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MALAQUIAS

• O livro de Malaquias é o último dos doze profetas menores e o livro final do


Antigo Testamento;
• O profeta Malaquias pregou para uma audiência diversa. Seus sermões foram
direcionados para uma comunidade desiludida, cínica, dura, desonesta, apática,
e cética no período pós-exílico;
• Contudo, os sermões de Malaquias são profundamente pastorais, assim como
sua retórica e sua argumentação. Seu texto expressa a vontade de Deus e de
Seu mensageiro em destacar os atributos redentivos e justos do Senhor;
• Como um líder espiritual, o profeta é representado exortando sua audiência a ter
uma vida mais honesta e sincera diante do Senhor;
• A mensagem divina para o povo através desse profeta é clara: “’Eu sempre amei
vocês’, diz o Senhor” (Mal 1:2).
Contexto Histórico,
Autoria e Audiência
Contexto Histórico

• O Livro de Malaquias, com suas ênfases em problemas de


conflito social (2:10; 3:5), de influência estrangeira (2:11) e
frouxidão no culto (1:8, 10–14; 3:8– 10), se ajusta bem ao que
sabemos das condições de Judá na primeira metade do 5º
século A.C.
• Particularmente a influência estrangeira (Esdras 9–10; Ne 13:1–
9, 23–31) e a descontinuação dos dízimos (Ne 13:10–13) foram
assuntos de preocupação para os reformadores Esdras e
Neemias.
Contexto Histórico

• A evidência bíblica confirma que quem administrava Judá naquele


período era inepto ou corrupto ou ambos. Havia pobreza severa
devido aos altos impostos (Ne 5:4, 15) e inflação causada pelas
políticas econômicas persas e fome (Ne 5:3), resultando no
confisco de propriedades (Ne 5:5, 11) e escravidão por dívida (Ne
5:5, 8);
• As taxas de juros, que eram cerca de 20 por cento sob Ciro e
Cambises, aumentariam para 40-50 por cento no final do século V,
o que pode ter sido um fator contribuinte para a inflação;
• Mas Neemias parece colocar grande parte da culpa nos “ex-
governadores” que, com sua renda obtida por meio de impostos,
avidamente “sobrecarregavam o povo” (Ne 5:14-15).
Autoria
• Embora o nome “Malaquias” seja claramente mencionado em
Mal 1:1, alguns estudiosos acreditam que o livro é silente a
respeito de sua autoria;
• A razão é que o significado do nome Malaquias é literalmente
“meu mensageiro”, indicando assim que essa poderia ser
apenas uma descrição da função do profeta pelo qual a
revelação divina do livro foi comunicada;
• Adicionalmente, não há qualquer informação bibliográfica a
respeito de Malaquias na Bíblia. Essa, contudo, não é uma
informação que impede que um homem chamado Malaquias
tenha profetizado. Em realidade, o silêncio bíblico sobre sua
origem aparenta ser intencional, pois o centro da mensagem é
a vinda do Senhor e do verdadeiro Mensageiro.
Autoria
• Tradições judaicas posteriores incluem Malaquias, juntamente
com Ageu e Zacarias, entre os membros da Grande Sinagoga
(b. B. Bat. 15a);
• De acordo com tal tradição, essa assembleia de profetas,
anciãos e professores judeus foi importante para colecionar,
preservar e transmitir as escrituras e tradições religiosas
judaicas no período de transição entre o final da era bíblica e o
começo da era rabínica.
Audiência
• Assim, o primeiro discurso de Malaquias é direcionado em geral
à comunidade de fala hebraica vivendo na Jerusalém pós-
exílica e imediações;
• O segundo discurso do profeta é especificamente direcionado
aos sacerdotes e levitas servindo no segundo templo;
• Os últimos quatro discursos, então, são novamente
direcionados à comunidade pós-exílica de Jerusalém em geral;
• Os judeus justos dentro da comunidade retornando à Jerusalém
são destacados e comparados com os ímpios no oráculo final
(Mal 3:16–18).
Audiência: Universo Simbólico
• O período em que Malaquias viveu foi marcado por uma profunda e compreensiva
desconstrução do universo simbólico de Israel. A nação passou por uma destruição
completa e, portanto, suas estruturas sociais e religiosas perderam os elementos concretos
que funcionavam como “lastros simbólicos” para o povo.
• Deste modo, em algumas décadas, as noções de religiosidade, ritual, justiça e moralidade
foram diluídas no ataque babilônico contra a nação.
• Os profetas que viveram no período pós-exílico desempenharam uma função especial em
favor de Israel. Eles foram divinamente orientados a “reconstruir” o universo simbólico de um
povo que não mais tinha os símbolos que lhes concediam coerência e coesão espiritual (o
templo, a terra, a nacionalidade, os rituais, a periodicidade litúrgica, a própria liturgia, etc).
• Neste contexto, profetas como Malaquias foram chamados para auxiliar o povo na
compreensão de sua situação espiritual deplorável e na manutenção de esperança por um
futuro melhor.
• Sugestivamente, Deus utilizou estes profetas para apontar para noções simbólicas
superiores àquelas originalmente mantidas no período pré-exílico. O futuro seria glorioso,
especialmente devido à obra especial que o SENHOR faria em levar a nação à uma
condição espiritual superior (Mal 4:5–6).
Gênero, Estrutura e
Estilo Literários
Gênero literário

“Assim como Zacarias 9–11; 12–14, o livro de Malquias é prefaciado com


o título composto que inclui o termo de classificação de gênero
“oráculo” (Heb. massah) e a fórmula profética “a palavra do Senhor”
(Heb. Debar yhwh). ... A combinação das duas expressões é uma
característica distintiva da profecia bíblica posterior ... O termo
massah significa ”oráculo” ou “fardo” no sentido de um
pronunciamento de julgamento profético e investe a mensagem
profética com divina autoridade e um certo senso de urgência”.

—Hill, DOTP, 529.


Estrutura
• A maioria dos intérpretes divide o livro de Malaquias em seis oráculos
ou disputas;
• O livro segue o padrão geral de uma da literatura profética, incluindo
uma acusação (Mal 1:2–2:7), a ameaça do julgamento divino (Mal 3:1–
5), instrução (Mal 3:6–12) e as consequências (Mal 3:13–4:3);
• O tom do profeta e seu estilo são de confrontação, similares ao
raciocínio e à argumentação bem estruturada típicos de um
ambiente de julgamento;
• Ademais, os oráculos do profeta contêm um tipo de discurso
exortatório. Malaquias busca persuadir o povo à obediência e retorno
ao Senhor;
• Duas características se mostram preeminentes na organização geral
do livro: (1) a organização quiástica de seu conteúdo; e (2) a divisão
clássica das disputas legais que o compõem.
Estrutura: Organização Quiástica

• A — O SENHOR ama (Mal 1:2–5)


• B — Os sacerdotes traíram a Deus (Mal 1:6–14)
• C — A aliança de Levi no passado (Mal 2:1–9)
• D — Chamado à fidelidade (Mal 2:10–16)
• C’ — O futuro mensageiro da aliança (Mal 2:17–3:6)
• B’ — O povo roubou a Deus (Mal 3:7–12)
• A’ — O SENHOR recompensa o justo (Mal 3:13–4:3)
Estilo Literário

• Assim como Ageu e Zacarias, os discursos de Malaquias são essencialmente


sumários em prosa na 3ª pessoa do singular. Portanto, seus discursos são melhor
definidos como “prosa oracular”;
• O adjetivo “oracular” se refere à natureza autoritativa dos discursos, baseada na
inspiração e influência divinas sobre os discursos de Malaquias;
• O substantivo “prosa” descreve a mistura de formas prosaicas e retóricas no texto
do profeta;
• Em outras palavras, este tipo de discurso é caracterizado pelo uso consistente de
fórmulas de linguagem. Assim, expressões como “a mensagem que o Senhor
concedeu” (Mal 1:1), “disse o Senhor Altíssimo” (Mal 1:8, 14; 2:4), “Eu sou o Senhor” (Mal
3:16) e “retornem para mim” (Mal 3:7) são consistentemente utilizadas para
descrever o envolvimento do Senhor com Seu povo.
Estilo Literário

• A linguagem formulaica de Malaquias é cuidadosamente empregada para


compor discursos de juízo que acusam, indiciam e promulgam julgamentos
divinos sobre a audiência;
• Uma das características marcantes deste tipo de recurso literário é que, em
Malaquias, o resultado é um texto argumentativo. Nele, o discurso do profeta
é de disputa, o contrapondo à sua audiência em um diálogo retórico de
confrontação;
• Em Malaquias, esse tipo de discurso contém quatro elementos principais: (1)
uma verdade declarada pelo profeta; (2) uma refutação hipotética da parte
da audiência em forma de pergunta; (3) a resposta do profeta à audiência
rebatendo a refutação inicial; e (4) a apresentação de evidência adicional
em suporte à tese do profeta.
Estilo Literário

O produto e a função de tal estilo literário “é deixar o oponente


destituído de argumentação suplementar e submetido à decisão
divina em questão”.

—Patterson, Joel, Obadiah, Malachi, 303.


Estrutura: Disputas Legais
• Cabeçalho: Malaquias, o mensageiro de Yahweh (Mal 1:1);
• Os Sacerdotes são exortados a não desonrar o Senhor (Mal 1:2–2:9);
• 1ª Disputa: O Amor de Yahweh por Israel (1:2–5);
• 2ª Disputa: Acusação da corrupção sacerdotal (Mal 1:6–2:9);
• Judá é exortado à Fidelidade (Mal 2:10–3:6);
• 3ª Disputa: Acusação sobre a infidelidade do povo (Mal 2:10–16);
• 4ª Disputa: O vindouro divino mensageiro de justiça e julgamento
(Mal 2:17–3:6);
• Judá é Exortado a Retornar e Lembrar (Mal 3:7–4:6);
• 5ª Disputa: O chamado para servir Yahweh (Mal 3:7–12);
• 6ª Disputa: O vindouro dia do julgamento (Mal 3:13–4:4);
• Elias e o dia de Yahweh (Mal 4:5–6).
Os Sacerdotes são exortados a
não desonrar o Senhor (Mal 1:2–2:9)
O amor de Yahweh por Israel (Mal 1:2–5)
• Esses versículos contêm a disputa entre o Senhor e Judá. Judá responde
à afirmação de que Deus os ama com uma pergunta insolente
expressando dúvida. Essa abertura do livro sugere que o
questionamento de Judá sobre o amor de Deus será um tema
importante ao longo do livro;
• Ao contrário do Israel pré-exílico, cuja abundância os seduziu a
esquecer de Deus (Dt 8:12-14; Os 13:4-6), o povo de Judá permitiu que
suas dificuldades roubassem seu senso da presença amorosa de Deus;
• Em ambos os casos, o problema subjacente era a ingratidão. Porque
eles falharam em reconhecer o amor de Deus, eles não estavam
mostrando amor uns aos outros (2:10, 14-16; 3:5). O restante do
parágrafo após a pergunta de Judá é o argumento do Senhor. Ele
declara que seu amor por Judá havia sido abundantemente
demonstrado na história recente em contraste com seu trato com a
nação de Edom (vv. 3-4) e que um dia Israel não mais duvidaria de sua
amor (v. 5).
A Falha dos Sacerdotes em honrar o Senhor (1:6–9)

• A audiência deste parágrafo é especificada em 1:6 como os


sacerdotes. O tópico deste parágrafo é anunciado pela pergunta
retórica de Deus: “Onde está a honra/respeito que me é devido?”
Aqui está a primeira indicação explícita no livro do problema que o
profeta estava abordando: o fracasso de Judá, começando pelos
sacerdotes, em honrar/temer ao Senhor (cf. Ne 9:16-17, 26, 29).
• O tema de honrar ou temer ao Senhor aparecerá várias vezes em
Malaquias (1:11, 14; 2:2, 5; 3:5, 16; 4:2), tornando-se um tema principal
do livro. Apesar do amor do Senhor, Judá falhou em honrá-lo. O livro,
no entanto, não contém nenhum comando explícito para honrar o
Senhor. Em vez disso, o público recebe exemplos do que acontece
com aqueles que o honram ou deixam de honrá-lo (2:2; 3:5, 16; 4:2).
Parem com as ofertas sem sentido! (1:10)

• Aqui ocorre a primeira verdadeira diretriz/ordem do livro. Ela se


baseia nos fundamentos apresentados em 1:6-9 e elaborados em
1:11–14. O texto denuncia o fato de os sacerdotes demonstrarem por
suas ofertas impróprias uma atitude de desprezo pelo Senhor;
• Embora a exortação seja dada para fechar o templo, isso é uma
trágica ironia. O que o Senhor realmente desejava pode ser inferido
de 1:6–14: temor e honra manifestados em sacrifícios apropriados e
advindos de corações puros. Contudo, para Ele, a ausência de rituais
seria preferível ao ritual vazio que eles estavam orquestrando.
Adoração profana (1:11–14)

• O verbo mais proeminente neste parágrafo é “profanar”. O termo


serve para descrever ainda mais o comportamento dos sacerdotes.
Este parágrafo descreve como os sacerdotes mostravam desprezo
pelo Senhor através de seus sacrifícios descuidados;
• O parágrafo é marcado por referências em 1:11 e 14 ao nome do
Senhor “entre as nações”. O ponto do parágrafo é que, embora
esteja chegando um tempo em que até os gentios de todo o mundo
temerão ao Senhor, o próprio povo escolhido de Deus o estava
profanando.
Judá é exortado à Fidelidade
(Mal 2:10–3:6)
Judá é exortado à Fidelidade (Mal 2:10–3:6)

• A audiência do segundo discurso se estende para além da liderança


religiosa de Judá. A preocupação do profeta era a indiferença do
povo à vontade do Senhor. Eles estavam culpando o Senhor e Sua
suposta infidelidade por seus problemas econômicos e sociais (2:17)
e estavam sendo infiéis uns aos outros. Em especial, as esposas
recebiam tratamento injusto, muitas das quais possivelmente tendo
sido abandonadas por mulheres pagãs.
• Assim, o templo e a aliança estavam sendo profanados (2.10b-15a).
A ordem do profeta foi para que eles cessassem sua traição (2:15b-
16). Como fator de motivação, o profeta os lembrou de sua unidade
espiritual e da aliança (2:10a), e os advertiu de que o Senhor da
aliança viria em julgamento (3:1–6).
A Vinda do Mensageiro de Julgamento (3:1–6)

• Como a primeira exortação, a segunda termina com uma seção


que motiva o comando descrevendo que coisas
desagradáveis acontecerão caso ele seja desobedecido.
• A ameaça gira em torno da vinda do mensageiro da aliança, cuja
chegada trará um julgamento de fogo no “grande e terrível dia do
Senhor” mencionado em 4:5 e introduzido em 3:2. A seção de Mal
2:17–3:6 apresenta o resultado dos pecados descritos em 2:17.
Cansado dos apelos hipócritas de Judá por justiça e suas queixas
de inação divina, o Senhor anuncia um próximo dia de justiça que
será diferente do que eles esperam ou desejam;
• Os versículos 1-6 compreendem uma série de quatro anúncios sobre
o futuro: (1) Eu enviarei o meu mensageiro (3:1); (2) O Senhor virá ao
Seu templo (3:1–2); (3) Ele purificará os filhos de Levi (3:3); e (4) Eu
[Deus] se achegará para julgamento (3:4–6).
A Vinda do Mensageiro de Julgamento (3:1–6)

• Esta importante passagem do livro de Malaquias é uma das peças


fundamentais na compreensão da reconstrução do universo simbólico de
Israel;
• Ao mesmo tempo em que responde à necessidade local de um povo
desencorajado e desanimado espiritualmente, a profecia projeta a
resposta dos problemas espirituais e rituais da nação na vinda do Senhor
e do Mensageiro da Aliança;
• Três figuras são destacadas na passagem: (1) o mensageiro que prepara
o caminho; (2) o SENHOR, que é paralelizado ao Mensageiro da Aliança; e
(3) a figura divina que é descrita pelo pronome pessoal “Eu” em 3:5–6;
• A passagem em questão utiliza linguagem de Isa 57:14, aparentemente
interpretando-a. O NT, então, interpreta Isa 57:14 como uma referência a
João Batista (Mat 3:3; Mar 1:3; Luc 3:4; Jo 1:23).
A Vinda do Mensageiro de Julgamento (3:1–6)

• Aparentemente, a ambiguidade de Mal 3:1–6 não é única na Bíblia


Hebraica. Esta é uma das diversas passagens em que a
representação do Anjo do Senhor se confunde com a imagem
dAquele que o envia (Gen 16:7–14; 18:1–19:1; 22:12; Êxod 3:1–6);
• Tal ambiguidade é crucial para a teologia da divindade de Cristo no
Novo Testamento, que sugere a identificação da natureza divina de
Jesus com a natureza do Pai (ex. Jo 3:17, 34; 4:34; 5:23–24);
• Sugestivamente, estudiosos apontam a íntima ligação entre Mal 3:1–
6 e os cantos do Servo de Deus em Isaías. Em particular, o texto de
Isa 42:1–3, 6–7 demonstra uma conexão íntima com a profecia de
Malaquias.
A Vinda do Mensageiro de Julgamento (3:1–6)

“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se


apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos
gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na
praça. A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que
fumega; com verdade trará justiça. … Eu, o Senhor, te chamei em
justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do
povo, e para luz dos gentios. Para abrir os olhos dos cegos, para tirar
da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.”

Isaías 42:1–3, 6–7


Judá é Exortado a Retornar e Lembrar
(Mal 3:7–4:6)
Judá é Exortado a Retornar e Lembrar (Mal 3:7–4:6)

• Esta divisão final é marcada pelo uso do verbo šûb, “retornar”, em


3:7 e 4:6. O resultado é que o livro termina com a ordem de
lembrar a lei;
• Esta seção contém o discurso mais longo de Judá no livro, que
fornece uma visão mais profunda das atitudes pecaminosas do
povo que exigiram a profecia de Malaquias;
• O efeito geral do arranjo das seções nesta última divisão é que ela
se destaca como a mais proeminente das três, formando um
clímax para a profecia de Malaquias.
Retorne ao Senhor com os Dízimos (3:7–10)

• Esta primeira seção é marcada pelo verbo imperativo “retornar”


abrindo a seção no v. 7 e pelo imperativo “trazer” no final da seção
no v. 10a;
• A segunda ordem elabora a primeira. O retorno de Israel ao
Senhor deve se manifestar em trazer a ele os dízimos que eles
estavam retendo.
A Bênção Futura (3:10–12)

• Nesta seção, o Senhor deseja mostrar o que faria por Judá se eles
voltassem para ele. Se eles trouxessem seus dízimos em
fidelidade ao Senhor, ele demonstraria sua fidelidade a eles com
abundantes bênçãos;
• Assim, as seções de motivação neste discurso final têm uma
orientação para o futuro. Deus promete bênçãos, caso o
relacionamento seja restabelecido;
• É importante ressaltar que esta passagem não dá margem para
a chamada “teologia da prosperidade”. Deus não está aqui
barganhando com o povo. Ele os está chamando de volta para a
comunhão da aliança. Esta comunhão tinha um contexto: a
reconstrução de Israel no período pós-exílico e a reestruturação
do universo simbólico da nação. Assim, os dízimos representavam
muito mais do que o dinheiro da nação. Eles se relacionavam com
a completa entrega exigida por Deus.
Complacência no Serviço do Senhor (3:13–15)

• Esta seção contém o discurso mais longo de Judá no livro, que


acrescenta vivacidade à descrição de seus pecados. A audiência
de Malaquias respondeu às suas dificuldades concluindo que é
inútil servir a Deus, uma vez que sua chamada obediência não
trouxe “ganho” ou lucro (3:14).
• Aqui essa reclamação é estendida e amplificada. Não só Deus
não está punindo os ímpios, mas também não está
recompensando os justos. Portanto, visto que em suas mentes a
vida é prosperidade, é melhor ser mau do que justo.
• Embora o povo de Judá tivesse desenvolvido uma atitude tão
distorcida e pecaminosa em relação a Deus e suas próprias vidas
(3:13-15), como demonstrado por sua acumulação egoísta de
suas posses (3:7-10a), se eles se arrependessem e voltassem para
ao Senhor com fé e obediência, ele os inundaria com
prosperidade e paz permanentes (3:10b-12).
O Dia Vindouro (3:16–4:3)

• Aqui está a resposta para as acusações de que Deus não


distingue e pune os ímpios (2:17) e recompensa os justos (3:13-15).
O restante do parágrafo (3:17–4:3) compreende o resultado do
conhecimento de Deus: o dia em que Ele separará os justos dos
ímpios e trará alegre libertação à sua “propriedade preciosa”;
• Nesta terceira divisão, é a parte negativa da motivação que é
marcada como a mais destacada pelo termo “eis que” (Heb.
Hinnêh) em 4:1;
• Três vezes a fórmula de citação divina “diz o Senhor dos exércitos”
é empregada: (1) “Eles serão meus; diz o Senhor dos exércitos”
(3:17); (2) “o dia que está para vir os incendiará, diz o Senhor dos
exércitos” (4:1); e (3) “Eles serão brasas sob as solas dos seus pés
no dia que estou preparando; diz o Senhor dos exércitos” (4:3).
Lembrem-se da Lei (4:4–6)

• Este parágrafo final remete ao início do livro em 1:2. As questões de


diminuição da fé, desrespeito ou mesmo desprezo por Deus, ritual
religioso vazio, traição egoísta dos votos de casamento e dos direitos e
necessidades dos outros, ganância, injustiça e materialismo têm sua
solução em lembrar a instrução do Senhor a Israel através de Moisés.
• Assim, Malaquias começa apontando para o passado e termina
apontando para o futuro (4:5-6 [Hb. 3:23-24]), fundamentando
adequadamente o impacto ético do livro na redenção divina e na
escatologia.
• A dimensão escatológica em vista aqui nos assegura que a obra de
redenção de Deus será concluída, estabelecendo a justiça e a paz;
• A união entre escatologia e ética vista nessa passagem é uma
excelente forma de fechar o Antigo Testamento, pois este é justamente
o ponto onde a história de Cristo se inicia.

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