expressões gráficas,
elemento que os portuenses mais ricos usaram para se afirmarem na sua época e que são de um grande
interesse e importância, pois permitem o conhecimento das figuras da época e do seu gosto estético
(Sousa, 2009: 85). Constava como entrada foi servido Crème de Volaille (creme de aves), com Blandy
Brother-Madeira Very Old (vinho); como primeiro prato principal serviu-se Poisson du Jour aux Légumes
(peixe do dia com legumes) com Blanc Sauternes (vinho branco) e Chateau de Rayne-Vigneau 1924 (vinho
branco); como segundo prato principal serviu-se Chaud-Froid de Perdrix (perdiz quente-fria), com
Bordeaux Rouge (vinho tinto) e com Chateau Talbot 1923 (vinho tinto), e Dindon fraci aux Cressons (peru
recheado com agrião), com Champagne Demi-Sec (champanhe) e Veuve Clicquot-Ponsardin (champanhe);
como sobremesas Desserts Variés ou seja, várias sobremesas, com Porto Très Vieux (vinho do Porto muito
antigo) e Reserve Ramos Pinto, vinho do Porto da própria firma da família; por fim, foram servidas as
Friandises (doçarias) e os Café et Liqueurs (café e licores
417
CPF. Fundo Alberto Marçal Brandão. Norte de Portugal. PT/CPF/AMB/0001/000600.
418
CPF. Fundo Alberto Marçal Brandão. Norte de Portugal. PT/CPF/AMB/0001/000574,
PT/CPF/AMB/0001/000591 e PT/CPF/AMB/0001/000578. Cremos que este último registo fotográfico, na
identificação das figuras presentes, esteja incorreto. Colocamos a hipótese de se tratar de familiares de
Alberto Marçal Brandão e não das irmãs Ramos Pinto, como estão identificadas pelo Centro Português de
Fotografia.
419
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto. Informação gentilmente disponibilizada
pelo mesmo.
420
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto. Informação gentilmente disponibilizada
pelo mesmo.
421
Ver CASCÃO, Rui – «Em casa: o quotidiano familiar» in José Mattoso, op.cit., pp. 233.
422
CPF. Fundo Alberto Marçal Brandão. Norte de Portugal. PT/CPF/AMB/0001/000209 e
PT/CPF/AMB/0001/000590. Cremos que o primeiro registo esteja incorreto relativamente à identificação

93
de romance da autoria de Anatole France, para ela o maior romancista da época, Balzac
(Honoré) e Flaubert (Gustave), e livros italianos, principalmente do poeta e dramaturgo
italiano Gabriele D´Annunzio, tendo até Dona Maria Virgínia uma fotografia deste poeta
e dramaturgo italiano. Também deste último tinha obras literárias e respetivas
traduções em francês, feitas por Hérelle, assim como do poeta e dramaturgo belga
Maurice Maeterlinck, cujas peças de teatro lia com o seu neto António Eugénio423. O
quotidiano feminino naqueles tempos, além do exercício de lavores e de aperfeiçoarem
os dotes musicais, também aperfeiçoavam os seus dotes linguísticos424. A prática da
leitura foi vista como uma maneira de as pessoas se distraírem e de aperfeiçoarem o
seu conhecimento cultural425.
A imagem construída e descrita por alguns acerca de Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto classifica-a como “uma fidalga” do seu tempo, tanto de trato como de
“linhagem”. Uma senhora “com um S grande”, sempre acompanhada de uma
gargantilha de renda e de um longo colar de pérolas, imagem retida pelo seu neto
António Eugénio426.
Tinha ela discussões vivas sobre literatura, nem sempre concordantes com
aqueles com quem convivia. As leituras de natureza espiritual não a atraíam. Um
episódio ocorrido entre Dona Maria Virgínia e a sua filha Dona Maria Eugénia demonstra
que ao contrário da filha, uma católica fervorosa, e, que, tentou aproximar a mãe da sua
religião ao dar-lhe um livro sobre o Santo Inácio de Loiola, Dona Maria Virgínia, após ter
lido o nome do santo na capa do livro, respondeu: Olha, filha, eu Quixotes só li um em
dias da minha vida, e essa era de Cervantes. Não preciso de ler mais nenhum. 427.

de personagem feita pelo CPF, nomeadamente à identificação de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto,
cuja identificação, colocamos a hipótese de se tratar da sua filha Virgínia de Castro Leitão. No segundo
registo, também uma incerteza quanto à localização do espaço identificado pelo CPF, nomeadamente a
um espaço dentro da casa da Quinta da Lameira. Segundo o Dr. Raul Ramos Pinto, este espaço pode
corresponder a um espaço da habitação da família na Praia da Granja.
423
Escritos de António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem. Esta informação foi gentilmente
disponibilizada pelo Dr. Raul Ramos Pinto. Não contém o local da sua escritura, nem o ano e nem o autor,
sendo apenas que foi fornecida a informação de que foi escrito por António Eugénio de Castro Ramos
Pinto Cálem.
424
Ver SILVA, Susana Serpa – Sonhos e ideais de vida. Sonhos privados/sonhos globais in José Mattoso,
op.cit., p. 391.
425
Ver CASCÃO, Rui – «Em casa: o quotidiano familiar» in José Mattoso, op.cit., p. 229
426
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 315.
427
Escritos de António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem. Esta informação foi gentilmente
disponibilizada pelo Dr. Raul Ramos Pinto. Não contém o local da sua escritura, nem o ano e nem o autor,

94
Quanto a António Ramos Pinto, aparentava alguma reserva, inclusive com os
próprios familiares428, e, que, ao longo do tempo, dado o crescimento do negócio de
vinhos do Porto da família, tornou-se uma pessoa mais sociável429.
Foi António um grande colecionador. Colecionava imensos artigos, entre eles
selos de postais, relógios de bolso, pequenos retratos de pessoas e de personalidades
da sua época, algumas bem mais antigas430, antiguidades, uma das suas grandes
paixões431, e obras de arte 432. Das suas coleções filatélicas (selos de postais) vendeu,
pela quantia de 40.000 réis, uma delas entre os meses de janeiro e março de 1921 à
instituição Portugal Filatélico, gerida na altura por A. Simões Ferreira, em sociedade com
J. A. Proença (negociante), um valor que colocou, à data, a maior transação filatélica
alguma vez feita, até porque era um grande conhecedor de filatelia, assinante do
Portugal Filatélico433.
Fruto da sua paixão pelo ilusionismo, António foi descrito como o único amador
que conhece todas as escolas, desde o illusionismo embryonário dos Moisés, dos Chober,
dos Machasschal, ao illusionismo contemporâneo […]434. Apesar de ter abandonado
profissionalmente esta arte ainda bastante novo, continuou a interessar-se por ela,
praticando-a em ambientes de confraternização.
Com uma grande capacidade intelectual e fluente em várias línguas, criou
relacionamentos com artistas, traduziu obras e conhecer invenções435. De porte
elegante, encomendava artigos de roupa provenientes do estrangeiro, como por
exemplo calçado de origem francesa e germânica436, e bengalas, vindas de Hamburgo
(Alemanha)437.

sendo apenas que foi fornecida a informação de que foi escrito por António Eugénio de Castro Ramos
Pinto Cálem.
428
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 233.
429
Ibidem, p. 238.
430
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
431
Ver MACHADO, Paulo Sá – Vultos da Filatelia. António Ramos Pinto. O Comércio do Porto, Porto: 8 de
agosto de 1995, p. 28.
432
Ver SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – José Rosas Júnior (1885-1958) e a criação da joalharia
portuguesa da primeira metade do século XX in op. cit., p. 43.
433
Ver MACHADO, Paulo Sá – op. cit., p. 28.
434
Revista O Illusionista, N.º 23, 1925, pp. 161.
435
Revista O Illusionista, N.º 23, 1925, pp. 161 e 162.
436
Correio da Manhã, 14 de outubro de 1892, disponível em: Correio da Manhã (Lisboa, POR) - 1884 a
1898 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).
437
O Economista, 13 de outubro de 1882, disponível em: O Economista (Lisboa, POR) - 1881 a 1895 -
DocReader Web (bn.br) (consultado em 31/05/2023).

95
Em ambientes familiares e em contextos natalícios, reunia-se toda a família
Ramos Pinto na casa do seu irmão, Adriano438. António era muito chegado ao seu irmão,
sustentando esta afirmação a carta escrita por Adriano, em 1926, para António, em que
se disponibilizou para ajudar financeiramente o seu irmão devido à crise bancária
daquela altura439.
O seu espirítico artístico orientou-o nas obras realizadas na sua Quinta e Casa da
Lameira, requalificação dos edifícios da firma de vinhos da família e acompanhamento
do nascimento das suas moradias na Praia Granja, em Vila Nova de Gaia440. Ao longo da
sua vida recebeu inúmeras condecorações441, entre elas a Ordem de Cavaleiro da Legião
d´Honra442.
Tendo em consideração a dimensão das casas, as exigências sociais e a família
em expansão, de acordo com o padrão da época, a família tinha ao seu serviço
criadagem e serviçais. Ao seu dispor os Ramos Pinto tinham um mordomo de serviço na
sua casa, três jardineiros, que trabalhariam a tempo inteiro, e muitos empregados,
alguns parentes entre si, desempenhando as diferentes tarefas que a própria vida social
exigia e espelho do seu bem-estar material real ou de representação social 443.

438
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 233.
439
Ibidem, p. 235.
440
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 85.
441
Lista de objetos (total) do Núcleo de São Roque, gentilmente cedida pela Doutora Marlene Rocha,
Técnica Superior na Divisão Municipal de Museus e gestora responsável do Núcleo de São Roque.
.
442
Ver ALMEIDA, Graça Nicolau de; GUIMARÃES, Joaquim António Gonçalves – op. cit., p. 238.
443
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto. Informação gentilmente disponibilizado
pelo mesmo. Conhecem-se os serviçais que a família tinha ao seu serviço ao ano de 1928, eram eles:
Abílio, mordomo; Norberto, motorista (chauffeur); Mariana, cozinheira; e, Isaura e Cacilda, empregadas
de limpeza, sendo também a última quem tomaria conta das crianças. Sobre estes serviçais também
sabemos informações pessoais sobre os mesmos. Abílio (d´Oliveira), o mordomo, era filho de José Maria
d´Oliveira e de Rosa de Jesus e era natural de Castelões, Macieira de Cambra (Aveiro). Tinha 20 anos em
1928. Norberto (Augusto de Carvalho), o motorista, era filho de Maurício José de Carvalho e de Carolina
Loureiro de Carvalho e natural da freguesia da Sé (Porto). Em 1928 tinha 45 anos. Mariana (Gomes de
Jesus), cozinheira, era filha de Manuel Gomes da Costa e de Rosa Gomes de Jesus e natural do Couto de
Cucujães, lugar de Rio d´Ouro, Oliveira de Azeméis (Aveiro). Em 1928 tinha 60 anos. Isaura (Ferreira dos
Santos), a empregada de limpeza, era filha Joaquim Ferreira dos Santos e de Laura Dias Ferreira
d´Assunção e era natural da freguesia de São João da Foz do Douro (Porto). Tinha 25 anos em 1928. Cacilda
(Dias Ferreira d´Assunção), a outra empregada de limpeza e ainda ama, era filha de José Dias Ferreira
d´Assunção e de Maria Guiomar de Jesus e era também natural da freguesia de São João da Foz do Douro
(Porto). Tinha 40 anos em 1928. Consta ainda um outro serviçal da família, cuja função desempenhada na
casa é desconhecida, mas podemos supor que poderia ocupar ou as funções desempenhadas na cozinha
ou de empregada de limpeza ou de ama das crianças. Trata-se de uma serviçal com o nome de Laura (Dias
Ferreira d´Assunção) e era irmã de Cacilda, uma das empregadas de limpeza e ama. Comprovámos esta
afirmação porque os nomes dos pais – José Dias Ferreira d´Assunção e Maria Guiomar de Jesus – e a
localidade de nascimento de ambas, coincidem. Laura, em 1928, tinha 46 anos

96
A família Ramos Pinto possuía um meio de transporte para se movimentar entre
a sua residência da Lameira e outros pontos da cidade e, ao contrário do ramo Lousada,
que, como vimos, possuíram cavalos como meio de transporte, sinónimo de um bem-
estar material afortunado444, os Ramos Pinto possuíram um veículo automóvel pessoal,
de acordo com as mudanças técnicas da época, visto que possuíam um motorista e uma
garagem para alojar o veículo e o próprio motorista445.
No Anexo 7 estão disponíveis testemunhos que complementam estas vivências
dos Ramos Pinto a nível pessoal e familiar, social e político.

7.7. Partilhar (por amor e pela lei) a Quinta com António Ramos Pinto

Foi a 6 de março de 1914 que se deu um marco importante na história da Quinta


da Lameira. Por meio de uma ação especial de alienação de bens dotais, a Quinta da
Lameira passou para as mãos de António Ramos Pinto. Segundo esta ação, Dona Maria
Virgínia, autorizada pelo seu marido António, alienou a este dois prédios que eram parte
do seu dote, tendo recebido em troca outros bens de igual ou maior valor. Algumas
razões estiveram na base da decisão Dona Maria Virgínia, tendo sido elas: primeira, pela
escritura antenupcial de 29 de dezembro de 1888, em que Dona Maria Virgínia dotou-
se com todos os seus bens, entre os quais a Quinta da Lameira, composta por casas
sobradadas e terreas, mirante, jardim, terra lavradia e terra de matto, agua de bica e
rega e mais pertenças… e uma morada de casas sobradadas com lojas e quintal em tres
socalcos e mais pertenças, sita no mesmo local e freguesia…446; segunda, pela virtude
dessa escritura, em que Dona Maria Virgínia durante o matrimónio ficou sem comunhão
(direito) nos bens adquiridos por título oneroso, ganhos e economias, tendo estes bens
feito parte dos bens próprios de António, seu marido; terceira, por António Ramos Pinto
ter comprado, e registado em seu nome como bens próprios, terrenos encravados, onde
construiu uma casa apalaçada, uma garagem e outras obras de elevado custo,
transformando n´um só predio circuitado e fechado por muro447; quarta, pelo facto de

444
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 388.
445
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 46.
446
ADP, Fundo Tribunal da Comarca de Porto PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157, Ação especial de
alienação de bens dotais 1914-03-06 a 1915-07-26, p. 2.
447
Idem.

97
os dois prédios em causa terem estado, por natureza, inseparáveis de outros bens
próprios que pertenceram a António Ramos Pinto, tendo sido estes prédios a parte mais
valiosa, e, também, pela questão do nascimento de filhos nos dois matrimónios que
constituiu Dona Maria Virgínia, em que os filhos do primeiro matrimónio (Jaime e
Virgínia) podiam ter tido interesse nos bens dotais de Dona Maria Virgínia com os bens
próprios do seu segundo esposo, António Ramos Pinto, podendo causar um futuro
prejuízo aos filhos do segundo matrimónio (Maria Eugénia, Maria Antónia e Raul
Adriano), em que estes últimos só poderiam ter direito aos bens próprios do seu pai448;
e, quinta, a visar o interesse de todas as partes e a precaver eventuais futuras disputas,
Dona Maria Virgínia julgou por bem alienar os dois prédios e passou-os como bens
próprios para António Ramos Pinto449. Ainda, acrescenta-se uma outra razão que não
consta nesta ação, e, provavelmente, foi a principal razão para o sucedido, como ato de
recompensa porque foi graças a António Ramos Pinto, ao seu investimento financeiro,
que Dona Maria Virgínia viu a sua propriedade de infância, em particular o edifício da
sua casa, a evoluir, a crescer, a enobrecer-se450.
À data desta ação, Jaime de Castro Leitão tinha 43 anos de idade e era casado
com Maria Emília Clamouse Browne Van-Zeller, e viveriam na Alameda do Campo
Grande n.º 39, em Lisboa. Virgínia de Castro Leitão contava com 40 anos e era moradora
na rua de São Roque da Lameira, em Campanhã (Porto)451. Maria Eugénia de Castro
Ramos Pinto tinha 25 anos, era casada com António de Oliveira Cálem, e viveriam ambos
com Dona Maria Virgínia e António Ramos Pinto, na Quinta da Lameira. Maria Antónia
de Castro Ramos Pinto contava com 23 anos e era casada com José Rosas Júnior (José
Maria Aires da Silva Rosas), e viveriam na rua do Castelo do Queijo (Av. Montevideu), na
Foz do Douro. Por fim, Raul Adriano de Castro Ramos Pinto tinha 19 anos de idade e

448
Idem, p. 2 v. Contudo, isto não aconteceu, não tendo Jaime e Virgínia de Castro Leitão contestado a
ação.
449
Idem, pp. 1 v-3.
450
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
451
Sem nenhuma evidência em concreto, supõe-se que também viveria na residência da Quinta da
Lameira, com a sua mãe e a restante família Ramos Pinto, pois, nesta altura, não constituía nenhum
matrimónio, o que leva a crer que sempre esteve ao cuidado da sua mãe, Dona Maria Virgínia. Mais tarde
terá constituído matrimónio, visto que, segundo o registo de testamento de Adriano Ramos Pinto, em
1919, está identificada com o nome de Virgínia Leitão d´Aguiar.

98
estava ausente na Alemanha452. Todos estas figuras foram constituídas réus e rés deste
processo453.
Ao longo do desenvolvimento deste processo foi feita uma vistoria com o
objetivo de avaliar os dois prédios, cujo valor seria de três mil e oitocentos escudos.
Pela troca pelos dois prédios adquiridos, António Ramos Pinto mandou comprar
para a Maria Virgínia setenta obrigações de 4,5% da Dívida Interna Portuguesa
(Empréstimo 1888-89). Estas obrigações valiam três mil novecentos e cinquenta e cinco
escudos, valor mais acima do que o valor dos dois prédios454.
Também neste ano de 1914, faleceu Dona Delfina Hermínia Lousada (20 de
novembro de 1914), tia de Dona Maria Virgínia, de cuja herança beneficiaram Jaime e
Virgínia de Castro Leitão e os irmãos Ramos Pinto (Maria Eugénia, Maria Antónia e Raul
Adriano). Todos foram nomeados como herdeiros, em partes iguais, do remanescente
da herança de Dona Delfina, à exceção de Dona Maria Antónia, que não foi nomeada
herdeira, mas que beneficiou da herança ao ter ficado com a casa, com quintal, da sua
madrinha de batismo na rua do Duque de Terceira (Bonfim) n.º 315455.
Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto acabou por falecer a 7 de junho de
1938456. Seis anos depois, a 17 de dezembro de 1944, com 90 anos de idade, faleceu
António Ramos Pinto, na sua residência (Quinta da Lameira) em Campanhã457. António
Ramos Pinto elaborou o seu registo de testamento quase um ano após do falecimento
da sua esposa, mais precisamente a 12 de maio de 1939, aprovado a 18 de maio do dito
ano, revogando qualquer testamento anterior que tivesse sido realizado, deixando
expresso que queria que o seu corpo fosse enterrado no jazigo da família, copropriedade
sua e dos herdeiros do seu irmão Adriano458.
Nomeou como herdeiros da sua fortuna os seus três filhos, sendo estes os únicos,
e principais, beneficiados da herança. A Maria Eugénia, deixou-lhe o prédio que possuía
na Praia da Granja, intitulado de Villa Eugénia. A Maria Antónia, outro prédio que tinha

452
Arquivo Distrital do Porto PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157, Ação especial de alienação de bens dotais
1914-03-06 a 1915-07-26, p. 1 v.
453
Ibidem, pp. 35 v e 38 v.
454
Ibidem, p. 58
455
AMP – A-PUB/5180 - f. 70-76 - Registo do testamento com que faleceu Delfina Hermínia Lousada.
456
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
457
Ibidem.
458
O jazigo da família Ramos Pinto encontra-se no Cemitério de Agramonte.

99
na Praia da Granja e que estava arrendado a Fernando de Brito Ermida. E a Raul Adriano,
outro que possuía na Praia da Granja, este arrendado a António de Almeida. Ainda a
Maria Eugénia deixou-lhe trezentos contos correspondendo à sua quota disponível.
Foi, também, Maria Eugénia a principal beneficiada da fortuna de António Ramos
Pinto, por aquela ter sempre vivido na companhia dos seus pais, e principalmente no
apoio ao seu pai após a morte da sua mãe, Dona Maria Virgínia. Dotou-lhe, António
Ramos Pinto, a propriedade da Lameira com todas as suas edificações, terrenos e
pertenças, e com todo o mobiliário, roupas, louças, vidros de uso, metais e adornos,
incluindo ainda os quadros de retratos de família. As exceções foram apenas as suas
coleções, as três vitrines do salão e as três vitrines do seu quarto de dormir.
António Ramos Pinto, deixou ainda outras disposições expressas no seu registo
de testamento, nomeadamente doações a várias instituições, sendo elas (ver tabela 10):

Tabela 10 - Quantias distribuídas por António Ramos Pinto a instituições sociais e de caridade

Instituições e outros Verba (em contos)


Jornal O Comércio do Porto 5
Creche S. Vicente de Paula/o 2
Hospício da Irmãzinhas dos Pobres 250
Asilo das Raparigas Abandonadas 250
Hospital de Crianças Maria Pia 250
Assistência Nacional aos Tuberculosos 250

Fonte: AMP – A-PUB/5240 - f. 110v-114 Registo de testamento de António Ramos Pinto

À administração do jornal O Comércio do Porto deixou ainda expresso que a


quantia deixada devia ser entregue ante do trigésimo dia do seu falecimento. Deixou
também escrito que administração deste jornal distribuísse em esmolas, de cinco
escudos, por mil pobres das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia. Para que os pobres
pudessem receber esta quantia, António Ramos Pinto deixou expresso que estes
deveriam apresentar uma declaração de pobreza passada pelos párocos das respetivas
freguesias dos pobres. Para seus testamenteiros nomeou o filho Raul Adriano e os seus
genros António de Oliveira Cálem e José Rosas Júnior459.

459
Idem.

100
Em certa medida, os outros irmãos, Maria Antónia e Raul Adriano, ficaram
ressentidos quanto à decisão tomada por seu pai em ter deixado a propriedade da
Lameira à irmã Maria Eugénia, e embora não o tivessem contestado, os irmãos sempre
mantiveram uma boa relação.
A Maria Antónia e a Raul Adriano, deixou-lhes, ainda, António Ramos Pinto vários
terrenos que possuía na Rua de Gondarém, em Matosinhos, e no Monte Aventino (lado
Norte da Quinta da Lameira), que tinha adquirindo ao longo da sua vida. Numa parte
dos terrenos que António adquiriu no Monte Aventino, mandou construir,
possivelmente, habitações para fins de operariado ou para fins de caridade460. Também,
comprou outros terrenos junto à sua habitação da Lameira, nomeadamente no lado
nascente desta, onde, em 1907, ergueu duas moradias geminadas, que também se
encontram de frente para a rua de São Roque da Lameira 461.

7.8. O último herdeiro – António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem

Nos anos seguintes continuaram os descendentes do casal Ramos Pinto a residir


na Quinta da Lameira, neste caso a filha Maria Eugénia com a sua família, o esposo
António de Oliveira Cálem, o filho António Eugénio e a família deste, a sua esposa Suzana
Maria Brunner Cortez, e os filhos António Gabriel Cortez Ramos Pinto Cálem e Isabel
Eugénia Cortez Ramos Pinto Cálem462.
Aqui continuaram até ao dia do seu falecimento, primeiro com a morte de
António de Oliveira Cálem, a 27 de maio 1963, e depois a morte de Dona Maria Eugénia
de Castro Ramos Pinto Cálem, treze anos depois, a 1 de março de 1976463.
Também neste ano de 1976, faleceu Dona Maria Antónia de Castro Ramos Pinto
Rosas, aos 28 de outubro, na casa do seu, também já falecido esposo, José Rosas Júnior,

460
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
461
Com os números de polícia 2018 e 2028. Inventário Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, Rua
de São Roque da Lameira, 2036-2092. Porto: Divisão de Património Cultural, 2008, p. 6. Este inventário
foi elaborado pelo Doutor Arquiteto Francisco Sousa Rio, na altura membro da Divisão de Património
Cultural da Câmara Municipal do Porto, no dia 7 de março de 2008. Foi gentilmente fornecido pelo
mesmo.
462
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto. António Gabriel Cortez Ramos Pinto
Cálem nasceu a 9 de março de 1943 e casou, em primeiras núpcias, com Maria Manuela Gouveia, e, em
segundas núpcias, com Elzira Maria Coelho. Isabel Eugénia Cortez Ramos Pinto Cálem nasceu a 29 de
março de 1946 e casou com Alberto Puig Bellenger.
463
Arquivo Distrital do Porto PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0078, fl. 295.

101
na freguesia de Nevogilde (Porto), falecido a 13 de setembro de 1958, na freguesia da
Vitória464 (Porto)465. Quanto a Raul Adriano de Castro Ramos Pinto, passou a sua vida na
sua residência na rua de São Roque da Lameira, onde mandou ali construir a sua casa,
mudando-se para lá com a sua mulher Suzana Frances Moreira Nugent a 18 de junho de
1932. Lá viveu até ao dia do seu falecimento, que aconteceu a 15 de março de 1981466.
António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem, após o falecimento dos seus pais,
continuou a residir na Quinta da Lameira, propriedade que fora de seus avôs, com a sua
família, pelo menos até ao ano de 1978, ano em que, como vimos no primeiro capítulo,
a CMP comprou a primeira parcela da quinta a António Eugénio, correspondente ao
antigo palacete e aos terrenos envolventes, que incluíam os jardins históricos da
propriedade. António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem viria a falecer a 25 de
agosto de 1990467.
Assim, ao fim de 219 anos, desde a sua primeira edificação, terminou a história
da Quinta da Lameira e dos seus antigos habitantes, deixando para trás um lugar repleto
de histórias e de memórias – abriu-se uma nova fase, a partilha comum de um
património468.

464
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto. Arquivo Distrital do Porto
PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0080, fl. 176 v.
465
466
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.Após a sua morte ficou a viver na casa a
sua mulher, pelo menos até 1984, altura em que se mudou para um apartamento na Av. da Boavista. Mais
tarde, em 1999, a casa foi vendida pelo seu bisneto, o Dr. Raul Ramos Pinto. Atualmente, este lugar
apresenta condições de abandono e de degradação.
467
Conversa realizada a 15/03/2023 com o Dr. Raul Ramos Pinto.
468
No Anexo 8 está disponível uma sequência (lista) dos registros civis (nascimento, matrimónio e óbito)
dos antigos habitantes da Quinta da Lameira.

102
Capítulo 8: Contributos para estratégias de mediação no espaço
digital

A investigação histórica partilhada ao longo dos capítulos anteriores representou


um grande esforço, que se consubstancia num investimento essencial à mediação
patrimonial. Não é possível, de forma honesta e responsável, comunicar e mediar algo
que não se conhece. Considerando que foi atingido o objetivo fundamental deste
estudo, isto é, contribuir para o conhecimento relativo aos antigos habitantes do atual
espaço público Casa São Roque – Centro de Arte, este capítulo assume-se como
contexto de suporte a estratégias de mediação, com potencial de desenvolvimento
futuro.
Apresenta-se o recurso de mediação que se assume como de interesse: a
exposição em espaço digital. Consideram-se, globalmente, as suas mais-valias, em
termos de público a alcançar, meios de divulgação e parcerias, mas também princípios
de acessibilidade a adotar, restrições e riscos a gerir. Sugerem-se temáticas a explorar,
destacando a das figuras femininas, concretamente a de Maria Virgínia de Castro Ramos
Pinto.

8.1. A exposição

Perspetivada como uma atividade educativa e recreativa, a mediação


patrimonial procura dar sentido e valor ao património cultural, por meio da
interpretação, podendo esta refletir aspetos, entre outros, como a mudança, o passado
e o presente, a memória ou novas vidas do património.
Uma exposição é parte de um sistema de comunicação e é entendida como
contexto interpretativo. Em muitos casos, a exposição é o primeiro contacto do visitante
com determinados assuntos, ou questões de vida, ou com o passado. É contexto que
deve ser capaz de (re)produzir e difundir conhecimentos e permitir a circulação de
ideias469. Neste enquadramento, é função da mediação fornecer ao visitante condições

469
Ver BORDINHÃO, Kátia; VALENTE, Lúcia; SIMÃO, Maristela dos Santos – Caminhos da memória: para
fazer uma exposição. Pesquisa e elaboração in Série Caminhos da Memória, 1. Brasília: IBRAM, 2017. ISBN:
978-85-63078-55-1, p. 11.

103
para a sua própria interpretação e de promover uma ligação entre este e a própria
exposição.
Através do acesso a documentos da época, tais como, por exemplo, os registos
fotográficos, as várias certidões paroquiais ou os registos de testamento e funerários
que a investigação histórica desenvolvida permitiu localizar, os visitantes podem ser
capazes de construir uma interpretação sobre a história das gerações estudadas. Esta
interpretação pode permitir que a memória destes habitantes ganhe vida e seja
renovada, tanto para o presente como para o futuro, que se retenha e promova a sua
preservação.
Os espaços museológicos esperam atrair e fidelizar visitantes. Para tal,
desenvolvem ações que incentivam à sua participação na criação de políticas que se
relacionam com o seu próprio património e consequente preservação. Tais ações, de
caráter transformador, suportam-se em duas categorias de recurso: as ações educativas
e as exposições. Conforme referido anteriormente, as exposições são o principal meio
de comunicação desses espaços.
As exposições assumem funções e promovem benefícios que fundamentam o
interesse pelo recurso a explorar na potenciação do conhecimento constituído:
estimulam a cognição, as sensações (sentimentos) e os sentidos dos visitantes.
Desenvolvem-se tendo por base discursos, questões para reflexão e/ou mensagens, e
não apenas pela exibição de objetos, em que assenta a forma tradicional,
tendencialmente desatualizada, de se realizar uma exposição. Criam relações com os
visitantes.
Estas relações criam-se através das referências patrimoniais expostas, que são
portadoras de múltiplos significados. Estabelecem-se quando os visitantes são capazes
de os compreender de forma autónoma, quando os recursos presentes na exposição
são capazes de transmitir a mensagem pretendida e, consequentemente, estimular os
seus sentidos470. Para tal, é importante que a exposição seja esclarecedora. Importa
também ter em conta que a exposição deve ser inteligível a todo o tipo de visitantes que
recebe, ou seja, que ofereça diferentes níveis de leitura. Em suma, uma exposição deve

470
Ver FRANCO, Maria Ignez Mantovani – Planejamento e Realização de Exposições in Cadernos
Museológicos, volume 3. Brasília: Ibram, 2018. ISBN 978-85-63078-65-0, pp. 10-20.

104
ser vista como um momento de brainstorming, um local onde ideias, opiniões, conceitos
e sentidos são estimulados471.
Considera-se que a investigação histórica desenvolvida permite a exploração de
múltiplas temáticas, propondo, assim, que se desenvolvam exposições temáticas, que
se possam articular harmoniosamente. A essência de uma exposição temática, mais do
que expor os bens culturais, é a história que ela pretende contar472. Como proposta de
histórias a contar, isto é, de temáticas a explorar, assumem-se, por exemplo:
- As antigas casas de brasileiro;
- As antigas quintas de lazer ou de veraneio;
- A época do Porto Romântico;
- A Fotografia, desde os seus suportes às suas técnicas e
- As áreas de estudo da Conservação e da Preservação.
Quanto à sua duração, considera-se vantajoso que sejam exposições de curta
duração. O importante é que permitam a fruição dinâmica, proporcionando interações
e contribuições dos visitantes, gerando a descoberta e a retenção de experiências e
memórias.

8.2. O espaço digital e a plataforma de desenvolvimento

O desenvolvimento acelerado e exponencial das tecnologias de comunicação


disponíveis, que alargam o espaço social de acesso à informação, fizeram com que os
museus se tornassem elementos de articulação e coesão cultural, pelo desafio que
abraçaram em adotar soluções digitais e pela exploração que fizeram de tal espaço para
o desenvolvimento de exposições473.
A opção pelo espaço digital para o desenvolvimento das exposições temáticas
prende-se com o facto de, potencialmente, proporcionar o acesso a qualquer pessoa,
em maior número, na maior parte do globo e de forma gratuita, permitindo que os seus
visitantes conheçam conteúdos e criem os seus próprios discursos.

471
Ibidem, p. 21.
472
Ibidem, p. 22.
473
Ibidem, p. 16.

105
Por outro lado, uma exposição num espaço digital tanto pode ser organizada de
forma independente de uma instituição, como permite parcerias entre instituições,
além de que os seus custos financeiros na aquisição de conteúdos ser relativamente
baixo474.
Considera-se, ainda, que, se à volta das exposições físicas podem existir muitas
distrações que podem fazer divergir o foco principal, uma exposição num espaço digital
tende a permitir o enfoque em determinado bem cultural, ao qual se quer dar toda a
atenção e, a partir dele, transmitir uma mensagem fundamental. Este tipo de exposição
permite a seleção de objetos digitais (imagens, textos, vídeos, áudios, etc.) e fazer deles
o centro das atenções da exposição, construindo diferentes narrativas em seu torno, de
forma coerente e representativa.
Quando uma pessoa visita uma exposição no espaço digital, espera encontrar
uma experiência nova, que seja relevante e valiosa475, contribuindo para o seu
enriquecimento intelectual, enquanto espaço de partilha de conhecimento.
As exposições digitais permitem ainda potenciar a aproximação das pessoas ao
património, criando uma relação entre ambas as partes, fazendo com que se quebrem
alguns paradigmas, nomeadamente o de que uma exposição num museu (físico) guarda
objetos antigos e é só destinado a especialistas. As exposições digitais podem ser lugares
de entretenimento, de investigação, de consumo, pois além de estarem disponibilizadas
permanentemente e ligadas à Internet, possibilitam que novas formas de conhecer, de
relacionar e de interagir com o património local surjam476.
Sugere-se que a plataforma digital de suporte ao desenvolvimento das
exposições seja a ArtSteps477. Esta plataforma permite, de forma fácil, a montagem de
exposições através da criação de salas tridimensionais e a disposição de objetos digitais
como, por exemplo, imagens, vídeos, áudios, entre outros. As exposições desenvolvidas
podem ser partilhadas em diversos meios de divulgação, entre os quais as redes sociais.

474
Ibidem, p. 24
475
HARTING, Kajsa – Museums in the digital space – some reflections on online exhibitions in Medium –
Where good ideas find you. Junho de 2019. Disponível em: Museums in the digital space — some
reflections on online exhibitions | by Kajsa Hartig | Medium (Consultado em: 26/07/2023).
476
Ver ROCHA, Bárbara Freira Ribeiro – Conhecendo os museus virtuais e cibermuseus: aplicativo “Fala
Sério” in Museologia e Interdisciplinaridade, v. 6, n.º 11. Rio de Janeiro: Revista Museologia e
Interdisciplinaridade, 2017, pp. 241-250.
477
ArtSteps. AboutUs. Disponível em: artsteps | About us (consultado em: 11/09/2023). Ligação de acesso
à plataforma digital ArtSteps: artsteps | Make your own VR Exhibitions

106
Nesta plataforma é possível estimular a criatividade e a originalidade do
criador/produtor da exposição, podendo também personalizá-la a qualquer momento.

8.3. O público-alvo

Tendo em conta que o espaço digital tem a possibilidade de alcançar um grande


número de pessoas, conta-se com visitantes de perfil bastante diversificado de
interesses e características.
Não obstante, desde o primeiro momento e a uma escala de proximidade,
pretende-se alcançar os residentes da freguesia de Campanhã, pois as exposições
contarão histórias de um lugar, e de alguns dos seus antigos habitantes, situado no
território da freguesia. Assume-se como importante e valioso que os residentes desta
freguesia conheçam a história e o património da sua freguesia, visto que este lugar,
como tantos outros na freguesia, é de valor patrimonial, é o que os identifica enquanto
campanienses e ajuda a sustentar a afirmação de que o Património é a memória da
comunidade e é o que lhe proporciona qualidade de vida478. Assim, pretende-se que os
residentes da freguesia, ao visitarem a exposição, possam enriquecer o seu nível
intelectual, que respeitem, valorizem, preservem e promovam o património da
freguesia, o seu património. Que o espaço digital seja um atrativo para a, ainda maior,
fruição do espaço físico, com maior capacidade de interpretação.
Outro público com especial interesse é o público escolar, com a potencial
exploração das exposições em programas continuados das escolas que se relacionem
com as suas temáticas. Importa realçar que as exposições em espaços digitais são de um
grande potencial interesse para os mais jovens, porque estes estão mais à vontade com
o uso de computadores, do telemóvel, da Internet e das TIC (Tecnologias de Informação
e Comunicação), o que lhes permite conhecer o património da sua localidade e
contribuir, posteriormente, para a sua valorização e preservação479.

478
Ver ALMEIDA, C.A. Ferreira de – Património: Riegl e hoje. Porto: Revista da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, 1993, p. 414.
479
Ver ROCHA, Bárbara Freira Ribeiro – Conhecendo os museus virtuais e cibermuseus: aplicativo “Fala
Sério” in ob. cit.

107
Aconselha-se o desenvolvimento de recursos complementares como, por
exemplo, mini-jogos, de modo a estimular a capacidade cognitiva dos visitantes, ao
mesmo tempo que a diversão.

8.4. Acessibilidade e inclusão

Com o surgimento da COVID-19, a acessibilidade digital tornou-se mais


importante, como meio de acesso a serviços básicos dos setores público e privado.
Simples mudanças podem ajudar a comunidade no seu todo, não somente com os que
são portadores de alguma limitação física e/ou intelectual. Ler legendas num vídeo em
espaços barulhentos ou ouvir um vídeo enquanto se executa outra tarefa ao mesmo
tempo são alguns dos exemplos.
A acessibilidade digital, na sua essência, é um direito para todas as pessoas,
sejam quais forem as suas características. Portanto, pretende-se que as exposições
respeitem, o mais possível, esse direito480.
Para tal, é importante atender aos princípios estabelecidos pela União Europeia
(EU), presentes na Carta dos Direitos Fundamentais. Por exemplo, o direito de todos a
integrarem a vida da comunidade e de terem à sua disposição medidas que apoiem a
sua autonomia e a sua integração nos meios social e profissional (art.º 26)481.
Importa também adotar os princípios estabelecidos na Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, tais como a igualdade de género, a igualdade de
oportunidades, o direito à diferença e à aceitação de pessoas portadores de deficiência,
o direito à acessibilidade, entre outros (art.º 3), ao acesso à informação e à
comunicação, onde se incluem as tecnologias e sistemas de informação, através de
medidas apropriadas, bem como o acesso às novas tecnologias e sistemas de
informação e comunicação, entre elas a Internet (art.º 9)482.

480
European Comission. Home. Policies. Web Accessibility. Disponível em: Web Accessibility | Shaping
Europe’s digital future (europa.eu) (consultado em: 11/09/2023).
481
Eurocid. Dossiês. Cidadania Europeia. Carta dos Direitos Fundamentais da UE. Conheça o texto
completo. Jornal Oficial da União Europeia. O texto da CDFUE. Disponível em: Carta dos Direitos
Fundamentais da UE | Eurocid - Informação europeia ao cidadão (mne.gov.pt) (consultado em:
11/09/2023).
482
Instituto Nacional para a Reabilitação. Convenção. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência. Disponível em: Convenção - INR, I.P. (consultado em: 11/09/2023).

108
Para permitir esta acessibilidade, deve-se facilitar a aplicação dos requisitos de
acessibilidade a outros tipos de sítios Web e aplicações movéis […], facilitar programas
de formação sobre a acessibilidade – destes sítios Web e aplicações movéis –,
sensibilizar para os requisitos de sensibilidade, partilhar as melhores práticas e assegurar
a disponibilidade de um procedimento de execução eficaz483.
Assim, com a consciência de que existem inúmeras pessoas portadoras de
deficiência, bem como inúmeras deficiências, é imperativo atender a todos estes
princípios e direitos retratados, criando medidas de apoio para usufruírem e
desfrutarem da exposição, como, por exemplo, assegurando a introdução de descrições
áudio em cada imagem, a contar a narrativa da exposição para pessoas com
incapacidade visual, e/ou a contratação de um profissional em educação gestual para a
realização de gravações sobre determinada imagem, e consequente introdução das
gravações na exposição.
Procurando a acessibilidade também a não falantes da língua Portuguesa, será
de desenvolver também um formato de exposições com tradução em inglês, atendendo
a que o Inglês tende a ser falado universalmente.

8.5. Parceiros e políticas de empréstimo

A criação de algumas parcerias é necessária e importante para o sucesso do que


se pretende por diversas razões. As parcerias permitem otimizar processos e
procedimentos e chegar mais rápido ao público e, ainda, têm um grande conhecimento
relativamente à cultura, aos hábitos e práticas do público. Também permitem que riscos
específicos, inerentes à exposição, sejam minimizados. Além disto, permitem também
o contacto com bons profissionais e podem fazer com que a exposição ganhe mais
atratividade através da divulgação da mesma por parte das parcerias.
Tendo em conta todas estas vantagens, identificam-se os potenciais parceiros
que se consideram necessários, tanto para o desenvolvimento como para o sucesso do
pretendido: o Centro Português de Fotografia, o Arquivo Distrital do Porto e o Arquivo

483
European Comission. Home. Policies. Web Accessibility. The Web Accessibility Directive. Summary of
the Web Accessibility Directive. Disponível em: Web Accessibility | Shaping Europe’s digital future
(europa.eu) (consultado em: 11/09/2023).

109
Municipal (e o Histórico) da cidade do Porto. Conta-se, igualmente, com a parceria do
Museu Nacional de Soares dos Reis, da empresa de vinhos do Porto Adriano Ramos Pinto
- Vinhos, S.A., e da Junta de Freguesia de Campanhã. Por fim, claro, com a da Câmara
Municipal do Porto e a Casa São Roque – Centro de Arte.
Pretende-se que todos estes parceiros colaborem na dinâmica de divulgação e
respondam positivamente às solicitações de empréstimo, pois são elas as instituições
de custódia dos bens culturais que irão constar, em formato digital, das exposições
temáticas. Nas solicitações de empréstimo deve constar o conjunto de bens culturais,
em suporte digital, que será solicitado e o contexto temático em que será exposto. É
fundamental que seja feita uma lista, uma pré-seleção, dos bens culturais a serem
requeridos. Devem ser respeitadas, severamente, as exigências do emprestador, ou
seja, das instituições, nomeadamente no que diz respeito aos créditos dos bens culturais
e imagens digitais, devendo ser feita a respetiva identificação484.

8.6. Meios de divulgação

Existem várias maneiras de se comunicar, de se divulgar atividade cultural.


Conta-se com a distribuição de produtos, como folhetos, em espaços na freguesia de
Campanhã, como confeitarias e cafés.
Tratando-se de exposições no espaço digital, o seu acesso poderá ser feito
através de uma hiperligação e de um QR Code, que necessitarão de ser criados e,
posteriormente, disponibilizados nos diversos meios de divulgação. Uma página oficial,
ou seja, um website para o projeto na sua globalidade também poderá ser criado, de
modo a facilitar o seu acesso e contribuir para a sua divulgação.
Outro meio de divulgação serão as redes sociais, onde se conta com a
participação do conjunto de parceiros, através das suas páginas oficiais. Tendo por base
o público-alvo, acredita-se que este meio de divulgação (redes sociais) será o mais
influente, pois nos dias de hoje o digital está plantado nas nossas vidas, bem como as
redes sociais, que nos permitem conhecer, estabelecer e comunicar novos contactos,
quer com pessoas, quer com organizações e instituições. Através de um trabalho bem

484
Ver FRANCO, Maria Ignez Mantovani – Planejamento e Realização de Exposições in Cadernos
Museológicos, volume 3. Brasília: Ibram, 2018. ISBN 978-85-63078-65-0, pp. 53-55.

110
integrado, composto e bem informativo poderá alcançar-se um grande número de
pessoas, ainda mais se se fizer uso de ferramentas que possam fazer com que a
exposição seja partilhada485.

8.7. Restrições e riscos de uma exposição no espaço digital e medidas para a


sua prevenção

Se as vantagens são evidentes, já enunciadas, também existem restrições e riscos


inerentes a este tipo de exposição. Apresentam-se algumas restrições.
Nas exposições digitais pode acontecer, em certos casos, a ausência emocional
por parte do visitante, ou seja, não haver qualquer tipo de ligação entre o visitante e o
objeto exposto, o que anula várias funções e objetivos de uma exposição, como por
exemplo a transmissão de uma mensagem.
Outra restrição baseia-se na opinião divergente sobre o conceito de exposição.
Um visitante que não compreenda a essência de uma exposição pode fazer com que a
mesma passe por ser irrelevante ou desnecessária, que não tenha significado.
O seu único e possível acesso através de um computador (desktop ou notebook)
ou smartphone, também faz parte do conjunto das restrições que este tipo de exposição
abarca. Uma pessoa que tenha interesse em visitar a exposição e que, por diversas
razões, não tenha recursos tecnológicos para o conseguir fazer, fica impossibilitado de
a visitar. No entanto, para fazer face a esta restrição, o visitante poderá deslocar-se a
um espaço municipal em que o acesso a meios tecnológicas seja de livre acesso,
nomeadamente bibliotecas municipais, possuidoras de equipamentos tecnológicos
gratuitos.
Interligada com esta restrição, regista-se uma outra, nomeadamente a ligação à
WWW, ou seja, à Internet. Tal como o acesso a equipamentos tecnológicos, o acesso à
rede também pode acontecer por diversas razões, e para combater tal restrição
apresenta-se uma solução idêntica à anterior.
Apesar de uma exposição num espaço digital poder ser uma maneira de
preservar os bens culturais físicos, acautelando a prevenção face a riscos como, por
exemplo, os ambientais (luz e radiação ultravioleta, temperatura inadequada, humidade

485
Ibidem, pp. 134-137.

111
relativa inadequada, contaminantes) e humanos (força física, vandalismo, furto,
dissociação), existem riscos que se enquadram no seu contexto digital. Alguns desses
riscos são, essencialmente, os conhecidos vírus, provenientes de softwares maliciosos e
que acarretam vários danos para os utilizadores, tais como o furto da informação, ou
até, em certos casos, a eliminação das suas informações mais sensíveis, a extorsão de
quantias monetárias, a monitorização das suas atividades quando estes se encontram
na rede e a exposição indevida dos seus dados privados.
Para que a segurança dos utilizadores e das exposições não seja comprometida,
pretende-se contratar (por serviço prestado) um técnico especialista informático em
Gestão de Redes e Sistemas Informáticos.

8.8. Exemplo de temática de interesse a explorar. Proposta

8.8.1. Título e narrativa

Todas as exposições possuem um título que identifique o seu conteúdo, e esta


exposição não será exceção. Além de identificar o seu conteúdo, o nome atribuído à
exposição deve ser de fácil compreensão e memorização e, que, de um certo modo,
também desperte curiosidade do público486. Nesse sentido, assume-se como título:
Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, a senhora da Quinta da Lameira.
Ter uma exposição que seja orientada por uma narrativa pode ser um meio
eficiente de mediação patrimonial. Este título reflete a narrativa que se pretende contar,
isto é, a história da vida de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto.
Numa época em que, como se constata ao longo dos capítulos anteriores, as
figuras femininas tinham poucos direitos, numa sociedade patriarcal, vivendo na sombra
dos seus pais ou maridos, caíram no esquecimento.
Por todo o trajeto de vida de Maria Virgínia, da morte dos seus pais à
propriedade da Lameira, que “cai” nas suas mãos ainda bastante nova, da sua infância,
como órfã, ao seu primeiro matrimónio, posterior período de viuvez e regresso à sua
propriedade em Campanhã, até à busca de uma nova felicidade, de uma nova vida, com

486
BORDINHÃO, Kátia; VALENTE, Lúcia; SIMÃO, Maristela dos Santos – Caminhos da memória: para fazer
uma exposição. Pesquisa e elaboração in Série Caminhos da Memória, 1. Brasília: IBRAM, 2017. ISBN:
978-85-63078-55-1, p. 17.

112
o seu segundo matrimónio, sucederam-se etapas de vida que a colocam, em grande
medida, como uma mulher fora dos padrões da sua época.
A bibliografia conhecida, por seu lado, tem dado mais destaque ao seu marido,
António Ramos Pinto, colocando-a, invisível, na sua sombra.
Enquadra-se esta temática da figura feminina e do esquecimento a que é votada,
num dos desafios da atualidade, tendo em consideração os objetivos atuais de resgate
e defesa das igualdades de género.

8.8.2. Estrutura e recursos (objetos digitais)

A exposição assume como figura central Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto,
explorando a investigação histórica previamente apresentada e rodeando-a dos seus
familiares diretos. Estrutura-se proporcionando uma interpretação relativa a etapas
importantes da sua vida, dividas em subtemas:
Subtema 1: Os seus ascendentes – Os Lousada, os Castro e os Gonçalves - Os seus
familiares ascendentes, nomeadamente as famílias Lousada, Castro e Gonçalves;
Subtema 2: O seu nascimento - Dedicado ao seu nascimento e à introdução dos
seus pais e padrinhos de batismo, e da sua primeira residência;
Subtema 3: A infância - Dois momentos marcantes da sua vida, o falecimento dos
seus progenitores e quando recebe a Quinta da Lameira. O seu período de criança órfã;
Subtema 4: O primeiro casamento - O seu primeiro casamento, constituindo a
sua primeira família e respetivo agregado;
Subtema 5: Viúva de Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão - O período da sua
vida enquanto mulher viúva e a reorganização da sua vida;
Subtema 6: O seu segundo casamento – uma nova esperança e felicidade – O seu
segundo casamento e a constituição de uma nova família, com o respetivo agregado;
Subtema 7: Maria Virgínia e a sua família na Quinta e Casa da Lameira - As suas
vivências na sua propriedade da Lameira;
Entre o subtema 2 e o subtema 6, serão apresentados curtos textos informativos
para também auxiliar o que se pretende mediar nestes subtemas. Os recursos a serem
utilizados serão as várias certidões, os registos de testamento e os registos fotográficos
passados. Toda a documentação possuirá também a devida legenda e fonte de

113
informação. Os marcos históricos da vida de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto estão
organizados por ordem cronológica, devidamente datados.
Elaborou-se uma proposta de conteúdos para potenciar esta exposição, centrada
na figura de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, e que se encontra apresentada no
Anexo 9.

114
Considerações finais

Este estudo pretendeu cumprir alguns objetivos definidos na introdução, sendo


um deles, fundamentalmente, o dar a conhecer os antigos habitantes da Quinta e Casa
da Lameira, um lugar que, como se viu, está repleto de memórias construídas pelos
próprios, deixadas em múltiplos traços, materiais e imateriais.
A experiência de proximidade, na minha infância, por ter usado aquele espaço,
por ter acompanhado a sua metamorfose, despoletou a intenção de reconstruir o
percurso geracional de quem o habitou, ao longo de dois séculos, e preservar a sua
memória. Foram estes antigos habitantes os verdadeiros animadores da vida da antiga
Quinta da Lameira, ao longo dos anos, de sucessivas gerações, que suscitaram o esforço
de pesquisa histórica, de recolha de recursos que permitiram a conceção de um projeto
de mediação, de desenho de uma exposição a ser montada, de futuro, em ambiente
digital.
Recolheu-se informação em diferentes suportes, produzida em diferentes
ambientes (registos paroquiais, notariais, etc.). Com a variadíssima documentação
consultada, conseguimos saber quem eram, o que foram, o que faziam e por onde
andaram, dando a conhecer as suas origens, as suas redes familiares e sociais, a sua
formação escolar e religiosa, a sua ocupação profissional, o seu nível/estatuto social, e
o respetivo bem-estar material, entre outros indicadores reconstituídos.
Esta pesquisa foi fulcral e representa, muito provavelmente, o grande contributo
deste estudo, porque serviu de suporte à proposta apresentada e justificada, no sentido
de, posteriormente, prepararmos um projeto de mediação, nomeadamente uma
exposição, que visasse a retenção e a preservação das suas memórias, com destaque
para uma das figuras femininas que se salientou entre as sucessivas gerações: Maria
Virgínia de Castro Ramos Pinto.
Cada geração, cada família que passou por este lugar deixou a sua marca. Desde
1792 que sabemos ter sido habitada a Quinta e Casa da Lameira. De início, a família
Gonçalves, à qual outras se seguiram, como a família Oliveira Guimarães, fruto de
casamentos e de decisões entre fazer desta casa residência principal ou segunda
residência, destinada a lazer, como a família Castro e a família Leitão, em diferentes
momentos da sua vida.

115
Foi um dos membros da família Castro que ditou o futuro da Quinta da Lameira,
nomeadamente a figura Maria Virgínia de Castro (Ramos Pinto), que desde a sua infância
herdou a propriedade da Lameira. Ao longo da sua vida, entre o sofrimento da perda da
mãe e, mais tarde do pai, as alegrias de um primeiro casamento e dos filhos nascidos, a
viuvez abrupta que se seguiu, recuperada a felicidade por um segundo casamento e a
felicidade do nascimento de filhos desta união, colocaram-na no centro da Quinta, que
desfrutou e a viu crescer, ganhando notoriedade.
Primeiramente, a sua Casa da Lameira ganhou enobrecimento pelas mãos do seu
avô materno, José Caetano Coelho Lousada, que após a sua passagem pelo Brasil, onde
ganhou riquezas, e com influência no meio social burguês portuense, fez obras na casa
da neta, transformando-a numa casa de brasileiro. Mais tarde, na viragem do século,
viu, de novo, a sua casa a ganhar enobrecimento, resultado de maiores e mais marcantes
intervenções. Foi devido ao seu segundo marido, António Ramos Pinto, que Maria
Virgínia de Castro Ramos Pinto viu a sua casa a transformar-se num palacete, fruto do
sucesso conseguido com o negócio de vinhos do Porto do seu marido, que trouxe
crescimento e conforto à família.
Justifica-se, assim, a aposta numa exposição em torno da figura feminina Maria
Virgínia de Castro Ramos Pinto, tendo como objetivo contar os momentos mais
marcantes da sua vida, os seus laços familiares, para que, assim, também, se preservasse
a memória dos antigos habitantes da Quinta da Lameira, pelos laços tecidos ao longo do
tempo e as suas vivências na sua antiga Quinta e Casa da Lameira.
Para a exposição, elaboramos uma proposta de conteúdos, com recurso a vários
materiais recolhidos e identificámos os momentos marcantes da sua vida e do meio
social em que girou, da sua casa e do convívio que usufruiu. Com esta exposição
pretendemos criar um espaço de conhecimento, no qual os visitantes possam sentir
empatia, no tempo e no espaço, com a figura feminina de Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto e com os seus familiares, de modo a atingir o objetivo principal desta
exposição, retirar da sombra esta figura feminina, que, como tantos estudos de natureza
historiográfica têm revelado, eram ignoradas e secundarizadas, quer na época, quer nas
narrativas históricas atuais.
Tentamos, assim, ao longo deste trabalho contar a história dos antigos
habitantes deste lugar na freguesia de Campanhã, história essa que continuará

116
incompleta, mas para a qual este trabalho quis contribuir. Poderá ser o despontar
daquilo que reserva a história da freguesia de Campanhã, inserida na história da cidade
do Porto e que servirá de contributo para as diversas abordagens temáticas relativas à
história da cidade.
Quem passa por este lugar, pela rua de São Roque da Lameira, é inevitável voltar
o seu olhar para o recém reabilitado e belo palacete, cuja imponência sempre
transmitiu. Àqueles que se atrevem a entrar na antiga quinta ficam deslumbrados com
os seus recantos verdes, onde o corpo descansa nos jardins e à sombra dos arvoredos
nos dias de maior calor. Desfrutam do seu ar puro e das vistas que proporcionam os seus
miradouros para as curvas do nosso rio Douro. Mas desconhecem as origens daquele
lugar, quem por lá andou, pelos mesmos lugares que hoje frequentam. Foi este
desconhecimento, este esquecimento, que nos levou a procurar as origens da antiga
Quinta e Casa da Lameira, os seus antigos habitantes, principalmente aqueles que
permanecem ocultos e/ou que não lhes é dado o devido reconhecimento, o devido
valor, como é o caso de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto.
É por tudo isto, e pelas mais razões apresentadas, que queremos preservar a sua
memória, que queremos dar a conhecer a história dos antigos habitantes da Quinta e
Casa (de S. Roque) da Lameira, exercício que partilhamos e que nos servirá, certamente,
para muitos e futuros projetos de partilha de conhecimento.

117
Fontes de Informação

Fontes primárias

Arquivo Distrital do Porto

Arquivo Distrital do Porto, Judicial, Tribunal da Comarca do Porto, Ação Especial de


Alienação de Bens Dotais, 1914-1915, PT/ADPRT/JUD/TCPRT/058/00157.

Arquivo Distrital do Porto, Judicial, Tribunal da Relação do Porto, Apelação Cível, 1860-
1862, PT/ADPRT/JUD/TRPRT/143/05645.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santiago de Subarrifana, Registos de


batismo, 1764-1768, PT/ADPRT/PRQ/PPNF31/001/0003, fl. 70 e 70 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santiago de Subarrifana, Registos de


batismo, 1768-1798, PT/ADPRT/PRQ/PPNF31/001/0004, fl. 12 e 12 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Valongo, Registos de batismo, 1777-


1796, PT/ADPRT/PRQ/PVLG05/001/0009, fl. 231 e 231 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Bonfim, Registos de óbito, 1895,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT02/003/0128, fl. 11 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Bonfim, Registos de óbito, 1899,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT02/003/0132, fl. 197 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de batismo,


1761-1780, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005, fl. 8 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registso de batismo,


1761-1780, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005, fl. 82 v e 83.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de batismo,


1761-1780, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005, fl. 106 e 106 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de batismo,


1761-1780, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0005, fl. 156 v e 157.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de batismo,


1786-1792, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0007, fl. 150 e 150 v.

118
Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de batismo,
1792-1800, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0008, fl. 40.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de batismo,


1792-1800, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0008, fl. 41.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de batismo,


1792-1800, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0008, fl. 68.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de batismo, 1896,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/001/0051, fl. 2.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de casamentos,


1722-1780, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/002/0004, fl. 106.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de óbito, 1821-


1827, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0009, fl. 450 e 450 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de óbito, 1827-


1842, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0010, fl. 387.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Campanhã, Registos de óbito, 1881,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0034, fl. 45 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Cedofeita, Registos de batismo, 1852-


1859, PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/001/0019, fl. 171 e 171 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Cedofeita, Registos de batismo, 1852-


1859, PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/001/0019, fl. 333 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Cedofeita, Registos de batismo, 1862,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/001/0022, fl. 16 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Cedofeita, Registos de óbito, 1867,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/003/0123, fl. 9 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Cedofeita, Registos de óbito, 1878,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/003/0134, fl. 34 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Foz do Douro, Registos de óbito, 1864-
1866, PT/ADPRT/PRQ/PPRT05/003/0018, fl. 23.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Paranhos, Registos de casamentos,


1878, PT/ADPRT/PRQ/PPRT10/002/0031 fl. 17 e 17 v.

119
Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,
1793-1795, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0028, fl. 178.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1798-1801, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0030, fl. 33 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1798-1801, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0030, fl. 213 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1801-1805, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0031, fl. 88.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1801-1805, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0031, fl. 245 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1805-1809, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0032, fl. 147 e 147 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1820-1822, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0036, fl. 274 v e 275.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1824-1827, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0038, fl. 80 v e 81.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1824-1827, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0038, fl. 258 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1827-1830, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 104.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1827-1830, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 276.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1827-1830, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 386.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1830-1836, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0040, fl. 181 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1830-1836, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0040, fl. 282.

120
Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,
1830-1836, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0040, fl. 436 e 436 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1847-1857, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0043, fl. 137 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1847-1857, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0043, fl. 228.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1847-1857, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0043, fl. 309 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1889, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0078, fl. 295.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de batismo,


1891, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0080, fl. 176 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de


casamentos, 1784-1786, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0016, fl. 6.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de


casamentos, 1791-1793, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0020, fl. 36.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de


casamentos, 1820-1826, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0027, fl. 30.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de


casamentos, 1835-1842, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0029, fl. 121 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de


casamentos, 1842-1859, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0030, fl. 109.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de


casamentos, 1888, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0064, fl. 154-154 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de óbito,


1799-1819, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0016, fl. 178 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de óbito,


1823-1851, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0018, fl. 101.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de óbito,


1835-1859, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0019, fl. 179 e 179 v.

121
Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Santo Ildefonso, Registos de óbito,
1835-1859, PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0019, fl. 256 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de São Nicolau, Registos de batismo,


1879, PT/ADPRT/PRQ/PPRT13/001/0055, fl. 88.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de São Nicolau, Registos de casamentos,


1882, PT/ADPRT/PRQ/PPRT13/002/0019, fl. 6 e 6 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de São Nicolau, Registos de óbito, 1887,
PT/ADPRT/PRQ/PPRT13/003/0024, fl. 15 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de batismo, 1837-1844,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0041, fl. 60 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de batismo, 1844-1849,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0042, fl. 140 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de batismo, 1850-1855,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0043, fl. 43 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de casamentos, 1844-


1850, PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/002/0031, fl. 298 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de casamentos, 1871,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/002/0050, fl. 17 e 17 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de óbitos de menores,


1845-1858, PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003-001/0070, fl. 51 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de óbitos, 1862,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0024, fl. 11 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de óbitos, 1757-1858,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067, fl. 59.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de óbitos, 1757-1858,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067, fl. 81 v.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Sé, Registos de óbitos, 1757-1858,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067, fl. 96.

122
Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Vitória, Registos de batismo, 1872,
PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0031, fl. 7.

Arquivo Distrital do Porto, Paroquial, Paróquia de Vitória, Registos de batismo, 1874,


PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0033, fl. 121.

Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

Carta de naturalização de José Caetano Coelho Lousada, 1858. Este documento foi
obtido através do contacto eletrónico com o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro,
que, gentilmente, forneceram.

Arquivo Geral do Porto

NUP_189555_2023_CMP-Escritura e NUP_189582_2023_CMP-Deliberação. Escritura e


ordem de serviço n.º 103/76, alusivos à compra da primeira parcela da Quinta da
Lameira por parte da Câmara Municipal do Porto.

Arquivo Histórico da Irmandade da Lapa

Registro dos monumentos funerários de D. Maria Gonçalves de Oliveira. Cemitério da


Real Irmandade de Nossa Senhora da Lapa

Arquivo Municipal do Porto

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


de Santa Catarina, Registo do testamento com que faleceu Ana Ferreira, casada com
João Gonçalves Pereira: Cota: A-PUB/5000, fl. 132v-134.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


de Santa Catarina, Registo do testamento com que faleceu António de Oliveira
Guimarães, Cota: TG-b/588, fl. 19v-20v.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


de Santa Catarina, Registo do testamento com que faleceu António Vicente de Castro,
viúvo de Maria Virgínia de Oliveira e Castro, Cota: A-PUB/5009, fl. 127v-129v.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


de Santa Catarina, Registo do testamento com que faleceu Maria Gonçalves de Oliveira,
Cota: A-PUB/5005, fl. 12v-14v.

123
Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro
Ocidental: Registo do testamento com que faleceu Adriano Ramos Pinto, viúvo,
negociante, Cota: A-PUB/5433 - f. 73v-81.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


Ocidental: Registo do testamento com que faleceu António José Coelho Lousada,
Conselheiro, Cota: TG-b/617, fl. 164-165v

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


Ocidental, Registo do testamento com que faleceu Rita Duarte, Cota: TG-b/632 - f. 31v-
32v.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


Oriental, Registo do Testamento com que faleceu António Ramos Pinto, proprietário,
Cota: A-PUB/5240, fl. 110v-114.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


Oriental, Registo do testamento com que faleceu Delfina Hermínia Lousada,
proprietária, Cota: A-PUB/5180, fl. 70-76.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


Oriental, Registo do testamento com que faleceu Josefina Cândida Lousada,
proprietária, Cota: A-PUB/5121, fl. 28-31.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


Oriental, Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada, Cota:
A-PUB/5051, fl. 17-19v.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


Oriental, Registo do testamento com que faleceu José Coelho Lousada, capitalista e
proprietário, Cota: A-PUB/5102, fl. 66-69v.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo de testamentos da Administração do Bairro


Oriental, Registo do testamento com que faleceu Narciso Pinto Leitão, negociante, Cota:
A-PUB/5053, fl. 40v-42v.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo geral de testamentos, Registo de


testamento com que faleceu João Gonçalves Pereira, Cota: A-PUB/2292, fl. 388v-391.

Arquivo Histórico do Porto, Série de Registo geral de testamentos, Registo de


testamento com que faleceu Maria Martins, mulher de Agostinho José Coelho, mestre
ensamblador, Cota: A-PUB/2273, fl. 160v-162.

124
Arquivo Municipal do Porto-Casa do Infante (AMP-CI) [Fotografia aérea da cidade do
Porto: 1939-1940: fiada 24A, n.º 572]

Arquivo Municipal do Porto-Casa do Infante (AMP-CI) Jardins de São Roque da Lameira:


[planta topográfica]

Arquivo Municipal do Porto-Casa do Infante (AMP-CI) Licença de obra n.º: 200/1900.

Arquivo Municipal do Porto-Casa do Infante (AMP-CI) Licença de obra n.º: 206/1908.

Arquivo Municipal do Porto-Casa do Infante (AMP-CI) Licença de obra n.º: 1106/1908.

Arquivo Municipal do Porto-Casa do Infante (AMP-CI) Licença de obra n.º: 23/1910.

Arquivo Municipal do Porto-Casa do Infante (AMP-CI) Licença de obra n.º: 466/1910.

Arquivo Municipal do Porto-Casa do Infante (AMP-CI) Licença de obra n.º: 1001/1911.

Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Guimarães, Braga

Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Paroquial, Paróquia de São Paio – Guimarães (São
Paio), Registos de batismo, 1801-1822, PT/AMAP/PRQ/PGMR60/001/P-420, fl. 340 v.

Sítios eletrónicos

Arquivo da Universidade de Coimbra. Disponível em: Detalhes do registo - Arquivo da


Universidade de Coimbra - Archeevo (uc.pt) (consultado em 04/05/2023).

Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Imigração Portuguesa. Disponível em: Guia
de fundos - imigração portuguesa (rio.rj.gov.br) (consultado em 08/05/2023).

Arquivo Distrital de Aveiro. Paróquia de Glória. História


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VAQUINHAS, Irene – «Sangue, suor e lágrimas». In MATTOSO, José – História da Vida


Privada em Portugal: A Época Contemporânea. Lisboa: Círculo de Leitores e Temas e
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134
VAQUINHAS, Irene – Senhoras e mulheres na sociedade portuguesa do século XIX.
Lisboa: Edições Colibri, 2000. ISBN: 972-772-112-5.

135
Anexo 1: Recriação da árvore genealógica dos ascendentes e descendentes de Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto

Figura 1 - Árvore genealógica dos ascendentes e descendentes de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

XXII
Anexo 2: Tratamento da informação. Exemplos dos ficheiros
desenvolvidos

Figura 2 - Extrato da organização em ficheiros Excel da informação recolhida, 2023. (©Paulo Costa,
2023).

Figura 3 - Extrato da organização em ficheiro Excel dos membros familiares por família, 2023. (©Paulo
Costa, 2023).

XXIII
Figura 4 - Extrato da organização em ficheiro Excel da informação recolhida de um registo de
testamento (António Ramos Pinto), 2023. (©Paulo Costa, 2023).

Figura 5 - Extrato da organização em ficheiro Excel da informação recolhida nos registos de notário
(nascimento, batismo, casamento e óbito) 2023. (©Paulo Costa, 2023).

Figura 6 - Extrato da organização em ficheiros Excel das fontes de informação consultadas, 2023.
(©Paulo Costa, 2023).

XXIV
Figura 7 - Extrato da organização em ficheiro Excel da informação recolhida de uma referência
bibliográfica, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

Figura 8 - Extrato da organização em ficheiro Word da informação recolhida dos periódicos, 2023.
(©Paulo Costa, 2023).

XXV
Anexo 3: A Quinta e Casa da Lameira no espaço e no tempo

A Quinta
1892

Figura 9 - Limites da freguesia de Campanhã (Porto), onde se situava a Quinta da Lameira, 1892.
(Carta Topográfica da Cidade do Porto, levantada e dirigida por Augusto Gerardo Teles Ferreira,
1892).

Figura 10 - Localização da Quinta da Lameira na freguesia de Campanhã, 1892. Destaque também para
a localização da Estação de Campanhã (Estação do Caminho-de-Ferro do Minho e Douro), da igreja
paroquial e da atual Praça da Corujeira (retângulo branco), 1892. (Carta Topográfica da Cidade do
Porto, levantada e dirigida por Augusto Gerardo Teles Ferreira, 1892).

XXVI
Figura 11 - Quinta da Lameira na rua de São Figura 12 - Possível delimitação da Quinta da
Roque da Lameira, com destaque para o Lameira, 1892. (Carta Topográfica da Cidade do
caminho-de-ferro no canto inferior direito da Porto, levantada e dirigida por Augusto Gerardo
imagem, 1892. (Carta Topográfica da Cidade do Teles Ferreira, 1892).
Porto, levantada e dirigida por Augusto Gerardo
Teles Ferreira, 1892).

1939/40 Anos 80 (Séc. XX)

Figura 13 - [Fotografia aérea da cidade do Porto: Figura 14 - Jardins de São Roque da Lameira:
1939-1940: fiada 24A, n.º 572]. Limites da Quinta (planta topográfica), 198?. Demarcada a cor azul, a
da Lameira (cor azul) em 1939/40, já depois das área da antiga Quinta da Lameira na década 80 do
várias aquisições de terreno levadas a cabo por séc. XX, já como Parque de São Roque (da Lameira).
António Ramos Pinto. (Arquivo Municipal do (Arquivo Municipal do Porto, 198?).
Porto, 1939/40).

XXVII
1999 2023

Figura 16 - Área do Parque de São Roque (da


Figura 15 - Fotografia aérea da Quinta de S. Lameira), 2023 (Google Maps, 2023).
Roque da Lameira, hoje denominada Parque,
com a casa no canto inferior direito, 1999.
Limites a cor azul do Parque de S. Roque (da
Lameira). (Inventário Arquitetónico da Casa
António Ramos Pinto, 2008).

2023 (Parque de São Roque (da Lameira))

Figura 17 - Labirinto de buxo com pelourinho ao Figura 18 - Lago dos três repuxos, no socalco
centro, 2023. (© Paulo Costa, 2023). superior ao labirinto, 2023. (© Paulo Costa, 2023).

Figura 20 - Caramanchão do parque, 2023. (©


Figura 19 - Portal de entrada norte, 2023. (© Paulo Costa, 2023).
Paulo Costa, 2023).

XXVIII
Figura 21 - Atual zona da mata, 2023. (©Paulo Figura 22 - Avenida (alameda) do parque, 2023.
Costa, 2023). (©Paulo Costa, 2023).

Figura 24 - Capela proveniente do Largo Actor Dias,


2023. (© Paulo Costa, 2023).
Figura 23 - Lago e ponte, 2023. (© Paulo Costa,
2023).

Figura 25 - Zona de ampliação e renovação da


mata (em 2022), 2023. (© Paulo Costa, 2023). Figura 26 - Miradouro, 2023. (© Paulo Costa, 2023).

XXIX
A Casa
Versão primitiva 1880

Figura 27 - Interpretação da solução primitiva. Figura 28 - Interpretação do projeto de 1880:


Legenda - Planta do andar principal: 1. Entrada / plantas do andar principal e da cave e desenho do
2. Sala / 3. Cozinha / 4. Extensão da sala / 5. alçado principal. Legenda – Planta do andar
Saleta / 6. Quarto / 7. Latrina. Planta da cave: 8. principal: 1. Entrada / 2. Sala / 3. Cozinha / 4.
Serviço / 9. Arrumos / 10. Adega. (Tavares; Extensão da sala / 5. Saleta / 6. Quarto / 7. Latrina
Cepeda e Marques, 2019: 112). / 8. Serviço / 9. Arrumos / 10. Adega. (Tavares;
Cepeda e Marques, 2019: 113).
1900

Figura 30 - Licença de obra n.º 200/1900, 1900.


Desenhos apresentados por António Ramos Pinto.
(Arquivo Municipal do Porto, 1900).

Figura 29 - Licença de obra n.º 200/1900, 1900.


Requerimento de António Ramos Pinto para
construir obras de adaptação à sua casa,
nomeadamente na escada e loggia de entrada e
no pavilhão extremo, e construção de uma sala
de bilhar. (Arquivo Municipal do Porto, 1900).

XXX
Figura 32 - Interpretação do projeto de 1900:
planta do 2.º andar. (Tavares; Cepeda e Marques,
2019: 115).
Figura 31 - Interpretação do projeto de 1900:
planta do andar principal e da cave. Legenda –
Planta do andar principal: 1. Entrada / 2. Sala / 3.
Cozinha / 4. Extensão da sala / 5. Saleta / 6.
Quarto / 7. Latrina. Planta da cave: 8. Serviço / 9.
Arrumos / 10. Adega / 11. Antecâmara / 12.
Varanda / 13. Varanda-terraço. (Tavares; Cepeda
e Marques, 2019: 114).

Figura 33 - Interpretação do projeto de 1900: fachada do alçado principal (sul). (Tavares; Cepeda e Marques,
2019: 115)

XXXI
1908 (introdução da garagem) e 1909 (modificações na garagem)

Figura 35 - Garagem 1908: planta térrea e do andar.


(Tavares; Cepeda e Marques, 2019: 119).

Figura 34 - Licença de obra n.º 1106/1908, 1908.


Requerimento de António Ramos Pinto para a
construção de uma garagem. (Arquivo Municipal
do Porto, 1908).

Figura 36 - Garagem 1908: Alçado principal. Figura 37 - Licença de obra n.º 23/1910, 1909.
(Tavares; Cepeda e Marques, 2019: 119). Requerimento de António Ramos Pinto para a
construção de uma janela na fachada principal da
garagem. (Arquivo Municipal do Porto, 1909).

Figura 38 - Licença de obra n.º 23/1910, 1909. Projeto para a introdução da janela na garagem. (Arquivo
Municipal do Porto, 1909).

XXXII
1910

Figura 40 - Projeto de 1910: planta do 1.º andar.


(Tavares; Cepeda e Marques, 2019: 116).
Figura 39 - Licença de obra n.º 466/1910, 1910.
Requerimento de António Ramos Pinto para
ampliar a sua casa de habitação. (Arquivo
Municipal do Porto, 1910).

Figura 42 - Projeto de 1910: alçado norte. (Tavares;


Figura 41 - Projeto de 1910: planta do rés do Cepeda e Marques, 2019: 117).
chão. (Tavares; Cepeda e Marques, 2019: 116).

Figura 43 - Projeto de 1910: alçado poente. (Tavares; Cepeda e Marques, 2019: 117).

XXXIII
Figura 44 - Projeto de 1910 para o alçado principal (sul), 1910. (Inventário Arquitetónico da Casa
António Ramos Pinto, 2008).
1911

Figura 45 - Licença de obra n.º 1001/1911, 1911. Figura 46 - Licença de obra n.º 1001/1911, 1911.
Requerimento de António Ramos Pinto para Projetos para alterações. (Arquivo Municipal do
aumentar a sua casa de habitação. (Arquivo Porto, 1911).
Municipal do Porto, 1911).
1916

Figura 47 - Palacete Ramos Pinto na rua de São Roque da Lameira, 1916. (Arquivo pessoal do Dr. Raul
Ramos Pinto, descendente de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023).

XXXIV
Anos 2000

Figura 48 - Fachada principal do antigo palacete,


anos 2000. (Porto.Pt. Sociedade. Palacete Ramos
Pinto será transformado num espaço cultural de Figura 49 - Escada e loggia da antiga entrada, anos
referência. Disponível em: Palacete Ramos Pinto 2000. (Diário de Notícias. Artes. Palacete do século
será transformado num espaço cultural de XVIII vai expor coleção de arte contemporânea.
referência - Portal de notícias do Porto. Disponível em: Palacete do século XVIII vai expor
Ponto.)(consultado em: 29/08/2023). coleção de arte contemporânea (dn.pt)
)(consultado em: 29/08/2023).

Figura 50 - Jardim de inverno e alçada norte da casa, anos 2000. (Porto.Pt. Sociedade. Palacete Ramos
Pinto será transformado num espaço cultural de referência. Disponível em: Palacete Ramos Pinto será
transformado num espaço cultural de referência - Portal de notícias do Porto. Ponto.)(consultado em:
29/08/2023).
2008

Figura 51 - Planta do Piso 0, 2008. Legenda – 2. Escadaria de entrada / 3. Loggia / 8. Lagar / 11. Sala de
distribuição / 12. Sala de bilhar / 14. Corredor; 18. Habitação do motorista (?); 19. Garagem. (Inventário
Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, 2008).

XXXV
Figura 52 - Planta do Piso 1, 2008. Legenda – 21. Entrada principal / 22. Entrada secundária (acesso à
quinta) / 23. Sala / 24. Sala de passagem / 25. Sala / 26. Zona de arranque de escada para os pisos
superiores; 27 / Sala de jantar / 28. Copa / 29. Cozinha / 30. Casa de banho / 31. Corredor / 32. Quarto
/ 33. Jardim de Inverno / 34. Corredor (?) / 35. Corredor / 36. Quarto de banho / 37. Corredor / 38.
Quarto (?) / 39. Quarto de banho. (Inventário Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, 2008).

Figura 53 - Planta dos Pisos 2 e 3, 2008. Legenda


– 40. Quarto / 41. Quarto / 42. Escadaria / 43.
Escadaria / 44. Quarto de banho / 47. Escadaria / Figura 54 - Antiga entrada principal, Piso 1, 2008.
48. Quarto. (Inventário Arquitetónico da Casa (Inventário Arquitetónico da Casa António Ramos
António Ramos Pinto, 2008). Pinto, 2008).

Figura 56 - Zona de arranque de escada para os


pisos superiores, Piso 1, 2008. (Inventário
Figura 55 - Antiga entrada principal, Piso 1, 2008. Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, 2008).
(Inventário Arquitetónico da Casa António
Ramos Pinto, 2008).

XXXVI
Figura 57 - Teto de um antigo quarto, Piso 1,
2008. (Inventário Arquitetónico da Casa António
Ramos Pinto, 2008). Figura 58 - Jardim de inverno, Piso 1, 2008.
(Inventário Arquitetónico da Casa António Ramos
Pinto, 2008).

Figura 59 - Antigo quarto de banho, Piso 1, 2008. Figura 60 - Antiga cozinha, Piso 1, 2008. (Inventário
(Inventário Arquitetónico da Casa António Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, 2008).
Ramos Pinto, 2008).

Figura 61 - Pavilhão da cozinha e alçado posterior do corpo central, Piso, 1, 2008. (Inventário
Arquitetónico da Casa António Ramos Pinto, 2008).

XXXVII
2023

Figura 62 - Antiga sala de distribuição, Piso 0, Figura 63 - Pormenor do chão do Piso 0, 2023.
2023. (©Paulo Costa, 2023). (©Paulo Costa, 2023).

Figura 64 - Antiga sala de bilhar, Piso 0, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

Figura 65 - Entrada principal atual (zona de Figura 66 - Atual espaço da antiga sala-de-jantar,
receção), Piso 1, 2023. (©Paulo Costa, 2023). 2023. (©Paulo Costa, 2023).

XXXVIII
Figura 67 - Atual espaço da antiga sala-de-jantar, Figura 68 - Pormenor na porta de acesso à
2023. (©Paulo Costa, 2023). varanda/terraço. Inicias R.P. alusivas à família
Ramos Pinto inscritas no vitral da porta na antiga
sala-de-jantar, Piso 1, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

Figura 69 - Atuais espaços do antigo salão e sala-de-jantar, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

Figura 70 - Antiga cozinha, atual sala de vinhos, Figura 71 - Azulejos de uma das antigas casas de
Piso 1, 2023. (©Paulo Costa, 2023). banho, Piso 1, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

XXXIX
Figura 72 - Jardim de inverno, Piso 1, 2023. Figura 73 - Antigo quarto, Piso 1, 2023. (©Paulo
(©Paulo Costa, 2023). Costa, 2023).

Figura 74 - Vista do antigo quarto, onde, ao fundo, se vê o rio Douro, Piso 1, 2023. (©Paulo Costa,
2023).

Figura 75 - Fachada principal do antigo palacete (alçado sul), 2023. (©Paulo Costa, 2023).

XL
Figura 76 - Antiga garagem, 2023. (©Paulo Costa,
2023). Figura 77 - Pormenores da fachada principal, Piso
0, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

Figura 78 - Pormenor da inscrição existente na


fachada principal (alçado sul), Piso 0. Datação de
D.C. (depois de Cristo) 1759, 2023. (©Paulo Figura 79 - Escada e loggia da antiga entrada,
Costa, 2023). alçado sul, Piso 0, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

Figura 80 - Pormenores do alçado sul, Piso 0, Figura 81 - Jardim de inverno, alçado sul, Piso 1,
2023. (©Paulo Costa, 2023). 2023. (©Paulo Costa, 2023).

XLI
Figura 82 - Jardim racionalizado, alçado norte, Figura 83 – Caramanchão, alçado norte, Piso 1,
Piso 1, 2023. (©Paulo Costa, 2023). 2023. (© Paulo Costa, 2023).

Figura 84 - Mirante, gruta com pequeno lago e arranjos de flores racionalizados, alçado norte, 2023.
(©Paulo Costa, 2023).

Figura 85 - Alçado Norte, Piso 1, 2023. (©Paulo Costa, 2023).

XLII
Figura 86 - Jardim superior/pátio das camélias, Figura 87 - Jardim superior/pátio das camélias,
2023. Local onde se encontram as cameleiras, 2023. (©Paulo Costa, 2023).
uma fonte (Fonte dos Leões) e o Tanque das
Camélias, no socalco superior do antigo palacete.
Ao fundo, o atual quartel da PSP do Porto, antigo
Instituo Moderno. (©Paulo Costa, 2023).

XLIII
Anexo 4: O litígio de António Vicente de Castro e sua filha Maria
Virgínia de Castro com a Irmandade de Nossa Senhora do Terço
da Cidade do Porto

António Vicente de Castro, ainda em vida, teve que lidar com um litígio que afetaria a sua e a
vida futura da sua filha menor. Com efeito, em 1858, ele e a sua filha Maria Virgínia de Castro,
enfrentaram um auto de libelo móvel488 e de responsabilidade por parte da Irmandade de Nossa
Senhora do Terço e Caridade da cidade do Porto489. À data, quando se inicia o processo, bem
como quando este termina, Maria Virgínia de Castro era ainda impúbere490. Tinha 8 anos e vivia
com o seu pai, com morada na Quinta da Lameira, freguesia de Campanhã491.Esta ação deveu-
se ao facto da Irmandade alegar a falta da quantia de 6.150.000 reis, por não aparecerem
comprovativos nos seus livros, a correspondente a “uma Letra sacada e aceite por Bernardo
Clamouse Brown, vencida e recebida a 29 de janeiro de 1820 pela Meza da Irmandade daquele
tempo.”, ou seja, um empréstimo a juros. A ação recaiu sobre António Vicente de Castro e sua
filha, Maria Virgínia de Castro, por serem os únicos herdeiros vivos da herança de António de
Oliveira Guimarães e de Dona Maria José Gonçalves de Oliveira, sua mulher, dado que António
de Oliveira Guimarães fora secretário e tesoureiro da Irmandade nos anos 1819 para 1820,
altura em que ele e outros claviculários da Irmandade receberam a Letra Bernardo Clamouse
Brown. No entanto, no ano em que se inicia o processo de acusação, o casal já era falecido. No
processo, a Irmandade defendia que era responsabilidade dos claviculários do cofre – da época
em que fizeram a acusação – as quantias recebidas e não recebidas neste, bem como as que
foram depositadas sem o consentimento e aprovação da Mesa. Para contrariar a acusação,
foram feitas várias demonstrações em defesa de António Vicente de Castro e sua filha para se
provar que a mesma era falsa. Com efeito, no ano de 1820, antes de deixar o cargo que ocupava,
António de Oliveira Guimarães exigiu à Mesa da Irmandade que examinasse as contas do cofre
nas datas em que ele esteve ao serviço. Foi nomeada uma comissão para examinarem as contas,
tendo eles achado que tudo estaria em ordem. Emitiu a Mesa da Irmandade uma cópia exata e
autêntica das ditas contas a António de Oliveira Guimarães, mas um dos nomeados da comissão

488
AMAP, Fundo Tribunal Judicial da Comarca de Guimarães, Secção Cível, Subsecção 7.º Ofício, Série
Libelos Movéis. O libelo móvel tem por objeto o pagamento de quantia certa. A enunciação da pretensão
do autor de forma articulada encontra correspondência na atual petição inicial. Disponível em: Libelos
móveis - Arquivo Municipal Alfredo Pimenta - Archeevo (amap.pt) (consultado em 24/02/2023).
489
ADP, Fundo Tribunal Comarca do Porto PT/ADPRT/JUD/TRPRT/143/05645, Apelação Cível 1860-12-
14/1862-07-14, p. 26.
490
Ainda não tinha atingido a puberdade/adolescência.
491
ADP, Fundo Tribunal Comarca do Porto PT/ADPRT/JUD/TRPRT/143/05645, Apelação Cível 1860-12-
14/1862-07-14, p. 2 v.

XLIV
recusou-se a assinar a cópia. Na cópia, mostra evidentemente que os 6.150.00 reis,
alegadamente em falta, deram realmente entrada no cofre da Irmandade, não existindo, assim,
qualquer dívida. No entanto, no livro de contas da Irmandade, relativo aos anos de 1818 para
1819, apresentam-se saídas cinco verbas no montante de 5.130 reis, a troco de Letras, que não
constam nas contas do ano anterior, assim como não fora registada a entrada de um legado –
de Pascoal Pereira da Silveira –, no valor de 6.000.000 reis. Mas, ao mesmo tempo que se
apresentam estes registos, aparece, também nas contas de 1818 para 1819, o custo de umas
obras que deviam ser debitadas, no montante de 18.075.250 reis, embora a verba estivesse
reduzida em 13.145.320 reis, não constando qualquer informação acerca dessa redução, nem
se houvera algum tipo de receita (de entrada). Para a realização das obras, ficou a Irmandade a
dever a Constantino António Alves do Vale, um antigo provedor da Ordem em 1815, uma
quantia de 800.000 reis, com penhor em duas ações da Companhia dos Ninhos. A quantia foi
paga no ano de 1819 para 1820.Ora o que sucedera neste caso fora o erro cometido pelo
empregado que àquele tempo fazia a escrituração da Irmandade, que ao invés de ter dado
entrada e saída regular da quantia da respetiva Letra, eliminou a quantia da conta das obras,
não tendo justificado a mesma e eliminado, também, o valor do legado nos fundos da
Irmandade.Ignorou a Irmandade a existência da cópia e no desenrolar do processo terá negado
a apresentação do registo original das contas do cofre de 1819 para 1820, bem como de alguns
livros que foram exigidos e que constavam no registo original das contas. Definitivamente, os
6.000.000 reis em dívida nos cofres da Irmandade, cuja responsabilidade esta imputara a
António Vicente de Castro já tinham entrado nos cofres, de acordo com a cópia fornecida a
António de Oliveira Guimarães e de uma certidão extraída, posteriormente, dos livros da
Irmandade. Acresce que, além de a Irmandade ter exigido o pagamento da quantia, que
supostamente faltava, exigiu o seu pagamento com juros. No entanto, de acordo com os
estatutos da mesma, os juros não se aplicavam no caso de compras de letras, nem se previa nos
Estatutos da Irmandade. É referido, ao longo do processo, um parecer realizado a 26 de maio de
1841. Partiu da Mesa da Irmandade que nomeou uma comissão para analisar esta questão e
sobre ela dar o seu parecer. Não passou de um esquema para agradar a Mesa daquela época,
bem como a essência de todo este processo não passou de um estratagema para que a
Irmandade obtivesse regalias a seu favor. Isto porque, enquanto António de Oliveira Guimarães
foi vivo, os membros da Mesa daquela data, bem como os que se seguiram, teriam elaborado e
percebido que o parecer realizado não passou “de um arranjo de compadres” que tinha como
objetivo de atormentar António de Oliveira Guimarães, para que este desse alguma quantia, ou
legado, a favor da Irmandade, numa última tentativa de obter regalias de António de Oliveira
Guimarães mesmo nos seus últimos dias de vida. Tentaram, ainda, apresentar outras e novas

XLV
públicas-formas, contudo, de nada valeram. Foi assim a Irmandade acusada de ter falta de
sensibilidade e de boa fé492, tendo o juiz, em sentença final, proferido a favor de António Vicente
de Castro e de Maria Virgínia de Castro, dando o caso como perdido para a Irmandade de Nossa
Senhora do Terço e Caridade da cidade do Porto493.

Portanto, e pelo mais que dos autos consta e desposições de Direito applicaveis,
julgo imprucedente e não provada a acção proposta e absolvo os RR. do pedido
nella e condeno os AA nas custas sem multa atenta a qualidade do
Estabelleciemento a que representão. Porto, 7 de janeiro de 1860. Bernardo
Pereira Leite.

Apesar desta decisão, a Irmandade não se deixou abalar e avançaria com uma apelação cível494
para os tribunais de 2.ª (Tribunal da Relação)495 e de 3.ª estância (Supremo Tribunal de
Justiça)496.No dia 21 de fevereiro de 1862, faleceu António Vicente de Castro, ficando apenas
Maria Virgínia de Castro como única Ré do processo, e tendo Agostinho Francisco Velho como
seu tutor, envolvendo-se este no processo497. Enfrentava agora Maria Virgínia de Castro as
mesmas acusações da Irmandade, mas sem a presença e o apoio paternal. Insistiu a Irmandade
em exigir-lhe a responsabilidade pela suposta falta da quantia, mesmo com as demonstrações
apresentadas por Maria Virgínia de Castro. Esta não hesitou, nem cedeu nem um momento,
confiando nos tribunais de que justiça seria feita498. E assim foi. Mesmo apesar das várias
tentativas por parte da Irmandade, os tribunais de 2.ª e 3.ª estância mantiveram a decisão inicial
do Tribunal da Comarca do Porto, dando razão a Maria Virgínia de Castro499.Acabaria por se dar
por encerrado o processo em março de 1862, 38 anos depois do início do libelo. De realçar que
no decurso do mesmo foram apresentadas duras críticas ao posicionamento e à atitude da
Irmandade500.

492
Idem, pp. 176-187 v.
493
Idem, p. 194 v.
494
Instituto de Direito Real. O que é Apelação Cível?. Apelação Cível é um recurso interposto pela parte
insatisfeita na prestação jurisdicional de primeiro grau apresentada e tem o intuito de alterar parcial ou
integralmente a decisão proferida. Ou seja, o mecanismo possibilita a revisão da decisão judicial emitida
pelo juiz, realizada por um conjunto de desembargadores componentes da segunda instância. Disponível
em: Apelação Cível: O que é e Como Funciona | Instituto de (direitoreal.com.br) (consultado em
24/02/2023).
495
ADP, Fundo Tribunal Comarca do Porto PT/ADPRT/JUD/TRPRT/143/05645, Apelação Cível 1860-12-
14/1862-07-14, p. 196.
496
Idem, p. 258.
497
Idem, p. 288.
498
Idem, pp. 281-281 v.
499
Ibidem, p. 291.
500
Ibidem, pp. 220-221: Se os apresentantes se despissem de prevenções e quisessem proceder em tudo
de boa fé, havião de vêr as coisas tão claras como nós as vimos, por mais curtos ou acanhados que sejão
de intelligencia, e melhor fôra que se dessem ao exame imparcial da questão, ainda que lhes desse mais
trabalho do que o vir para ahi lançar insinuações insultantes á memoria de um homem honrado que já

XLVI
Anexo 5: António José Coelho Lousada, irmão José Caetano
Coelho Lousada

António José Coelho Lousada: Formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1823, ou
1825, partiu com o irmão José Caetano Coelho Lousada para o Brasil, concretamente para a
cidade do Rio de Janeiro, onde, em 1827, já exercia funções como advogado, tendo ganhado
reputação como tal. Ainda em 1827, e antes de exercer funções de advocacia na cidade, pediu
para ascender a um lugar na magistratura, que terá suscitado dúvidas no parlamento, pois
opunham-se ao “partido português”, junto de D. Pedro. Mais tarde, apoiou o Barão de Moreira,
um cônsul geral com grande controvérsia501. António José Coelho Lousada foi um dos
fundadores do Real Gabinete Português de Leitura502 e foi Comendador da Ordem de Cristo e
Oficial da Rosa do Brasil503. Integrou a comissão mista Luso-Brasileira na Secretaria de Estados
dos Negócios Estrangeiros do Brasil, entre 1839 e 1841504. Em Portugal, foi Chefe da Repartição
do Comércio no Ministério das Obras Públicas505. No ano de 1857, era deputado e Conselheiro
de Sua Majestade506 e estava inscrito nos livros de recenseamento eleitoral, de 1857, com um
censo de 480.000 réis507. Entre 1851 e 1868, foi deputado no Parlamento por quatro mandatos
consecutivos, mais especificamente de 15-Dez-1851 a 24-Jul-1852; 2-Jan-1853 a 19-Jul-1856; 2-

não existe, e quem tiveram a cobardia de vir insultar depois de morto. Não é assim que se exerce a
Caridade que faz o timbre da Irmandade a que se servem. Um homem honrado nunca se accuza sem
provas, principalmente sobre factos como aquelle que serve este pretexto para esta questão, e se
procurassem essas provas, havião de achar que não havia motivo para accuzar uma subtracção de fundos
que realemente não existe. P. 280: Nunca vimos da parte de uma corporação de beneficência uma acção
mais tenaz e injusta contra um seu proprio irmão.
501
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 68.
Conversa realizada a 14/03/2023 com o Arquiteto Domingos Tavares.
502
Real Gabinete Português de Leitura. O Real Gabinete. Sobre o Real Gabinete. História. Fundado a 14
de maio de 1837 por um grupo de emigrantes portugueses (43) no Rio de Janeiro, tendo-se reunido na
casa de António José Coelho Lousada, na atual rua Primeiro de Março, antiga rua Direita. A sua criação
passou pela ampliação de conhecimentos dos sócios e de dar oportunidade aos portugueses que residiam
na então capital do Império de estes ilustrarem o seu espírito. Alguns membros que faziam parte do grupo
tinham sido perseguidos em Portugal pelo absolutismo, tendo por isso emigrado para o Brasil. Um desses
exemplos fora o primeiro presidente da instituição, José Marcelino Rocha Cabral, advogado e jornalista.
Disponível em: História (realgabinete.com.br) (consultado em 03/03/2023).
503
Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, 20 de novembro de 1866, disponível em: Correio
Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal (RJ) - 1848 a 1868 - DocReader Web (bn.br). (consultado em
03/03/2023).
504
Conversa realizada a 14/03/2023 com o Arquiteto Domingos Tavares.
505
Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, 20 de novembro de 1866, disponível em: Correio
Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal (RJ) - 1848 a 1868 - DocReader Web (bn.br). (consultado em
03/03/2023).
506
Conversa realizada a 14/03/2023 com o Arquiteto Domingos Tavares.
507
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 641.

XLVII
Jan-1857 a 25-Mar-1858; e 7-Jun-1858 a 24-Nov-1859508. Pela cidade do Porto, foi vereador na
Câmara Municipal em 1850-1851509 e fiscal do Governo dos Bancos da cidade do Porto510. No
que diz respeito à sua vida pessoal, no seu regresso a Portugal teve uma “segunda vida”,
completamente diferente da vida que teria antes de partir para o Brasil511. Foi morador na Rua
de Cedofeita512 e constituiu matrimónio com Dona Rita Duarte (?-1878513), da qual teve quatro
filhas: Albertina Lousada (1851514-1867515); Paulina Lousada516 (1855517-1887518); Palmira
Lousada (1858519-?); e Adelaide Lousada520 (1862521-?). António José Coelho Lousada faleceu no
dia 16 de outubro de 1866, com 66 anos de idade. Possivelmente, tenham arredondado o
número da sua idade no seu registo de óbito, visto que completaria 66 anos dentro de poucos
dias. Estava identificado como morador na Rua Central (atual Rua do Padre Luís Cabral), da
freguesia da Foz do Douro522. O seu falecimento fora noticiado no Rio de Janeiro pelo Correio
Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal a 20 de novembro de 1866, com a seguinte notícia:

Falleceu na Foz, onde se achava no uso de banhos do mar, o Dr. Antonio José
Coelho Louzada, formado pela universidade de Coimbra, na faculdade de direito,
do conselho de Sua Magestade, comendador da ordem de Christo, official da
Rosa do Brasil, chefe da repartição das obras publicas e fiscal do governo junto

508
Ver COSTA, Isilda Braga da – Os homens do Porto no Parlamento in Romantismo in Gonçalo de
Vasconcelos e Sousa, Actas do I Congresso O Porto Romântico. Porto: CITAR - Centro de Investigação em
Ciência e Tecnologia das Artes da Universidade Católica Portuguesa. Universidade Católica Portuguesa,
2012, pp. 46 e 47.
509
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 641.
510
Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, 20 de novembro de 1866, disponível em: Correio
Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal (RJ) - 1848 a 1868 - DocReader Web (bn.br) (consultado em
03/03/2023).
511
Conversa realizada a 14/03/2023 com o Arquiteto Domingos Tavares.
512
AMP – TG-b/617 - f. 164-165v - Registo do testamento com que faleceu António José Coelho Lousada.
513
ADP, Paróquia de Cedofeita PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/003/0134, fl. 34 v. Faleceu em sua casa, na Rua
de Cedofeita, no número 736. Era natural da freguesia de Massarelos.
514
AMP – TG-b/617 - f. 164-165v - Registo do testamento com que faleceu António José Coelho Lousada.
515
ADP, Paróquia de Cedofeita PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/003/0123, fl. 9 v.
516
ADP, Paróquia de Paranhos PT/ADPRT/PRQ/PPRT10/002/0031, fl. 17 e 17 v. Casou com Manuel
Francisco Dias, na freguesia de Paranhos, a 15 de junho de 1858.
ADP, Paróquia de São Nicolau PT/ADPRT/PRQ/PPRT13/001/0055, fl. 88. Deste matrimónio teve uma filha,
Albertina (1879-1957). Provavelmente o seu nome terá sido uma homenagem da sua mãe para com a sua
tia falecida em criança.
517
ADP, Paróquia de Cedofeita PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/001/0019, fl. 171 e 171 v.
518
ADP, Paróquia de São Nicolau PT/ADPRT/PRQ/PPRT13/003/0024, fl. 15 v.
519
ADP, Paróquia de Cedofeita PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/001/0019, fl. 333 v.
520
ADP, Paróquia de São Nicolau PT/ADPRT/PRQ/PPRT13/002/0019 fl. 6 e 6 v. Casou com Júlio Alberto
Ferreira, a 11 de fevereiro de 1882, na freguesia de S. Nicolau, no Porto.
521
ADP, Paróquia de Cedofeita PT/ADPRT/PRQ/PPRT04/001/0022, fl. 16 v.
522
ADP, Paróquia de Foz do Douro PT/ADPRT/PRQ/PPRT05/003/0018, fl. 23.

XLVIII
dos bancos desta cidade. Contava 66 annos de idade. Foi sepultado no cemitério
da igreja de Cedofeita523.

523
Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal, 20 de novembro de 1866, disponível em: Correio
Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal (RJ) - 1848 a 1868 - DocReader Web (bn.br) (consultado em
03/03/2023).

XLIX
Anexo 6: Filhos524 de José Caetano Coelho Lousada e de Ana
Gonçalves Ferreira Lousada

Figura 88 - José Caetano Coelho Lousada, 1978. Figura 89 - Ana Gonçalves Ferreira Lousada,
Atualmente nas Reservas Municipais (Ramalde). 1978. Atualmente nas Reservas Municipais
(CMP_NSR_lista_de_objetos_total, N.º de (Ramalde). (CMP_NSR_lista_de_objetos_total,
inventário: MC.NSR.0058, 1978). N.º de inventário: MC.NSR.0059, 1978).

Figura 90 - Pedido de naturalização brasileira de Figura 91 - Dona Maria Virgínia de Oliveira e


José Caetano Coelho Lousada, 1858. (AGCRJ, BR Castro, 1978. Atualmente nas Reservas
AGRCRJ 46.4.1. Carta de Naturalização de José Municipais (Ramalde).
Caetano Coelho Lousada, 1858). (CMP_NSR_lista_de_objetos_total, N.º de
inventário: MC.NSR.0057, 1978).

524
Excluindo Maria Virgínia de Oliveira e Castro apresentada no Capítulo 4.

L
Figura 92 - Uma das filhas Lousada: ou Delfina Hermínia Lousada ou Josefina Cândida Coelho Lousada ou
Olinda Augusta da Conceição Lousada, 1978. Atualmente nas Reservas Municipais (Ramalde). (CMP_
NSR_lista_de_objetos_total, N.º de inventário: MC.NSR.0024, 1978).

Olinda Augusta da Conceição Lousada: Foi a segunda filha do casal e nasceu aos 31 de março
de 1825, com batismo, na igreja de Santo Ildefonso, aos 10 de abril do mesmo ano. Seu padrinho
de batismo foi José Caetano Coelho, solteiro e morador na mesma rua (da Pocinha), e madrinha
António de Oliveira Guimarães, da Rua das Flores525. Não se sabe a data do seu falecimento,
mas, em 1886, ainda era viva, pois consta no registo de testamento de um dos seus irmãos526.
Contava com 61 anos nesta altura. Olinda Augusta, com mais duas irmãs, viveu sempre na
companhia de seu pai, José Caetano Coelho Lousada, e, muito provavelmente, até ao dia da
morte deste, tendo em conta que faleceu em 1881 e, em 1875, Olinda Augusta, consta no seu
registo de testamento a viver com o seu pai na Quinta da Lameira, em Campanhã527.

Orminda Coelho Lousada: Terceira filha de José Caetano Coelho Lousada e de Dona Ana
Gonçalves Ferreira Lousada, é a filha que não costa no registo de testamento do seu pai. Não
sabemos qual a razão para o sucedido, mas a verdade é que era filha do casal, tendo em conta
as informações presentes no seu registo de batismo. Nasceu a 16 de março de 1826 e foi
batizada a 27 de março do mesmo ano, na igreja da freguesia de Santo Ildefonso. Foi seu
padrinho de batismo o seu avô paterno, Agostinho José Coelho, e madrinha de batismo a avô

525
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0038, fl. 80 v e 81.
526
AMP – A-PUB/5102 - f. 66-69v - Registo do testamento com que faleceu José Coelho Lousada.
527
AMP – A-PUB/5051 - f. 17-19v - Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada.

LI
materna, Dona Ana Ferreira Vieira, moradora na freguesia de Campanhã528. Não temos qualquer
referência do seu falecimento, nem de qualquer outra informação, além do seu registo de
batismo.

António José Coelho Lousada: O quarto filho do casal foi, durante a sua vida, uma figura
destacada no meio cultural da cidade do Porto de Oitocentos, onde se destacou como
escritor529. Nasceu 4 de novembro de 1827 e foi batizado aos 25 do dito mês e ano, na paróquia
de Santo Ildefonso. O seu padrinho de batismo foi António Joaquim de Oliveira e Castro, solteiro
e morador na Rua de Cedofeita, e, sua madrinha de batismo, Maria da Purificação e Castro,
também solteira e também moradora na Rua de Cedofeita530. Fez estudos preparatórios para
depois seguir estudos universitários na Universidade de Coimbra. No entanto, rumou ao Brasil,
constrangido, para desempenhar funções de caixeiro numa casa comercial. Não se adaptou a
esta profissão, tendo regressado, poucos anos depois, ao seu país, e respetiva cidade de origem.
Ganhou destaque na vida cultural da cidade portuense como poeta numa fase inicial, graças às
suas publicações Lira da Mocidade (1849-1850), Esmeralda (1850-1851), Miscelânea Poética
(1851-1852), e O Bardo. António José Coelho Lousada foi contemporâneo de Arnaldo Gama
(1828-1869) – este foi um dos primeiros biógrafos de António José Coelho Lousada –, de Soares
de Passos (1826-1860), que lhe dedicou a poesia A Patria, publicada no O Bardo, n.º 6, de Camilo
Castelo Branco (1825-1895), considerado por este como o escritor portuense que mais
esperança lhe dava, de Alexandre Braga (1829-1895), e entre outros mais. Casou com Maria
Emília Braga, irmã dos poetas Alexandre Braga e Guilherme Braga. No entanto, em 1852, perdeu
a sua esposa, e, que, de tão desgosto profundo que sofreu, nunca mais fora a mesma pessoa.
Camilo Castelo Branco, que foi seu amigo, era admirador da sua formosa noiva, que infelizmente
falecera. A partir da data do falecimento da sua mulher, dedicou-se, intensivamente, à atividade
literária e cultural. Foi jornalista, poeta, romancista e tradutor, tendo colaborado,
frequentemente, com algumas publicações da época, tais como A Península, O Commercio do
Porto, O Nacional, Braz Tisana, O Conservador, A Verdade, Concórdia, entre outros mais. Ao
teatro também António José Coelho Lousada se dedicou, traduzindo peças espanholas e
francesas, e tendo sido diretor do Teatro das Variedades, embora por pouco tempo531.
Frequentou espaços de convívio social e com grande importância ao longo do século XIX,

528
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0038, fl. 258v.
529
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., p. 34.
530
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 104.
531
Apresentação “Parque de São Roque”, junho de 2018, de Raul Ramos Pinto, p. 28. Informação
gentilmente disponibilizada pelo Dr. Raul Ramos Pinto.

LII
nomeadamente o Café Guichard (1833-5/2/1857)532, considerado como o centro dos literários,
de gente elegante e dos jovens boémios portuenses de Oitocentos, que teve clientes habituais
como Camilo Castelo Branco, Arnaldo Gama, Ramalho Ortigão, Alexandre Braga, Manuel de
Clamouse Browne e Ricardo de Clamouse Browne, o próprio António José Coelho Lousada, entre
muitos outros533. Também era cliente habitual do Café (e restaurante) Águia d´Ouro (27/1/1839-
segunda metade do séc. XX)534, a par de outros clientes habituais, incluindo os clientes
mencionados no Café Guichard, mais outros tantos, como Teófilo Braga, Júlio Dantas, Júlio Diniz,
Sá Noronha, Guilherme Braga, Júlio Soller, entre muitos outros. Era este local restaurante e
hospedaria. Reuniam-se, na hospedaria, em jantares e ceias, jovens boémios bastante
animados. Foi um dos centros de reunião mais emblemáticos da cidade, onde se discutia
política, artes e letras, com políticos do lado direito do café e, do lado esquerdo, os artistas e os
literários. Compunha-se de bilhares franceses presentes no espaçoso salão que tinha o café535.
Da bibliografia de António José Coelho Lousada, destaque para A Rua Escura, um romance
editado em 1854, com uma segunda edição, em 1857, devido ao sucesso da primeira, Na
Consciência, publicado também em 1857, e Os Tripeiros, publicado, supostamente, em 1857, e
reeditado em 1859. Esta última obra é considerada como uma obra póstuma de António José
Coelho Lousada, ou seja, publicada após a sua morte536. Faleceu a 24 de junho de 1859537,
solteiro e na casa de seus pais, na Rua 23 de julho, com 31 anos de idade, vítima precoce de
tuberculose538. Foi sepultado no cemitério da igreja de Santo Ildefonso539. Atualmente, na
cidade do Porto, existe uma rua em sua homenagem, apelidada de Rua Coelho Lousada.

Virgínia Amélia Lousada Plácido: Nasceu a 15 de fevereiro de 1829 a quinta filha de José
Caetano Coelho Lousada e Dona Ana Gonçalves Ferreira Lousada, de nome Virgínia Amélia
Lousada. Foi batizada no dia 1 de março do mesmo ano, na igreja de Santo Ildefonso, e os pais

532
Ver LEÃO, Rui Manuel da Costa Fiadeiro Duarte de Cinfantes – Tertúlias Oitocentistas do Porto in
Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, Atas II Congresso O Porto Romântico. Porto: CITAR – Centro de
Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes, junho de 2016, p. 460. Situava-se nos baixos do Convento
dos Congregados de S. Filipe Néri, à Praça Nova.
533
Ibidem.
534
Ibidem, p. 461. Localizava-se na Praça da Batalha, antigo Largo de Santo Ildefonso.
535
Ibidem.
536
Apresentação “Parque de São Roque”, junho de 2018, de Raul Ramos Pinto, p. 28. Informação
gentilmente disponibilizada pelo Dr. Raul Ramos Pinto.
537
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0019, fl. 256 v. Ocorrência de um
possível equívoco na idade de António José Coelho Lousada ao dia da sua morte. No registo de óbito, este
conta com 30 anos de idade, no entanto, o seu registo de batismo revela que nasceu em 1827, logo terá
falecido com 31 anos, a completar 32 anos em novembro de 1859 se tivesse sobrevivido.
538
Apresentação “Parque de São Roque”, junho de 2018, de Raul Ramos Pinto, p. 28. Informação
gentilmente disponibilizada pelo Dr. Raul Ramos Pinto.
539
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0019, fl. 256 v.

LIII
residiam na Rua Direita. Seu padrinho de batismo foi José Caetano Coelho, solteiro e morador
na Rua de Mijavelhas540 (Rua Coelho Neto), e sua madrinha de batismo Ana Lopes, a segunda
mulher de Agostinho José Coelho, avô paterno541. Dona Virgínia Amélia Lousada Plácido casou
com o Doutor José Maria Plácido aos 23 de agosto de 1849, na igreja de Santo Ildefonso. Este
era filho de Joaquim António Plácido e de Teresa Ludovina, naturais de Aveiro, e neto paterno
de Joaquim António Plácido e Josefa Juliana e neto materno de António Mateus e Joaquina,
também todos estes – os avós – de Aveiro542. José Maria Plácido era natural da freguesia de N.
S. da Glória543 (atual União das Freguesias da Glória e Vera-Cruz), antiga freguesia do Espírito
Santo, em Aveiro544. Obteve José Maria Plácido o grau de bacharel no curso de Direito pela
Universidade de Coimbra, tendo-se matriculado a 29 de outubro de 1835 e formado em 17 de
julho de 1840545. No seu casamento, foram testemunhas Jerónimo Filipe Simão, morador na Rua
da Firmeza, e Joaquim António Moreira França, morador na Rua do Castelo do Queijo546. Deste
matrimónio, resultaram dois filhos do casal. A primeira filha, nasceu a 4 de setembro de 1850,
com batismo a 8 de outubro do mesmo ano, na igreja de Santo Ildefonso, e de nome Maria
Teresa. Os padrinhos de batismo desta primeira filha foram António Vicente de Castro, tio
paterno e, naquela altura, casado – com Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro – e morador
na Rua das Flores, e Dona Olinda Augusta da Conceição Lousada, tia materna, solteira e
moradora na Rua 23 de julho (Santo Ildefonso) naquela data. Fora madrinha Dona Olinda
Augusta por procuração do seu irmão António José Coelho Lousada. A esta data o casal residia
na Rua 23 de julho – atual Rua de Santo Ildefonso – em Santo Ildefonso547. O segundo filho veio
a 17 de junho de 1852, de nome José Plácido e com batismo aos vinte dias do mesmo mês e ano,
na mesma igreja que de Maria Teresa, primeira filha. O seu padrinho batismo foi o seu avô
materno, Agostinho José Coelho, por procuração de José Araújo Machado, e madrinha de

540
Associação Comercial do Porto. Publicações. “SABIA QUE… AS RAÍZES DO CAMPO 24 DE AGOSTO TÊM
MAIS DE 600 ANOS?”. Depois de se chamar Rua de Mijavelhas, o topónimo desta rua foi alterado para
Rua do Poço das Patas, sendo a atual Rua Coelho Neto, desde 1935. Disponível em: SABIA QUE… AS RAÍZES
DO CAMPO 24 DE AGOSTO TÊM MAIS DE 600 ANOS? – Associação Comercial do Porto (cciporto.com)
(consultado em 23/03/2023).
541
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 276.
542
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0030, fl. 109.
543
ADA. Paróquia de Glória. História administrativa/biográfica/familiar. A freguesia de Nossa Senhora da
Glória resultou da junção de duas freguesias, a freguesia de São Miguel e a freguesia do Espírito Santo.
Disponível em linha: Paróquia de Glória - Arquivo Distrital de Aveiro - DigitArq (arquivos.pt) (consultado
em 02/05/2023).
544
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0043, fl. 137 v.
545
AUC. Fundo da Universidade de Coimbra. Subfundo da Universidade de Coimbra. Secção Tratamento
de arquivístico e comunicação da informação. Série Instrumentos de inscrição. Subsérie de alunos da
Universidade de Coimbra. Letra P. José Maria Plácido. Âmbito e conteúdo. Disponível em linha: Detalhes
do registo - Arquivo da Universidade de Coimbra - Archeevo (uc.pt) (consultado em 04/05/2023).
546
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0030, fl. 109.
547
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0043, fl. 137 v.

LIV
batismo, por procuração de António Vicente de Castro, Dona Maria José Gonçalves de Oliveira,
na altura já viúva de António de Oliveira Guimarães. Dona Virgínia Amélia Lousada Plácido e o
seu marido, Doutor José Maria Plácido, continuavam a residir na Rua 23 de julho548. Para maior
desgosto e infelicidade da família, em particular de José Maria Plácido, Dona Maria Virgínia
Amélia Lousada Plácido faleceu no dia do batismo do seu segundo filho, José Plácido, três dias
após o seu nascimento549. O seu falecimento poderá ter sido consequência de um parto
complicado no nascimento de José Plácido, pois os partos tornavam-se mais complicados para
as senhoras burguesas que, por serem sedentárias, não possuíam a ginasticidade das mulheres
populares, e, também, por terem partos, geralmente, com maior frequência, pois confiavam a
amamentação dos seus filhos a amas-de-leite. Os partos podiam ser longos e dolorosos, e
sobretudo perigosos para a mãe e para o nascituro, que, por vezes, nos meios sociais mais
elevados, como seria o de Dona Virgínia Amélia, os médicos intervinham quando houvesse sinal
de perigo, deixando a parteira privada da sua função. Por estas motivações, cremos que o
falecimento de Dona Virgínia Amélia Lousada Plácido terá sido devido a complicações no parto
do seu segundo filho, que, muito provavelmente, adoeceu e faleceu dias depois. Os partos
aconteciam em casa e eram assistidos por uma parteira que teria, ou não, instrução550.

Delfina Hermínia Lousada: Foi a sexta filha do casal, nasceu a 8 de março de 1830, com batismo
aos dezanove dias do dito mês e ano na igreja de Santo Ildefonso. A sua família habitava na Rua
Direita, freguesia de Santo Ildefonso. Foi seu padrinho de batismo Rodrigo António de Oliveira
Guimarães (solteiro e morador na Rua das Flores) e madrinha Dona Maria José Gonçalves de
Oliveira, casada com António de Oliveira Guimarães e residente na Rua das Flores551. Sabemos
algumas informações da vida pessoal de Dona Delfina Hermínia Lousada, tendo por base o seu
registo de testamento que mandou fazer em 1907, mais concretamente no dia 16 de outubro552.
Na data do seu registo de testamento, Dona Delfina Hermínia Lousada estava solteira e era
moradora na Rua de São Roque da Lameira, na casa com o número 2089, em frente à Quinta da
Lameira, e estava identificada como proprietária. Por estas breves informações já sabemos que
Dona Delfina havia deixado a Quinta da Lameira e era uma senhora com uma situação
económica bastante avultada. Também para comprovar a afirmação anterior, do seu avultado
bem-estar económico, são provas disso as quantias e posses deixadas para os seus familiares,

548
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0043, fl. 228.
549
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0019, fl. 179 e 179 v.
550
Ver LOPES, Maria Antónia – As grandes datas da existência: momentos privados e rituais públicos in
José Mattoso, op.cit., pp. 154-155.
551
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0039, fl. 386.
552
AMP – A-PUB/5051 - f. 17-19v - Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada.

LV
amigos e instituições religiosas e de caridade, bem como as suas missas encomendadas. Não
teve Dona Delfina herdeiros legitimados. A nível de disposições religiosas deixou as seguintes
quantias (ver tabela 11):

Tabela 11 - Quantias distribuídas por Dona Delfina a instituições religiosas e de caridade e outros

Instituições e outros Verba (em reis)


Pobres mais necessitados de Campanhã (freguesia) 50.000
Recreatório do Carmo 100.000
Asilo de São João 50.000
Recolhimento do Bom Pastor 50.000

Fonte: AMP – A-PUB/5180 - f. 70-76 - Registo do testamento com que faleceu Delfina Hermínia Lousada.

Deixou, também, expresso para eclesiásticos de instituições reconhecidas e honradas fazerem


50 missas por sua alma e com a obrigação de mandar dizer a todas as instituições religiosas e de
caridade (ver tabela) uma missa em sua alma e de os seus internatos assistirem ao […] do seu
corpo presente que for rezado por sua alma. Ao nível das quantias deixadas a familiares e amigos
(ver tabela 12):

Tabela 12 - Quantas distribuídas da herança de Dona Delfina pelos seus familiares e amigos

Nome (e relação) familiar Verba (em reis)


Zulmira da Glória Faria, provável amiga 100.000
Adelaide Costa, provável amiga 100.000
Guilherme Augusto de Faria, afilhado 500.000
Lucinda Pereira Borges, provável amiga 150.000
Maria Josefina Costa, afilhada e filha de José Pereira da Costa 1 conto

Fonte: AMP – A-PUB/5180 - f. 70-76 - Registo do testamento com que faleceu Delfina Hermínia Lousada.

Mais disposições deixou Dona Delfina aos seus familiares e amigos. À afilhada Maria Josefina da
Costa, deixou expresso que a quantia que lhe deixou devia ser entregue por um dos seus
sobrinhos e herdeiros nomeados quando esta fizesse 21 anos ou quando casasse, mais lhe
deixou toda a sua mobília do seu quarto de dormir e da sala de jantar, com as respetivas louças,
e os seus melhores vestidos, e, para lhe ser entregue, enquanto não casasse ou completasse 21
anos de idade, para os seus alfinetes – ou seja, o seu conjunto particular de despesas – o
rendimento líquido do legado no valor de um conto de réis. À sua criada Maria Gracinda, se
ainda estivesse ao seu serviço quando ela morresse, toda a roupa de sua casa, do quarto e a de

LVI
vestir – sendo a escolha dos vestidos para Maria Gracinda e para Maria Josefina Costa,
responsabilidade das sobrinhas de Dona Delfina – e a quantia de 150 mil reis em recompensa
de dividas saldadas, e não estando ao seu serviço, a quantia não lhe seria entregue, pois era de
presumir que Dona Delfina Amélia tivesse soldado contas com a sua criada. Ao afilhado
Guilherma Augusto de faria deixou a sua secretária. A Zulmira da Glória Faria deixou o seu
santuário com todas as respetivas imagens. À sobrinha e afilhada Maria Antónia de Castro
Ramos Pinto, filha de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto e de António Ramos Pinto, a
casa e quintal que possuía na Rua do Duque de Terceira n.º 315, e se esta não existisse à data
do falecimento de Dona Delfina, o prédio seria repartido em partes iguais pelos seus sobrinhos
e herdeiros. Declara que do falecimento da irmã Dona Josefina legou quinhentos mil reis, em
usufruto deixa a propriedade a Diogo José Navarro após a sua morte. Instituiu como herdeiros
do remanescente da sua herança os sobrinhos Jayme (Jaime) de Castro Leitão, Virgínia de Castro
Leitão, estes filhos do primeiro casamento de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, Maria
Eugénia de Castro Ramos Pinto e Raul de Castro Ramos Pinto, estes filhos do segundo casamento
de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, em partes igualmente divididas. Nomeou, em
primeiro lugar, para seu testamenteiro, António Ramos Pinto, e em segundo, Jayme de Castro
Leitão. No que diz respeito às disposições do seu enterro, deixo-as ao critério do seu
testamenteiro. Temos ainda conhecimento do nome de algumas individualidades que poderão
ter feito amizade com Dona Delfina Hermínia Lousada, tendo sido elas José Francisco Moreira,
casado, capitalista, e morador na Rua da Rocinha, José Joaquim de Oliveira Sampaio, viúvo,
capitalista, e morador na Rua da Boavista, Casimiro José de Paiva, casado, negociante, e morador
na Rua do Almada, Álvaro Cerqueira Caldas, solteiro, maior de idade, e empregado comercial, e
Manuel José de Paiva, também solteiro e maior, e negociante. Estes dois últimos também
moravam na Rua do Almada. Por fim, importa realçar mais duas informações pertinentes sofre
a figura de Dona Delfina Amélia Lousada: a primeira, relativa à razão da elaboração do seu
testamento, em que mandou fazer o mesmo de livre e espontânea vontade, e, muito
provavelmente, devido ao facto de que estava solteira e sem filhos e, também, devido à sua
idade naquele tempo, que contava com 77 anos, razões pelas quais – já primeiramente
referenciadas – obrigavam um testador a elaborar o seu registo de testamento; a segunda
informação é relativa ao seu nível de instrução, em que a Dona Delfina Hermínia Lousada
mandou escrever o seu registo de testamento, pois não sabia ela escrever, mas, no entanto,
sabia ler, tendo lido o mesmo. Dona Delfina Hermínia Lousada faleceu no dia 20 de novembro
de 1914, com 84 anos. Apesar de ter “mau dado” em escrever o seu testamento, assinou-o e

LVII
rubricou-o, indicando que apesar das circunstâncias sabia Dona Delfina ler e escrever553. Para
possuir este nível de cultura, certamente que o terá aprendido, tendo em conta que a leitura
seria como uma distração e como uma maneira de aperfeiçoar o nível de cultura pessoal554.

José Coelho Lousada: O sétimo filho do casal nasceu a 2 de março de 1832 e foi batizado aos 19
dias do dito mês e ano, na igreja de Santo Ildefonso. Teve como padrinhos de batismo Francisco
Bernardo dos Santos e a sua irmã Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro, nesta altura com 10
anos de idade555. Tal como o seu tio – António José Coelho Lousada – também José Coelho
Lousada frequentou a Universidade de Coimbra e formou-se em Direito. Foi um dos três filhos
de José Caetano Coelho Lousada que partiu também para o Rio de Janeiro, onde, ao contrário
do irmão António José Coelho Lousada, fez parte da sua vida nesta cidade. Foi uma figura
destacada durante muitos anos no Rio de Janeiro, tendo regressado em 1881, solteiro e com o
título de comendador, adquirido em 1875. Quando voltou ao país e à sua cidade natal, residiu
na Rua Duque de Terceira (Bonfim), com casa própria, e com propriedades no lugar da Lameira
de Cima, em Campanhã556. Podemos considerar esta figura, tal como o seu pai, tio e irmão, um
“brasileiro de torna-viagem”. No que diz respeito ao nível de instrução, José Coelho Lousada
sabia ler e escrever, pois além de ter redigido o seu próprio registo de testamento, frequentou,
o ensino superior, o que revela que seria uma figura com conhecimentos, estes essenciais para
a moral dos homens de Oitocentos como também para o desenvolvimento económico do
país557. Maria Antonieta Cruz citando um excerto de Joaquim Ferreira Gomes, dos Relatórios do
Conselho Superior de Instrução Pública (1844-1859), informa que as instituições superiores
eram destinadas somente às classes elevadas da sociedade de então, sendo a Universidade de
Coimbra a instituição mais importante do país ao longo do século XIX, que lhes garantia o acesso
a uma carreira profissional prestigiada558. No registo de testamento do seu pai clarifica-se que
herdou a Quinta da Lameira, com a condição de que as irmãs Delfina e Josefina lhe deixassem
os prazos que o pai (José Caetano Coelho Lousada) possuía na Quinta da Lameira559. No seu
próprio testamento, pretendeu vender as propriedades que possuía na freguesia de Campanhã,
deixando para as suas irmãs (Delfina e Josefina) a obrigação de vender as mesmas, caso ele não
conseguisse realizar o seu desejo e aos seus testamenteiros, que promovessem e auxiliassem a
venda das propriedades, obrigou as suas irmãs a darem-lhes a comissão de 5% sobre o líquido

553
AMP – A-PUB/5180 - f. 70-76 - Registo do testamento com que faleceu Delfina Hermínia Lousada.
554
Ver CASCÃO, Rui – «Em casa: o quotidiano familiar» in José Mattoso, op.cit., p. 229.
555
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0040, fl. 181 v.
556
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; MARQUES, Teresa Portela – op. cit., pp. 34 e 68.
557
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 2012, p. 27.
558
Ver CRUZ, Maria Antonieta – op. cit., 1999, p. 414 e 418.
559
AMP – A-PUB/5051 - f. 17-19v - Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada.

LVIII
produto da venda, dividida pelo número de testamenteiros auxiliares na venda. Não sabemos
se a propriedade da Quinta da Lameira incluía estas propriedades que José Coelho Lousada
pretendia vender, mas é pouco provável que tal tenha acontecido porque a sua sobrinha Dona
Maria Virgínia de Castro era a proprietária da Quinta. Provavelmente tratar-se-iam de outros
prazos na Quinta da Lameira. No seu próprio testamento, de 30 de março de 1886, com 54 anos,
instituiu suas herdeiras as irmãs Delfina e Josefina, em partes iguais do que possuía e viesse a
possuir. Distribuiu a sua herança pelos seus familiares e amigos do seguinte modo (ver tabela
13):

Tabela 13 - Herança distribuída por José Coelho Lousada pelos seus familiares e amigos

Nome (e relação) familiar Verba (em reis)


Ludovina, afilhada 100.000
Henrique e Constança, filhos de Diogo José Navarro 400.000
Jayme de Castro Leitão, filho de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto 100.000
Virgínia de Castro Leitão, filha de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto 100.000
Dona Olinda Augusta da Conceição Lousada, irmã 400.000

Fonte: AMP – A-PUB/5102 - f. 66-69v - Registo do testamento com que faleceu José Coelho Lousada

Professou, também, que fossem distribuídos 100.000 reis, pelas irmãs, a pessoas necessitadas.
E que se a sua irmã Dona Olinda falecesse antes dele, o legado dela reverteria para as suas irmãs,
Delfina e Josefina, e para quatro estabelecimentos de caridade à escolha destas. Às suas irmãs,
suas testamenteiras, deixou-lhes a obrigação de dentro do prazo de 1 ano, sem impostos e por
uma só vez, entregarem as quantias deixadas por ele. Também sabemos que as suas irmãs
(Delfina e Josefina) terão herdado ou comprado muitos dos movéis e objetos de uso da casa em
que José Coelho Lousada vivia. Foram estas duas irmãs suas testamenteiras, a par de Francisco
Ribeiro de Faria e Silva e Diogo José Navarro. Por fim, relativamente às suas disposições
religiosas, concretamente sobre o seu enterro, pediu que este fosse o mais simples e económico
possível. No dia da aprovação do seu registo de testamento – na Rua do Almada –, no mesmo
dia em que redigiu o seu testamento, José Coelho Lousada é identificado como morador no lugar
da Lameira de Cima (Campanhã). Foram suas testemunhas na aprovação as seguintes figuras:
Francisco Alexandre de Cruz Guimarães, viúvo, proprietário, capitalista, e morador na Rua da
Boavista (Cedofeita); José Joaquim Ribeiro Gonçalves, solteiro, capitalista, proprietário, e
morador na Praça de Dom Pedro (Sé); João Ferreira Gonçalves, casado, proprietário, capitalista,
e morador na Rua da Alegria (Bonfim); o Comendador José Augusto de liemos, solteiro,
capitalista, proprietário, e morador na Rua da Murta (Senhora da Hora); e Alípio Tomás da Silva
Barbosa, casado, capitalista, proprietário, e morador na Rua da Boavista (Cedofeita). Todos eles

LIX
eram portugueses e moradores na cidade do Porto560. No dia 25 de janeiro de 1895 faleceu José
Coelho Lousada, na sua casa, com o número de polícia 125, na Rua do Duque de Terceira,
freguesia do Bonfim. Identificado como capitalista, filho de “capitalistas”, como o registo de
óbito indica, faleceu solteiro, sem filhos e com a idade de 62 anos. Foi sepultado no Cemitério
do Prado do Repouso561.

Figura 93 - Possivelmente José Coelho Lousada, 1978. (CMP_ NSR_lista_de_objetos_total, N.º de


inventário: MC.NSR.0023, 1978).

Josefina Cândida Coelho Lousada: A 4 de agosto de 1833 nasce o oitavo filho de José caetano
Coelho Lousada e de Dona Ana Gonçalves Ferreira Lousada, neste caso uma filha, de nome
Josefina Cândida Coelho Lousada. Foi batizada no dia 26 do mesmo mês e ano, na igreja de Santo
Ildefonso, com José João Coelho, morador na Rua da Batalha, como seu padrinho de batismo e,
como madrinha de batismo, Bernardo Joaquim Pinto, morador também na Rua da Pocinha. A
sua família continuava a residir então na Rua da Pocinha (Santo Ildefonso)562. Desta figura
conseguimos obter algumas informações, vejamos algumas delas. Acompanhou também, a par
das suas irmãs Dona Delfina e Olinda, o seu pai ao longo da vida deste, para, em finais da sua
vida, residir em sua casa própria, onde residiu o seu irmão José Coelho Lousada, na Rua do
Duque de Terceira, número 125563. Foi, também, com a sua irmã Dona Delfina, uma das tias que
ficou atenta à sobrinha Maria Virgínia de Castro, quando esta ficou órfã pela segunda vez564.

560
AMP – A-PUB/5102 - f. 66-69v - Registo do testamento com que faleceu José Coelho Lousada.
561
ADP, Paróquia de Bonfim PT/ADPRT/PRQ/PPRT02/003/0128, fl. 11 v.
562
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0040, fl. 282.
563
ADP, Paróquia de Bonfim PT/ADPRT/PRQ/PPRT02/003/0132, fl. 197 v.
564
Ver TAVARES, Domingos; CEPEDA, André; PORTELA, Teresa Marques – op. cit., p. 36.

LX
Dona Josefina Cândida Coelho Lousada deixou também registo de testamento, o que nos
permitiu conhecer mais algumas coisas sobre a mesma. Dona Josefina, tal como a sua irmã
Delfina, não sabia escrever, no entanto, também sabia ler, visto que esta deixou expresso no
seu registo de testamento que leu o mesmo após este ter sido escrito por outrem por mando
dela. O seu testamento foi redigido a 22 de julho de 1896, pelo tabelião Eduardo Artur Maia
Mendes, na Rua do Almada, sendo aprovado no mesmo dia. A esta data, Dona Josefina
permanecia solteira e identificada, por ela, como proprietária, visto que herdou a casa do seu
irmão José, habitando a mesma casa naquela altura. Nas suas disposições religiosas,
nomeadamente sobre o seu enterro, deixou que o mesmo fosse feito à vontade da irmã Delfina.
Instituiu esta sua irmã como sua testamenteira e deixou-lhe a quantia de 500 mil réis e todo o
remanescente da sua fortuna. Deixou, ainda, outros 500 mil réis a Diogo José Navarro e a sua
gratidão por todo o serviço que este lhe prestou. Por exemplos anteriores, vemos que esta
figura, Diogo José Navarro, foi muito chegada à família Lousada, tendo prestado os serviços a
Dona Josefina, embora não saibamos que serviços terão sido esses. Podemos supor que este
serviço prestado terá sido de auxílio na velhice de Dona Josefina, visto que, aquando do seu
registo de testamento, ela contava com quase 64 anos de idade e era solteira. Por fim, foram
suas testemunha da aprovação do seu registo de testamento as seguintes individualidades: João
José Pinto da Silva, viúvo, negociante e morador na Rua do Almada; Manuel José de Paiva,
solteiro, maior, empregado comercial e morador na Praça de Dom Pedro; António Augusto
Moreira Guimarães, casado, capitalista e morador na Rua do Bonjardim; José António Gomes
Brandão, casado, capitalista e morador na Rua da Firmeza; e José Augusto da Fonseca Frias,
casado, negociante e morador na Rua do Bonjardim. Todos eram da cidade do Porto, maiores
de idade e cidadãos portugueses565. Consideremos estas personalidades como amigos mais
próximos de Dona Josefina Cândida Coelho Lousada. É credível supor que esta figura teve as
mesmas vivências de vida que a sua irmã Delfina, visto que além de pertencerem à mesma
família e ao mesmo estrato social, permaneceram toda a sua vida solteiras. Faleceu Dona
Josefina Cândida Coelho Lousada a 11 de dezembro de 1899, com 66 anos de idade, estado civil
de solteira, residente que foi no número 125 da Rua de Duque da Terceira (Bonfim), e
identificada como gerente de casa. Foi sepultada no Cemitério da Lapa566.

Augusto Lousada: Este filho nasceu a 30 de outubro de 1835, com batismo a aos oito dias de
dezembro do mesmo ano, na igreja de Santo Ildefonso, e de nome Augusto. Foi o nono filho do

565
AMP – A-PUB/5121 - f. 28-31 - Registo do testamento com que faleceu Josefina Cândida Lousada.
566
Arquivo Distrital do Porto PT/ADPRT/PRQ/PPRT02/003/0132, fl. 197 v.

LXI
casal. Foram seus padrinhos de batismo os seus irmãos António José Coelho Lousada Dona
Olinda Augusta da Conceição Lousada, nesta altura António com quase 8 anos de idade e Olinda
com 10 anos de idade. Residia a família na Rua Direita (Santo Ildefonso). Infelizmente, este filho,
para desolamento e tristeza da sua família, não chegou a completar um ano de vida. Este é
referido como ter falecido em criança no registo de testamento de seu pai567. Faleceu aos 6 de
junho de 1836, com apenas 7 meses de vida, tendo sido sepultado no cemitério da igreja do seu
batismo. A família Lousada ainda residia na Rua 23 de Julho (Santo Ildefonso)568.

Arminda Lousada: Consideramos esta figura um caso peculiar, tendo em conta que sobre a sua
vida pessoal conseguimos obter pouquíssima informação, somente temos conhecimento com
quem constituiu matrimónio e para onde partiu após a sua saída do país. Não temos qualquer
dado sobre o seu registo de batismo e de óbito. No entanto, tendo por base a data de
nascimento dos seus irmãos, colocamos duas hipóteses para a data do seu nascimento: Entre o
nascimento de Dona Josefina (4 de janeiro de 1833) e nove meses antes do nascimento de
Augusto, ou seja, janeiro de 1835, e depois do nascimento deste último, 30 de outubro de 1835.
Dona Arminda Lousada foi parte dos três filhos de José Caetano Coelho Lousada e de Dona Ana
Gonçalves Ferreira Lousada que terá partido para a cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Nesta
cidade, Dona Arminda Lousada casou com o Dr. Bernardino Pamplona de Menezes569.
Infelizmente, não temos qualquer mais informação sobre esta figura, apenas uma breve
informação de uma senhora que terá dado entrada, no dia 3 de maio de 1893, em Paraty (cidade
do Rio de Janeiro) por Angra dos Reis (cidade do Rio de Janeiro), de nome “D. Arminda
Louzada”570. Não temos a certeza de que se trate da mesma personalidade, embora o título de
“dona” e o nome Arminda, e o respetivo apelido Lousada, possa levar a que haja alguma ligação
com a figura Dona Arminda Lousada a que abordamos.

567
AMP – A-PUB/5051 - f. 17-19v - Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada.
568
ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0018, fl. 101.
569
AMP – A-PUB/5051 - f. 17-19v - Registo do testamento com que faleceu José Caetano Coelho Lousada.
570
Gazeta de Notícias, 4 de maio de 1893, Rio de Janeiro, disponível em: Gazeta de Noticias (RJ) - 1890 a
1899 - DocReader Web (bn.br) (consultado em 05/05/2023).

LXII
Anexo 7: Ramos Pinto e Cálem – Testemunhos de vivências.

Registos fotográficos

Figura 94 - António Ramos Pinto com o irmão Adriano, década de 60 (Séc. XIX)?. (Arquivo Pessoal de
António Ramos Pinto, 2023).

Figura 95 - Família de António Ramos Pinto, 1867 571. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto,
descendente de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto).

571
Da esquerda para a direita, em 1.º plano, sentados: Maria das Dores (irmã de António), Adriano Ramos
Pinto e António Ramos Pintos. Em 2.º plano, sentadas: mulher de Sinclair Chaves; Eugénie Antoinette Le
Doux Ramos (mãe de António), desconhecida, Maria Teresa da Conceição (filha de um outro casamento
de José Joaquim Teixeira Pinto, pai de António) e desconhecida. Em 3.º plano, de pé: António Allegro;
Sinclair Chaves; Portela (Diretor da Roda); Irmão de João Ferreira; João Ferreira; José Ramos Pinto (irmão
de António); José Joaquim Teixeira Pinto (pai de António); José Martins Raposo; dois desconhecidos;
Luciano Sollari Allegro; e desconhecido.

LXIII
Figura 96 - Duo Ramenport, António Ramos Pinto
Figura 97 - António Ramos Pinto com a filha
e o irmão José Ramos Pinto, década de 70 (Séc.
Maria Eugénia, 1889/91. (Arquivo Pessoal de
XIX)?. (Arquivo Pessoal de António Ramos Pinto,
António Ramos Pinto, 2023).
2023).

Figura 99 - Coros em casa da família Mendes de


Almeida, 1906. Nesta fotografia constam as irmãs
Ramos Pinto, no entanto, só conseguimos
Figura 98 - Dona Maria Virgínia de Castro Ramos identificar Maria Antónia, que se encontra em pé,
Pinto, anos 80/90 (Séc. XIX)?. (Arquivo Pessoal de do lado esquerdo da figura masculina sentada.
António Ramos Pinto, 2023). Estes coros eram praticados na Praia da Granja.
(Castro, 1973: 391).

Figura 100 - Equipa do F.C. Porto, 1907. O primeiro


da esquerda para a direita, em pé, António de
Oliveira Cálem. (Magalhães e Dias, 1993: 19)

LXIV
Figura 101 - Passeio no rio com R. Pinto e família,
1908. Neste registo fotográfico estão presentes
Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, as
suas filhas (Maria Eugénia e Maria Antónia) e os
filhos de Alberto Marçal Brandão, num passeio no
rio Douro. (CPF. Coleção Norte de Portugal, Fundo
Alberto Marçal Brandão,
PT/CPF/AMB/0001/000313, 1908).

Figura 102 - Porto, Casa da Quinta da Lameira, Figura 103 - Porto, Casa da Quinta da Lameira:
1909. Na fotografia estão representados Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto com as filhas
Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, na varanda, Maria Antónia e Maria Eugénia, 1909572. As figuras
e António Ramos Pinto, no fundo da escadaria. são: Dona Maria Antónia de Castro Ramos Pinto
(CPF. Coleção Norte de Portugal, Fundo Alberto Rosas (sentada no chão) e Dona Maria Eugénia
Marçal Brandão, PT/CPF/AMB/0001/000574, (em pé). Desconhece-se a outra figura. (CPF.
1909). Coleção Norte de Portugal, Fundo Alberto Marçal
Brandão, PT/CPF/AMB/0001/000590, 1909).

Figura 104 - Maria Virgínia de Castro com as filhas Figura 105 - Porto, Quinta da Lameira: Maria
na sala a ler, 1909573. As figuras são: Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto passeando no

572
Cremos que, com o livro na mão, possa não ser Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, tendo por base
a sua idade em 1909, que contava com 59 anos, enquanto a figura feminina na fotografia aparenta ser
mais jovem.
573
Cremos que, com o livro na mão, possa ser Virgínia de Castro Leitão, e não Dona Maria Virgínia de
Castro Ramos Pinto, como identifica o CPF. Fundamentamos esta afirma-se tendo por base as idades de
cada figura na época. Nitidamente que no registo fotográfico aparenta ser uma figura feminina mais

LXV
Eugénia (em pé), Dona Maria Antónia, sentada à jardim do palacete, 1909. (CPF. Coleção Norte de
esquerda, e, possivelmente, Dona Virgínia de Portugal, Fundo Alberto Marçal Brandão,
Castro Leitão, sentada à direita. (CPF. Coleção PT/CPF/AMB/0001/000600, 1909).
Norte de Portugal, Fundo Alberto Marçal Brandão,
PT/CPF/AMB/0001/000209, 1909).

Figura 106 - Porto, Casa da Quinta da Lameira: Figura 107 - Porto, Casa da Quinta da Lameira:
Beatriz e Julieta Marçal Brandão com os amigos Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto
Ramos Pinto, 1909. O homem na fotografia é conversando com as filhas Maria Antónia e Maria
António Ramos Pinto. A figura feminina com Eugénia no jardim, 1909574. (CPF. Coleção Norte
avental branco, possivelmente, é a ama da família, de Portugal, Fundo Alberto Marçal Brandão,
Cacilda. (As restantes figuras seriam, PT/CPF/AMB/0001/000578, 1909).
provavelmente, familiares de Alberto Marçal
Brandão. (CPF. Coleção Norte de Portugal, Fundo
Alberto Marçal Brandão,
PT/CPF/AMB/0001/000591, 1908).

Figura 108 - Família Ramos Pinto com grupo de Figura 109 - Família Ramos Pinto com grupo de
amigos na zona da mata, atrás da sua Quinta da amigos na zona da mata, atrás da sua Quinta da

jovem, enquanto Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto no ano de 1909 contava já com 59 anos. Além
disso, parece-nos ser uma figura feminina na casa dos seus trinta ou quarenta anos, idade que pode
corresponder à idade de Virgínia de Castro Leitão naquela altura.
574
Cremos que a figuras presentes neste registo fotográfico possam não corresponder às figuras
identificadas pelo CPF, tendo em conta a aparência das figuras femininas da família Ramos Pinto em
outros registos fotográficos apresentados.

LXVI
Lameira, 1909/10?575. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Lameira, 1909/10?576. (Arquivo Pessoal do Dr.
Ramos Pinto, descendente de António Ramos Raul Ramos Pinto, descendente de António
Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos
2023). Pinto, 2023).

Figura 110 - Hípico da Boavista: António Ramos


Pinto e António Vasconcelos (na bancada), 1910. Figura 111 - Elisa Andresen, Maria Eugénia de
Na primeira fila, a primeira figura masculina, Castro Ramos Pinto e Eulália Sellés, 11 de
António Ramos Pinto. (CPF. Aurélio da Paz dos setembro de 1910. (Castro, 1973: 417).
Reis, Fotografias, Fotografias em vidro e película,
PT/CPF/APR/001-001/001245, 1910).

575
Encostados à árvore do lado direito estão António Ramos Pinto e Dona Maria Virgínia. À frente de
António Ramos Pinto, uma figura mais jovem, sem chapéu e de vestes brancas, o filho Raul Adriano. A
contar da árvore do lado direito, da direita para a esquerda, a segunda figura feminina sentada com um
vestido às riscas é Maria Eugénia. Da árvore do lado esquerdo, entre duas figuras femininas, sem chapéu
e com o vestido às riscas igual ao de Maria Eugénia, está a sua irmã, em pé, Maria Antónia. Desconhece-
se a identificação das restantes figuras, podendo ser amigos e/ou outros familiares.
575
Da esquerda para a direita, a senhora sem chapéu, é Dona Maria Virgínia. Sentado, ao lado de Dona
Maria Virgínia, sem chapéu e de vestes brancas, o filho Raul Adriano. Das figuras femininas sentadas, sem
chapéu e com vestido às riscas, a filha Maria Antónia. Da direita para a esquerda, a terceira figura
masculina de pé, é António Ramos Pinto. Maria Eugénia não está presente nesta fotografia. Desconhece-
se a identificação das restantes figuras, podendo ser amigos e outros familiares.
576
Da esquerda para a direita, a senhora sem chapéu, é Dona Maria Virgínia. Sentado, ao lado de Dona
Maria Virgínia, sem chapéu e de vestes brancas, o filho Raul Adriano. Das figuras femininas sentadas, sem
chapéu e com vestido às riscas, a filha Maria Antónia. Da direita para a esquerda, a terceira figura
masculina de pé, é António Ramos Pinto. Maria Eugénia não está presente nesta fotografia. Desconhece-
se a identificação das restantes figuras, podendo ser amigos e outros familiares.

LXVII
Figura 112 - Fotografia de família na festa de casamento de Dona Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto
Cálem com António de Oliveira Cálem, realizada a 15 de agosto de 1912, na residência da família na
Quinta da Lameira, 1912577. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de António Ramos
Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023).

Figura 113 - Possível sala-de-estar do antigo Figura 114 - Salão do antigo palacete, 1916.
palacete, 1916. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto,
Ramos Pinto, descendente de António Ramos descendente de António Ramos Pinto e de Maria
Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023).
2023).

577
Em primeiro plano, sentado no chão, José Maria Ayres da Silva Rosas, marido de Dona Maria Antónia
de Castro Ramos Pinto Rosas. Em segundo plano, sentada e de vestido de casamento de cor branca, Dona
Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto Cálem, e, do seu lado direito, de fato de noivo, António de Oliveira
Cálem. Da direita para a esquerda, a primeira figura feminina, de 577. pé e com um chapéu, possivelmente,
Dona Virgínia de Castro Leitão. No segundo plano, ao lado esquerdo da noiva, Dona Maria Virgínia de
Castro Ramos Pinto. Ao lado de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, uma das duas figuras
femininas que aparentam ser mais velhas, poderá ser a sua tia Dona Delfina Hermínia Lousada. Em
terceiro plano, em pé e entre os noivos, Dona Maria Antónia de Castro Ramos Pinto Rosas. Em quarto
plano, ao fundo e da direita para a esquerda, entre duas figuras masculinas mais velhas, uma figura
masculina mais jovem e de laço preto, Raul Adriano de Castro Ramos Pinto. Do lado oposto da fotografia,
o quarto homem da esquerda para a direita, António Ramos Pinto. Ao fundo, do lado esquerdo da
fotografia, o jardim de inverno da casa.

LXVIII
Figura 115 - Salão do antigo palacete, 1916578. Figura 116 - Salão do antigo palacete, com registo
(Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, fotografado da sala-de-jantar, 1916. (Arquivo
descendente de António Ramos Pinto e de Maria Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de
Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023). António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto, 2023).

Figura 117 - Sala-de-jantar do antigo palacete,


1916. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, Figura 118 - Nova Cintra: Lima, Trajano, Ramos
descendente de António Ramos Pinto e de Maria Pinto e S. Moreno, 1929. Ao centro, sentado,
Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023). António Ramos Pinto, rodeado de um grupo de
amigos em casa de Aurélio da Paz dos Reis. (CPF.
Aurélio da Paz dos Reis, Fotografias, Fotografias
em vidro e película, PT/CPF/APR/001-
001/003313, 1929).

Figura 119 - Manhã na praia, perto das dunas,


1931. Da esquerda para a direita, António Eugénio
de Castro Ramos Pinto Cálem, Manuel d´Orey, Figura 120 - Retrato de grupo em trajes de festa
Jorge Outeiro, Elias Durán, Maria Eugénia Telles no salão árabe do Palácio da Bolsa, Associação
da Silva (Tarouca), Alberto de Araújo, Ema Rocha Comercial do Porto, 1932/47. A figura masculina
Leão e Maria Adelaide Araújo, na Praia da Granja, mais à esquerda, António de Oliveira Cálem,
Vila Nova de Gaia. (Castro, 1973: 523) presidente da Associação Comercial do Porto.

578
Especial atenção para a mesa vitrine ao centro da imagem, que parece conter várias caixinhas de
rapé. Coleção destas caixinhas que António Ramos Pinto legou ao Museu Nacional de Soares dos Reis.

LXIX
Fonte: CPF. Fotografia Alvão, Lda 1902/1972,
PT/CPF/ALV/002477, 1932/47).

Figura 122 - No Palácio de Cristal: 1.ª Exposição


Ultramarina Colonial Portuguesa: [visita do
Príncipe de Gales], 1934. Em primeiro plano, da
Figura 121 - No Palácio de Cristal: 1.ª Exposição esquerda para a direita, o Capitão Henrique
Ultramarina Colonial Portuguesa: [visita do Galvão, o príncipe de Gales (Eduardo) e António
Príncipe de Gales], 1934. Da direita para a de Oliveira Cálem. Desconhece-se os restantes.
esquerda, a primeira figura, António de Oliveira (Arquivo Municipal do Porto, 1934).
Cálem. Atrás, Henrique Galvão e o Príncipe de
Gales, Eduardo. (Arquivo Municipal do Porto,
1934).

Figura 123 - No Palácio de Cristal: 1.ª Exposição Figura 124 - No Palácio de Cristal: 1.ª Exposição
Ultramarina Colonial Portuguesa: [visita do Ultramarina Colonial Portuguesa: [António de
Príncipe de Gales], 1934. Na primeira linha da Oliveira Salazar com os organizadores do evento],
escada, Ricardo Spratley. Na segunda linha, da 1934. Da esquerda para a direita, a quarta figura
direita para a esquerda, António de Oliveira é António de Oliveira Cálem, a quinta figura Carlos
Cálem, o príncipe de Gales (Eduardo) e o Capitão Nápoles, a sétima João Mimoso Moreira, a décima
Henrique Galvão. Desconhece-se os restantes. António de Oliveira Salazar, e a décima segunda o
(Arquivo Municipal do Porto, 1934). Capitão Henrique Galvão. Desconhece-se as
restantes figuras. (Arquivo Municipal do Porto,
1934).

LXX
Figura 125 - agosto de 1937. A figura masculina do
lado direito é António Eugénio, acompanhado de
um grupo de amigos (José Cabral, Maria José Pinto
da Cunha e Cachucha Chaves Sofia Mello Breyner),
na Praia da Granja, Vila Nova de Gaia. (Castro, Figura 126 - Acionistas da Piscina da Granja, Anos
1973: 534) 40 (Séc. XX). De baixo para cima, a primeira figura
masculina, com uma bengala e de chapéu,
António Ramos Pinto. A quarta figura feminina, de
óculos de sol, possivelmente Maria Eugénia de
Castro Ramos Pinto Cálem. No plano atrás de
Maria Eugénia, a figura masculina do lado
esquerdo da escada, António de Oliveira Cálem.
(Castro, 1973: 559)

Figura 127 - Fotografia dos 90 anos de António Ramos Pinto, 1944 579. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul
Ramos Pinto, descendente de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023).

579
Em pé, da esquerda para a direita, os netos e netas (alguns já casados) de Dona Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto e de António Ramos Pinto: Maria Susana Nugent Ramos Pinto; José António Ramos Pinto
Rosas; António Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem; Suzana Maria Brunner Cortez Cálem; Fernando
Moreira Paes Nicolau de Almeida; Maria José Ramos Pinto Rosas; Mário Pinto da Fonseca Leitão; Helena
Maria Ramos Pinto Rosas; e Manuel Maria Ramos Pinto Rosas. Sentados na linha do meio, da esquerda
para a direita, os filhos, genros e nora de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto e de António Ramos
Pinto: Raul Adriano de Castro Ramos Pinto e ao seu colo a filha Isabel Maria Nugent Ramos Pinto; Suzana
Frances Nugent que tem ao colo o filho Francisco Manuel Nugent Ramos Pinto; António de Oliveira Calém
e ao seu colo o seu neto António Gabriel Cortez Ramos Pinto Calém; Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto
Cálem; António Ramos Pinto; Maria Antónia de Castro Ramos Pinto Rosas que tem ao seu colo a neta
Maria Manuela Rosas Nicolau de Almeida; e José Maria Ayres da Silva Rosas e ao seu colo o neto Rodrigo
Manuel Rosas Leitão. Sentados na linha de baixo, da esquerda para a direita, os netos mais novos de Dona
Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto e de António Ramos Pinto: Mário José Rosas Leitão; Maria Eugénia
Rosas Nicolau de Almeida; Fernando Rosas Nicolau de Almeida; António Pedro Nugent Ramos Pinto; Maria

LXXI
Figura 129 - Visita da Rainha Isabel II de Inglaterra
Figura 128 - Cumprimentos de boas-vindas pelo à cidade do Porto: subindo as escadas do Palácio
funcionalismo ao novo Presidente da Câmara da Bolsa, 1957. Ao lado da Rainha Isabel II, o
Municipal, 1953. Da direita para a esquerda, a Presidente da Associação Comercial do Porto,
primeira figura, António de Oliveira Cálem, António de Oliveira Cálem. (Arquivo Municipal do
presidente cessante. Ao centro, o novo Porto, 1957).
presidente, o Eng. António Machado Vaz. (Arquivo
Municipal do Porto, 1953).

Figura 130 - António Ramos Pinto, inícios séc. XX?. Figura 131 - Extrato de uma fotografia de José
(Museu Adriano Ramos Pinto, 2023). Rosas Júnior, nos inícios do séc. XX. (Sousa, 2012:
42)

Luísa Rosas Nicolau de Almeida; Raul Nugent Ramos Pinto; Maria Manuel Nugent Ramos Pinto; Virgínia
Nugent Ramos Pinto; Helena Maria Rosas Leitão, e Adriano Nugent Ramos Pinto.

LXXII
Figura 132 - Casa de Raul Adriano de Castro Ramos Pinto, na Rua de São Roque da Lameira, Séc. XX. Na
fotografia encontra-se o jardineiro de Raul Adriano a regar os jardins de sua casa. (Arquivo Pessoal do
Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto,
2023).
Desenhos

Figura 133 - Retrato de Dona Maria Virgínia de Figura 134 - Retrato de António de Oliveira Cálem
Castro Ramos Pinto, desenho de António (Reprodução de pintura da autoria de Eduardo
Carneiro, séc. XIX?. (Arquivo pessoal do Arquiteto Malta), 1901-1906. (CPF. Fundo Fotografia Alvão
Domingos Tavares, 2023). Lda., 1902/1972, PT/CPF/ALV/001239, 1901-
1906).

Figura 135 - António Ramos Pinto com o seu galgo, Figura 136 - Ex-libris de Maria Eugénia de Castro
caricatura de João Almeida e Brito, Granja, maio Ramos Pinto Cálem, na Exposição de Ex-Libris
de 1911. (Castro, 1973: 503). Portuenses, desenho de José Rosas Júnior, 1954.
(Boletim Cultural da Câmara Municipal do Porto.
– V. XVII, fasc. 3-4 (Set.-Dez. 1954), p. 536).

LXXIII
Figura 137 - Ex-libris de António Eugénio de Castro Figura 138 - Ex-libris de António Eugénio de Castro
Ramos Pinto Cálem, na Exposição de Ex-Libris Ramos Pinto Cálem, na Exposição de Ex-Libris
Portuenses, desenho de José Rosas Júnior, 1954. Portuenses, 1954. (Boletim Cultural da Câmara
(Boletim Cultural da Câmara Municipal do Porto. – Municipal do Porto. – V. XVII, fasc. 3-4 (Set.-Dez.
V. XVII, fasc. 3-4 (Set.-Dez. 1954), p. 535). 1954), p. 536).

Figura 139 - António Ramos Pinto, desenho de Figura 140 - António Ramos Pinto, 1978.
Eduardo Malta, séc. XX. (Arquivo pessoal do (CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de
Arquiteto Domingos Tavares, 2023). inventário: MC.NSR.0056. Atualmente nas
Reservas Municipais (Ramalde), 2023).
Escritos

LXXIV
Figura 141 - Entrega da sociedade da firma de Figura 142 - Escritura da ação especial para
vinhos (Adriano Ramos Pinto & Irmão) a António alienação de bens dotais, 1914. (Arquivo Pessoal
Ramos Pinto, 1896. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul do Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de António
Ramos Pinto, descendente de António Ramos Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos
Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, Pinto, 2023).
2023).

Figura 143 - Relação dos empregados de António Figura 144 - Menu de Ano Novo de 1931, na Casa
Ramos Pinto, na Casa de São Roque, 1928. Ramos Pinto, 1931. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul
(Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, Ramos Pinto, descendente de António Ramos
descendente de António Ramos Pinto e de Maria Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto,
Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023). 2023).
Objetos pessoais

Figura 145 - Caixa de rapé, tartaruga, miniatura, Figura 146 - Caixa de rapé, tartaruga, miniatura,
busto de mulher nua, com concha na mão, 1942. grupo, senhora com três crianças, 1942. (MNSR,
(MNSR, Coleção de caixas de rapé, N.º 1, 2023). Coleção de caixas de rapé, N.º 9, 2023) (©Paulo
(©Paulo Costa, 2023). Costa, 2023).

LXXV
Figura 147 - Caixa de rapé, marfim, escultura Figura 148 - Caixa de rapé, tartaruga, com
miniatural, 1942. pedrarias, centro bordado a lantejoilas, 1942.
(MNSR, Coleção de caixas de rapé, N.º 12, 2023). (MNSR, Coleção de caixas de rapé, N.º 15, 2023).
(©Paulo Costa, 2023). (©Paulo Costa, 2023).

Figura 149 - Caixa de rapé, tartaruga, miniatura, D. Figura 150 - Caixa de rapé, tartaruga, miniatura,
Miguel I […]. Português, 1942. (MNSR, Coleção de com D. Maria II com carta constitucional, 1942.
caixas de rapé, N.º 19, 2023). (©Paulo Costa, (MNSR, Coleção de caixas de rapé, N.º 21, 2023).
2023). (©Paulo Costa, 2023).

Figura 151 - Leque plissado, 1978. Atualmente nas


Reservas Municipais (Paranhos).
(CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de Figura 152 - Alguns dos retratos miniaturas de
inventário: MC.NSR.0073). bolso da coleção de António Ramos Pinto, Séc. XX.
(Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto,
descendente de António Ramos Pinto e de Maria
Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023).

Figura 153 - Condecoração da Ordem da Figura 154 - Medalha de prata dourada. Em relevo
Benemerência. No reverso tem escrito: Associação Comercial do Porto. 1834-1934, 1978.
Bijouteries. Ordres. Medailles. Lemaitre. 346. Rue Atualmente na Casa Tait (Porto).
St. Honoré-Paris, 1978. Atualmente na Casa Tait (CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de
(Porto). (CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de inventário: MC.NSR.0019a-b, 1978).
inventário: MC.NSR.0007, 2023).

LXXVI
Figura 155 - Condecoração de metal prateado e Figura 156 - Condecoração de metal dourado. Ao
dourado. Ao centro, a ouro, a efígie da República centro as Armas de Portugal circundadas pela
Francesa, circundada pela frase Republique legenda Mérito Industrial, 1978. Atualmente na
Française – 1870, 1978. Atualmente na Casa Tait Casa Tait (Porto).
(Porto). (CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de (CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de
inventário: MC.NSR.0006a-b, 1978). inventário: MC.NSR.0005, 1978).
Peças de mobiliário do antigo Palacete Ramos Pinto

Figura 157 - Pintura A Virgem e o menino, 1978. Figura 158 - Retrato de António Teixeira Pinto, pai
Atualmente nas Reservas Municipais (Paranhos). de António Ramos Pinto, 1978. Atualmente nas
(CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de Reservas Municipais (Paranhos).
inventário: MC.NSR.0021, 1978). (CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de
inventário: MC.NSR.0026, 1978).

Figura 160 - Mesa de jantar e as respetivas


Figura 159 - Eugenie Antoinette Ramos Pinto, mãe cadeiras (16) e dois apliques de parede ao fundo,
de António Ramos Pinto, 1978. Atualmente nas 1978. Atualmente na Casa do Roseiral (Palácio de
Reservas Municipais (Paranhos). Cristal, Porto). (© Paulo Costa, 2023).
(CMP_NSR_lista_de_objeto_total, N.º de
inventário: MC.NSR.0027, 1978).

LXXVII
Figura 161 - Aparador estilo império com Figura 162 - Armário/louceiro fixo em madeira,
candelabros de cinco lumes, 1978. Atualmente na 1978. Atualmente na Casa São Roque (Porto). (©
Casa do Roseiral (Palácio de Cristal, Porto). Paulo Costa, 2023).
(©Paulo Costa, 2023).

Figura 163 - Cadeirões revestidos a de tecido de Figura 164 - Espelho/bengaleiro, 1978.


cor verde com padrão de flores em rosa velho, Atualmente na Casa São Roque (Porto). (©Paulo
1978. Atualmente na Casa do Roseiral (Palácio de Costa, 2023).
Cristal, Porto). (© Paulo Costa, 2023).

Figura 165 - Armário vitrine, 1978. Atualmente na Casa do Roseiral (Palácio de Cristal, Porto). (©Paulo
Costa, 2023).

LXXVIII
Residências na Praia da Granja (planta topográfica da Praia da Granja de
1880)

Figura 166 - Planta parcial da Granja, com indicação de alguns dos primitivos proprietários, 1880.
Demarcado a azul, o prédio/terreno herdado por Raul Adriano de Castro Ramos Pinto aquando do
falecimento de António Ramos Pinto, em 1944. Demarcado a amarelo, a norte da linha do caminho-
de-ferro, a Capela de Santa Cruz, propriedade que António Ramos Pinto, em sociedade, adquiriu em
1921. (Castro, 1973: planta topográfica de 1880).

LXXIX
Figura 167 - Planta parcial da Granja, com indicação de alguns dos primitivos proprietários, 1880. A sul
da linha do caminho-de-ferro, as propriedades (habitações) que António Ramos Pinto possuía em 1880.
Demarcado a verde, o prédio/terreno herdado por Maria Antónia e, demarcado a vermelho, o
prédio/terreno herdado por Maria Eugénia, a Villa Eugenia, aquando do falecimento de António Ramos
Pinto, em 1944. (Castro, 1973: planta topográfica de 1880).

LXXX
Anexo 8: Sequência dos registros civis de nascimento, casamento
e óbito dos antigos habitantes da Quinta e a Casa (de S. Roque)
da Lameira

1785/86 – Nascimento de António de 1850 – Nascimento de Maria Virgínia de


Oliveira Guimarães, em São Torcato, Castro, em Sé, Porto.
Guimarães (Braga). 1852 – Morte de Maria Virgínia de Oliveira
1790 – Nascimento de Ana Gonçalves e Castro, em Sé, Porto.
Ferreira Lousada, em São Mamede de 1854 – Nascimento de António Ramos
Valongo, Valongo. Pinto, em Sto. Ildefonso, Porto.
1792 – Nascimento de Maria José Gonçalves 1862 – Morte de António Vicente de Castro,
de Oliveira, em Campanhã, Porto. em Sé, Porto.
1795 – Nascimento de José Caetano Coelho 1871 – Casamento entre Maria Virgínia de
Lousada, em Sto. Ildefonso, Porto. Castro (Leitão) e Narciso Thomaz Trindade
1795 – Nascimento de António Gonçalves, Pinto Leitão, em Sé, Porto.
em Campanhã, Porto. 1872 – Ana Gonçalves Ferreira Lousada já
1821 – Morte de João Gonçalves Pereira, era falecida.
em Campanhã, Porto. 1872 – Nascimento de Jaime de Castro
1821 – Casamento entre José Caetano Leitão, em Vitória, Porto.
Coelho Lousada e Dona Ana Gonçalves 1874 – Nascimento de Virgínia de Castro
Ferreira Lousada, em Sto. Ildefonso, Porto. Leitão, em Vitória, Porto.
1821 – Nascimento de António Vicente de 1881 – Morte de José Caetano Coelho
Castro, em São Paio, Guimarães (Braga). Lousada, em Campanhã, Porto.
1822 – Nascimento de Maria Virgínia de 1882 – Morte de Narciso Thomaz Trindade
Oliveira e Castro, em Sto. Ildefonso, Porto. Pinto Leitão, em Encarnação, Lisboa.
1825 – Nascimento de Olinda Augusta da 1885 – Nascimento de José Maria Ayres da
Conceição Lousada, em Sto. Ildefonso, Silva Rosas.
Porto. 1888 – Nascimento de António de Oliveira
1830 – Nascimento de Delfina Hermínia Cálem, em Lordelo do Ouro, Porto.
Lousada, em Sto. Ildefonso, Porto. 1888 – Casamento entre Maria Virgínia de
1832 – Nascimento de José Coelho Lousada, Castro (Ramos Pinto) com António Ramos
em Sto. Ildefonso, Porto. Pinto, em Sto. Ildefonso, Porto.
1833 – Nascimento de Josefina Cândida 1889 – Nascimento de Maria Eugénia de
Coelho Lousada, em Sto. Ildefonso, Porto. Castro Ramos Pinto, em Sto. Ildefonso,
1839 – Nascimento de Narciso Thomaz Porto.
Trindade Pinto Leitão, em Sé, Porto. 1891 – Nascimento de Maria Antónia de
1841 – Morte de Dona Ana Ferreira, em Sé, Castro Ramos Pinto, em Bonfim, Porto.
Porto. 1895 – Morte de José Coelho Lousada, em
1847 – Casamento entre António Vicente de Bonfim, Porto.
Castro e Dona Maria Virgínia de Oliveira e 1895 – Nascimento de Raul Adriano de
Castro, em Sé, Porto. Castro Ramos Pinto, em Campanhã, Porto.
1848 – Nascimento de António de Castro, 1899 – Morte de Josefina Cândida Coelho
em sé, Porto. Lousada, em Bonfim, Porto.
1850 – Morte de António de Castro, em Sé, 1911 – Casamento entre Maria Antónia de
Porto. Castro Ramos Pinto (Rosas) e José Maria da
Silva Ayres Rosas, em Campanhã, Porto.

LXXXI
1912 – Casamento entre Maria Eugénia de 1943 – Nascimento de António Gabriel
Castro Ramos Pinto (Cálem) e António de Cortez Ramos Pinto Cálem, em Campanhã,
Oliveira Cálem. Porto.
1913 – Nascimento de António Eugénio de 1944 – Morte de António Ramos Pinto, em
Castro Ramos Pinto Cálem, em Campanhã, Campanhã, Porto.
Porto. 1946 – Morte de Jaime de Castro Leitão, em
1914 – Casamento entre Jaime de Castro Lumiar, Lisboa.
Leitão e Maria de Lurdes de Clamouse 1946 – Nascimento de Isabel Eugénia Cortez
Browne Van-Zeller. Ramos Pinto Cálem, em Campanhã, Porto.
1914 – Morte de Delfina Hermínia Lousada, 1958 – Morte de José Maria Ayres da Silva
em Campanhã, Porto. Rosas, em Vitória, Porto.
Antes de/ou em 1919 – Casamento de 1963 – Morte de António de Oliveira Cálem,
Virgínia de Castro Leitão (Aguiar). em Campanhã, Porto.
Antes de 1932 – Casamento entre Raul 1976 – Morte de Maria Eugénia de Castro
Adriano de Castro Ramos Pinto com Suzana Ramos Pinto Cálem, em Campanhã, Porto.
Frances Moreira Nugent. 1976 – Morte de Maria Antónia de Castro
1938 – Morte de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto Rosas, em Nevogilde, Porto.
Ramos Pinto. 1981 – Morte de Raul Adriano de Castro
Antes de 1943 – Casamento entre António Ramos Pinto.
Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem e 1990 – Morte de António Eugénio de Castro
Suzana Maria Brunner Cortez. Ramos Pinto.

LXXXII
Anexo 9: Proposta de conteúdos a potenciar em exposição
dedicada a Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto
Título da exposição: Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, senhora da Quinta
da Lameira

Figura 168 - Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, anos 80/90 (Séc. XIX)?. (Arquivo
Pessoal de António Ramos Pinto, 2023)
Subtema 1: Os seus antecedentes - os Lousada, os Castro e os Gonçalves
Bisavós maternos, pais de José Caetano Coelho Lousada
Agostinho José Coelho (1771-?) Maria Lopes Martins (1772-1810)
Bisavós maternos, pais de Ana Gonçalves Ferreira Lousada, proprietários e habitantes da
Quinta da Lameira
João Gonçalves Pereira (?-1821)

Figura 169 - Extrato do registo de óbito de João Gonçalves Pereira, morador no lugar da Lameira, Campanhã, 1821.
(ADP, Paróquia de Campanhã, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0009, fl. 450 e 450v, 1821).
Ana Ferreira (?-1841)

Figura 170 - Extrato do registo de óbito de Ana Ferreira, moradora que foi no lugar da Lameira, Campanhã, 1841.
Fonte: ADP, Paróquia de Campanhã, PT/ADPRT/PRQ/PPRT03/003/0010, fl. 387, 1841).

LXXXIII
Avôs maternos de Maria Virgínia de Castro, antigos habitantes da Quinta da Lameira
José Caetano Coelho Lousada (1795-1881) Ana Gonçalves Ferreira Lousada (1790-antes
de 1872)

Figura 171 - José Caetano Coelho Lousada, 1978. Figura 172 - Ana Gonçalves Ferreira Lousada, 1978.
(CMP_ NSR_lista_de_objetos_total, N.º de inventário: (CMP_ NSR_lista_de_objetos_total, N.º de inventário:
MC.NSR.0058, 1978). MC.NSR.0059, 1978).
Tios maternos (Lousada) de Maria Virgínia de Castro, alguns habitantes da Quinta da
Lameira
Olinda Augusta da Conceição Delfina Herminia Lousada Josefina Cândida Coelho
Lousada (1825-?) (1830-1914) Lousada (1833-1899)

Figura 173 - Uma das filhas Lousada: Delfina Hermínia Lousada ou Josefina Cândida Coelho Lousada ou Olinda
Augusta da Conceição Lousada, 1978. (CMP_ NSR_lista_de_objetos_total, N.º de inventário: MC.NSR.0024, 1978).
Orminda Coelho António José Virgínia Amélia Augusto Lousada
Lousada (1826-?) Coelho Lousada Lousada Plácido (1829- (1835-1836)
(1827-1859) 1852)
José Coelho Lousada (1832-1895)

Virgínia Lousada (de Menezes)


(?-?)

LXXXIV
Figura 174 - Possivelmente José Coelho Lousada, 1978.
(CMP_ NSR_lista_de_objetos_total, N.º de inventário:
MC.NSR.0023, 1978).
Avôs paternos de Maria Virgínia de Castro (ambos de Guimarães, Braga)
José de Castro Sampaio Maria Rita Dias de Castro
Subtema 2: O nascimento
Texto informativo: Maria Virgínia de Castro nasceu a 9 de novembro de 1850, na freguesia
da Sé, Porto. Era filha de Maria Virgínia de Oliveira e Castro e de António Vicente de Castro e
moravam na rua das Flores ao seu nascimento.

Figura 175 - Extrato do registo de batismo de Maria Virgínia de Castro, 1850. (ADP, Paróquia de Sé
PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/001/0043 fl. 43 v, 1850).
Pais de Maria Virgínia de Castro
Maria Virgínia de Oliveira e Castro (1822- António Vicente de Castro (1821-1862)
1852)

Figura 177 - Extrato do registo de casamento entre


Figura 176 - Dona Maria Virgínia de Oliveira e Castro,
António Vicente de Castro e Maria Virgínia de Oliveira e
1978. (CMP_ NSR_lista_de_objetos_total, N.º de
Castro, 1847. (ADP, Paróquia de Sé,
inventário: MC.NSR.0057, 1978).
PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/002/0031, fl. 298v, 1847).
Padrinhos de batismo de Maria Virgínia de Castro

LXXXV
Maria José Gonçalves de Oliveira (1792-
1853), esposa de António de Oliveira
Guimarães (1785/86-1850) e antiga
proprietária e habitante da Quinta da
Lameira.

José Fortunato Ferreira de Castro (por


procuração de Agostinho Francisco Velho)

Figura 178 - Registo dos monumentos funerários Maria


(José) Gonçalves de Oliveira, 1850. (Arquivo Histórico
da Irmandade da Lapa, 1850).
Subtema 3: A infância
Órfã de mãe aos 2 anos
Texto informativo: A 2 de julho de 1852 morre Maria Virgínia de Oliveira e Castro, deixando
a sua filha Maria Virgínia de Castro órfã e o seu marido, António Vicente de Castro, viúvo e
responsável pela filha. Nesta altura morariam na rua das Flores.

Figura 179 - Extrato do registo de óbito de Maria Virgínia de Oliveira e Castro, 1852. (ADP, Paróquia de Sé
PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0067 fl. 81v, 1852).

LXXXVI
Órfã de pai aos 11 anos
Texto informativo: A 21 de fevereiro de 1862 morre António Vicente de Castro, deixando a
filha Maria Virgínia de Castro, já órfã de mãe, também órfã de pai aos 11 anos. António
Vicente de Castro deixou a sua filha à responsabilidade de um tutor, um grande amigo seu,
Agostinho Francisco Velho. Pediu também à sua criada Josefa que fosse viver com a sua filha
numa casa cómoda e sadia e que nunca deixasse a mesma, aconselhando-lhe e
encaminhando-a para um futuro feliz. Terá sido escolhida a casa da Quinta da Lameira, que
o seu pai havia herdado de Maria José Gonçalves de Oliveira.

Figura 180 - Extrato do registo de óbito de António Vicente de Castro, 1862. (ADP, Paróquia de Sé
PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/003/0024 fl. 11v, 1862).
Maria Virgínia de Castro, herdeira da Quinta da Lameira
Texto informativo: Herdou do seu pai Maria Virgínia de Castro a propriedade em Campanhã,
a Quinta da Lameira, após este ter falecido, em 1862, ainda ela criança e menor.

Figura 181 - Extrato do registo do testamento com que faleceu António Vicente de Castro, 1861. Transcrição:
Declaro que do meu matrimonio só tenho hoje viva uma filha, Maria Virgínia de Castro, de menor de idade, á qual
constituo minha única e universal herdeira […]. (AMP – A-PUB/5009 - f. 127v-129v - Registo do testamento com
que faleceu António Vicente de Castro, 1861).

LXXXVII
Subtema 4: O primeiro casamento
Texto informativo: Aos 8 de fevereiro de 1871, com 20 anos de idade, Maria Virgínia de
Castro (Leitão) casou com Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão, este com 31 anos e de
profissão negociante, na igreja da Sé, Porto. Foram testemunhas do casamento o tutor de
Maria Virgínia de Castro, Agostinho Francisco Velho, e a sua mulher Joaquina Augusta
d´Andrade Velho. A esta data Maria Virgínia de Castro Leitão residia na casa do seu tutor, na
rua de Dona Maria Segunda. A sua infância e adolescência foi passada em duas residências,
a casa da Quinta da Lameira, em Campanhã, onde viviam familiares seus, e a casa do seu
tutor, na Sé.

Figura 182 - Extrato do registo de casamento entre Maria Virgínia de Castro (Leitão) e Narciso Thomaz Trindade
Pinto Leitão, 1871. (ADP, Paróquia de Sé PT/ADPRT/PRQ/PPRT14/002/0050 fl. 17 e 17 v, 1871).
O marido Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão
Texto informativo: Nasceu a 26 de junho de 1839, na freguesia da Sé (Porto) e era filho de
José Pinto Leitão e de Maria Delfina Trindade Pinto Leitão. Foi um negociante portuense que
dedicou ao negócio da ourivesaria, tendo sido proprietário da firma de ourivesaria Leitão &
Irmão.

Figura 183 - Fachada da loja Leitão & Irmão, no Largo do Chiado (Sta. Maria Maior, Lisboa), aberta em 1877.
(Comércio com História. Leitão & Irmão. Disponível em: Leitão e Irmão - Comércio com História
(comerciocomhistoria.gov.pt) (consultado em: 01/09/2023))

LXXXVIII
Os filhos Leitão
Texto informativo: Jaime de Castro Leitão nasceu a 13 de janeiro de 1872 (Vitória, Porto) e
casou com Maria de Lurdes de Clamouse Browne Van-Zeller a 6 de janeiro 1914. Faleceu na
freguesia do Lumiar (Lisboa) a 29 de maio de 1946.

Figura 184 - Extrato do registo de batismo de Jaime de Castro Leitão, 1872. (ADP, Paróquia de Vitória
PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0031, fl. 7, 1872).
Texto informativo: Virgínia de Castro Leitão Aguiar nasceu a 17 de outubro de 1874 (Vitória,
Porto) e terá casado antes de 1919. Desconhece-se a sua data de falecimento.

Figura 185 - Extrato do registo de batismo de Virgínia de Castro Leitão, 1874. (ADP, Paróquia de Vitória
PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0033, fl. 121, 1874).

LXXXIX
Subtema 5: Viúva de Narciso Thomaz Trindade Pinto Leitão
Texto informativo: Fruto do negócio do seu marido Narciso, Maria Virgínia de Castro Leitão
passou também o seu quotidiano na capital do país. No dia 12 de março de 1882, após terem
assistido a um espetáculo na Ópera São Carlos (Teatro Nacional de São Carlos), em Lisboa,
Maria Virgínia de Castro assistiu à morte espontânea do seu marido. Ficou assim viúva e com
os seus dois filhos menores e órfãos de pai. Após este nefasto acontecimento regressou à
cidade do Porto, à sua Casa e Quinta da Lameira, em Campanhã, onde refez a sua vida e
próxima das suas tias Lousada (Delfina, Josefina e Olinda).

Figura 186 - Extrato do registo de testamento com que faleceu Narciso Pinto Leitão, 1875. (AMP – A-PUB/5053 - f.
40v-42v - Registo do testamento com que faleceu Narciso Pinto Leitão, 1875).
Subtema 6: O segundo casamento - uma nova esperança e felicidade
Texto informativo: Aos 38 anos de idade encontrou Maria Virgínia de Castro uma nova
esperança e felicidade ao contrariar matrimónio com António Ramos Pinto a 31 de dezembro
de 1888, em Sto. Ildefonso, Porto. António Ramos Pinto contava com 34 anos, de profissão
negociante e residente na rua de Sá da Bandeira. Maria Virgínia de Castro residia na sua
Quinta da Lameira.

Figura 187 - Extrato do registo de casamento de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto,
1888. (ADP, Paróquia de Santo Ildefonso PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0064, fl. 154-154 v, 1888)

XC
O marido António Ramos Pinto
Texto informativo: Nasceu a 20 de agosto de 1854 em Sto. Ildefonso (Porto) e era filho de
José Joaquim Teixeira Pinto (?-1892, natural de Santa Valha (Chaves), e de Eugénia Antónia
Eugénia Ramos Pinto (1832-1918), natural de Rennes (França). Teve seis irmãos (Adriana,
José, Adriano, Maria das Dores, Maria Eugénia e Carolina). À data do matrimónio exercia a
atividade profissional de fotógrafo, com loja na rua de Sá da Bandeira. Em 1896 entrou para
a empresa de vinhos do Porto criada pelo seu irmão Adriano. Fruto do grande sucesso que a
firma ganhou, realizou obras para enobrecer a Casa e a Quinta da Lameira da sua mulher,
transformando-a num palacete (Palacete Ramos Pinto). Em 1914 a propriedade passou para
o seu nome em 1914.

Figura 188 - António Ramos Pinto, inícios séc. XX?. (Museu Adriano Ramos Pinto, 2023, ©Paulo Costa, 2023).
Os filhos Ramos Pinto
Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto
Texto informativo: Nasceu a 16 de dezembro de 1889 em Sto. Ildefonso, Porto. Na altura do
seu nascimento os seus pais estavam identificados como moradores na rua de Sá da Bandeira.
Casou aos 23 anos com António de Oliveira Cálem, no dia 14 de agosto de 1912. O seu marido
era bisneto do fundador de uma empresa de vinhos do Porto muito afamada, a Cálem, onde
também se dedicou a este negócio. Do matrimónio contraído resultou um único filho, António
Eugénio de Castro Ramos Pinto Cálem (1913-1990). Maria Eugénia herdou a Quinta da
Lameira em 1944, aquando da morte do seu pai. Faleceu a 1 de março 1976, tendo deixado a
Quinta da Lameira ao seu único filho.

XCI
Figura 189 - António Ramos Pinto com a filha Maria Eugénia, 1889/91. (Arquivo Pessoal de António Ramos Pinto,
2023).
Maria Antónia de Castro Ramos Pinto
Texto informativo: Nasceu a 31 de maio de 1891 no Bonfim (Porto), onde a sua família está
identificada como residente ao seu nascimento. Casou a 15 de maio de 1911, aos 19 anos,
com José Maria Ayres da Silva Rosas, negociante e com 25/26 anos. O seu marido dedicou-se
ao negócio da ourivesaria e foi proprietário da firma da família, uma das mais antigas do país
e conhecida como José Rosas & Ca. Depois do casamento, viveu na casa do seu esposo, na rua
do Castelo do Queijo (Montevideu), em Nevogilde, Porto. Do matrimónio resultaram cinco
filhos. Faleceu nesta freguesia aos 28 de outubro de 1976.

Figura 190 - Porto, Casa da Quinta da Lameira: Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto com as filhas Maria Antónia
e Maria Eugénia, 1909580. As figuras são: Dona Maria Antónia (sentada no chão) e Dona Maria Eugénia (em pé).
Desconhece-se a outra figura. (CPF. Coleção Norte de Portugal, Fundo Alberto Marçal Brandão,
PT/CPF/AMB/0001/000590, 1909).
Raul Adriano de Castro Ramos Pinto
Texto informativo: Nasceu a 28 de novembro de 1895 na casa dos seus pais, a Quinta da
Lameira, em Campanhã. Casou a primeira vez com Maria Emília Couceiro da Costa Falcão de
Magalhães Ramos Pinto, que faleceu em 1928, com 21 anos. No seu segundo casamento
casou com Suzana Frances Moreira Nugent (1910-1988), tendo resultado onze filhos do casal.
Também se dedicou ao negócio da sua família, ao vinho do Porto. Viveu perto dos seus pais,
na rua de S. Roque da Lameira, com casa própria desde 1932. Ali morou até ao dia do seu
falecimento, a 15 de março de 1981.

580
Cremos que, com o livro na mão, possa não ser Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, tendo por base
a sua idade em 1909, que contava com 59 anos, enquanto a figura feminina na fotografia aparenta ser
mais jovem.

XCII
Figura 191 - Casa de Raul Adriano de Castro Ramos Pinto, na rua de São Roque da Lameira, Séc. XX. Na fotografia
encontra-se o jardineiro de Raul Adriano a regar os jardins de sua casa, com o antigo Instituto Moderno ao fundo.
(Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto, 2023).
Subtema 7: Maria Virgínia e a sua família na Quinta e Casa da Lameira

Figura 192 - Porto, Casa da Quinta da Lameira, 1909. Figura 193 - Porto, Quinta da Lameira: Maria Virgínia de
Na fotografia estão representados Dona Maria Virgínia Castro Ramos Pinto passeando no jardim do palacete,
de Castro Ramos Pinto, na varanda, e António Ramos 1909. (Coleção Norte de Portugal, Fundo Alberto Marçal
Pinto, no fundo da escadaria. (CPF. Coleção Norte de Brandão, PT/CPF/AMB/0001/000600, 1909).
Portugal, Fundo Alberto Marçal Brandão,
PT/CPF/AMB/0001/000574, 1909).

Figura 194 - Maria Virgínia de Castro com as filhas na Figura 195 - Porto, Casa da Quinta da Lameira: Beatriz e
sala a ler, 1909581. As figuras são: Dona Maria Eugénia Julieta Marçal Brandão com os amigos Ramos Pinto,
(em pé), Dona Maria Antónia, sentada à esquerda, e, 1909. O homem na fotografia é António Ramos Pinto. A
possivelmente, Dona Virgínia de Castro Leitão, sentada figura feminina com avental branco, possivelmente, é a
à direita. (Coleção Norte de Portugal, ama da família, Cacilda. As restantes figuras seriam,
PT/CPF/AMB/0001/000209, 1909). provavelmente, familiares de Alberto Marçal Brandão.
(CPF. Coleção Norte de Portugal, Fundo Alberto Marçal
Brandão, PT/CPF/AMB/0001/000591, 1909).

581
Cremos que, com o livro na mão, possa ser Virgínia de Castro Leitão, e não Dona Maria Virgínia de
Castro Ramos Pinto, como identifica o CPF. Fundamentamos esta afirma-se tendo por base as idades de
cada figura na época. Nitidamente que no registo fotográfico aparenta ser uma figura feminina mais
jovem, enquanto Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto no ano de 1909 contava já com 59 anos. Além
disso, parece-nos ser uma figura feminina na casa dos seus trinta ou quarenta anos, idade que pode
corresponder à idade de Virgínia de Castro Leitão naquela altura.

XCIII
Figura 196 - Família Ramos Pinto com grupo de amigos Figura 197 - Família Ramos Pinto com grupo de amigos
na zona da mata, atrás da sua Quinta da Lameira, na zona da mata, atrás da sua Quinta da Lameira,
1909/10?582. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, 1909/10?583. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto,
descendente de António Ramos Pinto e de Maria descendente de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia
Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023). de Castro Ramos Pinto, 2023).

Figura 198 - Fotografia de família na festa de casamento de Dona Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto Cálem com
António de Oliveira Cálem, realizada a 15 de agosto de 1912, na residência da família na Quinta da Lameira,
1912584. (Arquivo Pessoal de António Ramos, 2023).

582
Encostados à árvore do lado direito estão António Ramos Pinto e Dona Maria Virgínia. À frente de
António Ramos Pinto, uma figura mais jovem, sem chapéu e de vestes brancas, o filho Raul Adriano. A
contar da árvore do lado direito, da direita para a esquerda, a segunda figura feminina sentada com um
vestido às riscas é Maria Eugénia. Da árvore do lado esquerdo, entre duas figuras femininas, sem chapéu
e com o vestido às riscas igual ao de Maria Eugénia, está a sua irmã, em pé, Maria Antónia. Desconhece-
se a identificação das restantes figuras, podendo ser amigos e/ou outros familiares.
583
Da esquerda para a direita, a senhora sem chapéu, é Dona Maria Virgínia. Sentado, ao lado de Dona
Maria Virgínia, sem chapéu e de vestes brancas, o filho Raul Adriano. Das figuras femininas sentadas, sem
chapéu e com vestido às riscas, a filha Maria Antónia. Da direita para a esquerda, a terceira figura
masculina de pé, é António Ramos Pinto. Maria Eugénia não está presente nesta fotografia. Desconhece-
se a identificação das restantes figuras, podendo ser amigos e outros familiares.
584
Em primeiro plano, sentado no chão, José Maria Ayres da Silva Rosas, marido de Dona Maria Antónia
de Castro Ramos Pinto Rosas. Em segundo plano, sentada e de vestido de casamento de cor branca, Dona
Maria Eugénia de Castro Ramos Pinto Cálem, e, do seu lado direito, de fato de noivo, António de Oliveira
Cálem. Da direita para a esquerda, a primeira figura feminina, de pé e com um chapéu, possivelmente,

XCIV
Figura 199 - Salão do antigo palacete, 1916. (Arquivo Figura 200 - Salão do antigo palacete, 1916. (Arquivo
Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de
António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto, 2023). Ramos Pinto, 2023).

Figura 201 - Salão do antigo palacete, com registo Figura 202 - Sala-de-jantar do antigo palacete, 1916.
fotografado da sala-de-jantar, 1916. (Arquivo Pessoal (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto, descendente
do Dr. Raul Ramos Pinto, descendente de António de António Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro
Ramos Pinto e de Maria Virgínia de Castro Ramos Ramos Pinto, 2023).
Pinto, 2023).

Dona Virgínia de Castro Leitão. No segundo plano, ao lado esquerdo da noiva, Dona Maria Virgínia de
Castro Ramos Pinto. Ao lado de Dona Maria Virgínia de Castro Ramos Pinto, uma das duas figuras
femininas que aparentam ser mais velhas, poderá ser a sua tia Dona Delfina Hermínia Lousada. Em
terceiro plano, em pé e entre os noivos, Dona Maria Antónia de Castro Ramos Pinto Rosas. Em quarto
plano, ao fundo e da direita para a esquerda, entre duas figuras masculinas mais velhas, uma figura
masculina mais jovem e de laço preto, Raul Adriano de Castro Ramos Pinto. Do lado oposto da fotografia,
o quarto homem da esquerda para a direita, António Ramos Pinto. Ao fundo, do lado esquerdo da
fotografia, o jardim de inverno da casa.

XCV
Figura 203 - Possível sala-de-estar do antigo palacete,
1916. (Arquivo Pessoal do Dr. Raul Ramos Pinto,
descendente de António Ramos Pinto e de Maria
Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023).

Figura 204 - Palacete Ramos Pinto na rua de São Roque


da Lameira, 1916. (Arquivo pessoal do Dr. Raul Ramos
Pinto, descendente de António Ramos Pinto e de Maria
Virgínia de Castro Ramos Pinto, 2023).

XCVI

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